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Filo Apicomplexa • Os protozoários do Filo Apicomplexa são parasitos intracelulares obrigatórios e se caracterizam por apresentar, na extremidade afilada do “zoíto”, o complexo apical. • Esse complexo é composto de um conjunto de estruturas visíveis apenas em microscopia eletrônica e que são responsáveis pela penetração na célula do hospedeiro. • Sua presença caracteriza, então, as formas infectantes dos protozoários, que, nos coccídios, são: - Esporozoíto - Merozoíto - Taquizoíto - Bradizoíto. • Outra característica dos Apicomplexa é a ausência de cílios. Fases do Ciclo Biológico • Proliferativa (ou Assexuada) - Ocorre no interior da célula do hospedeiro e é caracterizada por sucessivas merogonia. - Após a infecção por via oral dos oocistos esporulados, os esporozoítos livres na luz intestinal penetram nas células epiteliais e arredondam-se, passando a ser chamados de trofozoítos. - Origina-se o meronte de primeira geração, e deles são liberados merozoítos de primeira geração, que irão penetrar em novas células hospedeiras e repetir o processo, formando os merontes de segunda geração. - Alguns merozoítos de segunda geração invadem outras células integras do epitélio e dão início à fase de diferenciação (sexuada); no entanto, a maioria desses merozoítos formam merontes de terceira geração. • Diferenciação (ou gametogonia ou sexuada) - Ocorre no interior da célula do hospedeiro. - A etapa de gametogonia tem início quando um merozoíto penetra a célula do hospedeiro para se diferenciar em macrogameta ou microgametócito. - Os macrogametas são imóveis e os primeiros a serem formados. Depois, formam-se os microgametócitos que sofrem divisões gerando muitos microgametas, dotados de flagelos e, portanto, móveis. - Quando os microgametas (♂) estão formados, há rompimento da célula hospedeira e eles são liberados na luz intestinal. Ao encontrar o macrogameta (♀), ocorre a formação do zigoto diploide (oocisto não esporulado) que é eliminado para o ambiente junto com as fezes do hospedeiro. • Esporogonia (esporos = oocisto) - Ocorre no ambiente e depende de condições favoráveis de oxigenação, temperatura e umidade. - Nesta etapa, os oocistos se tornam infectantes por meio do complexo apical dos esporozoítos. - Os oocistos, principalmente os esporulados, são muito resistentes e permanecem viáveis no ambiente por longo período, sendo também a forma de dispersão do coccídio. Gênero Crysptosporidium Estrutura e Morfologia • Oocistos com formato subesférico e muito pequenos. • Quando esporulados, contém 4 esporozoítos, sem apresentar esporocistos. • Microgametas desprovidos de flagelos. Espécies importantes • Cryptosporidium parvum: Mamíferos (bovinos). • C. canis: Cães. • C. felis: Gatos. • C. hominis: Humanos. • C. baileyi: Frangos • C. galli: Aves silvestres. • C. meleagridis: Aves • C. nasorum: Peixes • C. serpentis: Répteis OBS.: Reprodução Assexuada Merogonia/Esquizogonia: Uma célula da origem a várias outras, chamadas de merozoítos dentro de merontes ou esquizontes. Esporogonia: O núcleo sofre repetidas divisões nucleares, seguido por divisões meióticas originando células haploides, os esporozoítos. Ocorre após a reprodução sexuada. Local de Parasitismo • Parasito intracelular extra citoplasmático. • Microvilosidades das células gastrointestinais. • Epitélio respiratório. OBS2.: Autoinfecção: No ciclo, há formação de dois tipos de oocistos, conforme a parede seja espessa ou delgada. Aqueles de parede delgada podem se romper ainda na luz do intestino, promovendo, assim, a autoinfecção. Ciclo Biológico 1. A infecção é oral-fecal, por meio da ingestão dos oocistos esporulados e por inalação. 2. A merogonia ocorre na superfície das células epiteliais intestinais (borda em escova), com duas gerações de merontes (que contém de 4 a 8 merozoítos). 3. A gametogonia ocorre com formação de macro e microgametócitos. 4. O macro e microgametócitos originam oocistos com 4 esporozoítos. 5. Os oocistos são eliminados para o ambiente já infectantes, uma vez que a esporogonia é endógena. Figura: Representa o ciclo monóxeno das espécies do gênero Cryptosporidium. Todas as etapas do ciclo (merogonia, gametogonia e esporogonia) são endógenas e ocorrem no epitélio intestinal (ou respiratório, dependendo da espécie) do hospedeiro. A infecção ocorre por meio da ingestão dos oocistos infectantes (esporulados), embora seja possível a autoinfecção. Importância na MV • Oocisto causador de: - Diarreia em mamíferos - Distúrbios respiratórios em aves - Gastrite em répteis e, possiv. em peixes. • Infecção oportunista, acometendo indivíduos jovens ou imunocomprometidos. • Pode ocorrer das seguintes formas: - Pessoa-pessoa - Animal-pessoa - Pessoa-animal • Oocistos resistentes a desinfetantes comumente utilizados no tratamento da água de abastecimento e de recreação. Família Cryptosporidiidae Classe Coccidea Características Gerais Principais Características • Infectam vertebrados e invertebrados. • As espécies têm um local específico de invasão, que, em geral, são as células epiteliais de origem endotérmica. • Coccídio com ciclo biológico direto. • Gêneros diferenciados pelo número de esporocistos; • Merogonia e gametogonia: Ocorrem nas células do hospedeiro. • Esporogonia: Exógena, ocorrendo fora do hospedeiro. • Microgametas (♂): Com 2 ou 3 flagelos. Gêneros de Importância • Eimeria spp. - Oocistos com 4 esporocistos e 2 esporozoíto com corpo de Stieda. • Isospora spp. - Oocistos com 2 esporocistos e 4 esporozoítos com corpo de Stieda. - Hospedeiros: AVES Gênero Eimeria Características Morfológicas • Oocistos quando chegam ao ambiente com as fezes (não esporulados) apresentam o esporonte, cuja localização é central. • Após esporulação, apresentam 4 esporocistos, cada um com 2 esporozoítos. Hospedeiros • Mamíferos • Aves • Répteis • Peixes Local de Parasitismo • Células dos intestinos delgado e grosso. • Fígado (Eimeria stiedae em coelhos). • Útero (E. neitizi em impala). • Rins (E. truncata em gansos). Espécies • Coelhos - Eimeria stiedai • Bovinos - Eimeria zuernii - Eimeria bovis • Búfalos - Eimeria bareillyi • Frangos/Galinhas - Eimeria acervulina - Eimeria tenella • Perus - Eimeria adenoides • Caprinos - Eimeria christenseni • Ovinos - Eimeria ovinoidalis • Suínos - Eimeria suis • Equídeos - Eimeria leukarti Família Eimeriidae Ciclo Biológico 1. Os oocistos não esporulados são eliminados com as fezes do hospedeiro. 2. Ciclo monoxeno, o hospedeiro se infecta ao ingerir o oocisto esporulado, que, na moela ou no estômago, é destruído e são liberados os esporocistos. 3. Pela ação da tripsina e da bile, ocorre liberação dos esporozoítos no intestino delgado. 4. Esses esporozoítos penetram nas células da mucosa intestinal (citoplasma), arredondam-se e originam trofozoítos. 5. Os trofozoítos passam a merontes, iniciando a reprodução assexuada (merogonia). 6. Alguns merozoítos de segunda geração penetram, em novas células para iniciarem a terceira geração de merontes. 7. Outros penetram, em células integras do epitélio e iniciam a gametogonia. 8. Os microgametas rompem a célula e vão até o macrogameta para fertilização, da qual resulta o zigoto. 9. O zigoto desenvolve uma parede dupla em torno de si, dando origem ao oocisto. 10. Os oocistos rompem a célula e passam à luz intestinal, indo para o exterior com as fezes na forma não infectante, pois não estão esporulados Figura: Representa o ciclo monóxeno das espécies do gênero Eimeria. As etapas proliferativa e de diferenciação (merogonia e gametogonia, respectivamente) ocorrem no epitélio intestinal do hospedeiro, enquanto a esporogonia é exógena. A infecção é oral, por meio da ingestão dos oocistos esporulados. Gerações Sucessivas • Formam-se 3 tipos de Merozoítos - 1 diploide: Origina o meronte de 2ª geração. - 2 haploides: Origina um macrogametócito (♀) e um microgametócitos (♂) – O micro fecunda o macro, gerando oocisto nas fezes. Gerações Contínuas Importância em MV • Eimeria infecta uma ampla variedade de hospedeiros, apresentando grande importância em animais de reprodução. • No desenvolvimento das fases do ciclo biológico, esses coccídios destroem as células intestinais, causando diarreia sanguinolenta. • Causa diminuição da resistência orgânica, baixa conversão alimentar e perda de peso, o que predispões os animais à infecção bacteriana secundária. • Em aves, a morbidade pode chegar a 100 % causando prejuízos econômicos. • Animais assintomáticos mantem contaminação ambiental por meio da eliminação de oocistos não esporulados nas fezes. Sintomas Clínicos • Diarreia sanguinolenta. • Baixa conversão alimentar. • Diminuição da resistência orgânica. • Perda de peso. Características Gerais Gênero Sarcocystis Principais Características • Somente em espécies do gênero Sarcocystis os oocistos esporulam na lamina própria e são eliminados nas fezes para o meio exterior, na maioria das vezes na forma de esporocistos. • Todas as fazes do meronte ocorrem na mucosa dos vasos sanguíneos no hospedeiro intermediário (bovinos) e os, macro e microgametócitos e oocistos ocorrem no hospedeiro definitivo (cão). • São heteróxenos obrigatórios: 2 hospedeiros – presa e predador. Espécies Importantes • Sarcocystis cruzi: Cães e bovinos. • S. hirsuta: Gatos e bovinos. • S. hominis: Primatas (inclusive humanos) e bov. • S. miescheriana: Cães e suínos. • S. bertrami: Cães e equinos. Hospedeiros • Definitivos: Carnívoros (predadores). • Intermediários: Herbívoros e onívoros (presas). Ciclo Biológico Exemplo: Sarcocystis cruzi 1. O hospedeiro intermediário (bovinos) infecta-se ao ingerir o oocisto esporulado e esporocistos. 2. No intestino, há liberação dos esporozoítos, que penetram nas células endoteliais das artérias de médio calibre de vários órgãos (princ. Rins). 3. Passam a ser chamados de trofozoítos, e geram o meronte de 1ª geração. 4. Os merozoítos originam a segunda geração de merontes nas células endoteliais dos capilares de todo o corpo. Nesta etapa, é observada a fase aguda da doença. 5. Os merozoítos de 2ª geração invadem as células mononucleadas circulantes e multiplicam-se por endodiogenia (divisão em duas células filhas) e penetra, na musculatura cardíaca e estriada e no tecido nervoso. 6. Em seguida, iniciam a formação de cistos, que, na fase inicial, contém metrócitos – cisto imaturo. 7. Os metrócitos por endodiogenia geram bradizoítos que originam os cistos maduros capazes de infectar o hospedeiro definitivo (cão). 8. O hospedeiro definitivo se infecta ao ingerir carne crua procedente de animais infectados contendo cistos maduros. 9. Na lâmina própria do intestino delgado, ocorrem a gametogonia. O processo de esporogonia é endógeno e pode haver o rompimento da delgada parede do oocisto, liberando o oocisto esporulado e os esporocistos junto com as fezes para o ambiente. Importância em MV • Hospedeiros intermediários - Febre intermitente. - Dispneia. - Perda de peso e redução da produção de leite. • Hospedeiro definitivo - Anorexia. - Desconforto abdominal. - Náuseas e diarreia. - Os sintomas somem em poucos dias pois a infecção é autolimitante. Família Sarcocystidae Gênero Toxoplasma Principais Características • Heteroxeno facultativo – seu ciclo pode ser direto, ou seja, todo completo no hospedeiro definitivo, ou pode haver hospedeiros intermediários, com formação de cistos polizoicos. • Espécie com baixa especificidade quanto aos hospedeiros intermediários. • ZOONÓTICO (diferença em relação à Neospora) Hospedeiros • Definitivos: Felídeos, principalmente o gato. • Intermediários: Mamíferos e aves. Tipos de Transmissão (ZOONÓTICO) • Feco-oral: Oocisto esporulado com esporozoítos infectam cães, lobos e coiotes. • Carnivorismo: Cistos em tecidos com bradizoítos infectam cães e outros vertebrados. • Transplacentária: Taquizoítos da mãe para os filhotes via placenta. • Xenosmofília: Transporte mecânico no pelo de cães que se esfregam em areia contendo fezes de gatos positivos para oocistos esporulados de Toxoplasma gondii que ao esfregar as mãos nos pelos e os colocar na boca, causa transmissão para humanos ou em animais que se lambem ou lambem uns aos outros. Ciclo Biológico 1. Os hospedeiros intermediários se infectam ao ingerir alimentos ou água contaminados com oocistos esporulados. 2. No trato digestivo, há liberação de esporozoítos que chegam ao fígado, cérebro e outros órgãos (fase extra intestinal) pelas vias linfática e sanguínea, passando a ser chamados de trofozoítos. 3. Nesses órgãos, ocorre a fase assexuada da reprodução (endodiogenia). 4. Essa fase é tão rápida que os trofozoítos são chamados de taquizoítos, caracterizando a fase aguda da doença. 5. Em consequência da resposta imune, os taquizoítos diminuem sua velocidade de reprodução, passando a ser chamados de bradizoítos e formam uma parede cística como proteção contra os anticorpos. 6. O hospedeiro definitivo se infecta ao ingerir tecidos de animais contendo os pseudocistos ou clones (taquizoítos) ou os cistos (bradizoítos). 7. No epitélio intestinal, ocorre a gametogonia, e o oocisto não esporulado vai ao ambiente com as fezes. 8. Em condições adequadas de temperatura, umidade e oxigenação ocorre esporulação, o que torna o oocisto infectante. Importância em MV • Doença zoonótica. • No hospedeiro intermediário, na fase aguda da infecção, podem ser observados febre, anorexia, prostração, adenopatias, fortes dores musculares, abortamento, etc. Gênero Neospora Hospedeiros • Definitivos: Cães. • Intermediários: Bovinos, caprinos, ovinos, equinos, caninos, cervídeos e outros animais silvestres. Características Morfológicas • Oocistos subesférico. • Quando esporulados, os oocistos apresentam 2 esporocistos com 4 esporozoítos cada. • Os taquizoítos são ovoides ou em forma de meia lua e ficam envolvidos por um vacúolo parasitóforo. Tipos de Transmissão (NÃO ZOONÓTICO) • Feco-oral: Oocisto esporulado com esporozoítos infectam cães, lobos e coiotes. • Carnivorismo: Cistos em tecidos com bradizoítos infectam cães e outros vertebrados. • Transplacentária: Taquizoítos da mãe para os filhotes via placenta. • Xenosmofília: Transporte mecânico no pelo de cães que se esfregam em areia contendo fezes de gatos positivos para oocistos esporulados de Neospora canium que ao esfregar as mãos nos pelos e os colocar na boca, causa transmissão para humanos ou em animais que se lambem ou lambem uns aos outros. Gênero Besnoitia Espécies Importantes • Besnoitia besnoti – bovinos • Besnoitia wallacei – roedores Hospedeiros • Definitivos: Gatos. • Intermediários: Bovinos, roedores e animais silvestres. Ciclo Biológico Heteroxeno obrigatório. 1. Os bovinos (hospedeiros intermediários) se infectam pela ingestão de oocistos esporulados. 2. A fase assexuada da reprodução ocorre na derme e no tecido subcutâneo. 3. O hospedeiro definitivo (predador) se infecta exclusivamente pela ingestão dos cistos. 4. Após a gametogonia, são eliminados para o ambiente oocistos não esporulados junto com as fezes. Gênero Cystoisospora Características Morfológicas • Oocistos de formato subesférico ou elíptico que apresentam, quando esporulados, dois esporocistos com quatro esporozoítos. • Ausência do corpo de Stieda na extremidade afilada dos esporocistos. • Os cistos apresentam estrutura arredondada, com parede bem definida, contendo apenas um organismo com formato semelhante ao de banana, chamado hipnozoíto, que mede em torno de 17 μm. Espécies Importantes • Cystoisospora felis – felídeos • Cystoisospora rivolta – felídeos • Cystoisospora belli – humanos • Cystoisospora suis – suínos • Cystoisospora canis – canídeos • Cystoisospora ohioensis – canídeos Hospedeiros • Definitivos: Cães, gatos, suínos e humanos. • Intermediários: Diversos mamíferos, entre eles camundongos, cães, gatos, coelhos e suínos. Ciclo Biológico Heteroxeno facultativo Apresenta as 3 fases típicas do ciclo dos coccídios. 1. Os oocistos, após esporulação no ambiente, infectam os hospedeiros definitivos ou intermediários por via oral. 2. Quando os esporozoítos chegam ao intestino do hospedeiro intermediário, atravessam a parede e, por meio da circulação sanguínea ou linfática, alcançam diferentes tecidos, principalmente linfonodos mesentéricos e fígado. 3. Há formação de vacúolo parasitóforo e é constituído, então, o cisto monozoico contendo o esporozoíto. 4. O esporozoíto aumenta bastante o seu tamanho e o citoplasma se torna granulado, passando a ser chamado hipnozoíto. 5. O hospedeiro final também pode se infectar pela ingestão de oocistos esporulados, e então, ocorre o ciclo enteroepitelial com três merogonia, gametogonia e eliminação de oocistos. Família Cystoisosporinae