Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
AULA 5 PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO Profª Patrícia Carla Ferreira 2 CONVERSA INICIAL Considerando a demanda constante e crescente da educação, o planejamento estratégico é um importante recurso, que todavia requer empenho para sua concretização. Funcionando como pilar para a gestão, há que se saber como realizá-lo nas instituições de ensino. É sobre isso que trataremos nessa aula. CONTEXTUALIZANDO Já consagrado no meio empresarial, mas ainda encontrando resistência no meio educacional, o planejamento estratégico é uma ferramenta que visa a melhoria da qualidade do processo educacional nas instituições de ensino. No setor educacional, a aplicação do planejamento estratégico acontece a partir da década de 1970, com a busca de melhorias na gestão pelas universidades estadounidenses. Na Inglaterra, a partir da década de 1980, é recomendada a execução de planejamento estratégico em todas as universidades. Na Noruega, isso aconteceu a partir de 1990, bem como na América Latina, na Universidade de Concepción, no Chile. No Brasil, esse movimento passa a acontecer a partir de 1995. Essa aula trata da construção do planejamento estratégico escolar, considerando o desafio que representa a adequação da ferramenta à realidade das instituições de ensino. TEMA 1 – DEFININDO A IDENTIDADE DA ESCOLA A definição da identidade da escola é a base para a construção do planejamento estratégico. Os fatores que determinam essa identidade são a missão, a visão e os valores. • Missão: é a razão da existência da escola. O objetivo da declaração de missão é dar direção a toda a comunidade escolar. Ela deve responder uma pergunta principal: qual é o propósito da escola? • Visão: onde a escola quer chegar, em longo prazo? Como a escola quer ser reconhecida? O que ela quer ser no futuro? 3 • Valores: são princípios inegociáveis da escola, para direcionar suas ações, a fim de cumprir sua missão. Assim, espera-se que toda a comunidade escolar compartilhe tais valores em seu cotidiano. Esses três fatores são essenciais, por direcionarem todas as ações da gestão da escola. Assim, devem ser conhecidos por toda a comunidade escolar (sobretudo a comunidade interna), e constantemente relembrados. Figura 1 – Missão, visão e valores Crédito: Etiammos/Shutterstock Ao falarmos em identidade, tratamos de aspectos que caracterizam a escola. A identidade da escola está em permanente construção, na interação que se estabelece entre os indivíduos da comunidade escolar, permeada por suas crenças e valores, e assentida na relação com outras instâncias da sociedade. Logo, a dinâmica da escola considera as contradições e as transformações da sociedade. As escolas já trabalham com o Plano de Desenvolvimento da Escola (PDE), um mecanismo gerencial que é considerado como um processo de planejamento estratégico. À vista disso, o planejamento estratégico elaborado pela escola deve estar em consonância com o PDE. 4 TEMA 2 – DIAGNOSTICANDO A REALIDADE ESCOLAR Uma importante etapa na construção do planejamento estratégico escolar é diagnosticar a realidade. Isso se faz identificando: • as atividades que são realizadas pela escola; • pontos fortes e fracos; • oportunidades e ameaças; • variáveis ambientais. A identificação dos pontos fortes e dos pontos fracos da instituição, tanto no ambiente interno quanto no ambiente externo, é essencial para a definição da estratégia da escola. Isso porque esses elementos indicam os caminhos à equipe gestora. Considerando as especificidades da realidade escolar, é preciso definir uma estratégia que permita mudança rápida, de modo a se ajustar ao ambiente. Daí a necessidade de uma análise ambiental bem-feita, com a definição de oportunidades e ameaças, pontos fortes e fracos. É imprescindível que a equipe gestora conheça as variáveis ambientais (políticas, sociais, econômicas, culturais, tecnológicas etc.) e suas tendências, pois elas podem influenciar a presença da escola. Para analisar o ambiente interno, pode-se realizar pesquisas de satisfação com a comunidade escolar, além de levantamento de dados, como frequência, inadimplência (no caso de escolas privadas), entre outros. É importante compreender o contexto sócio-econômico-cultural em que os estudantes vivem, verificando se não há demandas específicas. A educação inclusiva, por exemplo, deve estar prevista, pois podem ser necessárias adaptações na estrutura física da escola. Também é determinante a análise de certos aspectos, como infraestrutura, formação continuada de professores, biblioteca e acervo, entre outros, a fim de priorizar setores para os quais se deva destinar maior investimento. Na análise do ambiente externo, há que se considerar as tendências de mercado e a concorrência. Com essas informações, é possível definir a identidade da escola. 5 TEMA 3 – FAZENDO UMA ANÁLISE F.O.F.A. Para analisar o cenário e diagnosticar a realidade, a análise SWOT (em português análise F.O.F.A. – Forças, Oportunidades, Fraquezas e Ameaças) é uma boa ferramenta, porque é simples, podendo ser utilizada em qualquer cenário. Com base nela, serão reconhecidos os pontos fortes (forças) e as fraquezas, possibilitando prevenir ameaças e encontrar oportunidades. O emprego dessa análise permite: • dispor de visão do ambiente interno e do ambiente externo; • detectar os elementos-chave à gestão; • indicar tomada de decisões; • determinar prioridades de ação. A matriz F.O.F.A. é executada em quadrantes (quatro quadrados), nos quais são anotados Forças, Oportunidades, Fraquezas e Ameaças. Lembre-se: • Força: aspecto positivo no presente; • Oportunidade: aspecto positivo no futuro; • Fraqueza: algo negativo no presente; • Força: algo positivo no futuro. É importante que essa listagem seja a mais completa possível, favorecendo a análise e viabilizando resultados efetivos. Figura 2 – Matriz F.O.F.A. Fonte: elaborada pelo autor com base em Sebrae, 2016. 6 O ambiente interno é o que faz parte da escola, que está “dentro” dela. Compreende os fatores sobre os quais podemos intervir: pessoal, estrutura, cultura organizacional. Analisando o ambiente interno, determinamos forças e fraquezas: • Forças: são vantagens sobre a concorrência. • Fraquezas: são desvantagens em relação à concorrência. Considerando dois aspectos, quais sejam, localização e qualidade do corpo docente da escola, podemos verificar que é possível que eles se configurem em força ou em fraqueza. Uma boa localização representa uma força, ao passo que uma má localização representa uma fraqueza. Da mesma forma, um corpo docente bem qualificado representa uma força, ao passo que um corpo docente mal qualificado representa uma fraqueza. O ambiente externo é aquele sobre o qual não temos ingerência. Analisando o ambiente externo, definimos oportunidades e ameaças. • Oportunidades: são situações favoráveis. • Ameaças: são situações desfavoráveis. Tomando como exemplo a situação econômica do país: é uma oportunidade se estivermos em um momento favorável, ou uma ameaça se houver um cenário de crise. Na concepção do planejamento estratégico participativo, há que se considerar o envolvimento de todos os setores, com coletas de dados e reuniões em que haja isonomia de participação. TEMA 4 – ESTABELECENDO METAS E OBJETIVOS E IMPLEMENTANDO O PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO Objetivos e metas servem como norteadores de ações. Por isso, têm papel importante no planejamento estratégico. É importante, antes de tudo, definir o que são objetivos e o quesão metas. • Objetivos: são resultados que a escola espera alcançar a longo prazo. Os objetivos são abrangentes. • Metas: são resultados que se espera obter a curto e/ou médio prazo. Podem ser desmembramentos dos objetivos. 7 Figura 3 – Objetivos e metas Crédito: Trueffelpix/Shutterstock Estabelecer objetivos e metas é primordial. Quando não estão bem definidos, por maiores que sejam os esforços empreendidos, não há resultados efetivos. Ao estabelecê-los, há que se verificar se são: • específicos; • mensuráveis; • alcançáveis; • relevantes; e • temporais. Além disso, é conveniente que objetivos e metas não sejam impostos. É preciso que sejam fruto de um processo de construção coletiva que promova o comprometimento de todos com sua realização. Após a definição de objetivos e metas, há que se propor intervenções para efetivar o planejamento. É preciso foco, para definir ações plausíveis e que permitam atingir os objetivos propostos. Também é fundamental estipular períodos de tempo para a realização das ações, bem como prever os recursos necessários para assegurar seu cumprimento. Para tanto, é preciso determinar um plano de ação. Esse plano pode ser construído com base em uma ferramenta conhecida como 5W2H, por representar as iniciais (em inglês) das orientações que serão utilizadas: • What? – O que será realizado, as etapas do processo. • Why? – Por que fazer, a justificativa. • Where? – Onde, qual setor, local. • When? – Quando, período de tempo. • Who? – Quem, responsável pela ação. 8 • How? – Como, qual método. • How much? – Quanto, qual o custo. Figura 4 – Plano de ação Crédito: Docstockmedia/Shutterstock Ao responder tais questões, haverá clareza do que deve ser realizado e de que maneira isso acontecerá. Essencialmente, é uma lista de tarefas a serem executadas. A opção por essa ferramenta se deve, justamente, à facilidade de sua implementação. TEMA 5 – MONITORANDO O PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO Depois de todas as etapas realizadas, as estratégias serão decididas e o planejamento se converterá em ações. Contudo, o processo não está concluído. O planejamento estratégico precisa ser monitorado, garantindo a efetivação do que foi planejado e verificando as modificações necessárias. Para tanto, deve-se criar um cronograma de acompanhamento e fazer seu controle. Essa etapa de monitoramento e controle é tão importante quanto as demais, embora muitas vezes seja relegada a segundo plano. Muitas vezes, é somente nesse momento que os gestores percebem que as coisas não estão acontecendo conforme o planejado. Daí a necessidade do controle: garantir que os resultados correspondam ao atendimento dos objetivos. Para tanto, é preciso: • estabelecer padrões de desempenho, a fim de monitorá-los; 9 • oferecer feedback a todos os envolvidos; • detectar problemas; • efetivar ações para corrigir os problemas. Figura 5 – Planejar, fazer, verificar e agir Crédito: Vlasenko/Shutterstock Como resultados de monitoramento e controle, teremos: • fomento à evolução continuada; • aprovisionamento de dados sobre as atividades realizadas; • referências para deliberações. O monitoramento e o controle do planejamento estratégico é realizado, principalmente, por intermédio de relatórios. Apoiados nesses relatórios, os gestores analisam a implementação do planejamento e suas falhas, efetivando os ajustes necessários, o que pode exigir: • correção de atividades que estão sendo realizadas; • contratações; • aprimoramento dos recursos (humanos e/ou materiais); • novos investimentos. Em suma, quando a escola realiza um bom monitoramento de seu planejamento estratégico, assegura que um trabalho competente seja realizado por todos os envolvidos. 10 FINALIZANDO O grande desafio para a gestão é manter a escola em movimento e vinculada ao que está recomendado no planejamento estratégico, considerando a adequação que esse método postula. Isso requer uma ação permanente de planejamento – execução – monitoramento e controle – ajustes – reajustes. LEITURA OBRIGATÓRIA Texto de abordagem teórica LÜCK, H. A escola participativa: o trabalho do gestor escolar. 5. ed. Petrópolis: Vozes, 2001. Texto de abordagem prática BRASIL. PDE Interativo. Disponível em: <http://pdeinterativo.mec.gov.br/>. Acesso em: 29 nov. 2018. Saiba mais BRASIL. O que é PDE Escola? Disponível em: <http://pdeescola.mec.gov.br/index.php/o-que-e-pde-escola>. Acesso em: 29 nov. 2018. 11 REFERÊNCIAS CAVALCANTI, F. A. Planejamento estratégico participativo: concepção, implementação e controle de estratégias. São Paulo: Senac, 2008. LIBÂNEO, J. C. Organização e gestão escolar: teoria e prática. 4. ed. Goiânia: Alternativa, 2001. LÜCK, H. A escola participativa: o trabalho do gestor escolar. 5. ed. Petrópolis: Vozes, 2001. PADILHA, R. P. Planejamento dialógico: como construir o Projeto Político Pedagógico da escola. São Paulo: Cortez; Instituto Paulo Freire, 2001. PARENTE, J. Planejamento estratégico na educação. Brasília: Plano, 2001. PARO, V. H. Administração escolar: introdução à crítica. 5. ed. São Paulo: Cortez/Autores Associados, 1991. SANT'ANNA, F. M. et al. Planejamento de ensino e avaliação. 11. ed. Porto Alegre: Sagra/DC Luzzatto, 1995. SAVIANI, D. Da nova LDB ao Fundeb: por uma outra política educacional. Campinas: Autores Associados, 2007. SILVA, D. P. da. Planejamento e gestão escolar: concepções e implicações. 2011. 101 f. Dissertação (Mestrado em Educação) – Pontifícia Universidade Católica de Goiás, Goiânia, 2011. Conversa inicial CONTEXTUALIZANDO
Compartilhar