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ATIVIDADE DE EDUARDO 7 PONTOS

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO MARANHÃO
CENTRO DE CIÊNCIAS HUMANAS – CCH
LICENCIATURA EM TEATRO
HISTORIA DO TEATRO I
DISCENTE: SHARON STEPHANE CRUZ RAPOSO
DOCENTE: EDUARDO MEDEIROS
II Atividade Avaliativa
A partir de trechos extraídos da obra, descreva a estrutura da ação trágica em Édipo Rei.
Segundo Johnny José Mafra, o primeiro elemento crucial é que essa ação trágica seja vivida por alguém, tem que haver o homem trágico imerso em seus conflitos ontológicos, pois é necessário que haja os conflitos uma vez que a tragicidade se estabelece no mesmo.
A ideia principal que permanece e que nos guia é a do conflito entre o homem e o mundo em que ele se insere. "No momento em que estes dois polos, de um modo imediato ou mediato, entram em conflito, temos a ação trágica". A tragédia existe no momento em que a hybris ou desmedida entra em conflito com a justiça ou a medida. (MAFRA, p. 70)
É possível descrer e perceber a estrutura de ação trágica em Édipo Rei na medida que os elementos da tragédia vão aparecendo como: Hybris, Pathos, Ananké, Catastrophe, Katharsis e outros.
ÉDIPO:
Fui em sigilo a Delfos, de onde - flâmeo -
Foibos, sem dar-me o prêmio da resposta,
me despediu, mas, num lampejo, disse-me
o que previa: miséria, dor, desastre.
Faria sexo com minha própria mãe,
Gerando prole horrível de se ver;
Seria o algoz do meu progenitor.
Ouvi, fugi da pátria; mensurava
pelo estelário o quanto ela distava.
Queria achar um canto onde não visse
Cumprir-se a infâmia desse mau oráculo. [...]
(ÉDIPO REI, v. 786-796)
Após Édipo ser alertado pelo oráculo sobre seu destino, ele foge de Corintos numa tentativa de fugir do seu destino e contrariando os deuses, a hybris é esse orgulho do homem diante de sua fraqueza, ou seja, há uma violação da ordem divina e social. Ao contrariar seu destino ele passa a ser o dono de sua vida, de sua verdade, escolhas. Seu orgulho e presunção superam todas as razões. 
ÉDIPO:
Aguardar o pastor, somente e só;
é o que me resta de Élpis – a esperança.
[...]
Ladrões mataram Laio, ele afirmou,
tu o disseste. Se confirmar o número
plural, concluo não ser o matador,
pois o um não pode ser igual a muitos.
Se mencionar um só viajante - um único -,
então a culpa incide sobre mim.
(ÉDIPO REI, v. 836-846)
O pathos é todo o sofrimento e a amargura que o herói vive causado por suas ações inconsequentes (sua hybris), é uma espécie de punição ou resposta por desafiar as leis divinas. Então é o pathos o responsável por fazer com que o herói trágico perceba sua posição inferior diante do destino (moira) e dos deuses. Édipo sofre em todos os conflitos que vão surgindo no decorrer de sua fuga, e quanto mais foge mais se aproxima de seu destino e que gera mais sofrimento ainda.
ÉDIPO:
Tristeza! Tudo agora transparece!
Recebe, luz, meu derradeiro olhar!
De quem, com quem, a quem - sou triplo equívoco:
ao nascer, desposar-me, assassinar.
(ÉDIPO REI, v. 1182-1185)
É o momento que Édipo se percebe, que seu destino havia se cumprido, que sua tentativa de enganar os deuses não foi bem sucedida, que o destino é implacável. O ananké segundo a tradição grega, o destino está acima das vontades e dos atos de qualquer ser humano ou deus, não podendo ser modificado ou contestado.
Outro elemento importante na ação trágica é a catástrofe, é o acontecimento trágico da peça em consequência de suas escolhas, é um momento de extrema dor e de não suportar suas escolhas. Normalmente, resulta num ato de mutilação ou morte (Jocasta), decorrência do reconhecimento pelo herói de todos os erros e crimes cometidos. Quando Édipo toma consciência de seu destino e de suas escolhas existe um ato simbólico no cegar-se, se antes era cego da verdade, agora era cego por completo. 
ARAUTO
Ele arrancou das vestes de Jocasta
os fechos de ouro com que se adornava,
e, erguendo as mãos, o círculo dos olhos
golpeou. Gritava então que não veriam
o mal causado nem o mal sofrido,
mas no porvir-negro e veriam quem não
deviam, sem conhecer quem Ihes faltava.
Um hino funerário! E, abrindo as pálpebras,
golpeava repetidamente os olhos.
(ÉDIPO REI, v. 1016-1040)
A catarse pode ser entendida como a finalidade da peça trágica, o efeito de purificação das emoções e das paixões que pretende causar no público, inspirando o terror e a piedade. 
“Essa foi a mancha de Êdipo, que devia ser lavada com o sacrifício de sua vida. Ele mesmo, vítima e sacerdote do sacrifício, impôs-se a pena, prometida antes de se descobrir assassino.” (MAFRA, p. 79)
A tragédia põe em discussão o problema do verdadeiro e do falso, de um mundo ambíguo e ambivalente, de uma razão que em excesso pode se tornar uma desmedida, e de uma condição humana que (ethos-daimon) que hora é reflexiva, piedosa, e hora é impulsiva, orgulhosa, colérica. Há, portanto, verdades que nos separam do mundo. Quais seriam as que separam Édipo de perceber a realidade em suas múltiplas características? 
Ele mesmo o seu próprio algoz, sua tentativa mal sucedida de fuga, pois é impossível fugir de si mesmo. Édipo estava tão centrado em suas próprias ideologias, crenças e orgulho, é um homem vidente, mas cego ao mesmo tempo.
Nos diálogos de Édipo com Tiésias é o encontro simbólico de dois homens “cegos”, no caso de Édipo uma cegueira subjetiva que fazia com que ele não confrontasse suas crenças, é um homem seguro de SI e, portanto não há espaço para questionamentos de seu caráter, por isso projeta no outro toda sorte de culpa e desconfiança. Uma visão que seduz pela aparência.
Existem vários nós no conflito de Édipo, é como se o personagem estivesse sempre em uma encruzilhada e como se sua resposta fosse sempre a fuga, ao fugir de Corintos, ao fugir de seu destino, ao negar todos que tentaram de algum modo lhe fazer “enxergar”, e ao cegar-se. E cada vez que ele busca essa fuga mais ele se encontra e esse se encontrar não necessariamente é uma coisa boa.
O que se inicia com a investigação do assassinato de Laio e com o passar do tempo se transforma em uma inquirição sobre sua própria identidade, 
“A questão de não ser quem se pensa que é e o poder de forças enigmáticas na constituição do destino substituem o tema da maldição familiar, presente em obras anteriores.” (VIEIRA, 2000, p. 88)
 Um Édipo que decifra enigmas e ao mesmo tempo um Édipo sem resposta para sua própria identidade, um personagem que transita por ambiguidades. 
3 - Édipo não seria uma tragédia do destino, mas da aparência.
“[...] “ser” e “aparência” (alétheia e doxa) são mesclados, numa união que não é exterior nem formal, porém solicitada pelo daímon.” (VIEIRA, 2000, p. 94)
Ao afirmar que Édipo não seria uma tragédia do destino, mas da “aparência”, é necessario que essa aparência não se confunda com falsidade, mas algo que se apresenta, por isso o uso do daímon que é o caminho interno, é me olhar, meus desejos, mas é necessario que haja um equilíbrio.
“Ao colocar Édipo entre a razão e o daímon, Sófocles reafirma o caráter paradoxal do herói trágico, fascinante e frágil, arrogante e desarmado, engenhoso e vulnerável.” (VIEIRA, 200, p. 95)
É pensar no que se apresenta e no que se revela, é buscar esse ser durante essa jornada, é de uma complexidade muito maior do simplesmente analisar pelo destino, pois é um personagem que se opõem ao lhe foi apresentado, que se desafia e que com suas escolhas acaba negando os deuses, Édipo é tão carregado de hybris que se contrapõem a essa ordem divina, politica e social. Quando se é carregado de hybris se é “dono de seu destino”. 
 
4 – Com a tragédia surge uma concepção que irá acompanhar toda a história do teatro, a “consciência trágica”. Desenvolva uma argumentação sobre como ela se apresenta na tragédia de Édipo a partir da fala de Tirésias: aquele que persegues não é outro senão tu mesmo.
“A própria consciência trágica nasce e se desenvolve com a tragédia. É exprimindo-se na forma de um gênero literário original que se constituem o pensamento, o mundo, o homem trágicos.” (VERNANT; NAQUET,1977, p. 9)
Essa consciência trágica é o herói, é tudo que move ele, sua arrogância e seu orgulho em desafiar os deuses, sua esperteza diante de seu próprio destino, é essa consciência trágica que impulsiona Édipo por ser carregado de hybris. Como foi dita antes, para haver tragédia é necessário que exista primeiro o homem trágico, um homem cercado de ambiguidade, paradoxos, de conflitos. O ser trágico é intrínseco de conflitos existências, sociais e políticos.
É essa consciência que faz com que o herói vá em busca dessa sua jornada, mesmo que acarrete seu próprio sofrimento, mas ao mesmo tempo é sua descoberta de si. 
REFERÊNCIAS 
VERNANT, Jean-Pierre e NAQUET, Pierre-Vidal. "Tensões e ambiguidades na tragédia grega." In: Mito e tragédia na Grécia antiga. São Paulo, Duas Cidades, 1977.
VIEIRA, Trajano. Édipo Rei de Sófocles. 3. Ed. São Paulo: Perspequitiva, 2016.
VIEIRA, Trajano. Édipo: entre a razão e o daímon. Revista USP. São Paulo, n°46, p. 88-96, jun/ago.2000.

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