Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
CAPÍTULO 4 Gestão Financeira da escola A partir da perspectiva do saber fazer, neste capítulo você terá os seguintes objetivos de aprendizagem: 3 Conhecer sobre o processo de descentralização dos recursos financeiros; 3 Identificar programas federais e os recursos destinados diretamente para escola; 3 Reconhecer a importância do Programa Dinheiro Direto na Escola PDDE e dos Conselhos escolares para o âmbito educacional; 3 Descrever alternativas de gestão de recursos financeiros na escola. 96 Políticas e Gestão Educacional 97 Gestão Financeira da escola Capítulo 4 contextualização Para iniciarmos as reflexões deste capítulo, trazemos o conceito de gestão financeira, a qual cabe a análise e decisão sobre os meios financeiros necessários a uma organização, ou seja, integra a utilização de recursos. Desse modo, no contexto educacional, a gestão financeira tem basicamente os mesmos princípios, resguardando-se as especificidades. No que se refere ao financiamento de recursos, existem os instrumentos legais previstos pela Constituição Federal/88 e LDBN 9394/96, que regem a gestão e distribuição de recursos. No capítulo precedente abordamos a importância de uma escola democrática, além do papel do conselho escolar e refletimos sobre os indicadores educacionais. Neste capítulo, além de tratarmos da descentralização de recursos, identificaremos os programas federais e os recursos destinados diretamente para escola, como por exemplo o Programa Dinheiro Direto na Escola, bem como alternativas de gestão de recursos financeiros no âmbito escolar. descentralização O Governo Federal implantou a descentralização com a criação do Programa de Manutenção e Desenvolvimento do Ensino Fundamental- PMDE, no ano de 1995, e posteriormente o que denominamos de Programa Dinheiro Direto na Escola - PDDE. A descentralização financeira é a transferência de recursos entre uma unidade gestora e suas beneficiárias. Dessa maneira, a escola ganha a condição de determinar em que e como gastar a verba, a parceria com a comunidade é fortalecida, sendo que um dos critérios para o repasse de recursos é a transparência. O Programa Dinheiro Direto na Escola é regido pela Lei n° 11.947, de 16 de junho de 2009, cujos recursos provenientes são repassados às Entidades Executoras, sem fins lucrativos, instituída por iniciativa da escola. Já a Resolução nº 3, de 1° de abril de 2010, dispõe sobre os processos de adesão e habilitação e as formas de execução e prestação de contas e dá outras providências. 98 Políticas e Gestão Educacional A descentralização visa a autonomia administrativa e financeira na execução das ações. LDBN 9394/96, no Art. 15, estabelece que [...] os sistemas de ensino assegurarão às unidades escolares públicas de educação básica que os integram progressivos graus de autonomia pedagógica e administrativa e de gestão financeira, observadas as normas gerais de direito financeiro público. A Lei de Diretrizes da Educação Básica – LDBN 9394/96, no Art. 15, estabelece que [...] os sistemas de ensino assegurarão às unidades escolares públicas de educação básica que os integram progressivos graus de autonomia pedagógica e administrativa e de gestão financeira, observadas as normas gerais de direito financeiro público. Desse modo, a escola passa a ter certo grau de autonomia, ainda que parcial, devendo expandir progressivamente até o seu pleno funcionamento, nas suas dimensões. Nesse sentido, o conselho escolar, que é formalizado dentro da escola com a participação de todos os segmentos, deve ser o maior aliado do gestor na construção dessa autonomia financeira. “O objetivo da educação pública é, portanto, promover autonomia” (HADDAD, 2008, p.46). Autonomia é a capacidade do indivíduo de tomar decisões próprias, analisar e avaliar uma situação. A política de descentralização do MEC começa pelo PDE- Plano de Desenvolvimento da Educação e pelo FNDE- Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação – os quais compreendem as metas e os programas destinados à Educação. Ambos executam as ações e políticas públicas de descentralização, tanto de recursos como de orientação dos eixos norteadores da Educação Básica, Superior, Profissional e Alfabetização. A descentralização visa a autonomia administrativa e financeira na execução das ações. Para isso, as instituições de ensino devem seguir alguns princípios como: definição de prioridades, cálculo correto dos gastos, elaboração do orçamento geral, prestação de contas transparente e comprovação de gastos. Estudos futuros: veremos cada um desses princípios mais adiante. 99 Gestão Financeira da escola Capítulo 4 A escola pública, como unidade executora, deve levar em conta os 5 (cinco) princípios, os quais são estabelecidos no art. 37 da Constituição Federal de 1988, e que regem a administração pública, sendo estes: legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência. Para a sua administração, a escola cria um conselho representativo e delibera sobre a aplicação. É importante uma gestão financeira consciente e comprometida com a realidade escolar, e que o gestor a perceba como uma de suas competências. A escola pública, como unidade executora, deve levar em conta os 5 (cinco) princípios, os quais são estabelecidos no art. 37 da Constituição Federal de 1988, e que regem a administração pública, sendo estes: legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência. Vamos conhecer, com mais detalhes cada um destes 5 princípios!!! • Legalidade: estar de acordo com o que prescreve a lei. Quando esse princípio não é observado o gestor escolar está praticando atos sem validade e se expondo à responsabilidade disciplinar, civil ou criminal, dependendo do caso. • Moralidade: pressupõe a aplicação de um conjunto de regras de correta administração com predomínio da ética, em sintonia com a lei e de interesse público. • Impessoalidade: “Os atos devem atender aos interesses da comunidade, de forma Impessoal”. (MOREIRA, 2008, p. 23). • Publicidade: a aplicação dos recursos financeiros deve ser divulgada o mais amplamente possível. • Eficiência: este princípio faz menção à aplicação dos recursos de maneira eficiente, fazer o máximo e melhor. No que se refere à descentralização dos recursos, o Ministério da Educação lançou o Plano de Ações Articuladas – PAR - cujas informações transcreveremos na íntegra: AVISO A partir da edição da Lei Ordinária nº 12.695/2012, a União, por meio do Ministério da Educação, está autorizada a transferir recursos aos estados, aos municípios e ao Distrito Federal, com a finalidade de prestar apoio financeiro à execução das ações do Plano de Ações Articuladas (PAR), sem a necessidade de firmar convênio, ajuste, acordo ou contrato. Dessa forma, o Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE) passa a utilizar o termo de compromisso para 100 Políticas e Gestão Educacional executar a transferência direta, prevista na referida lei, para a implementação das ações pactuadas no PAR, considerando as seguintes dimensões do plano: I. Gestão Educacional; II. Formação de Profissionais de Educação; III. Práticas Pedagógicas e Avaliação; e, IV. Infraestrutura e Recursos Pedagógicos. A assistência financeira, ora mencionada, é concedida segundo os critérios técnicos estabelecidos para o PAR e regulamentada segundo a Resolução CD/FNDE Nº 14, de 8 de junho de 2012. Em atenção à Lei nº 11.578, de 26 de novembro de 2007, o FNDE compromete-se a apoiar as ações relativas ao PAC 2 – Educação, especificamente para as ações abaixo descritas: I. Proinfância – construção de unidades de educaçãoinfantil; II. Construção de quadras escolares; e, III. Cobertura de quadras escolares. A Resolução CD/FNDE Nº 13, de 8 de junho de 2012, disciplina os critérios da transferência automática no âmbito do PAC 2 – Educação para a qual o FNDE utiliza, como instrumento de pactuação, o termo de compromisso com entes federados. Em atendimento à Lei nº 12.527/2011 e a fim de dar transparência aos procedimentos de transferências automáticas, esta autarquia disponibilizará no seu portal todas as informações constantes dos termos de compromissos. Fonte: BRASIL. Plano de Ações Articuladas (PAR). Disponível em: <http://www.fnde.gov.br/programas/par/ par-apresentacao>. Acesso em: 24 dez. 2012. 101 Gestão Financeira da escola Capítulo 4 O Plano de Desenvolvimento da Educação – PDE - condicionou a descentralização de recursos à assinatura, pelos estados, Distrito Federal e municípios, do plano de metas Compromisso Todos pela Educação. Com o exposto, percebe-se que o Plano de Desenvolvimento da Educação – PDE - condicionou a descentralização de recursos à assinatura, pelos estados, Distrito Federal e municípios, do plano de metas Compromisso Todos pela Educação. Dessa maneira, ao assinar a adesão, todos os 5.563 municípios, os 26 estados e o Distrito Federal devem elaborar o Plano de Ações Articuladas - PAR. Trata-se, portanto de um planejamento da política de educação, coordenado pelas secretarias municipal e estadual de educação, elaborado com a participação de gestores, de professores e da comunidade local. Para entender melhor esse plano de metas, apresentamos um texto de autoria de Fernando Haddad, que reflete sobre questões ligadas à Educação e suas políticas. O PLANO DE METAS: PLANEJAMENTO E GESTÃO EDUCACIONAL Esse padrão de relacionamento requer instrumentos jurídicos que permitam inaugurar um novo regime de colaboração. Um compromisso fundado em diretrizes e consubstanciado em um plano de metas concretas, efetivas, voltadas para a melhoria da qualidade da educação. Logo após a divulgação dos resultados da Prova Brasil, em 2006, dois estudos foram realizados em parceria com organismos internacionais, em escolas e redes de ensino cujos alunos demonstraram desempenho acima do previsto, consideradas variáveis socioeconômicas. O objetivo central dos estudos era identificar um conjunto de boas práticas às quais poderia ser atribuído o bom desempenho dos alunos. Essas boas práticas foram traduzidas em 28 diretrizes que orientam as ações do Plano de Metas Compromisso Todos pela Educação, programa estratégico do PDE. Estabelecer como foco a aprendizagem; alfabetizar as crianças até, no máximo, os oito anos de idade; acompanhar cada aluno da rede individualmente; combater a repetência, por estudos de recuperação ou progressão parcial; combater a evasão; ampliar a jornada; fortalecer a inclusão educacional das pessoas com deficiência; promover a educação infantil; instituir programa de formação e implantar plano de carreira, cargos e salários para os profissionais da educação; valorizar o mérito do trabalhador da educação; fixar regras claras, considerados mérito e desempenho, 102 Políticas e Gestão Educacional para nomeação e exoneração de diretor de escola; promover a gestão participativa na rede de ensino; fomentar e apoiar os conselhos escolares etc. Tais diretrizes foram desdobradas de evidências empíricas que as legitimam. E a adesão ao Plano de Metas significa mais do que o reconhecimento dessas diretrizes. Significa o compromisso dos gestores municipais com sua concretização no plano local. O Plano de Metas, por sua vez, agrega ingredientes novos ao regime de colaboração, de forma a garantir a sustentabilidade das ações que o compõem. Convênios unidimensionais e efêmeros dão lugar aos planos de ações articuladas (PAR), de caráter plurianual, construídos com a participação dos gestores e educadores locais, baseados em diagnóstico de caráter participativo, elaborados a partir da utilização do Instrumento de Avaliação de Campo, que permite a análise compartilhada do sistema educacional em quatro dimensões: gestão educacional, formação de professores e dos profissionais de serviço e apoio escolar, práticas pedagógicas e avaliação e infraestrutura física e recursos pedagógicos. O PAR é, portanto, multidimensional e sua temporalidade o protege daquilo que tem sido o maior impeditivo do desenvolvimento do regime de colaboração: a descontinuidade das ações, a destruição da memória do que foi adotado, a reinvenção, a cada troca de equipe, do que já foi inventado. Em outras palavras, a intermitência. Só assim se torna possível estabelecer metas de qualidade de longo prazo para que cada escola ou rede de ensino tome a si como parâmetro e encontre apoio para seu desenvolvimento institucional. Além da atuação na rede de ensino, o PDE permitirá uma incidência ainda mais específica: permitirá que o Poder Público, com base no IDEB, atue nas escolas mais fragilizadas. Trata-se do Plano de Desenvolvimento da Escola (PDE-Escola), antiga ação do Ministério da Educação que, de abrangência restrita, ganhou escala nacional. O PDE -Escola é uma ação de melhoria da gestão escolar fundamentada centralmente na participação da comunidade. No PDE - Escola, a comunidade escolar é diretamente envolvida em um plano de autoavaliação que diagnostica os pontos frágeis da escola e, com base nesse diagnóstico, traça um plano estratégico orientado em quatro dimensões: gestão, relação com a comunidade, projeto pedagógico e infraestrutura. O plano estratégico define metas e objetivos e, se for o caso, identifica a necessidade de aporte financeiro suplementar. 103 Gestão Financeira da escola Capítulo 4 Por fim, o SAEB ganhou contornos de sistema de avaliação, que se constitui, num primeiro momento, da combinação dos resultados da avaliação universal de desempenho escolar (Prova Brasil) com o rendimento escolar real (Educacenso). Não se compreende o novo desenho do SAEB, entretanto, se não se considera o Instrumento de Avaliação de Campo, formulado a partir das 28 diretrizes do Plano de Metas Compromisso Todos pela Educação. O SAEB, nos moldes atuais, ao estabelecer nexos entre seus três elementos constituintes, rompe com a visão fragmentada de avaliação e passa a orientar o apoio financeiro da União (transferências voluntárias) e o apoio técnico do Ministério da Educação aos sistemas educacionais (gestão educacional). Avaliação, financiamento e gestão se articulam de maneira inovadora e criam uma cadeia de responsabilização pela qualidade do ensino que abrange tanto os gestores, do diretor ou da diretora da escola ao Ministro da Educação, quanto a classe política, do prefeito ou da prefeita ao Presidente da República. Fonte: HADDAD Fernando. O Plano de Desenvolvimento da Educação: razões, princípios e programas. MEC, 2007, p. 27. Atividade de Estudos: 1) Conforme o texto apresentado, o Plano de Metas Compromisso Todos pela Educação, um programa estratégico do PDE, possui várias finalidades. Quais são elas? ________________________________________________ ________________________________________________ ________________________________________________ ________________________________________________ ________________________________________________ ________________________________________________ ________________________________________________ ________________________________________________ ________________________________________________ ________________________________________________ ________________________________________________ ________________________________________________ ________________________________________________ 104Políticas e Gestão Educacional identiFicando e Planejando os recursos Financeiros da escola O Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação é o órgão responsável pela captação e distribuição de recursos financeiros a programas destinados ao Ensino. Ao financiar e executar esses programas, o FNDE beneficia milhões de estudantes e contribui para um ensino de qualidade nas escolas públicas. Para a compreensão das ações dessa autarquia, elencamos os demais programas conforme apresentado pelo FNDE. FUNDO NACIONAL DE DESENVOLVIMENTO DA EDUCAÇÃO - FNDE • PNA - Programa Nacional de Alimentação Escolar: criado com o intuito de garantir os recursos financeiros para a alimentação escolar a alunos de instituições públicas e filantrópicas de Educação Infantil (creches e pré-escolas), Ensino Fundamental e Educação Indígena. • PNBE - Programa Nacional Biblioteca da Escola: tem como objetivo a aquisição e a distribuição de livros de Literatura brasileira, estrangeira, infanto-juvenil e clássica, de pesquisa, de referência e de outros materiais de apoio — como atlas, enciclopédias, globos e mapas — para as escolas do Ensino Fundamental da rede pública. • PROGRAMA BRASIL ALFABETIZADO: criado em 2003, tem como meta eliminar o analfabetismo no País. É coordenado pelo Ministério da Educação, que repassa recursos para que as instituições possam desenvolver a tarefa de ensinar a ler e escrever, além de acompanhar e avaliar todas as ações dos conveniados. • PROGRAMA DE APOIO AOS SISTEMAS DE ENSINO PARA ATENDIMENTO À EDUCAÇÃO DE JOVENS E ADULTOS: os subsídios deste programa servem exclusivamente para assistência financeira para aquisição de livro didático destinado aos alunos adultos; contratação temporária de professores quando necessária a ampliação do quadro; formação continuada de docentes; e aquisição de gêneros alimentícios. 105 Gestão Financeira da escola Capítulo 4 • ESCOLA ABERTA: tem o objetivo de promover melhorias na qualidade da educação do país, ampliando as oportunidades de acesso a atividades educativas, culturais, esportivas, de lazer e de geração de renda por meio da abertura de escolas públicas nos fins de semana. PNLD – Programa Nacional do Livro Didático e PNLEM - Programa Nacional do Livro Didático para o Ensino Médio: visam distribuir gratuitamente obras didáticas para todos os alunos do Ensino Fundamental e Médio da rede pública de ensino. • PROMED - Programa de Melhoria e Expansão do Ensino Médio: tem como meta melhorar a qualidade e a eficiência do ensino médio, expandir sua cobertura e garantir maior equidade social. • PNATE - Programa Nacional de Apoio ao Transporte do Escolar: promove, mediante contribuições financeiras para municípios e organizações não-governamentais, a aquisição de veículos automotores, zero quilômetro, destinados ao transporte diário de estudantes de escolas públicas de Ensino Fundamental residentes em áreas rurais e de instituições de Ensino Fundamental que atendam a alunos com necessidades educacionais especiais. • PROINFÂNCIA - Programa Nacional de Reestruturação e Aparelhagem da Rede Escolar Pública de Educação Infantil: faz parte de uma das ações do Plano de Desenvolvimento da Educação (PDE) do Ministério da Educação. Os recursos são destinados à construção, melhoria da infraestrutura, reestruturação e aquisição de equipamentos e mobiliários para creches e pré-escolas públicas da Educação Infantil. Fonte: Disponível em: <http://www.fnde.gov.br>. Acesso em: 07 nov. 2012. 106 Políticas e Gestão Educacional A transferência é via conta corrente do Conselho Escolar da Unidade Executora, que utilizará o recurso de acordo com as decisões da comunidade. Atividade de Estudos: 1) Com base no que foi exposto, qual o objetivo do Governo Federal em implantar a descentralização de recursos para a Educação? ________________________________________________ ________________________________________________ ________________________________________________ ________________________________________________ ________________________________________________ ________________________________________________ ________________________________________________ ________________________________________________ ________________________________________________ ________________________________________________ ________________________________________________ ________________________________________________ ________________________________________________ ________________________________________________ ________________________________________________ o Pdde e o conselho escolar: alternativas de Gestão de recursos Financeiros O Programa Dinheiro Direto na Escola – PDDE – existe desde 1995 e faz parte dos recursos do Ministério da Educação repassados pelo Fundo Nacional para o Desenvolvimento da Educação – FNDE diretamente às escolas estaduais e municipais do ensino fundamental com mais de 20 (vinte) alunos matriculados, além de escolas de educação especial. Os recursos são transferidos independentemente de convênio, de acordo com o número de alunos informados no Censo Escolar do ano anterior ao do repasse. A transferência é via conta corrente do Conselho Escolar da Unidade Executora, que utilizará o recurso de acordo com as decisões da comunidade. O Programa Dinheiro Direto na Escola (PDDE) é destinado às esferas federal, municipal e estadual de governo e também à comunidade escolar. Esta desenvolve ações com vistas à melhoria da infraestrutura física, pedagógica e à gestão escolar, contribuindo para elevar os índices de desempenho da educação básica. São, portanto, recursos que podem ser aplicados na 107 Gestão Financeira da escola Capítulo 4 aquisição de material permanente e de consumo; manutenção, conservação e pequenos reparos; capacitação e aperfeiçoamento de professores, dentre outros projetos. “O PDDE é um importante meio para que a escola consiga resolver rapidamente pequenos problemas de infraestrutura, de falta de equipamentos e recursos pedagógicos. Além disso, favorece a discussão sobre quais são as prioridades da escola” (HADDAD, 2007, p. 65). ENTENDENDO O PDE ESCOLA ... Diferentemente do PDDE que contempla todas as unidades públicas, o PDE Escola é um programa de apoio à gestão escolar, baseado no planejamento participativo. Para as escolas priorizadas pelo programa, o MEC repassa recursos financeiros visando apoiar a execução de todo ou de parte do seu planejamento. O PDE Escola surgiu através do Fundescola, cujo objetivo era melhorar a gestão escolar, a qualidade do ensino e a permanência das crianças na escola. Naquele momento, o então Plano de Desenvolvimento da Escola era constituído de um programa que previa realização de um planejamento estratégico. Em 2006, após a divulgação dos resultados da primeira rodada do IDEB, o Ministério da Educação entendeu que seria necessário criar um mecanismo que envolvesse diretamente as escolas com os IDEBs frágeis, optando-se então pela adoção do PDE Escola. A principal alteração foi a mudança no critério de definição do público-alvo, foi a adoção do IDEB como parâmetro, o que significou incluir todas as escolas públicas que se enquadrassem nos critérios definidos. A expansão do PDE Escola envolveu a mobilização de diversos atores, em especial das secretarias de educação estaduais e municipais. [...] Os recursos são repassados por dois anos consecutivos e destinam-se a auxiliar a escola na implementação das ações indicadas nos planos validados pelo MEC. Os valores, transferidos para as Unidades Executoras das escolas são definidos em função do número de matrículas do Censo Escolar do ano anterior, variando de acordo com as faixas definidas nasResoluções publicadas pelo FNDE. A ferramenta utilizada pelas escolas para realizar o seu planejamento é o PDE Interativo, um módulo disponível no SIMEC. 108 Políticas e Gestão Educacional É necessário que o gestor conheça na íntegra a situação da escola e de seu entorno. O PDE Interativo foi desenvolvido com base na metodologia do PDE Escola, mas a partir de 2012 todas as escolas públicas do país poderão utilizá-lo – mesmo aquelas que não foram priorizadas pelo PDE Escola, ou seja, que não receberão recursos federais desse programa. O PDE Interativo vem atender às solicitações encaminhadas por diversas secretarias de educação que desejavam utilizar a metodologia de planejamento do PDE Escola em toda a sua rede, independente do repasse de recursos federais. Fonte: Disponível em: <http://pdeescola.mec.gov.br/index.php? option=com_content&view=article&id=51&Itemid=2>. Acesso em: 08 nov.2012. Gestão Financeira: comPetência da escola Pública A autonomia faz menção aos recursos financeiros que chegam a escola, quer do Governo Federal ou aqueles angariados com promoções da comunidade local, sendo de responsabilidade da gestão a manutenção e o bom funcionamento, da escola, dentro desse processo de descentralização. É necessário que o gestor conheça na íntegra a situação da escola e de seu entorno. Primeiramente, do que a escola dispõe em recursos financeiros e de quanto necessita. Depois, conhecer a economia da comunidade, para identificar as possíveis fontes alternativas. Tais fontes podem estar ligadas aos pais de alunos, ao comércio local, a indústrias, agentes comunitários, visando à parceira. Esse diagnóstico da escola e do contexto comunitário facilita ao gestor a captação de recursos privados, que, somados aos públicos, favorecem a realização do trabalho educativo. A aplicação de recursos financeiros na escola está veiculada às diretrizes que orientam o sistema de administração pública. É preciso observar o que estabelece a legislação de financiamento de ensino, e as normas de transferência e aplicação de recursos. Desse modo os programas federais determinam critérios para as transferências e a aplicação dos recursos financeiros e dependem de um plano. Desse modo, o gestor pode realizar de forma eficaz a gestão financeira 109 Gestão Financeira da escola Capítulo 4 da sua unidade escolar. Além disso, é preciso atenção nos procedimentos de acompanhamento e supervisão, para que os recursos orçamentários e financeiros sejam utilizados corretamente de acordo com o plano de aplicação. Atividade de Estudos: 1) O PDE Escola é mais um programa de apoio à gestão escolar, baseado no planejamento participativo. Qual é o parâmetro utilizado pelo MEC para a transferência de recursos? ________________________________________________ ________________________________________________ ________________________________________________ ________________________________________________ ________________________________________________ ________________________________________________ ________________________________________________ ________________________________________________ ________________________________________________ ________________________________________________ ________________________________________________ Posteriormente serão explanados os itens que devem ser previstos no plano de aplicação dos recursos financeiros. A prestação de contas deve ser efetuada com especial atenção aos cheques emitidos, às notas fiscais de gastos realizados e aos recibos de serviços prestados, pois constituem o registro da gestão financeira realizada. Para isso, o gestor deve acompanhar e arquivar para a prestação de contas. Em todas as compras deve ser exigida a nota fiscal de venda ao consumidor ou a nota fiscal de serviços. A nota fiscal deve conter o nome da pessoa que atesta o recebimento, RG, CPF e assinatura do mesmo. O pagamento será feito com cheque nominal e cruzado. 110 Políticas e Gestão Educacional É função do gestor compreender a escola como parte do sistema, e que a prestação contas das despesas que foram realizadas com recursos públicos é parte integrante. Já com relação à prestação de contas de recursos financeiros captados no setor privado, a escola deve atender aos critérios estabelecidos pela instituição que os financiou. Nessa perspectiva, a comunidade escolar também deve ter conhecimento de todas as despesas realizadas e de todas as aplicações feitas em benefício da escola. A participação do Conselho Deliberativo Escolar é primordial, devendo estar atento à prestação de contas e em consonância com o gestor, mediador deste processo, que apresenta o valor dos recursos recebidos e com o que foi gasto. Por isso, a importância de se manter a organização e o compromisso em todos os procedimentos financeiros da escola. Atividade de Estudos: 1) Em relação à prestação de contas dos recursos transferidos à escola, sejam eles públicos ou privados, qual deve ser a postura do gestor? ________________________________________________ ________________________________________________ ________________________________________________ ________________________________________________ ________________________________________________ ________________________________________________ ________________________________________________ ________________________________________________ ________________________________________________ ________________________________________________ ________________________________________________ ________________________________________________ ________________________________________________ ________________________________________________ ________________________________________________ ________________________________________________ ________________________________________________ ________________________________________________ ________________________________________________ ________________________________________________ ________________________________________________ 111 Gestão Financeira da escola Capítulo 4 O diretor da escola, não está sozinho, e não deve administrar sozinho, mas pensar processos de organização e mecanismos de participação da comunidade escolar: juntamente com supervisores, vice- diretor, professores, pais, merendeiras... somando-se a outras entidades representativas da escola. como Gerenciar os recursos Financeiros na escola? Para Paro (1997, p. 10 -11), [...] conferir autonomia à escola deve consistir em conferir poder e condições concretas para que ela alcance objetivos educacionais articulados com os interesses das camadas trabalhadoras. E isso não acontecerá jamais por concessão espontânea dos grupos no poder. Essa autonomia, esse poder, só se dará como conquista das camadas trabalhadoras. Por isso é preciso, com elas, buscar a reorganização da autoridade no interior da escola. Pensar em autonomia da escola para gerenciar recursos financeiros nos remete a pensar em descentralização financeira, em gestão democrática da escola pública, como espaços articulados de construção diária. A democracia como uma estratégia de gestão e de adaptação da escola às condições do contexto em que está inserida viabiliza uma maior agilidade no atendimento das fragilidades da comunidade. A autonomia da escola pode ser adotada como uma técnica de gestão, não podendo ser imposta às escolas, mas como uma possibilidade para se alcançar os objetivos propostos. Quando falamos em autonomia, estamos defendendo a possibilidade de pensar coletivamente, de administrar independentemente, ter a liberdade de planejar as ações e construir o projeto-político-pedagógico,retratando a cara da instituição. Porém, autonomia é um conceito relacional, ou seja, tem momentos em que somos mais ou menos autônomos, podendo ser autônomos em algumas coisas e em outras não. O diretor da escola, não está sozinho, e não deve administrar sozinho, mas pensar processos de organização e mecanismos de participação da comunidade escolar: juntamente com supervisores, vice-diretor, professores, pais, merendeiras... somando-se a outras entidades representativas da escola, tais como a Caixa Escolar, a Associação de Pais e Mestres (APM), o Conselho Escolar (CE) ou outro órgão similar a estes, desde que representem, juridicamente, os estabelecimentos públicos. A partir da constituição dessas entidades, o MEC lança mão de uma estratégia de cooptação dos membros da comunidade escolar na implementação de uma política de descentralização financeira, argumentando a participação decisiva destes membros na aplicação e controle do dinheiro público em direção à melhoria da qualidade do ensino. 112 Políticas e Gestão Educacional Atividade de Estudos: 1) Reflita sobre a imagem a seguir e a afirmação: “educação é um ato coletivo”. [...] ninguém educa ninguém e ninguém se educa sozinho. A educação deve ser um ato coletivo, solidário – um ato de amor, não pode ser imposta. Educar é uma tarefa de trocas entre pessoas e, se não pode ser nunca feita por um sujeito isolado [...] Há sempre educadores-educandos e educandos-educadores. De lado a lado se ensina. De lado a lado se aprende (BRANDÃO, 2006, p. 21-22). Figura 27 – Trabalho colaborativo Fonte: Disponível em: <http://coworking-farialima.com.br /2011/04/coworking-colaboracao-nao-e-apenas-reducao- de-custo/#begin>. Acesso em: 20 jan. 2013. Agora, registre sua opinião sobre a importância da participação social na escola para a elevação da qualidade do ensino. ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ 113 Gestão Financeira da escola Capítulo 4 Para definir as prioridades é preciso ter uma visão geral das necessidades da escola. A participação social na escola, segundo pesquisas, tem se mostrado como importante mecanismo de elevação da qualidade do ensino e o PDDE reforça tal participação. A aderência, o engajamento e a aprovação do PDDE pela comunidade escolar convertem o programa de governo em uma ação da sociedade (BRASIL, 2002, p. 224). Como pessoa jurídica, essas entidades possuem autonomia para exercer direitos e contrair obrigações com os recursos recebidos de órgãos governamentais, de entidades públicas e privadas, doações e outros. Para tanto, necessitam respeitar algumas etapas: Figura 28 - Etapas de gerenciamento de prioridades Fonte: As autoras. a) Definir Prioridades Para definir as prioridades é preciso ter uma visão geral das necessidades da escola, para não ficar somente “apagando incêndios”. É necessário a efetivação do Conselho Escolar nas Unidades de Ensino, para obter uma representação do todo escolar com reuniões de representantes de professores, funcionários, equipe gestora, estudantes, pais e comunidade para definir prioridades. RECURSOS FINANCEIROS DA ESCOLA E O CONSELHO ESCOLAR: PLANEJAMENTO PARTICIPATIVO E ESTABELECIMENTO DE PRIORIDADES A escola é instituição social criada pelos homens tendo como objetivo a for mação humana, a socialização dos saberes construídos historicamente, como também a construção de novos saberes. Para atingir os objetivos para os quais foi criada, a escola 114 Políticas e Gestão Educacional precisa, por meio dos atores nela envolvidos, planejar suas ações e estabelecer prioridades para que possa desenvolver as ações planejadas e cumprir a finalidade para qual foi criada. A educação, se entendida como a apropriação da cultura, historicamente produzida pelo homem, e a escola, enquanto locus privilegiado de produção sistematizada do saber, precisam ser organizadas no sentido de que suas ações, que devem ser eminentemente educativas, atinjam os objetivos da instituição de formar sujeitos concretos, ou seja, sujeitos que tenham condições de par ticipar crítica e criativamente da sociedade em que estão inseridos. Assim, a escola, enquanto instituição dotada de especificidades que tem como principal objetivo a formação de sujeitos, deve ter a sua gestão pautada nessa especifi cidade, não devendo perder de vista que a sua administração é dotada de um caráter eminentemente político-pedagógico. Se o princípio básico da administração ou gestão é a coerência entre meios e fins, a forma de gestão da instituição escolar não deve divergir das finalidades estabelecidas. Isso significa que se a escola é o espaço privile giado de formação humana e socialização do saber sistematizado e que a construção desse saber pressupõe a participação de todos os sujeitos en volvidos no processo educativo, como condição básica para que a formação se concretize, a gestão dessa instituição precisa ser transparente, contando com a participação de todos. Para que esse processo seja consolidado, é fundamental que sejam cria dos mecanismos de participação, tornando a gestão mais democrática, que as prioridades sejam estabelecidas pelo conjunto daqueles que participam direta e indiretamente da comunidade local e escolar e que as ações sejam planejadas coletivamente. Isso quer dizer que o coletivo da escola deve participar da definição das prioridades, dos objetivos e de como eles serão atingidos, quais os recursos disponíveis para se alcançar esses objetivos, como e onde as verbas recebidas pela escola serão aplicadas e o que pode ser feito para alocação de novas verbas. Nessa perspectiva, o planejamento “é o processo mediante o qual procura-se definir claramente o que fazer e como fazer, visando à utilização racional dos recursos disponíveis para que, com eficiência, eficácia, efetividade e humanização, os objetivos pretendidos possam ser atingidos” (PÓLLO, 2000, p. 444). Para que esse processo se efetive, é necessário que o 115 Gestão Financeira da escola Capítulo 4 estabelecimento das prioridades e o planejamento das ações contem com a participação do público interessado nos seus resultados. No caso da escola, esse público é formado por professores e demais servidores administrativos, equipe gestora, estudantes, pais e comunidade em geral. O planejamento participativo visa não só democra tizar as decisões, mas, fundamentalmente, estabelecer o que é prioritário para os atores envolvidos e constitui-se um ato de cidadania, na medida em que esse processo possibilita a definição da concepção de homem, de educação e de mundo com os quais a escola deve trabalhar. Fonte: Dourado (2006, p. 58 – 60). Como o planejamento participativo visa elencar as prioridades, faz-se necessário pensar o que é imprescindível para o momento e para o futuro: • Investir em materiais? • Obras de reparo? • Formação de professores? As respostas e opiniões das pessoas envolvidas formam uma lista e cada item ganha uma ordem de urgência antes da distribuição dos recursos, logo é preciso calcular os gastos. Atividade de Estudos: 1) Pesquise, leia e elabore um conceito sobre as diferenças entre comunidade local e comunidade escolar,elencando os atores de cada segmento. ________________________________________________ ________________________________________________ ________________________________________________ ________________________________________________ ________________________________________________ ________________________________________________ 116 Políticas e Gestão Educacional Quanto mais detalhado for o planejamento, melhores serão os resultados. Distribuir recursos é como servir um bolo. Alguns investimentos requerem um pedaço maior, e outros, um menor. ________________________________________________ ________________________________________________ ________________________________________________ ________________________________________________ ________________________________________________ ________________________________________________ ________________________________________________ b) Calcular os Gastos Quanto mais detalhado for o planejamento, melhores serão os resultados. Distribuir recursos é como servir um bolo. Alguns investimentos requerem um pedaço maior, e outros, um menor. Figura 29 - Bolo Fonte: Disponível em: <http://www.simplesmentedelicia. com/?m=200809&paged=3>. Acesso em: 10 nov. 2012. Para calcular corretamente cada fatia (os gastos) do orçamento e compreender como melhorar a receita da escola, é preciso ter referência. Lembramos que a escola pública deve seguir as normas da Lei de Licitações. Essa legislação estabelece que, de acordo com os valores e o tipo de gasto, existe a obrigatoriedade de haver uma ação que permita a comparação de preços, ou seja, analisar a concorrência, tomada de preços ou carta-convite antes da contratação do serviço ou da compra de material. Por menor que seja o gasto realizado pela escola, o processo referente a ele deve conter, no mínimo, três orçamentos registrados. 117 Gestão Financeira da escola Capítulo 4 Outro item fundamental a um gestor é a prestação de contas, a escola necessita prestar contas dos gastos à Secretaria de Educação à qual é vinculada, aos parceiros que financiam projetos e às demais pessoas da comunidade escolar. Uma dica para saber como dividir o orçamento é adquirir parâmetros. Desta forma, sugere-se levantar nas pastas da escola o histórico de gastos de três ou quatro meses do ano anterior e fazer uma média de quanto cada área demandou (informática, recursos humanos, material etc). Tratando das fontes e os sistemas de aplicação de recursos nas escolas públicas, sugere-se a construção de plano de aplicação de recursos, contendo: • o título projeto; • o período de execução (início/ térmico); • identificação do objeto (com o que será gasto); • justificativa da proposição (explicar a necessidade de se gastar com que objetivo); • cronograma de execução (meta, etapa ou fase); • plano de aplicação (valor em R$); • cronograma do desembolso (data e valor em R$ que serão gastos em recursos). Assim, o gestor atua com competência e sente-se mais seguro para realizar de forma mais eficaz a gestão financeira da sua unidade escolar. c) Prestação de Contas Outro item fundamental a um gestor é a prestação de contas, a escola necessita prestar contas dos gastos à Secretaria de Educação à qual é vinculada, aos parceiros que financiam projetos e às demais pessoas da comunidade escolar. Os balanços financeiro e orçamentário são obrigatórios, conforme determina o artigo 70 da Constituição Federal/88. 118 Políticas e Gestão Educacional O relatório de prestação de contas precisa ser organizado e aprovado pelo conselho fiscalizador da escola antes de ser divulgado para a Secretaria Municipal de Educação e aos demais membros da comunidade escolar. DA FISCALIZAÇÃO CONTÁBIL, FINANCEIRA E ORÇAMENTÁRIA Art. 70. A fiscalização contábil, financeira, orçamentária, operacional e patrimonial da União e das entidades da administração direta e indireta, quanto à legalidade, legitimidade, economicidade, aplicação das subvenções e renúncia de receitas, será exercida pelo Congresso Nacional, mediante controle externo, e pelo sistema de controle interno de cada Poder. Parágrafo único. Prestará contas qualquer pessoa física ou jurídica, pública ou privada, que utilize, arrecade, guarde, gerencie ou administre dinheiros, bens e valores públicos ou pelos quais a União responda, ou que, em nome desta, assuma obrigações de natureza pecuniária(Redação dada pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998). Fonte: BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil de 1988. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/ constituicao/constituicao.htm>. Acesso em: 12 jan. 2013. O relatório de prestação de contas precisa ser organizado e aprovado pelo conselho fiscalizador da escola antes de ser divulgado para a Secretaria Municipal de Educação e aos demais membros da comunidade escolar. A divulgação para os pais pode se dar por meio de reunião de pais, jornal mensal ou mural escolar, pois numa gestão democrática a comunidade necessita estar informada dos investimentos realizados em benefício da escola e dos alunos. Alguns recursos requerem preenchimentos de formulários de prestação de contas específicos, como é o caso do dinheiro do PDDE, esses formulários estão disponíveis no site do FNDE (www. fnde.gov.br). 119 Gestão Financeira da escola Capítulo 4 Sugestões para ter o caixa da escola em ordem: • Separar verba para despesas atuais e para gastos futuros. • Organizar os documentos e as notas fiscais em pastas próprias e em ordem cronológica. • Atualizar a prestação de contas com frequência. • Mostrar aos pais e aos funcionários de onde vem o dinheiro que a escola recebe. • Explicar à comunidade onde e como se aplica a verba. • Discutir e analisar o orçamento e as prioridades de compra com a comunidade escolar. Vemos que precisamos ampliar nossos conhecimentos, adquirir algumas habilidades relacionadas à gestão e organização de recursos financeiros, como elaborar planos de aplicação, quadros demonstrativos de despesas, planilhas e prestação de contas. A formação continuada dos gestores é uma política do governo federal deve ser uma ação da Secretaria de Educação de cada município. Os programas de formação são oferecidos pelo MEC em parceria com os governos estaduais (GERED). O PDE interativo exige uma formação específica e essa é propiciada pelo MEC. Muitas secretarias propiciam a formação dos gestores para que tenham a habilidades necessárias para exercer sua função. É importante ressaltar que se a prestação de contas do dinheiro da Unidade Escolar não estiver correta, o Município não recebe as verbas no próximo ano. É uma responsabilidade muito grande do gestor escolar. A maioria das Secretarias municipais tem setor próprio para dar suporte às suas unidades de ensino. Isso porque os conteúdos tratados não esgotam o assunto. Porém, são fundamentais para uma gestão financeira organizada, comprometida e conhecedora de procedimentos eficazes, como: o posicionamento da escola no sistema de ensino; os princípios da administração pública; as fontes de financiamento da educação básica; as etapas da gestão financeira (planejamento) e, também, outras possibilidades de arrecadar recursos financeiros por meio das parcerias que a escola pode estabelecer até mesmo com empresas privadas. 120 Políticas e Gestão Educacional Assim, o gestor, estará atuando como multiplicador de competências em gestão de recursos financeiros, além de proporcionar um ensino de qualidade com transparência e compromisso. alGumas considerações Com base nas reflexões feitas neste caderno de estudos, percebe-sena gestão escolar do atual contexto educativo uma nova forma de organização e de gerenciamento da instituição. No cotidiano da escola é comum ocorrerem entraves que dificultam a verdadeira finalidade: a preocupação com o aluno e o processo de ensino e aprendizagem. Contudo, em meio a alguns avanços e retrocessos, em meio à escassa reflexão dos seus agentes, a escola atual tenta pôr em prática o modelo de educação que se deseja construir. Quanto à democratização, é primordial a elaboração da proposta político- pedagógica com a participação de todos os envolvidos, ou seja, pais, alunos, professores e equipe gestora, ou seja, de acordo com a concepção de gestão escolar democrática, cujos sujeitos estejam interessados em construir um trabalho educacional comprometido com uma educação pública de qualidade social. reFerências BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil de 1988. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicao. htm>. Acesso em: 12 jan. 2013. _____. Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE). Plano de Ações Articuladas. (PAR). 2010. Disponível em: <http://www.fnde.gov.br/ index.php/programaspar>. Acesso em: 12 nov. 2012. _____. Ministério da Educação. Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação. Programa Dinheiro Direto na Escola (PDDE). In.: ______. Gerenciamento de custos. Brasília: FNDE, 2002, p. 219-226. DOURADO, Luiz Fernandes et. al. Conselho Escolar e o financiamento da educação no Brasil. Programa de Fortalecimento dos Conselhos Escolares. Ministério da Educação, Secretaria de Educação Básica. Brasília: MEC, SEB, 2006. 121 Gestão Financeira da escola Capítulo 4 HADDAD. Fernando. O Plano de Desenvolvimento da Educação: razões, princípios e programas. MEC, 2007. MOREIRA, Ana Maria de Albuquerque. Progestão: como gerenciar os recursos financeiros?, módulo VI. Brasília: CONSED – Conselho nacional de secretários de Educação, 2009. NOVA ESCOLA. Gestão Financeira. Revista Nova Escola. Disponível em: <http://revistaescola.abril.com.br/gestao-escolar/diretor/gestao- financeira-448591.shtml>. Acesso em: 30 nov. 2012. PARO, Vitor Henrique. Políticas públicas e educação básica. São Paulo: Xamã, 1997. POLO, José Carlos. Autonomia de gestão financeira da escola. In. RODRIGUES, Maristela Marques, GIÁGIO, Mônica (orgs.) PRASEM III – Guia de Consulta. Brasília, FUNDESCOLA MEC. 2001, p.279-293. PROGESTÃO: Como gerenciar os recursos financeiros? Módulo VI. Ana Maria de Abulquerque Moreira, José Roberto Rizzotti; coordenação geral Aglaê de Medeiros Machado. - Brasília: CONSED- Conselho de Secretários de Educação, 2001. SCHUCH, Cleusa Conceição Terres. Gestão financeira de duas escolas públicas estaduais do Rio Grande do Sul. VIEIRA, S. L. Educação básica: política e gestão da escola / Sofia Lerche Vieira. – Fortaleza: Liber Livro, 2008.
Compartilhar