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15 42_Contrarrazões de apelação em ação declaratória cumulada com reparação de danos movida em face de plano de saúde

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Contrarrazões de apelação em ação declaratória cumulada com reparação de danos movida em face de plano de saúde
Excelentíssimo Senhor Doutor Juiz de Direito da 3ª Vara Cível da Comarca de Mogi das Cruzes, São Paulo.
Processo nº 0000000-00.0000.0.00.0000
Ação Declaratória cc Reparação de Danos
S. A. de S. e/o, já qualificados, por seu Advogado que esta subscreve, com escritório na Rua José Urbano Sanches, nº 00, Vila Oliveira, cidade de Mogi das Cruzes-SP, CEP 00000-000, onde recebe intimações (e-mail: gediel@gsa.com.br), nos autos do processo que move em face de A. A. M. I. Ltda. e/o, vem à presença de Vossa Excelência oferecer contrarrazões ao recurso de apelação interposto pela ré F. A. P., mantenedora do Hospital do Câncer A.C. Camargo, conforme razões que apresenta anexo.
Termos em que,
p. deferimento.
Mogi das Cruzes, 00 de abril de 0000.
Gediel Claudino de Araujo Júnior 
OAB/SP 000.000
CONTRARRAZÕES DO RECURSO
Processo nº 0000000-00.0000.0.00.0000
Ação Declaratória cc Reparação de Danos
Terceira Vara Cível do Foro de Mogi das Cruzes-SP
Apelante: F. A. P.
Apelada: S. A. de S. e/o
Egrégio Tribunal
Colenda Câmara
Dos Fatos:
Os recorridos propuseram o presente feito em face da recorrente, asseverando, em apertada síntese, que o paciente “S. F. de S.”, falecido filho dos autores, era portador de Leucemia Linfoblástica Aguda (LLA), mais conhecida como “Câncer Infantil”, sendo certo que, como parte de seu tratamento, era obrigado a fazer constantes transfusões de sangue, posto que, a partir do mês de abril de 0000 a recorrente começou a fazer cobranças indevidas referentes aos custos dos exames realizados nas bolsas de sangue usadas nas transfusões feitas ao paciente pelo sistema conhecido como NAT, que faz pesquisas dos vírus HIV1 e HCV, sob ameaça de interrupção do tratamento em caso de inadimplência.
Referida demanda foi proposta em face da A. M. I. LTDA. (AMIL) e F. A. P., mantenedora do Hospital do Câncer A. C. Camargo, com o escopo de tornar-se declaradamente a ilegalidade da cobrança, bem como fosse reconhecida a responsabilidade da ré A. em face das referidas despesas e, ainda, a condenação ao pagamento de danos morais no valor de R$ 10.000,00 (dez mil reais).
Dessa feita, citados os réus, esses contestaram respectivamente, alegando que o autor já tinha conhecimento prévio da não cobertura pelo convênio médico dos referidos exames e, ainda, que esses não estão inseridos no rol de procedimentos instituídos pela Resolução CONSU nº 10, que integra a Lei nº 9.656/98, sendo a cobrança legal e legítima, não havendo o que se falar em indenização por dano moral.
Insta salientar que, no curso do processo, o autor veio a óbito, procedendo-se assim a regularização do polo ativo da demanda com a devida habilitação de seus pais como únicos herdeiros do menor.
Após, não havendo mais provas a serem produzidas e por se tratar de questão unicamente de direito, determinou-se o encerramento da instrução com a conseguinte apresentação das alegações finais das partes, sendo os autos conclusos ao Magistrado de primeiro grau, que sentenciou o feito julgando parcialmente procedente os pedidos contidos da exordial, declarando a inexigibilidade de toda e qualquer cobrança relativa ao tratamento que foi dispensado ao menor S. F. de S., principalmente os decorrentes das transfusões de sangue a que foi submetido, ficando excluída a pretensão de indenização por danos morais.
Inconformada, a corré F. A. P. recorreu.
Esses os fatos.
Do Mérito:
O inconformismo da corré F. A. P., expressado no recurso de apelação de fls. 384/394, não se justifica, não merece provimento.
Em suas razões, os apelantes se limitam a repetir os mesmos batidos argumentos apontados na inicial, ou seja: que a cobrança do título de fls. 24 goza de legalidade e legitimidade, sendo que, o autor, além de ter concordado e assinado o termo de responsabilidade e internação que imputa o ônus da dívida ao paciente caso não haja cobertura pelo convênio médico, já tinha conhecimento prévio da não cobertura por esse dos referidos exames e, ainda, que tais exames não estão inseridos no rol de procedimentos instituídos pela Resolução CONSU nº 10, que integra a Lei nº 9.656/98.
Entretanto, a situação fática e legal é bem outra, como já demonstrou a r. sentença ao considerar que, apesar de haver omissão por parte dos procedimentos e coberturas inseridas no rol estabelecido pela Agência Nacional de Saúde, inconcebível é que um paciente, associado a um plano de saúde seja submetido a um tratamento sofrido, tendo em vista a tenra idade e a doença que portava o menor falecido, que possa prejudicá-lo ainda mais, ao passo que há a existência de técnica de detecção mais avançada, que é o sistema NAT, capaz de impedir a contaminação pelos vírus HIV1 e HCV.
Na verdade, com o brilhantismo da r. sentença, restou claro que a responsabilidade civil, tanto da recorrente quanto da corré A., está configurada no caso em tela, haja vista que o hospital tinha como forma costumeira a realização dos exames pelo sistema NAT nas transfusões de sangue, não podendo JAMAIS negar a cobertura e muito menos exigir o pagamento de tais procedimentos ao associado, até porque o paciente, desde os 2 (dois) anos de idade, havia sido diagnosticado como portador de leucemia, sendo que as transfusões de sangue sempre ocorreram regularmente, sem qualquer cobrança.
Não é à toa que tal recurso merece ser improvido, posto que, com relação ao contrato firmado entre o recorrido e a corré A., esse não exclui expressamente as transfusões de sangue de sua cobertura, cabendo ao recorrente a responsabilidade pela segurança e eficiência dos exames para prévia detecção de doenças infectocontagiosas, através da utilização de técnicas mais avançadas para preservação da integridade física e do bom funcionamento do serviço prestado ao paciente, devendo os custos de tais exames serem suportados pelo plano de saúde, que nesse caso é explorado pela corré AMIL, essa que se amolda ao preconizado no art. 3º, § 2º do Código de Defesa do Consumidor, Lei nº 8.078/90, mormente por receber remuneração em contrapartida de seus préstimos, senão vejamos
“Art. 3º Fornecedor é toda pessoa física ou jurídica, pública ou privada, nacional ou estrangeira, bem como os entes despersonalizados, que desenvolvem atividades de produção, montagem, criação, construção, transformação, importação, exportação, distribuição ou comercialização de produtos ou prestação de serviços.
[...]
§ 2º Serviço é qualquer atividade fornecida no mercado de consumo, mediante remuneração, inclusive as de natureza bancária, financeira, de crédito e securitária, salvo as decorrentes das relações de caráter trabalhista.”
Ademais, quando aceita a proposta de contratação da A., foi conferido ao paciente o direito à assistência médico-hospitalar-laboratorial, o que caracteriza a corré ora citada como prestadora de serviços médicos, devendo assim sujeitar-se às regras das relações de consumo.
Nesse seguimento, os desembargadores da Nona Câmara de Direto Privado do Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo, em votação unânime, firmaram o seguinte entendimento:
PLANO DE SAÚDE – Ação declaratória de inexigibilidade de título c.c. indenização por danos morais – Cobrança efetuada pelo hospital à esposa do paciente, que veio a falecer, referente a despesas não cobertas pelo plano de saúde à sua disposição – Nulidade das cláusulas restritivas, por serem abusivas (CDC, 51, IV) – Devido ao pagamento pela entidade fornecedora do plano de saúde – Não caracterização dos danos morais à autora – Manutenção da condenação nas verbas da sucumbência conforme fixado na sentença – Recursos improvidos. (Recurso de Apelação Cível com Revisão nº 445.273-4/5-00, voto nº 13.689, Relator Min. Paulo Eduardo Razuk)
Com efeito, indiscutível a responsabilidade da corré A. pelo pagamento não só do exame, mas de todos os custos que envolvam, ou venham a envolver, o tratamento do paciente. Nesse sentido a jurisprudência, in verbis:
O plano de saúde pode
estabelecer quais doenças estão sendo cobertas, mas não que tipo de tratamento está alcançando para a respectiva cura. Se a patologia está coberta, no caso, o câncer, é inviável vedar a quimioterapia pelo simples fato de ser uma das alternativas possíveis para a cura da doença. A abusividade da cláusula reside exatamente nesse preciso aspecto, qual seja, não pode o paciente, em razão de cláusula limitativa, ser impedido de receber tratamento com o método mais moderno disponível no momento em que instalada a doença coberta. (STJ, REsp no 668.216-SP, Min. Carlos Alberto Menezes Direito, T3, DJ 2.4.2007, p. 254)
Portanto, consoante já demonstrado na r. sentença de fls. 376/382, a responsabilidade das rés é patente e solidária, haja vista que o hospital tinha como forma costumeira a realização dos exames nas bolsas de sangue transfundidas no paciente, não havendo que se falar em cobrança dos referidos exames ao paciente, ao passo que a corré A. é a responsável pela cobertura de tais despesas face a caracterização da relação de consumo havida entre o recorrido e a corré A.
Desta forma, e, por derradeiro, a r. sentença deve sim ser mantida, haja vista a caracterização da responsabilidade solidária das corrés, bem como a incidência do Código de Defesa do Consumidor no caso em tela, conforme já demonstrado nas razões acima expostas.
Do Pedido:
Ante o exposto, e mais pelas razões que esse Egrégio Tribunal saberá lançar sobre o tema, requer-se o improvimento do recurso de apelação interposto pela corré F. A. P.
Termos em que,
p. deferimento.
Mogi das Cruzes, 00 de abril de 0000.
Gediel Claudino de Araujo Júnior 
OAB/SP 000.000

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