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Princípios dos Direitos Reais e Obrigacionais

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DIREITO CIVIL (CRISTIANA)�2008��
Direito das Coisas (art. 1.196 - 1.510 CC)
	Os direitos reais não se confundem com o direito das coisas. O direito das coisas abrange todos os direitos reais e a posse. 	A posse não é um direito real porque não está prevista no rol de direitos reais do Código Civil (art. 1.225 CC).
	Coisa é uma espécie de bem. Bem é tudo aquilo que satisfaz a necessidade humana. Os bens jurídicos são aqueles guarnecidos pela ordem jurídica.
	Há bens corpóreos (materiais) e incorpóreos (imateriais). Coisas são os bens corpóreos (materiais).
	O direito de usufruto pode recair sobre bens materiais e, por exceção, sobre bens imateriais (cotas sociais e ações, por exemplo). O direito real de penhor pode ter por objeto um crédito, além de bens móveis.
Silvio Rodrigues é o único autor que diz que a coisa é o gênero e o bem é a espécie. Todos os outros autores sustentam o contrário.
1) Direitos pessoais e direitos reais.
Os direitos pessoais também são chamados de direitos obrigacionais ou direitos de crédito.
Os direitos patrimoniais abrangem os direitos reais ("iura in re") e os direitos pessoais ("iura ad rem").
No direito real, há uma relação direta de dominação entre o titular do direito e o objeto, sem intermediários. No direito obrigacional, o credor não tem direito é coisa em si, mas sim a uma prestação (isto é, tem direito a exigir do devedor um determinado comportamento). A prestação é o objeto da obrigação.
2) Princípios que regem os direitos reais e os direitos obrigacionais.
a) Direitos reais.
 Princípio do absolutismo  Os direitos reais têm eficácia geral. São direitos absolutos, eis que têm oponibilidade geral ("erga omnes"). Os direitos da personalidade também gozam desta prerrogativa.
 Princípio da publicidade  Através dele, pretende-se dar visibilidade aos direitos reais, a fim de que sejam respeitados por terceiros. Para dar visibilidade aos direitos reais, a lei criou dois mecanismos: o registro (para bens imóveis) e a tradição (para bens móveis).
Estes dois mecanismos de publicidade só servem para os casos em que o direito real é adquirido por negócio jurídico "inter vivos" (nestes casos, a tradição e o registro são constitutivos do direito real). Eventualmente, há direitos reais sem publicidade pelo registro ou pela tradição.
Exceções ao princípio da publicidade pelo registro ou tradição: [i] aquisições originárias (ou seja, aquelas em que não há relação jurídica entre o atual e o antigo titular do direito - usucapião, por exemplo); [ii] aquisição a título "causa mortis" (aplica-se o direito de “saisine”, segundo o qual a propriedade e a posse dos bens da herança se transmitem no exato momento da morte); [iii] dispensa do registro ou tradição feita pela própria lei (aquisição de propriedade pelo casamento, através do regime da comunhão universal de bens, por exemplo).
 Princípio da taxatividade (ou "numerus clausus")  Só são direitos reais aqueles assim previstos em lei. O legislador resolveu controlar o número de direitos reais. O Código Civil prevê 13 direitos reais (art. 1.225 CC). Também há direitos reais previstos em leis especiais. [Ex.: A Lei no 9.514/97 trata da propriedade fiduciária sobre bens imóveis].
 Princípio da tipicidade  Alguns autores dizem que é sinônimo de taxatividade. Mas, na verdade, o princípio da tipicidade é complementar ao princípio da taxatividade (que controla o número de direitos reais).
O princípio da tipicidade controla o conteúdo dos direitos reais. Os autores mais antigos dizem que a tipicidade dos direitos reais é fechada. Os autores mais modernos dizem que a tipicidade dos direitos reais é elástica, eis que permite classificar como determinado direito real uma situação em que não há encaixe perfeito, mas há compatibilidade com o instituto.
 Princípio da seqüela  É uma conseqüência direta do princípio do absolutismo. A seqüela, prerrogativa típica dos direitos reais, significa que o titular do direito pode perseguir a coisa em poder de quem a tenha injustamente, a qualquer tempo. Seqüela significa aderência do direito à coisa.
 Princípio da preferência (ou do privilégio)  Se houver concorrência entre direitos pessoais e direitos reais, estes últimos têm privilégio, pois têm mais força. Este princípio se demonstra quando há concurso de credores. Os credores com garantia real têm prioridade na satisfação de seu crédito, em detrimento daqueles que têm apenas garantia pessoal.
b) Direitos obrigacionais.
 Princípio da relatividade  Só há vinculação daquele que manifesta consentimento. Os contratos não beneficiam nem prejudicam aqueles que dele não participaram. Há duas categorias de exceção (obrigações "propter rem" e obrigações reais).
As obrigações "propter rem" (ou ambulatoriais) são atreladas a um direito real. O titular de um direito real, em razão desta qualidade, assume certas obrigações. [Ex.: Despesa condominial do condomínio edilício].
As obrigações reais são aquelas que, por sua própria função, acabam ganhando efeitos contra terceiros. [Ex.: Contrato de locação de imóvel urbano com cláusula de vigência e levado ao registro de imóveis].
Este princípio é mitigado pelo princípio da função social do contrato.
 Princípio da autonomia privada  As partes podem criar os contratos e obrigações que bem quiserem.
3) Classificação dos direitos reais.
O único direito real sobre coisa própria é a propriedade.
Os direitos reais sobre coisa alheia são todos os demais previstos no art. 1.225 CC e em lei especial. São desdobramentos do direito real de propriedade. Dividem-se em direitos reais de gozo e fruição, direitos reais de aquisição e direitos reais de garantia.
[i] Direito reais de gozo e fruição  Superfície, servidão, usufruto, uso e habitação. 
A enfituese e o direito real de rendas constituídas sobre imóvel foram abolidos pelo novo Código Civil. Não podem mais ser criados, sob a vigência do novo Código Civil. Porém, aqueles criados na vigência do antigo Código Civil continuam produzindo seus efeitos ate que se extingam por uma das causas previstas naquele código (hipótese de ultratividade da lei revogada).
[ii] Direito real de aquisição  Compromisso de compra e venda levado a registro (ou direito real de promitente comprador).
[iii] Direitos reais de garantia  Penhor, hipoteca, anticrese e propriedade fiduciária (não está no rol do art. 1.225 CC, mas sim no capítulo que trata da propriedade). A propriedade fiduciária sobre bens móveis está prevista no Código Civil e a sobre bens imóveis, na Lei nº 9.514/97.
Da Posse (art. 1.196 e seguintes)
No que diz respeito ao conceito de posse, duas grandes teorias procuram explicá-la:
Teoria Subjetiva: que tem por idealizador Savigny, que conceituava posse como sendo o poder físico sobre a coisa com a intenção de tê-la para si. Dois requisitos, portanto, eram necessários para caracterizar a posse: Corpus e animus.
Savigny não admitia posse em nome alheio, e, portanto, para ele o locatário, o comodatário, e etc., não tinham posse.
Teoria Objetiva: que tem por idealizador Ihering, que dispensava para a existência da posse o elemento animus. Na realidade, no entanto, Ihering deu um novo conceito ao corpus e nele já estava incluído o elemento animus.
Posse para Ihering é a exteriorização, ou seja, a visibilidade da propriedade, pois de acordo com ele corpus é comportamento de dono, sendo possuidor todo aquele que se comporta como real proprietário.
Ihering admitia posse em nome alheio, portanto, o locatário, o comodatário tem posse.
O novo código civil adotou, integralmente, a teoria objetiva de Ihering, conforme se verifica nos artigos 1.196; 1.204 e 1.223.
OBS: modernamente tem se sustentado a existência de uma terceira teoria, a teoria social da posse, que exige para a caracterização da posse, um requisito a mais, que é a função social da posse. De acordo com esta teoria, aquele que não cumpre com a função social da propriedade,também não tem posse.
É certo, no entanto, que a função social da propriedade está prevista na constituição, porém ela não é fato inibitório da posse.
Nem sempre, no entanto, a aparência de dono revela a existência da posse, isto porque podemos estar diante das seguintes situações:
No caso de mero detentor ou fâmulo, ou ainda servidor da posse (art. 1.198). Como é o caso, por exemplo, do caseiro;
Nos casos de atos de mera permissão ou então mera tolerância, previstos na primeira parte do artigo 1.208. Ambos são atos de favor, de gentileza, e, portanto, revogáveis a qualquer tempo; não se confundindo com o comodato, que induz posse e é contrato, portanto, irrevogável antes do prazo.
Permissão é ato de concessão expressa. Tolerância é ato de concessão tácita.
Exemplo: Deixo meu vizinho parar os seus carros na minha garagem. Tenho que deixar claro que se trata de um ato de favor, de gentileza, pois do contrário, ele pode entender que é comodato, e neste caso, ele terá posse.
Posse, portanto, é a exteriorização da propriedade, excetuando-se, no entanto, as situações de mera detenção, mera permissão, e mera tolerância.
Essas distinções são importantes porque apenas a posse produz efeitos jurídicos, sendo que os principais são: Proteção possessória; Usucapião.
A proteção possessória se divide em:
Defesa direta da posse: que ser por:
 Legítima defesa- turbação
Desforço imediato- esbulho
Interditos possessórios (ações): que se dá por: manutenção, reintegração e interdito proibitório.
Usucapião
A detenção não gera efeitos jurídicos. O único efeito jurídico atribuído ao detentor é a possibilidade de fazer uso da defesa direta para proteger a posse
Natureza jurídica da posse
A posse é um fato ou é um direito?
Três são as teorias:
Segundo Ihering a posse é um direito, pois é um interessa, juridicamente, protegido;
De acordo com Van Welter a posse é um fato, porque a sua existência independe do direito;
Teoria sustentada por Savigny que diz que a posse é, simultaneamente, um fato e um direito, é um fato porque para existir independe das normas jurídicas, mas também é um direito, tendo em vista os efeitos que gera.
Em sendo um direito, a posse tem natureza real ou pessoal? Três são as posições:
Ela é um direito pessoal, pois o rol dos direitos reais é taxativo, e a posse, nele, não está incluída.
Ela tem natureza real, pois se a posse é a exteriorização da propriedade, que é o direito, por excelência, a exteriorização deste direito também só pode ter natureza real. Ademais, o direito pessoal é o vínculo entre o sujeito ativo e o passivo, tendo por objeto uma prestação; já a posse, é o vínculo entre a coisa e a pessoa.
Sustentada pelo Prof. Clovis Bevilácqua que entendia que a posse não tinha natureza real nem pessoas, sendo um direito especial, sui generis, com características próprias.
Essa discussão se deu em razão de três questões, quais sejam:
A competência sobre as ações possessórias sobre imóveis;
A prescrição;
Necessidade de participação do cônjuge nas ações possessórias
Como essas questões foram resolvidas pela lei, a discussão de ser a posse de natureza real ou pessoal perdeu relevância.
Vejamos:
Competência para as ações possessória sobre imóveis: é o local da situação do bem, de acordo com o artigo 95 do CPC. (aqui a posse teve tratamento de direito real);
Prescrição: pelo atual código civil, ela foi alterada para 10 anos, seja a ação de natureza real ou pessoal;
Quanto à necessidade de participação do cônjuge nas ações possessórias: O artigo 10, caput do CPC a dispensou, aproximando a posse do direito pessoal.
Em duas situações, no entanto, o parágrafo segundo do art. 10 do CPC exige a participação do cônjuge:
Casos de composse;
Atos que devam ser praticados por ambos os cônjuges
OBJETO DA POSSE
É pacífica a incidência da posse sobre coisas corpóreas; e direitos reais. Neste último caso, ela se denomina quase posse, como é o caso, por exemplo, da posse sobre uma servidão.
Polêmica, no entanto, é a questão que envolve a possibilidade da incidência de posse sobre os direitos pessoais.
Exemplos:
Funcionário público suspenso ou demitido em suas funções; podem ingressar com ação de reintegração de posse?
A violação de direitos autorais enseja a propositura de uma ação possessória?
É possível mover-se ação possessória no caso de violação do nome comercial?
Aula- 10/11/08
R: Esse tema é polêmico, porém, uma posição intermediária admite posse sobre os direitos patrimoniais, cujo exercício esteja vinculado a detenção de uma coisa corpórea.
Por exemplo: O comodatário, titular de um direito pessoal, tem posse, decorrente do referido contrato, e pode invocar os interditos para a proteção do seu direito. Já os direitos pessoais, cujo exercício não esteja vinculado ao uso de uma coisa corpórea, são insusceptíveis de posse.
Portanto, nos três exemplos inicialmente dados, não será possível a incidência da posse.
OBS: O STJ editou a súmula 228 proibindo ação possessória para a defesa de direitos autorais, não admitindo, portanto, posse sobre direitos pessoais. Esse mesmo tribunal, no entanto, em outra decisão, admitiu a usucapião de linha telefônica que tem caráter pessoal.
ESPÉCIES DE POSSE
Posse direta e indireta
Também denominada bifurcação ou bipartição ou concorrência ou sobreposição de posses.
Ocorre quando duas ou mais pessoas têm posse sobre a mesma coisa, mais em graus diferentes, ficando um dos possuidores privados do uso imediato da coisa.
Possuidor direto é aquele que detém, materialmente, a coisa; indireto é aquele que concedeu ao outro o direito de possuir.
A principal característica da posse direta é a sua temporariedade, conforme previsto no art. 1.197.
Ambos os possuidores, direto ou indireto tem posse, portanto, ambos têm legitimidade para propor ação possessória em face de terceiro intruso.
P: O possuidor indireto pode mover ação possessória contra o possuidor direto?
R: Sim, quando a posse deste tornar-se precária. (quando ele se recusar a devolver o bem).
P: O possuidor indireto antes de propor a ação deverá notificar o possuidor direto?
R: Depende, se o contrato tem data certa de vencimento à mora é ex re (ou seja, automática), e neste caso, a ação pode ser proposta sem notificação; porém, se o contrato não tem data certa de vencimento, ou tem, mas é compromisso de compra e venda, a mora é ex persona, e neste caso, é preciso notificar sob pena de carência da ação.
OBS: Não basta mover apenas a ação de rescisão contratual para recuperar a posse, pois é necessário cumulá-la com ação de reintegração de posse.
P: O possuidor direto pode mover ação possessória em face do indireto?
R: Sim, quando o possuidor indireto, antes do término do contrato, pratica ato de turbação ou de esbulho.
OBS: Na relação ex locatu o locador não pode move ação possessória em face do locatário, porque existe ação específica de despejo
POSSE JUSTA E POSSE INJUSTA
De acordo com o artigo 1.200 a posse será justa quando não for violenta, nem clandestina, nem precária.
Será injusta quando apresentar um desses vícios.
Posse violenta é aquela adquirida mediante esforço físico ou grave ameaça. É o inverso de posse mansa e pacífica. Trata-se de vício de aquisição ou de origem.
Posse clandestina é aquela adquirida as escondidas do proprietário ou do possuidor. É o inverso de posse pública; e trata-se de vício de aquisição ou de origem.
Posse precária ocorre quando o possuidor direto se recusa a devolver o bem ao possuidor indireto. Neste caso, o vício se dá ao final da posse.
Os vícios da posse podem se convalidar?
Os vícios da violência e da clandestinidade se convalidam. A questão, no entanto, é saber quando eles se convalidam, e duas são as posições:
A partir do dia em que cessa a violência ou a clandestinidade, tornado-se a posse justa.
Somente ano e dia depois de cessada a violência ou a clandestinidade. Neste caso, a usucapiãode 10 anos seria de 11 anos e 1 dia.
O entendimento do item 2, decorre dos costumes e é oriundo do direito romano antigo, sendo certo que o prazo de ano e dia, previsto no CPC não diz respeito ao tempo necessário para a convalidação desses vícios, mas sim refere-se ao tempo de turbação ou de esbulho para a propositura da ação possessória, tendo em vista a concessão de liminar.
Quanto à posse precária dois são os entendimentos:
De acordo com o código civil ela é eternamente injusta, nunca se convalida, e não gera a usucapião.
A posse precária pode se convalidar, desde que o possuidor direto, por meio de atos exteriores, altere o animus da posse, ou seja, altere o jeito de possuir. (STJ- posição isolada)
Exemplo: dou a minha casa em comodato por cinco anos e findo o prazo, o comodatário não a devolve; enquanto este sujeito estiver morando naquele imóvel residencial, a sua posse é precária, porém, se ele derruba a casa e no lugar constrói um mercadinho, a sua posse se convalida em posse justa.
Importa anotar, ainda, que a noção de justiça e injustiça da posse é sempre relativa, porque ela deve ser sempre analisada em função do adversário.
Portanto, dependendo da situação concreta o ladrão pode ter posse justa.
POSSE DE BOA FÉ E POSSE DE MÁ FÉ
Art. 1.201. É de boa fé a posse quando o possuidor, em razão de erro escusável, ignora o vício ou o obstáculo que impede a sua aquisição.
Será de má fé quando o possuidor tiver ciência do vício, ou então, possibilidade de conhecê-lo se empregar a diligência necessária.
De acordo com o parágrafo único do art. 1.201, presume-se de boa fé aquele que tem justo título, mas esta presunção é relativa (iuris tantum).
Justo título é aquele, formalmente, apto a transferir o domínio, porém não o transfere porque contém um vício intrínseco.
Exemplo: escritura de compra e venda lavrada por quem não é o verdadeiro proprietário; compromisso de compra e venda outorgado sem a autorização do cônjuge; escritura de compra e venda feita por menor púbere sem a assistência do representante legal.
A posse de boa fé, no entanto, não perdura o tempo todo, pois ela cessa com a citação, com a contestação, ou então quando surgirem circunstancias indicativas de que o possuidor sabia que possuía indevidamente.
Observações:
Para fazer-se uso das ações possessórias, e para requere-se a usucapião, basta que a posse seja justa. A boa fé repercute nos efeitos secundários da posse, como no caso dos frutos, das benfeitorias, da retenção pelas benfeitorias e etc. 
Pelo artigo 1.203, percebe-se que é perfeitamente possível posse de boa fé injusta, assim como posse de má fé justa.
POSSE NOVA E POSSE VELHA
Posse nova é a de menos de ano e dia; posse velha é a mais de ano e dia.
Esta classificação tem por fundamento o tempo de posse, e não se confunde com ação de força nova e ação de força velha, que têm por fundamento o tempo de turbação ou de esbulho para a propositura da ação possessória.
Ação de força nova é aquela movida por quem foi turbado ou esbulhado a menos de ano e dia, conferindo direito a concessão de liminar.
Ação de força velha é aquela proposta por quem foi turbado ou esbulhado a mais de ano e dia, e não confere direito a concessão de liminar. Há entendimentos, no entanto, no sentido de que é possível a antecipação da tutela, conforme art. 273 do CPC.
Aula- 17/11/08
Posse ad interdicta:
É a posse que dá direito ao uso das ações possessórias, devendo ser justa, e podendo ser exercida em nome próprio ou em nome alheio.
Posse ad usucapionem: 
É aquela que gera a usucapião, devendo ser justa e ser exercida com animus domini, além de preencher os demais requisitos necessários à usucapião.
POSSE PRO DIVISO E POSSE PRO INDIVISO
Esse tema está relacionado à composse, que é a posse em comum e no mesmo grau entre duas ou mais pessoas.
Exemplo: entre os cônjuges, quando casados no regime da comunhão universal; e ainda entre os herdeiros, antes que haja a partilha do acervo. 
Posse pro diviso: É a composse de direito, mas não de fato, pois cada possuidor, por acordo ou acomodação natural, já se apossou, com exclusividade, de uma parte determinada do imóvel. Um compossuidor não pode possuir a parte do outro, porém, qualquer deles, tem ação possessória em face de terceiro para a defesa do todo, pois, juridicamente, ainda há composse.
Posse pro indiviso: é a composse de direito e de fato, pois a coisa ainda não foi partilhada, por acordo ou acomodação natural, entre os compossuidores.
Cada um desses tem direito de exercer a posse sobre o todo, sendo certo que um não pode impedir a posse do outro; qualquer deles, no entanto, tem ação possessória contra terceiro para a defesa do todo. (art. 1.199)
IUS POSSIDENDI E IUS POSSESSIONIS
Ius possidendi: É a posse derivada do direito a propriedade; e o caso, portanto do proprietário que também tem posse.
Ius possessionis: É a posse adquirida sem a propriedade.
O titular do ius possessionis tem uma única chance de recuperar a posse perdida, que é por meio de uma ação possessória, cuja tutela jurisdicional é provisória, já que quem vence esta ação é o melhor possuidor, que, no entanto, poderá perder a posse numa ação petitória, onde se discute domínio.
Já o titular do ius possidendi tem duas chances de recuperar a posse perdida:
Por meio de uma ação possessória, e, caso perca esta ação ele pode propor;
Uma ação reivindicatória onde se discute domínio.
OBS: nada impede que ele proponha a ação petitória, diretamente, porém, ela não confere direito a concessão de liminar.
DA AQUISIÇÃO DA POSSE
Adquire-se posse desde o momento em que é possível exercer em nome próprio, qualquer dos poderes inerentes a propriedade. 
A aquisição da posse é ato de forma livre, pois a lei não exige qualquer solenidade; podendo ser adquirida, inclusive, por meio de Procurador, conforme artigo 1.205 do código civil.
P: O incapaz, sem o seu representante legal, pode adquirir posse?
R: O CC/16 proibia, pois exigia para a aquisição da posse capacidade. O atual código é omisso, e duas posições se formaram:
Não adquire posse, aplicando-se as regras previstas nos artigos 166 e 171 do código civil de 2002.
A posse não é um negócio, mas sim um ato fato jurídico, e o requisito da capacidade não é exigido para o ato jurídico, salvo quando a lei assim o dizer, conforme art. 185 do código civil. Assim, o incapaz sem o seu representante legal, adquire posse.
Ademais, o atual código adotou a teoria objetiva de Ihering, pela qual se dispensa para a aquisição da posse, qualquer indagação sobre a intenção do agente.
P: É possível aposse de um bem público?
R: Sim. Os bens de uso comum do povo e os de uso especial, no entanto, exigem autorização do poder público; sem esta autorização não há posse, apenas detenção.
Ainda que haja a autorização, ela é revogável a qualquer tempo.
Já os bens dominiais, podem ser possuídos sem a autorização, pois após o decurso do prazo de ano e dia, convalida-se a posse desses bens.
OBS: Uma coisa é ter posse sobre o bem público, o que é permitido pela lei, outra coisa é ter a posse de um bem público para fins de usucapião; o que é proibido.
Também é forma de aquisição da posse o Constituto Possessório que é o ato pelo qual aquele que possuía em nome próprio, passa a possuir em nome alheio.
O constituto possessório não se presume, devendo constar, expressamente, do ato de alienação.
PERDA DA POSSE
Artigos 1.223 e 1.224 do código civil (ver).
ACESSÃO DA POSSE
É a soma do tempo de posse do atual possuidor com os dos seus antecessores.
Tem por objetivo obter uma maior rapidez para a usucapião.
Duas são as espécies de acessão:
Por sucessão: que ocorre na sucessão a titulo universal. Neste caso, a soma das posses é obrigatória, conforme art. 1.207, 1ª parte.
Por união: que ocorre na sucessão singular. Neste caso a soma das posses é facultativa, conforme art. 1.207, 2ª parte.
Questão controvertida diz respeito à posseadquirida pelo legatário. Três são as posições:
A acessão será por sucessão, com base na 1ª parte do art. 1.207;
A acessão será por união, conforme art. 1.207, 2ª parte;
A acessão será por sucessão, porém com base no art. 1.206. O legatário, portanto, continua sendo sucessor a título singular, porém, para fins de aquisição da posse ele tem o mesmo tratamento do herdeiro, conforme art. 1.206.
EFEITOS DA POSSE
Defesa direta da posse;
Direito ao uso dos interditos possessórios;
Direito quanto aos frutos;
Direito quanto às benfeitorias;
Direito quanto à retenção pelas benfeitorias;
Direito quanto à perda e deterioração da coisa;
Direito a usucapião.
OBS: O que consta nos itens 1 e 2 compreendem a denominada proteção possessória.
Defesa direta da posse (art. 1.210, parágrafo 1º)
É o fazer justiça com as próprias mãos, sendo uma reminiscência da vingança privada, sem que se configure, no entanto, o crime previsto no art. 435 do código penal.
A defesa direta da posse pode se dá de duas formas:
Pela legítima defesa: que é a reação imediata e moderada à turbação da posse; turbação é perturbação, isto é molestação da posse.
Desforço imediato: que é a reação imediata e moderada ao esbulho possessório, que é a perda da posse.
Em ambos os casos a reação deve ser imediata, pois se tardia configura vingança. Porém, o que é se entende por reação imediata?
Aula- 19/11/08
Reação imediata não é aquela que se dá apenas incontinenti, ou seja, imediatamente em seguida, devendo ser entendida também como sendo aquela que “tão logo seja possível ao agente agir”, conforme o professor Carvalho Santos. 
Ex. 30 dias após o furto do seu automóvel você vê o ladrão passando com o seu carro. Neste momento você pode com suas próprias mãos recuperar a posse daquele veiculo. A rigor é possível até mesmo o uso da violência, inclusive por meio de armas, desde que haja proporção com o bem jurídico lesado. Ademais segundo a doutrina, o juiz ao aferir se a reação foi moderada ou não deve fazer uso do critério do homem médio. (há entendimentos, no entanto no sentido de que ele deva considerar o caso concreto.)
Direito ao Uso dos Interditos Possessórios
São as ações tipicamente possessórias:
Manutenção de posse
Reintegração de posse
Interdito proibitório
Para a propositura de qualquer dessas ações é necessário que o possuidor tenha posse justa. É certo, no entanto, que o possuidor injusto também poderá propor-la, dependendo do caso concreto, já que a noção da justiça e injustiça da posse é sempre relativa, pois deve ser analisada em função do adversário.
A ação de reintegração de posse é a que visa recuperar a posse perdida, cabível, portanto nos casos de esbulho. Esbulho não significa apenas violência, mas sim perda da posse seja em razão da violência ou da clandestinidade ou da precariedade.
Já a ação de manutenção de posse é cabível quando houver turbação da posse.
Em ambas as ações a petição inicial deverá mencionar a data do esbulho ou da turbação, tendo em vista a possibilidade de concessão de liminar.
De acordo com o art. 927, CPC o autor deverá comprovar nessas ações os requisitos exigidos pelo mencionado dispositivo.
Obs. ao inciso III, do art. 927, CPC: questão polêmica é a de se saber quando começa a ser contado o prazo de ano e dia na hipótese de reiterados atos turbativos em que um é seqüência do outro. Três são as posições:
1ª posição: O prazo começa a fluir a partir do primeiro ato turbativo
2ª posição: O prazo começa a fluir do último ato turbativo;
3ª posição: tratando-se de ato turbativo, distinto, e autônomos, a cada turbação inicia-se o prazo de ano e dia.
Interdito proibitório
O interdito proibitório é cabível quando houver justo receio de turbação ou esbulho. Ainda não houve turbação nem esbulho, porém há uma ameaça concreta da ocorrência deles.
Exemplo: O movimento do sem terra em entrevista a TV, diz que a próxima fazenda a ser invadida é a tua.
Portanto, o interdito proibitório é uma ação preventiva, pois visa evitar a consumação da turbação ou do esbulho.
Na petição inicial, o autor deve pedir ao juiz que expeça mandado de proibição de turbação e de esbulho, sob pena de multa diária.
PRINCÍPIOS ATINENTES AS AÇÕES TIPICAMENTE POSSESSÓRIAS
Princípio da fungibilidade ou da conversibilidade dos interditos
Que significa que a propositura de uma ação possessória ao invés de outra não impedirá que o juiz conheça do pedido, conferindo a proteção possessória, necessário ao caso concreto.
Isto é possível porque o que se pede nos interditos é proteção possessória, variando apenas a situação fática.
Princípio da natureza dúplice das ações possessórias
Ação dúplice é aquela em que o réu pode formular pedido na contestação como se também fossem autor, ampliando, desta forma, os limites do julgamento.
Nas ações dúplices, portanto, os litigantes podem assumir, simultaneamente, a posição de autor ou réu, e não admite, desta forma, a reconvenção.
OBS: Processualistas mais modernos têm sustentado que as ações possessórias são dúplices pelo procedimento, ou seja, há necessidade de pedido expresso do réu na contestação, não sendo, portanto, automático. (ela não é, portanto, dúplice pela natureza como acontece, por exemplo, com a ação de prestação de contas.
Proibição da exceptio proprietatis
A posse é protegida autonomamente, ou seja, independentemente da propriedade; em razão disto, em uma ação possessória, não se discute propriedade, apenas posse, e vence a ação possessória aquele que provar ser o melhor possuidor, ainda que o adversário seja o proprietário.
Na vigência do código civil de 1916, no entanto, em razão da segunda parte do artigo 505 admitiam-se duas exceções a este princípio, isto é, o juiz julgava a possessória em favor do proprietário em dois casos:
Quando ambos os contendores disputavam a posse com base no título de propriedade, aplicava-se a súmula 487 do STF que dizia que o juiz devia entregar a posse para aquele que, evidentemente, for o proprietário.
Quando ambos os litigantes não conseguissem provar, suficientemente, a posse de cada um deles, ou seja, quando a posse de ambos fosse duvidosa. Neste caso, havia entendimento de que o juiz ao invés de entregar a posse ao proprietário deveria julgar a ação improcedente.
O atual código, no parágrafo segundo do artigo 1.210 não repetiu a segunda parte do artigo 505 do CC/16, causador de tanta polêmica.
Apesar disto, há entendimentos no sentido de que as duas hipóteses acima mencionadas ainda persistem, ou seja, nesses dois casos o juiz pode julgar a possessória em favor do proprietário.
OBSERVAÇÃO AO ARTIGO 923 DO CPC
A primeira vista, referido dispositivo dá a entender que no curso de uma ação possessória não se pode ingressar com ação dominial paralela, visando o reconhecimento de domínio.
Esse entendimento, no entanto, não procede, pois ele viola princípio constitucional que dá a todos o direito de ação.
O melhor entendimento, portanto, é aquele que sustenta que a vedação contida neste dispositivo, só é aplicável quando a posse estiver sendo discutida na ação possessória com base no domínio, ou seja, naqueles dois casos em que se admite a exceptio proprietatis.
DAS AÇÕES PETITÓRIAS
Existem ações que não são possessórias, mas sim dominiais, e que instaura, portanto, o juízo petitório, mas que também se prestam á defesa da posse. São elas:
Imissão de posse
É aquela proposta pelo proprietário que nunca teve posse. O pedido aqui é de aquisição da posse que ele nunca teve.
A petição inicial deve mencionar (juntar) a matrícula do imóvel, provando desta forma que é proprietário.
OBS: Não adianta juntar mero compromisso de compra e venda, pois ele é insuficiente.
Aula- 24/11/08
O rito é o sumário ou o ordinário, dependendo do valor da causa. Não há rito especial.
Ação reivindicatória
É aquela proposta pelo proprietário que já teve posse, porém a perdeu.
Aqui o pedido é de recuperação da posseperdida.
É o mesmo pedido da ação de reintegração de posse, o que muda é a causa de pedir, pois nesta discute-se posse, enquanto que na reivindicatória discute-se propriedade.
O rito será o ordinário ou o sumário, dependendo do valor da causa.
OBS: Se o proprietário que nunca teve posse propõe ação reivindicatória ao invés da ação de imissão de posse, qual deve ser o procedimento do juiz?
Duas são as posições:
Ele deve extinguir o processo sem julgamento de mérito. Esta posição é muito criticada, pois é de um formalismo exacerbado.
Ele deve receber a reivindicatória como se imissão de posse fosse, pois se considera esta última uma espécie do gênero reivindicatória; ademais, a que se lembrar também do princípio da celeridade processual.
Ação publiciana
É aquela movida pelo proprietário, que após completar o prazo da usucapião, acabou por perder a posse, portanto, é aquela movida pelo proprietário que não dispõe de título dominial.
Trata-se de uma ação rara, na prática, pois é preferível ajuizar-se a ação de reintegração de posse tendo em vista a concessão de liminar, se a ação for de força nova.
Ela será útil se o sujeito perdeu a posse a mais de ano e dia, propondo, então, a publiciana para discutir propriedade.
Ação negatória
É aquela movida pelo proprietário que sofrer atos de turbação da posse.
Esta ação é semelhante à ação de manutenção de posse.
Ação declaratória
Que pode ser positiva ou negativa; que é aquela que tem por objetivo a obtenção de uma sentença que torne incontroverso o direito de propriedade.
É cabível, portanto, quando houver dúvida sobre a autenticidade do título de propriedade.
OBSERVAÇÃO
Existem ainda outras ações que podem ser propostas, tanto pelo proprietário quanto pelo possuidor, e também se prestam à defesa da posse. São elas:
Embargos de terceiro;
Nunciação de obra nova;
Ação de dano infecto 
EFEITO QUANTO AOS FRUTOS
O possuidor de boa fé tem direito aos frutos colhidos, tempestivamente, durante a boa fé.
Quanto aos frutos civis, eles reputam-se colhidos dia a dia, não precisando ser sacados.
O possuidor a eles terá direito até o dia em que estiver de boa fé.
Quanto aos demais frutos o possuidor a eles terá direito, se os colheu, efetivamente, durante a boa fé.
O possuidor de má fé tem que devolver ou indenizar todos os frutos colhidos, ou que perderam por culpa sua. 
Portanto, o possuidor de má fé não tem direito a fruto algum, no entanto ele terá direito a indenização pelas despesas de produção e custeio dos frutos, evitando desta forma o enriquecimento sem causa da outra parte.
Quanto aos produtos, tanto o possuidor de má fé quanto o de boa fé, terão que indenizá-los ou devolvê-los, quando colhidos
EFEITO QUANTO AS BENFEITORIAS
O possuidor de boa fé tem direito de ser indenizado pelas benfeitorias necessárias e úteis; devendo ser indenizado pelo valor atual delas, e não pelo de custo.
Quanto às benfeitorias voluptuárias, o possuidor de boa fé tem o direito de levantá-las (ius tollendi), se isto for possível, sem que haja danos a coisa. Ele na tem direito de indenização pelas mesmas.
Se o levantamento da benfeitoria não for possível, o possuidor de boa fé a perde sem qualquer indenização.
Se o levantamento for possível, mas se o proprietário quiser ficar com ela, ele fica, mas deverá indenizar o possuidor de boa fé.
O possuidor de má fé tem o direito de ser indenizado pelas benfeitorias necessárias; porém o reivindicante opta se indeniza pelo valor atual delas ou se pelo valor de custo, conforme art. 1.222.
Quanto às úteis e as voluptuárias, ele as perde sem qualquer indenização.
De acordo com o art. 1.221, o proprietário pode compensar pelo valor da benfeitoria os danos causados no imóvel, pelo possuidor, e, ademais, não precisa indenizar as benfeitorias que não mais existirem no tempo em que ele recuperou a posse do bem.
EFEITO QUANTO AO DIREITO DE RETENÇÃO PELAS BENFEITORIAS
Direito de retenção é uma faculdade concedida ao possuidor de boa fé de ser mantido na posse do bem até que seja indenizado pelas benfeitorias necessárias e úteis.
Não há direito de retenção pelas benfeitorias voluptuárias.
O possuidor de má fé, embora tenha direito de ser indenizado pelas benfeitorias necessárias, não tem direito de retenção pelas mesmas. (art. 1.220).
Quanto à natureza do direito de retenção
Segundo posição dominante tem natureza real, pois ele pode ser exercido contra qualquer pessoa que pretenda recuperar o bem.
Se ele tivesse natureza pessoal, seria relativo, e só poderia ser invocado perante a pessoa que transmitiu a posse.
Argüição do direito: o direito de retenção deve ser argüido na contestação da ação que visa a retomada do bem, que pode ser uma ação petitória ou então possessória, ou ainda uma ação de despejo.
OBSERVAÇÃO
Apesar da omissão do código, pela lógica também é cabível o direito de retenção pelas acessões industriais.
EFEITO QUANTO A PERDA OU DETERIORAÇÃO DA COISA
O possuidor de boa fé é obrigado a indenizar se teve culpa pela perda ou deterioração da coisa. Ele não precisa indenizar a perda ou os danos de correntes de caso fortuito ou de força maior.
Já o possuidor de má fé, tem responsabilidade objetiva, pois ele tem que indenizar os danos oriundos de caso fortuito ou de força maior.
Somente não indenizará se conseguir provar que a perda ou o dano teria acontecido da mesma forma caso a coisa estivesse em poder do proprietário.
DA USUCAPIÃO
É modo originário de aquisição da propriedade e de certos direitos reais (por exemplo, servidão, superfície, usufruto, uso e habitação), pela posse prolongada da coisa no tempo.
É modo originário de aquisição, porque não há qualquer relação jurídica entre o atual possuidor e o antecessor, adquirindo-se a propriedade ou o direito real pelo decurso do tempo.
Conseqüentemente:
Não haverá a incidência do imposto de transmissão inter vivos quando se registra a sentença de usucapião.
Os direitos reais que oneravam o bem, como por exemplo, a hipoteca; são extintos.
OBS1: No concurso da Procuradoria do Estado, analisar a possibilidade de sustentar que a usucapião é modo derivado da propriedade e de certos direitos reais, pois a Fazenda Pública quer a cobrança do imposto.
OBS2: Há uma corrente minoritária que sustenta que os direitos reais que oneravam o bem não são extintos, pois como eles são registrados, o usucapiente deles tem conhecimento.
Quanto à prescrição
A usucapião é uma espécie de prescrição, ou seja, trata-se de uma prescrição aquisitiva, e, portanto, serão aplicadas a elas as mesmas normas que impedem, suspendem e interrompem a prescrição. 
Portanto, os bens de pessoa, absolutamente incapaz, não podem ser usucapidos; na constância do casamento, um cônjuge não pode usucapir bem do outro.
O mesmo se dá com relação aos companheiros durante a vigência da união estável, por analogia ao art. 197, I, e de acordo com a posição sustentada pelo professor Serpa Lopes.
OBS: Em regra, todos os bens podem ser objetos de usucapia, salvo os bens públicos, qualquer que seja a sua espécie.
Portanto, as terras devolutas não podem ser usucapidas.
Aula- 01/12/08
O bem com a cláusula de inalienabilidade pode ser usucapido?
R: duas são as posições:
Não pode ser usucapido porque a inalienabilidade acarreta, automaticamente, na impenhorabilidade e na imprescritibilidade do bem, além da incomunicabilidade.
De acordo com o STJ esses bens podem ser usucapidos, pois a inalienabilidade não é característica da coisa, mas uma proibição ditada ao proprietário.
OBS: É certo, no entanto, que se a usucapião é modo originário de aquisição da propriedade, a questão de ser ou não inalienável o bem, é, absolutamente, irrelevante.
REQUISITOS PARA TODAS AS ESPÉCIES DE USUCAPIÃO
Posse Justa: que é aquela não violenta, não clandestina e não precária;
Posse ad usucapionen: é aquela capaz de gerar a usucapião, devendo ser justa e exercida com ânimo dedono, além de preencher os demais requisitos da usucapião;
Tempo de posse: aquela que varia de acordo com a espécie de usucapião. 
Posse contínua: A continuidade aqui é sempre fática, assim, se o sujeito perdeu a posse, mas a recuperou dentro de ano e dia, ele pode somar ao seu tempo, o tempo de posse do usurpador. No entanto, se ele demorou mais de ano e dia para recuperar a posse, operou-se a descontinuidade; e neste caso, ele perde todo o tempo anterior de posse, que deverá iniciar-se novamente;
Posse mansa e pacífica: significa a ausência de litígio judicial com o proprietário do bem durante todo o prazo da usucapião.
OBS: É importante anotar que litígio judicial com terceiro não impede a usucapião. Entendimento diverso, inclusive, premiaria o proprietário inerte.
Posse ininterrupta: Aqui a interrupção é civil e não fática.
Como se interrompe a usucapião?
R: Basicamente pelas mesmas formas pelas quais se interrompe a prescrição, quais sejam citação e notificação judicial.
DA SENTENÇA DE USUCAPIÃO
Referida sentença é meramente declaratória, pois não é a sentença que transmite a propriedade, mas sim o decurso do tempo; tanto isto é real que o código civil ao falar dos meios de aquisição da propriedade, diz que ela se dará por meio: 
Do registro;
Da usucapião;
Do direito sucessório
Portanto, a lei civil separa a usucapião do registro da sentença.
O registro da sentença de usucapião tem por finalidade preservar o princípio da continuidade do registro público, e não para adquirir a propriedade.
CONSEQUENCIA DE SER A SENTENÇA DE USUCAPIÃO MERAMENTE DECLARATÓRIA
Não incidência do imposto de transmissão inter vivos;
A usucapião pode ser alegada em matéria de defesa, antes mesmo de se ajuizar a ação de usucapião (súmula 237 do STF);
Se após completar o prazo de usucapião a pessoa vier a perder a posse, ela poderá requerer a usucapião, pois já adquiriu a propriedade.
Questão: O proprietário ingressa como uma ação reivindicatória do bem. O réu pode se defender alegando a usucapião em contestação.
Se o réu não alega a usucapião em contestação, ele poderá fazê-lo depois?
R: Dois são os entendimentos:
Não pode, pois houve preclusão, restaurando-se, desta forma, o direito do proprietário;
Pode ser alegada a qualquer tempo, pois é matéria de ordem pública, aplicando-se, por analogia, as regras da prescrição. Só não poderá ser alegada em recurso especial ou REXT se a matéria não foi pré-questionada.
DAS ESPÉCIES DDE USUCAPIÃO
Usucapião extraordinária (art. 1.238)
Exige posse justa durante 15 anos, em se tratando de bem imóvel; e 5 anos se móvel.
No artigo 1.238, parágrafo único a lei fala em moradia habitual.
De acordo com o parágrafo único do artigo 1.238, o prazo da usucapião de imóvel reduz-se para 10 anos se o usucapiente estabelecer ali a sua moradia habitual, ou então realizar obras ou serviços produtivos no imóvel. Não se exige justo titulo nem boa fé.
Usucapião Ordinária (art. 1.242): 
É aquela que exige justo título e boa fé; e em se tratando de imóvel o prazo é de 10 anos (pouco importa se entre presentes ou ausentes; em se tratando de móveis, o prazo é de três anos.
OBS1: De acordo com o art. 1.242, p; único, se o título chegou a ser registrado no cartório da registro de imóveis e depois este título foi cancelado, o prazo da usucapião passa a ser de 5 anos, em se tratando de bem imóvel, desde de que, além da aquisição ter sido onerosa, o usucapiente nele tenha estabelecido a sua moradia, ou então realizado investimentos de interesse social ou econômico.
OBS2: No p; único do art. 1.238 a lei fala em moradia habitual, já no p; único do art. 1.242 a lei fala somente em moradia. As expressões, no entanto, têm a mesma abrangência.
Usucapião urbana ou para moradia (arts. 183 da CF; art. 9º do estatuto da cidade e art. 1.240 do código civil):
Não há qualquer conflito entre esses dispositivos, pois todos se referem ao mesmo instituto.
O art. 9º do estatuto, no entanto é mais amplo, pois menciona “(...) área ou edificação urbana (...)”.
Ocorre para imóvel urbano até 250 metros quadrados, e não se exige justo título nem boa fé.
Só pode ser requerido por quem não seja proprietário de outro imóvel urbano ou rural.
A pessoa somente pode ser beneficiada uma única vez com esta espécie, e deve fazer do imóvel a sua moradia ou a de sua família.
É possível a soma das posses na usucapião urbana?
R: Pelo código civil não pode, pois a moradia é requisito de ordem pessoal, porém, e nos termos do art. 9º, § 3º do Estatuto da Cidade é possível, em se tratando de herdeiro legítimo, desde que este no momento da abertura da sucessão já morasse com o de cujus.
O art. 14 do estatuto da cidade prevê para esta espécie o rito sumário. Já o art. 13 admite que a usucapião urbana posse se alegada em defesa, valendo, inclusive, a sentença que a reconhecer como título para registro no cartório de registro de imóveis.
O art. 11 do estatuto, diz que na pendência da ação de usucapião urbana, ficam suspensas as ações petitórias ou então possessórias referentes ao imóvel.
Usucapião rural ou especial, ou pró-labore (art. 191 da CF)
É aquela prevista para imóvel rural de até 50 hectares (art. 191 da CF; e art. 1239 do CC).
O prazo é de 5 anos, e não se exige justo título nem boa fé.
O usucapiente não pode ser proprietário de outro imóvel urbano ou rural, mas já pode ter sido beneficiado com esta espécie, anteriormente.
Ele tem que morar no imóvel durante os cinco anos, não sendo possível a soma das posses, pois a moradia é requisito de ordem pessoal, que visa fixar o homem no campo. Ademais, tem que cumprir com a função social, tornando a terra produtiva.
A Lei 6.969/81 permite que esta espécie seja alegada em defesa, valendo a sentença que a reconhecer como título no cartório de registro de imóveis.
O rito é o sumário.
Usucapião de aeronaves (art. 116, III da lei 7.565/85)
Exige justo título, boa fé e cinco anos de posse.
Usucapião urbana coletiva (art. 10 do Estatuto da Cidade)
Visa à regularização de área de favela ou de aglomerados residenciais sem condições de legalização do domínio. Não se trata, portanto de terra bruta, mas sim ocupada por pessoas que vivem em barracos ou habitações precárias construídas com material frágil e até mesmo com cobertura improvisada. Esse instituto veio para favorecer a população de baixa renda. No entanto, o que se entende por população de baixa renda? O tema é absolutamente polêmico e a doutrina tem entendido que cabe ao juiz decidir de acordo com a situação concreta.
Requisitos:
1 – Área urbana com mais de 250m2;
2 – 5 anos de posse;
3 – que o local esteja sendo utilizado efetivamente para moradia;
4 – impossibilidade de se delimitar a área de cada possuidor no cartório de registro de imóveis (haverá uma só matrícula para toda a área);
5 – que o usucapiente não seja proprietário de outro BI urbano ou rural.
O art.10, §1º do estatuto da cidade permite a soma das posses desde que ambas sejam contínuas.
São partes legítimas para propositura dessa ação:
1 – cada possuidor isoladamente ou em litisconsórcio;
2 – os compossuidores, quando houver composse;
3 – as associações de moradores, constituídas para esse fim.
Na sentença o juiz atribui uma fração igual do terreno para cada possuidor, caso não haja acordo entre eles. Ademais a sentença constitui um condomínio indivisível, isto é, que não pode ser extinto, salvo deliberação de 2/3 dos condôminos na hipótese de urbanização posterior (ver §§ 2º - 5º do art. 10, Estatuto da Cidade).
Procedimento da Usucapião, art. 941 – 945, CPC.
O rito é o ordinário ou o sumário conforme o valor da causa, seja o BM ou BI (para as usucapiões comuns). As usucapiões especiais ( urbana e rural) o rito é o sumário.
O foro competente é do local da situação do BI, na vara de registros públicos onde houver ou então na vara cível.
Se a União intervém no feito demonstrando interesse no BI a competênciaé da Justiça Federal, ainda que o Estado ou o Município intervenham no processo.
Se o Estado ou o Município ingressam no processo dizendo que o bem é público a competência da Vara da Fazenda Pública. A petição inicial deve ser instruída com a planta do BI, pois o bem deve ser individualizado. Não podem ser usucapidos os bens que não estejam perfeitamente individualizados. Tem que ser juntada a planta do BI, pois não basta simples croqui.
São réus na Ação de Usucapião:
1 – proprietário do BI;
2 – confrontante ou vizinho ou confinante;
3 – eventuais interessados, incertos e não sabidos.
Todos eles deverão ser citados; os últimos por edital. Há, portanto um litisconsórcio passivo necessário. Quanto aos réus citados por edital o juiz nomeia um curador especial (normalmente um advogado dativo).
São notificados para participarem do processo: 
1 – O MP que atua como fiscal da lei;
2 – As Fazendas Públicas (Federal, Estadual e Municipal 
PROPRIEDADE (art. 1228 - 1231 CC)
	Art. 1.228 CC  O proprietário tem a faculdade de usar, gozar e dispor da coisa, e o direito de reavê-la do poder de quem quer que injustamente a possua ou detenha.
§ 1o O direito de propriedade deve ser exercido em consonância com as suas finalidades econômicas e sociais e de modo que sejam preservados, de conformidade com o estabelecido em lei especial, a flora, a fauna, as belezas naturais, o equilíbrio ecológico e o patrimônio histórico e artístico, bem como evitada a poluição do ar e das águas.
§ 2o São defesos os atos que não trazem ao proprietário qualquer comodidade, ou utilidade, e sejam animados pela intenção de prejudicar outrem.
§ 3o O proprietário pode ser privado da coisa, nos casos de desapropriação, por necessidade ou utilidade pública ou interesse social, bem como no de requisição, em caso de perigo público iminente.
§ 4o O proprietário também pode ser privado da coisa se o imóvel reivindicado consistir em extensa área, na posse ininterrupta e de boa-fé, por mais de cinco anos, de considerável número de pessoas, e estas nela houverem realizado, em conjunto ou separadamente, obras e serviços considerados pelo juiz de interesse social e econômico relevante. 
§ 5o No caso do parágrafo antecedente, o juiz fixará a justa indenização devida ao proprietário; pago o preço, valerá a sentença como título para o registro do imóvel em nome dos possuidores.
	
O direito de propriedade é o maior dos direitos reais, uma vez que dele derivam todos os demais direitos reais sobre coisa alheia.
	O Código Civil não define propriedade, mas diz quem é proprietário (art. 1.228 CC).
	A propriedade é a faculdade de usar, gozar e dispor, bem como reivindicá-la em poder de quem injustamente a detenha ou possua. É a submissão de uma coisa a uma pessoa em todas as suas acepções.
	1) Poderes inerentes ao proprietário.
		• Usar  Tirar o proveito que a coisa gera, explorá-la.
		• Fruir  O dono recebe as riquezas e vantagens que a coisa gera. 
• Dispor  É o poder do dono de alienar “lato sensu” a coisa. Se o dono pode alienar, pode também onerar a coisa. Os romanos diziam que o proprietário tem o direito de destruir aquilo que lhe pertence. Hoje, isso só é lícito quando não ofende a função social da propriedade.
• Reivindicação em poder de quem injustamente a detenha ou possua  A reivindicação é a mais conhecida das ações petitórias. A ação reivindicatória é ajuizada pelo proprietário sem posse contra o possuidor sem propriedade. Não se aplica o princípio da fungibilidade à ação reivindicatória, pois este só se aplica às ações possessórias.
Em regra, a ação reivindicatória é do proprietário. Hoje em dia, no entanto, o STJ admite ação reivindicatória proposta pelo promitente comprador, desde que haja registro do compromisso de compra e venda.
A lei diz que a ação reivindicatória pode ser ajuizada contra o possuidor ou detentor, desde que a posse seja injusta. Mas esta não é a mesma posse injusta do art. 1.200 CC (posse violenta, clandestina ou precária). A posse injusta do art. 1.200 CC é a posse viciada, adquirida de modo ilícito. Para efeito petitório (art. 1.228 CC), a posse é injusta quando aquele que tem a posse daquilo que não é dono não tiver uma justa razão para tanto. É, portanto, mais ampla que a posse injusta do art. 1.200 CC.
	2) Análise do art. 1.228 CC.
	a) Art. 1228, § 1°, CC  Função social da propriedade. 
Função social é uma cláusula geral (isto é, um princípio que se positiva na lei). Logo, não há como definir. O Código Civil foi infeliz ao tentar dizer qual é o conteúdo da função social. 
	O rol do art. 1.228, § 1º, CC é meramente exemplificativo. Não esgota o conteúdo da função social. Isso porque função social é um conceito aberto. A função é um modo de operar um instituto jurídico. O direito contemporâneo é funcionalizado, pois interessa mais estabelecer o que determinado instituto opera do que estabelecer a estrutura do instituto em si. É social tudo aquilo que atende a um interesse geral.
	A propriedade tem um papel a desempenhar. Deve atender ao interesse do dono, sem, contudo, violar o interesse geral. Isso é função social da propriedade.
	b) Art. 1228, § 2°, CC  Abuso de direito. 
	Este artigo deve ser lido conjuntamente ao art. 187 CC.
	O art. 1228, § 2º, CC, no que diz respeito ao abuso de direito, consagra a teoria subjetivista ou do ato emulativo. Esta teoria diz que é proibido ao proprietário praticar atos que não lhe tragam vantagem, mas que tenham como propósito prejudicar os outros.
	Por outro lado, o art. 187 CC consagra a teoria objetivista do abuso de direto, segundo a qual basta que o proprietário exerça seu direito em desconformidade com finalidade para qual ele foi criado para que se caracterize abuso de direito. É ato ilícito o direito exercido em desacordo com a finalidade para a qual ele foi criado. 
Ambas as teorias são aplicadas em relação à propriedade. Na teoria subjetivista, exige-se prova do dolo do proprietário. Na teoria objetivista, a responsabilidade do proprietário é objetiva. 
c) Art. 1228, §§ 4° e 5°, CC  Desapropriação judicial. 
O nome “desapropriação judicial” é inadequado para caracterizar o instituto. 
Um dos poderes do dono é o poder de reivindicar. Esse poder pode ser sustado quando houver a situação jurídica descrita no § 4º do art. 1.228 CC: (i) extensa área, (ii) ocupada por um grande número de pessoas, (iii) posse sem interrupção e de boa-fé no prazo mínimo de 5 anos e (iv) essas pessoas tiverem dado, isolada ou conjuntamente, função social à propriedade. Preenchidos todos estes requisitos, o juiz pode paralisar o direito de reivindicação, com base no art. 1.228, § 5º, CC. O juiz manda avaliar o imóvel e, mediante o pagamento de um preço ao proprietário, a sentença determina o registro do imóvel no nome dos possuidores. Trata-se de um direito potestativo de certos possuidores que têm a prerrogativa de comprar o imóvel ocupado mesmo contra a vontade do dono, desde que preenchidos os requisitos legais.
Não se trata exatamente de uma desapropriação, pois quem paga a indenização são os ocupantes, e não o Estado. A chamada desapropriação judicial nada mais é uma venda compulsória (ainda que contra a vontade do proprietário) do mau dono para o bom possuidor. 
Também não se trata de usucapião coletivo, pois ninguém compra o que já é seu. É cabível apenas a desapropriação judicial, eis que falta algum requisito para que se caracterize o usucapião. 
A desapropriação judicial só serve para imóveis particulares. A lei diz que a desapropriação judicial é matéria de defesa (exceção processual). Mas nada impede que os possuidores usem essa prerrogativa como direito de ação. 
Art. 1.229 CC  A propriedade do solo abrange a do espaço aéreo e subsolo correspondentes, em altura e profundidade úteis ao seu exercício, nãopodendo o proprietário opor-se a atividades que sejam realizadas, por terceiros, a uma altura ou profundidade tais, que não tenha ele interesse legítimo em impedi-las.
Este dispositivo trata da extensão do direito de propriedade imóvel.
O artigo diz que a propriedade do solo abrange a propriedade do que está sobre ele e sob ele. Mas essa propriedade é limitada ao proveito do dono. [Ex.: Eu recebo indenização quando passa uma tubulação embaixo da minha casa, mas não recebo quando passa metrô a mais de 20 m de profundidade].
Art. 1.231 CC  A propriedade presume-se plena e exclusiva, até prova em contrário.
A propriedade presume-se plena e exclusiva, até que se prove o contrário. A propriedade plena recebe o nome de propriedade alodial (expressão usada no Código Civil antigo). Será plena a propriedade quando os poderes a ela inerentes estão todos concentrados nas mãos do dono.
Os ônus que oneram a propriedade são demonstrados por quem os alega.
A propriedade onerada, ao revés. é aquela em que o dono está desfalcado de algum dos poderes inerentes à propriedade (hipoteca, por exemplo).
	Art. 1230 CC  A propriedade do solo não abrange as jazidas, minas e demais recursos minerais, os potenciais de energia hidráulica, os monumentos arqueológicos e outros bens referidos por leis especiais.
Parágrafo único. O proprietário do solo tem o direito de explorar os recursos minerais de emprego imediato na construção civil, desde que não submetidos a transformação industrial, obedecido o disposto em lei especial.
As riquezas do subsolo pertencem à União. A União pode entregar em concessão o direito de exploração das riquezas do subsolo. Trata-se do chamado “direito de lavrar”.
Este dispositivo apenas reproduz o que já está consignado nos art. 176 e 177 CF.
3) Descoberta (art. 1.233 - 1.237 CC)
O antigo Código Civil a chamava de invenção. Não é um modo de aquisição da propriedade.
	Pela descoberta, quem acha coisa alheia perdida, deve devolvê-la a seu legítimo possuidor. Isso porque a coisa perdida continua sendo de propriedade de alguém.
	É caso de ato jurídico em sentido estrito. Eu não sou obrigado a pegar a coisa do chão. Mas se pegar, nasce um dever jurídico de devolução e de procurar o legítimo dono. Se não achar o legítimo dono, deve-se entregar a coisa à autoridade competente (art. 1.233, parágrafo único, CC).
	Por outro lado, quem acha uma coisa perdida faz jus a uma recompensa de, no mínimo, 5 % do valor da coisa (art. 1.234 CC). A recompensa é fixada levando em conta as diligências feitas por quem achou a coisa perdida para tentar achar o dono. Quanto menor a chance de recuperação da coisa para o legítimo proprietário, maior o valor da recompensa.
	Se depois de 60 dias o legítimo dono não for achado, a coisa vira bem público do município (art. 1.237 CC). Se for coisa de baixo valor, o município pode ceder a coisa em favor de quem a achou.
	Achádego é o nome que se dá à coisa perdida.
	4) Formas de aquisição da propriedade imóvel.
	4.1) Registro imobiliário da propriedade (art. 1.245 - 1.247 CC).
	A Lei n° 6.015/73 (Lei de Registros Públicos) tem cerca de 200 artigos tratando sobre o registro de imóveis, razão pelo qual o legislador do não se preocupou em tratar detalhadamente o assunto no Código Civil.
	A aquisição da propriedade pode se dar a título derivado ou originário.
	Na aquisição a título derivado, o antigo proprietário transfere seus direitos ao novo proprietário. O novo proprietário adquire exatamente os mesmos direitos que o antigo dono tinha, com todas as suas qualidades e defeitos. Há uma relação de causa e efeito entre os direitos do antigo e o do novo proprietário.
	Na aquisição a título originário, o indivíduo se torna dono porque assim a lei determina. Não há relação jurídica entre o antigo e o novo proprietário. Destarte, as qualidades e defeitos da propriedade não se transmitem ao novo dono.
	A aquisição da propriedade imobiliária pelo registro é derivada.
• Sistemas de aquisição de propriedade.
a) Sistema francês  Segue o Código de Napoleão. A propriedade imóvel se adquire só com o consenso. O contrato é suficiente para garantir a transferência da propriedade, independentemente de qualquer formalidade posterior. O registro é meramente publicitário. 
b) Sistema romano  Dele derivam o sistema alemão e o sistema brasileiro. No sistema romano, a propriedade imóvel se adquire mediante a junção de 2 momentos distintos. O contrato (título) gera um direito de crédito ao adquirente. Para que o direito obrigacional se converta em direito real, é necessário o registro (para bens imóveis) ou a tradição (para bens móveis). O registro é constitutivo do direito real sobre bens imóveis. Só o título não basta. O título apenas torna o indivíduo credor do alienante.
A esta regra, há três exceções.
- Aquisição originária  Nela, o registro é dispensável, sendo apenas regulatório (usucapião, por exemplo).
- Aquisição "causa mortis"  A transmissão da propriedade ou posse se dá pela morte, em razão do princípio da "saisine". O registro é meramente regulatório.
- Lei  Mesmo em aquisição derivada e "inter vivos", o art. 1.227 CC diz que a lei eventualmente pode dispensar o registro imobiliário (casamento pelo regime de comunhão universal de bens, por exemplo).
	
(i) Sistema alemão (BGB)  O registro é constitutivo, mas é abstrato. Uma vez feito o registro, ele se desliga do título que lhe deu origem, de tal modo que, ainda que o título seja desfeito, o registro se mantém. O registro é incólume aos eventuais vícios do título.
(ii) Sistema brasileiro  O registro é constitutivo, mas é causal, pois não se desliga do título que lhe deu origem. Desfeito o título, cai também o registro. O registro segue a sorte do título que lhe deu origem. No Brasil, o registro é constitutivo e causal. 
	• Princípios que regem o registro de imóveis.
	O registro de imóveis deve ser um sistema seguro, pois se adquire a propriedade imóvel confiando no que consta o registro. Por outro lado, o registro é causal, uma vez que se contamina pelos eventuais vícios dos títulos que lhe dão origem. Daí a necessidade de "filtros" para o controle de acesso ao registro.
Data: 13 de março de 2008.
a) Princípio da inscrição (art. 1.227 e art. 1.245 CC).
	O registro é constitutivo dos direitos reais. Antes do registro, eu sou credor. Depois do registro, eu sou proprietário. Mas há exceções (aquisição originária, aquisição "causa mortis" e lei).
	O princípio diz que o registro é que converte o direito obrigacional em direito real. Aplica-se apenas aos bens particulares, já que os imóveis públicos podem sê-lo por destinação.
	b) Princípio da fé pública ou presunção (art. 1.245, § 2°, CC e art. 254 da Lei n° 6.015/73).
A presunção que gera o registro de imóveis é relativa. Ou seja, o registro é causal, permanecendo atrelado ao título que lhe deu origem. A presunção de propriedade que gera o título é relativa, uma vez que cancelado o título, o registro é inválido.
	Art. 214 da Lei n° 6.015/73  As nulidades de pleno direito do registro, uma vez provadas, invalidam-no, independentemente de ação direta. 
        	§ 1o A nulidade será decretada depois de ouvidos os atingidos. 
        	§ 2o Da decisão tomada no caso do § 1o caberá apelação ou agravo conforme o caso. 
        	§ 3o Se o juiz entender que a superveniência de novos registros poderá causar danos de difícil reparação poderá determinar de ofício, a qualquer momento, ainda que sem oitiva das partes, o bloqueio da matrícula do imóvel. 
        	§ 4o Bloqueada a matrícula, o oficial não poderá mais nela praticar qualquer ato, salvo com autorização judicial, permitindo-se, todavia, aos interessados a prenotação de seus títulos, que ficarão com o prazo prorrogado até a solução do bloqueio.
É possível cancelar o registro com base em 2 causas diferente É possível que o vício esteja no próprio mecanismo do registro (e não no título emsi). Nesta hipótese, a nulidade é de pleno direito. O juiz corregedor do registro de imóveis pode cancelar o registro na esfera administrativa. Por outro lado, quando o título é falso e, por tabela, o registro é inválido, exige-se ação na esfera jurisdicional. Se for um problema de nulidade relativa, esta pode ser reconhecida incidentalmente.
c) Princípio da continuidade (art. 237 da Lei n° 6.015/73).
Só pode transmitir direito real aquele que consta como seu titular no registro de imóveis. Esta é uma obviedade que gera profundas conseqüências jurídicas. Os registros são encadeados entre si (cadeia dominial). Isso explica, por exemplo, porque se levam a registro a sentença que dá procedência à ação de usucapião e a carta de adjudicação. Interessa ingressar na cadeia dominial para poder transmitir seu direito. Além disso, se houver vícios em um registro, os subseqüentes caem automaticamente, deixando de participar da cadeia dominial.
	d) Princípio da especialidade (art. 176 da Lei n° 6.015/73).
	O registro de imóveis diz não apenas quem é o dono, mas também do que se é dono e de quanto se é dono. Só ingressam no registro de imóvel os títulos que individualizem perfeitamente o imóvel, tornando-o inconfundível com qualquer outro.
	O art. 176 da Lei n° 6.015/73 dá os requisitos para a abertura da matrícula de um imóvel. Se for imóvel urbano, deve haver indicação da localização, das dimensões do imóvel, dos confrontantes, entre outras coisas. Se for imóvel rural, deve haver indicação de todas as medidas do imóvel, o nome do imóvel, os principais acidentes geográficos, os confrontantes, entre outras coisas. 
	Ocorre que nem sempre as matrículas de imóveis têm descrições perfeitas, especialmente nos imóveis rurais. Isso é fruto de uma época em que o princípio da especialidade não era muito observado. Neste caso, como fazer para adequar estes imóveis ao princípio da especialidade?
O procedimento a ser adotado é o da retificação do registro imobiliário (art. 212 - 214 da Lei n° 6.015/73). Estes artigos foram alterados em agosto de 2004.
	Até 2004, quando a retificação alterava as medidas do imóvel, era obrigatório que ela fosse feita judicialmente. Após 2004, a retificação passou a ser administrativa, passando a correr perante o oficial do registro de imóveis. A partir de então, o interessado passou a ter a faculdade de fazer a retificação administrativa ou judicialmente.
O pedido de retificação feito ao oficial de registro de imóveis deve ser instruído com o memorial descritivo e a planta do imóvel. Além disso, deve haver também no pedido a anuência dos confrontantes. Isso permite ao oficial de registro fazer a retificação imediatamente.
Se o pedido de retificação vier sem a anuência dos confrontantes, o oficial os notificará para que eles se manifestem em 15 dias. Se houver impugnação dos confrontantes, o pedido de retificação é encaminhado ao juiz. O oficial de registro de imóveis não tem competência para dirimir conflitos. O juiz só decide, a princípio, as retificações administrativas impugnadas ou aquelas em que a parte optar diretamente pela via judicial.
Ao julgar a retificação, o juiz corregedor permanente age numa esfera atípica (administrativa). Ele age como se fosse um superior hierárquico do oficial de registro, razão pela qual sua decisão não faz coisa julgada material. 
Se o juiz verificar que a questão é de alta indagação (envolve usucapião, por exemplo), ele encaminha as partes às vias ordinárias. 
Se o princípio da especialidade não for observado, pode haver fraudes enormes. Há regiões do Brasil em que há muito mais títulos do que terras. É o que se conhece como "grilagem".
e) Princípio da prioridade (art. 1.246 CC e art. 182 e 205 da Lei n° 6.015/73).
Os direitos reais são criados na ordem cronológica do seu aparecimento no registro de imóveis. Este princípio aparece com toda a sua força quando há títulos contraditórios entre si.
O registro de imóveis deve ter um mecanismo de controle dos títulos contraditórios entre si.
A Lei n° 6.015/73 diz que o oficial de registro tem 30 dias para examinar o título e registrá-lo. Todo título protocolado no Cartório de Registro de Imóvel ganha um número de ordem. Ao protocolar o título, o oficial irá prenotá-lo. A prenotação é um instrumento de garantia do título protocolado no registro de imóveis. A prenotação tem um prazo de caducidade de 30 dias. Neste prazo, o interessado que protocolou o título tem a prioridade. Se houver alguma irregularidade e o título for devolvido, o interessado deve cumprir as exigências feitas pelo oficial dentro deste prazo de 30 dias. Escoado esse prazo sem que o interessado tenha cumprido as exigências, a prenotação é cancelada e as portas do registro se abrem novamente. Se houver uma segunda pessoa interessada em registrar um título para aquele mesmo imóvel, uma vez cancelada a prenotação, ela está autorizada a protocolar seu título e, a partir de então, terá prioridade.
Em São Paulo, diz-se que o prazo de 30 dias que o oficial tem para examinar e registrar o título é dividido em duas partes. Nos primeiros 15 dias, o prazo é para devolver o título ao interessado caso haja alguma irregularidade a ser sanada. Nos 15 dias subseqüentes, o oficial deve proceder ao registro do título.
f) Princípio da legalidade.
O oficial é o guardião do registro. O registro é constitutivo e causal. O registro está ligado ao título que lhe deu origem. Cabe ao oficial fazer a "filtragem" dos títulos apresentados e só registrar os títulos perfeitos. Cabe ao oficial verificar a aptidão do título para ingressar no registro de imóvel.
A tarefa do oficial de verificar a aptidão do título para ingresso no registro de imóveis recebe o nome de qualificação. A qualificação se dá em duas fases:
(i) Verificação se o título viola os princípios do registro de imóveis.
(ii) Verificação se o título viola qualquer norma de ordem pública [Ex.: Se quem figura como alienante for incapaz, é necessário autorização judicial]. 
O exame que o oficial faz do título é extrínseco (ou seja, verifica-se apenas o que o título apresenta em sua face). O oficial não investiga fatos. 
Se o título estiver regular, o oficial procede ao registro. Se não estiver, ele devolve o título interessado, fazendo uma nota devolutiva por escrito, na qual enumera os princípios ou normas de ordem pública ofendidas. 
Se o interessado questionar as exigências feitas pelo oficial, isso será feito por um procedimento denominado dúvida. O interessado pede ao oficial que ele próprio suscite a dúvida ao seu juiz corregedor permanente. O juiz recebe a dúvida, encaminha o caso ao Ministério Público (curador de registros públicos) e dá uma sentença.
Ao julgar a dúvida, o juiz age como um agente administrativo, razão pela qual a sentença não faz coisa julgada material.
Sendo a dúvida procedente, o juiz mantém a recusa e prestigia o oficial. Sendo improcedente, o juiz manda registrar o título, afirmando que as exigências feitas pelo oficial eram indevidas.
A decisão que julga a dúvida tem caráter normativo. Todos os casos semelhantes que aparecerem para o oficial seguirão o mesmo teor da decisão com caráter normativo, que figura como uma espécie de precedente. Todos os recursos contra as decisões do procedimento de dúvida são julgados pelo Conselho Superior da Magistratura, visando a evitar decisões conflitantes no estado. O relator é sempre o Corregedor Geral de Justiça, o revisor é o presidente do Tribunal de Justiça e o terceiro juiz é o vice-presidente do Tribunal de Justiça. Não há juiz natural, pois o Corregedor Geral de Justiça é sempre o relator.
g) Princípio da publicidade.
Não se alega ignorância contra o que consta do registro imobiliário. Ou seja, a lei, por ficção, diz que o que consta do registro de imóveis é de conhecimento geral.
Tudo aquilo que não constar do registro de imóveis não será de conhecimento geral e deverá ser demonstrado por outros meios de prova. 
4.3) Acessão (art.1.248 – 1.259 CC).
	É o último modo previsto em lei de aquisição da propriedade imóvel. 
A acessão é o modo originário de aquisição da propriedade imóvel pelo qual, ao proprietário do solo, fica pertencendo tudo aquilo que a ele adere e não pode ser retirado sem estrago. A acessão segue o principio segundo ao qual o acessório segue o principal.
	A acessão não se confunde com benfeitoria. Na benfeitoria, melhora-se algo já existe, fazendo-se investimento com o propósito de conservar ou melhorar um determinado bem. Na acessão, cria-se uma coisa nova. 
O Código Civil prevê várias modalidades de acessão (art. 1.248 CC).
(i) Formação de ilhas (art. 1.249 CC).
(ii) Aluvião (art. 1.250 CC).
(iii) Avulsão (art. 1.251 CC).
(iv) Álveo abandonado (art. 1.252 CC).
(v) Construções e plantações (art. 1.253 - 1259 CC).
O álveo é porção de terras coberta pelas águas de um rio. Segundo o Código Civil, águas públicas são os rios navegáveis e águas particulares são os rios não-navegáveis. Para o professor, essa distinção não tem mais sentido em face do que estabelece a Constituição Federal, que diz que todas as águas são públicas.
Surgindo uma ilha num rio não navegável, esta passará a pertencer aos proprietários ribeirinhos, na proporção de sua testada, até o eixo médio do rio (art. 1.249 CC). 
	Na aluvião, há um acréscimo não natural e paulatino de sedimentos que aumentam o imóvel situado à margem do rio. O dono deste imóvel fica sendo proprietário, por aluvião, deste acréscimo (art. 1.250 CC).
	Na avulsão, alguém que tem um imóvel à beira de um rio perde uma porção de terra que vai aderir a um outro imóvel, de modo abrupto, porém natural (art. 1.251 CC). Aquele que perdeu o pedaço de terra tem o prazo decadencial de um ano para ajuizar ação reivindicatória, a fim de evitar enriquecimento sem causa daquele que obteve um acréscimo em seu imóvel. Decorrido o prazo, o pedaço de terra que se desprendeu se agrega ao outro imóvel, sem qualquer direito de indenização ao antigo proprietário. Se a ação indenizatória for ajuizada e a indenização não for paga, o antigo proprietário tem a prerrogativa de reaver o pedaço de terra perdido por avulsão.
	Ocorre álveo abandonado quando o rio muda naturalmente de curso (art. 1.252 CC). As águas irão descobrir o antigo álveo, que ficará denominado de álveo abandonado. A quem pertence ao leito seco do rio? Traça-se um eixo médio no álveo. O álveo pertencerá aos proprietários ribeirinhos na proporção das testadas de seus imóveis, até o eixo médio. 
	Se o álveo abandonado decorre de mudança provocada pelo homem, não se aplica o Código Civil. Neste caso, o poder público desapropria e indeniza o álveo novo, ficando a Administração proprietária do álveo velho.
Data: 10 de abril de 2008.
	As construções e plantações (art. 1.253 - 1.259 CC) não são benfeitorias, mas sim acessões. Nas benfeitorias, transforma-se algo já existente. Por outro lado, as acessões criam coisa nova. As construções e plantações são acessões, figurando como modo originário de aquisição da propriedade.
	O art. 1.255 CC diz que aquele que planta ou constrói em terreno alheio perde em favor do dono do terreno aquilo de construiu ou plantou. Se o fez de boa-fé, faz jus à indenização pelo valor daquilo que construiu ou plantou. A princípio, o solo é o principal e a construção / plantação é o acessório. 
E se a pessoa estiver de má-fé? Ela perde a construção / plantação. Não há direito a qualquer tipo de indenização. Não se caracteriza enriquecimento necessário do dono do solo. 
	O regime jurídico das acessões é muito próximo ao das benfeitorias úteis. 
	Se a pessoa estiver de boa-fé, além da indenização, ela também tem direito de retenção? A lei é omissa. Todavia, a jurisprudência diz que se aplica por analogia a regra dos art. 1.219 e 1.220 CC. Logo, havendo boa-fé por parte do construtor ou plantador, ele tem direito de retenção.
	O parágrafo único do art. 1.255 CC diz que há casos em que o valor da construção ou plantação excede consideravelmente o valor do terreno. Nestes casos, a acessão é o principal e o terreno é o acessório. Mas, para isso, o construtor ou plantador deve agir de boa fé. É o que a doutrina denomina de acessão inversa. O dono da acessão fica com o terreno para si, indenizando o antigo dono do solo. É irrelevante o fato de o dono do solo não querer vender o terreno. Isso porque trata-se de direito potestativo (não há, pois, que se falar em prescrição).
	Os art. 1.258 e 1.259 CC cuidam de casos de acessão inversa em que houve invasão parcial. O art. 1.258 CC cuida da invasão de imóvel vizinho de pequena proporção (até 5%). Nesta hipótese, a lei diz que se a construção / plantação foi feita de boa-fé, o construtor / plantador tem direito a comprar a faixa ocupada, indenizando seu valor e a depreciação do remanescente. Ainda que o construtor / plantador esteja de má-fé, para evitar a demolição do imóvel, ele pode ficar com a faixa invadida, desde que o valor da construção exceda o valor da área invadida e mediante o pagamento de 10 vezes o valor da indenização.
	O art. 1.259 CC cuida da invasão de imóvel vizinho superior a 5%. Se o construtor / plantador estava de boa-fé e o valor da construção excede consideravelmente o valor da faixa invadida, ele fica com o imóvel, mas deverá pagar indenização correspondente à faixa invadida, à depreciação do que sobrou ao vizinho e à supervalorização do imóvel original. Se o construtor / plantador estava de má-fé, o vizinho pode exigir a demolição e a devolução da faixa invadida, cumulada com perdas e danos. 
	O art. 1.253 CC diz que há uma presunção relativa de que as acessões foram feitas pelo dono do terreno. Logo, quem alega ter construção / plantação sobre terreno alheio, tem o ônus de demonstrá-la.
	E se tanto o dono do terreno como o construtor / plantador estiverem de má-fé? Neste caso, o art. 1.256 CC diz que o dono do terreno adquire a construção ou plantação, mas indeniza quem realizou a acessão.
	
	5) Modos de aquisição da propriedade móvel (art. 1.260 - 1.274 CC).
	a) Usucapião (art. 1.260 - 1.262 CC).
	A lei prevê apenas duas modalidades de usucapião sobre bens móveis (ordinária e extraordinária). As regras são rigorosamente às mesmas relativas aos bens imóveis, exceto quanto ao prazo.
	Na usucapião extraordinária, a posse deve ser contínua, pacífica e com "animus domini". Dispensa-se a boa fé e o justo título. O prazo cai para 5 anos. 
	Na usucapião ordinária, a posse deve ser contínua, pacífica e com "animus domini". Deve haver justo título e boa-fé. O prazo cai para 3 anos.
	A Súmula 193 STJ trata da possibilidade de usucapião sobre linha telefônica. Linha telefônica não é coisa, mas sim bem. Depois de 3 ou 5 anos usando a linha telefônica, quem a adquiriu pode transferi-la para seu nome. Essa súmula era importante no passado, quando as linhas telefônicas tinham alto valor econômico.
	De acordo com a jurisprudência, é possível a usucapião de veículos. Normalmente ocorre quando o veículo adquirido está em situação irregular. O STJ diz que, em relação ao ladrão ou receptador doloso, não há usucapião de veículo. Isso porque eles não têm posse, mas sim mera detenção (posto que a vítima desconhece que o ladrão ou o receptador doloso está com o veículo). 
	b) Ocupação (art. 1.263 CC).
	É o apoderamento de coisas sem dono. Trata-se de modo originário de aquisição de coisa móvel. Não se confunde com a descoberta.
	c) Tesouro (art. 1.264 - 1.266 CC).
	É um depósito antigo e oculto de coisas preciosas, cujo dono não se sabe quem é. Aquele que localiza o tesouro torna-se seu dono a título originário. No entanto, diz a lei que se o tesouro for encontrado em terreno alheio, ele deve ser dividido pela metade entre quem o achou e o dono do terreno.
	d) Especificação (art. 1.269 - 1.271 CC).
	É a transformação de matéria-prima em espécie nova em razão do trabalho do especificador. O trabalho prevalece sobre o material. O especificador

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