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1 SERVIÇO DE INTELIGÊNCIA E SEGURANÇA PÚBLICA Caroline Barboza Freire de Carvalho1 RESUMO A Segurança Pública exige métodos e processos mais proativos para superação de obstáculos de maneira rápida e precisa na busca de resultados positivos ou aceitáveis para o Estado Democrático de Direito. Atualmente no Brasil, a atividade de inteligência estatal é concebida como atividade pública de Estado, figurando a Agência Brasileira de Inteligência como órgão central do Sistema Brasileiro de Inteligência. A atividade segundo a legislação é considerada como um instrumento que possibilita, por meio de métodos e técnicas próprios, a coleta e a busca de dados e informações com vistas à produção de conhecimento, que servirá como subsídio à tomada de decisão. O serviço de inteligência enfrenta diversos desafios como o terrorismo, interferências externas, sabotagens, o crime organizado, ilícitos transnacionais como narcotráfico, tráfico de armas e lavagem de dinheiro que fortalecem as organizações criminosas e desestruturam a segurança pública. Para que o Plano Estratégico seja efetivo é fortalecimento de iniciativas interagências, ações governamentais e legais que visam o aperfeiçoamento e valorizem o serviço de inteligência. INTRODUÇÃO O mundo contemporâneo, globalizado é instável, marcado por constantes desafios para a Segurança Pública, exige métodos e processos mais proativos para superação de obstáculos de maneira rápida e precisa na busca de resultados positivos ou aceitáveis para o Estado Democrático de Direito. O Brasil encontra-se inserido em um contexto de grande agitação de cenários adversos, haja vista o legado dos últimos eventos multiplicados pela mídia e pela situação política e econômica. O presente trabalho tem como metodologia de pesquisa a revisão bibliográfica no qual teve como base leis, artigos científicos e artigos diversos. Nesse sentido, a Inteligência é o resultado produzido com base em uma metodologia específica para assessorar o processo decisório além de buscar combate à criminalidade promover ações para prever, prevenir, neutralizar e reprimir atos criminosos de qualquer natureza que atente à ordem pública, à incolumidade das pessoas e do patrimônio. Porém o serviço de inteligência brasileiros e limitado por diversos fatores e desafios. Para que o Plano Estratégico seja efetivo é fortalecimento de iniciativas interagências, ações governamentais e legais que visam o aperfeiçoamento e valorizem o serviço de inteligência. 1. Serviço de Inteligência e Legislação No Brasil, a Inteligência de Estado desenvolveu-se durante o regime republicano, em especial a partir de 1927, e fez parte da história do país, em maior ou menor intensidade, tanto nos períodos democráticos quanto nas fases de exceção. 1 Inspetora da Policia Civil do Estado do Rio de Janeiro. 2 Atualmente no Brasil, a atividade de inteligência estatal é concebida como atividade pública de Estado, figurando a Agência Brasileira de Inteligência (ABIN) como órgão central do Sistema Brasileiro de Inteligência e a Secretaria Nacional de Segurança Pública como Agência Central do Subsistema de Inteligência de Segurança Pública. Conforme a Lei nº 9.883/1999 que institui o Sistema Brasileiro de Inteligência e criou a Agência Brasileira de Inteligência, em seu parágrafo 2º, o Serviço de Inteligência e conceituado com: Atividade que objetiva a obtenção, análise e disseminação de conhecimentos dentro e fora do território nacional sobre fatos e situações de imediata ou potencial influência sobre o processo decisório e a ação governamental e sobre a salvaguarda e a segurança da sociedade e do Estado.2 Conforme o artigo o artigo 2º do Decreto nº 4.376, posiciona a atividade de Inteligência: Entende-se como Inteligência a atividade de obtenção e análise de dados e informações e de produção e difusão de conhecimentos, dentro e fora do território nacional, relativos a fatos e situações de imediata ou potencial influência sobre o processo decisório, a ação governamental, a salvaguarda e a segurança da sociedade e do Estado.3 Segundo entendimento de Filho4 a atividade de inteligência “funciona como um sistema com a finalidade de fazer uma cooperação entre as várias estruturas que atuam nessa área, tendo sido criado no Brasil no ano de 1999 o Sistema Brasileiro de Inteligência.” Cabe à Atividade de Inteligência acompanhar o ambiente interno e externo, buscando identificar oportunidades e possíveis ameaças e riscos aos interesses do Estado e à sociedade brasileira. As ações destinadas à produção de conhecimentos devem permitir que o Estado, de forma antecipada, direcione os recursos necessários para prevenir e neutralizar adversidades futuras e para identificar oportunidades para sua atuação.5 A atividade segundo a legislação é considerada como um instrumento que possibilita, por meio de métodos e técnicas próprios, a coleta e a busca de dados e informações com vistas à produção de conhecimento, que servirá como subsídio à tomada de decisão. 2 Lei nº 9.883/1999 que institui o Sistema Brasileiro de Inteligência e cria a Agência Brasileira de Inteligência, Disponível em < http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L9883.htm > Acesso em 03 de jul. de 2019. 3 Decreto nº 4.376/2002, Dispõe sobre a organização e o funcionamento do Sistema Brasileiro de Inteligência, instituído pela Lei nº 9.883/1999 e dá providências. Disponível em < http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto/2002/D4376.htm> Acesso em 03 de jul de 2019. 4 FILHO, Euler Barbosa da Silva. Reestruturação do sistema de inteligência da policia militar do estado de goiás – sipom. Artigo Científico (Pós Graduação em Gerenciamento de Segurança Pública). UEG, Goiânia, 2016. Disponível em < http://www.ipog.edu.br/download-arquivo-site.sp%3Farquivo%3Dalexandre-saliba-sales- 1713013.pdf+&cd=1&hl=pt-BR&ct=clnk&gl=br > Acesso em 06 de jul. 2019. 5 BRASIL. Estratégia Nacional de Inteligência. Presidência da República. Gabinete de Segurança Institucional, Brasília, 2017. p.7. 3 1.2 Serviço de Inteligência na Segurança Pública Segundo Cepik6, o surgimento de sistemas de inteligência nas forças policiais não é um fenômeno recente, porém somente no início do século XX que o Brasil criou o Subsistema de Inteligência de Segurança Pública, conforme nos traz Hamanda e Moreira: No Brasil, somente no ano 2000, por meio do Decreto nº 3.695, foi criado o Subsistema de Inteligência de Segurança Pública (Sisp) no âmbito do Sistema Brasileiro de Inteligência (Sisbin). O Sisp é composto pelas instituições que atuam na segurança pública e tem por finalidades coordenar e integrar as atividades de ISP no Brasil e suprir os governos federal e estaduais de informações que subsidiem a tomada de decisão neste campo.7 No âmbito da segurança pública, a atividade de Inteligência é decorrência do disposto em legislação específica, conforme se adiantou ao início do presente artigo. A legislação federal, ainda que não definindo de forma direta o que seja Inteligência de Segurança Pública (ela o faz em relação à atividade de Inteligência como um todo, particularmente a Inteligência de Estado), baliza genericamente todas as outras modalidades de Inteligência. O disposto no parágrafo 3º do Art. 2º do Decreto nº 3.695, nos traz que cabe aos integrantes do Subsistema, no âmbito de suas competências, identificar, acompanhar e avaliar ameaças reais ou potenciais de segurança pública e produzir conhecimentos e informações que subsidiem ações para neutralizar, coibir e reprimiratos criminosos de qualquer natureza. 1.3 Desafios atuais do serviço de inteligência na segurança publica Segundo Cardoso8, o Brasil está presenciado um período de grande agitação de cenários adversos, motivo por abusos cometidos pela corrupção, instabilidade política, intolerância, violência, divulgação de informações falsas. Desse modo o Serviço de Inteligência atua para buscar e produzir conhecimentos úteis, com vistas a assessorar autoridades para que essas sejam 6 CEPIK, Marco A. C. Espionagem e democracia: agilidade e transparência como dilemas na institucionalização dos serviços de inteligência. Rio de Janeiro, Editora FGV, 2003. 7 HAMANDA, Hélio Hiroshi. MOREIRA, Pires Renato. Referencias básicos para a capacitação de profissionais de inteligência de segurança pública do Brasil. in Revista Brasileira de Inteligência, número 12, dezembro 2017 ISSN 1809-2632. Disponível em < http://www.abin.gov.br/conteudo/uploads/2017/12/RBI-12-Compactado- 1.pdf> Acesso em 04 de jul. 2019. 8 CARDOSO, Arthur Macdowell. A importância da inteligência como objeto de Estado para o campo da defesa no Brasil. in Revista Brasileira de Inteligência, número 12, dezembro 2017 ISSN 1809-2632, p.51 a 59. Disponível em < http://www.abin.gov.br/conteudo/uploads/2017/12/RBI-12-Compactado-1.pdf> Acesso em 04 de jul. 2019. 4 capazes de tomar decisões acertadas e criar ações benéficas que proporcionem a paz, a convivência social igualitária e a preservação dos direitos e deveres dos demais cidadãos. Atualmente há um grave problema que trazer prejuízos irreparáveis a população brasileira e também de outros países, para tanto a atividade de Inteligência deve sempre está atenta a ações, no ambiente virtual. As ações cibernéticas manipulam de opiniões, por meio da multiplicação de informações não verídicas, promovendo a desinformação. Também são desafios, o enfrentamento de ações como o terrorismo, interferências externas, sabotagens, o crime organizado, ilícitos transnacionais como narcotráfico, tráfico de armas e lavagem de dinheiro que fortalecem as organizações criminosas e desestruturam a segurança pública. O fortalecimento de iniciativas interagências, ações conjuntas entre órgãos do Governo são uma das perspectivas positivas do cenário atual, porém esta atividade carece de maiores investimentos em legalidade, justamente a fim de aumentar sua eficiência e, principalmente, a sua legitimidade Diante do cenário em que se insere a atividade de Inteligência brasileira, concisamente retratado nestas linhas, percebe-se com clareza solar que esta atividade carece de maiores investimentos em legalidade, justamente a fim de aumentar sua eficiência e, principalmente, a sua legitimidade. Assim sendo, a constitucionalização dessa milenar e estratégica atividade pública, mesmo que de forma sintética, objetivando tão somente institucionalizar em sede constitucional a Inteligência (em suas reconhecidas matrizes, dentre as quais, Inteligência de Estado, Inteligência de Segurança Pública, Inteligência Militar, Inteligência Fiscal e Inteligência Financeira), ampliando os mecanismos de controle democrático sobre a atividade, figura-se como inadiável política pública em prol da segurança da sociedade e soberania brasileiras. A partir da sustentada previsão constitucional positivada, abre-se azo para a regulamentação mais detida, por meio de Lei Complementar (Lei Orgânica), a fim de prescrever de forma detalhada mecanismos de controles acerca das prerrogativas a serem expressamente regulamentadas.9 Diante desse contexto a antecipação de ações criminosas, o constante monitoramento das facções criminosas, a modernização das ferramentas de inteligência e o aperfeiçoamento e capacitação dos servidores da área, se mostram como os desafios sempre presentes para o seg- mento de inteligência. 9 MOTA, Gilbran Ayupe, et al. Constitucionalização da atividade de Inteligência – Perspectivas e desafios brasileiros. Publicado em Revista Brasileira de Segurança Pública. São Paulo. v.12, n.1, 2018.p. 134-150. 5 1.4 Atuação do serviço de inteligência para eficiência do Plano Estratégico O Brasil deve enfrentar o desafio de harmonizar as múltiplas demandas e necessidades de uma população com tanta diversidade e obter um arcabouço que seja justo para todos os brasileiros. Os instrumentos legais aplicados à Atividade de Inteligência devem proporcionar as condições para que a Inteligência atue com a eficiência que os desafios impostos ao Brasil. É determinante a necessidade de se manter uma fiscalização adequada das fronteiras para se controlar o trânsito de pessoas, além de evitar o fluxo de narcóticos, de armas e de produtos relacionados a contrabando. Ainda relativamente às questões internas do País, deve permanecer o esforço de combate à corrupção e à lavagem de dinheiro, associado a demandas por respostas político-sociais mais efetivas, com perspectivas de reformas do sistema político nacional. Por consequência do aumento da influência das redes sociais no comportamento humano, elas têm sido cada vez mais utilizadas como meio de mobilização social. Paralelamente, as redes também servem a outros grupos de influência, que podem se utilizar delas para incentivar radicalizações de quaisquer gêneros. A necessidade de conciliar a preservação do meio ambiente com o desenvolvimento sustentável e a exploração racional dos recursos naturais serão pautas constantes nos próximos anos.10 Os instrumentos legais aplicados à Atividade de Inteligência devem proporcionar as condições para que a Inteligência atue com a eficiência que os desafios impostos ao Brasil requerem. Num ambiente estratégico de profundas e rápidas transformações, caberá à Atividade de Inteligência um papel de suma importância na promoção e defesa dos interesses do Estado e da sociedade brasileira e para o desenvolvimento do País. São medidas e ações necessárias para a devida atuação do Plano Estratégico: a inserção do país no cenário internacional, a cooperação internacional, o desenvolvimento científico e tecnológico, a consolidação de rede logística e de infraestrutura de interesse nacional, Fortalecimento da atuação integrada e coordenada da Atividade de Inteligência, Ampliação e aperfeiçoamento do processo de capacitação para atuação na área de Inteligência. Todas essas estratégias, ferramentas e medidas são capazes de promover a atuação eficiente do plano estratégico do serviço de inteligência. 2. CONSIDERAÇÕES FINAS Somente por intermédio da elevação da Atividade de Inteligência de Estado ao altiplano constitucional, restará estabelecido um arcabouço normativo mínimo, porém explícito e suficiente, acerca das competências devidas a esta atividade típica de Estado, exercida sempre 10 BRASIL. Estratégia Nacional de Inteligência. Presidência da República. Gabinete de Segurança Institucional, Brasília, 2017. p.14. 6 sob o controle e a fiscalização do Poder Legislativo, consolidando o desenvolvimento de uma cultura de proteção aos conhecimentos sensíveis e a busca de oportunidades, em prol da defesa do Estado e de suas instituições democráticas. A existência de uma Política Nacional de Inteligência é, pois, fundamental mas é imperioso reconhecer que nenhuma legislação é, por si só, suficiente, mormente nesta área delicada, para garantir a eficácia do Sistema de Inteligência. A legislação, em geral, é redigida em termos que permitem diversas interpretações ou pode ser simplesmente ignorada, em especial se os sistemas de controle e fiscalizaçãointernos e externos. 3. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS BRASIL. Lei nº 9.883/1999. Institui o Sistema Brasileiro de Inteligência e cria a Agência Brasileira de Inteligência, Disponível em < http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L9883.htm > Acesso em 03 de jul de 2019. BRASIL. Decreto nº 3.695/2000. Cria o Subsistema de Inteligência de Segurança Pública, no âmbito do Sistema Brasileiro de Inteligência, e dá outras providências. Disponível em < http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto/d3695.htm > Acesso em 05 de jul. 2019; BRASIL. Decreto nº 4.376/2002. Dispõe sobre a organização e o funcionamento do Sistema Brasileiro de Inteligência, instituído pela Lei nº 9.883/1999 e dá providências. Disponível em < http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto/2002/D4376.htm> Acesso em 03 de jul de 2019; BRASIL. Estratégia Nacional de Inteligência. Presidência da República. Gabinete de Segurança Institucional, Brasília, 2017. Disponível em < http://www.abin.gov.br/conteudo/uploads/2015/05/ENINT.pdf> Acesso em 12 de jul. 2019; CARDOSO, Arthur Macdowell. A importância da inteligência como objeto de Estado para o campo da defesa no Brasil. in Revista Brasileira de Inteligência, número 12, dezembro 2017 ISSN 1809-2632, p.51 a 59. Disponível em < http://www.abin.gov.br/conteudo/uploads/2017/12/RBI-12-Compactado-1.pdf> Acesso em 04 de jul. 2019. CEPIK, Marco A. C. Espionagem e democracia: agilidade e transparência como dilemas na institucionalização dos serviços de inteligência. Rio de Janeiro, Editora FGV, 2003; FILHO, Euler Barbosa da Silva. Reestruturação do sistema de inteligência da polícia militar do estado de goiás – sipom. Artigo Científico (Pós Graduação em Gerenciamento de Segurança 7 Pública). UEG, Goiânia, 2016. Disponível em < http://www.ipog.edu.br/download-arquivo- site.sp%3Farquivo%3Dalexandre-saliba-sales-1713013.pdf+&cd=1&hl=pt- BR&ct=clnk&gl=br > Acesso em 06 de jul. 2019; HAMANDA, Hélio Hiroshi. MOREIRA, Pires Renato. Referencias básicos para a capacitação de profissionais de inteligência de segurança pública do Brasil. in Revista Brasileira de Inteligência, número 12, dezembro 2017 ISSN 1809-2632. Disponível em < http://www.abin.gov.br/conteudo/uploads/2017/12/RBI-12-Compactado-1.pdf> Acesso em 04 de jul. 2019; MOTA, Gilbran Ayupe, et al. Constitucionalização da atividade de Inteligência – Perspectivas e desafios brasileiros. Publicado em Revista Brasileira de Segurança Pública. São Paulo. v.12, n.1, 2018.p. 134-150.
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