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Teoria da Contabilidade e Estudos Atuariais ??????????? Teoria da Contabilidade e Estudos Atuariais Organizado por Universidade Luterana do Brasil Universidade Luterana do Brasil – ULBRA Canoas, RS 2017 Williams Meirelles Conselho Editorial EAD Andréa de Azevedo Eick Ângela da Rocha Rolla Astomiro Romais Claudiane Ramos Furtado Dóris Gedrat Honor de Almeida Neto Maria Cleidia Klein Oliveira Maria Lizete Schneider Luiz Carlos Specht Filho Vinicius Martins Flores Obra organizada pela Universidade Luterana do Brasil. Informamos que é de inteira responsabilidade dos autores a emissão de conceitos. Nenhuma parte desta publicação poderá ser reproduzida por qualquer meio ou forma sem prévia autorização da ULBRA. A violação dos direitos autorais é crime estabelecido na Lei nº 9.610/98 e punido pelo Artigo 184 do Código Penal. ISBN: 978-85-5639-262-6 Dados técnicos do livro Diagramação: Marcelo Ferreira Revisão: Equipe LAC Esta disciplina do curso de Ciências Contábeis tem por objeto dois as-suntos distintos: o primeiro diz respeito ao estudo da evolução da con- tabilidade através das suas teorias que foram sendo construídas com passar do tempo, e, o segundo nos leva a uma introdução à ciência atuarial, que também é uma enorme área de atuação para vocês, futuros contadores. O objetivo proposto para o estudo desta disciplina é: contribuir para o entendimento da Ciência Contábil, necessária para a integração com as demais disciplinas que contenham conteúdos de formação profissional, incluindo noções de atividades atuariais, através do desenvolvimento de conceitos e teorias da Ciência Contábil e Atuarial. Quanto à estrutura deste livro, ela é formatada em dez capítulos. Em cada capítulo, é apresentada uma introdução, na qual se busca dar ao lei- tor um indicativo inicial do que é conceituado no desenvolvimento teórico. Ainda são subdivididos em tópicos e subtópicos para que se tenha conhe- cimento mais profundo de alguns conteúdos relevantes para o entendimen- to da matéria. Após o desenvolvimento dos conceitos teóricos, também é apresentado um resumo de cada capítulo, titulado como Recapitulando, no intuito de que se tenha uma síntese geral. Por fim, são elencadas as referências e obras consultadas, as quais serviram de aporte teórico com a visão dos autores que discutem a teoria da contabilidade e atividade atua- rial, bem como Leis e Normas pertinentes a essas atividades. Ao final, ainda são apresentadas atividades que devem ser resolvidas com o propósito da fixação do conhecimento adquirido. Recomenda-se que os(as) alunos(as) não se limitem ao material di- dático apresentado, mas que se despertem à busca de leituras adjacentes que ampliem a bagagem teórica que é relevante e necessária à prática da Apresentação Apresentação v profissão da contabilidade. O profissional consciente não pode aplicar au- tomaticamente as normas contábeis explicitas na legislação sem conhecer as bases teóricas que podem ter influenciado ou as falhas que à mesma luz foram concebidas. 1 Evolução Histórica da Contabilidade .....................................1 2 Conceitos Fundamentais de Contabilidade ..........................27 3 A Informação Contábil ........................................................45 4 Princípios, Postulados e Convenções Contábeis ...................64 5 Introdução às Normas Brasileiras de Contabilidade .............80 6 Noções de Atividades Atuariais ...........................................99 7 Seguros – Origem, Conceitos e Tipos ................................114 8 Seguros – Aspectos Técnicos .............................................144 9 Previdência Social .............................................................166 10 Previdência Complementar ...............................................183 Sumário Williams Meirelles1 Capítulo 1 Evolução Histórica da Contabilidade1 1 Williams Meirelles é especialista em Controladoria e Gestão da Informação Con- tábil pelo Centro Universitário Lasalle (UNILASALLE-Canoas, RS), possui graduação em Ciências Contábeis e Administração de Empresas pela Universidade Luterana do Brasil (ULBRA-Canoas, RS). Tem vasta experiência em Auditoria Contábil, ten- do atuado por anos em uma “Big Four”. Atualmente, é professor dos cursos de Ciências Contábeis e Administração de Empresas da ULBRA, presencial e EAD e empregado público da Petrobras. 2 Teoria da Contabilidade e Estudos Atuariais Introdução A história da Contabilidade é tão antiga quanto à própria His- tória da Civilização, e durante um longo período foi tida como a arte da escrituração mercantil. Utilizava técnicas específicas que se foram aperfeiçoando e especializando. Nos primeiros tempos da Humanidade, havia apenas o senso do coletivo em tribos primitivas. Com o rompimento da vida comunitária, surgiram as divisões e o senso de proprie- dade. Assim, cada pessoa criava sua riqueza individual. Ao mor- rer, o espólio deixado pelo indivíduo era passado como heran- ça aos filhos ou parentes. A herança recebida dos pais (pater, patris), denominou-se patrimônio. O termo passou a ser utili- zado para quaisquer valores, mesmo que estes não tivessem sido herdados. A origem da Contabilidade está ligada à necessidade de registros do comércio. O homem enriquecia, e isso impunha o estabelecimento de técnicas para controlar e preservar os seus bens. À medida que o homem começava a possuir maior quantidade de valores, preocupava lhe saber quanto poderiam render e qual a forma mais simples de aumentar as suas pos- ses; tais informações não eram de fácil memorização quando já em maior volume, requerendo registros. Foi o pensamento do “futuro” que levou o homem aos pri- meiros registros a fim de que pudesse conhecer as suas reais possibilidades de uso, de consumo, de produção etc. Capítulo 1 Evolução Histórica da Contabilidade 3 Com o surgimento das primeiras administrações particula- res, aparecia a necessidade de controle, que não poderia ser feito sem o devido registro, a fim de que se pudesse prestar conta da coisa administrada. O desenvolvimento do papiro (papel) e do cálamo (pena de escrever) no Egito antigo facilitou extraordinariamente o re- gistro de informações sobre negócios. À medida que as operações econômicas se tornam com- plexas, o seu controle se refina. No período medieval, diversas inovações na Contabilidade foram introduzidas por governos locais e pela igreja. Sua evolução deu-se de forma gradativa e, hoje, a Conta- bilidade é tida como a linguagem dos negócios, uma bússola que orienta os gestores (públicos e privados) na tomada de decisão. Seu estudo parte do entendimento e da apreensão de sua base conceitual. O objetivo deste capítulo é darmos nossos primeiros passos para que você vá descobrindo a ciência contábil e vendo o quanto ela faz parte da sua vida. 1.1 Evolução da Ciência Contábil Podemos resumir a evolução da ciência contábil da seguinte forma: Período Antigo, Período Medieval, Período Moderno e Período Científico. 4 Teoria da Contabilidade e Estudos Atuariais 1.1.1 Período Antigo Também denominada como Contabilidade Empírica, era pra- ticada pelo homem primitivo, já tinha como objeto o Patri- mônio, representado pelos rebanhos e outros bens nos seus aspectos quantitativos. Os primeiros registros processaram-se de forma rudimen- tar, na memória do homem. Como este é um ser pensante, inteligente, logo encontrou formas mais eficientes de processar os seus registros, utilizando gravações e outros métodos alter- nativos. O inventário exercia um importante papel, pois a conta- gem era o método adotado para o controle dos bens, que eram classificados segundo sua natureza: rebanhos, metais, escravos etc. A palavra “conta”designa o agrupamento de itens da mesma espécie. As primeiras escritas contábeis datam do término da Era da Pedra Polida, quando o homem conseguiu fazer os seus primeiros desenhos e gravações. Os registros combinavam o figurativo com o numérico. Gravava-se a cara do animal cuja existência se queria controlar e o número correspondente às cabeças existentes. Os sumérios e babilônicos, assim como os assírios, faziam os seus registros em peças de argila, retangulares ou ovais, ficando famosas as pequenas tábuas de Uruk, que mediam aproximadamente 2,5 a 4,5 centímetros, tendo faces ligeira- mente convexas. Capítulo 1 Evolução Histórica da Contabilidade 5 Figura 1 Pedra Uruk. Fonte: Wikipédia – creative comons – <https://upload.wikimedia.org/wikipedia/ commons/thumb/1/1f/P1150884_Louvre_Uruk_III_tablette_%C3%A9criture_pr%- C3%A9cun%C3%A9iforme_AO19936_rwk.jpg/534px-P1150884_Louvre_Uruk_ III_tablette_%C3%A9criture_pr%C3%A9cun%C3%A9iforme_AO19936_rwk.jpg> Com a dinamização do Sistema Contábil, os registros se tornaram diários e, posteriormente, foram sintetizados em pa- piros ou tábuas, no final de determinados períodos, o que lem- bra o diário, o balancete mensal e o balanço anual. Já se estabelecia o confronto entre variações positivas e ne- gativas. Reconhecia-se a receita, a qual era confrontada com a despesa. Os egípcios legaram um riquíssimo acervo aos historia- dores da Contabilidade, e seus registros remontam há 6.000 anos antes de Cristo. A escrita no Egito era fiscalizada pelo Fisco Real, o que tornava os escriturários zelosos e sérios em sua profissão. O inventário revestia-se de tal importância, que 6 Teoria da Contabilidade e Estudos Atuariais a contagem do boi, divindade adorada pelos egípcios, marca- va o início do calendário adotado. Inscreviam-se bens móveis e imóveis, e já se estabeleciam, de forma primitiva, controles administrativos e financeiros. As Partidas de Diário assemelhavam-se ao processo mo- derno: o registro iniciava-se com a data e o nome da conta, seguindo-se quantitativos unitários e totais, transporte, se ocor- resse, sempre em ordem cronológica de entradas e saídas. Pode-se citar, entre outras contas: Conta de Pagamento de Escravos, Conta de Vendas Diárias, Conta Sintética Mensal dos Tributos Diversos etc. Tudo indica que foram os egípcios o primeiro povo a uti- lizar o valor monetário em seus registros. Usavam como base uma moeda cunhada em ouro e prata, denominada “Shat”. Era a adoção, de maneira prática, do Princípio do Denomina- dor Comum Monetário. Os gregos, baseando-se em modelos egípcios, 2.000 anos antes de Cristo, já escrituravam Contas de Custos e Recei- tas, procedendo, anualmente, a uma confrontação entre elas, para apuração do saldo. Os gregos aperfeiçoaram o modelo egípcio, estendendo a escrituração contábil às várias ativida- des, como administração pública, privada e bancária. Há interessantes relatos bíblicos sobre controles contábeis, um dos quais no tempo de José, no Egito, houve tal acumula- ção de bens que perderam a conta do que se tinha (Gênesis 41:49). Capítulo 1 Evolução Histórica da Contabilidade 7 Houve um homem muito rico, de nome Jó, cujo patrimônio foi detalhadamente descrito no livro de Jó, capítulo 1, verso 3. Depois de perder tudo, ele recupera os bens, e um novo inven- tário é apresentado em Jó, capítulo 42, verso 12. Os bens e as rendas de Salomão também foram inventaria- dos (I Reis 4:22-26 e 10:14-17). Em uma parábola de Jesus, há citação de um construtor, que faz contas para verificar se o que dispunha era suficiente para construir uma torre (Lucas 14:28-30). Ainda, relata-se a história de um devedor, que foi perdoa- do de sua dívida registrada (Mateus 18:23-27). Tais relatos comprovam que, nos tempos bíblicos, o contro- le de ativos era prática comum. 1.1.2 Período Medieval Na Itália, em 1202, foi publicado o livro Liber Abaci, de Leo- nardo Pisano. Estudavam-se, na época, técnicas matemáticas, pesos e medidas, câmbio etc., tornando o homem mais evoluí- do em conhecimentos comerciais e financeiros. Se os sumérios-babilônios plantaram a semente da Conta- bilidade e os egípcios a regaram, foram os italianos que fize- ram o cultivo e a colheita. Foi um período importante na história do mundo, especial- mente na história da Contabilidade. 8 Teoria da Contabilidade e Estudos Atuariais A indústria artesanal proliferou com o surgimento de novas técnicas no sistema de mineração e metalurgia. O comércio exterior incrementou-se por intermédio dos venezianos, surgin- do, como consequência das necessidades da época, o Livro- Caixa, que recebia registros de recebimentos e pagamentos em dinheiro. Já se utilizavam, de forma rudimentar, o Débito e o Crédito, oriundos das relações entre direitos e obrigações, e referindo-se, inicialmente, a pessoas. O aperfeiçoamento e o crescimento da Contabilidade fo- ram a consequência natural das necessidades geradas pelo advento do capitalismo, nos séculos XII e XIII. O processo de produção na sociedade capitalista gerou a acumulação de ca- pital, alterando-se as relações de trabalho. O trabalho escra- vo cedeu lugar ao trabalho assalariado, tornando os registros mais complexos. No século X, apareceram as primeiras cor- porações na Itália, transformando e fortalecendo a sociedade burguesa. No final do século XIII, apareceu pela primeira vez a con- ta Capital, representando o valor dos recursos injetados nas companhias pela família proprietária. No início do Século XIV, já se encontravam registros expli- citados de custos comerciais e industriais, nas suas diversas fases: custo de aquisição; custo de transporte e dos tributos; juros sobre o capital, referente ao período transcorrido entre a aquisição, o transporte e o beneficiamento; mão de obra direta agregada; armazenamento; tingimento etc., o que re- presentava uma apropriação bastante analítica para época. A escrita já se fazia nos moldes de hoje, considerando, em Capítulo 1 Evolução Histórica da Contabilidade 9 separado, gastos com matérias primas, mão de obra direta a ser agregada e custos indiretos de fabricação. Os custos eram contabilizados por fases separadamente, até que fossem trans- feridos ao exercício industrial. 1.1.3 Período Moderno A Contabilidade tornou-se uma necessidade para se estabe- lecer o controle das inúmeras riquezas que o Novo Mundo representava. A introdução da técnica contábil nos negócios privados foi uma contribuição de comerciantes italianos do séc. XIII. Os empréstimos a empresas comerciais e os investimentos em di- nheiro determinaram o desenvolvimento de escritas especiais que refletissem os interesses dos credores e investidores e, ao mesmo tempo, fossem úteis aos comerciantes, em suas rela- ções com os consumidores e os empregados. O aparecimento da obra de Frei Lucca Paccioli, contem- porâneo de Leonardo da Vinci, que viveu na Toscana, no sé- culo XV, marca o início da fase moderna da Contabilidade. Escreveu Tratactus de Computis et Scripturis (Contabilidade por Partidas Dobradas), publicado em 1494, enfatizando que a teoria contábil do débito e do crédito corresponde à teoria dos números positivos e negativos. Paccioli foi matemático, teólogo, contabilista, entre outras profissões. Deixou muitas obras, destacando-se a Summa de Aritmética, Geometria, Proportioni et Proporcionalitá, impressa em Veneza, na qual está inserido o seu tratado sobre Contabi- lidade e Escrituração. 10 Teoria da Contabilidade e Estudos Atuariais Paccioli, apesar de ser considerado o Pai da Contabilidade, não foi o criador das Partidas Dobradas. O método já era utili- zado na Itália, principalmente na Toscana, desde o Século XIV. O tratado destacava, inicialmente, o necessário ao bom comerciante. A seguir, conceituava inventárioe como fazê-lo. Discorria sobre livros mercantis: memorial, diário e razão, e so- bre a autenticação deles; sobre registros de operações: aqui- sições, permutas, sociedades; sobre contas em geral: como abrir e como encerrar; contas de armazenamento; lucros e perdas; sobre correções de erros; sobre arquivamento de con- tas e documentos etc. Sobre o Método das Partidas Dobradas, Frei Lucca Paccioli expôs a terminologia adaptada: “Per”, mediante o qual se reconhece o devedor; “A”, pelo qual se reconhece o credor. Acrescentou que, primeiro deve vir o devedor, e depois o credor, prática que se usa até hoje. A obra de Paccioli não só sistematizou a Contabilidade, como também abriu precedente que para novas obras pudes- sem ser escritas sobre o assunto. É compreensível que a forma- lização da Contabilidade tenha ocorrido na Itália, afinal, nesse período, instaurou-se a mercantilização, sendo as cidades ita- lianas os principais interpostos do comércio mundial. Foi a Itália o primeiro país a fazer restrições à prática da Contabilidade por um indivíduo qualquer. O governo passou a somente reconhecer como contadores, pessoas devidamente Capítulo 1 Evolução Histórica da Contabilidade 11 qualificadas para o exercício da profissão. A importância da matéria aumentou com a intensificação do comércio interna- cional e com as guerras ocorridas nos séculos XVIII e XIX, que consagraram numerosas falências e a consequente necessida- de de se proceder à determinação das perdas e lucros entre credores e devedores. Figura 2 Frei Luca Pacioli. Fonte: Wikipédia – creative comons - <https://upload.wikimedia.org/wikipedia/ commons/thumb/2/23/Jacopo_de%27_Barbari_-_Portrait_of_Fra_Luca_Pacio- li_and_an_Unknown_Young_Man_-_WGA1269.jpg/584px-Jacopo_de%27_Bar- bari_-_Portrait_of_Fra_Luca_Pacioli_and_an_Unknown_Young_Man_-_WGA1269. jpg> 12 Teoria da Contabilidade e Estudos Atuariais 1.1.4 Período Científico O Período Científico apresenta, nos seus primórdios, dois grandes autores consagrados: Francesco Villa, escritor mila- nês, contabilista público, que, com sua obra “La Contabilità Applicatta alle administrazioni Private e Plubbliche”, inicia a nova fase; e Fábio Bésta, escritor veneziano. Embora o século XVII tivesse sido o berço da era científica e Pascal já tivesse inventado a calculadora, a ciência da Conta- bilidade ainda se confundia com a ciência da Administração, e o patrimônio se definia como um direito, segundo postulados jurídicos. Nessa época, na Itália, a Contabilidade já chegara à uni- versidade. A Contabilidade começou a ser lecionada com a aula de comércio da corte, em 1809. A obra de Francesco Villa foi escrita para participar de um concurso sobre Contabilidade, promovido pelo governo da Áustria, que reconquistara a Lombarda, terra natal do autor. Além do prêmio, Villa teve o cargo de Professor Universitário. Francisco Villa extrapolou os conceitos tradicionais de Con- tabilidade, segundo os quais escrituração e guarda livros po- deriam ser feitas por qualquer pessoa inteligente. Para ele, a Contabilidade implicava conhecer a natureza, os detalhes, as normas, as leis e as práticas que regem a matéria administra- da, ou seja, o patrimônio. Era o pensamento patrimonialista. Foi o início da fase científica da Contabilidade. Fábio Bésta, seguidor de Francesco Villa, superou o mestre em seus ensinamentos. Demonstrou o elemento fundamental Capítulo 1 Evolução Histórica da Contabilidade 13 da conta, o valor, e chegou muito perto de definir patrimônio como objeto da Contabilidade. Foi Vicenzo Mazi, seguidor de Fábio Bésta, quem pela pri- meira vez, em 1923, definiu patrimônio como objeto da Con- tabilidade. A partir de 1920, aproximadamente, inicia-se a fase de predominância norte-americana dentro da Contabilidade. En- quanto declinavam as escolas europeias, floresciam as escolas norte-americanas com suas teorias e práticas contábeis, favo- recidas não apenas pelo apoio de uma ampla estrutura eco- nômica e política, mas também pela pesquisa e trabalho sério dos órgãos associativos. O surgimento do American Institut of Certield Public Accountants foi de extrema importância no desenvolvimento da Contabilidade e dos princípios contábeis; várias associações empreenderam muitos esforços e grandes somas em pesquisas nos Estados Unidos. Havia uma total in- tegração entre acadêmicos e os já profissionais da Contabili- dade, o que não ocorreu com as escolas europeias, onde as universidades foram decrescendo em nível e importância. A criação de grandes empresas, como as multinacionais ou transnacionais, por exemplo, que requerem grandes capitais, de muitos acionistas, foi a causa primeira do estabelecimento das teorias e práticas contábeis, que permitissem correta in- terpretação das informações, por qualquer acionista ou outro interessado, em qualquer parte do mundo. No Brasil, a vinda da Família Real Portuguesa incrementou a atividade colonial, exigindo – devido ao aumento dos gastos públicos e também da renda nos Estados – um melhor aparato 14 Teoria da Contabilidade e Estudos Atuariais fiscal. Para tanto, constituiu-se o Erário Régio ou o Tesouro Nacional e Público, juntamente com o Banco do Brasil (1808). As Tesourarias de Fazenda nas províncias eram compostas de um inspetor, um contador e um procurador fiscal, responsáveis por toda a arrecadação, distribuição e administração financei- ra e fiscal. Importantes fatos que marcaram a Contabilidade no Brasil: 1924 – Aconteceu o primeiro congresso brasileiro de Con- tabilidade; 1940 – 1º Lei das S/A’s – Decreto Lei 2.627/40, influencia- do pela escola patrimonialista italiana. 1946 – Promulgação do Decreto Lei 9.295/46, regula- mentando as atribuições profissionais. 1976 – 2º Lei das S/A’s – Lei 6.404/76, onde seguimos a escola norte-americana. 2007 – Com o advento da Lei 11.638/07, estabelece-se uma mudança de foco na legislação contábil, pois a conta- bilidade brasileira passa a ter como base de sustentação os padrões contábeis internacionais. 1.2 Escolas do Pensamento Contábil Com a disseminação do conhecimento da contabilidade e as pesquisas feitas em torno dela, principalmente após a obra de Luca Pacioli, começou a ser criado um arcabouço teórico Capítulo 1 Evolução Histórica da Contabilidade 15 capaz de fundamentar em ciência o que nós escolhemos hoje como profissão. Dessa forma, teorias são defendidas por diversas correntes de pensadores, que nós chamamos de escola. Segue abaixo um breve resumo das escolas contábeis realizada por Coelho e Lins (2010): Escola contista: surgiu no século XV, com a obra de Luca Pacioli, e foi impulsionada pelos primeiros livros impressos de contabilidade. Suas teorias ficaram inalteradas até o século XVIII, e foi conhecida como a era da estagnação contábil. A preocupação central era explicar o funcionamento das con- tas, esquecendo-se que a conta é apenas consequência das operações que ocorreram na entidade. Sendo que Degran- ges enumera os cinco principais efeitos: 1º mercadorias; 2º dinheiro; 3º efeito a receber; 4º efeito a pagar e 5º lucros e perdas. Nessa corrente de pensamento contábil, os pensado- res que mais se destacaram foram: Jacques Savovy e Edmund Degrange (pai) (FAVERO et al., 1997). A escola contista per- deu influência devido à falta de suporte e enunciação. Escola Personalista: essa escola do pensamento contábil é conhecida, também, como escola Toscana e surge em reação aos conceitos e propostas da escola contista. Essa corrente tem como objetivo explicar as relações de direitos e obrigações. Para defender suas teses, os autores dessa época criaram os axiomas, que são premissas que admitem serem verdades sem exigência de demonstração. Essa linha de pensamento foi am- plamente analisada pela escolaaziendalista, como será visto mais adiante. Seguem os axiomas: 16 Teoria da Contabilidade e Estudos Atuariais  1° AXIOMA: toda azienda (conjunto de obrigações, bens materiais e direitos que constituem um patrimônio) deve ser administrada, todas possuem um ou mais proprie- tários e estes não podem conseguir uma gestão se não entrarem em contato com agentes e correspondentes.  2° AXIOMA: uma coisa é desfrutar a propriedade, outra é administrar.  3° AXIOMA: uma coisa é administrar a azienda, e outra custodiar sua substância e por ela responder material- mente.  4° AXIOMA: não se pode criar um devedor sem, simul- taneamente, criar-se um credor e vice-versa.  5° AXIOMA: o proprietário, administrado ou não a azienda, é, de fato, credor da substância e devedor das passividades pertinentes àquela, ao contrário do que ocorre com os agentes e com os correspondentes.  6° AXIOMA: o débito e o crédito do proprietário não va- riam senão em razão de perdas ou lucros, ou ainda por acréscimos ou reduções do capital originário. Escola Administrativa: vários são os nomes para nomear essa escola de pensamento contábil: escola administrativa, Lombarda, materialista ou ainda materialista substancial. Essa escola originou-se no norte da Itália, no século XIX, e a admi- nistração das entidades passou a ser o foco dos estudos. Aqui, nasce a ideia de que todo empreendimento deve ser precedido de um estudo de viabilidade econômica. Dessa forma, nota-se Capítulo 1 Evolução Histórica da Contabilidade 17 que a contabilidade ligada à administração, destinada a inter- pretar a dinâmica das empresas. Escola Controlista: os estudiosos dessa época entediam a contabilidade como a ciência do controle econômico. A ad- ministração econômica era dividida no seguinte: gestão (que visa à administração do patrimônio); direção (que harmoniza a administração econômica e as relações internas e externas da entidade); e controle (que visa impedir o desperdício). Escola Reditualista: era o pensamento contábil que enun- ciava ser o resultado (lucro ou prejuízo) o objeto de estudo da contabilidade. Fato é que os estudiosos dessa corrente estuda- vam a dinâmica da riqueza patrimonial, sem se preocupar com os elementos desse mesmo patrimônio. A grande contribuição feita por essa corrente foi a dinâmica do movimento patrimo- nial associada ao ciclo operacional e não ao ano-calendário. Escola Matemática: surgiu em 1901, por meio de um estu- dioso italiano chamado Giovani Rossi. Para esse autor, a con- tabilidade era uma ciência matemática na sua essência. Escola Norte-Americana: com a criação da AAPA (Ame- rican Association of Public Accountants) em 1887, que cen- trou a melhoria da informação contábil, na padronização dos processos contábeis. Essa escola procurava metodologias que permitissem uma clara visão dos relatórios contábeis e dos lançamentos que lhe deram origem, a fim de facilitar o enten- dimento dos conceitos e teorias contábeis. Escola Neocontista ou Moderna Escola Francesa: o neo- contismo do início do século XX procurou restituir a contabi- 18 Teoria da Contabilidade e Estudos Atuariais lidade o seu verdadeiro objeto: a riqueza patrimonial e, em consequência, trouxe grande avanço para o estudo da análise patrimonial e dos fenômenos decorrentes da gestão empresa- rial. Escola Alemã: surgiu na Alemanha a partir de 1919, con- centrando-se em duas visões: teoria econômica das empresas e o sistema de cálculo. A contabilidade era considerada como o conjunto de registros para fornecer elemento de gestão. Escola Aziendalista: nessa corrente, que surgiu em 1922, a contabilidade é considerada como a ciência da administra- ção econômica das entidades e estuda não só os resultados de uma gestão, mas também seus princípios e constituição harmônica das pessoas da organização. Nessa concepção, a azienda se constitui de dois elementos: pessoas (elemento hu- mano) e riqueza (patrimônio). Escola Patrimonialista: a primeira proposta de formulação de uma corrente contábil, que defendia a contabilidade como ciência do patrimônio. Seu grande autor foi Vicenzo Masi, que começou a escrever teorias em 1923. Os principais fundamentos dessa escola, que são referên- cia da contabilidade, são:  A contabilidade é uma ciência social.  O objeto da contabilidade é o patrimônio aziendal.  Os fenômenos patrimoniais são fenômenos contábeis e podem ser divididos em: estática patrimonial, dinâmica patrimonial e levantamento patrimonial. Capítulo 1 Evolução Histórica da Contabilidade 19  O patrimônio deve ser observado em seus aspectos qualitativos e quantitativos.  O fenômeno patrimonial conceitua-se como todo acon- tecimento que se verifica no patrimônio. Escola Neopatrimonialista: pode-se dizer que é a primeira escola de pensamento contábil originada no Brasil. Seu início ocorreu em 1978, a partir dos estudos do Professor Antônio Lopes de Sá, que foram expostos pela primeira vez em 1987 na Universidade de Sevilha, na Espanha. Tem o mesmo enfo- que a teoria patrimonialista, mas com claro objetivo de torná- -la mais atual face às mudanças tecnológicas e científicas do nosso mundo. Século XX – ênfase no controle (1ª fase): do ponto de vista conceitual, a escola presente até hoje é a patrimonialista, que teve sua concepção na década de 20. Nessa mesma época, nos Estados Unidos, houve a queda da Bolsa de Nova York, com a crise de 29, que se tornou uma grande depressão e atingiu vários níveis mundiais, afetando a economia de vários países durante anos. A contabilidade não conseguiu prever a crise nem seus efeitos. Dessa forma, houve muitas críticas sobre a falta de uma uniformidade das práticas contábeis. A partir desse momento, surge a necessidade dos pareceres da auditoria e de diversas análises dos demonstrativos contábeis. Essas metas aumentam o controle das empresas e regras de padronização. Nasce a SEC (Security and Exchange Comis- sion), órgão fiscalizador independente do governo federal para 20 Teoria da Contabilidade e Estudos Atuariais fiscalizar se as empresas estavam cumprindo as novas regras, principalmente, as vinculadas aos títulos e valores mobiliários. Século XX – a busca pela harmonização internacional (2ª fase): Com a evolução da globalização da economia, avanço da tecnologia, o fortalecimento do mercado de capitais, dentre outros fatores, a contabilidade necessitava ter padrão interna- cional. Imagine a seguinte situação: como um investidor interna- cional investiria em uma empresa brasileira, caso não soubes- se entender os documentos contábeis que lhe demonstrariam a sua rentabilidade financeira? Perceba que a contabilidade, via de regra, está se ajustan- do a essa teoria. 1.3 Teoria das Contas Ao longo da história da Contabilidade, a classificação das contas tem dividido os doutrinadores entre várias respostas, resultando em formas diferentes de classificação e interpreta- ção das contas. Isto fez com que aparecessem várias escolas defensoras de seus princípios para justificar os critérios adota- dos para classificação das contas. Entre as teorias apresenta- das pelas escolas, três delas se tornaram as mais importantes: Teoria personalista, Teoria materialista e Teoria patrimonialista. Capítulo 1 Evolução Histórica da Contabilidade 21 1.3.1 Teoria Personalista Para a escola personalista, as contas (elementos patrimo- niais) podem ser representadas por pessoas com as quais são mantidas relações jurídicas, ou seja, que se relacionam com a entidade em termos de débito e crédito. Todos os débitos efetuados nas contas dessas pessoas representam suas res- ponsabilidades, enquanto todos os créditos representam seus direitos em relação ao titular do Patrimônio. Por essa teoria, as contas são classificadassegundo a na- tureza da relação jurídica que essas pessoas mantêm com o titular do Patrimônio. Na Teoria personalista, temos três tipos de contas (pessoas): a. Proprietários: consiste nos responsáveis pelas contas do patrimônio líquido e suas variações, como receitas e despesas. São, portanto, contas dos proprietários: Capital social, Receita de vendas, Custo da mercado- ria vendida (CMV), ICMS sobre vendas, Devoluções de vendas, Receitas financeiras, Reserva legal etc. b. Agentes consignatários: consistem nas pessoas (con- tas) a quem a entidade confia à guarda os bens (Ati- vo), ou seja, que representam os bens. São, portanto, contas dos agentes consignatários: Caixa, Banco, Veí- culos, Móveis, Terrenos etc. c. Agentes correspondentes: consiste nas pessoas que re- presentam as contas de direitos (Ativo) ou obrigações (Passivo). São terceiros, que se situam na posição de devedor ou credor da entidade. São, portanto, contas 22 Teoria da Contabilidade e Estudos Atuariais dos agentes correspondentes às contas em que a enti- dade mantém esse tipo de relação jurídica, como, por exemplo, Clientes e Fornecedores. Os clientes devem à empresa o valor correspondente a suas compras a prazo e os fornecedores são credores da empresa em relação às vendas a prazo que a esta foram feitas. Daí resulta que Clientes é conta devedora e Fornecedores é conta credora. 1.3.2 Teoria Materialista A escola materialista se opôs à teoria personalista, defenden- do que as contas representam entradas e saídas de valores e não simples relações de débito e crédito entre pessoas (excluí- das as relações com terceiros). Essa é uma visão mais econômica do que vem a ser a conta, a relação entre as contas e a entidade é uma relação material e não pessoal, de sorte que a conta só deve existir enquanto houver também o elemento material por ela repre- sentado. As contas dividem-se em: a. Integrais (ou Elementares): são as representativas dos bens, dos direitos e das obrigações da entidade, ou seja, Ativo e Passivo Exigível. b. Diferenciais (ou Derivadas): são as representativas do Patrimônio Líquido, das receitas e das despesas da en- tidade. Capítulo 1 Evolução Histórica da Contabilidade 23 1.3.3 Teoria Patrimonialista É a teoria usualmente adotada no Brasil. Segundo ela, criada por Vincenzo Masi, o objeto de estudo da ciência contábil é o Patrimônio de uma entidade. A contabilidade tem como fi- nalidade controlar esse patrimônio e apurar o resultado das empresas. Essas contas se classificam da seguinte forma: a. Contas Patrimoniais: são as contas representativas dos bens e dos direitos (Ativo), das obrigações (Passivo) e do Patrimônio Líquido (PL) da entidade. b. Contas de Resultado: são as contas que representam as receitas e as despesas da entidade. Recapitulando Neste capítulo, foi abordado um histórico da contabilidade e sua evolução, que sempre caminhou junto com nosso pro- cesso evolutivo, pois como Lopes de Sá (2010) mesmo disse, a contabilidade sempre existiu, mesmo antes dos números e das letras. Pense agora se não existisse a Contabilidade, como você verificaria o seu patrimônio? Foi a partir do período pré-científico, com o Método das Partidas Dobradas, criado pelo Frei Luca Pacioli, que o uso da Contabilidade ganhou impulso, surgindo as escolas e doutri- nas contábeis 24 Teoria da Contabilidade e Estudos Atuariais Ao passar pelas escolas que influenciaram as teorias contá- beis, observamos a importância do termo Ciências Contábeis. Nesse contexto, nasceu o primeiro capítulo, que já nos ace- na o seu objetivo e os princípios que serão estudados logo mais. Sendo assim, um ótimo estudo para você! Referências COELHO, Cláudio Ulysses Ferreira; LINS, Luiz dos Santos. Teoria da Contabilidade: abordagem contextual, históri- ca e gerencial. São Paulo: Atlas, 2010. FAVERO, Hamilton Luiz; LONARDONI, Mário; SOUZA, Clóvis de; TAKAKURA, Massakazu. Contabilidade: Teoria e Práti- ca, vol. 1. 2. ed. São Paulo: Atlas, 1997. IUDÍCIBUS, Sérgio. Teoria da contabilidade. 9. ed. São Pau- lo: Atlas, 2009. SÁ, Antônio Lopes de. Teoria da Contabilidade. São Paulo: Atlas, 2010. Atividades 1) Faça um breve resumo de como surgiu a Contabilidade. 2) Julgar a assertiva abaixo como (V) Verdadeira ou (F) Falsa: Capítulo 1 Evolução Histórica da Contabilidade 25 A Lei nº 6.404/1976, ou Lei das Sociedades por Ações, originalmente elaborada em consonância com as teorias da Escola Italiana de Contabilidade, foi, nos últimos anos, modificada para atender a convergência da contabilida- de brasileira às normas internacionais de contabilidade do IASB. ( ) 3) Julgar a assertiva abaixo como (V) Verdadeira ou (F) Falsa: A Lei nº 6.404/1976 nasceu da necessidade de aproxi- mar a contabilidade brasileira dos padrões da contabili- dade norte-americana, rompendo com a tradição italiana, agora retomada com as alterações promovidas pela Lei nº 11.638/2007. ( ) 4) A Ciência Contábil estabeleceu diversas teorias doutri- nárias sobre as formas de classificar os componentes do sistema contábil, que são denominadas “Teorias das Con- tas”. Sobre o assunto, indique a opção incorreta. a) A “Teoria Materialística” divide as contas em Integrais e de Resultado b) Na “Teoria Personalística”, as contas dos agentes con- signatários são as contas que representam os bens, no ativo. c) Segundo a “Teoria Personalística”, são exemplos de contas do proprietário as contas de receitas e de des- pesas. d) Na “Teoria Materialística”, as contas traduzem simples ingressos e saídas de valores, que evidenciam o ativo, 26 Teoria da Contabilidade e Estudos Atuariais sendo este representado pelos valores positivos, e o passivo representado pelos valores negativos. e) Na contabilidade atual, há o predomínio da “Teoria Patrimonialista”, que classifica o ativo e passivo como contas patrimoniais. 5) Em se tratando do estudo da Teoria das Contas, indique aquela que subdivide as contas em “Contas do Proprietá- rio”, “Contas dos Agentes Consignatários” e “Contas dos Agentes Correspondentes”: a) Teoria Materialista. b) Teoria Personalista. c) Teoria Patrimonialista. d) Teoria dos Agentes Contábeis. e) Teoria Bilateral. Williams Meirelles1 Capítulo 2 Conceitos Fundamentais de Contabilidade1 1 Williams Meirelles é especialista em Controladoria e Gestão da Informação Con- tábil pelo Centro Universitário Lasalle (UNILASALLE-Canoas, RS), possui graduação em Ciências Contábeis e Administração de Empresas pela Universidade Luterana do Brasil (ULBRA-Canoas, RS). Tem vasta experiência em Auditoria Contábil, ten- do atuado por anos em uma “Big Four”. Atualmente, é professor dos cursos de Ciências Contábeis e Administração de Empresas da ULBRA, presencial e EAD e empregado público da Petrobras. 28 Teoria da Contabilidade e Estudos Atuariais Introdução Neste capítulo, estudaremos alguns conceitos de contabilida- de, qual seu objeto, finalidade, campo de atuação. Também vamos descobrir o enquadramento da contabili- dade como uma ciência social, quais as técnicas que a conta- bilidade utiliza para alcançar seus objetivos. 2.1 Conceito de Contabilidade O primeiro Congresso Brasileiro de Contabilistas, realizado na cidade do Rio de Janeiro, em agosto de 1924, formulou um conceito oficial para contabilidade que é: “a Contabilidade é a ciência que estuda e pratica as fun- ções de orientação, de controle e de registro relativas à Admi- nistração Econômica”. A contabilidade é uma ciência social, um sistema de in- formação e avaliação destinado a prover seus usuários com relatórios, demonstrações e análises de natureza econômico- financeira da empresa em determinado momento e sua evolu- ção em determinado período. Há na literaturavários conceitos de contabilidade. Para Marion (2009, p. 28), a “ciência contábil é o ins- trumento que fornece o máximo de informações úteis para a tomada de decisões dentro e fora da empresa”. Já segundo Ri- beiro (2003, p. 14), a “Contabilidade é uma ciência que per- Capítulo 2 Conceitos Fundamentais de Contabilidade 29 mite, através de suas técnicas, manter um controle permanente do patrimônio da empresa”. De acordo com Franco (1996, p. 31), contabilidade é “a ciência (ou a técnica, segundo alguns) que estuda, controla e interpreta os fatos ocorridos no patri- mônio das entidades, mediante o registro, a demonstração expositiva e a revelação desses fatos, com o fim de oferecer informações sobre a composição do patrimônio, suas varia- ções e o resultado econômico decorrente da gestão da riqueza patrimonial.”. Lopes de Sá (2010, p. 46) define a contabilidade do se- guinte modo: “a Contabilidade é a ciência que estuda os fe- nômenos patrimoniais, preocupando-se com realidades, evi- dências e comportamentos dos mesmos, em relação à eficácia funcional das células sociais”. A partir dos conceitos apresentados, fica compreendido o motivo do estudo da contabilidade: você (enquanto gestor, ge- rente, investidor, funcionário, fornecedor, cidadão ou analista) necessita de informações que demonstrem a situação da em- presa (e de seu patrimônio). Através da contabilidade, torna- se possível coletar, processar e estruturar essas informações para você. Também é necessária a deposição de preconceitos, como o senso comum de que a contabilidade somente atende às exigências do governo (fisco); muito além disso, ela é fei- ta para auxiliá-lo na tomada de decisão através de um fluxo contínuo de informações sobre os mais variados aspectos da gestão econômico financeira da empresa. 30 Teoria da Contabilidade e Estudos Atuariais 2.2 Campo de Atuação O campo de aplicação da Contabilidade abrange todas as entidades (pessoas) físicas e jurídicas, com ou sem fins lucra- tivos, que possuam patrimônio. Tais entidades econômico-ad- ministrativas, cujos objetivos podem ser sociais e/ou econô- micos. Uma entidade econômico-administrativa também pode ser chamada de AZIENDA, palavra de origem italiana que sig- nifica fazenda. Pessoas Físicas: é qualquer ser humano considerado indivi- dualmente, sujeito a direitos e obrigações, cujo nascimento se der por meio do parto com vida. Pessoas Jurídicas: é aquela resultante de uma organização humana, como vida e patrimônios próprios, igualmente sujei- tos a direitos e obrigações, cujo nascimento se dá no caso das sociedades empresariais, através do registro na junta comer- cial do estado e, no caso de empresas prestadoras de serviço, no cartório civil de pessoas jurídicas. Entidades Econômico-administrativas são organizações que reúnem os seguintes elementos: pessoas, patrimônio, titu- lar, capital, ação administrativa e fim determinado. Quanto ao fim que se destinam, as entidades econômico- -administrativas podem ser assim classificadas: a. Entidades econômicas com fins econômicos: chama- das empresas, visam lucro para preservar/aumentar o patrimônio líquido. Exemplos: empresas comerciais, industriais, agrícolas etc. Capítulo 2 Conceitos Fundamentais de Contabilidade 31 b. Entidades com fins socioeconômicos: intituladas ins- tituições, visam superávit que reverterá em benefício para seus integrantes. Exemplos: associações de clas- se, condomínios, clubes sociais etc. c. Entidades com fins sociais: também chamadas institui- ções, têm por obrigação atender às necessidades da coletividade a que pertencem. Exemplo: a União, os Estados e Municípios. 2.3 Objeto, finalidade e usuários da Contabilidade O objeto delimita o campo de abrangência de uma ciência. Na contabilidade, o objeto de estudo é o Patrimônio de uma entidade, ou seja, o conjunto de bens, direitos e obrigações vinculados à entidade. O objetivo da Contabilidade é controlar o patrimônio. Na contabilidade, os objetivos estão definidos como as informa- ções que deverão ser geradas para que os diversos usuários possam tomar conhecimento, com a finalidade de tomar as decisões que considerem necessárias. Portanto podemos afirmar que a finalidade da Contabili- dade é: fornecer informação útil, preditiva e específica para usuários específicos tomarem decisões. Ora, se a contabilidade é um sistema de informação, quem são os usuários desse sistema? Conforme destaca Marion 32 Teoria da Contabilidade e Estudos Atuariais (2009, p. 29), “são as pessoas que se utilizam da Contabili- dade, que se interessam pela situação da empresa e buscam na Contabilidade as suas respostas”. É óbvio que não só os administradores se utilizam da contabilidade, vamos citar ou- tros usuários: investidores, fornecedores, bancos, governo, sin- dicatos, empregados, concorrentes, analistas, órgãos públicos e consultores. Os usuários das informações contábeis podem ser dividi- dos em dois grupos distintos: Usuários internos – Aqueles que elaboram as informações, entende-se por eles a Alta Administração dentro da entidade. Ela tem a responsabilidade primária pela preparação e apre- sentação das demonstrações contábeis e também está inte- ressada nas informações contidas nessas demonstrações, que contribuem para o desempenho das suas responsabilidades de planejamento, tomada de decisões e controle. Usuários externos – Aqueles que dependem das informa- ções.  Investidores: os provedores de capital de risco e seus analistas que se preocupam com o risco inerente ao investimento e o retorno que ele produz. Eles necessi- tam de informações para ajudá-los a decidir se devem comprar, manter ou vender investimentos. Os acionistas também estão interessados em informações que os ha- bilitem a avaliar se a entidade tem capacidade de pagar dividendos. Capítulo 2 Conceitos Fundamentais de Contabilidade 33  Empregados: os empregados e seus representantes (sin- dicatos) estão interessados em informações sobre a es- tabilidade e a lucratividade de seus empregadores. Tam- bém se interessam por informações que lhes permitam avaliar a capacidade que tem a entidade de prover sua remuneração, seus benefícios de aposentadoria e suas oportunidades de emprego.  Credores por empréstimos: estes estão interessados em informações que lhes permitam determinar a capacida- de da entidade em pagar seus empréstimos e os corres- pondentes juros no vencimento.  Fornecedores: os fornecedores e outros credores estão interessados em informações que lhes permitam avaliar se as importâncias que lhes são devidas serão pagas nos respectivos vencimentos. Os credores comerciais provavelmente estão interessados em uma entidade por um período menor do que os credores por empréstimos, a não ser que dependam da continuidade da entidade como um cliente importante.  Clientes: os clientes têm interesse em informações sobre a continuidade operacional da entidade, especialmente quando têm um relacionamento de longo prazo com ela, ou dela dependem como fornecedor importante.  Governo (fiscalização): os governos e suas agências es- tão interessados na destinação de recursos e, portanto, nas atividades das entidades. Necessitam também de in- formações a fim de regulamentar as atividades das enti- 34 Teoria da Contabilidade e Estudos Atuariais dades, estabelecer políticas fiscais e servir de base para determinar a renda nacional e estatísticas semelhantes.  Público: as entidades afetam o público de diversas ma- neiras. Elas podem, por exemplo, fazer contribuição substancial à economia local de vários modos, inclusive empregando pessoas e utilizando fornecedores locais. As demonstrações contábeis podem ajudar o público fornecendo informações sobre a evolução do desempe- nho da entidadee os desenvolvimentos recentes. 2.4 Técnicas da Contabilidade Os meios utilizados pela contabilidade para atingir seus ob- jetivos compreendem o conjunto de técnicas denominadas de técnicas contábeis, quais sejam:  Escrituração – registro em livros próprios (Diário Razão, Caixa, Contas Correntes) de todos os fatos administrati- vos que ocorrem no dia a dia das empresas.  Demonstrações Contábeis – confecção de quadros téc- nicos que apresentam dados extraídos dos registros con- tábeis das empresas. No Brasil, as demonstrações con- tábeis são definidas por lei. No âmbito das sociedades anônimas, a Lei nº 6.404/76 no seu artigo 176, estabe- lece os seguintes demonstrativos: Balanço Patrimonial, Demonstração do Resultado do Exercício, Demonstra- ção dos Lucros ou Prejuízos Acumulados, opcionalmente substituída pela Demonstração das Mutações no Patri- Capítulo 2 Conceitos Fundamentais de Contabilidade 35 mônio Líquido, Demonstração dos Fluxos de Caixa e, para as companhias abertas, a Demonstração do Valor Adicionado. No setor público, a Lei nº 4.320/64, defi- niu os seguintes modelos: Balanço Orçamentário, Ba- lanço Financeiro, Balanço Patrimonial e Demonstração das Variações Patrimoniais.  Auditoria e Perícia – confirmação de registros e demons- trações contábeis; verificação da exatidão dos dados contidos nas demonstrações contábeis, através de um exame minucioso dos registros e dos documentos que deram origem a esses registros.  Análise e Interpretação das Demonstrações Contábeis – exame e interpretação dos dados contidos nas demons- trações contábeis, transformando esses dados em infor- mações (indicadores) úteis para os diversos usuários da Contabilidade. 2.5 Funções Função Administrativa -> controlar o patrimônio. Função econômica -> apurar o resultado. Resultado é a diferença entre o valor das receitas com o valor das despesas. Podendo ser: a. Positivo ou Lucro: Receitas superam as despesas. b. Negativo ou Prejuízo: Despesas superam as receitas. 36 Teoria da Contabilidade e Estudos Atuariais c) Nulo: Receitas são iguais as despesas. 2.6 Contabilidade como Ciência Agora que já estudamos o conceito de contabilidade, vamos enquadrá-la como ciência. Para Lopes de Sá (2010, p. 39), a Contabilidade deve ser enquadrada como ciência, pois “atende a todos os requisitos necessários para tal qualificação”. Além disso, para o saudoso mestre, o conhecimento contábil é por essência experimental, assim como ocorre em todas as outras ciências. Mas quando ouvimos a palavra ciência, nós não percebe- mos a força dessa palavra que está concentrada em nossas mãos. A palavra ciência deriva do latim scientia, que podemos traduzir como conhecimento. E é o que estamos fazendo ago- ra, produzindo conhecimento sobre contabilidade. Observe a tradução de ciência para Rubem Alves (1981, p. 21): Quando um cientista enuncia uma lei ou uma teoria, ele está contando como se processa a ordem, está oferecen- do um modelo da ordem. Agora ele poderá prever como a natureza vai se comportar no futuro. É isto que significa testar uma teoria: ver se, no futuro, ela se comporta da forma como o modelo previu. Esse trecho é profundo demais. Pena que poucos perce- bem essa tangibilidade inserida nos fatos contábeis. Quando Capítulo 2 Conceitos Fundamentais de Contabilidade 37 ouvimos a palavra ciência, nós não percebemos a força dessa palavra nas teorias que desenvolveremos e que estará concen- trada em nossas mãos. Outros autores, também, sustentam a Contabilidade como Ciências. Franco (1977, p. 58) argumenta que a característi- ca científica da Contabilidade é visualizada na “possibilidade de previsão dos efeitos gerados por determinados fenômenos patrimoniais”. Já no CFC, a Contabilidade é definida como ciência social: a Contabilidade, na sua condição de ciência social, cujo obje- to é o patrimônio, busca, por meio da apreensão, da quantifi- cação, da classificação, do registro, da eventual sumarização, da demonstração, da análise e relato das mutações sofridas pelo patrimônio da entidade particularizada, a geração de informações quantitativas e qualitativas sobre ela, expressas tanto em termos físicos, como monetários. Herrmann Júnior (1978, p. 29) define a contabilidade como: “ciência autônoma que tem por objetivo o estudo do patrimônio aziendal sob o ponto de vista estático e dinâmico”. Desse mesmo modo, Hendriksen e Breda (2010, p. 29) descrevem: “a Contabilidade é a ciência que cuida do regis- tro, classificação e sintetização, de maneira significativa e em termos monetários, de transações e eventos que são em parte, de natureza financeira, e de interpretação de seus resultados”. Essas afirmações só reforçam as razões científicas da Con- tabilidade. 38 Teoria da Contabilidade e Estudos Atuariais Lopes de Sá sabia o que estava falando e para comprovar sua teoria, argumentou em favor do conhecimento contábil como científico, utilizando o quadro abaixo: Quadro 1 Contabilidade como ciência Fonte: Lopes de Sá (2010) Dessa forma, apenas para finalizarmos esse primeiro tópi- co, verifique o quadro feito por Lopes de Sá (2010) que res- ponde a todos os questionamentos sobre a natureza do reco- nhecimento contábil. Capítulo 2 Conceitos Fundamentais de Contabilidade 39 Quadro 2 Natureza do reconhecimento contábil Fonte: Lopes de Sá (2010) Recapitulando Neste capítulo, refletimos sobre os objetivos da contabilidade, que são o estudo e controle do patrimônio e suas variações, visando o fornecimento de informações que sejam úteis para a tomada de decisões econômicas por parte dos usuários dessas informações. 40 Teoria da Contabilidade e Estudos Atuariais Aprendemos que o Patrimônio é o objeto da Contabilidade e seu campo de atuação são as Aziendas. Enquadramos a Contabilidade como Ciência Social e com- preendemos que a finalidade social do contador é fornecer informações corretas à sociedade. Referências ALVES, Rubens. Filosofia da ciência: Introdução ao jogo e suas regras. Editora Brasiliense, 1981. BRASIL. Lei n° 6.404, de 15 de dezembro de 1976. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br>. Acessado em: 21 mai. 2016. FRANCO, Hilário. Contabilidade Geral. São Paulo: Atlas, 1996. HENDRIKSEN, Eldon S.; VAN BREDA, Michael F. Teoria da Contabilidade. Tradução de Antonio Zoratto Sanvicente. 1. ed. 7. reimpr. São Paulo: Atlas, 2010. HERRMANN Jr., Frederico. Contabilidade Superior. São Pau- lo: Atlas, 1978. MARION, José Carlos. Contabilidade básica. 10. ed. São Paulo: Atlas, 2009. RIBEIRO, Osni Moura. Contabilidade básica Fácil. 24. ed. São Paulo: Saraiva, 2003. Capítulo 2 Conceitos Fundamentais de Contabilidade 41 SÁ, Antônio Lopes de. Teoria da Contabilidade. São Paulo: Atlas, 2010. Atividades 1) A contabilidade tem como objeto: a) o patrimônio; b) o controle do patrimônio; c) fornecer informações sobre patrimônio; d) o balanço patrimonial; e) registrar atos que afetam o patrimônio. 2) O objetivo da contabilidade é: a) o Patrimônio das entidades econômico- administrati- vas; b) permitir o estudo e o controle dos fatos decorrentes da gestão do patrimônio das entidades econômico-admi- nistrativas; c) permitir a obtenção das informações que envolvem os fluxos de caixa e do capital de giro; d) o Patrimônio Líquido das entidades econômico-admi- nistrativas; e) aziendas. 42 Teoria da Contabilidade e Estudos Atuariais 3) Julgue os itens a seguir, relativos à contabilidade. I – A contabilidade é uma ciência exata. II – A contabilidade tem funções administrativas e econô- micas. III – O principal campo de aplicação da contabilidade são as aziendas. Assinale a opção correta. a) Apenas os itens I e II estão certos.b) Apenas os itens I e III estão certos. c) Apenas os itens II e III estão certos. d) Apenas o item I está certo. e) Apenas o item III está certo. 4) “É o patrimônio que a contabilidade estuda e controla, registrando todas as ocorrências nele verificadas”. “Estudar e controlar o patrimônio, para fornecer informa- ções sobre sua composição e variações, bem como sobre o resultado econômico decorrente da gestão da riqueza patrimonial.” As proposições indicam, respectivamente: a) a finalidade e o conceito de contabilidade; b) o campo de aplicação e o objeto da contabilidade; c) o campo de aplicação e o conceito da contabilidade; Capítulo 2 Conceitos Fundamentais de Contabilidade 43 d) finalidade e as técnicas contábeis da contabilidade; e) objeto e a finalidade da contabilidade. 5) Marque a alternativa incorreta em relação à Contabilidade enquanto conhecimento. a) A Contabilidade deve permitir ao usuário, como partí- cipe do mundo econômico, observar e avaliar o com- portamento; comparar seus resultados com os de ou- tros períodos ou Entidades; avaliar seus resultados à luz dos objetivos estabelecidos. b) A Contabilidade possui objeto próprio, que é o Pa- trimônio das Entidades, e consiste em conhecimentos obtidos por metodologia racional, com as condições de generalidade, incerteza e falta de causas, em nível qualitativo diferente das demais ciências sociais. c) Na Contabilidade, o objeto é sempre o Patrimônio de uma Entidade, definido como um conjunto de bens, direitos e obrigações para informais, ou a uma socie- dade ou instituição de qualquer natureza, independen- te da sua finalidade, que pode, ou não, incluir o lucro. d) Os usuários tanto podem ser internos e externos e, mais ainda, com interesses diversificados, razão pela qual as informações geradas pela Entidade devem ser amplas e fidedignas e, pelo menos, suficientes para a avaliação da sua situação patrimonial e das mutações sofridas pelo seu patrimônio, permitindo a realização de inferências sobre o seu futuro. 44 Teoria da Contabilidade e Estudos Atuariais e) A contabilidade é uma ciência social, que tem por ob- jeto o patrimônio de qualquer pessoa, ou seja, de uma azienda. Williams Meirelles1 Capítulo 3 A Informação Contábil1 1 Williams Meirelles é especialista em Controladoria e Gestão da Informação Con- tábil pelo Centro Universitário Lasalle (UNILASALLE-Canoas, RS), possui graduação em Ciências Contábeis e Administração de Empresas pela Universidade Luterana do Brasil (ULBRA-Canoas, RS). Tem vasta experiência em Auditoria Contábil, ten- do atuado por anos em uma “Big Four”. Atualmente, é professor dos cursos de Ciências Contábeis e Administração de Empresas da ULBRA, presencial e EAD e empregado público da Petrobras. 46 Teoria da Contabilidade e Estudos Atuariais Introdução No capítulo anterior, compreendemos que a contabilidade deve gerar informações íntegras e tempestivas para seus usuá- rios. Neste capítulo, estudaremos as características qualitativas fundamentais e de melhoria, que devem ser obedecidas para a correta apresentação das informações contábeis. Também iremos conhecer os novos conceitos técnicos dos componentes do Patrimônio, ativos, passivos, patrimônio líqui- do, receitas e despesas, de acordo com os padrões internacio- nais de contabilidade. 3.1 As Características Qualitativas da Informação Contábil Conforme estudado anteriormente, vimos que a finalidade da contabilidade é fornecer informações que sejam úteis para os usuários dessas informações tomarem suas decisões. O Conselho federal de contabilidade através da Resolução nº 1.374/11 aprovou a NBC TG Estrutura Conceitual – “Es- trutura Conceitual para Elaboração e Divulgação de Relatório Contábil-Financeiro”, que nos traz como definição que a infor- mação contábil-financeira, para ser útil, precisa ser relevante e representar com fidedignidade o que se propõe a apresentar. E pode ainda ser melhorada se ela for comparável, verificável, tempestiva e compreensível. Capítulo 3 A Informação Contábil 47 Portanto, são essas as características que as demonstrações contábeis devem possuir, elas se dividem em fundamentais e de melhoria, e vamos conhecê-las a seguir. 3.1.1 Características Qualitativas Fundamentais As características qualitativas fundamentais são relevância e representação fidedigna: a. Relevância Informação contábil-financeira relevante é aquela capaz de fazer diferença nas decisões que possam ser tomadas pelos usuários. A informação pode ser capaz de fazer diferença em uma decisão mesmo no caso de alguns usuários decidirem não levá-la em consideração, ou já tiver tomado ciência de sua existência por outras fontes. b. Representação fidedigna A Representação Fidedigna refere-se a três atributos, preci- sando ser completa, neutra e livre de erro. Para ser completa, a informação deve conter o necessário para que o usuário compreenda o fenômeno sendo retratado. Para ser neutra, deve estar livre de viés na seleção ou na apresentação, não podendo ser distorcida para mais ou para menos. Finalmente, ser livre de erros não significa total exatidão, mas, sim, que o processo para obtenção da informação tenha sido selecionado e aplicado livre de erros. No caso de estima- 48 Teoria da Contabilidade e Estudos Atuariais tivas, ela é considerada como tendo representação fidedig- na se, além disso, o montante for claramente descrito como estimativa e se a natureza e as limitações do processo forem devidamente revelados. 3.1.2 Características Qualitativas de Melhoria As quatro características de melhoria definidas na estrutura conceitual básica são: comparabilidade, verificabilidade, tem- pestividade e compreensibilidade. Essas são características qualitativas que melhoram a utilidade da informação que é relevante e que é representada com fidedignidade. Vejamos: Comparabilidade As decisões de usuários implicam escolhas entre alternati- vas, como, por exemplo, vender ou manter um investimento, ou investir em uma entidade ou noutra. Consequentemente, a informação acerca de uma entidade será mais útil caso possa ser comparada com informação similar sobre outras entidades e com informação similar sobre a mesma entidade para outro período ou para outra data. Comparabilidade é a caracte- rística qualitativa que permite que os usuários identifiquem e compreendam similaridades dos itens e diferenças entre eles. Verificabilidade A verificabilidade ajuda a assegurar aos usuários que a in- formação representa fidedignamente o fenômeno econômico que se propõe representar. Significa que diferentes observado- res, cônscios e independentes, podem chegar a um consenso. Capítulo 3 A Informação Contábil 49 Tempestividade Tempestividade significa ter informação disponível para to- madores de decisão a tempo de poder influenciá-los em suas decisões. Em geral, a informação mais antiga é a que tem menos utilidade. Compreensibilidade Uma qualidade essencial das informações apresentadas nas demonstrações contábeis é que elas sejam prontamente entendidas pelos usuários. Para esse fim, presume-se que os usuários tenham um conhecimento razoável dos negócios, ati- vidades econômicas e contabilidade e a disposição de estudar as informações com razoável diligência. Todavia, informações sobre assuntos complexos que devam ser incluídas nas de- monstrações contábeis por causa da sua relevância para as necessidades de tomada de decisão pelos usuários não devem ser excluídas em nenhuma hipótese, inclusive sob o pretexto de que seria difícil para certos usuários as entenderem. Assim, o que se almeja é a divulgação de informações claras, mesmo para assuntos complexos. 3.1.3 Custo-Benefício da Informação O custo paragerar a informação é uma restrição, que impede a geração de toda a informação considerada relevante para o usuário. Assim, é necessária a consideração da relação cus- to-benefício da informação, por parte dos órgãos normatiza- dores. 50 Teoria da Contabilidade e Estudos Atuariais 3.2 Elementos das Demonstrações Contábeis Quando iniciamos nossos estudos em contabilidade, possi- velmente na disciplina chama Contabilidade Introdutória, ha- víamos definido o Ativo como o conjunto dos bens e direitos pertencentes a uma entidade, e o Passivo como as obrigações da mesma, estando no Patrimônio Líquido o capital próprio da entidade. Pois bem, agora chegamos em um momento de estudar novamente esses conceitos, porém de maneira mais técnica, conforme estabelecido também na norma NBC TG Estrutura Conceitual – “Estrutura Conceitual para Elaboração e Divul- gação de Relatório Contábil-Financeiro”. Nela, os elementos diretamente relacionados com a mensuração da posição pa- trimonial e financeira são os ativos, passivos e o patrimônio líquido, assim definidos: Ativo é um recurso controlado pela entidade como resul- tado de eventos passados e do qual se espera que resultem futuros benefícios econômicos para a entidade. Se não houver a expectativa de contribuição futura, direta ou indireta, ao caixa da empresa, não existe o ativo. Vamos exemplificar: a empresa ABC comprou uma deter- minada mercadoria. Essa mercadoria atende à definição de ativo? Capítulo 3 A Informação Contábil 51 Vamos ver: 1. É um recurso controlado pela entidade? Sim, pois ela faz o que bem entender dessa mercadoria, cujo título jurídico, a propriedade, lhe pertence. 2. É resultado de evento passado? Sim. O evento passado é a própria compra dessa mercadoria. 3. Espera-se benefício econômico futuro? Sim. Com a venda de mercadoria, se espera que seja gerado lucro para a empresa. Como todos os critérios foram atendidos, a empresa deve- rá registrar essas mercadorias em seu ativo. Passivo é uma obrigação presente da entidade, derivada de eventos passados, cuja liquidação se espera que resulte em saída de recursos capazes de gerar benefícios econômicos. Por exemplo, se temos o montante de R$ 5.000,00 de sa- lários a pagar. Vamos ver se atende aos requisitos de definição de passivo? 1) É uma obrigação presente da entidade? Sim, pois dela pode ser exigida. 2) É derivada de eventos já ocorridos? Sim, pois os funcioná- rios já prestaram serviços. 3) A liquidação dessa dívida será feita por recursos que po- deriam gerar benefícios econômicos? Sim, como a conta caixa, por exemplo. 52 Teoria da Contabilidade e Estudos Atuariais Portanto, nesse caso, o passivo deverá ser reconhecido. Patrimônio Líquido é o valor residual dos ativos da entidade depois de deduzidos todos os seus passivos. Esse conceito vem da equação básica da contabilidade, onde: PL = A – P. Se, hipoteticamente, a empresa vender todos seus ativos para pagar todos os seus passivos, essa diferença é o que so- bra para os sócios, ou seja, o capital próprio. Os elementos referentes à performance/desempenho são as receitas e despesas, que quando confrontadas na apuração do resultado, irão gerar um lucro ou prejuízo para a entidade. Vejamos as definições desses elementos: Receitas são aumentos nos benefícios econômicos durante o período contábil sob a forma de entrada de recursos ou au- mento de ativos ou diminuição de passivos, que resultam em aumentos do patrimônio líquido, e que não sejam provenien- tes de aporte dos proprietários da entidade. Despesas são decréscimos nos benefícios econômicos du- rante o período contábil sob a forma de saída de recursos ou da redução de ativos ou assunção de passivos, que resultam em decréscimo do patrimônio líquido e que não sejam prove- nientes de distribuição de resultado ou de capital aos proprie- tários da entidade. Capítulo 3 A Informação Contábil 53 3.3 Reconhecimento dos Elementos das Demonstrações Contábeis Reconhecimento é o processo que consiste na incorporação ao balanço patrimonial ou à demonstração do resultado de item que se enquadre na definição de elemento e que satisfaça os critérios de reconhecimento estudados anteriormente. Envolve a descrição do item, a mensuração do seu mon- tante monetário e a sua inclusão no balanço patrimonial ou na demonstração do resultado. Os itens que satisfazem os cri- térios de reconhecimento devem ser reconhecidos no balanço patrimonial ou na demonstração do resultado. 3.3.1 Reconhecimento de Ativos Um ativo deve ser reconhecido no balanço patrimonial quan- do for provável que benefícios econômicos futuros dele prove- nientes fluirão para a entidade e seu custo ou valor puder ser mensurado com confiabilidade. Por exemplo, ao comprar uma máquina para produção na empresa. É provável que haja geração de benefícios futuros? Sim! Pela produção de mercadorias. O custo dessa máquina pode ser estimado com seguran- ça? Desde que haja uma nota fiscal de compra e a escrita regular, poderemos tranquilamente. Portanto, os critérios para reconhecimento estão satisfeitos. Diferente é a conta de luz de uma empresa. Não há gera- ção de benefícios futuros, embora o custo possa ser estimado 54 Teoria da Contabilidade e Estudos Atuariais com segurança. Nesse caso, não há que se falar em reconhe- cimento de um ativo. 3.3.2 Reconhecimento de Passivos Um passivo deve ser reconhecido no balanço patrimonial quando for provável que uma saída de recursos detentores de benefícios econômicos seja exigida em liquidação de obriga- ção presente e o valor pelo qual essa liquidação se dará puder ser mensurado com confiabilidade. Uma obrigação com fornecedores, por exemplo, gerará saída de recursos envolvendo benefícios econômicos? Sim, o dinheiro do caixa (esse caixa é um benefício econômico da empresa). Essa mesma obrigação pode ser estimada com segurança? Geralmente, esperamos que sim. Portanto, satisfeitos os requisitos para reconhecimento de um passivo. 3.3.3 Reconhecimento de Receitas A receita deve ser reconhecida na demonstração do resultado quando resultar em aumento nos benefícios econômicos fu- turos relacionado com aumento de ativo ou com diminuição de passivo, e puder ser mensurado com confiabilidade. Isso significa, na prática, que o reconhecimento da receita ocorre simultaneamente com o reconhecimento do aumento nos ati- vos ou da diminuição nos passivos (por exemplo, o aumento líquido nos ativos originado da venda de bens e serviços ou Capítulo 3 A Informação Contábil 55 o decréscimo do passivo originado do perdão de dívida a ser paga). Uma venda de mercadorias, por exemplo, gera uma recei- ta, pelo seguinte lançamento: D – Caixa 1.000,00 C – Receita de vendas 1.000,00 O reconhecimento de uma receita ocorreu, conforme diz a norma, com o aumento de um ativo (o dinheiro que entrou em caixa). Uma receita pode ter origem também com a diminuição de um passivo, como, por exemplo: Na quitação antecipada de uma dívida no valor de R$ 10.000,00 receberemos um desconto de 10%. Caso efetuemos o pagamento antes dessa data, lançare- mos: D – Fornecedores 10.000,00 C – Caixa 9.000,00 C – Descontos obtidos 1.000,00 A conta descontos obtidos é uma receita a ser lançada na demonstração do resultado do exercício. 3.3.4 Reconhecimento de Despesas As despesas devem ser reconhecidas na demonstração do re- sultado quando resultarem em decréscimo nos benefícios eco- 56 Teoria da Contabilidade e Estudos Atuariais nômicos futuros, relacionado com o decréscimo de um ativo ou o aumento de um passivo, e puder ser mensurado com confiabilidade. Isso significa, na prática, que o reconhecimen- to da despesa ocorre simultaneamente com o reconhecimentode aumento nos passivos ou de diminuição nos ativos (por exemplo, a alocação por competência de obrigações traba- lhistas ou da depreciação de equipamento). Por exemplo, no reconhecimento da depreciação de um ativo imobilizado, lançaremos: D – Despesa com depreciação (resultado) C – Depreciação acumulada (redutora do ativo) Essa é a hipótese de reconhecimento de uma despesa com diminuição do ativo. Alternativa e mais comumente, temos o aumento do pas- sivo como contrapartida, como no caso de provisão para sa- lários a pagar, reconhecimento de tributos devidos, provisão para férias, 13º, entre outros. 3.4 Mensuração dos Elementos das Demonstrações Contábeis Mensuração é o processo que consiste em determinar os mon- tantes monetários por meio dos quais os elementos das de- monstrações contábeis devem ser reconhecidos e apresenta- dos no balanço patrimonial e na demonstração do resultado. Capítulo 3 A Informação Contábil 57 Esse processo envolve a seleção da base específica de men- suração. Um número variado de bases de mensuração é empregado em diferentes graus e em variadas combinações nas demons- trações contábeis. Essas bases são as seguintes: a. Custo histórico. Os ativos são registrados pelos mon- tantes pagos em caixa ou equivalentes de caixa ou pelo valor justo dos recursos entregues para adquiri- -los na data da aquisição. Os passivos são registrados pelos montantes dos recursos recebidos em troca da obrigação ou, em algumas circunstâncias (como, por exemplo, imposto de renda), pelos montantes em cai- xa ou equivalentes de caixa que se espera serão ne- cessários para liquidar o passivo no curso normal das operações. b. Custo corrente. Os ativos são mantidos pelos mon- tantes em caixa ou equivalentes de caixa que teriam de ser pagos se esses mesmos ativos ou ativos equiva- lentes fossem adquiridos na data do balanço. Os pas- sivos são reconhecidos pelos montantes em caixa ou equivalentes de caixa, não descontados, que se espera seriam necessários para liquidar a obrigação na data do balanço. c. Valor realizável (valor de realização ou de liquidação). Os ativos são mantidos pelos montantes em caixa ou equivalentes de caixa que poderiam ser obtidos pela sua venda em forma ordenada. Os passivos são man- tidos pelos seus montantes de liquidação, isto é, pe- 58 Teoria da Contabilidade e Estudos Atuariais los montantes em caixa ou equivalentes de caixa, não descontados, que se espera serão pagos para liquidar as correspondentes obrigações no curso normal das operações. d. Valor presente. Os ativos são mantidos pelo valor pre- sente, descontado, dos fluxos futuros de entradas líqui- das de caixa que se espera seja gerado pelo item no curso normal das operações. Os passivos são manti- dos pelo valor presente, descontado, dos fluxos futuros de saídas líquidas de caixa que se espera serão ne- cessários para liquidar o passivo no curso normal das operações. A base de mensuração mais comumente adotada pelas en- tidades na elaboração de suas demonstrações contábeis é o custo histórico. Ele é normalmente combinado com outras ba- ses de mensuração. Por exemplo, os estoques são geralmente mantidos pelo menor valor entre o custo e o valor líquido de realização, os títulos e valores mobiliários negociáveis podem em determinadas circunstâncias ser mantidos a valor de mer- cado, e os passivos decorrentes de pensões são mantidos pelo seu valor presente. Ademais, em algumas circunstâncias, de- terminadas entidades usam a base de custo corrente como res- posta à incapacidade de o modelo contábil de custo histórico enfrentar os efeitos das mudanças de preços dos ativos não monetários. Exemplificando: suponha que a mercadoria x tenha sido adquirida, a prazo, por R$ 100,00, na data de 28 de agos- to, mas à data do balanço patrimonial, em 31 de dezembro, Capítulo 3 A Informação Contábil 59 valesse R$ 90,00, pudesse ser vendida para terceiros hoje, em 28 de agosto, por R$ 95,00. Caso a mercadoria não fos- se comprada a prazo, pagaríamos por ela o montante de R$ 80,00, ou seja, há R$ 20,00 de juros embutidos na operação. Vamos tentar juntos identificar os valores de custo histórico, corrente, valor realizável líquido e valor presente desse exem- plo. O custo histórico é o valor pelo qual a mercadoria foi ad- quirida, ou seja, R$ 100,00. O custo corrente é o valor que pagaríamos por essa mer- cadoria à data do balanço, isto é, R$ 90,00. O valor realizável líquido é o valor pelo qual esse produto pode ser vendido a terceiros, que, no caso, é R$ 95,00. O valor presente é o valor que eu pagaria por essa merca- doria hoje livre de juros, isto é, R$ 80,00. Recapitulando Neste capítulo, foi abordada uma reflexão sobre algumas qua- lidades ou características que devem possuir as informações contábeis, sendo as fundamentais a relevância e a representa- ção fidedigna, e as de melhorias: compreensibilidade, verifica- bilidade, confiabilidade e comparabilidade. Também vimos definições importantes de ativos, passivos, receitas e despesas, e formas de mensuração desses elementos 60 Teoria da Contabilidade e Estudos Atuariais que pode ser através do custo histórico, custo corrente, valor realizável ou valor presente. Referências CONSELHO FEDERAL DE CONTABILIDADE. Resolução CFC nº 1.374, de 08 de dezembro de 2008. Atividades 1) A Resolução nº 1.374/11 do Conselho Federal de Con- tabilidade aprovou a primeira revisão do Pronunciamento Conceitual Básico que dispõe sobre a Estrutura Conceitual para Elaboração e Divulgação de Relatório Contábil-fi- nanceiro. A referida resolução aprovou as características qualitativas de melhoria. Assinale a alternativa que não é considerada uma característica qualitativa de melhoria. a) Comparabilidade. b) Verificabilidade. c) Tempestividade. d) Relevância. e) Compreensibilidade. 2) De acordo com a Estrutura Conceitual para Elaboração e Divulgação de Relatório Contábil-Financeiro, existem Capítulo 3 A Informação Contábil 61 características qualitativas da informação contábil finan- ceira útil. A informação contábil-financeira, capaz de fa- zer diferença nas decisões que possam ser tomadas pelos usuários e que possa ser capaz de fazer diferença em uma decisão mesmo no caso de alguns usuários decidirem não a levar em consideração, ou já tiverem tomado ciência de sua existência por outras fontes, tem como característica qualitativa fundamental a: a) materialidade; b) representação fidedigna; c) relevância; d) comparabilidade; e) tempestividade. 3) Os elementos diretamente relacionados com a mensura- ção da posição patrimonial e financeira são os ativos, pas- sivos o patrimônio líquido. A correta definição é: a) ativo é um recurso controlado pela entidade como re- sultado de eventos futuros, e do qual se espera fluam futuros benefícios econômicos para a entidade; b) passivo é uma obrigação presente da entidade, deri- vada de eventos passados cuja liquidação se espera que resulte na saída de recursos da entidade capazes de gerar benefícios econômicos; c) patrimônio líquido é o interesse residual nos ativos de- pois de acrescidos todos os seus passivos; 62 Teoria da Contabilidade e Estudos Atuariais d) ativo são prováveis benefícios econômicos futuros ob- tidos ou controlados por uma entidade em particular como um resultado de transações ou eventos futuros; e) passivo compreende as aplicações de recursos repre- sentados pelas obrigações para com terceiros. 4) Analise as alternativas abaixo, em relação a ativo e passi- vo, e assinale a alternativa que NÃO está correta. a) Ao avaliar se um item se enquadra na definição de ativo ou passivo, deve-se atentar para a sua essência e realidade econômica e não apenas sua forma legal. b) Ativo
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