Buscar

15 24_Apelação em ação de divórcio litigioso em razão de a sentença ter indeferido pedido de partilha de bem imóvel

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 4 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

15.24	
Apelação em ação de divórcio litigioso em razão de a sentença ter indeferido pedido de partilha de bem imóvel
Excelentíssimo Senhor Doutor Juiz de Direito da 3ª Vara Cível do Foro de Mogi das Cruzes-SP.
Processo n. 0000000-00.0000.0.00.0000
Ação de Divórcio
V. S. N. T., já qualificada, por seu Advogado, que esta subscreve (mandato incluso), com escritório na Rua João Vicente Amaral, nº 00, Centro, Mogi das Cruzes-SP, CEP 00000-000, onde recebe intimações (e-mail: gediel@gsa.com.br), nos autos do processo que move em face de N. T. J., vem à presença de Vossa Excelência, não se conformando com a r. sentença de fls. 00/00, apelar para o Egrégio Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo, consoante razões que apresenta anexo.
Termos em que,
p. deferimento.
Mogi das Cruzes, 00 de julho de 0000.
Gediel Claudino de Araujo Júnior
OAB/SP 000.000
RAZÕES DO RECURSO
Processo n. 0000000-00.0000.0.00.0000
Ação de Divórcio Litigioso
Terceira Vara Cível do Foro de Mogi das Cruzes-SP
Recorrente: V. S. N. T.
Recorrido: N. T. J.
Egrégio Tribunal
Colenda Câmara
Dos Fatos:
Em setembro de 0000, a apelante ajuizou ação de divórcio em face de seu cônjuge, ora recorrido; asseverou, em apertada síntese, que o casal estava separado de fato e que não havia possibilidade de reconciliação. Pediu que o divórcio fosse decretado, concedendo-se a guarda dos filhos menores para a mãe, disciplinando-se o direito de visitas e fixando-se a pensão devida pelo pai aos filhos; pediu, ainda, a partilha dos bens do casal consistente em uma casa, terreno e construção, e um veículo.
Antes mesmo de ser citado, o apelado apresentou contestação, fls. 22/35, onde concordou com que a guarda dos filhos ficasse com a mulher, fez ainda contraproposta de pensão alimentícia, impugnando, no entanto, a proposta de partilha dos bens do casal.
Não havendo acordo entre as partes, o feito foi saneado, fls. 52. Em audiência de conciliação, instrução e julgamento, fls. 83/84, as partes fizeram acordo parcial quanto ao pedido de divórcio, a guarda dos filhos e pensão alimentícia. Quanto à partilha dos bens, determinou-se a realização de perícia no imóvel do casal.
O laudo pericial, fls. 106/123, apurou o histórico do imóvel do casal, assim como o valor de sua construção, antes e durante o tempo em que foi ocupado pelos requerentes.
Os autos foram conclusos ao douto Juízo de primeiro grau que, por sentença, JULGOU PARCIALMENTE PROCEDENTE o pedido da autora, deixando de reconhecer à recorrente qualquer direito quanto ao imóvel que ocupa com seus filhos menores, partilhando apenas parcialmente o veículo que o casal possuía quando da separação.
Em síntese, os fatos.
Do Mérito:
Da reforma da decisão
Não obstante o respeito e admiração de que é sabidamente merecedor o ilustre Magistrado de primeiro grau, a r. sentença de fls. 154/155 merece PARCIAL REFORMA, em especial quando deixou de reconhecer à mulher o direito de ficar com o único imóvel do casal.
Ao contrário do declarado na r. sentença ora impugnada, as provas produzidas nos autos são firmes no sentido de reconhecer que o casal tomou posse de forma conjunta do imóvel situado na “Rua Tabaranda, nº 00, Jardim Bela Vista, cidade de Mogi das Cruzes-SP”; essa posse foi, e é, exercida com evidente caráter de “animus domini”.
Neste sentido, a testemunha “C”, fls. 139, declarou que conheceu as partes quando “eles mudaram, a casa estava em construção”; mais a frente em seu depoimento, a mesma testemunha, fls. 140, declarou que as partes mantinham “um pedreiro lá, trabalhando pra eles”. Já a testemunha “D”, fls. 135, informou que quando as partes se mudaram para o local tinha “uma casa pela metade”; em seguida ela diz que “eles vieram e começaram a reformar pra morar”.
Mesmo que as testemunhas arroladas não tenham confirmado expressamente que houve doação do genitor do recorrido para o casal, elas foram firmes em afirmar que o casal mudou-se ao mesmo tempo para o imóvel; eles se apresentavam conjuntamente como “proprietários”; ou seja, a mulher não era uma estranha, muito ao contrário, ela sempre se apresentou como “dona”, proprietária. Nesta qualidade, ela promoveu reforma do bem que elevou em muito o seu valor.
Note-se, ademais, que as partes “tomaram a posse” do bem juntas, como um casal; não foi o caso da mulher ir morar com o homem em local onde este já vivia (posse anterior); eles foram morar juntos desde o início, desfrutando do presente que haviam recebido.
Além de arcar com o ônus de ser mulher (lavar, passar, cozinhar, cuidar dos filhos etc.), a recorrente também sempre trabalhou como auxiliar de enfermagem, contribuindo financeiramente para todas as reformas feitas no imóvel, que transformaram aquilo que era pouco mais que um barraco em “uma casa”, um lar.
Depois de quase 10 (dez) anos de esforços e lutas, o cônjuge varão pôs tudo a perder em razão de sua infidelidade; não bastasse tal fato, ele ainda quer tirar o que a mulher tem de mais precioso, sua casa, “seu lar”.
Como se disse, a natureza da posse da mulher sempre foi de proprietária e, quanto a isso, não há dúvidas nas provas colhidas (testemunhal e pericial). Por esta razão e também pelo fato de ser mulher, de estar com a guarda dos filhos menores do casal, ela “precisa” ficar com a posse do bem, nem que para isso ela tenha que pagar indenização ao recorrido pela sua meação.
Infelizmente, o douto Juiz de primeiro grau preferiu ignorar todos estes fatos e agir de maneira “formal”; ele se atentou unicamente para o fato de o imóvel ter origem junto ao genitor do marido, preferindo ignorar todos os outros fatos, razão pela qual sua decisão, quanto à partilha do imóvel, deve ser revista, com escopo de garantir à mulher a posse definitiva do bem.
Do direito de indenização pelas benfeitorias feitas no imóvel e o direito de retenção
Mesmo que se aceite a tese do Juiz de primeiro grau no sentido de que a mulher não tem qualquer direito quanto aos direitos possessórios do imóvel onde reside com os filhos, “fato que se aceita apenas em respeito ao princípio da eventualidade”, necessário que este Egrégio Tribunal reconheça, ao menos, o direito de a mulher ser indenizada quanto ao valor material das benfeitorias feitas pelo casal no imóvel, conforme apurado na perícia de fls. 106/123.
Como já se disse, a mulher não só lavou, passou, cozinhou e cuidou dos filhos do casal, ela também contribuiu financeiramente com todas as reformas feitas no imóvel e a Justiça deve, ao menos, garantir que ela seja devidamente indenizada por estes valores.
Considerando-se, ademais, que a mulher é pobre e que ficou com o ônus da guarda dos filhos, deve também lhe ser garantido o direito de ficar no imóvel até que seja cabalmente indenizada, a fim de lhe possibilitar, com esse dinheiro, dar entrada em outro imóvel.
O mestre Orlando Gomes, na sua obra Direitos Reais, da Editora Forense, observa:
“Não podendo conservar a coisa acessória, quando absorvida pela principal, o possuidor fará jus ao equivalente em dinheiro” (p. 68).
Quanto ao notório direito à retenção, temos do mesmo autor e obra:
“... mas o possuidor de boa-fé desfruta de garantia especial para cobrar a indenização, pois se lhe assegura o direito de retenção da coisa principal, até que a verifique o ressarcimento” (p. 69).
Neste particular há que se observar que sua posse sempre de foi de boa-fé.
Dos Pedidos:
Ante o exposto, requer-se seja provido o presente recurso de apelação, reformando-se a r. sentença de primeiro grau, com escopo de reconhecer o direito de a mulher de ficar com a posse do imóvel onde reside com seus filhos há mais de 10 (dez) anos; ou ainda reconhecendo que o casal possuía a posse de forma conjunta, com animus domini, lhes seja reconhecido, a título de meação, o direito a 50% (cinquenta por cento) do imóvel; no caso improvável de que a tese expressa na r. sentença de primeiro grau ser mantida, ou seja, propriedade exclusiva do imóvel para o homem, deve este Egrégio Tribunal ao menos garantir que a mulher seja justamente indenizada pelas benfeitoriase acessões que ajudou a fazer no bem, fls. 106/123, assim como, considerando que sua posse sempre foi de boa-fé, o direito de reter o bem até que o pagamento ocorra por completo.
Termos em que,
p. deferimento.
Mogi das Cruzes, 00 de julho de 0000.
Gediel Claudino de Araujo Júnior
OAB/SP 000.000

Continue navegando