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DIREITO DO TRABALHO: Uma análise das relações peculiares de Trabalho Avulso, Eventual e Temporário (Portuário/ Não portuário e o chapa) Adria Taylana Moura Godinho1 Adriele Fernanda Frigeri 2 Avilmara da Hora Brito Rodrigues3 Claudiney Peruzzo Pinheiro4 Daniel da Chaga Seles5 Jhane Carvalho de Lima6 Kamilla Marques Alexandrino7 Laís dos Santos Firmino8 RESUMO O seguinte estudo faz uma abordagem acerca das relações do Trabalho Avulso, Trabalho Temporário, Portuário/ Não portuário e o Trabalho do Chapa, diferenciando as principais características de cada um destes, cujo principal foco é conceituá-los buscando o entendimento de suas particularidades como forma de reconhecimento e valorização dos mesmos no âmbito das relações de trabalho. Para tanto, foram realizadas pesquisas bibliográficas dentre as obras de diferentes doutrinadores, bem como, jurisprudências e a legislação vigente pertinente ao tema, cujo intuito destas é embasar as discussões aqui apresentadas. Este tema assume grande relevância uma vez que é preciso diferenciar cada uma das espécies apresentadas, e cujo intuito é compreender os direitos e as obrigações que cada um dos envolvidos deverá cumprir 1Graduando em Direito pelas Faculdades Integradas do Extremo-Sul da Bahia. Email: adriataylana@gmail.com 2Graduando em Direito pelas Faculdades Integradas do Extremo-Sul da Bahia. Email: fernandafrigeri2@hotmail.com 3Graduando em Direito pelas Faculdades Integradas do Extremo-Sul da Bahia. Email: maradahorabrito@gmail.com 4Graduando em Direito pelas Faculdades Integradas do Extremo-Sul da Bahia. Email: claudioperuzzo@hotmail.com 5Graduando em Direito pelas Faculdades Integradas do Extremo-Sul da Bahia. Email: daniel.seles@hotmail.com 6Graduando em Direito pelas Faculdades Integradas do Extremo-Sul da Bahia. Email: jhane.lima15@gmail.com 7Graduando em Direito pelas Faculdades Integradas do Extremo-Sul da Bahia. Email: milla.alexandrino@hotmail.com 8Graduando em Direito pelas Faculdades Integradas do Extremo-Sul da Bahia. Email: laisfirminophn@hotmail.com 2 ao se estabelecer uma relação empregatícia, evitando-se assim, os abusos e assegurando a todas as partes envolvidas a satisfação dos seus direitos. Palavras-Chave: Trabalho, Avulso, Temporário, Portuário, Não portuário, Chapa. ABSTRACT The following study makes an approach about the relations of the Single Work, Temporary Work, Port / Non Port and the Work of the Chapa, differentiating the main characteristics of each of these, whose main focus is to conceptualize them seeking the understanding of its particularities as form recognition and appreciation of them in the context of labor relations. For this purpose, bibliographical research was carried out among the works of different authors, as well as jurisprudence and the current legislation pertinent to the theme, whose purpose is to support the discussions presented here. This theme is of great importance since it is necessary to differentiate each one of the species presented and whose purpose is to understand the rights and obligations that each one of the parties involved must fulfill in establishing an employment relationship, thus avoiding abuse and ensuring all parties involved the satisfaction of their rights. Keywords: Labor, Temporary, Temporary, Port, Non port, Sheet. 1 INTRODUÇÃO O presente artigo se propõe a expor de maneira simplificada os principais aspectos das relações peculiares do Trabalho Avulso, Trabalho Temporário, Portuário/ Não portuário e o Trabalho do Chapa. O primeiro capítulo, por sua vez, discorre acerca do trabalho avulso, cujo nome deriva do latim “avulsos”, onde o significado esta atrelado aos termos separar, desligar ou destacar, assim, sua finalidade é distingui-lo do trabalhador eventual, bem como do trabalhador autônomo e caracterizá-lo quanto a sua liberdade de prestação de serviço a uma ou mais empresas, bem como ao curto período desta prestação de serviço, demonstrando a legislação aplicável e definindo os tipos de trabalhadores avulsos. O capítulo dois enfatiza o trabalho eventual que também é conhecido como ocasional, ou até mesmo momentâneo, pois neste não há a ocorrência de uma rotina nas atividades trabalhistas exercidas pelo sujeito, que realiza esta uma vez ou outra e em um determinado local e, cuja reforma trabalhista veio a discorrer, bem como discutir e 3 respaldar a necessidade da existência da normatização em determinados casos tidos anteriormente como informais, como é o caso dos trabalhadores que executam atividades de uma a três vezes por semana em um mesmo ambiente laboral. O capítulo três apresenta um estudo a respeito do trabalho temporário no Brasil, que teve como finalidade originária tornar menos rígida as contrações, assegurando as empresas tomadoras de serviços à opção de atender as suas demandas sem criar uma vinculação direta com o trabalhador, mas ainda sim podendo assegurar todos os direitos trabalhistas e previdenciários competentes ao trabalhador, bem como as alterações da Lei 6.019/74, pela Lei 13.429/17. 2 TRABALHO AVULSO O trabalhador avulso caracteriza-se pela prestação de serviços a diversas empresas (sem que ocorra a fixação deste a uma fonte tomadora), com a intermediação do Sindicato ou de algum Órgão de Gestão de Mão de Obra expresso na lei 12815, cuja qual será detalhada posteriormente. O trabalhador avulso tem previsão legal na lei 12.023/2009. Além disso, há entendimentos por parte da doutrina que se trata de uma modalidade de trabalho eventual. No entanto, em razão das diversas peculiaridades envolvendo o trabalho avulso, pode-se dizer que ele, na realidade, se distingue do mero trabalho eventual. O trabalhador avulso é muito comum nas atividades portuárias; Antes do advento da lei 12.023/2009 a intermediação deste tipo de trabalho, prestado para as empresas portuárias, era feita pelo sindicato onde se encontrara o porto. Com o advento da Lei 8.630/1993 “Lei da Modernização dos Portos”, (revogada pela atual Lei 12.815/2013, publicada no DOU de 05.06.2013), o Órgão de Gestão de Mão de Obra – OGMO passou a ter outras finalidades. Deste modo o OGMO passou a administrar o fornecimento da mão de obra do trabalhador portuário e do trabalhador portuário avulso (art. 32, I, da Lei 12.815/2013), os artigos 41 e 42 da Lei 12.815/2013 sintetizam as atribuições deste órgão de gestão de mão de obra: 4 Artigo 419: Do trabalho portuário – atribuições da OGM I - Organizará e manterá cadastro de trabalhadores portuários habilitados ao desempenho das atividades referidas no § 1o do art. 40; e II - Organizará e manterá o registro dos trabalhadores portuários avulsos. § 1o A inscrição no cadastro do trabalhador portuário dependerá exclusivamente de prévia habilitação profissional do trabalhador interessado, mediante treinamento realizado em entidade indicada pelo órgão de gestão de mão de obra. § 2o O ingresso no registro do trabalhador portuário avulso depende de prévia seleção e inscrição no cadastro de que trata o inciso I do caput, obedecidas a disponibilidade de vagas e a ordem cronológica de inscrição no cadastro. § 3o A inscrição no cadastro e o registro do trabalhador portuário extinguem- se por morte ou cancelamento. Art. 42. A seleção e o registro do trabalhador portuário avulso serão feitos pelo órgão de gestão de mão de obra avulsa, de acordo com as normas estabelecidas em contrato, convenção ou acordo coletivo de trabalho. É importante frisar que, o disposto no parágrafo único do artigo 32 destamesma lei, prevê a negociação coletiva na regulação dessa matéria, segue artigo para observação: Artigo 3210: Do trabalho portuário – dispensa de intervenção Parágrafo único. Caso celebrado contrato, acordo ou convenção coletiva de trabalho entre trabalhadores e tomadores de serviços, o disposto no instrumento precederá o órgão gestor e dispensará sua intervenção nas relações entre capital e trabalho no porto. Mesmo assim, a Lei 9.719, de 27 de novembro de 1998, apresenta disposição normativa especial, prevendo em seu artigo 5º: Artigo 5°11: Normas e condições gerais de proteção ao trabalho portuário A escalação do trabalhador portuário avulso, em sistema de rodízio, será feita pelo órgão gestor de mão de obra. Como se nota, a previsão mais específica exige, de forma imperativa, a presença do OGMO na escalação do trabalhador avulso portuário, a qual não pode ser afastada nem mesmo por negociação coletiva. 9Lei nº 12.815, de 05 de junho de 2013. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ Ato2011- 2014/2013/Lei/L12815.htm > Acesso em 17 de março de 2019. 10Lei nº 12.815, de 05 de junho de 2013. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ Ato2011- 2014/2013/Lei/L12815.htm > Acesso em 17 de março de 2019. 11Lei 9.719, de 27 de novembro de 1998. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/ L9719.htm > Acesso em 17 de março de 2019. 5 Entre as relações de trabalho, além do avulso portuário, existe o não portuário, ou seja, aquele que trabalha “fora dos portos, no meio urbano ou rural. Quando a sua contratação se faz pelo sindicato da categoria profissional, para tomadores dos seus serviços, que são aqueles que se beneficiam e o remuneram”. O Artigo 263 da Instrução Normativa RFB 971, de 13 de novembro de 2009 instrui sobre a conceituação do trabalhador avulso considerando: Artigo 26312: Atividade do trabalhador avulso I – trabalhador avulso aquele que, sindicalizado ou não, presta serviços de natureza urbana ou rural, sem vínculo empregatício, a diversas empresas, com intermediação obrigatória do sindicato da categoria ou, quando se tratar de atividade portuária, do OGMO; II – trabalhador avulso não portuário, aquele que presta serviços de carga e descarga de mercadorias de qualquer natureza, inclusive carvão e minério, o trabalhador em alvarenga (embarcação para carga e descarga de navios), o amarrador de embarcação, o ensacador de café, cacau, sal e similares, aquele que trabalha na indústria de extração de sal, o carregador de bagagem em porto, o prático de barra em porto, o guindasteiro, o classificador, o movimentador e o empacotador de mercadorias em portos, assim conceituados nas alíneas ‘b’ a ‘j’ do inciso VI do art. 9.º do RPS; III – trabalhador avulso portuário, aquele que presta serviços de capatazia, estiva, conferência de carga, conserto de carga, bloco e vigilância de embarcações na área dos portos organizados e de instalações portuárias de uso privativo, com intermediação obrigatória do OGMO, assim conceituados na alínea ‘a’ do inciso VI do art. 9.º do RPS, podendo ser: a) segurado trabalhador avulso quando, sem vínculo empregatício, registrado ou cadastrado no OGMO, em conformidade com a Lei 8.630, de 1993 [atual Lei 12.815/2013], presta serviços a diversos operadores portuários; b) segurado empregado quando, registrado no OGMO, contratado com vínculo empregatício e a prazo indeterminado, na forma do parágrafo único do art. 26 da Lei 8.630, de 1993 [atual art. 40 da Lei 12.815/2013], é cedido a operador portuário. Embora o trabalhador não tenha vínculo de emprego, a Constituição Federal de 1988 assegura a igualdade de direitos entre o trabalhador avulso e o empregado em seu artigo 7º, inciso XXXIV: Artigo 7º13: Direitos sociais XXXIV- igualdade de direitos entre o trabalhador com vínculo empregatício permanente e o trabalhador avulso. 12Instrução normativa RFB nº 971, de 13 de novembro de 2009. DOU de 17/11/2009, seção, página 35. Disponível em: http://www.normaslegais.com.br/legislacao/inrfb971_2009.htm > Acesso em 17 de março de 2019. 13Constituição da República Federativa do Brasil. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ ccivil_03 / Constituição/Constituicao.htm > Acesso em 20 de 17 de março de 2019. 6 Na realidade, o trabalhador portuário pode ser contratado não só como trabalhador avulso, mas também como empregado, regido pela Consolidação das Leis do Trabalho. Houve uma distorção sobre a terminologia avulsa. O trabalhador avulso presta serviço para várias empresas e é confundido como um empregado irregular. E ainda debruçando sobre o tema, vale ressaltar que a própria Constituição Federal de 1988 assegura a igualdade de direitos como mencionado anteriormente, bem como a Lei nº 12.023/2009, publicada em 27 de agosto de 2009, regulamentou as atividades de movimentação de mercadorias em geral e o trabalho avulso em todo o país. É importante saber que antes da regulamentação 12.023/2009, os trabalhadores avulsos que exerciam suas atividades na movimentação de mercadorias não contavam com uma legislação que os amparassem. Deste modo, manifestaram-se direitos como, por exemplo: remuneração, repouso semanal remunerado, FGTS, 13º salário, férias remuneradas e adicional noturno. Concomitante a situação elencada no parágrafo anterior às atividades exercidas pelos trabalhadores portuários são: capatazia14, estiva, conferência, conserto de carga, vigilância e trabalho de bloco, explicitadas no art. 40, § 1.º, da Lei 12.815/20134. Ademais, o operador portuário, nessas atividades acima indicadas, não poderá locar ou tomar mão de obra sob o regime de trabalho temporário de que trata a Lei 6.019/1974 (art. 40, § 3.º, da Lei 12.815/2013). Vale ainda ressaltar, que as categorias aqui indicadas, conforme previsto em artigo de lei “constituem categorias profissionais diferenciadas” (art. 40, § 4.º, da Lei 12.815/2013)15. Assim expressa o artigo 40 da lei 12.815/13: 14No âmbito do trabalho portuário, capatazia é a atividade de movimentação de cargas e mercadorias nas instalações portuárias em geral, incluindo-se suas retroarias e EADI, que compreende o recebimento, a conferência, o transporte interno, a abertura de volumes para a conferência aduaneira, a manipulação, a arrumação, a entrega e ainda o carregamento e descarregamento de embarcações com uso de aparelhamento. Na legislação brasileira, essa atividade profissional é regulada pela Lei dos Portos (8.630/93), revogada pela Nova Lei dos Portos (Lei 12.815/2013). Disponível em: https://pt.wikipedia.org/wiki/Capatazia. Acesso em 16/03/2019. 15Dispõe sobre a exploração direta e indireta pela União de portos e instalações portuárias e sobre as atividades desempenhadas pelos operadores portuários; altera as Leis nos 5.025, de 10 de junho de 1966, 10.233, de 5 de junho de 2001, 10.683, de 28 de maio de 2003, 9.719, de 27 de novembro de 1998, e 8.213, de 24 de julho de1991; revoga as Leis nos 8.630, de 25 de fevereiro de 1993, e 11.610, 7 Artigo 4016: Do trabalho portuário Art. 40. O trabalho portuário de capatazia, estiva, conferência de carga, conserto de carga, bloco e vigilância de embarcações, nos portos organizados, será realizado por trabalhadores portuários com vínculo empregatício por prazo indeterminado e por trabalhadores portuários avulsos. § 1o Para os fins desta Lei, consideram-se: I - capatazia: atividade de movimentação de mercadorias nas instalações dentro do porto, compreendendo o recebimento, conferência,transporte interno, abertura de volumes para a conferência aduaneira, manipulação, arrumação e entrega, bem como o carregamento e descarga de embarcações, quando efetuados por aparelhamento portuário; II - estiva: atividade de movimentação de mercadorias nos conveses ou nos porões das embarcações principais ou auxiliares, incluindo o transbordo, arrumação, peação e despeação, bem como o carregamento e a descarga, quando realizados com equipamentos de bordo; III - conferência de carga: contagem de volumes, anotação de suas características, procedência ou destino, verificação do estado das mercadorias, assistência à pesagem, conferência do manifesto e demais serviços correlatos, nas operações de carregamento e descarga de embarcações; IV - conserto de carga: reparo e restauração das embalagens de mercadorias, nas operações de carregamento e descarga de embarcações, reembalagem, marcação, remarcação, carimbagem, etiquetagem, abertura de volumes para vistoria e posterior recomposição; V - vigilância de embarcações: atividade de fiscalização da entrada e saída de pessoas a bordo das embarcações atracadas ou fundeadas ao largo, bem como da movimentação de mercadorias nos portalós, rampas, porões, conveses, plataformas e em outros locais da embarcação; e VI - Bloco: atividade de limpeza e conservação de embarcações mercantes e de seus tanques, incluindo batimento de ferrugem, pintura, reparos de pequena monta e serviços correlatos. § 2o A contratação de trabalhadores portuários de capatazia, bloco, estiva, conferência de carga, conserto de carga e vigilância de embarcações com vínculo empregatício por prazo indeterminado será feita exclusivamente dentre trabalhadores portuários avulsos registrados. § 3o O operador portuário, nas atividades a que alude o caput, não poderá locar ou tomar mão de obra sob o regime de trabalho temporário de que trata a Lei no 6.019, de 3 de janeiro de 1974. § 4o As categorias previstas no caput constituem categorias profissionais diferenciadas. 2.1 Característica do Trabalhador Avulso a) eventualidade: ao contrário de habitual ou constante, a prestação de serviço é ocasional, eventual, sendo, geralmente, de curta duração; b) subordinação: o avulso trabalha por conta alheia e mediante dependência; de 12 de dezembro de 2007, e dispositivos das Leis nos 11.314, de 3 de julho de 2006, e 11.518, de 5 de setembro de 2007; e dá outras providências 16Lei nº 12.815, de 05 de junho de 2013. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ Ato2011- 2014/2013/Lei/L12815.htm > Acesso em 17 de março de 2019. 8 c) variedade de contratantes: os avulsos prestam serviços a diversos tomadores de serviços, sem relação de continuidade com qualquer deles; d) intermediação: ao contrário do empregado que se aproxima diretamente da empresa, o avulso trabalha agrupado em torno de órgão específico, por intermédio do qual se desenvolvem suas atividades; e) Predomínio da remuneração em forma de rateio. 2.2. Regulamentação na Previdência Social Em síntese o operador portuário e o órgão gestor de mão de obra são solidariamente responsáveis pelo pagamento dos encargos trabalhistas, das contribuições previdenciárias e demais obrigações, inclusive acessórias, devidas à Seguridade Social, arrecadadas pelo Instituto Nacional do Seguro Social, sendo vedada a invocação do benefício de ordem segundo a Lei 9.719/1998, art. 2.º, § 4.º: Artigo 2°17: Normas e condições gerais de proteção ao trabalho portuário § 4o O operador portuário e o órgão gestor de mão-de-obra são solidariamente responsáveis pelo pagamento dos encargos trabalhistas, das contribuições previdenciárias e demais obrigações, inclusive acessórias, devidas à Seguridade Social, arrecadadas pelo Instituto Nacional do Seguro Social - INSS, vedada a invocação do benefício de ordem. 2.2 Espécies de Trabalhador Avulso Há duas espécies de trabalhador avulso: o trabalhador avulso pode ser portuário ou não portuário. O trabalhador avulso não portuário é aquele que trabalha para diversos tomadores, sem vínculo de emprego, obrigatoriamente intermediado pelo sindicato da categoria. Os avulsos não portuários podem executar as atividades de movimentação de mercadorias mencionadas no art. 2°da Lei n.12.023 de 2009: Artigo 2°18: Movimentação de mercadorias em geral do trabalho avulso. I – cargas e descargas de mercadorias a granel e ensacados, costura, pesagem, embalagem, enrolamento, ensaque, arrasto, posicionamento, acomodação, reordenamento, reparação da carga, amostragem, arrumação, remoção, classificação, empilhamento, transporte com empilhadeiras, 17Lei 9.719, de 27 de novembro de 1998. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/ L9719.htm > Acesso em 17 de março de 2019. 18 Lei 12.023, de 27 de agosto de 2009. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2007- 2010/2009/lei/l12023.htm > Acesso em 17 de março de 2019. 9 paletização, ova e desova de vagões, carga e descarga em feiras livres e abastecimento de lenha em secadores e caldeiras; II- Operações de equipamentos de carga e descarga; III- pré- limpeza e limpeza em locais necessários à viabilidade das operações ou à sua continuidade. Não obstante, os trabalhadores avulsos não portuários, são vulgarmente chamados de "chapas", pelo fato de prestarem serviços em carregamento e descarregamento de carga, sem habitualidade ou repetição. O verdadeiro chapa deve se intermediado pelo sindicato. Curioso mencionar que são chamados de avulsos não portuários pois podem exercer suas funções longe dos portes lacustres, pluviais e marítimos. Trabalhador avulso portuário é aquele que presta serviço a diversos tomadores através da já citada OGMO, e necessariamente na forma da Lei n° 12.815 de 2013/ Lei 8.630/93. A diferenciação do trabalhador avulso não portuário do portuário é que o não portuário é intermediado pelo sindicato e alguns são regidos pela Lei nº 12.023/2009, enquanto o avulso portuário é regido pela Lei 12.815/2013 e intermediado necessariamente pelo OGMO (órgão Gestor de Mão de Obra). 3 TRABALHO EVENTUAL Para formar um entendimento acerca das relações de trabalho se faz necessário compreender também, que existem diversas teorias a respeito da caracterização do trabalho eventual. O artigo 3º da Consolidação das Leis do Trabalho - CLT, por sua vez, evidencia em seu caput que: Artigo 3°19: Consolidação das Leis do Trabalho Art. 3° - considera-se empregada toda pessoa física que presta serviços de natureza não eventual a empregador, sob dependência deste e mediante salário. Ou seja, o empregado em sua integra será permanentemente uma pessoa física ou natural que preste um serviço com subordinação (dependência), e deste modo, no que tange ao trabalhador eventual, observar-se-á que, este realizará serviços 19Decreto-Lei 5.452, de 01 de maio de 1943. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_ 03/decreto-lei/Del5452.htm > Acesso em 17 de março de 2019. 10 esporádicos e diversos dos fins comuns da empresa, não se lhe atribuindo assim, a característica da habitualidade. Este tipo de trabalho continuamente esteve ligado às figuras clássicas do “chapa” e do, “boia-fria”, a primeira, por sua vez, vem dos costumes de trabalhadores que ofereciam os seus serviços aos caminhoneiros que trafegam nas rodovias, onde por meio de pequenas placas (chapa) de madeira, papelão ou metal com os dizeres do tipo: “ajudante, descarrego mercadoria, carga e descarga, entreoutros”. Enquanto o boia-fria originou-se através de execução de trabalhos na zona rural sem a obtenção de vínculo empregatício, gerando inúmeros altos de infração a vários empregadores, visto que, este tipo de oficio possui similaridades com o chamado trabalho escravo. Todavia, vale ressaltar que nem todo tipo de trabalho eventual é precário e inconsistente, já que é possível, conotar que o trabalhador autônomo pode ser eventual, como por exemplo: o contador e o advogado. Outra situação hipotética acerca do trabalho eventual seria o médico cirurgião plástico conceituado, que poderia ser contratado por uma determinada empresa hospitalar para fazer um procedimento específico, não possuindo assim o chamado vínculo empregatício. É importante destacar que a ideia de permanência vigora no Direito do Trabalho no tempo em que há a configuração do tipo legal da relação empregatícia através do elemento fático‑jurídico da não eventualidade, cujo ramo justrabalhista esclarece que na noção de permanência também é relevante à formação sociojurídica da categoria básica que responde por sua origem e desenvolvimento (a relação de emprego), desta maneira Mauricio Godinho Delgado20 (2017), expressa que: “Nesse sentido, para que haja relação empregatícia é necessário que o trabalho prestado tenha caráter de permanência (ainda que por um curto período determinado), não se qualificando como trabalho esporádico. A continuidade da prestação (antítese à eventualidade) é, inclusive, expressão acolhida, há mais de 40 anos, pela legislação regente do trabalho doméstico, seja a antiga Lei n. 5.859/1972 (que se refere àquele “que presta serviços de natureza contínua” — art. 1º, caput), seja a nova Lei Complementar n. 150/2015 (que se reporta àquele “que presta serviços de forma contínua” — caput do art. 1º). A legislação trabalhista clássica não incide sobre o trabalhador eventual — embora não haja dúvida de que ele também possa ser um trabalhador subordinado. Por ser um “subordinado de curta duração” (Amauri Mascaro Nascimento), esporádica e intermitentemente vinculado a 20DELGADO, Mauricio Godinho. Curso de direito do trabalho. 16º ed. Rev. e Ampl..— São Paulo : LTr, 2017. 11 distintos tomadores de serviço, falta ao trabalhador eventual um dos cinco elementos fáticos‑jurídicos da relação empregatícia — exatamente o elemento que enfatiza a idéia de permanência —, o que impede sua qualificação como empregado”. (DELGADO,2017, p. 318). Na informação perpetuada acima expressa sobre os requisitos que obsta a relação de trabalho. Pontuando assim, no sentido de que, é essencial a não eventualidade, a onerosidade, a dependência e também a subordinação. 3.1 Teorias Dentro das informações pautadas anteriormente, faz-se necessário elaborar uma análise sintética sobre as teorias que envolvem esta seara, e que, evidenciam vários debates doutrinários, pois a eventualidade e a não eventualidade são fatores definidores de uma relação jurídica que Mauricio Godinho Delgado21 (2017) define: “Eventualidade versus Não eventualidade: teorias — As principais teorias informadoras da noção de eventualidade (e, consequentemente, da noção de não eventualidade) são: teoria da descontinuidade, teoria do evento, teoria dos fins do empreendimento e teoria da fixação jurídica. Adiante-se que, em conformidade com a doutrina e jurisprudência dominantes, a primeira de tais teorias (descontinuidade) seria incompatível com a CLT, mas harmônica à legislação reguladora do trabalho doméstico, ao passo que as três subsequentes teorias seriam ajustadas ao espírito do texto celetista. A teoria da descontinuidade informa que eventual seria o trabalho descontínuo e interrupto com relação ao tomador enfocado — portanto, um trabalho que se fracione no tempo, perdendo o caráter de fluidez temporal sistemática. Para essa formulação teórica, o trabalho eventual tem caráter fragmentado, verificando‑se sua ocorrência de modo disperso no tempo, com rupturas e espaçamentos temporais significativos com respeito ao tomador de serviços examinado. Tem-se compreendido que a teoria da descontinuidade foi enfaticamente rejeitada pela CLT — sendo esta a propósito, uma das poucas afirmações claras que se tem no tocante ao elemento não eventualidade. Ao preferir se valer da expressão negativa serviços de natureza não eventual para se referir ao elemento fático-jurídico em exame (em vez de se valer da expressão positiva serviços de natureza contínua) — cometendo, pois, aparente incorreção técnica —, a CLT teria querido, na verdade, firmar sua rejeição à teoria da continuidade/descontinuidade na caracterização do referido pressuposto da relação de emprego. Desse modo, à luz da Consolidação, um trabalhador que preste serviços ao tomador, por diversos meses seguidos, mas apenas em domingos ou fins de semana (caso de garçons de clubes campestres, por exemplo), não poderia se configurar como trabalhador eventual, em face da não absorção, pela CLT, da teoria da descontinuidade A teoria do evento: que se considera como eventual o trabalhador admitido na empresa em virtude de um determinado e específico fato, acontecimento ou evento, ensejador de certa obra ou serviço. Seu trabalho para o tomador terá a duração do evento esporádico ocorrido. 21 DELGADO, Mauricio Godinho. Curso de direito do trabalho. 16º ed. Rev. e Ampl..— São Paulo : LTr, 2017. 12 Esclarece a teoria que não poderá, contudo, ser considerado como eventual um acontecimento (ou serviço) que resulte em dilação temporal mais ampla. Mozart Victor Russomano expõe que a idéia de eventualidade corresponde a seu exato “conceito gramatical”. Nessa linha, é trabalho eventual “aquele que depende de acontecimento incerto, casual, fortuito. (...) Os fatos é que revelarão, portanto, se a tarefa do trabalhador na empresa é eventual ou permanente”. A teoria dos fins do empreendimento (ou fins da empresa) é talvez a formulação teórica mais prestigiada entre as quatro aqui enfocadas. Informa tal teorização que eventual será o trabalhador chamado a realizar tarefa não inserida nos fins normais da empresa — tarefas que, por essa mesma razão, serão esporádicas e de estreita duração”. (DELGADO, 2017, p. 319-321). No sentido que tange ao termo expresso, faz-se necessário uma alusão a advento da reforma trabalhista surgida no ano de 2017, bem como, ao surgimento de contextos fáticos elencados na lei da terceirização. Onde abre novas polêmicas a respeito das teorias acima expressada. E, esta em tese, faz conotar com maior ênfase a teoria dos fins do empreendimento que busca de forma aberta defender as proposições legais expressas na lei 13.429 de 2017. Sobre esta teoria 22Maranhão (1987), expressa: “Circunstâncias transitórias, porém, exigirão algumas vezes admita‑se o trabalho de alguém que se destina a atender a uma necessidade, que se apresenta com caráter de exceção dentro do quadro das necessidades normais do empreendimento. Os serviços prestados serão de natureza eventual e aquele que os prestar — trabalhador eventual — não será empregado. Completa o autor que a “...aferição da natureza eventual dos serviços prestados há de ser feita tendo em vista os fins normais da empresa”. (MARANHÃO,1987, p. 49-50). De forma clara é possível argumentar que as atividades tecnicamente transitória, dentro de uma nova perspectiva abarca a terminologia da terceirização. Uma vez que, tais atividades correlacionam com as necessidades de atividades de meio e fim 3.2. Conceito Em síntese é possível enfatizar que o trabalhador eventual é aquele que presta serviços de natureza urbana ou ruralem caráter eventual contratada apenas para trabalhar em uma certa ocasião, num determinado evento, como por exemplo – os pedreiros, jardineiros, pintores etc. São características do Trabalhador Eventual: ✓ Ausência de habitualidade (não eventualidade); ✓ Prestação de serviços esporádicos, de curta duração; 22 MARANHÃO. Délio. Instituições de direito do trabalho. 18. ed. São Paulo: LTr, 1999. v. 1, p. 318. 13 ✓ Não atua com profissionalidade; relação jurídica bilateral entre o trabalhador e o tomador dos serviços, ou seja, existe a presença de dois atores sociais. Vale ressaltar que, diferentemente do que popularmente se pensa, o trabalho eventual em nada se assemelha ao trabalho avulso, pois este, além de ter tratativa na lei portuária (Lei 12.815/2013), também é regulado por sindicato de classe ou órgão de gestão de mão de obra (OGMO), aos quais irão se caracterizar conforme for a relação direta entre o tomador e o prestador de serviços, que se originará por meio da pessoalidade, subordinação e onerosidade, porém, sem habitualidade. 4 TRABALHO TEMPORÁRIO O trabalho temporário advém de um processo chamado de terceirização, no qual o trabalhador temporário recebe as parcelas contratuais que lhe cabem da empresa contratante, porém presta o serviço a empresa tomadora. O trabalho temporário pode dar-se em qualquer atividade. Dois casos em que tal feito pode ser verificado seriam a ocorrência do exercício do trabalho temporário para suprir ou responder a uma específica área, como por exemplo, por meio de uma substituição de empregado afastado por licença, ou para atender ao aumento da demanda em determinada época. A forma de contratação do trabalhador acorre por intermédio de uma empresa prestadora de serviços temporários, esta será o elo entre a empresa tomadora do serviço e o tipo de prestação da atividade buscada. Para confirmação desse contrato de trabalho temporário, é necessário que a parte contratante redija um documento em que exponha o motivo da necessidade do serviço temporário, cujo qual será regulamentado pelo Ministério do Trabalho e Emprego. Para melhor entendimento acerca do conceito de trabalho temporário, Gustavo Filipe Babosa Garcia23 (2017) norteia: “O mencionado trabalhador mantém relação jurídica com a empresa de trabalho temporário, a qual o coloca à disposição da empresa cliente, em 23GARCIA, Gustavo Filipe Barbosa. Manual de direito do trabalho. 9° ed. Rev., atual. e ampl. - Rio de Janeiro: Forense; São Paulo: Método, 2018. 14 razão de contrato firmado entre as duas empresas. Embora apontado por parte da doutrina como modalidade expressamente prevista em lei de terceirização de serviços, no trabalho temporário o que ocorre, na realidade, não é a contratação de serviços especializados realizados de forma autônoma pela empresa prestadora (terceirizada), mas sim o fornecimento de mão de obra, em regra vedado pelo sistema jurídico, mas admitido, excepcionalmente, apenas na hipótese legal em questão”. (GARCIA, 2017, p. 131). O trabalho temporário no Brasil surgiu com a finalidade de tornar menos rígida as contrações. A principal fundamentação do trabalho temporário é assegurar as empresas tomadoras de serviços à opção de atender as suas demandas sem criar uma vinculação direta com o trabalhador, mas ainda sim devendo assegurar todos os direitos trabalhistas e previdenciários que couberem ao seu trabalhador. Visando regulamentar o exercício desta modalidade de trabalho, implantou-se a Lei n.6.019/74, cuja qual assegurou não somente as garantias e os direitos das empresas tomadoras, como também de seus trabalhadores , pois quando adveio o trabalho temporário, não existiam regulamentações jurídicas, e portando, a criação de tal Lei foi crucial para a normatização econômica e para a criação do exercício do trabalho organizado que, conforme enfatiza Mauricio Godinho Delgado24 (2017): “O vínculo jurídico do trabalhador temporário (de natureza empregatícia, repita-se) estabelece-se com a empresa de trabalho temporário, embora ele preste efetivos serviços à empresa tomadora. Como se percebe, através dessa fórmula, seguida pelo restante do processo terceirizante, a Lei n. 6.019/74 dissociou a relação econômico-social de prestação de serviços da relação jurídica decorrente, rompendo com a dualidade combinada que caracteriza a fórmula clássica celetista”. (DELGADO, 2017, p. 529). O trabalho temporário apesar de ser diferente do trabalho convencional, ainda sim possui direitos e garantias, uma vez que, pois é possível perceber uma relação contratual também neste, pois norteio o que o Direito do trabalho evidencia como “características da relação dos contratos de emprego”, e acerca de tal feito Mauricio Godinho Delgado (2017, p.529) expõe: “A propósito, todas as situações envolvendo terceirização (conservação e limpeza, atividades-meio, vigilância, trabalho temporário), caso tenham no polo do prestador de serviços uma pessoa natural que labore com pessoalidade, não eventualidade, onerosidade e subordinação, são situações regidas pelo Direito do Trabalho, com contratosde emprego entre o obreiro terceirizado e a empresa terceirizante”. (DELGADO, 2017, p. 529). 24 DELGADO, Mauricio Godinho. Curso de direito do trabalho. 16º ed. Rev. e Ampl..— São Paulo : LTr, 2017. 15 A Lei n. 6.019 de 03 de janeiro de 1974, traz em seu rol de artigos as garantias e direitos inerentes não somente aos trabalhadores temporários como também as empresas tomadoras de serviços, e dentre os principais direitos que esta lei dispõe, estão: a remuneração, o limite da jornada de trabalho, descanso semanal remunerado, assim como o registro na Carteira de Trabalho, ou seja, a implantação da lei criou uma relação entre a empresa contratante, o trabalhador temporário e a empresa tomadora. Conforme preceitua Mauricio Godinho Delgado (2017, p.529) “A Lei n. 6.019/74 criou relação justrabalhista trilateral, que se repete, mutatis mutandis, nas demais situações de terceirização: a) empresa de trabalho temporário ou empresa terceirizante; b) trabalhador temporário; c) empresa tomadora dos serviços ou empresa cliente”. (DELGADO, 2017, p. 529). diante da atualização e alteração da referida lei, suas normas evidenciavam que a duração do contrato de trabalho temporário não poderia ser superior a nove meses, para os trabalhadores temporários, pois a remuneração é comparada aos empregados da mesma categoria da empresa contratante, onde os rendimentos são calculados com base na carga horária e respeitando o salário mínimo vigente. Alguns parâmetros que podem ser observados seriam, por exemplo, a jornada de oito horas, sendo remuneradas as horas extraordinárias não excedentes a duas horas, com acréscimo de 50%, além de férias proporcionais, adicionais noturnos, indenização por dispensa sem justa causa ou término normal do contrato, correspondente a 1/12 do pagamento recebido, assim como seguro contra acidente de trabalho. Cabe salientar que a lei demonstra que o trabalho temporário não se aplica ao âmbito rural, sendo admitida somente na modalidade urbana, outra observação importante que deve ser norteada diz respeito à carência do período de trabalho, que poderá ser de 03 meses prorrogáveis por mais 03 ou 06 meses, e dependendo da hipótese poderá ser de 180 dias prorrogáveis por mais 90 dias, totalizando 270 dias (cerca de 09 meses), excedendo-se a esse período, se alteram a forma e a modalidade de trabalho, que segundo Barbosa Garcia25 (2017,p. 131): “Se estiverem ausentes as razões justificadoras de tal modalidade contratual, ou excedido o prazo legal de 25GARCIA, Gustavo Filipe Barbosa. Manual de direito do trabalho. 9° ed. Rev., atual. e ampl. - Rio de Janeiro: Forense; São Paulo: Método, 2018. 16 prestação de serviços, a relação de emprego forma-se diretamente com a “empresa cliente”, tendo em contratação de trabalho temporário”. Cumpre ressaltar que a lei n. 6.019/74 trouxe importantes direitos e regulamentou a modalidade de trabalho temporário, porém houve uma mudança significativa no ano de 2017, que trouxe alterações legislativas pela Lei n. 13.42917, e pelo Regulamento Decreto 73.841/74, além da Portaria MTE 789/14 e da Instrução Normativa SIT 114/14. Possuindo vigência instantânea, alterando os dispositivos da lei 6.019/74. 4.1 Alteração da Lei nº 6.019/74, pela lei 13.429/17 A atualização da lei de Lei nº 6.019/74 trouxe importantes mudanças principalmente relacionadas a quatro aspectos específicos: ➢ Em relação às hipóteses legais para a contratação de trabalhadores temporários; ➢ As responsabilidades do tomador de serviços e prazo de contratação; ➢ Atividade-meio/fim; ➢ Alcance no âmbito rural acerca do trabalho temporário. Primeiramente foram alterados na nova lei os aspectos legais para a contratação de colaboradores temporários, que antes possuíam hipóteses legais de substituição temporária de pessoal regular e permanente ou acréscimo extraordinário de serviços. Assim, a nova lei manteve a substituição, mas, houve uma modificação quanto ao acréscimo extraordinário para procura complementar de serviços. Com esta alteração, tornaram-se mais amplos os motivos justificadores para contratações de colaboradores temporários para os serviços previsíveis e imprevisíveis. Observe a alteração em seu artigo 2º e parágrafo 2º: Artigo 2º26: Trabalho Temporário nas Empresas Urbanas Art. 2º - Trabalho temporário é aquele prestado por pessoa física a uma empresa, para atender à necessidade transitória de substituição de seu pessoal regular e permanente ou à acréscimo extraordinário de serviços. 26Lei nº 6.019, de 03 de janeiro de 1974. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03 /leis/L6019.htm > Acesso em 17 de março de 2019. 17 Art. 2o Trabalho temporário é aquele prestado por pessoa física contratada por uma empresa de trabalho temporário que a coloca à disposição de uma empresa tomadora de serviços, para atender à necessidade de substituição transitória de pessoal permanente ou à demanda complementar de serviços. § 2o Considera-se complementar a demanda de serviços que seja oriunda de fatores imprevisíveis ou, quando decorrente de fatores previsíveis, tenha natureza intermitente, periódica ou sazonal. 4.1.1 Responsabilidades do Tomador de Serviço A segunda alteração importante diz respeito ao responsável que será o responsável perante a autoridade fiscalizadora. Com a alteração, o contrato célebre entre a empresa de contrato de trabalho temporário e a tomadora de serviços ficará ao dispor da autoridade fiscalizadora no estabelecimento da Tomadora. Assim, a contratante (tomadora) é a encarregada por assegurar o estado de segurança, salubridade e higiene de seus colaboradores temporários, da mesma maneira que, necessitará dilatar ao trabalhador temporário o mesmo atendimento ambulatorial, médico e de refeição destinado aos seus empregados. A empresa tomadora é secundariamente responsável pelas obrigações trabalhistas tocantes ao período em que ocasionar o trabalho temporário, assim, não fica mais a cargo do Judiciário a decisão. 4.1.2 Prazo do Contrato Temporário O prazo de duração do contrato do colaborador temporário foi uma das alterações importantes e debatidas com a Lei 13.429/2017 e assim ficou estipulado que, o contrato não poderá ultrapassar a duração de 180 dias (e não mais 90 dias como anteriormente) consecutivos ou não, podendo ainda ser prorrogado por mais 90 dias, desde que seja verificada a manutenção das condições que ocasionaram a causa. Exemplificando, é possível desenvolver a seguinte situação: um funcionário foi contratado por 180 dias e perto do termino de seu contrato, viu-se a necessidade da continuidade do acordo, assim, aumentou-se o prazo por ora convencionado e para tal fim não houve a obrigatoriedade de prorrogação, bem como não ocorreu a necessidade de autorização do Ministério do Trabalho e Emprego para tal feito. 18 Sendo assim, o contrato de trabalho temporário, tem o prazo máximo de 270 dias e o Ministério do Trabalho não será mais necessário para intervir e autorizar a prorrogação do contrato. Contudo, o trabalhador só poderá ser colocado à disposição da mesma tomadora por meio de um novo contrato, após o prazo de 90 dias do término do contrato anterior. 4.1.3 Atividades-Meio e Atividades-Fim Outra alteração que requer relevante importância esta no fato de o colaborador temporário ter a autoridade de realizar suas atribuições tanto para o desenvolvimento de atividades-meio quanto para as de atividades-fim na empresa tomadora de serviço. A relação existente entre o trabalhador temporário e a empresa tomadora de serviço, está ligada a demonstração e ao perfeito equilíbrio entre as partes, pois a ocorrência destes beneficia a todos os envolvidos, visto que, por um lado temos os tomadores/clientes, que carecem dos serviços a fim de atender suas demandas, por outro lado existem os trabalhadores e candidatos que procuram uma oportunidade de inserção no mercado e por fim e não menos importante, há o Governo, que mesmo com a relação de emprego temporário, continua a gerar suas receitas e impostos. 5 CONCLUSÃO Ao dar início aos estudos pretendia-se analisar as particularidades de cada uma das espécies de trabalhadores e ao concluir percebemos que essas espécies são distintas e que a particularização é necessária para compreender a relação de trabalho que irá se estabelecer entre as partes envolvidas. Deste modo, conclui-se que a relação de trabalho corresponde a qualquer vínculo jurídico por meio do qual uma pessoa natural executa obra ou serviços para outrem, mediante o pagamento de uma contraprestação “onerosidade”. Assim sendo, adentrando a essa perspectiva legal construímos um raciocínio, levando em conta que o trabalhador avulso se trata, de uma relação de trabalho que possui duas espécies: a do trabalhador avulso portuário e a do trabalhador avulso em atividades de movimentação de mercadorias em geral, disciplinada pela Lei 12.815/2013. E este, 19 para exercer tal atividade deve atenta a três atores sociais envolvidos: o Órgão Gestor de Mão de Obra (OGMO), o operador portuário (representante do armador no porto) e o trabalhador portuário avulso (estivadores, conferentes, vigias portuários, arrumadores, trabalhadores de bloco etc.). No trabalho eventual, foi possível criar um raciocínio lógico fazendo uma conexão entre o trabalhador eventual e o trabalho temporário. Uma vez que, o Trabalho eventual é aquele realizado em caráter esporádico, temporário, de curta duração, em regra, não relacionado com a atividade fim da empresa. Ao chegar ao entendimento sobre o trabalho temporário. Foi necessário buscar um entendimento legal sobre as atualidades evidenciadas no Direito do Trabalho brasileiro. Desde a alteração da Lei nº 6.019, de 3 de janeiro de 1974 que possuía limitações com relações às atividades fins e meio. Com o advento da lei 13.429 2017 o trabalhotemporário passou a ser aquele prestado por pessoa física contratada por uma empresa de trabalho temporário que a coloca à disposição de uma empresa tomadora de serviços, para atender à necessidade de substituição transitória de pessoal permanente ou à demanda complementar de serviços. A importância deste, é que, a empresa que anteriormente não poderia contratar pessoas que não possuíam ligação com a atividade econômica passou a ter. E concomitante a isto, surgiu divergências doutrinarias e jurisprudenciais em decorrência de novos termos como “pejotização”. Onde empresas, se utilizando dos recursos disponíveis em lei buscariam lesar direitos construídos até então. Conclui-se então, que as legislações são importantes para mediar essas relações e que precisam ser aprimoradas para acompanharem as evoluções do mundo do trabalho. Espera-se que este estudo possa contribuir para todos, estudantes de direito ou não que se interesse por este tão complexo e desafiador universo que une o homem ao trabalho. 20 REFERÊNCIAS BRASIL. Decreto de Lei nº 12.815, de 05 de julho de 2013. Dispõe sobre a exploração direta e indireta pela União de portos e instalações portuárias e sobre as atividades desempenhadas pelos operadores portuários. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2011-2014/2013/Lei/L12815.htm > Acesso em 20 de março de 2019. CASSAR, Vólia Bonfim. Direito do Trabalho; Niterói, Impetus, 2008, 2° Ed. Constituição da República Federativa do Brasil. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ ccivil_03 / Constituicao/Constituicao.htm > Acesso em 20 de 17 de março de 2019. Decreto-Lei 5.452, de 01 de maio de 1943. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_ 03/decreto-lei/Del5452.htm > Acesso em 17 de março de 2019. DELGADO, Mauricio Godinho. Curso de direito do trabalho. 16º ed. Rev. e ampl..— São Paulo : LTr, 2017. GARCIA, Gustavo Filipe Barbosa. Manual de direito do trabalho. 9° ed. Rev., atual. e ampl. - Rio de Janeiro: Forense; São Paulo: Método, 2018. GONÇALVES NETO. Wenceslau - "Estado e agricultura no Brasil: Política agrícola e modernização econômica brasileira", 1960-1980. São Paulo: HUCITEC, 1997. Instrução normativa RFB nº 971, de 13 de novembro de 2009. DOU de 17/11/2009, seção, página 35. Disponível em: http://www.normaslegais.com.br/legislacao /inrfb971_2009.htm > Acesso em 17 de março de 2019. Lei nº 6.019, de 03 de janeiro de 1974. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03 /leis/L6019.htm > Acesso em 17 de março de 2019. Lei 9.719, de 27 de novembro de 1998. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ ccivil_03/LEIS/ L9719.htm > Acesso em 17 de março de 2019. Lei 12.023, de 27 de agosto de 2009. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ ccivil_03/_ato2007-2010/2009/lei/l12023.htm > Acesso em 17 de março de 2019. Lei nº 12.815, de 05 de junho de 2013. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ ccivil_03/_ Ato2011-2014/2013/Lei/L12815.htm > Acesso em 17 de março de 2019. MARTINS, Sergio Pinto. Direito do Trabalho. São Paulo: Atlas,2007. NASCIMENTO, Amauri Mascaro. Curso de Direito do Trabalho. São Paulo: Saraiva, 1999, 16° Ed. 21 O Trabalhador Avulso “Chapa” e os Direitos. Tribunal Superior do Trabalho. Disponível em http://www.tst.jus.br/pmnoticias/-/asset_publisher/89Dk/content/id/23 05138. Acesso em 23 de março de 2019.
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