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/ erapia Comportamental e Cognitivo-comportamental Práticas uínicas Organizadores Cristiano Nabuco de Abreu Psicólogo, Mestre em Psicologia pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP) - Doutor em Psicologia Clínica pela Universidade do Minho (UM), Portugal - Coordenador da Equipe de Psicologia do Ambulatório de Bulimia e Transtornos Alimentares (AMBULIM) do Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo — Núcleo de Psicoterapia Cognitiva de São Paulo (NPCSP). Hélio José Guiihardi Psicólogo, Mestre em Psicologia Experimental pela Universidade de São Paulo (U SP) - Professor Colaborador do Departamento de Psicologia da Universidade Federal de São Carlos (IJFSCar) e Professor Convidado das Faculdades Salesianas de Vitória (ES) - Instituto de Análise de Comportamento (IAC) e Instituto de Terapia por Contingências de Reforçamento (TCR) de Campinas (SP). ROCA Copyright © 2004 da I a Edição pela Editora Roca Lida. ISBN: 85-7241-526-2 Xenhuma parte desta publicação poderá ser reproduzida, guardada pelo sistema “retrievaT ou transmitida de qualquer modo ou por qualquer outro meio, seja este eletrônico, mecânico, de fotocópia, de gravação, ou outros, sem prévia autoriza ção escrita da Editora. 5 Capa (Jardins de Monet, em Giverny, França) Hélio José Guilhardi Quarta-capa (Jardins de Monet, em Giverny, França) Cíntia Guilhardi CIP-BRASIL. CATALOGAÇÃO-NA-FONTE SINDICATO NACIONAL DOS EDITORES DE LIVROS, RJ. M251 Terapia comportamental e cogniti vo-comporrarnental — Prá ticas clínicas / organizadores Cristiano Xabuco de Abreu, Hélio José Guilhardi. — Sào Paulo : Roca. 200-1 Inclui bibliografia ISBN 85-~24l-526-2 1. Terapia cognitiva. 2. Terapia do comportamento. 3- Cognição. -4. Comportamento humano. 5. Psicoterapia. 6. Psi cologia clínica. L Abreu. Cristiano Xabuco de. II. Guilhardi. Hélio José. 04-1066. CDD 616.8914 CDU 615.851 2004 Todos os direitos para a língua portuguesa são reservados pela EDITORA ROCA LTDA. Rua Dr. Cesário Mota Jr., 73 CEP 01221-020 - São Paulo - SP TeL: (11) 3331-4478— Fax: (11) 3331-8653 E-mail: vendas@editoraroca.com.br - www. editor ar oca. com .br Impresso no Brasil Agradeço às colegas Noreen Campbell de Aguirre e Maria Eloisa Bonavita Soares pelo trabalho realizado na elaboração da Parte I - Terapia Comportamental. H élio José G uilhardi . ■ £ ' -■'■■'J-Vi!íKa’ MMLkrJH-liCWnEKTh=.V1J +-,,r w : .■;--iLJn^ j-p,>i y.’ .:'-*1.1. i J^r■ - ( f r i - rnj - : f l r - . i f cz ' '"-VI'J‘■’-'. H^i" i+b'-r;^r>■ ztPfropanHmwaeFtfrefiilMlPiIi:-vC=YryH'.=rfi-h*-irZ-fi-,V-jPyíVuPjUrjLitírflorsíTri-flPW :U Prefácio Quando Watson, em 1913, lançou seu manifesto beha viorista, provavelmente não tinha idéia que seu movimen to e sua proposta para a Psicologia, como ciência natural, fosse florescer tanto quanto aconteceu. De fato, depois de muitos experimentos realizados por ele e por seus orientandos, o movimento behaviorista se subdividiu muito e hoje temos um grande número de pro postas de entendimento e de trabalho percebendo o com portamento como matéria de estudo. Particularmente, a área de aplicação genericamente denominada de Terapia Comportamental e Cognitiva, de senvolve muito conhecimento, tendo sua história contada por vários autores. A versão mais comum dela é que a Tera pia Comportamental e Cognitiva originou-se no movimento filosófico denominado “neobehaviorismo”. Por essa razão, autores como Watson (apontado como o fundador do movimento behaviorista), Tolman e Hull (iniciadores do behaviorismo mediacional) e Skinner (proponente do behaviorismo radical) são considerados os precursores de toda e qualquer terapia que possua o adjetivo “compor tamental” em seu nome (Costa, 2002), Com o tempo, parte da vertente cognitivista da Terapia Comportamental também passou a se interessar pela com preensão da construção de significados pelos indivíduos, debruçando -se sobre o estudo dos esquemas emocionais que orientaram essa construção (Abreu e Roso, 2003), for mando assim, a vertente cognitivo-construtivista da tera pia. Das estruturalistas às funcionalistas, das mecanicistas às contextualistas, das dualistas às monistas, uma gama de terapias comportamentais pode ser encontrada na litera tura (Dougher e Hayes, 1999). Obviamente, as várias vertentes foram criando técnicas para lidar com as queixas e problemas humanos. Especial mente em terapias -e/ou de terapias - do comportamento roram encontrados vinte e oito termos de referência à Terapia Comportamental na literatura produzida no Brasil entre 1970 e 2001 (Nolasco, 2001). Esse dado mostra a multiplicidade e a riqueza da produção da área e, decorrente disso, as diversas formas de abordagem do comportamento. tste livro é um reflexo desse trabalho múltiplo. Seu propósito é organizar cia* ramente as técnicas disponíveis para a árdua e imensa tarefa de diminuir o sofri mento humano. Os esforços conjuntos de Cristiano Nabuco de Abreu e Hélio José Guilhardi foram coroados de êxito. Este Manual Prático de Técnicas em Terapia comportamental, Cognitivo-comportamental e Cognitivo-construtivista organi za, o elenco atualizado de técnicas de forma simples e objetiva, sem perder de vis ta a seriedade e a pro tundid ade das origens e dos pressupostos de cada uma delas. Os artigos foram escritos por experts das terapias analítico-comportamental, cognitivo-comportamentai, cognitivo-construtivista. Neles, pode-se encontrar a tradição da abordagem científica do comportamento, cada qual contribuindo e discutindo para que as aplicações necessárias na clínica psicológica sejam bem enfrentadas. Isso possibilita maior tranqüilidade para o especialista que passará a ter uni arsenal de procedimentos clínicos para a capacitação do exercício de sua atividade profissional. No entanto, cabem aqui três alertas ao leitor mais desavisado. A multiplicidade de técnicas também gera vasta compreensão do comportamento humano e das suas determinações. Como foi apontado, a origem das técnicas oferece entendimento bastante particular e diverso entre as várias abordagens do comportamento aqui discutidas. A organização do livro que classifica as técnicas em Comportamentais, Cognitivas e Cognitivo-construtivistas, demonstra essa diversidade. É uma classifi cação cuidadosa, criteriosa e (re) conhecedora da multiplicidade. Um segundo alerta deve ser feito: o objetivo deste livro não é comparar as técnicas entre si. Não foi à toa que os organizadores, na sua Introdução, obser vam “um fracasso generalizado na pesquisa para demonstrar, consistentemen te, um enfoque soberano sobre os demais”. Isso aponta quão infrutíferas seriam as comparações. Por outro lado, este livro não prega um ecletismo teórico. Nesse ponto cabe o terceiro alerta. Uma posição bastante parcimoniosa para o leitor seria revelar to das as técnicas disponíveis. Cada uma delas pode ser útil em algum momento da atuação do profissional de qualquer abordagem teórica, sem ferir o modelo subja cente à sua forma de trabalho. Entretanto, sua análise, escolha e utilização devem ser pautadas na tundamentação teórica da abordagem assumida pelos terapeutas. O conhecimento das técnicas nunca substituirá a análise de cada profissional so bre o caso atendido. Feitos os três alertas, resta ao leitor inclinar-se sobre o estudo detalhado de cada capítulo. Asseguro-lhe que sairá desse estudo como um terapeuta mais bem formado, seguro e criativo em seus atendimentos. Roberto A lves B anaco Professor no Programa de Estudos Pós-graduados em. Psicologia Experimental: Análise do Comportamento Professor Titular do Departamento de Métodos e Técnicas em Psicologia da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo XE V * e.-ac a Comporta mental e Cognitivo-comportamentai ~ Práticas Clínicas t.7- ■■i - .'^ t - - ^ - :^ ^ j i ‘ jT V 7 rf “ . i -t-n “ .TJn-.-.Ii:.-,^ - r. ■ M : . ^ k . ^ , ^ 1- - .- ,^ -■ ji^T .- J ^ : i g £ 3 g Í .v^i w -. 1^ ( :M Í H ^ n a S l i t ^ í r ^ T Í J c ^ :d 4 ü irE t.T ry ■:,-*Wj P i ^ j : - i r- . :rH.n,r'=j.'7,J.cr - : i ^ W i f i d T i ^ - T a T - r _ - - t . ^ c S S í m w ; W . ' - V — '.-■‘■ t i t . L(a,$£56 Introdução Nós temos presenciado, como clínicos, o esforço evi dente de muitas escolas de terapia no sentido de auxiliar seus clientes na buscar da tão desejada mudança psicoló gica. Todavia, em muitos momentos, a realidade prática faz certos limites tradicionais de nossa praxe serem severamente revistos. Em função disso, tem. ocorrido um forte movimen to de diferentes escolas da terapia para o desenvolvimento de perspectivas mais integrativas. No entanto, existe o fra casso generalizado na pesquisa para demonstrar, de ma neira consistente, um enfoque soberano sobre os demais. Felizmente, esse resultado encontra-se em sintonia com o momento cultural atual, chamado de pós-modernidade, que, dentre outras coisas, possui uma concepção relativista da realidade, a qual rejeita, sadiamente, premissas dog máticas a respeito de qualquer tipo de ideologia. Com freqüência, vemos teóricos de determinadas es colas se esquecendo desse momento histórico, ainda pro clamando-se mais eficazes. Somos contrários a tal tipo de preocupação: é impossível avaliar, comparativamente, pro postas terapêuticas que diferem entre si quanto a pressu postos conceituais, estratégias de ação clínica e critérios de avaliação do progresso do cliente. Parece-nos mais saudá vel cada escola, ou abordagem terapêutica, se avaliar a par tir de seus próprios referenciais teóricos e práticos e, assim, se rever. Cada proposta deve surgir de uma avaliação crítica de seu próprio dinamismo das atuações prática e científica. Todas as abordagens se desenvolvem e buscam sistemati zar melhor os dados que obtêm dentro de um referencial teórico coerente e, parcimoniosamente, abrangente. Os dados são mais importantes que os desejos e as teorias. A teoria deve ser revista e ampliada para incorporar as evi dências dos dados e esses nunca poderão ser distorcidos, a fim de se preservar a teoria. As abordagens comportamen tais e cognitivas são praticadas por teóricos, pesquisadores XVI ■ Terapia Comportamental e Cognitivo-comportamental - Práticas Clinicas e clínicos que compartilham dessa postura e, como resultado, pode-se dizer que as Terapias Comportamental e Cognitivo-comportamental revelam transformações graduais, sistemáticas que as tomam um empreendimento científico e terapêutico em desenvolvimento. Defendemos esse dinamismo evolutivo. Queremos o entendi mento mais preciso de cada tradição e de sua contribuição à Psicologia por inteiro. Neste livro não pretendemos apresentar preceitos verdadeiros dessa ou da quela teoria, evitamos, ao máximo, qualquer postura dogmática de oposição ou d i comparação. Simplesmente, temos o objetivo de ampliar o entendimento de vauas» técnicas da t radição comportamental e cognitiva e, assim, fornecer deta- es minuciosos para que nossas história e prática sejam mais bem compreendi as. s capítulos seguintes resultam do trabalho de vários profissionais na descrição de suas práticas clínicas. Esperamos que este resultado possa ser, de alguma maneira, fecundo. C ristiano N abuco de A breu H élio José G uilhardi t:- K«rt f f Hj >LtrG i? !W P Yi-i“ : S!*iiHEY:'.i‘JrI>iMiJni itta H-.^ïr'j^.^.liTifVi'M rape 's : H P£RB^f^3#&74&^tjr£ft =(■ Jfh± lïlii^ ÔjTtf■3f»iF lATatCiASi^f?.^ -ü u *= ^ 7 ï^ tc iiY tIl^ ^ h ^ ,^ > iii^^7 .b ttr '-l^ iÈ ll=tll=i~^ 1,iï-3ïiJiiiét1'ÎWÇtïr’J:-arr- S?tcíil^.=ii!AiH ijta t^ im M ^ p f*m 3 n r= ^ ifa'^m'i'rSt'PÏJi iTTT>ewip.ta ,^tJ=1.-S=>i,=>:'! L- n iitaAíiTili™ituí=iivrjHi7i w î& r t f f i^ ÿ w />índice Pa rte I Terapia Comportamental...................... 1 C apítu lo 1 Terapia por Contingências de Reforça mento........................ H élio J o sé G uilhardi 3 C apítu lo 2 Reforçamento Positivo: Princípio, Aplicação e Efeitos Desejáveis............................ 41 M a r ia B eatriz B a rbo sa P inho M a d i C a pítu lo 3 Reforçamento Negativo na Prática Clínica: Aplicações e Implicações...................................... 55 M a ly D elitti Cá ss ia R oberta da C unha Th o m a z C a pítu lo 4 Punição Positiva............................................................ 61 R oberto A lves Ba n ac o C apítu lo 5 Punição Negativa......................................................... 72 Patric ia P iazzon Q ueiroz C apítu lo 6 Imitação............................................................................ 102 Priscila R . D erd yk S ilvia S . G ro berm an XVIII ■ Terapia Comportamental e Cognitivo-comportamentaI - Práticas C/7nicas C apítu lo 7 Esvanecimento L ilian M ed eiro s C apítu lo 8 Modelagem...................... J a íd e A parecida G o m es R eg ra .... 121 C apítu lo 9 Extinção e Terapia................................................................................................ 144 Fá t im a C ristina d e S ouza C onte J o celain e M artin s da S ilveira C apítu lo 10 Instruções e Auto-instruções: Contribuições da Pesquisa Básica...... 152 JOSELE A bREU-RoDRIGUES E lisa Ta v a res S a n a bio -H ec k C a pítu lo 11 Dessensibilização Sistemática ao Vivo.......................................................... 169 D enis R o berto Z a m ig n a n i C a pítu lo 12 Dessensibilização Sistemática por Imagens................................................ 177 M á rc ia da R . P itta F erraz C apítu lo 13 Condicionamento Respondente: Algumas Implicações para o Desenvolvimento de Tolerância, Síndrome de Abstinência e Overdose...................................................... 186 M arcelo F rota B envenuti C apítulo 14 Manejo de Comportamentos Clinicamente Relevantes........................ 194 M a r ia Z ila h da S ilva B ran dão J o celain e M artin s da S ilveira C apítu lo 15 Ensaio Comportamental.................................................................................... 205 Vera R egina L ig n elu O tero C a p ít u lo 16 Emparelhamento com Modelo J úlio C. de R o se 215 índice ■ XiX C apítu lo 17 Reversão de Hábito.............................................................................................. 226 L u c M a rc e l A dhem ar Vandenberghe C a pítu lo 18 Encadeamento de Trás para Frente................................................................231 M a ria M a rth a C osta Hübner C a pítu lo 19 Técnica Implosiva................................................................................................. 234 R egina C hristina W ielen skaí C apítu lo 2 0 f Princípio de Premack...........................................................................................238 La ér o a A breu Vasco n celo s L incoln da S ilva G im en es C apítu lo 21 Economia de Fichas............................................................................................. 251 L u c M a rc e l A dhem ar Vandenberghe C a pítu lo 2 2 Autocontrole: Pesquisa e Aplicação.............................................................. 259 JOSELE A bREU-RoDRIGUES M a rc e lo Em ílio B e ck e rt Parte II Terapia Cognitivo-comportamental.................................275 C a pítu lo 2 3 Introdução às Terapias Cognitivas..................................................................277 C ristia n o N abuco de A b reu C a pítu lo 2 4 Conceituação Cognitiva.................................................................................... 286 B ernard Ra n g é C apítulo 25 Rotulação das Distorções Cognitivas M a r ia C ristina Triguero V elo z T eixeira 300 XX ■ Terapia Comportamental e Cognitivo-comportamental - Práticas Clínicas C apítu lo 2 6 Diálogo Socrático..................................................................................................311 M a r ia Cristin a O . S . M iya za k i C a pítu lo 2 7 Flecha Descendente..............................................................................................320 EROY A parecida da S ilva C a pítu lo 2 8 Questionando Rótulos, Atribuições e Significados..................................330 Helene Sh inohara C apítu lo 2 9 Descatastrofização................................................................................................336 M a riâ n g e la G en til Savoia C apítu lo 3 0 Treino de Resolução de Problemas.................................................................344 L/liana Seg er Ja co b C apítu lo 31 Paradoxo.................................................................................................................. 352 D ébora P a sto re B a ss itt C apítu lo 3 2 Imaginação Dirigida..............................................................................................365 E lian e d e O . Falco n e C apítu lo 3 3 • Questionando Crenças Irracionais..................................................................371 Ir ism a r R eis d e O liveira M elan ie O g u ari Pereira C apítu lo 3 4 Técnica da Cadeira Vazia....................................................................................383 R aphael Ca n g elu F ilho índice * XX! C a pítu lo 3 6 Agenda..................................................................................................................... 398 M a r ia d e Fá t im a G a spa r Va sq u es C a pítu lo 3 7 Treinamento em Auto-instruções...................................................................405 S érg io L uiz E . S a n to s M a rc o A ntônio S . A lvaren ga ¥ C a pítu lo 3 8 Entrevista Motivacional..........................................................................................414 R oberta Pa y á N elian a B uzi F ig lie Parte III Terapia Cognitivo-construtivista....................................... 435 C apítulo 3 9 Introdução às Terapias Construtivistas........................................................ 437 H enrique A lvaren ga da S ilva Ca rlo s E duardo R eche C a pítu lo 4 0 Técnica da Escada................................................................................................ 442 M ireia C . R o so C apítu lo 41 Técnica do Espelho.............................................................................................. 449 Leon ardo R Fraim an C apítu lo 4 2 Técnica da Moviola: Método de Auto-observação no Construtivismo Pós-racionalista............................................................. 459 A ugusto Z a g m u t t Cah bar índice Remissivo......................................................................................................475 Parte L T O S » ' • ' '■■■■ - r - r J :-v.- - ;•= ■-* L - ï - ' . ~ r^ .v . ,14 n .IV rJ . ;Í1 - - - . T H . - J i - -H LL1- - S j ; j TJ,-. ,- v, j ,-.-. - ■.- --J^ r-V .v . : r-.Ti L i - i T - - : t í j & ■ l - ^ t . - , & ^ : T l. - ^ £ . _ - j . - . - , . , . . . . , J - , . £ ÿ ^ ^ ■ - , . - ^ ^ ^ - - . . , rj . : L t : : z ^ - : T. j Jd I □ : - - j= . r^ - : - J.-.J - : - =- : - \ - - - V r . - ( = t : Terapia Comportamental C A P Í T U L O Terapia por Contingências de Reforçamento , H é lio J osé G u ilh a rd i1 'i i f \ A Terapia Comportamental é um processo que en } volve a aplicação de procedimentos ou técnicas com- j portamentais específicos, utilizados com o objetivo de | alterar exemplos particulares dos com portam entos { da queixa apresentada pelo cliente ou por pessoas rele- j vantes do ambiente social em que ele está inserido, j Envolve, sim, tal prática, mas não se limita a ela. Essa \ advertência inicial é necessária para que o leitor dos ca- j pítulos que se seguem não se sinta atraído pela noção I de que cada técnica descrita é um exemplo de Terapia ; Comportamental ou uma maneira de lidar com uma { queixa. Certas perguntas, freqüentemente formuladas j pelos estudantes e profissionais principiantes: “Você j pode sugerir um texto que me ensine a tratar um caso j de depressão?” ou “O que eu tenho que fazer para tra- ; tar uma fobia?” são inapropriadas e parecem buscar j respostas que, aparentemente, estariam nos capítulos { sobre as técnicas. A impropriedade de tais questões j deve ficar plenamente esclarecida até o final do pre- i sente capítulo. 1 Terapia por Contingências de Reforçamento - Instituto de Análise de Comportamento e Instituto de Terapia por Contingências de Refor çamento (Campinas/SP). 4 ■ Terapia Comportamental Ferster (1972)2 argumentou que os problemas comportamentais detectados no cliente que busca a terapia são muito mais abrangentes que a queixa específica e restrita trazida por ele: “O desconforto que traz o paciente para a terapia vem, predom inantem en te, de comportamentos não verbais. Em outras palavras, ele perm anece em casa em vez de ir ao trabalho ou ele não fa la com as pessoas quando as vê. Isso sugere que a efetividade e a adequacidade geral do repertório operante do paciente são uma dimensão mais importante de seu problem a, do que fob ias ou medos específicos” (pág. 4). Ferster destacou que o terapeuta deve lidar com o repertório geral de com portamentos do cliente - tal é a ênfase relevante e fundamental - e não atentar, prioritariamente, para a queixa específica apresentada por ele. Respondeu, de certa maneira, a uma crítica que, com certa insistência, se tem feito à Terapia Comportamental: ela está voltada apenas para problemas isolados, como fobia, gagueira, birra etc. Uma observação clínica freqüente revela que pessoas quei xosas de “fobias de elevador”, raramente tiveram qualquer experiência desagra dável ou ameaçadora com elevadores; por outro lado, muitas outras que tiveram alguma ocorrência desse tipo, não apresentam nenhuma reação “fóbica” com elevadores. A resposta para as diferentes reações deve ser buscada no reper tório global de comportamentos de umas e de outras. O terapeuta, antes de propor qualquer ação terapêutica, deve ficar sob controle dos excessosy dos déficits e das reservas com portam entais do cliente, não sob controle exclusivo da queixa. Ferster (1972) prosseguiu: “f/m repertório operante, fortem ente reforçado positivamente, tem mais chances de incluir com portam entos que podem term inar os estímulos aversivos do que comportamentos que podem vir a ser perturbados por eles. Inversamente, é difícil imaginar como a dessensibilização de uma classe par ticular de desempenhos poderia trazer muitos benefícios num repertório cuja freqüência geral de comportamentos é baixa , por exemplo, e que não detec ta características importantes dos am bientes reforçadores que estão poten cialmente disponíveis... Há um extremo em que o repertório geral é muito lim itado e um outro extremo no qual a fob ia é de importância trivial no contexto do repertório total do paciente. Assim, com portam ental e clinica mente, uma fob ia não é tanto uma form a de comportamento, mas mais propriam ente uma mudança numa parte substancial do repertório total da pessoa” (págs. 4-5). 2 As citações freqüentes e extensas de B. F. Skinner e de seus seguidores têm dupla finalidade: familia rizar os não iniciados com os textos originais; mostrar, de maneira abrangente, o potencial dos escritos de tais autores para a atuação em áreas distintas como clínica, educação e planejamento da sociedade. Agradeço as psicólogas Lilian Medeiros, Maria Eloisa Bonavita Soares, Maria Rita J. Martini Del Guerra, Noreen Campbell de Aguirre, Patrícia Piazzon Queiroz e Tatiana Lussari pelas criteriosas sugestões durante a elaboração do capítulo. Leidy Realce Leidy Realce Terapia por Contingências de Reforçamento ■ 5 Considere como exemplo uma pessoa com repertório social limitado, ou seja, para quem a presença do outro funciona como estímulo pré-aversivo (“Dele podem vir críticas, reprovações etc., em relação aos meus comportamentos... e isso tudo me faz muito mal”). Ela apresenta baixa freqüência de comportamentos de falar com pes soas, não defende as próprias opiniões com argumentos claros e insistentes, tem dificuldades para discordar do outro e assim por diante. O repertório geral de fuga- esquiva de contingências coercitivas sociais e de acesso a reforçadores positivos sociais que a pessoa apresenta são, enfim, restritos e deficientes. Acrescente-se, ainda mais, que o desempenho profissional dela é também limitado: cumpre as tarefas de trabalho com dificuldades, possui poucas iniciativas e não consegue hierarquizar as obrigações mais urgentes que lhe são solicitadas. Na primeira sessão, a cliente rela tou que estava procurando ajuda terapêutica por causa de “fobia de elevador" (o terapeuta depois constatou que o elevador dá a ela acesso ao escritório em que traba lha), porque tem tido crescentes dificuldades para sair de casa: “O simples fato de en trar no carro me causa tamanha ansiedade que, às vezes, sinto meus braços amortecidos e tenho dificuldades para mudar as marchas... Acho que vou parar de dirigir”; e relatou, ainda, que nenhum ansiolítico ou antidepressivo funcionava. Fica iaro que, embora a cliente se queixe de problemas específicos (fobias e ansiedade),1 I exi L-i. aoe ao terapeuta ampliar o alcance da investigação, abrangendo o repertório mais enso de comportamentos da cliente, bem como as relações desse repertório com os eventos reforçadores e punitivos disponíveis no ambiente. O exemplo é didático para ilustrar que a investigação e a intervenção do terapeuta devem voltar-se para as ificuldades sociais e profissionais (e, possivelmente, outras a serem detectadas). Qual- iuer técnica, voltada de início para as fobias, resultará em fracasso e não trará benefí cio para as dificuldades significativas e fundamentais da cliente. Os comportamentos íobicos e os estados corporais associados (ansiedade) compõem um repertório de fuga-esquiva das contingências presentes nos contextos social e profissional por falta de repertório adequado p a ia lidar com essas relações. Se não houver uma intervenção terapêutica bem-sucedida, é muito provável que os comportamentos de fuga-esqui va se fortaleçam e se ampliem (a cliente irá se tornar mais fóbica e, portanto, se sen tindo e se declarando “cada vez pior”), até o ponto de ela evitar o contato com os componentes aversivos do ambiente fora de casa: não porque a cliente os removeu ou aprendeu a lidar com eles, mas porque se afastou da situação (pede demissão, deixa de sair de casa, pára de dirigir etc.). Ao se livrar daquelas conseqüências aversivas, ela acabará entrando em contato com outras conseqüências aversivas. A ênfase do terapeuta precisa voltar-se à ampliação dos repertórios deficitários e não aos com portamentos de fuga-esquiva que ela vem apresentando. Ferster (1972) continuou: “A habilidade do paciente para reagir, sensível e diferencialmente, ao seu próprio comportamento pode prover uma importante ponte com seu am biente natural A pessoa que pode reagii; diferencial e especificamente, àquela parte do seu ambiente natural que a perturba está um passo adiante para atuar sobre ele e livrar-se da disrupção” (pág. 5). A pessoa pode ficar sob controle do próprio comportamento e dos estados r orporais, sem atentar para os aspectos do ambiente externo a ela, que produzem 6 * Terapia Comportamental esses comportamentos e estados. Dessa maneira, freqüência aumentada de batimentos cardíacos, dores na nuca, zumbido no ouvido, sensação de “estra nheza” no corpo etc., podem controlar a pessoa e funcionar como estímulos discriminativos para verbalizações do tipo: “Vou ter um ataque cardíaco”; “Vou ter um derrame”; “Devo ter um tumor”...; e também para comportamentos de ir ao médico, medir pressão, entre outros, de forma exagerada. Por outro lado, “Não consigo fazer nada; só quero dormir”; “Estou com meu trabalho acumulado e sem ânimo para enfrentá-lo”; “Não tenho vontade de sair com meus amigos” são verbalizações sob controle da baixa freqüência de comportamentos que, prova velmente, foram mais fortes no passado. Invariavelmente, seguem-se explicações: “Devo estar deprimido”; “Estou estressado”; “Perdi a motivação”; etc. No exemplo citado, a cliente fica sob controle de comportamentos e estados corporais e atri bui à “fobia” a explicação do que está ocorrendo com ela. Em todas as situações apontadas, a pessoa não relaciona os estados corporais com a atuação de contin gências coercitivas, as quais produzem comportamentos operantes de fuga-es- quiva e, ao mesmo tempo, eliciam reações respondentes. Os respondentes são sentidos e priorizados (exercem mais controle) e, para a pessoa, tornam-se sinto mas com função pré-aversiva, os quais anunciam desfechos aversivos (morte sú bita, câncer etc.). Da mesma maneira, a freqüência reduzida dos operantes não é causada por depressão nem por estresse, mas por contingências de reforçamento com redução importante da quantidade e da qualidade dos reforçadores positi vos, aumento exagerado na razão de respostas por reforço, introdução de contro le aversivo ou outras ações. Quando a pessoa não fica sob o controle dos eventos ambientais que compõem as variáveis controladoras das mudanças compor tamentais e os estados corporais sentidos, o terapeuta terá que ensiná-la a identi ficar e descrever as relações funcionais entre os comportamentos e as variáveis ambientais que os determinam. Em seguida, deve capacitá-la para alterar as rela ções na direção que lhe for mais apropriada. Na citação seguinte, Ferster (1972) enfocou a relevância da interação ativa da pessoa com o ambiente, propondo o com portamento discriminativo como pré-requisito para a atuação bem-sucedida: “Comportamentalmente, um estímulo aversivo pode desmantelar um reper tório inteiro ou pode aumentar a freqüência (por meio do reforçamento ne gativo) de algum desempenho que o elim ine... Por outro lado, parece possível que um repertório discriminativo (acurada percepção do ambiente funcio nal) seja um pré-requisito necessário para ação efetiva. Sem controle diferen cial pelos elementos aversivos do meio (sem notar elementos do ambiente), só pode haver uma reação emocional difusa ou um afastamento da situação total. A delicada interação com o ambiente total - evitando ou escapando de elementos aversivos e, ao mesmo tempo, agindo sobre os elementos positivos - há de requerer, certamente, um repertório discriminativo abrangente" (pág. 5). O que foi dito sobre fobia representa um exemplo da análise a ser feita diante de qualquer queixa específica trazida pelo cliente. Por isso, o processo terapêutico jamais se restringe ao emprego de técnicas específicas para manejar problemas específicos. Para se entender a natureza do processo da terapia, há necessidade de especificar vários aspectos que caracterizam a Terapia Comportamental. Em primeiro lugar, é Terapia por Contingências de Reforçamento ■ 7 importante salientar que não há unanimidade, mesmo entre os que se denominam terapeutas comportamentais, quanto à definição de Terapia Comportamental, quanto às práticas clínicas empregadas com o cliente, quanto ao referencial conceituai adotado, quanto aos dados de pesquisa utilizados, quanto à metodologia de pesquisa adotada, quanto ao objeto fundamental de estudo, isso somente para citar as divergências mais relevantes. Diante dessa realidade da prática clínica, pare ce oportuno adotar um termo que substitua a denominação Terapia Comportamental por outro, Terapia por Contingências de Reforçamento, que se espera seja mais des critivo do envolvimento conceituai, experimental e aplicado dos terapeutas e me nos envolto em equívocos e impropriedades. Saliente-se, porém, que mais do que uma nova terminologia, a Terapia por Contingências é uma forma de compreender e lidar com o comportamento humano, essencialmente comprometida com: 1. Arcabouço teórico-filosófico específico: o Behaviorismo Radical (Skinner, 1953, 1957, 1968, 1969,1971, 1974, 1978, 1987, 1989, 1999); 2. Ação metodológica para investigar e analisar os fenômenos comportamentais: a ciência do comportamento (JEAB, 1958 e seguintes; JABA, 1968 e seguintes; TAVB, 1984 e seguintes; Skinner, 1938; Keller e Schoenfeld, 1950; Ferster e Skinner, 1957; Sidman, 1960; Ferster, CulbertsoneBoren, 1968; Catania, 1998); 3. Utilização de procedimentos de intervenção terapêutica “tecnologicamente” descritos e “conceitualmente” sistemáticos (Baer, Wolf e Risley, 1968), deri vados da ciência do comportamento; 4. Linguagem para descrever os fenômenos interacionais entre terapeuta (pes quisador) e cliente (sujeito), alicerçada na proposta de análise do comporta mento verbal de Skinner (1957). A Terapia por Contingências abrange um conjunto de interações compor tamentais que ocorrem em diferentes contextos, nos quais uma pessoa com a função de agente de mudança comportamental (terapeuta), influencia os comportamen tos de outra pessoa (cliente) que solicitou, da primeira, ajuda para alterar compor tamentos e sentimentos aversivos e cuja mudança está incapacitada de fazer por si mesma. As palavras de Skinner (1967/1953)3 esclarecem o que mobiliza a pessoa para procurar terapia: “Os subprodutos (ou produtos colaterais) do controle que incapacitam o indivíduo ou são perigosos, seja para o indivíduo, seja para os outros, cons tituem o cam po da psicoterapia” (pág. 204). E também esclarecem a função última do terapeuta: “A terapia consiste, não em levar o paciente a descobrir a solução para o seu problema, mas em m udar o seu paciente, de tal modo, que seja capaz de descobri-la” (pág. 216). A primeira data refere-se ao texto consultado; a segunda, à publicação original. Ter a p ia Co mp o rta mental A Terapia por Contingências é diferenciada de outras propostas terapêuticas pela maneira como o terapeuta atua (os procedimentos que utiliza) e pelo com promisso conceituai e experimental que ele adota na sua prática. Duas frases de Skinner (1999/1972a) parecem apropriadas para esclarecer o argumento: “A concepção de comportamento humano que emerge de uma análise expe rimental explica a característica ím par da m odificação de comportamento, qual seja: ela é diretamente comprometida com tomada de decisão e controle. Quando especificamos as metas... podemos ir diretamen te ao delineamento das contingências relevantes. A análise experimental do comportamento é mais que mensuração. Ela é mais que teste de hipóteses. Ela é um ataque empírico sobre as variáveis manipuláveis das quais o comportamento é fu n ção” (pág. 327). “A teoria que acom panha uma análise experimental é especialmente útil para justificar a, prática porque a m odificação de comportamento, freqüen temente, significa uma am pla mudança na maneira pela qual lidamos com pessoas. E am pla não apenas no objetivo (atuando em áreas tão diversas como educação, psicoterapia., economia e governo), mas também em n à própria natureza das pessoas, já que estados da mente, sentimentos e ou tros atributos do hom em interior, que figuram em explicações tradicionais do comportamento humano, são rejeitados em favor de circunstâncias an tecedentes nas histórias genética e individual da pessoa. A história genética está no momento além do controle, mas a história ambiental, passada e pre sente, pode ser suplementada e mudada, isso é o que éfeito numa tecnologia comportamental genuína. M odificação de comportamento é m odificação de am biente, embora isso não seja am plam ente reconhecido” (pág. 326). Todos os comportamentos emitidos pelo terapeuta estão sob o controle dos seguintes conjuntos de determinantes: 1. Comportamentos verbais e não verbais emitidos pelo cliente e por pessoas significativas do ambiente social dele; 2. Conjunto de procedimentos, metodologia de pesquisa, dados compor tamentais e conceitos produzidos pela Ciência do Comportamento (Análise Aplicada e Análise Experimental do Comportamento) e pelo Behaviorismo Radical; 3. Repertório comportamental pessoal, profissional e científico do terapeuta produzido pela sua história de contingências, enquanto pessoa e enquanto profissional. Ferster (1972) assim se referiu aos temas sistematizados nos três itens anteriores: “Para alguns, a terapia... é um produto da interação (1) momento a m o mento entre eles (terapeuta e cliente). Experiência passada, (3), experiência transmitida por outros (3) e teoria (2) provêem uma estrutura que oferece à terapia alguma direção, enquanto a qualidade experiencial (3) e o foco pri- Terapia por Contingências de Reforça mento ■ 9 mário sobre o com portam ento (1) do paciente individual, constantemente, adaptam e redirecionam a teoria (2) e a experiência passada (3) sobre as quais o tratamento se fundam enta. A teoria (2) sugere o que deve ser procu rado, mas quando ela deixa de ser útil, o terapeuta experiente (3) volta-se para suas observações do comportamento (1) do paciente e para sua pró pria experiência (3)... Ao prestar mais atenção às observações com por tamentais (1) do que à teoria (2), a Análise do Comportamento (2) pode descobrir tipos de conduta (2) que são objetivos úteis para procedimentos de m odificação com portam ental (2 )” “As mudanças no com portam ento (1) do paciente podem reforçar (2) o com portam ento (1) do terapeuta, mesmo quando os procedimentos que ele está usando são intuitivos (3)... O resultado (1) não é conhecido previamente (2), cada atividade (2) é determ inada pelos resultados (1) da anterior e o paciente ensina ao terapeuta o que é efetivo (2). As aproxim ações sucessivas (2) - m odelagem - do comportamento (1) do terapeuta, geradas pelas mu danças no comportamento (1) do paciente têm potencial para a Análise do Comportamento (2) porque muitos desses fenôm enos (1,2) e procedim en tos (2), ao que parece, não podem ser descobertos de nenhum a outra m a neira (2). Independentemente de como os fenôm enos (1,2) e métodos (2) são descobertos pela primeira vez, no entanto, eles podem se tornar objetivos (2) e comunicáveis (2)}} (págs. 1 -2).4 A Terapia por Contingências se define por algumas características fundamen tais e inalienáveis. Serão discutidas as mais relevantes (no presente capítulo, ape nas três delas). 0 OBJETO DE ESTUDO E DE INTERESSE DO TERAPEUTA É O COMPORTAMENTO HUMANO Nesse aspecto, a Terapia por Contingências apresenta uma posição radical ao se interessar, exclusivamente, por comportamentos. Para estudar o comportamento, o terapeuta trabalha, de fato, com as contingências de reforçamento passíveis de identificação e manejo. De acordo com Matos (1997): “...o behaviorista radical não trabalha propriamente com o comportamento, ele estuda e trabalha com contingências comportamentais, isto é, com o com portar-se dentro de contextos" (pág. 46). E, um pouco m ais... “se tem dito, meio ironicamente, que a prática do psicólogo operante se restringe à an áli se do operante, isto é, de relações 'se... então...' De fato, se ‘com portam ento’ é uma categoria funcional de análise} se é um termo teórico, uma concep ção do behaviorista radical, ‘contingência’ é a operação em pírica equiva Esses números são do autor do capítulo. Indicam os controles, apontados no parágrafo anterior, sob os quais estão os comportamentos do terapeuta. 10 ■ Terapia Comportamental lente usada pelo analista de comportamento. Acontece que, sendo o orga nismo o loca l o ponto de confluência desses movimentos-e-efeitos, ele tam bém é parte das contingências, e, assim, na verdade (se assumirmos o que se tem dito acerca de nós), seria m elhor completarmos ‘a prática do analista de comportamento é estudar contingências em seu efeito cumulativo sobre o desempenho dos organismos’” (pág. 52). A unidade de análise do analista de comportamento envolve, portanto, uma situação antecedente (a relação entre a resposta e os estímulos que a antecedem e que estavam presentes na ocasião em que ela foi conseqüenciada), a resposta e a conseqüência (a relação entre a resposta e os estímulos produzidos por ela e que a influenciam). O comportamento é um conceito interacional: fala-se de comportamento como a interação recíproca entre o organismo e o ambiente e, como tal, ele é um conceito interacional inferido e não observado diretamente. Todo comportamento operante é produto de um processo que implica a interação entre o indivíduo e o ambiente. A partir de tal interação, am bos se modificam; até mesmo o am biente da pessoa vai sendo construído. Para Skinner (1999/1953): “O comporta mento de um organismo não é uma coisa fácil para ser descrita. Ele não é um objeto que pode ser paralisado para inspeção. Comportamento é um processo, uma mudança contínua” (pág. 101). As ações observadas do organismo não são comportamento, pois falta a elas o status de evento relacional, enquanto processo: “Watson, ao limitar o comporta mento, como objeto de estudo da psicologia, ao observável como atividade do organismo, eliminou a interação como processo e circunscreveu seu domínio empírico ao dos movimentos. Assim, deu origem ao surgimento de duas formas de dualismo epistêmico: o behaviorismo metafísico e o behaviorismo metodo lógico” (Ribes, 1982, pág. 24). Somente após a demonstração das relações funcio nais entre as ações e os contextos ambientais antecedentes e conseqüentes, pode-se falar em comportamento (melhor seria falar em contingências de reforçamento). Ribes (1982) escreveu: Postulamos a existência de um nível psicológico no conhecimento científico da realidade, independente, porém complementar, do biológico (e do social) que se fundam enta em um duplo critério. Por um lado, a especificidade do nível de organ ização dos eventos; por outro, a especificidade de sua historicidade. Como resultado, o psicológico se dá em um nível organizacional que inter-relaciona o biológico e o social, porém não se reduz a nenhum deles. O comportamento como interação do organismo total com seu ambiente (fí sico, biológico e/ou social) modificável (mutável) em e por transcurso de sua história individual é o psicológico. Sua especificidade histórica o distingue do biológico, que se plasm a na filogenia (história evolucionária da espécie; que se contrapõe à ontogenia, que é desenvolvimento do indivíduo desde a fecun dação até a idade adulta) e do social, constituído a partir do coletivo. O com portamento não é movimento nem mudança interna isolada, é movimento e m udança interna co-participantes de uma interação. O com portam ento é interação" (pág. 23). Terapia por Contingências de Reforçamento ■ 11 A visão do comportamento como interação faz justiça aos efeitos recíprocos do ambiente e do organismo. O que caracteriza o comportamento operante é a sensibilidade que possui aos efeitos que ele próprio produz no ambiente. Ele ori gina alterações no ambiente e é modificado por essas mudanças. Segundo Micheletto e Sério (1993): “Aqui começa a se esboçar a noção de homem como relação. O homem constrói o mundo a sua volta, agindo sobre ele e} ao fazê-lo, está tam bém se cons truindo. Não se absolutiza nem o homem, nem o mundo; nenhum dos ele mentos da relação tem autonomia. Supera-se, com isto, a concepção de que os fenôm enos tenham uma existência por si mesmos e a noção de uma na tureza, hum ana ou não, estática, já dada. A própria relação não é estática, não supõe meras adições ou subtrações, não supõe uma causalidade m ecâ nica. A cada relação obtém-se, como produto, um am biente e um hom em diferentes. Dizer que, como produto desta relação, se tem um hom em dife rente a cada nova relação significa que este homem, a cada relação, se altera em sua totalidade” (pág. 14). O instrumento de que o homem dispõe para alterar o próprio mundo e a si mesmo, produzindo ou reorganizando contingências de reforçamento, é o seu próprio comportamento operante. O instrumento que o terapeuta tem para alte rar os comportamentos do cliente, produzindo ou reorganizando contingências de reforçamento que afetarão o cliente, é o seu próprio comportamento. Com por tamento é, portanto, nosso instrumento de poder. Poder para transformar; poder para se transformar. Segundo Micheletto e Sério (1993): “Skinner caracteriza o comportamento que com põe a relação operante como aquele que produz conseqüências... A importância desta caracterização está no termo produzir; ele indica que o comportamento é indispensável porque ele é que produzirá aquilo que passará a fazer parte de seus determinantes. Dito de outra maneira, a conseqüência depende do comportamento e o de termina ” (pág. 13)... “É a característica de ‘produtor’que o com portam ento tem, quando inserido numa relação operante, que permite a Skinner afir mar: ‘O mundo em que nós vivemos é am plam ente uma criação das pes soas'ou “O operante é essencialmente o exercício do poder: ele tem um efeito sobre o am biente" ou “Os homens agem sobre o mundo, m odificam -no e, por sua vez, são m odificados pelas conseqüências de sua ação” (pág. 14). O terapeuta interessa-se também pelos sentimentos da pessoa. “Os terapeutas preocupam-se tanto com o que as pessoas fazem, quanto com o que elas sentem” Skinner, 1995,1989, pág. 103). “Uma reformulação behaviorista não ignora os sen timentos; ela meramente muda a ênfase: do sentimento para aquilo que é senti do. Uma pessoa responde ao mundo físico ao seu redor e, com um conjunto : ertamente diferente de nervos, ao mundo não menos físico dentro da sua pele. O jue ela sente é seu próprio corpo e entre as coisas que ela sente está seu próprio :omportamento, enquanto ele foi afetado por suas conseqüências” (Skinner, 1999, 12 ■ Terapia Comportamental 1972b, pág. 330). A posição de Skinner sobre os sentimentos apresenta, pelo me nos, dois importantes avanços em relação às concepções tradicionais, anteriores a ele, sobre a natureza e a função dos sentimentos. Em primeiro lugar, sentimento é um fenômeno físico, é manifestação do organismo. Rompe-se, assim, a concep ção dualista que postula a dicotomia entre sentimento (de natureza mental) e com- portamento-ação (de natureza corporal). Em segundo lugar, o sentimento deixa de ser a causa dos comportamentos, aquele evento que antecede e produz as ações humanas, e passa a ser entendido como um evento causado, colateral, simultâ neo, indissociável do comportamento. De evento explicativo, passa a ser evento a ser explicado; de variável independente, passa a ser variável dependente. E, um pouco além, é melhor conceber o conjunto comportamento e sentimento como um processo indissociável, produzido por e fazendo parte das contingências de reforçamento. Skinner (1995,1989) assim se expressou: “A posição behaviorista é: volte aos eventos am bientais antecedentes para explicar o que alguém faz e, ao mesmo tempo, o que essa pessoa sente en quanto faz alguma coisa. Para cada estado sentido e designado pelo nome de um sentimento, presumivelmente existe um evento am biental anterior do qual esse estado é produto. A Terapia Comportamental se interessa mais pelo evento antecedente do que pelo sentimento” (pág. 103). Uma evidência experimental (existem inúmeras) de que nem os sentimentos nem as emoções são causas do comportamento foi oferecida por Azrin (1959) num estudo realizado com pombos. O comportamento de bicar do sujeito experimen tal era mantido num esquema FR (cada pombo, tinha um valor próprio da razão que variou de 10 a 50), mantido por reforçamento positivo. Após o desempenho no esquema FR mostrar estabilidade, o procedimento envolveu uma contingên cia de punição em que cada resposta de bicar era seguida por um choque elétrico cuja intensidade foi introduzida de forma crescente desde 1 até 120 volts. A mu dança de uma intensidade para a seguinte (mais intensa) dependia do desempe nho do pombo: a intensidade da punição era mantida até que o padrão e o número total de respostas não mostrassem qualquer tendência discernível por sessões su cessivas. Segue-se a descrição que o autor fez da observação de um pombo man tido em FR 25 durante punição severa (convém lembrar que o sujeito recebia 25 choques e um reforço na condição experimental): “A observação visual direta dos sujeitos na presente investigação revela uma visão bastante dram ática durante punição severa (80,100 e 120 volts). Im e diatam ente após o reforçamento, o pom bo usualmente se afasta com pleta mente da área do disco de resposta. Quando o sujeito finalm ente retorna até o disco e executa a prim eira resposta, a punição produz agitação e movi mentos frenéticos e violentos das asas. A violência da reação física a esta prim eira punição dá a impressão que nenhuma outra resposta voltará a ser em itida por algum tempo. No entanto, o sujeito executa as 24 respostas res tantes numa sucessão extremamente rápida, mesmo quando o efeito físico Terapia por Contingências de Reforçamento * 13 da punição parece tornar difícil a manutenção de uma postura ereta, ou até de se manter respondendo” (pág. 304). O resultado do experimento e as conclusões foram sumarizados assim: “O efeito da punição no desem penho em razão fixa é aum entar a duração das pausas após reforçamento. Não ocorre redução na taxa local (observa ção do autor do capítulo: taxa local é definida pela relação entre número de respostas em itidas por unidade de tempo, determ inada para um período curto, particularmente quando ela é relativamente constante durante aquele tempo) de respostas, quase independente da severidade da punição. Qual quer redução no número total de respostas é, portanto, atribuída a um aum ento nas pausas e não a qualquer decréscimo na taxa de respostas que vem prevalecendo. Esta redução de respostas é m aior no momento da introdução inicial ou no aumento da punição. Ocorre uma recuperação progressiva após exposição continuada, a qu a l virtualmente, se com pleta nas intensidades m oderadas de punição que tinham, inicialmente, reduzido m arcadam ente as respos tas... Com intensidades mais altas, quase intoleráveis fisiologicamente, a recuperação do efeito inicial da punição é apenas parcial” (págs. 304-305). Os resultados desse experimento mostraram, de maneira inconteste, que o sujeito experimental ficou sob controle das contingências de reforçamento ma nejadas: reforçamento positivo intermitente em esquema de razão fixa e punição positiva, tendo choque elétrico como evento aversivo, contingente a todas as res postas emitidas. A maneira como foi introduzida a intensidade do choque numa hierarquia progressiva - do menor valor para o maior - parece ser uma variável crítica, não avaliada experimentalmente (o que ocorreria se as intensidades maio res de choque fossem apresentadas inicialmente?). O tamanho da razão de reforçamento foi avaliado (FR 10 a FR 50), revelando que os parâmetros da razão não alteraram os padrões de respostas dos sujeitos experimentais. A expectativa de que os sentimentos (ou emoções) de medo (do choque), de ansiedade (produ zida por uma situação aversiva conhecida inescapável, não contingente à respos ta), ou quaisquer outros sentimentos, possam ter função causal se esvai com esse estudo. Não são os sentimentos que produzem ou causam comportamento; o com portamento é determinado pelas contingências (tanto quanto é o sentimento - ou melhor, o “sentir” - o é). E, no estudo relatado, o comportamento analisado é um operante livre em itido, não uma resposta reflexa eliciada: o pombo em ite a bicada que produz choque (sempre) e alimento (ocasionalmente). A demonstra ção do papel das contingências se torna, portanto, enfática: não é o estado corporal sentido que produz o comportamento; são as contingências de reforçamento. Um pombo “masoquista”! Chamá-lo de “masoquista” (ou, no caso de uma pes soa, chamá-la de “deprimida” ou “estressada”) é a mesma coisa que lhe dar um apelido, uma vez que não acrescenta nenhuma informação sobre as variáveis que controlam os comportamentos. Pode ser tentador buscar explicações para o com p ortamento em dinamismos psíquicos internos (masoquismo seria um exemplo). 14 ■ Terapia Comportamental Quando, porém, se tem acesso aos processos comportamentais que produzem determinados padrões de comportamento, a necessidade de buscar uma explica ção inventada ou mágica desaparece. A explicação está no nível das variáveis que podem ser manejadas para produzir o comportamento e das variáveis que permi tem prever a ocorrência (ou não ocorrência) do comportamento, está nas contin gências de reforçamento. O pombo não é masoquista; ele é (se preferir uma palavra afetiva) “vítima” das contingências ambientais a que foi exposto. Mais precisa mente, ele é parte ativa das contingências em operação, produzindo conseqüên cias e sendo afetado por elas. O desempenho final é o produto de tal interação entre o organismo e o ambiente (experimental). Os sentimentos são, mais uma vez, manifestações do organismo e não entida des abstratas de outra natureza que não a corporal. A compreensão dos sentimen tos só é possível pela análise das interações entre organismo e o ambiente e a detecção das contingências em operação. Assim, por exemplo, o sentimento de prazer começa a ser entendido a partir da análise dos estados corporais produzi dos por contingências de reforçamento positivo. Em seguida, pelo papel desem penhado pela comunidade verbal da pessoa que, por meio de contingências de reforçamento sociais, ensina-lhe a identificar os estados corporais e a dar-lhes nomes arbitrários, porém convencionados, dentro da comunidade. Assim, senti mentos envolvem manifestações corporais respondentes e operantes produzidas por contingências de reforçamento. Veja-se Skinner (1995,1989): “Os terapeutas comportamentais atribuem o que é feito a dois tipos de conse qüências seletivas: comportamento inato à seleção natural e comportamento aprendido ao reforçamento operante. Um exemplo específico é usualmente um produto conjunto de ambas. Existe, por exemplo, um lado operante na emoção. O medo não é só uma resposta das glândulas e dos músculos lisos, mas também uma probabilidade reduzida de movimento em direção ao ob jeto temido e uma alta probabilidade de afastamento dele. O lado operante da raiva é uma probabilidade m aior de causar dano a alguém e uma menor probabilidade de ser agradável Enquanto o estado corporal resultante de con dicionamento respondente é usualmente cham ado de sentimento, o estado resultante do condicionamento operante, observado pela introspecção, geral mente é cham ado de estado da mente” (págs. 103-104). Há vantagens em substituir o substantivo “sentimento” pelo verbo “sentir”. “Usamos o verbo 'sentir' para descrever nosso contato com esses dois tipos de estimulação” - (os sistemas interoceptivo e proprioceptivo) (Skinner, 1993, 1974, pág. 23). Com tal afirmação, Skinner definitivamente coloca o sentir no âmbito dos eventos do organismo: “Os estados corpóreos que são sentidos ou observados merecem reconhecimento, mas a ênfase deve ser dada às condições ambientais a que estão ligados e deve-se insistir que são as condições e não os sentimentos que nos habilitam a explicar o comportamento” (Skinner, 1993,1974, pág. 207). Pode- se concluir, então, que as contingências de reforçamento produzem simultanea mente duas classes de comportamentos: operantes e respondentes. Não há necessidade de - mais precisamente, é um equívoco conceituai - falar-se em com portamento e sentimento. Tudo é comportamento. Terapia por Contingências de Reforçamento ■ 15 Quando um paciente procura o médico, esse pede a ele para descrever as do res, os estados orgânicos. Surgem dificuldades, já que as descrições são, em geral, pouco precisas. “A dificuldade não advém de o paciente não estar sendo estimulado de forma perfeitamente clara, mas sim de ele nunca ter estado exposto a condi ções de instrução em que aprendesse a descrever adequadamente os estímulos” íSkinner, 1993, 1974, pág. 26). Estudos de pesquisa básica com animais parecem confirmar que os estados corporais têm função de estímulo controlador de com portamento, mesmo que o organismo não tenha ciência de tal relação de controle ;falta, aos organismos infra-humanos, o comportamento verbal). Assim, Hoffman e Fleshier (1965) introduziram a punição positiva na supressão condicionada (no paradigma original de supressão condicionada, um estímulo-sinal (luz) sinaliza a apresentação de um estímulo aversivo (choque) inevitável, não contingente à res posta, enquanto opera um esquema de reforçamento intermitente mantido por reforçamento positivo). Ou seja, os autores usaram um procedimento experimental que investigava uma variação no paradigma de supressão condicionada: num delineamento de emparelhamento {yoked, dois sujeitos são submetidos às mes mas condições experimentais, exceto uma, que é a variável experimental sendo investigada), as bicadas de um pombo produziam choque para si mesmo (pu nição positiva) e também para um outro pombo do par que estava num outro equipamento experimental (choque livre). Para os dois membros do par, periodi camente era apresentado um estímulo-sinal (som), enquanto estava operando um mesmo esquema VI com alimento. Para o sujeito que era punido após o som estar presente por dois minutos, a primeira bicada produzia simultaneamente um cho que elétrico, enquanto o som era desligado. O outro membro do par, no mesmo momento, também recebia o choque e o som era igualmente desligado. Portanto, os dois membros do par recebiam exatamente a mesma distribuição de choques e de som, mas, para o pombo da.condição de punição, a apresentação do choque era contingente à emissão da bicada durante a porção terminal do som, enquanto, para o outro pombo da condição de emparelhamento, a apresentação do choque era independente do comportamento que estava sendo emitido. As diferenças entre os desempenhos típicos dos dois pombos, quando os procedimentos reve laram seu controle, foi evidente. Para o sujeito controle, tão logo o som era intro duzido, se iniciava um curto período de aceleração negativa, o que reduzia rapidamente a freqüência de bicadas para um nível baixo, e que assim permane cia até o término do som. O sujeito que era punido apresentava pausas maiores, porém no início da apresentação do som raramente ocorriam mudanças na fre qüência de respostas; as pausas surgiam na porção final do som (mais próximas da resposta punida). Veja a explicação de Hoffman (1969) para as diferenças entre os dois sujeitos experimentais: “Embora as explicações destas diferenças tenham que ser, no momento, um tanto especulativas, o trabalho sugeriu que a inclusão de uma contingência específica resposta-choque no paradigm a de supressão serviu para m odifi c a ra influência do estímulo-sinal (som). Em particular, ela (contingência punitiva) pareceu estabelecer uma situação na qual a condição necessá ria para ocorrer a supressão era que o sujeito estivesse respondendo na 16 ■ Terapia Comportamental presença do estímulo-sinal. Assim, para os sujeitos punidos, a introdução do estímulo-sinal não fo i comumente acom panhada por uma m udança na freqüência de resposta* Mais precisamente, estes sujeitos tipicamente res ponderam durante o segmento inicial do estímulo-sinal e, então, abrupta mente mostraram uma parada com pleta de bicar Foi como se o estímulo, que ganhou controle sobre a reação em ocional do sujeito, consistisse de um composto no qual um elemento fo i estim ulação provida pelo estímulo-si nal e o outro elemento fo i estimulação provida pela informação proprio- ceptiva originada do comportamento de bicar o disco. Quando um dos elementos do composto estava faltando, com o ocorria durante os intervalos entre sons (quando o som estava ausente) e durante os primeiros segundos do som (quando a estimulação proprioceptiva das bicadas ao disco durante o som estava ausente), não ocorria supressão” (págs. 199e200).5 O aspecto que se deseja enfatizar com essa pesquisa é que seus autores suge rem que o comportamento do pombo punido ficou sob o controle da estimulação proprioceptiva (debaixo da pele) na parte final da presença do som. O pombo fi cou sob o controle da estimulação corporal produzida pela relação de contingên cia existente entre a resposta e a conseqüência aversiva por ela produzida e não pela apresentação do choque. O pombo controle também recebia o choque em condição idêntica, apenas não havia uma relação de contingência entre o bicar e o choque. Seu desempenho (redução na freqüência de resposta durante o som) ficou exclusivamente sob controle do estímulo exteroceptivo. É oportuno para frasear Skinner (1993,1974, pág. 188): Os sujeitos infra-humanos se comportam de forma consciente no sentido de estarem sob o controle de estímulos (exteroceptivos, no exemplo do pombo controle; exteroceptivos e proprioceptivos, no caso do pombo punido): ouvem som (os dois pombos experimentais) e sen tem o próprio corpo (apenas o pombo punido), no sentido de responderem, apro priadamente, cada um de acordo com a condição experimental a que foi submetido; todavia, nenhuma contingência verbal os torna conscientes do som, no sentido de ouvir que estão ouvindo, ou do corpo, no sentido de sentir o que estão sentindo. Com a afirmação de Skinner sobre o papel das contingências verbais, anun ciam-se os problemas que a comunidade tem para ensinar os seus membros a emitirem respostas discriminativas verbais sob o controle de eventos orgânicos debaixo da pele. Tais eventos, por serem inacessíveis à observação direta da co munidade, faz com que ela tenha dificuldades para reforçar diferencialmente respostas sob o controle desses estímulos corporais. “Há diferença entre sentimentos e relatos acerca daquilo que se sente. Pode mos tomar o sentimento (seria m elhor dizer o sentir) com o simples resposta a estímulos (orgânicos internos), mas seu relato é o produto das contingên cias verbais especiais, organizadas por uma comunidade. Há uma diferen- 5 Grifos do autor do capítulo Terapia por Contingências de Reforçamento ■ 17 ça sem elhante entre o com portam ento e o relato do comportamento ou das suas causas (conseqüências). Ao organizar as condições em que uma pessoa descreve o mundo público ou privado onde vive, um a com unidade gera aquela form a muito especial de comportamento cham ada conhecimento. Responder a um estômago vazio ingerindo com ida (comportamento sob controle de estímulos corporais internos advindos do estômago) é uma coi sa; é outra, porém, saber que se está com fom e (comportamento verbal que descreve um estado corporal sob controle de tal estado e m odelado pelas contingências geradas pela com unidade verbal). Caminhar sobre um terre no acidentado (comportamento m odelado pelas conseqüências advindas das irregularidades do piso) é uma coisa; é outra, porém, saber que se está fazendo isso (comportamento verbal que descreve uma form a de andar em um tipo específico de terreno sob o controle do próprio com portam ento e do terreno e m odelado por contingências geradas pela com unidade verbal)”6 (Skinner; 1993,1974, pág. 30). Os paradigmas a seguir (Quadros 1.1 a 1.3) podem esclarecer, esquemati camente, o que foi exposto. Na contingência A, a comunidade verbal não é parte das contingências em operação, e o comportamento operante emitido foi resultado, exclusivamente, das Q uad ro 1.1 - Contingência A - Comportamento operante "pegar a bola debaixo da árvore" j Antecedentes Resposta não verbal Conseqüências ! 1. SD externos: i \ Bola de futebol perdida \ está debaixo de uma árvore i 2. SD internos: (a) Estímulos | proprioceptivos produ zidos por andar até • a árvorei (b) Estímulos proprioceptivos e interoceptivos desper tados pela descoberta de um evento : reforçador positivo (a boia) 3. Respostas encobertas (por exemplo, "São 11 horas. Tenho que ir para casa.") - Andar até a árvore e apa nhar a bola (comporta mento operante) - Outras respostas (não reie- vantes para a presente discussão) - Segurar a bola, brincar com ela etc., bem como eventos corporais internos: estimulação proprioceptiva e interoceptiva com fun ção reforçadora positiva, adquirida por associação com outros reforçadores positivos Os parênteses foram colocados pelo autor do capítulo 18 ■ Terapia Comportamental Quadro 1.2 - Contingência B - Comportamento verbal discriminativo que descreve o próprio comportamento "fui pegar a bola" Antecedentes Resposta verbal Conseqüências 1. Os três elos da tríplice con tingência apresentados na contingência A (o SD inter no a exerce maior controle que o b em função da questão 2 a seguir) 2. As questões: (a) "0 que você fez?" (b) "0 que você está fazendo?" (c)"Onde você está indo?" (a) "Fui pegar a bola." (b) "Estou pegando a bola." (c) "Até a árvore... pegar a bola." (comportamentos verbais de descrição do próprio comportamento operante) - Reforço diferencia! social generalizado contingente à descrição do comporta mento, provido pela pes soa que fez a pergunta Quadro 1.3 - Contingência C - Comportamento verbal discriminativo que descreve o próprio sentimento "senti-me contente" Antecedentes Resposta verbal Conseqüências 1. Os três elos da tríplice con tingência apresentados na contingência A (o SD inter no b exerce maior controle que o a em função da questão 2 a seguir) 2. A questão: "0 que você sentiu quando, finalmente, encontrou a bola?" "Uma emoção forte, meu co ração disparou. Senti-me contente." (comportamento verbal de descrição do estado corporal) - Reforço diferencial social generalizado contingente à descrição do sentimento, provido pela pessoa que fez a pergunta f f i i ' + 1 , ■ . inter-relações entre a criança que apanhou a bola e aspectos específicos do ambiente físico natural. (Excluiu-se da análise, para fins didáticos, o papel da história de contingências a qual o garoto foi exposto, embora se reconheça que tal história também é fator determinante e participante das interações. Suponha, por exem plo que, na história de contingências dessa criança, “perder a bola” fosse ocasião para chorar até que uma outra pessoa a devolvesse. O produto comportamental observado no exemplo seria outro.) Na contingência B, a comunidade verbal tem papel decisivo. São as questões postas pela comunidade (“O que você está fazendo?” por exemplo) que colocam o comportamento do ouvinte, de descrever o que está fazendo, sob o controle das inter-relações entre antecedentes - respostas - conseqüentes (note que, no es quema da contingência B, o item 1 dos antecedentes é exatamente a tríplice con tingência de A). A pergunta, porém, destaca um item específico da contingência total: o SD interno a é mais crítico que b, provavelmente, porque fazer envolve estímulos originados na musculatura esquelética e nas articulações. Produz-se, Terapia por Contingências de Reforçamento ■ 19 desta forma, o comportamento verbal de relatar o aspecto da tríplice contingência que ficou sob controle do SD verbal do falante. No caso, o SD verbal, “O que você está fazendo?”, controlou o comportamento verbal que foi emitido: “Estou pegan do a bola”. Dentre todos os aspectos da tríplice contingência, a questão enfocou o operante fazer, o aspecto enfatizado que exerce controle máximo sobre o com portamento verbal. Se a questão fosse “Onde está a bola?” o enfoque seria no ou tro aspecto da contingência e a resposta verbal, que ficaria sob o controle da nova questão, poderia ser “Debaixo da árvore.” Se o SD verbal fosse outro (por exemplo, “Por que você vai pegar a bola e não larga ela lá?”), seria, necessariamente, evoca do outro comportamento verbal do ouvinte, sob controle de outros aspectos da contingência (não identificáveis no exemplo apresentado no paradigma B). Nesse caso, o esquema da contingência B precisaria ser ampliado para incluir elemen tos da história de reforçamento da pessoa. Aquilo que ocorreu no passado, quando ela perdeu uma bola ou outro objeto, é determinante da classe de com portamento “procurar a bola até achá-la”, “não ir procurar a bola”, “desistir antes de achá-la” etc. Assim, por exemplo, “Meu pai me punha de castigo, me chamava de irresponsável... quando eu perdia alguma coisa” é uma classe de contingências da história de vida que torna importante procurar a bola até achá-la. Finalmente, deve-se esclarecer que o comportamento de descrição do próprio comportamento não ficou apenas sob controle da pergunta provinda de um membro da comuni dade verbal, mas por todo o conjunto de contingências. A pergunta destaca, do conjunto, sob o controle de qual particularidade dos componentes da contin gência, a resposta verbal, se for emitida, será reforçada. Na contingência C, a comunidade verbal também tem papel fundamental. A questão proposta “O que você sentiu... ?” coloca o comportamento verbal do ouvinte sob o controle de todos os componentes descritos na contingência A (no esquema de contingência C, o item 1 dos antecedentes é exatamente a tríplice contingência de À). A pergunta, porém, destaca um item específico da contingência total: o SD in terno b é mais crítico que a , provavelmente porque sentir envolve estímulos pro venientes, principalmente, dos eventos corporais internos, estímulos próprio e interoceptivos, gerados pelo contato com a bola perdida. Produz-se, dessa forma, o comportamento verbal de relatar o aspecto da tríplice contingência que ficou sob controle do SD verbal do falante. No caso, o SD verbal, “O que você sentiu?”, colocou sob controle o comportamento verbal que foi emitido: “Senti-me contente.” A ques tão enfocou o operante “sentir”, dentre todos os aspectos da tríplice contingência, sendo enfatizado por exercer controle máximo sobre o comportamento verbal. En tão, a pessoa emite uma verbalização, tipicamente categorizada com o nome de um sentimento, no caso, “contente”. Mas ela poderia nomear outro sentimento, por exemplo, “Senti-me aliviado.” A diferença entre sentir um estado corporal (nomea do “contente”) e outro (nomeado “aliviado”) deve ser buscada na história de contin gências de cada indivíduo: “alívio” seria um termo mais provável se, na história de contingências da pessoa, o comportamento de perder um objeto fosse, usualmente, Dunido. Assim, ao achar o objeto, ela estaria se esquivando da punição prevista: o :omportamento seria reforçado negativamente e o estado corporal sentido poderia ser chamado de “alívio”. Cada contingência produz um estado corporal correspon dente e a pessoa responde aos componentes da contingência, ao estado corporal e aos controles da comunidade verbal. Leidy Realce 20 ■ Terapia Comportamental Skinner (1999/1954) fez uma importante observação sobre o papel do auto conhecimento, refutando claramente que lhe caiba um possível papel causal: “O ponto importante não é que o indivíduo, freqüentemente, fo i incapaz de descrever aspectos importantes do seu próprio comportamento ou de iden tificar relações causais importantes, m as sim que sua hab ilidade para descrevê-los fo i irrelevante para a ocorrência do comportamento ou para a eficácia das causas. Começamos por atribuir o comportamento do indiví duo a eventos em sua história genética e am biental Depois notamos que, por causa de certas práticas culturaisf o indivíduo pode vir a descrever a l guns daqueles comportamentos e algumas daquelas relações causais. Pode mos dizer que ele está consciente das partes que é capaz de descrever e inconsciente do resto. Mas, o ato de autodescrição, tanto quanto o de auto- observação, não desem penha nenhum papel na determ inação da ação. Ele é sobreposto ao com portam ento... estar cônscio da causa, não tem nada a ver com eficácia causal” (pág. 293). Desmistifica-se, dessa forma, uma concepção basilar da Psicologia, na qual a conscientização tem, por si mesma, poder de causar ou modificar comporta mentos. A conscientização, enquanto conhecimento, permite à pessoa identifi car ou descrever os determinantes, as relações funcionais dos comportamentos, mas, com isto, a conscientização não se materializa em causa. Finalmente, a ”conscientização” (ou seja, a auto-observação e a autodescrição) tem um papel relevante no processo terapêutico, pois, embora não cause comportamento, pode nos levar às causas, ou seja, colocar o terapeuta e o cliente sob o controle dos determinantes dos comportamentos relevantes. Os eventos corporais “debaixo da pele” são tão reais quanto os eventos corpo rais “fora da pele” e, essencialmente, da mesma natureza. O que os diferencia é o acesso que o observador tem a cada uma das duas classes de eventos: a primeira só é acessível ao próprio indivíduo que se comporta; a segunda é também acessível a ou tros observadores. Por outro lado, é oportuno nesse ponto ressaltar com Matos (1997): “A expressão'mundo externo'não se refere ao que reside fora da pele do orga nismo e sim (por necessidade conceituai de uma postura analítica) ao que não é a própria ação. Para o ‘behaviorista radical' ‘ambiente* é o conjunto de condições ou circunstâncias que afetam o comportar-se, não importando se estas condições estão dentro ou fora da pele. É importante entender que, para Skinner, o am biente é externo ã ação, não ao organismo" (pág. 47). Desta maneira, a citação de Ferster (1972) complementa as palavras citadas anteriormente: “É útil distinguir entre duas partes do ambiente do paciente que controlam suas descrições verbais: (a) o repertório dentro da pele do paciente; (b) suas descrições verbais dos fatores ambientais que estão produzindo a reação in terna, predominantemente privada. Essa última, requerendo uma análise Terapia por Contingências de Reforçamento ■ 21 funcional do desempenho, é controlada por elementos particulares do ambiente (usualmente externos) é, obviamente, uma condição necessária para uma pessoa viver com sucesso. Além de que, a habilidade para notar mudanças no seu próprio estado interno parece ser um começo importante, talvez necessá rio, na direção da pessoa observar essa relação funcional Tais comportamen tos de observação - os tatos sob o controle de eventos privados - são eventos naturais cujo reforçamento contínuo não depende das circunstâncias arbi trárias ou especiais da situação terapêutica1" (págs. 5-6). No mesmo texto, Ferster (1972) enfatiza em uma nota a importância de dis- ::nguir entre tato puro e impuro, quando se lida com eventos privados: “Controle pelo estímulo e não pelo reforço dá ao tato sua objetividade, sua utilidade para com unicação e seu uso com um por diferentes m embros da com unidade, sob am pla gam a de circunstâncias. Em termos coloquiais, um tato 'descreve'algum evento. No presente caso, o evento que o tato ‘des creve' está debaixo da pele da pessoa, portanto, é privado . É útil fa la r do tato com o desem penho verbal controlado por algum estímulo em vez de ‘descrever’ o estímulo, porque o prim eiro uso aponta para o procedim ento exato que estabelece o com portam ento, enquanto que o segundo uso é mentalista (pág. 6). Um tato impuro é um desem penho verbal cujo con trole é com partilhado pelo estímulo que lhe dá a deixa fprompU e um reforçador relevante para o estado atual de privação do falante. Se o tato fosse puro, sua form a seria controlada, exclusivamente, pelo estímulo an tecedente, excluindo-se qualquer reforçador relevante para o estado atual de privação do fa lan te” (pág. 11). Desse modo, quando as descrições que o cliente faz de seus estados privados sào conseqüenciadas de forma arbitrária pelo terapeuta, os desempenhos verbais io cliente são observações em um sentido limitado, já que, por serem tatos im puros, ou seja, reforçados pelo terapeuta (reforço arbitrário), em vez serem ronseqüenciados por reforçadores generalizados naturais, não estão sob o con- role exclusivo dos eventos que descrevem, mas foram, de certa forma, modelados arbitrariamente) pelo terapeuta. A discussão do presente subtítulo corresponde, com as alterações e amplia- :ões apresentadas, à primeira dimensão característica da Análise Aplicada do lomportamento, nominalmente com portam ental conforme apontada por Baer, ’ Vblf e Risley (1968). \ TERAPIA POR CONTINGÊNCIAS É MONISTA O conceito de "mente”, abstração imaterial e interna, capacitada a causar todo : jmportamento e sentimento humano, é absolutamente estranho à Terapia por I jntingências. Essa nega, essencialmente, o dualismo (cartesiano) e seus pressu- r ostos fundamentais, os quais, nas palavras de Ribes (1982), se caracterizam por: 22 ■ Terapia Comportamental “(a) o mental é concebido com o o causal interno; (b) a interação dos homens com o seu meio é redutível à ação m ecânica, passiva e reflexa; (c) o mental, enquanto substância primária, independente do material, obe dece a leis próprias. Como tal, a proposta dualista elim ina a interação com o meio como objeto de estudo e analisa as ações produzidas com o ato m ediado de uma ‘m áqui na’ ou de uma mente interna ou, inclusive, de sua interação” (págs. 22-23). A citação anterior fornece elementos para destacar a diferença fundamental entre o Behaviorismo Radical (monista) e o Behaviorismo Cognitivo (dualista). Conclui-se, então, que, enquanto a Terapia Cognitivo-comportamental encontra lugar dentro da terminologia mais abrangente da Terapia Comportamental, ela, de modo algum, é conciliável com a Terapia por Contingências (solidamente alicerçada no Behaviorismo Radical). No Behaviorismo Cognitivo-comportamental e nas suas várias versões, o nível explicativo é deslocado para o interior do orga nismo ou é substituído por enunciados lógicos que têm a função de mediar a na tureza empírica dos fenômenos a serem explicados. Ora a explicação aparece na forma de reducionismo mecanicista no qual se estabelece a identidade entre a mente e o cérebro, definindo-se a mente como a ação do cérebro. (Essa postura epistemológica justifica, por exemplo, a ação terapêutica de empregar medicação para “curar” problemas psicológicos ou de atribuir ao estresse - estado corporal - a função de causa de perturbações comportamentais.) Ora a explicação surge na forma de mimetismo monista (já que tudo de que se fala é comportamento, cria- se a impressão de se tratar um monismo comportamental), no qual comporta mento (geralmente privado) causa comportamento
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