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314791891-Exercicios-Literatura-Com-Gabarito

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Prévia do material em texto

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Língua Portuguesa 3
Literatura ColonialLiteratura Colonial
Capítulo 1
 d) ( )
 Pero Rodriguez, da vossa molher
non creades mal que vos ome diga, 
ca entend’eu dela que ben vos quer
e quem end’al disser, dirá nemiga (1); 
e direi-vos em que lhe entendi: 
en outro dia, quando a fodi, 
mostrou-xi-mi muito por voss’amiga. 
 Martim Soares 
 Vocabulário: 1. mentiras, falsidades. 
 
 Leia o texto a seguir e responda à questão 02.
 Ai, madre, bem vos digo:
mentiu-mh o meu amigo:
sanhuda lh’and’eu’.
Do que mh-ouve jurado,
pois mentiu per seu grado,
sanhuda lh’and’eu’.
Non foi u ir avia.
mais bem des aquel dia
sanhuda lh’and’eu’.
Non é de mi partido,
mais por que mh-á mentido,
sanhuda lh’and’eu’. 
 In: PINA, Julieta Moreno. O tempo e a palavra. 
 Porto, Portugal: Areal editores, 1991, p.33. 
Vocabulário
Madre: mãe
Sanhuda lh’and’eu’: ando zangada com ele
Mentiu per seu grado: mentiu porque o quis fazer
Non foi u ir avia: não foi aonde havia de ir
Non é de mi partido: não rompi (o relacionamento) 
com ele
02.
O paralelismo é um recurso muito utilizado no gênero 
lírico de várias épocas e consiste na repetição de ver-
sos ou na correspondência de construções sintáticas. 
Transcreva da cantiga os versos que utilizam esse 
recurso e justifi que essa utilização. 
 01. 
 Classifi que as cantigas abaixo, usando o código:
I. de amor III. de escárnio
II. de amigo IV. de maldizer
 a) ( )
 Pela ribeira do riso salido (1)
trebelhei (2), madre, con meu amigo: 
amor ei migo, que non ouvesse; (3)
fi z por amigo que non fezesse! (4)
Pela ribeira do rio levado
trebelhei, madre, com meu amado: 
amor ei migo, que non ouvesse, 
fi z por amigo que non fezesse! 
 João Zorro 
 Vocabulário
 1. “Pela margem onde corre o rio”;
 2. “brinquei”; 
 3. “Antes não tivesse tanto amor comigo”; 
 4. “Fiz pelo meu amigo o que não devia ter feito”. 
 b) ( )
 Ua donzela coitado
d’amor por si me fez andar; 
e en sas feituras falar
quero eu, come namorado: 
rostr’agudo como foron, 
barva no queix’eno granhon (1), 
e o ventre grand’e inchado. 
Sobrancelhas mesturadas, 
grandes e mui cabeludas, 
Sobre-los olhos merjudas; 
e as tetas pendoradas 
e mui grandes, per boa fé; 
a un palm’ e meio no pé 
e no cós três polegadas. 
 Pero Viviães 
 Vocabulário: 1. bigode 
 c) ( )
 Que razon cuidades vós, mia senhor, 
dar a Deus, quand’ant’El fordes, por mi, 
que matades, que vos non mereci
outro mal se non que vos ei amor, 
aquel maior que vol’ eu poss’aver; 
ou que salva (1) lhi cuidades fazer 
da mia morte, pois per vós morto for? 
 D. Dinis 
 Vocabulário: 1. desculpa 
50
03. Unifesp
Leia a cantiga seguinte, de Joan Garcia de Guilhade.
Un cavalo non comeu
á seis meses nen s’ergueu
mais prougu’a Deus que choveu,
creceu a erva,
e per cabo si paceu,
e já se leva!
 
Seu dono non lhi buscou
cevada neno ferrou:
mai-lo bon tempo tornou,
creceu a erva,
e paceu, e arriçou,
e já se leva!
 
Seu dono non lhi quis dar
cevada, neno ferrar;
mais, cabo dum lamaçal
creceu a erva,
e paceu, e arriç’ar,
e já se leva!
CD Cantigas from the Court of Dom Dinis. harmonia mundi usa, 1995.
A leitura permite afirmar que se trata de uma cantiga de:
a) escárnio, em que se critica a atitude do dono do 
cavalo, que dele não cuidara, mas, graças ao bom 
tempo e à chuva, o mato cresceu e o animal pôde 
recuperar-se sozinho.
b) amor, em que se mostra o amor de Deus com o 
cavalo que, abandonado pelo dono, comeu a erva 
que cresceu graças à chuva e ao bom tempo.
c) escárnio, na qual se conta a divertida história do 
cavalo que, graças ao bom tempo e à chuva, ali-
mentou-se, recuperou-se e pôde, então, fugir do 
dono que o maltratava.
d) amigo, em que se mostra que o dono do cavalo 
não lhe buscou cevada nem o ferrou por causa do 
mau tempo e da chuva que Deus mandou, mas 
mesmo assim o cavalo pôde recuperar-se.
e) maldizer, satirizando a atitude do dono que ferrou o 
cavalo, mas esqueceu-se de alimentá-lo, deixando-
o entregue à própria sorte para obter alimento.
04. Mackenzie-SP
Sobre a poesia trovadoresca em Portugal, é incorreto 
afirmar que:
a) refletiu o pensamento da época, marcada pelo 
teocentrismo, o feudalismo e valores altamente 
moralistas.
b) representou um claro apelo popular à arte, que 
passou a ser representada por setores mais baixos 
da sociedade.
c) pode ser dividida em lírica e satírica.
d) em boa parte de sua realização, teve influência 
provençal.
e) as cantigas de amigo, apesar de escritas por 
trovadores, expressam o eu lírico feminino.
05. 
Ondas do mar de Vigo, 
se vistes meu amigo 
E ai Deus, se verrá cedo!
Ondas do mar levado, 
se vistes meu amado!
E ai Deus, se verrá cedo!
Se vistes meu amigo, 
O porque eu sospiro!
E ai Deus, se verrá cedo!
Se vistes meu amado
porque ei gran cuidado!
E ai Deus, se verrá cedo!
Martim Codax
Cossante 
Ondas da praia onde vos vi, 
Olhos verdes sem dó de mim, 
Ai avatlântica!
Ondas da praia onde morais, 
Olhos verdes intersexuais. 
Ai avatlântica!
Olhos verdes sem dó de mim, 
Olhos verdes, de ondas sem fim, 
Ai avatlântica!
Olhos verdes, de ondas sem fim, 
Por quem jurei de vos possuir, 
Ai avatlântica!
Olhos verdes sem lei nem rei
Por quem juro vos esquecer, 
Ai avatlântica!
In Estrela da vida inteira, José Olympio/ INL, 1970. 
Manuel Bandeira
Aponte semelhanças entre a cantiga de Martim Codax 
e o poema do poeta modernista Manuel Bandeira.
06. 
I. ( )
Rui Queimado morreu com amor
em seus cantares, par Sancta Maria,
por a dona que gran ben queria,
e, por se meter por mais trovador, 
porque lh’ela non quis [o] ben fazer,
fez-s’el en seus cantares morrer,
mas ressurgiu depois ao tercer dia!
Esto fez el por ua sa senhor
que quer gran ben, e mais vos en diria:
porque cuida que faz i maestria,
enos cantares que fez a sabor
de morrer i e desi d’ar viver;
esto faz el que x’o pode fazer,
mas outro’omem per ren non [n] o faria. (...)
P. Garcia Burgalês
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II. ( )
En gran coita, senhor,
que pelor que mort’ é,
vivo, per bõa fé,
e polo vosso amor
esta coita sofr’eu
por vés, senhor, que eu
vi pelo meu gran mal
D. Dinis
III. ( )
Vaiamos, irmã, vaiamos dormir
nas ribas do lago, u eu andar vi
a las aves meu amigo.
 Vaiamos, irmã, vaiamos folgar
 nas ribas do lago, eu vi andar
 a las aves meu amigo
Fernando Esguio
IV. ( )
Ua donzela coitado
d’amor por si me faz andar,
e en sas feituras falar
quero eu, come namorado:
rostr’agudo como foron,
barva no queix’e eno granhon,
e o ventre grand’e inchado.
Sobrancelhas mesturadas,
grandes e mui cabeludas,
sobre-los olhos merjudas;
e as tetas pendoradas
e mui grandes, por boa fé;
a un palm’e meio no pé
e nos cós três polegadas.
Pero Viviães
V. ( )
Pero eu dizer quysesse,
creo que non saberia
dizer, nen er poderia,
per poder que eu ouvesse
a coyta que o coytado
sofre que é namorado,
nen er sey quen mh-o crevesse.
D. Dinis
Relacione:
a) Cantiga de amor
b) Cantiga de amigo
c) Cantiga de escárnio
d) Cantiga de maldizer
07. 
Uma das afirmativas abaixo, feitas sobre os romances 
de cavalaria, não está correta nem pode ser justificada 
em hipótese nenhuma. Qual é ela?
a) A Demanda do Santo Graal pertence ao ciclo de 
Carlos Magno e aos doze pares de França.
b) Não se sabe quem é o autor do Amadis de Gaula, 
romance datado do início do século XVI.
c) Um dos importantes ciclos de cavalaria é o do rei 
Arthur e os cavaleiros da Távola Redonda.
d) Os romances de cavalaria têm sua origem nas can-
ções de gesta (poemas com temas guerreiros).
e) A penetração doromance de cavalaria em Portugal 
aconteceu no século XIII, durante o reinado de 
Afonso III.
08.
 A Sant’lag’en romaria ven
 el-rei, madr’, e praz-me(1) de coraçon
 por duas cousas, se Deus me perdon, 
 eu que tenho que me faz Deus gran ben: 
 ca vere’i(2) el’rei nunca vi
 e meu amigo, que ven con el i.
Vocabulário: 1. me dá prazer; 2. aí
Através das cantigas trovadorescas, podemos conhe-
cer muita coisa sobre a Idade Média. Sobre a estrofe 
acima, responda:
a) A que fato comum da Idade Média ela faz referên-
cia?
b) Qual a importância de tal fato para a compreensão 
da sociedade medieval?
09. UniCOC-SP
Ondas do mar de Vigo,
Se vistes meu amigo!
E ai, Deus, se verrá cedo!
Ondas do mar levado,
Se vistes meu amado!
E ai, Deus, se verrá cedo!
Se vistes meu amigo,
O por que eu sospiro!
E ai, Deus, se verrá cedo!
Se vistes meu amigo,
Poer que hei gran cuidado!
E ai, Deus, se verrá cedo!
Martim Codax
Com relação ao texto, é incorreto dizer que:
a) justifica a presença de recursos estilísticos que 
contribuem para o caráter musical do poema o 
fato de, no contexto em que ele foi produzido, a 
literatura ser veiculada literalmente.
b) a musicalidade do texto é adequada, estilistica-
mente, à expressão de conteúdos emotivos.
52
c) sua musicalidade advém apenas da regularidade 
das rimas emparelhadas e da presença do re-
frão.
d) pertence ao gênero lírico.
e) pertence a um estilo de época vinculado, ideolo-
gicamente, ao teocentrismo.
10. 
São características da cantiga de amigo:
a) amor platônico e sentimento feminino.
b) amor cortês e queixa da ausência do amado.
c) amor de mulher e sentimento espontâneo.
d) queixas do poeta e diversificação de assuntos.
11. 
Assinale a alternativa incorreta.
a) Na cantiga de amor, encontramos a purificação do 
apelo erótico, isto é, a idealização do amor.
b) Na cantiga de amigo, o “eu lírico” é feminino e canta 
a saudade do amigo (namorado) que partiu.
c) A cantiga de maldizer utiliza muitas vezes o ero-
tismo.
d) A cantiga de escárnio é uma sátira direta e de 
humor picante.
12. Unicamp-SP
Texto I
Noutro dia, quando m’eu espedi(1)
de mia senhor, e quando mi’houv’a ir (2)
e me non falou foi que non morri, 
que, se mil vezes podesse morrer, 
meor(3) coita me fora de sofrer!
Vocabulário: 1. despedi; 2. tive de ir; 3. menor.
Texto II
Toda gente homenageia
Januária na janela 
Até o mar faz maré cheia
Pra chegar mais perto dela 
O pessoal desce na areia
E batuca por aquela
Que, malvada, se penteia 
E nem escuta quem apela.
Os dois textos lidos são bastante separados no tempo. 
O primeiro foi escrito por um nobre, D. João Soares 
Coelho, trovador de grande produção que viveu no 
século XIII, em Portugal. O segundo é uma letra de 
música escrita pelo compositor brasileiro contemporâ-
neo Chico Buarque de Hollanda. Apesar da distância, 
ambos os textos abordam uma mesma postura da 
amada a que se referem.
a) Que postura é essa?
b) Aponte os versos em que a postura se evidencia, 
em cada um dos textos.
c) Qual o efeito dessa postura, para o trovador, no 
texto I?
13. 
Leia atentamente o poema abaixo. Trata-se de uma 
homenagem que o poeta modernista Manuel Bandeira 
(1886-1968) presta ao Trovadorismo. 
 
Mha senhor, com’oje dia son, 
Atan cuitad’e sen cor assi!
E par Deus non sei que farei i, 
Ca non dormho á mui gran sazon. 
Mha senhor, ai meu lum’e meu ben, 
Meu coraçon non sei o que ten. 
Noit’e dia no meu coraçon
Nulha ren se non a morte vi, 
E pois tal coita non mereci, 
Moir’eu logo, se Deus mi perdon. 
Mha senhor, ai meu lum’e meu ben, 
Meu coraçon non sei o que ten.
Aponte no poema elementos formais e temáticos 
que caracterizem o texto como uma referência ao 
Trovadorismo.
14.
Senhor, quando vos vi
e que fui vosco falar, 
sabed’agora per mi
que tanto fui desejar
vosso ben; e pois é si, 
que pouco posso duar, 
e moiro-m’assi de chan; 
porque mi fazedes mal, 
e de vós non ar ei al, 
mia morte tenho na man.
D. Dinis
Quais são os indícios que nos permitem classificar a 
cantiga anterior como de amor?
15. Mackenzie-SP
Assinale a alternativa incorreta a respeito do Trova-
dorismo em Portugal.
a) Nas cantigas de amigo, o trovador escreve o po-
ema do ponto de vista feminino.
b) Nas cantigas de amor, há o reflexo do relaciona-
mento entre senhor e vassalo na sociedade feudal: 
distância e extrema submissão.
c) A influência dos trovadores provençais é nítida nas 
cantigas de amor galego-portuguesas.
d) Durante o Trovadorismo, ocorreu a separação 
entre a poesia e a música.
e) Muitas cantigas trovadorescas foram reunidas em 
livros ou coletâneas que receberam o nome de 
cancioneiros.
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16. 
Queixa
Um amor assim delicado
Você pega e despreza
Não o devia ter despertado 
Ajoelha e não reza
Dessa coisa que mete medo
Pela sua grandeza
Não sou o único culpado 
Disso eu tenho a certeza
Princesa
Surpresa
Você me arrasou 
Serpente
Nem sente que me envenenou 
Senhora, e agora
Me diga onde eu vou
Senhora
Serpente
Princesa 
Um amor assim delicado
Nenhum homem daria
Talvez tenha sido pecado
Apostar na alegria
Você pensa que eu tenho tudo 
E vazio me deixa 
Mas Deus não quer
Que eu fique mudo
E eu te grito essa queixa
Um amor assim violento 
Quando torna-se mágoa
É o avesso de um sentimento 
Oceano sem água
Ondas: desejos de vingança 
Nessa desnatureza
Batem forte sem esperança 
Contra a tua dureza
Princesa 
Surpresa
Você me arrasou
Serpente 
Nem sente que me envenenou
Senhora, e agora
Me diga onde eu vou
Senhora
Serpente 
Princesa
Princesa 
Surpresa 
Você me arrasou 
Serpente
Nem sente que me envenenou 
Senhora, e agora 
Me diga onde eu vou 
Amiga 
Me diga
VELOSO, Caetano: In Cores, nomes. LP Polygram nº. 6328381, 1982. 
A cultura trovadoresca deixou claras influências na 
cultura de língua portuguesa. Aponte na canção dada 
características que a aproximem de uma das cantigas 
trovadorescas.
17. 
No mundo non me sei parelha(1)
mentre(2) me for como me vai,
ca já moiro por vós – e ai, 
mia senhor branca e vermelha, 
queredes que vos retraia(3)
quando vos eu vi en saia!
Mau dia me levantei
que vos enton non vi fea!
E, mia senhor, des aquel dia, ai, 
me foi a mi mui mal, 
e vós, filha de don Paai
Moniz, e ben vos semelha(4)
d’haver eu por vós guarvaia(5)
pois eu, mia senhor, d’alfaia
nunca de vós houve nen hei
valia dua correa.(6)
Vocabulário: 1. igual; 2. enquanto; 3. retrate; 4. bem 
vos parece; 5. roupa luxuosa; 6. coisa sem valor. 
Esta é a primeira cantiga medieval portuguesa de que 
se tem notícia. Sua classificação não é tão simples 
quanto possa parecer em uma primeira leitura. 
a) Quais são os argumentos que podem ser usados 
para defender a hipótese de se tratar de uma 
cantiga de amor? 
b) Que outro tipo de classificação ela pode ter? Jus-
tifique sua resposta.
18. 
Don Meendo, vós veestes
falar migo noutro dia; 
e na fala que fezestes
perdi eu do que tragia. 
Ar(1) querredes falar migo
e non querrei eu, amigo.
Vocabulário: 1. novamente.
a) A cantiga anterior é de escárnio ou de maldizer? 
Justifique sua resposta.
b) Qual a crítica que o autor faz ao satirizado?
19. Vunesp
Estava a formosa seu fio torcendo 
 Paráfrase de Cleonice Berardinelli
 Estava a formosa seu fio torcendo
 Sua voz harmoniosa, suave dizendo 
 Cantigas de amigo. 
 
 Estava a formosa sentada, bordando, 
 Sua voz harmoniosa, suave cantando
 Cantigas de amigo
 
 – Por Jesus, senhora, vejo que sofreis
 De amor infeliz, pois tão bem dizeis
 Cantigas de amigo. 
54
 Por Jesus, senhora, eu vejo que andais
 Com penas de amor, pois tão bem cantais 
 Cantigas de amigo. 
 
 – Abutre comestes, pois que adivinhaisIn: Cantigas de trovadores medievais em português moderno. 
Rio de Janeiro. Org. Simões, 1953. 
I. O paralelismo é um dos recursos estilísticos mais 
comuns na poesia lírico-amorosa trovadoresca. 
Consiste na ênfase de uma idéia central, às vezes 
repetindo expressões idênticas, palavra por pala-
vra, em séries de estrofes paralelas. A partir dessas 
observações, responda às questões abaixo. 
a) O poema se estrutura em quantas séries de estro-
fes paralelas? Identifique-as. 
b) Que idéias centrais são enfatizadas em cada série 
paralelística? 
II. Considerando-se que o último verso da cantiga 
caracteriza um diálogo entre personagens; consi-
derando-se ainda que a palavra abutre grafava-se 
avuytor, em português arcaico, e considerando-se 
que, de acordo com a tradição popular da época, 
era possível fazer previsões e descobrir o que está 
oculto, comendo carne de abutre, mediante essas 
três considerações: 
a) identifique a personagem que se expressa em 
discurso direto, no último verso do poema;
b) interprete o significado do último verso, no contexto 
do poema.
20. 
Leia o texto a seguir e indique as diferenças e as 
semelhanças entre este texto e as cantigas de amor 
e de amigo.
 Cantiga sua partindo-se
 João Ruiz de Castelo Branco
Senhora, partem tão tristes
meus olhos por vós, meu bem,
que nunca tão tristes vistes
outros nenhuns por ninguém.
Tão tristes, tão saudosos, 
tão doentes da partida,
tão cansados, tão chorosos,
da morte mais desejosos
cem mil vezes que da vida.
Partem tão tristes os tristes,
tão fora d’esperar bem, 
que nunca tão tristes vistes
outros nenhuns por ninguém.
In S. Spina. Presença da literatura portuguesa.
São Paulo: Difusão Européia do Livro, 1969.
Texto para as questões de 21 a 23. 
O trecho a seguir pertence a uma das crônicas de 
Fernão Lopes. Nele, D. João, Mestre de Avis, sabendo 
que Castela estava prestes a invadir Portugal (Revolu-
ção de Avis), manda recados a cidades e aldeias, no 
sentido de que o povo o ajude a defender a terra. 
(...) Entre os lugares a que seu recado chegou foi a 
cidade do Porto, onde suas cartas não foram ouvidas 
em vão. Mas, como foram vistas, com o coração, muito 
prestes logo se ajuntaram todos, especialmente o povo 
miúdo, que alguns outros dessa comunal gente, duvi-
dando, receavam muito de poer em tal feito mão. 
Então aqueles que chamavam arraia miúda disseram a 
um, por nome chamado Álvaro da Veiga, que levasse a 
bandeira pela vila, em voz e nome do Mestre de Avis; 
e ele refusou de a levar, mostrando que o não devia 
de fazer, o qual logo foi chamado traidor, que era da 
parte da Rainha, dando-lhe tantas cutiladas, e assim de 
vontade, que era sobeja cousa de ver. Este morto, não 
se fez mais naquele dia; mas juntaram-se todos o outro 
seguinte, com sua bandeira tendida, na Praça, tendo 
ordenado que a levasse um bom homem do lugar, 
que chamavam Afonso Anes Pateiro: e, se a levar não 
quisesse, que o matassem logo, como o outro.
Afonso Anes soube desta parte, por alguns deles que 
eram seus amigos, e bem cedo pela manhã, primeiro que 
o convidassem pera tal obra, foi-se à praça da cidade, 
onde já todos eram juntos pera a trazer pelo lugar, e 
antes que lhe nenhum dissesse que a levasse, deitou ele 
mão da bandeira, dizendo ele altas vozes, que o ouviram 
todos: Portugal, Portugal, pelo Mestre de Avis! (...)
21. 
O registro da ação popular revela-nos um Fernão 
Lopes:
a) medieval. d) humanista.
b) regiocêntrico. e) satírico.
c) lírico.
22. 
O trecho lido é teocêntrico ou antropocêntrico? Jus-
tifique.
23.
Após a leitura do texto anterior, responda às questões 
a seguir.
a) Que característica de Fernão Lopes é evidenciada 
no texto?
b) O texto lido pode ser caracterizado como teocên-
trico ou antropocêntrico? Justifique.
24. Vunesp
Então se despediu da Rainha, e tomou o Conde pela 
mão, e saíram ambos da câmara a uma grande casa que 
era diante, e os do Mestre todos com ele, e Rui Pereira e 
Lourenço Martins mais acerca. E chegando-se o Mestre 
com o Conde acerca duma fresta, sentiram os seus que 
o Mestre lhe começava a falar passo, e estiveram todos 
quedos. E as palavras foram entre eles tão poucas, e tão 
baixo ditas, que nenhum por então entendeu quejandas 
eram. Porém afirmam que foram desta guisa:
– Conde, eu me maravilho muito de vós serdes homem 
a que eu bem queria, e trabalhardes-vos de minha 
desonra e morte!
– Eu, Senhor? disse ele. Quem vos tal cousa disse, 
mentiu-vos mui grã mentira.
O Mestre, que mais tinha vontade de o matar, que 
de estar com ele em razões, tirou logo um cutelo 
comprido e enviou-lhe um golpe à cabeça; porém 
não foi a ferida tamanha que dela morrera, se mais 
não houvera.
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Os outros todos, que estavam de arredor, quando viram 
isto, lançaram logo as espadas fora, para lhe dar; e 
ele movendo para se acolher à câmara da Rainha, 
com aquela ferida; e Rui Pereira, que era mais acerca, 
meteu um estoque de armas por ele, de que logo caiu 
em terra, morto.
Os outros quiseram-lhe dar mais feridas, e o Mestre 
disse que estivessem quedos, e nenhum foi ousado 
de lhe mais dar.
O texto transcrito anteriormente é de Fernão Lopes e 
pertence à Crônica de D. João I. As crônicas de Fernão 
Lopes caracterizam-se por tentarem reproduzir a ver-
dade histórica como se esta tivesse sido testemunha-
da. Por outro lado, é com Fernão Lopes que a língua 
portuguesa inicia o percurso da sua modernidade.
Nestes termos, assinale, nas alternativas a seguir 
indicadas, a que melhor caracteriza o trecho transcrito 
da Crônica de D. João I.
a) Narração realista e dinâmica que quase nos faz 
visualizar os acontecimentos.
b) Fidelidade absoluta aos acontecimentos históricos.
c) Utilização de uma linguagem elevada, de acordo 
com a reprodução dos fatos históricos.
d) Preocupação em mencionar os nomes de todas 
as pessoas presentes à morte do Conde.
e) Exaltação do feito heróico do Mestre ao matar o 
inimigo do Reino.
25. 
Apesar das diferenças entre os dois estilos, alguns 
temas permanecem sendo explorados na poesia do 
Humanismo. Leia os dois textos a seguir (o texto I é 
uma cantiga de amor e o texto II é uma poesia palacia-
na) e aponte a semelhança temática entre eles. 
Texto I
Ir-vos queredes, mia Senhor, 
e fiqu’end’(1) eu con gran pesar, 
que nunca soube ren(2) amar
ergo(3) vós, dês quando vos vi.
E pois que vos ides d’aqui, 
senhor fremosa, que farei?
Nuno Fernandes Torneol
Vocabulário: 1. por isso; 2. outra coisa; 3. exceto. 
Texto II
Ó meu bem, pois te partiste
dante meus olhos, coitado, 
os ledos me farão triste, 
os tristes desesperado.
Diogo de Miranda
26. 
Segundo é fama, el-rei de Castela trazia até cinco mil 
homens de lança (...) e muitos bons besteiros, que 
eram bem seis mil, segundo escrevem alguns.
Fernão Lopes, Crônicas d’EI-Rei D. João, 1ª parte
Conforme podemos depreender do texto acima, Fernão 
Lopes tinha especial interesse pela pesquisa histórica. 
Qual o significado desse interesse, no contexto do 
Humanismo?
27. Mackenzie-SP
Marque a alternativa incorreta a respeito do Huma-
nismo.
a) Época de transição entre a Idade Média e o Re-
nascimento.
b) O teocentrismo cede lugar ao antropocentrismo.
c) Fernão Lopes é o grande cronista da época.
d) Garcia de Resende coletou as poesias da época, 
publicadas em 1516 com o nome de Cancioneiro 
geral.
e) A Farsa de Inês Pereira é a obra de Gil Vicente cujo 
assunto é religioso, desprovido de crítica social.
28. Unicamp-SP
Leia com atenção os fragmentos de poemas trans-
critos abaixo. 
Fragmento 1
Trova à maneira antiga
Francisco de Sá de Miranda, 1595
Comigo me desavim,
Sou posto em todo perigo;
não posso viver comigo
nem posso fugir de mim.
(...)
Que meio espero ou que fim
do vão trabalho que sigo,
pois quetrago a mim comigo,
tamanho imigo de mim?
(imigo = inimigo)
Fragmento 2
Dispersão
Mário de Sá-Carneiro, 1913
Perdi-me dentro de mim
Porque eu era labirinto,
E hoje, quando me sinto,
É com saudades de mim.
(...)
E sinto que a minha morte –
Minha dispersão total –
Existe lá longe, ao norte,
Numa grande capital.
Ambos os poemas tratam do tema das relações do eu 
consigo mesmo, mas desenvolvem-no de maneira dife-
rente. Exponha em que consiste esse desenvolvimento 
diferenciado do tema, em cada poema.
29. UEL-PR
Não queiras ser tão senhora:
casa, filha, e aproveite;
não percas a ocasião.
Queres casar por prazer
No tempo de agora, Inês?
(...)
sempre eu ouvi dizer:
Ou seja sapo ou sapinho,
ou marido ou maridinho,
tenha o que houver posses
Este é o certo caminho.
VICENTE, Gil. Farsa de Inês Pereira. São Paulo: SENAC, 1996. p. 82.
56
Com base nessas palavras e nos conhecimentos sobre 
o Humanismo, é correto afirmar:
a) O Humanismo procura retratar a realidade de 
forma ingênua, revelando uma visão idealizada 
do mundo expressa pelo verso “casa, filha, e 
aproveite”.
b) O fragmento citado trata o casamento como resul-
tado de um envolvimento amoroso pleno.
c) A leitura do fragmento confirma que o Humanismo, 
embora dirigido a um público palaciano, adota 
alguns padrões do discurso popular, como se 
observa nos quatro últimos versos.
d) O verso “Este é o certo caminho” indica o predo-
mínio de uma visão idílica e idealizada em grande 
parte do discurso humanista.
e) O olhar humanista, no fragmento citado, imprime 
à união conjugal uma motivação sentimental. Tal 
postura suplanta o lirismo amoroso presente em 
algumas cantigas trovadorescas.
30. Mackenzie-SP 
Gil Vicente, autor representativo do Humanismo em 
Portugal, (1) revela-nos, em sua obra lírica, (2) uma 
ambivalência típica desse período: (3) de um lado, a 
ideologia teocêntrica do mundo medieval; (4) de outro, 
influenciado pelo antropocentrismo emergente, (5) é o 
analista mordaz da sociedade portuguesa do século 
XVI. É essa ambivalência que o situa como autor de 
transição: (6) entre o Humanismo e o antropocentris-
mo. (7) Dos fragmentos destacados:
a) todos estão corretos.
b) todos estão incorretos.
c) apenas 4 e 5 estão incorretos.
d) apenas 2 e 7 estão incorretos.
e) apenas 2, 5 e 7 estão incorretos.
31. PUC–SP
Esta questão refere-se às obras Auto da barca do in-
ferno, de Gil Vicente, e Morte e vida severina (auto de 
natal pernambucano), de João Cabral de Melo Neto.
Leia as alternativas a seguir e assinale a correta.
a) As duas obras apresentam uma crítica à sociedade 
de suas épocas: a de Gil Vicente, a partir das almas 
que representam classes sociais e profissionais de 
Portugal, a de João Cabral, a partir de personagens 
representativas de tipos sociais do Nordeste.
b) As duas obras apresentam construções poéticas 
diametralmente opostas, uma vez que uma empre-
ga o verso decassílabo e a outra, a redondilha.
c) As duas obras apresentam aspectos em comum, 
como o julgamento e a condenação, isto é, em am-
bas, as personagens são julgadas e condenadas 
após a morte.
d) As duas obras apresentam o julgamento ocorrendo 
na consciência de cada personagem. Entretanto, a 
execução da justiça, em Auto da barca do inferno, 
é somente realizada pelo Diabo, e, em Morte e vida 
severina, pela miserabilidade da vida.
e) As duas obras apresentam estrutura de auto; assi-
milam, portanto, tradições populares e constroem 
a realidade por meio da crítica. Como autos, são 
representações teatrais que contêm vários atos.
32. Fuvest-SP
Considere as seguintes afirmações sobre o Auto da 
barca do inferno, de Gil Vicente:
I. O auto atinge seu clímax na cena do Fidalgo, per-
sonagem que reúne em si os vícios das diferentes 
categorias sociais anteriormente representadas.
II. A descontinuidade das cenas é coerente com o 
caráter didático do auto, pois facilita o distancia-
mento do espectador.
III. A caricatura dos tipos sociais presentes no auto 
não é gratuita nem artificial, mas resulta da acen-
tuação de traços típicos.
Está correto apenas o que se afirma em:
a) I d) I e II
b) II e) I e III
c) II e III
33. Mackenzie-SP
Ninguém: 
Tu estás a fim de quê?
Todo Mundo:
A fim de coisas buscar
que não consigo topar.
Mas não desisto,
porque o cara tem de teimar.
Ninguém:
Me diz teu nome primeiro.
Todo Mundo:
Eu me chamo Todo Mundo
e passo o dia e o ano inteiro
Correndo atrás de dinheiro,
seja limpo ou seja imundo.
Belzebu:
Vale a pena dar ciência
e anotar isto bem,
Por ser fato verdadeiro:
que Ninguém tem consciência,
E Todo Mundo, dinheiro.
No trecho, Carlos Drummond de Andrade reconstruiu, 
com nova linguagem, parte de um texto de importante 
dramaturgo da língua portuguesa.
Trata-se de:
a) Gil Vicente. d) Sá de Miranda.
b) Dom Diniz. e) Fernão Lopes.
c) Luís Vaz de Camões.
34. Fuvest-SP
Indique a afirmação correta sobre o Auto da barca do 
inferno, de Gil Vicente. 
a) É intrincada a estruturação de suas cenas, que 
surpreendem o público com o inesperado de cada 
situação.
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b) O moralismo vicentino localiza os vícios não nas insti-
tuições, mas nos indivíduos que as fazem viciosas.
c) É complexa a crítica aos costumes da época, já 
que o autor é o primeiro a relativizar a distinção 
entre o Bem e o Mal.
d) A ênfase desta sátira recai sobre as personagens 
populares, as mais ridicularizadas e as mais se-
veramente punidas.
e) A sátira é aqui demolidora e indiscriminada, não fazen-
do referência a qualquer exemplo de valor positivo.
35. Unitau-SP
Em relação a Gil Vicente, é incorreto dizer que: 
a) recebeu, no início de sua intensa atividade literária, 
influência de Juan del Encina.
b) sua primeira produção teatral foi Auto dos Reis 
Magos.
c) suas obras se caracterizaram, antes de tudo, por 
serem primitivas e populares.
d) suas obras surgiram para entretenimento nos 
ambientes da corte portuguesa.
e) seu teatro caracterizou-se por observações satíri-
cas às camadas sociais da época.
36. PUC-SP
Ainda sobre a peça O Velho da horta, considerando o 
texto como um todo, é correto afirmar-se que:
a) a reza do “Pai Nosso” que inicia a peça, prepara o 
leitor para o desenvolvimento de um texto funda-
mentalmente religioso, confirmado, inclusive, pela 
ladainha proferida pela alcoviteira.
b) o velho relaciona-se, ao longo da peça, com quatro 
mulheres, das quais uma é a moça por quem se 
apaixona e com quem, correspondido, acaba se 
casando.
c) a farsa tem como argumento a paixão de um velho 
por uma moça de muito bom parecer, por causa 
dela (e por via de uma alcoviteira) acaba gastando 
toda a sua fortuna.
d) o texto se organiza a partir de uma estrutura ver-
sificatória que revela ritmo poético, marcado por 
versos livres e por ausência de esquema rímico.
e) o diálogo estabelecido entre o velho e a moça cria 
condições para o arrebatamento amoroso de am-
bos e revela ausência de ironia e de menosprezo 
de qualquer natureza.
37. UniCOC-SP 
Na Farsa de Inês Pereira, Gil Vicente:
a) retoma a análise do amor do velho apaixonado, 
desenvolvida em O Velho da horta.
b) mostra a humilhação da jovem que não pode esco-
lher seu marido, tema de várias peças desse autor.
c) descreve a revolta de uma jovem confinada aos 
serviços domésticos.
d) conta a história de uma jovem que assassina o 
marido para se livrar dos maus-tratos.
e) aponta, quando Lianor narra as ações do clérigo, 
uma solução religiosa para a decadência moral de 
seu tempo.
38. UniCOC-SP
Considere as seguintes asserções sobre o teatro de 
Gil Vicente.
I. Autos pastoris, autos de moralidade e farsas são 
gêneros cultivados pelo autor.
II. O espírito crítico do teatro vicentino não poupa o 
clero corrupto, que é ridicularizado.
III. As personagens doautor representam tipos so-
ciais como alcoviteiras, velhos ridículos, maridos 
ingênuos, nobres pedantes, entre outros.
Deve-se firmar que:
a) I, II e III estão corretas.
b) apenas I e III estão corretas.
c) apenas II e III estão corretas.
d) apenas I e II estão corretas.
e) apenas II está correta.
39. 
(...) Vêm quatro cavaleiros cantando. Trazem, cada 
um, a cruz de Cristo, por quem a mais por sua santa 
fé católica morreram em poder dos mouros.
Diabo Cavaleiros, vós passais
 e não perguntais onde is?
Cavaleiro Vós, satanás, presumis?
 Atentai com quem falais!
Outro cavaleiro Vós que nos demandais?
 siquer conhece-nos bem.
 Morremos das partes d’além,
 E não queiras saber mais.
Diabo Entrai cá! Que coisa é essa?
 Eu não posso entender isso!
Cavaleiro Quem morre por Jesus Cristo
 não vai em tal barca como esta!
Tornam a proseguir, cantando, seu caminho direto à 
barca da Glória, e tanto que chegam, diz o Anjo:
Anjo Ó cavaleiros de Deus, 
 a vós estou esperando, 
 que morrestes pelejando 
 por Cristo Senhor dos céus!
 Sois livre de todo o mal, 
 santos por certo sem falha, 
 que quem morre em tal batalha 
 merece paz eternal.
E assi embarcam.
Considerando a leitura feita, responda ao que se 
pede: 
a) De que peça teatral de Gil Vicente foi extraído o 
trecho acima?
b) Por que se pode dizer que Gil Vicente, nessa 
passagem, assume atitude medieval?
40. 
Leia atentamente o trecho a seguir, da peça Auto da 
barca do inferno, de Gil Vicente. Nele, o personagem 
Parvo reage ao convite do Diabo para que entre na 
barca que o conduziria ao inferno.
58
PARVO Ao Inferno, em hora-má?!
 Hiu! Hiu! Barca do cornudo, 
 (...)
 Entrecosto de carrapato!
 Hiu! Hiu! Caga no sapato, 
 Filho da grande aleivosa!
 Tua mulher é tinhosa
 e há de parir um sapo
 metido num guardanapo, 
 neto de cagarrinhosa!
 Furta cebolas! Hiu! Hiu!
 Excomungado nas igrejas!
 Burrela, cornudo sejas!
 (...)
 Perna de cigarra velha, 
 Caganita de coelha, 
 Pelourinho de Pampulha, 
 Rabo de forno de telha.
a) Qual a reação do Parvo?
b) Que estrato social o Parvo representa?
c) Moralmente, como se pode caracterizá-lo?
41. Fuvest-SP
Todo o Mundo Folgo muito d’ enganar
 e mentir nasceu comigo.
Ninguém Eu sempre verdade digo
 sem nunca me desviar.
(Belzebu para Dinato)
Belzebu Ora escreve lá, compadre,
 Não sejas tu preguiçoso!
Dinato Quê?
Belzebu Que Todo o Mundo é mentiroso
 E Ninguém diz a verdade.
Auto da Lusitânia — Gil Vicente
O texto afirma que:
a) todo o mundo é mentiroso.
b) Ninguém é mentiroso.
c) Todo o Mundo diz a verdade.
d) ninguém diz a verdade.
e) Todo o Mundo é mentiroso.
42. Umesp
Assinale a alternativa em que se encontra uma afirma-
ção incorreta sobre a obra de Gil Vicente.
a) Sofre influência de Juan del Encina, principalmente 
no teatro pastoril de sua primeira fase.
b) Seus personagens representam tipos de uma vasta 
galeria de estratos da sociedade portuguesa da 
época.
c) Por viver em pleno Renascimento, apega-se aos 
valores greco-romanos, desprezando os princípios 
da Idade Média.
d) Um dos maiores valores de sua obra é ter contra-
balançado uma sátira contundente com o pensa-
mento cristão.
e) Suas obras-primas, como a Farsa de Inês Perei-
ra, são escritas na terceira fase de sua carreira, 
período de maturidade intelectual.
43. 
Em 1531, um terremoto abalou Portugal. Alguns frades de 
Santarém interpretaram o fato de tal forma que desconten-
tou o dramaturgo Gil Vicente. Ele então resolveu escrever 
uma carta ao rei D. João III, narrando o fato e mostrando 
sua posição. Segue-se o trecho inicial da carta: 
 Os frades de cá não me contentaram, nem em 
púlpito, nem em prática, sobre esta tormenta da terra 
que ora passou; porque não bastava o espanto da 
gente, mais ainda eles lhes afirmavam duas cousas, 
que os mais fazia esmorecer. A primeira, que polos 
grandes pecados que em Portugal se faziam, a ira 
de Deus fizera aquilo, e não que fosse curso natural, 
nomeando logo os pecados por que fora; em que 
pareceu que estava neles mais soma de ignorância 
que de graça do Spírito Santo.
a) Segundo Gil Vicente, que interpretação os frades 
deram ao terremoto?
b) Como Gil Vicente interpreta o terremoto?
c) Qual o sentido dessa oposição no contexto 
humanista?
44. Fuvest-SP
Aponte a alternativa correta em relação a Gil Vicente.
a) Compôs peças de caráter sacro e satírico.
b) Introduziu a lírica trovadoresca em Portugal.
c) Escreveu a novela Amadis de Gaula.
d) Só escreveu peças em português.
e) Representa o melhor do teatro clássico português.
45. 
O tipo mais insistentemente observado e satirizado 
é o clérigo, e especialmente o frade. Trata-se de fato 
de uma classe numerosíssima, presente em todos os 
setores da sociedade portuguesa, na corte e no povo, 
na cidade e na aldeia.
O texto crítico refere-se a qual autor? Além do frade, cite um 
outro tipo humano satirizado pelo autor em questão.
46. 
O ditado popular que serviu de inspiração a Gil Vicente 
para escrever a peça Farsa de Inês Pereira é: Mais 
quero asno que me leve que cavalo que me derrube. 
Nesse ditado, a que deve ser associado o personagem 
Brás da Mata? Justifique sua resposta.
47. PUC-SP
O argumento da peça Farsa de Inês Pereira, de Gil 
Vicente, consiste na demonstração do refrão popular 
“Mais quero asno que me carregue que cavalo que me 
derrube”. Identifique a alternativa que não corresponde 
ao provérbio, na construção da farsa.
a) A segunda parte do provérbio ilustra a experiência 
desastrosa do primeiro casamento.
b) O escudeiro Brás da Mata corresponde ao cavalo, 
animal nobre, que a derruba.
c) O segundo casamento exemplifica o primeiro 
termo, asno que a carrega.
d) O asno corresponde a Pero Marques, primeiro 
pretendente e segundo marido de Inês.
e) Cavalo e asno identificam a mesma personagem 
em diferentes momentos de sua vida conjugal.
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48. 
Leia as três afirmações a seguir a respeito da Farsa 
de Inês Pereira. 
I. Pode ser colocada como representante do teatro 
de costumes vicentino. 
II. Encaixa-se na tradição da farsa medieval so-
bre o adultério feminino desenvolvida por Gil 
Vicente. 
III. Inês Pereira é uma moça que vive na vila e pre-
tende subir de condição. 
a) Todas estão corretas.
b) Todas estão incorretas.
c) Apenas I e II estão corretas.
d) Apenas I e III estão corretas.
e) Apenas II e III estão corretas.
49. 
Leia o texto que segue para responder às três questões 
posteriores.
Inês
Renego deste lavrar
e do primeiro que o usou
ao diabo que o eu dou,
que tão mau é de aturar;
ó Jesus! Que enfadamento,
que cegueira e que canseira!
Eu hei de buscar maneira
de viver a meu contento.
Coitada, assim hei de estar
encerrada nesta casa
como panela sem asa
que sempre está num lugar?
Isto é vida que se viva?
Hei de estar sempre cativa
desta maldita costura?
Com dois dias de amargura
haverá quem sobreviva?
Hei de ir para os diabos
se continuo a coser.
Oh! Como cansa viver
sozinha, no mesmo lugar.
Todas folgam, e eu não.
Todas vêm e todas vão
onde querem, menos eu.
Hui! E que pecado é o meu,
ou que dor de coração?
a) Qual a reclamação de Inês Pereira nessa pas-
sagem?
b) Que atitude ela tomaria para escapar de sua 
situação?
c) Quais as conseqüências dessa atitude?
50. 
No trecho abaixo, do Auto da barca do inferno, de Gil Vi-
cente, temos a chegada do fidalgo ao porto das almas.
Anjo Que quereis?
Fidalgo Que me digais,
 pois parti tão sem aviso,
 se a barca do paraíso
 é esta em que navegais.
Anjo Esta é: que demandais?
Fidalgo Que me deixeis embarcar,
 sou fidalgo de solar,
 é bem que me recolhais
Anjo Não se embarca tirania
 neste batel divinal.
FidalgoNão sei porque haveis por mal
 que entre a minha senhoria.
Anjo Pera vossa fantesia
 mui estreita é esta barca.
a) Quais são as causas da condenação do Fidalgo 
ao inferno?
b) Quais as razões que ele alega para ir para o céu?
51. 
A cena seguinte, da peça Auto da barca do inferno, 
apresenta a chegada do parvo Joane no porto das 
almas.
Anjo Quem és tu?
Joane Samica alguém.
Anjo Tu passarás, se quiseres; 
 porque em todos os teus fazeres, 
 per malícia non erraste, 
 tua simpreza te abaste
 para gozar dos prazeres.
A expressão “samica” quer dizer “talvez”. Assim, Joane 
diz ser “talvez alguém”. O que essa fala indica? 
a) A indecisão de Joane quanto à sua própria identida-
de. Ele está confuso depois da conversa mantida 
com o Diabo, momentos antes, que o convenceu 
a tornar-se um pecador. Por essa indecisão, é 
condenado ao purgatório.
b) A presunção de Joane quanto à sua condição 
social. Apesar de simplório, ele disfarçava sua 
pobreza freqüentando a aristocracia e cometendo 
pequenos furtos para sustentar seus luxos. Por 
essa presunção, é condenado ao inferno.
c) O desprezo de Joane pelo Anjo. Conhecedor de 
suas virtudes, ele acredita que seu lugar no céu 
está garantido, não necessitando da aprovação do 
Anjo para embarcar. Esse desprezo faz com que 
o Anjo se recuse a levá-lo.
d) A desconfiança de Joane. Confundindo a barca do 
céu com a do inferno, ele imagina que o Anjo é o 
Diabo tentando enganá-lo: por isso, teme revelar 
sua identidade. Ludibriado pelo Diabo, acaba indo 
para o inferno.
e) A modéstia e a simplicidade de Joane. Na sua 
humildade, não se considera em condições sequer 
de afirmar-se como alguém, daí a dúvida que ex-
pressa. Esse tipo de atributo é que o faz merecedor 
do céu.
60
52. Unifesp
Sobre a Farsa de Inês Pereira, é correto afirmar que 
é um texto de natureza:
a) satírica, pertencente ao Humanismo português, 
em que se ridiculariza a ascensão social de 
Inês Pereira por meio de um casamento de 
conveniências.
b) didático-moralizante, do Barroco português, no 
qual as contradições humanas entre a vida ter-
rena e a espiritual são apresentadas a partir dos 
casamentos complicados de Inês Pereira.
c) religiosa, pertencente ao Renascimento português, 
no qual se delineia o papel moralizante, com vistas 
à transformação do homem, a partir das situações 
embaraçosas vividas por Inês Pereira.
d) reformadora, do Renascimento português, com forte 
apelo religioso, pois se apresenta a religião como 
forma de orientar e salvar as pessoas pecadoras.
e) cômica, pertencente ao Humanismo português, 
no qual Gil Vicente, de forma sutil e irônica, critica 
a sociedade mercantil emergente, que prioriza os 
valores essencialmente materialistas.
53. PUC-SP
Diabo, Companheiro do Diabo, Anjo, Fidalgo, Onze-
neiro, Parvo, Sapateiro, Frade, Florença, Brísida Vaz, 
Judeu, Corregedor, Procurador, Enforcado e Quatro 
Cavaleiros são personagens de Auto da barca do 
inferno, de Gil Vicente.
Analise as informações a seguir e selecione a alter-
nativa incorreta, cujas características não descrevam 
adequadamente a personagem.
a) Onzeneiro idolatra o dinheiro, é agiota e usurário; 
de tudo que juntara, nada leva para a morte, ou 
melhor, leva a bolsa vazia.
b) Frade representa o clero decadente e é subjuga-
do por suas fraquezas: mulher e esporte; leva a 
amante e as armas de esgrima.
c) Diabo, capitão da barca do inferno, é quem apressa 
o embarque dos condenados; é dissimulado e 
irônico.
d) Anjo, capitão da barca do céu, é quem elogia a 
morte pela fé; é austero e inflexível.
e) Corregedor representa a justiça e luta pela apli-
cação íntegra e exata das leis; leva papéis e 
processos.
54. 
O trecho a seguir retrata a fala do Anjo no julga-
mento de quatro cavaleiros cristãos que tinham 
morrido nas guerras cristãs. Leia-o e responda o 
que se pede.
Anjo: Ó Cavaleiros de Deus,
 a vós estou esperando,
 que morrestes pelejando
 por Cristo, Senhor dos Céus!
 Sois livres de todo mal,
 Santos por certo sem falha,
 que quem morre em tal batalha
 merece paz eternal.
a) Por que os cavaleiros são perdoados dos seus 
pecados? Justifique a sua resposta.
b) Que atitude do autor se revela através dessa 
passagem?
55. 
Velho – Oh coitado! A minha é!
Mocinha – Agora, má-hora, é vossa!
 Vossa é a treva.
 Mas ela o noivo a leva.
 Vai tão leda, tão contente, 
 uns cabelos como Eva; 
 Aosadas que não se lhe atreva
 toda a gente!
 O noivo, moço tão polido, 
 não tirava os olhos dela, 
 e ela dele. Oh que estrela!
 É ele um par bem escolhido!
Velho – Ó roubado, 
 da vaidade engano, 
 da vida e da fazenda!
 Ó velho, siso enleado!
 Que te meteu desastrado
 em tal contenda?
 
 Se os jovens amores
 os mais têm fins desastradas
 que farão as cãs lançadas 
 no canto dos amadores?
 Que sentias, 
 triste velho, em fim dos dias?
 Se a ti mesmo contemplaras, 
 souberas que não sabias, 
 e viras como não vias, 
 e acertaras. 
 Quero-me ir buscar a morte, 
 pois que tanto mal busquei. 
 Quatro filhas que criei
 eu as pus em pobre sorte.
 Vou morrer.
 Elas hão-de padecer, 
 porque não lhes deixo nada; 
 de quanta riqueza e haver 
 fui sem razão despender,
 mal gastada.
O trecho anterior é o diálogo final da peça O velho 
da horta, que narra a seguinte história: um velho rico 
apaixona-se por uma jovem e apela para uma alco-
viteira que possa ajudá-lo a conquistar a amada. A 
alcoviteira vai enganando o velho que, ao final, nem 
conquistou a jovem e perdeu seu dinheiro. Ao termi-
nar a narrativa, ele reconhece seu erro e lamenta o 
abandono a que deixara a família e, assim, as coisas 
voltam a seus devidos lugares. A par disso, responda 
às questões seguintes.
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4
I. Aponte o item que melhor caracteriza as atitudes 
de Gil Vicente diante da sociedade, através dessa 
peça. 
a) Medieval e anticlerical
b) Moralista e antropocêntrica
c) Satírica e teocêntrica
d) Anticlerical e satírica
e) Moralista e pessimista
II. Conte as sílabas poéticas e marque a opção do 
metro dominante.
a) 5 sílabas (redondilha menor)
b) 6 sílabas
c) 7 sílabas (redondilha maior)
d) 8 sílabas
e) 9 sílabas
56. UniCOC-SP
Leia atentamente as proposições a seguir.
I. Os cancioneiros foram os principais trovadores do 
período conhecido como Trovadorismo.
II. O humanismo é um período de transição que vai do 
final da Idade Média ao início da Idade Moderna.
III. O caráter alegórico do teatro de Gil Vicente pode 
ser tomado como exemplo de crítica social.
Assinale:
a) se I, II e III forem corretas.
b) se I e II forem corretas.
c) se I, II e III forem incorretas.
d) se II e III forem corretas.
e) se somente I for correta.
57. Unicamp-SP
Leia agora as seguintes estrofes, que se encontram 
em passagens diversas de Farsa de Inês Pereira, de 
Gil Vicente.
Inês Andar! Pero Marques seja!
 Quero tomar por esposo
 quem se tenha por ditoso
 de cada vez que me veja.
 Por usar de siso mero,
 asno que leve quero,
 e não cavalo folão;
 antes lebre que leão,
 antes lavrador que Nero.
Pero I onde quiserdes ir
 vinde quando quiserdes vir,
 estai quando quiserdes estar.
 Com que podeis vós folgar
 Que eu não deva consentir?
Nota: folão, no caso, significa “bravo”, “fogoso”.
a) A fala de Inês ocorre no momento em que aceita 
casar-se com Pero Marques, após o malogrado 
matrimônio com o escudeiro. Há um trecho 
nessa fala que se relaciona literalmente com 
o final da peça. Que trecho é esse? Qual é o 
pormenor da cena final da peça que ele está 
antecipando?
b) A fala de Pero, dirigida a Inês, revela uma 
atitude contrária a uma característicaatribuída 
ao seu primeiro marido. Qual é essa caracte-
rística?
c) Considerando o desfecho dos dois casamentos de 
Inês, explique por que essa peça de Gil Vicente 
pode ser considerada uma sátira moral.
Capítulo 2
58. 
A propósito do Renascimento cultural, julgue as afir-
mações.
I. Um dos seus traços marcantes foi o raciona-
lismo que atendia às aspirações da burguesia, 
no sentido de alcançar um domínio mais com-
pleto da natureza objetivando aumentar seus 
lucros.
II. O Renascimento retirou da Igreja o monopólio 
da explicação das coisas do mundo, fato que 
culminou no empirismo científico dos séculos XVII 
e XVIII.
III. A arte renascentista comprometia-se predominan-
temente com os valores católicos, pois objetivava 
legitimar o monopólio religioso católico.
Assinale a alternativa correta.
a) I e III. 
b) Apenas I. 
c) Apenas II.
d) Nenhuma.
e) Todas.
59. 
Considerando os traços identificadores do Renasci-
mento, aponte a alternativa errada.
a) Imitação dos clássicos antigos
b) Preocupação com a técnica
c) Racionalismo e universalismo
d) Atitude apaixonada diante da natureza
e) Equilíbrio, harmonia e concisão
60. 
“Do que ao meu gado sobeja (1)
Vou vivendo ano por ano;
pouco ou muito que ele seja,
a ninguém não faço dano,
e não se há ao pouco enveja.”
Sá de Miranda
Vocabulário: 1. sobra
No trecho anterior, o poeta clássico português Sá de 
Miranda expressa uma das noções mais caras do 
estilo.
a) Que noção é essa?
b) Como ela aparece no texto?
62
61. 
O Classicismo teve início em Portugal, em 1527, 
quando o poeta Sá de Miranda levou para aquele país 
o chamado dolce stil nuovo. Quais eram as novidades 
formais básicas desse novo estilo?
62. Unicamp-SP
Cantiga sua, partindo-se 
João Roiz de Castelo Branco, 1516
 Senhora, partem tão tristes
 meus olhos por vós, meu bem, 
 que nunca tão tristes vistes
 outros nenhuns por ninguém. 
 Tão tristes, tão saudosos, 
 tão doentes da partida, 
 tão cansados, tão chorosos, 
 da morte mais desejosos
 cem mil vezes que da vida.
 Partem tão tristes os tristes, 
 tão fora de esperar bem, 
 que nunca tão tristes vistes
 outros nenhuns por ninguém.
Soneto 
 Aquela triste e leda madrugada, 
 cheia toda de mágoa e de piedade, 
 enquanto houver no mundo saudade, 
 quero que seja sempre celebrada.
 
 Ela só, quando amena e marchetada
 saía, dando ao mundo claridade, 
 viu apartar-se de uma outra vontade, 
 que nunca poderá ver-se apartada. 
 Ela só viu as lágrimas em fio, 
 que duns e doutros olhos derivadas, 
 se acrescentaram em grande e largo rio. 
 Ela viu as palavras magoadas, 
 que puderam tornar o fogo frio
 e dar descanso às almas condenadas.
Camões
Ambos os poemas desenvolvem o tema da dor da 
separação, mas tratam-no de forma diferente. Exponha 
em que consiste esse tratamento diferenciado do tema, 
em cada poema.
63. 
Leia atentamente o texto a seguir e responda ao que 
se pede.
História, coração, linguagem
 Dos heróis que cantaste, que restou 
 senão a melodia do teu canto?
 As armas em ferrugem se desfazem, 
 os barões nos jazigos dizem nada.
 É teu verso, teu rude e teu suave
 balanço de consoantes e vogais,
 teu ritmo de oceano sofreado
 que os lembra ainda e sempre lembrará.
 Tu és a história que narraste, não
 o simples narrador. Ela persiste
 mais em teu poema que no tempo neutro,
 universal sepulcro da memória.
 Bardo, foste os deuses mais as ninfas, 
 as ondas em furor, céus em delírio,
 astúcias, pragas, guerras e cobiças, 
 lodoso material fundido em ouro.
 ***
 Luís, homem estranho, pelo verbo
 és, mais que amador, o próprio amor
 latejante, esquecido, revoltado,
 submisso, renascendo, reflorindo
 em cem mil corações multiplicado.
 ***
 Camões – oh som de vida ressoando 
 em cada tua sílaba fremente 
 de amor e guerra e sonho entrelaçados...
Carlos Drummond de Andrade. A paixão medida
a) Qual é a relação entre Luís de Camões e o Clas-
sicismo?
b) Retire referências do texto de Drummond relacio-
nadas à obra de Camões.
64. 
 Conheça-me a mim mesmo: siga a veia
 Natural, não forçada; o juízo quero
 De quem com juízo e sem paixão me leia.
 Na boa imitação, e uso, que o fero
 Engenho abranda, ao inculto dá arte, 
 No conselho do amigo douto espero.
 Muito, ó Poeta, o engenho, pode dar-te.
 Mas muito mais que o engenho, o tempo, e 
 [ estudo;
 Não queiras de ti logo contentar-te.
 É necessário ser um tempo mudo!
 Ouvir, e ler somente: que aproveita
 Sem armas, com fervor cometer tudo?
 Caminha por aqui. Esta é a direita
 Estrada dos que sobem ao alto monte
 Ao brando Apolo, às nove Irmãs aceita.
 Do bom escrever, saber primeiro é fonte.
 Enriquece a memória de doutrina
 Do que um cante, outro ensine, outro te conte.
 (...)
 Corta o sobejo, vai acrescentando
 O que falta, o baixo ergue, o alto modera,
 Tudo a ua igual regra conformando.
 Ao escuro dá luz, e ao que pudera
 Fazer dúvida aclara: do ornamento
 Ou tira, ou põe: com o decoro o tempera.
 Sirva própria palavra ao bom intento,
 Haja juízo, e regra, e diferença
 Da prática comum ao pensamento.
Antônio Ferreira
O texto é uma carta em versos escrita por Antônio 
Ferreira (1528-1569), dirigida a Diogo Bernardes. 
Nela, o autor mostra a concepção de poesia de 
sua época. Aponte as características clássicas 
presentes no texto, transcrevendo os trechos que 
as explicitam.
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65. Inatel-MG
Uma das características a seguir não é própria do 
Renascimento cultural. Assinale-a. 
a) O racionalismo do homem
b) A paixão pelos prazeres mundanos
c) O repúdio aos ideais medievais
d) A intensificação do monopólio cultural exercido 
pela Igreja
e) O individualismo do homem
66. Ufla-MG
Amor é fogo que arde sem se ver;
é ferida que dói e não se sente;
é um contentamento descontente;
é dor que desatina sem doer.
É um não querer mais que bem querer;
é um andar solitário entre a gente;
é nunca contentar-se de contente;
é um cuidar que ganha em se perder.
É querer estar preso por vontade;
é servir a quem vence, o vencedor;
é ter com quem nos mata, lealdade.
Mas como causar pode seu favor
nos corações humanos amizade,
se tão contrário a si é o mesmo Amor?
Luís Vaz de Camões. Obras completas
O poeta tenta definir o amor por meio do uso de antí-
teses, que se seguem umas às outras. Indique a que 
expressa, com mais ênfase, o tema do texto.
a) “Um contentamento descontente”
b) O próprio amor, pois é contrário a si mesmo.
c) A invisibilidade do amor
d) O fato de o amor ferir e não causar dor.
e) Querer sempre mais, sem contentar-se.
67. Vunesp
Tanto de meu estado me acho incerto, 
Que em vivo ardor tremendo estou de frio;
Sem causa, juntamente choro e rio,
O mundo todo abarco e nada aperto.
É tudo quanto sinto, um desconcerto;
da alma um fogo me sai, da vista um rio;
agora espero, agora desconfio,
agora desvario, agora acerto.
Estando em terra, chego ao céu voando,
num’hora acho mil anos, e é de jeito
que em mil anos não posso achar um’hora.
Se me pergunta alguém por que assi ando,
respondo que não sei; porém suspeito
que só porque vos vi, minha Senhora.
O soneto transcrito é de Luís de Camões. Nele se 
acha uma característica da poesia clássica renas-
centista. Assinale essa característica, em uma das 
alternativas.
a) A suspeita de amor que o poeta declara na con-
clusão.
b) O jogo de contradições e perplexidades que ator-
mentam o poeta.
c) O fato de todos perguntarem ao poeta porque 
assim anda.
d) O fato de o poeta não saber responder a quem o 
interroga.
e) A utilização de um soneto para relato das suas 
amarguras.
Texto para as questões de 68 a 70.
Texto I
Amor é fogo que arde sem se ver;
É ferida que dói e não se sente;
É um contentamento descontente;
É dor que desatina sem doer.
É um não querer mais que bemquerer;
É solitário andar por entre a gente;
É nunca contentar-se de contente;
É cuidar que se ganha em se perder; 
Camões
Texto II
Amor é fogo? Ou é cadente lágrima?
Pois eu naufrago em mar de labaredas
Que lambem o sangue e a flor da pele acendem
Quando o rubor me vem à tona d’água.
E como arde, ai, como arde, Amor,
Quando a ferida dói porque se sente,
E o mover dos meus olhos sob a casca
Vê muito bem o que devia não ver.
Ilka Brunhilde Laurito
68. Mackenzie-SP
Assinale a alternativa correta.
a) O texto I, com sua regularidade formal, recupera 
do texto II o rígido padrão da estética clássica.
b) Os dois textos, ao negarem a concepção carnal 
do amor, enaltecem o platonismo amoroso.
c) O texto I e o texto II são convergentes no que se 
refere à concepção do sentimento amoroso.
d) O texto II contesta o texto I no que se refere ao 
ponto de vista sobre o amor.
e) Os dois textos convergem quanto à forma e à 
linguagem, mas divergem quanto ao conteúdo.
69. Mackenzie-SP
Assinale a alternativa correta sobre o texto II.
a) A liberdade formal dos quartetos, associada à 
contenção emotiva, é índice da influência parna-
siana.
b) Por seguir os princípios estéticos clássicos, sua 
expressão é de teor mais universalista que indivi-
dualista.
64
c) O caráter reflexivo das interrogativas iniciais im-
pede que a linguagem seja marcada por índices 
de emotividade.
d) Recupera, do estilo camoniano, a preferência por 
imagens paradoxais, como, por exemplo, “mar de 
labaredas.”
e) Vale-se de recursos estilísticos conquistados pelos 
modernistas, por exemplo, versos decassílabos e 
expressão coloquial.
70. Mackenzie-SP
Assinale a alternativa correta sobre o texto I.
a) Expressa as vivências amorosas do eu lírico em 
linguagem emotivo-confessional.
b) Apresenta índices de linguagem poética marcada 
pelo racionalismo do século XVI.
c) Conceitua o amor de forma unilateral, revelando 
o intenso sofrimento do coração apaixonado.
d) Notam-se, em todos os versos, imagens poéticas 
contraditórias, criadas a partir de substantivos 
concretos.
e) Conceitua positivamente o amor correspondido e, 
negativamente, o amor não correspondido.
71. 
Em uma carta dirigida a Alcáçova Carneiro, secretário 
de Estado do rei D. João III, o poeta clássico português 
Antônio Ferreira expressa a seguinte opinião:
Santa alma, real zelo; a quem só guia
Amor, justiça, e paz, cujos bons meios
Em ti busca, em ti acha, em ti confia.
São letras, justas armas, dois esteios
Firmíssimos de Império só tenhamos.
a) No texto, verificamos a valorização do trabalho 
intelectual. Quais os versos que expressam essa 
valorização?
b) O que o poeta quis dizer com esses versos?
c) Qual é a relação entre essa valorização e o 
Classicismo?
72. UFRGS-RS
Leia o soneto a seguir, de Luís de Camões.
Um mover de olhos, brando e piedoso,
sem ver de quê; um riso brando e honesto, 
quase forçado, um doce e humilde gesto,
de qualquer alegria duvidoso;
um despejo quieto e vergonhoso;
um desejo gravíssimo e modesto;
uma pura bondade manifesta
indício da alma, limpo e gracioso;
um encolhido ousar, uma brandura;
um medo sem ter culpa, um ar sereno;
um longo e obediente sofrimento:
Esta foi a celeste formosura
da minha Circe, e o mágico veneno
que pôde transformar meu pensamento.
Em relação ao poema, considere as seguintes afir-
mações.
I. O poeta elabora um modelo de mulher perfeita e 
superior, idealizando a figura feminina.
II. O poeta não se deixa seduzir pela beleza feminina, 
assumindo uma atitude de insensibilidade.
III. O poeta sugere desejo erótico ao se referir à figura 
mitológica de Circe.
Quais estão corretas?
a) Apenas I. 
b) Apenas III. 
c) Apenas I e II.
d) Apenas I e III.
e) I, II e III.
73. Unicamp-SP
Leia o seguinte soneto de Camões:
Oh! Como se me alonga, de ano em ano,
a peregrinação cansada minha.
Como se encurta, e como ao fim caminha
este meu breve e vão discurso humano.
Vai-se gastando a idade e cresce o dano;
perde-se-me um remédio, que inda tinha.
Se por experiência se adivinha,
qualquer grande esperança é grande engano.
Corro após este bem que não se alcança;
no meio do caminho me falece,
mil vezes caio, e perco a confiança.
Quando ele foge, eu tardo; e, na tardança,
se os olhos ergo a ver se inda parece,
da vista se me perde e da esperança.
a) Na primeira estrofe, há uma contraposição expres-
sa pelos verbos “alongar” e “encurtar”. A qual deles 
está associado o cansaço da vida e qual deles se 
associa à proximidade da morte?
b) Por que se pode afirmar que existe também uma 
contraposição no interior do primeiro verso da 
segunda estrofe?
c) A que termo se refere o pronome “ele” da última 
estrofe?
74. UFPA
O poema Os lusíadas traz à tona a descoberta do 
caminho marítimo para as Índias, apresentando in-
formações que abarcam história, geografia, ciências, 
astronomia, mitologia etc. O episódio do Gigante 
Adamastor é um exemplo dessa variedade de assun-
tos que o poema apresenta e sobre ele não é correto 
afirmar o seguinte:
a) Adamastor representa os medos de todos os 
navegadores que passaram, antes de Vasco da 
Gama, pela costa africana.
b) O episódio é uma criação poética em que se 
destacam referências ao passado e ao futuro das 
conquistas portuguesas.
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c) Um dos momentos líricos, no episódio, é aquele 
do encontro do gigante com Thetys, relatado na 
estrofe 52.
d) A “alta esposa de Peleu”, Thetys, cede aos ape-
los de Adamastor e isso facilita a passagem dos 
portugueses pelo cabo das Tormentas.
e) O episódio faz menção ao casal amoroso, Sepúl-
veda e Leonor, o que ressalta a presença do lírico 
no poema épico camoniano.
75. 
Está o lascivo e doce passarinho
Com o biquinho as penas ordenando;
O verso sem medida, alegre e brando,
Expedindo no rústico raminho.
O cruel caçador, que do caminho
Se vem calado e manso desviando,
Na pronta vista a seta endireitando,
Lhe dá no estígio lago (1) eterno ninho.
Desta arte o coração, que livre andava
(Posto que já de longe destinado),
onde menos temia, foi ferido.
Porque o Frecheiro cego me esperava,
Para que me tomasse descuidado,
Em vossos claros olhos escondido.
Vocabulário: 1. Inferno
Luís Vaz de Camões
a) Comente a forma do poema mostrado.
b) Qual é a comparação feita no poema?
c) Quem é o “Frecheiro cego”? A utilização dessa 
imagem indica que aspecto do Classicismo?
76. 
Leia o trecho a seguir, retirado do canto III de Os 
lusíadas:
“Tu, só tu, puro Amor, com força crua,
Que os corações humanos tanto obriga,
Deste causa à molesta morte sua,
Como se fora pérfida inimiga.
Se dizem, fero Amor, que a sede tua
Nem com lágrimas tristes se mitiga,
É porque queres, áspero e tirano,
Tuas aras banhar com sangue humano.”
CAMÕES, Luís de. In TUFANO, Douglas. De Camões a Pessoa. 
SP, Moderna, 1994, pp. 18.
Com base no trecho e no seu conhecimento sobre 
a obra, responda por que o poeta atribui a culpa do 
assassinato ao amor.
77. UFSCar-SP 
A questão adiante baseia-se no poema épico Os lusía-
das, de Luís Vaz de Camões, do qual se reproduzem, 
a seguir, três estrofes.
Mas um velho, de aspeito venerando, (= aspecto)
Que ficava nas praias, entre a gente,
Postos em nós os olhos, meneando
Três vezes a cabeça, descontente,
A voz pesada um pouco alevantando,
Que nós no mar ouvimos claramente,
C’um saber só de experiências feito,
Tais palavras tirou do experto peito:
“Ó glória de mandar, ó vã cobiça
Desta vaidade a quem chamamos Fama!
Ó fraudulento gosto, que se atiça
C’uma aura popular, que honra se chama!
Que castigo tamanho e que justiça
Fazes no peito vão que muito te ama!
Que mortes, que perigos, que tormentas,
Que crueldades neles experimentas!
Dura inquietação d’alma e da vida
Fonte de desamparos e adultérios,Sagaz consumidora conhecida
De fazendas, de reinos e de impérios!
Chamam-te ilustre, chamam-te subida,
Sendo digna de infames vitupérios;
Chamam-te Fama e Glória soberana,
Nomes com quem se o povo néscio engana.
Os versos de Camões foram retirados da passagem 
conhecida como O velho do Restelo. Nela, o velho:
a) abençoa os marinheiros portugueses que vão atra-
vessar os mares à procura de uma vida melhor.
b) critica as navegações portuguesas por considerar 
que elas se baseiam na cobiça e busca de fama.
c) emociona-se com a saída dos portugueses que 
vão atravessar os mares até chegar às Índias.
d) destrata os marinheiros por não o terem convidado 
a participar de tão importante empresa.
e) adverte os marinheiros portugueses dos perigos 
que eles podem encontrar para buscar fama em 
outras terras.
78. 
Sobre Os lusíadas, é errado afirmar o seguinte.
a) Trata-se de um poema de estrito interesse na-
cionalista, pois celebra fatos gloriosos da história 
portuguesa, que em nada se relacionam com a 
situação do mundo em sua época.
b) São compostos segundo modelos da epopéia 
clássica da Antigüidade (Homero, Virgílio) e dos 
poemas épicos mais recentes do Renascimento 
italiano (Ariosto, sobretudo).
c) O verso utilizado é o decassílabo clássico (es-
pecialmente o heróico) e as estrofes, de modelo 
italiano, são as oitavas-rimas.
d) Os dez cantos do poema se dividem em proposição 
(os feitos heróicos portugueses), invocação (às 
Tágides), dedicatória (a D. Sebastião), narração 
(da viagem de Vasco da Gama) e epílogo (encer-
ramento, em tom desalentado).
e) Episódios importantes do poema, como os de Inês de 
Castro e do Gigante Adamastor, incluem-se na longa 
narrativa de Vasco da Gama ao rei de Melinde.
66
79. UFSCar-SP 
Partimo-nos assim do santo templo
Que nas praias do mar está assentado,
Que o nome tem da terra, para exemplo,
Donde Deus foi em carne ao mundo dado.
Certifico-te, ó Rei, que se contemplo
Como fui destas praias apartado,
Cheio dentro de dúvida e receio,
Que a penas nos meus olhos ponho o freio.
Camões. Os Lusíadas, Canto 4.º 87
O trecho faz parte do poema épico Os lusíadas, escrito 
por Luís Vaz de Camões e narra a partida de Vasco da 
Gama para a viagem às Índias.
a) Em que estilo de época ou época histórica se situa 
a obra de Camões?
b) Para dizer que o nome do templo é Belém, Camões 
faz uso de uma perífrase: Que o nome tem da 
terra, para exemplo,/Donde Deus foi em carne ao 
mundo dado. Em que outro trecho dessa estrofe, 
Camões usa outra perífrase?
80. Fuvest-SP 
Tu, só tu, puro amor, com força crua,
Que os corações humanos tanto obriga,
Deste causa à molesta morte sua,
Como se fora pérfida inimiga.
Se dizem, fero Amor, que a sede tua
Nem com lágrimas tristes se mitiga,
É porque queres, áspero e tirano,
Tuas aras banhar em sangue humano.
Camões, Os lusíadas – episódio de Inês de Castro.
Vocabulário:
Molesta: lastimosa; funesta
Pérfida: desleal; traidora
Fero: feroz; sanguinário; cruel
Mitiga: alivia; suaviza; aplaca
Ara: altar; mesa para sacrifícios religiosos
a) Considerando-se a forte presença da cultura da 
Antigüidade Clássica em Os lusíadas, a que se 
pode referir o vocábulo “Amor”, grafado com mai-
úscula, no 5º verso?
b) Explique o verso “Tuas aras banhar em sangue 
humano”, relacionando-o à história de Inês de 
Castro.
81. Unifap
A que novos desastres determinas
De levar estes reinos a esta gente?
Que perigos, que mortes lhe destinas,
Debaixo dalgum nome preminente?
Os versos de Camões são parte do(a):
a) invocação.
b) proposição.
c) episódio Batalha de Ourique.
d) dedicatória.
e) episódio O velho do Restelo.
82. Vunesp
Apontam-se, a seguir, algumas características atribuí-
das pela crítica à epopéia de Luís Vaz de Camões, Os 
lusíadas. Uma dessas características está incorreta. 
Trata-se de:
a) concepção da história nacional como uma se-
qüência de proezas de heróis aristocráticos e 
militares.
b) apologia dos poderes humanos, realçando o orgu-
lho humanista de auto-determinação e do avanço 
no domínio sobre a natureza.
c) efabulação mitológica.
d) contraposição da experiência e da observação 
direta à ciência livresca da Antigüidade.
e) eliminação do pan-erotismo, existente na parte 
lírica, em favor da ênfase mais objetiva na narração 
dos feitos lusitanos.
83. Fuvest-SP
No mar tanta tormenta, tanto dano,
Tantas vezes a morte apercebida;
Na terra, tanta guerra, tanto engano,
Tanta necessidade aborrecida!
Onde pode acolher-se um fraco humano,
Onde terá segura a curta vida,
Que não se arme e se indigne o Céu sereno
Contra um bicho da terra tão pequeno?
Nessa estrofe, Camões:
a) exalta a coragem dos homens que enfrentam os 
perigos do mar e da terra.
b) considera o quanto o homem deve confiar na 
providência divina que o ampara nos riscos e nas 
adversidades.
c) lamenta a condição humana ante os perigos, os 
sofrimentos e as incertezas da vida.
d) propõe uma explicação a respeito do destino do 
homem.
e) classifica o homem como um bicho da terra, dada 
a sua agressividade.
84. Mackenzie-SP
Sobre Os lusíadas, é incorreto afirmar que:
a) quando a ação do poema começa, as naus portu-
guesas estão navegando em pleno oceano Índico, 
portanto, no meio da viagem.
b) na invocação, o poeta se dirige às Tágides, musas 
do rio Tejo.
c) na Ilha dos Amores, após o banquete, Tétis con-
duz o capitão ao ponto mais alto da ilha, onde lhe 
desvenda “a máquina do mundo”.
d) tem como núcleo narrativo a viagem de Vasco da 
Gama a fim de estabelecer contato marítimo com 
as Índias.
e) é composto por sonetos decassílabos, manten-
do, em 1102 estrofes, o mesmo esquema de 
rima.
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85. FCC-SP
Nem cinco sóis eram passados que de vós partíramos, 
quando a mais temerosa desdita pesou sobre nós. Por 
uma bela noite dos idos de maio do ano traslato, perdía-
mos a muiraquitã; que outrem grafara muraquitã, e alguns 
doutos, ciosos de etimologias esdrúxulas, ortografam 
muyrakitan e até mesmo muraquéitã, não sorriais!
Nesse fragmento da “Carta pras Icamiabas”, em Ma-
cunaíma, de Mário de Andrade, encontramos:
a) uma paródia do estilo clássico lusitano.
b) um elogio à eloqüência dos parnasianos.
c) a valorização da linguagem utilizada pela estética 
do século XVIII.
d) uma apologia ao estilo pretensioso e à oratória 
vazia de conteúdo.
e) uma sátira aos romances indianistas do século 
XIX.
86. 
 (...) Não acabava, quando uma figura
 Se nos mostra no ar, robusta e válida,
 De disforme e grandíssima estatura;
 O rosto carregado, a barba esquálida,
 Os olhos encovados, e a postura
 Medonha e má e a cor terrena e pálida;
 Cheios de terra e crespos os cabelos,
 A boca negra, os dentes amarelos. (...)
Forneça o nome do episódio em que a figura descrita 
na estrofe anterior aparece e informe o que essa figura 
personifica.
87. UFPA
Ó mar salgado, quanto do teu sal
São lágrimas de Portugal!
Por te cruzarmos, quantas mães choraram,
Quantos filhos em vão rezaram!
Quantas noivas ficaram por casar
Para que fosses nosso, ó mar!
Esse poema de Fernando Pessoa retoma, no século 
XX, a temática da expansão ultramarina também 
utilizada por:
a) Gil Vicente em seus autos.
b) D. Dinis em seus poemas de amor.
c) D. Dinis em seus poemas de amigo.
d) Camões em sua épica.
e) Bocage em seus sonetos.
88. 
Em Os lusíadas, Camões:
a) narra a viagem de Vasco da Gama às Índias.
b) tem por objetivo criticar a ambição dos navegantes 
portugueses que abandonaram a pátria à mercê 
dos inimigos para buscar ouro e glória em terras 
distantes.
c) afasta-se dos modelos clássicos, criando a epo-
péia lusitana, um gênero inteiramente original na 
época.
d) lamenta que, apesar de ter dominado os mares e 
descoberto novas terras, Portugal acabe subju-gado pela Espanha.
e) tem como objetivo elogiar a bravura dos portugue-
ses e o faz através da narração dos episódios mais 
valorosos da colonização brasileira.
89. 
Pode-se afirmar que o Velho do Restelo é:
a) personagem central de Os lusíadas.
b) o mais fervoroso defensor da viagem de Gama.
c) símbolo dos que valorizam a cobiça e a ambi-
ção.
d) símbolo das forças contrárias às investidas marí-
timas lusas.
e) a figura que incentiva a ideologia expansionista.
90. 
A estrofe a seguir pertence ao canto X de Os lusíadas. 
Trata-se de uma fala da deusa Tétis ao capitão Vasco 
da Gama, na Ilha dos Amores.
Aqui, só verdadeiros, gloriosos
Divos estão, porque eu, Saturno e Jano,
Júpiter e Juno, fomos fabulosos
Fingidos de mortal e cego engano.
Só para fazer versos deleitosos
Servimos; e, se mais o trato humano
Nos pode dar, é só que o nome nosso
Nestas estrelas pôs o engenho vosso.
No trecho, Tétis:
a) afirma que os deuses gregos e latinos são supe-
riores aos deuses católicos.
b) lamenta que os homens jamais se referem aos 
deuses em suas obras artísticas.
c) afirma que os deuses gregos e latinos só existem 
na imaginação dos homens.
d) mostra que a ambição dos homens se equipara 
aos poderes divinos.
e) narra a decadência portuguesa após a viagem de 
Vasco da Gama.
91. 
No mais, Musa, no mais, que a lira tenho
Destemperada e a voz enrouquecida,
E não do canto, mas de ver que venho
Cantar a gente surda e endurecida.
O favor com que mais se acende o engenho
Não no dá a Pátria, não, que está metida
No gosto da cubiça e na rudeza
Dua austera, apagada e vil tristeza.
Camões, Os lusíadas, X, 145
a) Quem é a “gente surda e endurecida” a que se 
refere a estrofe?
b) Qual a acusação que o poeta faz a essa gente?
c) Como se pode entender essa acusação no pano-
rama português da época?
68
92.
Sobre Os lusíadas, é correto afirmar que:
a) os deuses pagãos presentes no poema represen-
tam a admiração de Camões pela grandeza do 
mundo antigo e sua descrença no cristianismo.
b) Baco é favorável à empresa dos portugueses; Mar-
te e Vênus se opõem a ela; Júpiter toma sempre 
o partido de Baco.
c) o episódio da ilha dos Amores representa a mere-
cida recompensa pelos grandes feitos portugue-
ses, feitos que os elevam ao nível dos deuses 
antigos.
d) o Velho do Restelo representa, no poema, a opinião 
progressista da sociedade portuguesa.
e) o episódio sobre a morte de Inês de Castro é uma 
ficção camoniana absolutamente épica.
93. 
A estrofe abaixo pertence ao poema Os lusíadas, de 
Camões. 
Assim lho aconselhara a mestra experta: 
Que andassem pelos campos espalhadas; 
Que, vista dos barões a presa incerta, 
Se fizessem primeiro desejadas. 
Algumas, que na forma descoberta
Do belo corpo estavam confiadas, 
Posta a artificiosa fermosura, 
Nuas lavar se deixam na água pura.
Assinale a parte do poema a que pertence a estrofe 
transcrita.
a) Proposição.
b) Invocação.
c) Dedicatória.
d) Narração.
e) Epílogo.
94. UFRGS-RS
Assinale a alternativa incorreta. 
No canto V de Os lusíadas:
a) Adamastor representa os perigos enfrentados pe-
los navegadores lusitanos na travessia do oceano 
Atlântico para o oceano Índico.
b) os portugueses assistem à transformação do 
gigante Adamastor em penedo quando tentam 
ultrapassar a parte mais meridional da África.
c) apesar das ameaças do gigante, os navegantes 
prosseguem, esperando ardentemente que os 
perigos e castigos profetizados sejam afastados.
d) a nuvem negra que se desfaz, antes associada ao 
Cabo das Tormentas, abre novas esperanças em 
relação aos objetivos da viagem.
e) a voz de “tom horrendo e grosso” do gigante 
Adamastor, ao dar lugar a um “medonho choro”, 
deixa ver aos navegadores que o perigo já fora 
afastado.
95. UFRGS-RS 
Assinale a alternativa correta.
No canto I de Os lusíadas, na passagem que narra o 
concílio dos deuses, Júpiter:
a) conclama os deuses a auxiliarem os portugueses 
na Ásia como recompensa pelos ásperos perigos 
da viagem.
b) encontra acolhida a suas palavras entre os deuses 
maiores e menores.
c) reconhece a grandeza do povo lusitano, que 
enfrenta o mar desconhecido em frágeis embar-
cações.
d) aceita as justificativas de Baco para impedir a 
chegada dos navegadores portugueses à Índia.
e) mostra dúvidas quanto à possibilidade de que os 
feitos do povo lusitano venham a suplantar a glória 
dos gregos e romanos.
96. Fuvest-SP
Responda às seguintes questões sobre Os lusíadas, 
de Camões:
a) Identifique o narrador do episódio no qual está 
inserida a fala do Velho do Restelo.
b) Compare, resumidamente, os principais valores 
que esse narrador representa, no conjunto de Os 
lusíadas, aos valores defendidos pelo Velho do 
Restelo, em sua fala.
97. Fuvest-SP
Em Os lusíadas, as falas de Inês de Castro e do Velho 
do Restelo têm em comum:
a) a ausência de elementos de mitologia da Antigüi-
dade clássica.
b) a presença de recursos expressivos de natureza 
oratória.
c) a manifestação de apego a Portugal, cujo território 
essas personagens se recusavam a abandonar.
d) a condenação enfática do heroísmo guerreiro e 
conquistador.
e) o emprego de uma linguagem simples e direta, 
que se contrapõe à solenidade do poema épico.
98. Mackenzie-SP
Sobre Os lusíadas, é incorreto afirmar que:
a) é dividido em cinco partes e dez cantos.
b) o Canto I contém a introdução, a invocação, a 
dedicatória e o início da narrativa.
c) a pedido do rei de Melinde, Vasco da Gama conta 
partes da história de Portugal.
d) os deuses reúnem-se no Olimpo para decidir a 
sorte dos portugueses.
e) no Canto X, a fala do Velho de Restelo acusa os 
portugueses de vaidade e cobiça excessivas.
99. Unicamp-SP
Mas um velho, de aspecto venerando, 
(...)
A voz pesada um pouco alevantando,
(...)
Tais palavras tirou do experto* peito:
– Ó glória de mandar, ó vã cobiça.
Desta vaidade a quem chamamos Fama.
Ó Fraudulento gosto, que se atiça
Cua aura popular, que honra se chama.
Camões, Os lusíadas, canto IV.
69
PV
2D
-0
7-
PO
R
-3
4
... e então uma grande voz se levanta, é um labrego** 
de tanta idade já que o não quiseram, e grita subido 
a um valado***, que é púlpito dos rústicos. Ó glória de 
mandar, ó vã cobiça, ó rei infame, ó pátria sem justiça, 
e tendo assim clamado, veio dar-lhe o quadrilheiro 
uma cacetada na cabeça, que ali mesmo o deixou 
por morto.
José Saramago, Memorial do convento, p. 293.
*experto – que tem experiência
**labrego – indivíduo grosseiro, rude, tosco (...)
***valado – elevação de terra que limita propriedade 
rústica
Novo Dicionário Aurélio da Língua Portuguesa.
Confrontando os fragmentos, percebe-se que Memorial 
do convento dialoga com os clássicos. O episódio do 
Velho do Restelo, do Canto IV de Os lusíadas, refere-se 
ao engajamento voluntário dos portugueses na grande 
empresa que foi a descoberta de novos mundos. Já 
no Memorial do convento, entretanto, o recrutamento 
para Mafra deu-se, em geral, à força.
a) Cite ao menos uma razão que levou “o rei infame” 
de Memorial do convento a tornar obrigatório 
o engajamento de todos os operários do reino, 
quaisquer que fossem suas profissões.
b) Quem era esse “rei infame” a que se refere o 
trecho citado e em que século essa ação do 
romance se passa?
c) Aponte, no trecho, ao menos uma passagem que 
indique a irreverência de Saramago em relação ao 
texto de Luís de Camões.
100. Mackenzie-SP
Põe-me onde se use toda a feridade,
Entre leões e tigres, e verei
Se neles achar posso a piedade
Que entre peitos humanos não achei.
Ali, co’o amor intrínseco e vontade
Naquele por quem morro, criarei
Estas relíquias suas, que aqui viste,
Que refrigério sejam da mãe triste.
O trecho evidencia características:
a) da poesia trovadoresca.
b) do Barroco português.
c) de um auto

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