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Nanoparticula e acidos nucleicos

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NANOPARTÍCULAS COM ÁCIDOS NUCLÉICOS 
 
 
 
 
 
1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................... 1 
2 NANOPARTÍCULAS COM ÁCIDOS NUCLÉICOS ..............................................4 
2.1 NANOPARTÍCULAS ORGÂNICAS................................................................... 5 
2.1.1 Lipossomas ....................................................................................................... 5 
2.1.2 Nanopartículas Lipídicas Sólidas (NLS)............................................................ 6 
2.1.3 Nanopartículas Poliméricas .............................................................................. 7 
2.2 NANOPARTÍCULAS INORGÂNICAS ............................................................... 8 
2.2.1 Nanopartículas de Ouro (AuNPs) ..................................................................... 8 
2.2.2 Nanopartículas de Sílica Mesoporosas (NPsMs) .............................................. 9 
2.2.3 Nanotubos de Carbono ................................................................................... 10 
3 MÉTODOS DE PRODUÇÃO .............................................................................. 11 
3.1 HOMOGENEIZAÇÃO À ALTA PRESSÃO ...................................................... 12 
3.2 MICROEMULSÃO À QUENTE ....................................................................... 14 
4 CONCLUSÕES E PERSPECTIVAS ..................................................................... 15 
REFERÊNCIAS ......................................................................................................... 16 
 
 
 
1 
 
1 INTRODUÇÃO 
 
As nanopartículas (NPs) vem sendo estudadas a mais de cem anos e sua 
ascensão é continua. Faraday, em 1857, desenvolveu alguns experimentos com 
nanopartículas de ouro e, nos dias atuais, a tecnologia está evoluindo e levando as 
pesquisas para a escala nanométrica (BLACKMAN, 2008 apud CONSOLINI, 2015). 
Richard Feynman, ganhador do prêmio Nobel de Física em 1965, foi outro grande 
precursor da nanotecnologia, propondo a manipulação de átomos individuais para 
fornecer um novo material com propriedades novas, prevendo o potencial tecnológico 
das nanoestruturas (ROZ; et. al., 2015 apud CONSOLINI, 2015). 
Em geral, essas NPs podem ser categorizadas em materiais à base de 
carbono, inorgânicas, incluindo os formados por óxidos metálicos (óxido de zinco, 
óxido de ferro, dióxido de titânio e óxido de cério), metais (ouro, prata e ferro) e pontos 
quânticos (sulfeto de cádmio e seleneto de cádmio). Além disso, os nanomateriais 
apresentam diferentes morfologias tais como esferas, tubos, hastes e prismas 
(JUNAM e LEAD, 2008). 
As propriedades incomuns das NPs têm acelerado o crescimento na produção 
de materiais em nanoescala e o rápido aumento de suas aplicações em muitas áreas 
atraiu a atenção de pesquisadores, governos e indústria em todo o mundo. As NPs 
fabricadas são atualmente utilizados em diferentes áreas, como eletrônicos, 
biomedicina, produtos farmacêuticos, cosméticos, análises ambientais e remediação, 
catálise e ciências dos materiais, devido à facilidade relativa com a qual podem ser 
preparadas e manipuladas, sua alta reatividade, área de superfície e a natureza 
ajustável de suas propriedades ópticas (NIEMEYER, 2001; POOLE e OWENS, 2003; 
SCHMID, 2004). 
2 
 
Quando se trabalha com materiais em escala nanométrica, tem-se 
propriedades diferentes das que se obtém no tamanho comum, pois os números de 
átomos de superfície provocam diferentes efeitos neste material. 
Há vários métodos de síntese de NPs, porém estes são divididos em métodos 
físicos e métodos químicos. Nos métodos físicos, chamados top down (no português, 
de cima para baixo), utilizam-se os processos físicos para a obtenção de NPs, como 
moagem, têmpera, fotolitografia, decomposição térmica, irradiação e a difusão. Os 
métodos químicos são denominados bottom up (no português, de baixo para cima) e 
envolvem espécies moleculares em reações químicas para gerar o crescimento dos 
aglomerados, síntese eletroquímica ou uso de elementos biológicos para essa síntese 
(JU-NAM e LEAD, 2008; CARVALHO, 2013). 
De acordo com Niemeyer (2001) a evolução natural levou a montagens 
altamente funcionais de proteínas, ácidos nucleicos e outras moléculas (macro) que 
realizam tarefas complicadas para se imitar. 
Pesquisas feitas por Kundu, Nandi e Nandi (2017), relatam que nanomateriais 
fabricados com ácidos nucleicos tem fascinado os cientistas desde as últimas duas 
décadas. Como exemplo, a partícula de ribossomo de 20 nm, que é uma máquina 
supramolecular eficaz de auto ensaios espontaneamente de mais de 50 blocos de 
construção individuais de proteínas e ácidos nucleicos, demonstrando de forma 
impressionante o poder do reconhecimento molecular biologicamente programado 
(NIEMEYER, 2001). 
Recentemente NPs fabricadas com ácidos nucleicos, vem sendo combinado 
com sucesso com outras entidades de escala nanométrica, às vezes é modificado 
com grupos funcionais químicos, para se obter uma ampla gama de nanomateriais 
que em certos casos foram caracterizados com precisão de nível atômico. Este 
3 
 
material apresenta propriedades físico químicas diferentes das já estudadas, pois 
conferem várias vantagens no campo de pesquisa multidisciplinar levando a 
tecnologias avançadas (KUNDU; NANDI; NANDI, 2017). 
A introdução de NPs na medicina é um campo que surge na 
nanobiotecnologia, pois essas NPs podem penetrar na parece celular e entregar 
drogas ou biomoléculas em sistemas vivos, geralmente para fins terapêuticos 
(SOKOLOVA e EPPLEY, 2008). 
As nanopartículas podem ser empregadas para melhorar a proteção ou 
redução da depuração renal que ocorre com medicamentos de meia vida degradados 
ou curtos, como peptídeos pequenos e ácidos nucleicos, por um efeito farmacológico 
prolongado. No entanto, as nanopartículas também podem melhorar a entrega de 
drogas para certos tecidos e, portanto, causar novos efeitos colaterais (LI e HUANG, 
2008). 
A introdução de DNA, RNA ou oligonucleotidios em células eucariontes é 
denominado transfecção, ou seja, quando se introduz intencionalmente ácidos 
nucleicos nas células. Quando o DNA é introduzido no núcleo, ele é incorporado no 
material genético induz a produção de proteínas especificas, porem a forma como o 
DNA é transportado para o núcleo por si só ou incorporado por nanopartículas. Uma 
das possiblidades é que as NPs são lentamente dissolvidas por ácido nas vesículas 
endossomal e/ou citoplasma. Ainda pode acreditar que as NPs carregadas com DNA 
vão para a superfície do núcleo onde a importação deste DNA pode ocorrer, nesta 
situação torna-se vantajoso esse DNA estar protegido por NPs até a absorção no 
núcleo (SOKOLOVA e EPPLEY, 2008). 
Recentemente, os ácidos nucleicos se tornaram uma das "montadoras" mais 
programáveis disponíveis para a comunidade científica. Os ácidos nucleicos são 
4 
 
significativamente utilizados como bio-modelos para controlar o crescimento de 
nanomateriais versáteis, pois suas porções de carbonilo e amina nas nucleobases, 
podem se coordenar com os íons metálicos e as cadeias de fosfato pendentes podem 
impedir a agregação irreversível de nanopartículas. Além disso, a cadeia de fosfato 
carregada negativamente pode acumular os íons metálicos ao longo da cadeia de 
ácido nucleico (principalmente DNA) através de interações eletrostáticas que são 
transformadas em nanopartículas durante o curso da redução. Sendo assim, a 
nanotecnologia DNA/RNA fornece alinhamento específico de nanopartículas 
modificadas na superfície para produzir nanoarquiteturações 1D, 2D ou 3D bem 
definidas, utilizandoa propriedade de reconhecimento molecular do ácido 
nucleico. Em uma revisão muito recente, Kumar et al. descreveram a síntese 
biomecânica de diferentes nanoestruturas inorgânicas; envolvendo principalmente 
ácidos nucleicos e seus blocos de construção (nucleotídeos, nucleobases) (KUNDU; 
NANDI; NANDI,2017). 
 
2 NANOPARTÍCULAS COM ÁCIDOS NUCLÉICOS 
 
Na literatura encontra-se uma ampla utilização de nanopartículas em diversas 
áreas. No entanto, não há uma correta classificação das nanopartículas como veículos 
de entrega de ácidos nucléicos. Mas, com base em alguns artigos, podemos 
classificar em: nanopartículas orgânicas (como lipossomas e nanopartículas 
poliméricas) e nanopartículas inorgânicas (nanopartículas de ouro, nanopartículas de 
sílica mesoporosa e pontos quânticos), que serão abordadas nesse presente trabalho. 
 
 
5 
 
2.1 NANOPARTÍCULAS ORGÂNICAS 
 
2.1.1 Lipossomas 
 
Os lipossomas foram os primeiros a serem desenvolvidos para transportes de 
fármacos, possuem o tamanho entre a faixa de 80 – 300nm. Sua estrutura é composta 
por vesículas esféricas com um núcleo aquoso e envolvido por uma ou mais 
bicamadas de fosfolipídios, o que permite a encapsulação dos ácidos nucléicos. 
Os lipossomas são transportadores de compostos hidrofóbicos, que é 
delimitado pela orientação da bicamada sendo determinada pela natureza dos grupos 
polares e das cadeias carbônicas, e de compostos hidrofílicos devido seu núcleo 
aquoso, como pode ser observado na Figura 1 (CORDON, et al., 2015). 
 
 
Figura 1 – Sistema de entrega de fármaco lisossômico. 
Fonte: CORDON, et al., 2015. 
 
As vantagens apresentadas pelos lipossomas são a biocompatibilidade, 
biodegradabilidade, facilidade de síntese/funcionalização e o encapsulamento seguro 
de variedade de pequenas moléculas. Porém, tem-se a limitação da alta sensibilidade 
às mudanças estruturais e demonstram dependência de carga altamente especifica, 
6 
 
diminuindo sua ampla aplicabilidade (RICHARD, MARUANI, CHUDASAMA, 2016; 
MALLAPRAGADA, NARASIMAHAN, WANG, 2013). 
 
2.1.2 Nanopartículas Lipídicas Sólidas (NLS) 
 
Nanopartículas Lipídicas Sólidas (NLS) foram descritas na década de 90 
como uma alternativa aos lipossomas, por possuírem uma maior estabilidade física, 
por até 3 anos em estoque, decorrente de seu núcleo - formado de lipídeos sólidos à 
temperatura ambiente e corporal. São passíveis de esterilização por autoclave sem a 
perda da estrutura, além de evitar o uso de solventes orgânicos para solubilizar 
lipídios, como na Figura 2 ((Müller et al., 2000; Mehnert e Mäder, 2001; Charcosset et 
al., 2005; Gasco, 2007). 
Outras vantagens das NLS, comparativamente a outros sistemas, estão 
relacionadas com sua capacidade de proteger fármacos e ácidos nucleicos da 
degradação química; melhor biocompatibilidade e baixo custo de escalonamento 
(Müller et al., 2000; Silva et al., 2011; Souza et al., 2011). NLS têm atraído atenção 
para o carreamento de pequenas moléculas, proteínas recombinantes e também para 
gene delivery (tanto de plasmídeos, como de RNA de interferência) através do uso de 
lipídeos catiônicos em sua formulação. Nessas formulações, estabelecem-se 
interações eletrostáticas entre os grupos fosfato em ligações fosfodiéster dos ácidos 
nucleicos (carga negativa) e a carga positiva naqueles lipídeos, possibilitando, assim, 
o carreamento do material genético (Müller et al., 2000; Kumar et al., 2007). 
7 
 
 
Figura 2. Estrutura do nanopartícula lipídica sólida (NLS). 
Fonte: EKAMBARAM et al (2012). 
 
2.1.3 Nanopartículas Poliméricas 
 
As nanopartículas poliméricas são compostos por materiais orgânicos que 
possuem características, como a biocompatibilidade, baixa toxicidade e a 
biodegradabilidade, que o torna um excelente transportador de fármacos, 
biomoléculas e genes. No entanto, apesar destas características favoráveis, as 
nanopartículas poliméricas não são fáceis de purificar e não armazenam bem, 
tornando-as uma escolha fraca para aplicações que exigem produção em grande 
escala (STEICHEN, CALDORERA-MOORE, PEPPAS, 2013). 
Existem dois tipos de nanopartículas poliméricas: as nanoesferas e as 
nanocápsulas. As nanoesferas (Figura 3a) consistem em uma matriz polimérica, 
resultante da agregação de monómeros poliméricos, onde o ácido nucléico, se 
encontra dissolvido, aprisionado, ligado quimicamente ou absorvido aos seus 
constituintes. E as nanocápsulas (Figura 3b), os monômeros poliméricos estão sob a 
forma de uma membrana ou invólucro, envolvendo o núcleo líquido (sistema núcleo-
invólucro), onde o ácido nucléico se encontra no núcleo/cavidade (MORAIS, 2010; 
RICHARDS, MARUANI, CHUDASAMA, 2016). 
8 
 
 
Figura 3. Representação de nanopartículas poliméricas (a) nanoesferas e (b) nanocápsulas. 
Fonte: adaptado de MORAIS, 2010. 
 
 
2.2 NANOPARTÍCULAS INORGÂNICAS 
 
2.2.1 Nanopartículas de Ouro (AuNPs) 
 
As nanopartículas de ouro, tem sido amplamente explorada devido suas 
propriedades físicas e ópticas que dependem do seu tamanho, como distribuidor de 
ácido nucléico devido a possibilidade de serem sintetizadas de forma escalável e com 
baixa dispersividade de tamanho, a sua diversidade funcional como a criação de 
monocamadas multifuncionais, a citotoxicidade, biodistribuição e as suas 
propriedades de excreção in vivo. A sua formação é resultante da redução de seu sal 
metálico na presença de reagentes que impede a agregação das mesmas. 
(SOKOLOVA e EPPLE, 2008; DING et al., 2014). 
A ligação entre o ácido nucléicos e as AuNPs é covalente, sendo muito eficaz 
para transportar oligonucleótidos com silenciamento de gene, onde essa modificação 
não inibe a atividade biológica (DING et al., 2014). 
 
9 
 
 
Figura 4. Representação esquemática da síntese de conjugados RNA-AuNPs polivalentes. 
Fonte: DING et al., 2014. 
 
2.2.2 Nanopartículas de Sílica Mesoporosas (NPsMs) 
 
As nanopartículas de sílica mesoporosas possuem vantagem como sistema 
transportador, devido sua biocompatibilidade, uma estrutura altamente porosa, 
possibilitando uma alta área de superfície, sendo as mais escolhidas para fins 
biológicos. No entanto, problemas de estabilidade e taxas de depuração rápidas 
restringem significativamente o uso de nanopartículas de sílica mesoporosa em 
determinadas aplicações (RICHARDS, MARUANI, CHUDASAMA, 2016; AGNIESZKA 
et al., 2012). 
As NPSMs são sintetizadas usando um processo chamado auto-montagem 
ou supramolecular, que consiste em hidrólise e condensação de um precursor de 
sílica na presença de modelos de micelas de surfactante, seguido pela remoção dos 
modelos de surfactante para recuperar partículas de sílica mesoporosa. Esse método 
de produção de nanopartículas de sílica fornece diferentes tamanhos, morfologia, 
tamanho dos poros, número de poros, cristalinidade e topografia superficial das 
partículas, o que pode causar uma ampla gama de respostas biológicas difíceis de 
prever (AGNIESZKA et al., 2012; CORDON et al., 2013). 
 
 
10 
 
2.2.3 Nanotubos de Carbono 
 
Os nanotubos de carbono (CNTs) são característicos pelo enrolamento de 
uma folha de grafeno (Figura 4a) e são conhecidos de dois tipos: os nanotubos de 
carbono de parede simples - SWCNTs, do inglês single-walled carbon nanotubes, 
(Figura 4b) e os nanotubos de carbono de parede múltiplas – MWCNTs, multi-walled 
carbon nanotubes (Figura 4c) (JUSTINO, ROCHA-SANTOS, DUARTE, 2012; 
MACHADO et al., 2014). 
Os CNTs são muitos utilizados por suas características estruturais, 
mecânicas, elétricas e propriedades químicas, assim como podem ser funcionalizados 
com gruposfuncionais específicos tais como hidroxilas (-OH) ou a carboxila (-COOH), 
levando a melhoria em suas propriedades (SOKOLOVA e EPPLEY, 2008; JUSTINO, 
ROCHA-SANTOS, DUARTE, 2012). 
 
Figura 5. Representação esquemática de (a) folha de grafeno sendo enrolada, (b) nanotubos de 
carbono de parede simples e (c) nanotubos de carbono de parede múltiplas. 
Fonte: MACHADO et al., 2014. 
 
Hoje em dia, os SWCNT e MWCNT são sintetizados por processos de alta 
temperatura que são métodos físicos para a conversão de carbono em nanotubos de 
carbonos, e por deposição química em fase de vapor (CVD) que é realizada a 
temperaturas mais baixas e pressão atmosféricas (JUSTINO, ROCHA-SANTOS, 
11 
 
DUARTE, 2012). Nos processos de altas temperaturas, como a descarga por arco 
elétrico e a ablação por laser, fornecem CNTs com estrutura mais homogênea próxima 
a “perfeita”, porém com presença de grandes quantidades de impurezas, e os CNTs 
sintetizados por esses métodos têm de ser dispersos, purificados e funcionalizados 
antes de serem utilizados. Já, o processo CVD é o mais utilizado para CNTs em larga 
escala, devida a sua utilização da baixa temperatura permitindo facilidade na 
operação, controle no crescimento, eficiência enérgica, elevado rendimento e uma 
maior pureza que os CNT obtidos pelo processo de altas temperaturas (SOKOLOVA 
e EPPLEY, 2008; PATEL, 2011). 
As aplicações dos nanotubos são variadas, destacando o seu uso como 
dispositivos de distribuição controlada de agente terapêuticos tais como peptídeos, 
proteínas, ácidos nucléicos e fármacos, devido à sua capacidade dos NTC de penetrar 
nas células (PATEL, 2011). 
 
3 MÉTODOS DE PRODUÇÃO 
 
Existem diversos métodos de produção para cada uma das nanopartículas 
mencionadas. Serão discutidos os métodos de produção dos lipossomas e NLS dentre 
os quais, os dois mais utilizados na literatura são: a homogeneização à alta pressão 
e a microemulsão à quente formada de óleo em água. Tendo em conta que os pontos 
quânticos e as nanopartículas inorgânicas são geralmente obtidas por síntese 
química, por adição de quantidades apropriadas de reagentes e matérias-primas, não 
serão abordados neste presente trabalho, os seus métodos de produção. 
 
 
12 
 
3.1 HOMOGENEIZAÇÃO À ALTA PRESSÃO 
 
Homogeneização à alta pressão foi o método inicial usado por Müller e 
colaboradores (1995) para a produção de NLS. Este método tem demonstrado, até 
hoje, ser de alto desempenho para produção dessas nanopartículas, sendo o mais 
amplamente utilizado na literatura (GASCO, 2007). Nesta técnica uma dispersão de 
partículas é impulsionada com alta pressão (100-2000 bar) através de uma cavidade 
estreita (poucos micrômetros), e acelerada em uma curta distância, com alta 
velocidade (cerca de 100 km/h) ao encontro de uma barreira. A colisão com a barreira 
possibilita a formação de nanopartículas com reduzido diâmetro (MEHNERT e 
MADER, 2001). As NLS podem ser preparadas por esta técnica por dois métodos 
básicos: homogeneização à quente e homogeneização à frio. 
No processo de homogeneização a quente, o lipídeo encontra-se fundido em 
todas as etapas de produção, o que permite maior migração do material ativo do 
núcleo para a fase aquosa (Figura 6). Por outro lado, na homogeneização a frio, o 
material ativo do núcleo é incorporado no lipídeo fundido, mas a mistura é rapidamente 
solidificada em nitrogênio líquido e triturada para obtenção de micropartículas 
lipídicas; somente, então, é misturada a uma solução aquosa de tensoativos, sob 
cisalhamento (Figura 7). A pré-suspensão obtida é, em seguida, submetida à 
homogeneização sob alta pressão, na qual ocorre a formação das NLS. 
 
13 
 
 
Figura 6. Esquema da preparação de NLS pelo método Homogeneização à Quente. 
Fonte: MARCATO, 2009. 
 
 
 
Figura 7. Esquema da preparação de NLS pelo método Homogeneização à Frio. 
Fonte: MARCATO, 2009. 
 
A vantagem dessa técnica é que não se utilizam solventes orgânicos, o que a 
torna especialmente atraente para a indústria de alimentos, além do fato de o principal 
equipamento que se requer – homogeneizador de alta pressão – ser de uso corrente 
nesse tipo de indústria (SOUTO e MÜLLER, 2006). 
14 
 
3.2 MICROEMULSÃO À QUENTE 
 
O método de microemulsão a quente foi desenvolvido por Gasco e 
colaboradores (2007) e modificado por diversos grupos. O método é baseado em 2 
passos: i) aquecimento e mistura do lipídio liquefeito em água, surfactante e co-
surfactante, sob agitação vigorosa (Ultra-turrax); ii) agitação mecânica da suspensão 
em um banho frio, solidificando assim a fase lipídica, antes liquefeita, produzindo as 
partículas desejadas (Souza et al., 2011). Entretanto, este processo necessita de 
grandes quantidades de surfactante e de co-surfactante para produzir resultados 
semelhantes aos obtidos com a homogeneização à alta pressão. Abaixo, na figura 8, 
é ilustrado o esquema de preparação de NLS por este método. 
 
Figura 8. Esquema da preparação de NLS pelo método de microemulsão a quente. 
Fonte: MARCATO, 2009. 
 
 
15 
 
4 CONCLUSÕES E PERSPECTIVAS 
 
O avanço no desenvolvimento de nanomateriais aplicados a medicina cresceu 
muito ao longo dos anos. Muito se deve às melhorias dos protocolos, rotas de síntese, 
combinação com biomoléculas e principalmente às preocupações com os possíveis 
efeitos tóxicos que esses nanomateriais podem ter em contato com o sistema 
biológico. 
 As formulações nanoestruturadas existentes ou não no mercado, estão 
sendo aprimoradas, assim como as novas metodologias de análise. Porém ainda 
existe muito a se pesquisar e padronizar, principalmente no âmbito das análises 
toxicológicas para que novas regulamentações sejam implementadas. 
 A nanotecnologia na área médica abre muitas portas, permitindo fazer desde 
o diagnóstico de doenças até seu tratamento. Em exames de imagem, as 
nanopartículas também têm tido destaque. Elas são sintetizadas e manipuladas para 
que quando estiverem em contato com células cancerígenas, por exemplo, se liguem 
a elas, funcionando como um sinalizador e mostrando o local e o tamanho do câncer. 
Para o tratamento de doenças há um novo conceito, a liberação controlada de 
medicamentos. Cria-se um sistema com um fármaco de interesse que atinja 
especificamente o alvo, ou seja, a célula doente, e libere o medicamento conforme a 
necessidade. Isso permite que o paciente tome menos doses de remédio e diminui os 
efeitos colaterais. 
Em suma, as expectativas são muitas e espera-se que com o avanço da 
nanotecnologia junto à medicina, que num futuro próximo possam ser descobertas a 
cura e a prevenção de muitas doenças. 
 
 
16 
 
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