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Resenha LOURO, Guacira Lopes

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE UBERLÂNDIA
INSTITUTO DE HISTÓRIA (INHIS)
GABRIELLE SILVA CARLOS
RESENHA CRITICA DO TEXTO: Currículo, gênero e sexualidade: refletindo sobre o “normal”, o “diferente” e o “excêntrico”
UBERLÂNDIA
2019
Discente: Gabrielle Silva Carlos
Número de matricula: 11811HIS043 
Curso: PIPE III (Projeto Integrado de Praticas Educativas)
Professor: Thiago Lenine 
Resenha do texto: LOURO, Guacira Lopes. Currículo, gênero e sexualidade: refletindo sobre o “normal”, o “diferente” e o “excêntrico”. In: Labrys Estudos Feministas. N. 1-2, jul/dez/2002.
A autora Guacira Lopes é graduanda em educação pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Suas principais áreas de pesquisa são: educação, sexualidade, e estudos feministas. A autora tem doutorado pela UNICAMP. Hoje em dia trabalha no programa de pós-graduação na Universidade Federal do Rio Grande do Sul. 
No primeiro momento do texto é colocado o pano de fundo, o eixo temático e o problema-pesquisa da autora. O pano de fundo se trata das diferenças sexuais, étnicas e de todos os gêneros existem na sociedade pós-moderna. Sociedade essa totalmente plural. Contudo, apesar de ser uma sociedade em constante movimento com diferentes formas de viver e se expressar, existe uma estrutura social. E nela então empregadas o centro e o excêntrico. Ela discute ao longo do texto sobre como os currículos escolares respondem a essas relações sociais entre o habitualmente aceito e o estranho. 
Uma questão é colocada no inicio, os educadores e a instituição escolar até podem compreender ou aceitar que existe o outro para além do padrão, existe outras formas de se expressar e ser. Todavia todas as narrativas dentro desse contexto escolar todas as dinâmicas, matérias e afins, são pautados no homem, ocidental, branco, heterossexual e de classe média. Não existe um espaço para as margens. O que excede o limite é perigoso, e os educadores não estão preparados para entrar em confronto com o diferente.
A autora entende que como solução os educadores deveriam assumir os riscos .os paradoxos, e a precariedade. E como pós-moderna entende que a melhor forma é questionar o centro e as margens. Os discursos. Os significados presentes no corpo e nas falas. Compreende que esse tipo de posicionamento questionador não desmobiliza a causa, muito pelo contrário, é uma forma pedagógica que permite um ensino critico. Sendo assim, Guacira propõe não uma mudança das margens para o centro, mas sim um entendimento de que esses lugares não estáveis, e de que o centro é uma ficção, que só é reafirmada com os discursos, e as margens ficam tentadas a estarem nesse lugar, lugar de visibilidade e aceitação. Criando uma noção de que o centro é permanente. Estável e sólido. 
Diante dessa estrutura social, os currículos escolares seguem uma logica. A logica que legitima o padrão, de feminilidade e masculinidade. E os métodos pedagógicos muitas vezes aderidos pelas escolas, são trazer algum ‘’representante’’ do movimento social em questão, para algum de palestra, uma atividade diferente do convencional. Então a escola disponibiliza de um calendário que atende as demandas desses grupos, que reivindicam sua presença nas escolas, reivindicam que suas histórias não sejam apagadas, suas contribuições na arte, na música, na ciência. Entretanto esse tipo de ação pedagógica só corrobora para que esses grupos continuem sendo vistos como diferentes. Nunca são totalmente inclusos. São a margem, e lembrados somente nos dias comemorativos, ‘’dia da mulher’’, ‘’dia do índio’’, ‘’dia do negro’’. 
Os livros didáticos sempre assumem um referencial, e todas as outras produções culturais que não se adequam a norma não são aceitas nos currículos escolares. Pois são considerados diferentes (subversivos a estrutura). Os movimentos sociais, das mulheres, dos negros e todas as outras minorias lutam para que suas pautas sejam efetivamente incluídas. 
No terceiro momento do texto a autora propõe uma possível solução, uma pratica pedagógica para as escolas, que seria um estudo refletido acerca das minorias. Para além de constatar que as mulheres são consideradas o segundo sexo e oprimidas, estudar quais foram os mecanismos e discursos ao longo da história que alimentaram essa ideia de que a mulher é inferior. Entender o percurso histórico e social para uma maior compreensão.
E essa mudança epistemológica no ensino ajudaria ainda mais nas questões acerca do gênero. Pondo a questão da naturalidade em questão, e mostrando como a neutralidade e o extravagante são construções. São ‘’normas’’ que devem ser postas a criticas. Com isso a autora conclui que não se trata de negar os códigos inscritos nos corpos. Mas sim de entender que os significados dos discursos produzem ‘’verdades’’ sobre esses corpos. Os corpos não expressam de forma parcial a identidade de uma pessoa, ainda mais com todas as mutações em que fazemos. Os significados que vestimos, esse corpo não pode ser naturalizado. E essas ‘’verdades’’ produzidas pelos discursos muitas vezes são aceitas até mesmo pelos próprios sujeitos. Eles reproduzem hierarquias. A diferença nada mais é que uma constatação de um discurso, que carrega em si uma verdade, altamente cheia de significados. 
Um discurso analisado pela autora é o de tolerância, a ingenuidade contida nesse tipo de fala define o diferente e o normal. Essa fala é extremamente politizada. E não desloca de lugar o centro e as margens, mas as reafirma. Para Guacira não existe uma neutralidade nos discursos. E para ela o que talvez seja mais difícil de tudo isso seja entender que as posições são instáveis, nenhuma posição ou discurso é natural.
Para a instituição escola os sujeitos que se aceitam como excêntricos, e não esperam ser aceitos pelo normal é profundamente perturbador. A estrutura não dispõe de referencias para esses grupos para lidar com as possíveis adversidades, não é possível (muito menos aceitável) encaminhar esse grupos para esses psicólogos, ou pregar-lhes algum sermão para reconduzi-los ao caminho ‘’certo’’.
E a autora fecha seu texto dizendo que esses grupos excêntricos, são parodias da masculinidade ou da feminilidade padrão. Causam desconforto por não se adequarem-se as normas (e um pouco de fascinação também). Todos com seus códigos e significados, representando quem são. São sujeitos desrespeitosos e irreverentes. E assim se constitui a estrutura do centro e a margem. 
CONCLUSÃO
Acredito que o texto da Guacira é de grande importância para discussões acerca do currículo escolar, e a inclusão de minorias no mesmo. O texto trata de forma muito pertinente a questão das margens e do centro. E proporciona uma critica que não estamos habituados a fazer, que é criticar a nossa própria posição. Permite-nos entender que todos os lugares são construídos e legitimados por meio dos discursos. E assim ela propõe a solução de criticarmos as atividades feitas nas escolas nos dias comemorativos. E fazermos diferente, procurar entender historicamente o que aconteceu com essas minorias.
Contudo, discordo da posição teórica da autora quando ela diz que adotar esse tipo de posicionamento pós-moderno não desmobilizaria a luta. Olhando para a situação atual das escolas brasileiras é impossível almejar um futuro (ou presente próximo) no qual seja possível executar esse tipo de ação dentro das escolas, de todas as posições. Pois é evidente que essas criticas carecem de um ambiente maduro, favorável para uma discussão de tamanha profundidade politica. Compreendo que no contexto escolar todas as medidas são mais que bem vindas, elencar dias comemorativos para trazer as pautas das minorias para as escolas não é nem de longe uma atitude muito revolucionaria, como a própria autora disse, essas atividades nada afetam o percurso normal da sociedade. Todavia, é necessário lembrar que a própria instituição escola nunca fora pensa e executada pensando nas minorias, escola sempre foi um espaço elitizado. E as varias lutas do movimento negro, das mulherese LGBTQI+ impulsionam essas temáticas pra dentro das escolas, é uma conquista muito grande. Entendo que a autora em momento algum quis deslegitimar essas atividades, mas faço esse parêntese, todas essas atividades apesar de colocarem o outro no lugar de diferente que precisa ter algum tipo de visibilidade, elas muito colaboram para a formação dos alunos, proporcionam mesmo que seja em mínima escala uma reflexão acerca da nossa realidade. Ora, se fazemos esse tipo de atividade é porque estamos longe de um futuro igualitário. É exatamente nisso que me divirjo da autora, como construir esse futuro. 
Em toda sua critica não vejo uma preocupação em construir em si um futuro igualitário, mas sim uma critica que deixa claro que as posições mudam, e isso só depende do contexto histórico. Sendo assim não existe nenhuma possibilidade de mudança. É mais uma critica da critica. Uma autocritica. Muito interessante saliento. Mas sem raízes teóricas profundas que ocasionem numa mudança subversiva, na sociedade, e consequentemente nas escolas. A estrutura social de nossa sociedade é patriarcal. Isso tem origem na família. Analisando o avanço das forças produtivas da sociedade e das mudanças nos modos de produção, é evidente que desde as revoluções burguesas (XVII-XVIII) houve uma acentuação e reafirmação de valores morais discriminatórios. Valores que julgam o outro como diferente, e esse diferente ou é bárbaro, ou precisa ser catequizado, carece de ser levado para o caminho certo. E essa relação social diz muito mais sobre o sistema em que vivemos, é certo de que sempre houve uma dominação do homem pelo homem, mas no sistema capitalista essa dominação se intensificou, principalmente no contexto familiar.
A instituição família foi se consolidando nesse cenário das revoluções burguesas, e a imagem do homem como pai de família e provedor da casa foi tendo cada vez mais destaque. A valorização da masculinidade e em paralelo com a valorização da família tinha como principal influencia os princípios religiosos como costa Oliveira (2004) ‘’ A religião se incumbia, principalmente, de promover a moralidade tipicamente burguesa, enquanto o exército os esportes cultivavam os valores masculinos para a educação da virilidade. Uma das instituições mais importantes e que serviu de modo fundamental para veicular esse tipo de moralidade foi o casamento, visto como consequência natural na vida do cidadão comum e também como uma barreira contra vícios e a degeneração (OLIVEIRA, 2004, P. 49).
Sendo assim, eu pessoalmente acredito que todas as diferenças foram acentuadas nesse sistema, e qualquer proposta de mudança deve passar por esse crivo. A mudança é politica. Em todos os sentidos, não se trata apenas de questionar o currículo escolar, mas a origem da instituição da escola precisamos nós atentar também a forma discriminatória em que ensinamos, em como o ensino muda, só depende de qual classe você pertence, as oportunidades são outras. E após tudo isso, você ainda precisa disputar uma vaga no mercado de trabalho, e esse trabalho é permeado de contradições. É um espaço meritocratico, altamente seletivo. As pessoas são submetidas a uma violência cultural desde o seu nascimento. O sistema é assim, é desigual, a distribuição de riquezas não existe. É necessário mudar o sistema. Em conjunto com a pauta das minorias. O texto da Guacira é um ponto a pé inicial para criticarmos os moldes das nossas propostas de intervenção nas escolas, mas não traz uma proposta subversiva. Precisa de complementos teóricos. 
REFERÊNCIAS BIBLIOGRAFICAS 
LOURO, Guacira Lopes. Currículo, gênero e sexualidade: refletindo sobre o “normal”, o “diferente” e o “excêntrico”. In: Labrys Estudos Feministas. N. 1-2, jul/dez/2002.
A Sagrada Família: a critica da critica- contra Bruno Bauer e consortes. São Paulo: Boitempo editorial, 2003.
OLIVEIRA, P. P. de. A construção social da masculinidade. Belo Horizonte: Editora UFMG; Rio de Janeiro: IUPERJ, 2004.
SOUZA, Márcio Ferreira: As análises de gênero e a formação do campo de estudos sobre a(s) masculinidade(s). Mediações, Londrina, V.14, n. 12, jul./dez. 2009
COSTA, Ana Alice. Gênero, poder e empoderamento das mulheres. 2008.
FOUCAULT, Michel. História da Sexualidade. Vol. I: A vontade de saber. Tradução: Maria Thereza da costa Albuquerque e J.A Guilhon Albuquerque. 13.ed. Rio de Janeiro: Graal, 1999.
BOURDIEU, P. A dominação masculina. 2.ed. Trad. De Maria Helena KUHNER. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 2002.

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