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Faculdade Redentor Arquitetura e Urbanismo Trabalho de Conclusão de Curso I Clínica Psiquiátrica Glaucia Reis da Silva Orientador: Thiago Maia Itaperuna 2015 Resumo O presente trabalho tem como proposta a elaboração de um projeto arquitetônico clínico especializado em doenças psiquiátricas, tais como depressão, transtorno bipolar, esquizofrenia, demência e os transtornos de ansiedade, afim de oferecer o melhor para a saúde e bem-estar dos pacientes através da arquitetura, pois o ambiente interfere muito sobre o sentimento das pessoas, e não é diferente no ambiente clínico ou hospitalar. A cidade escolhida para realização do projeto é Bom Jesus do Itabapoana - RJ, pois havia uma clínica que fechou por motivos financeiros deixando os pacientes sem assistência necessária. Palavras chave: Clínica, Saúde, Psiquiatria, Arquitetura Sumário 1. Introdução........................................................................................................05 2. Justificativa geral.............................................................................................08 3. Local da Intervenção.......................................................................................10 3.1 Condicionantes Naturais e vegetativos.................................................10 3.2 Cheios e vazios.....................................................................................11 3.3 Classificação das Vias..........................................................................12 3.4 Sentido das Vias...................................................................................13 3.5 Gabaritos..............................................................................................14 3.6 Estabelecimentos de Saúde..................................................................15 3.7 Pontos Nodais.......................................................................................16 4. Evolução da arquitetura dos espaços psiquiátricos........................................17 4.1 Idade Antiga..........................................................................................17 4.2 Idade Média..........................................................................................18 4.3 Renascimento.......................................................................................20 4.4 Absolutismo..........................................................................................21 4.5 Revolução Industrial.............................................................................22 5. Hospitais Psiquiátricos no Brasil......................................................................23 6. Reforma Psiquiátrica.......................................................................................30 7. Legislação. ......................................................................................................30 7.1 Plano Diretor de Bom Jesus do Itabapoana..........................................30 7.2 Código de obras de Bom Jesus do Itabapoana - RJ.............................31 7.3 Lei do Parcelamento do Solo Urbano...................................................31 7.4 Acessibilidade – ABNT NBR 9050:2004...............................................31 7.5 RDC Nº. 50, DE 21 DE FEVEREIRO DE 2002. ...................................31 7.6 RDC Nº 306, DE 7 DE DEZEMBRO DE 2004. ...................................31 7.7 LEI No 10.216, DE 6 DE ABRIL DE 2001. ...........................................31 8. Visita técnica....................................................................................................32 8.1 Hospital Psiquiátrico Espírita Dr. João Viana........................................32 8.2 IPUB - Instituto de Psiquiatria da UFRJ................................................36 9. Referências projetuais específicas..................................................................40 9.1 Hospital Psiquiátrico Helsingør - Dinamarca.........................................40 9.2 Centro Psiquiátrico e Lar de Idosos - Bolzano (BZ), Italia....................45 9.3 Comparativo crítico...............................................................................51 10. Referências projetuais gerais..........................................................................52 10.1 Unidade psiquiátrica adulta de Craigavon – Reino Unido.....................52 11. Programa de Necessidades............................................................................54 12. Referências......................................................................................................55 5 1. Introdução Durante muito tempo na história os doentes mentais foram excluídos da sociedade, pois eram vistos como uma ameaça social, sendo obrigados a viverem isolados em hospícios e manicômios, onde eram destinados à péssimas condições de saúde, torturas, recebiam maus tratos, e em muitas vezes morriam por conta dessas situações precárias. O ambiente se assemelhava muito aos presídios, com grades de barra de ferro na janela, cores "sem vida" nas paredes e o uso de pátios internos para garantir que não teriam contato algum com o mundo exterior. O que era pra ser um local para tratar e cuidar dessas pessoas passou uma ser um ambiente de total desespero. A medida que o tempo foi passando, as formas de tratamentos psiquiátricos foram sendo reavaliadas, o "louco" passou a ser visto de uma forma mais humana, e aos poucos foram conquistando seu espaço na sociedade. A reforma psiquiátrica surgiu trazendo uma inovação no ramo da psiquiatria, propondo melhorias pra saúde dos doentes mentais, buscando novas maneiras para tratamento dos pacientes pois as que foram usadas até o momento não surtiram muito efeito, portanto essa nova Política de Saúde Mental do Ministério de Saúde tem como principal objetivo o fim do aparato manicomial, repugnando assim toda prática de internação psiquiátrica, abrindo exceção somente aos pacientes que estejam em situação crítica e precisem ficar em observação, não excedendo ao prazo de 24 horas. A proposta da reforma é de inserir as pessoas que sofrem de transtorno mental na sociedade, com isso surgiu a ideia de que os pacientes devem ser tratados em suas residências. Àqueles que perderam contato com seus familiares serão destinados às residências terapêuticas, que é um serviço gratuito mantido pelo Sistema Único de Saúde. De acordo com o Ministério da Saúde, as residências terapêuticas são uma alternativa de moradia para àqueles que por muito tempo estiveram internados em estabelecimentos psiquiátricos e por consequência perderam contato com seus familiares. Esse serviço dispõe casas localizadas no meio urbano, compradas ou construídas através de convênios com entidades, podendo abrigar em cada unidade de 5 à 8 pessoas que recebem benefícios do governo como o LOAS(Lei Organica da 6 Assistência Social) e o De Volta Para Casa, cada residência tem um funcionário de nível médio denominado de Cuidador. A proposta do projeto de uma clínica psiquiátrica surgiu com o intuito de melhorar a saúde mental da população que sofre com transtornos mentais em Bom Jesus do Itabapoana - RJ, cuja deficiência de tratamentos nessa área é precária, pois a clínica que havia no local foi desativada por motivos financeiros, deixando assim os pacientes sem assistência necessária, grande parte deles retornaram para o convíviofamiliar, os demais, que perderam total contato com seus parentes, foram destinados a residência terapêutica da cidade, administrada por uma enfermeira que trabalha no CAPS (Centro de Apoio Psicossocial). Esses residências, porém, não tem função de serviço de saúde e sim de um suporte psicossocial. De acordo com a Portaria nº 106, de 11 de fevereiro de 2000, as residências terapêuticas não podem ser situadas dentro do mesmo espaço físico ou terreno de ambientes hospitalares, seja eles gerais ou específicos; são destinadas a pacientes que passaram muito tempo internados em hospitais psiquiátricos e conseqüentemente tiveram a perda total de contato com seus familiares. Essas residências são casas normais, sem qualquer tipo de assistência de saúde e são mantidas pelo S.U.S. (Sistema Único de Saúde). O projeto é destinado à população que sofre de qualquer tipo de transtorno mental e não tem condições financeiras de pagar para receber o tratamento adequado, portanto será um serviço totalmente gratuito, destinado à homens e mulheres na idade adulta. A idéia é fazer uma clínica com total suporte para tratamento dos pacientes, sendo que para isso não seja necessária a internação, apenas os pacientes que estiverem sobre alguma crise que poderão ser internados. O prazo de internação não poderá exceder o tempo de 24 horas, somente para se recomporem e voltarem para casa, seguindo, no entanto o método proposto pela reforma psiquiátrica de acabar com a internação psiquiátrica, tratando-as em casa, inserindo-as de volta a sociedade. O paciente passará o dia na clínica, onde será oferecido as principais refeições do dia e atividades, como terapia ocupacional, supervisionadas para acompanhamento do desenvolvimento além de atendimento médico especializado. 7 O terreno é bem localizado pois fica no centro de Bom Jesus do Itabapoana - RJ, um local de fácil acesso situado em uma das principais ruas da cidade e fica próximo ao hospital geral, o que ajuda no foco principal que é a inserção social. A arquitetura será usada de forma a projetar da melhor maneira possível os fluxos e acessos de pessoas e veículos, além de planejar ambientes alegres, minimizando a preocupação e tensão causado pelo ambiente clínico e hospitalar. O ideal é que elas se sintam confortáveis no ambiente e possam querer continuar o tratamento até se curarem. 8 2. Justificativa geral A cidade escolhida para a proposta do projeto é Bom Jesus do Itabapoana - RJ, com uma estimativa de população em 2014 de 35.896 habitantes e uma área de 598,825 km² (IBGE). Bom Jesus do Itabapoana Fonte: Google Maps A escolha do tema se deu pela deficiência no atendimento de pessoas com doenças mentais, pois havia uma clínica que por motivos financeiros, encerrou suas atividades na cidade. Segundo dados oferecidos pela chefe do CAPS e responsável pelo programa de saúde mental da cidade, Roberta Barreto, em setembro de 2014 a clínica atendia um total de 120 pacientes diagnosticados com demência, em outubro do mesmo ano esse número regrediu para 17, quando logo após procedeu-se seu fechamento, 11 pacientes foram levados para residências terapêuticas, que são destinados a pessoas que perderam total contato com suas famílias. Esse serviço não tem função de atendimento de saúde e sim de um suporte psicossocial. Os demais pacientes voltaram para o convívio familiar. O projeto tem o intuito de oferecer tratamento adequado para essas pessoas. Os pacientes que perderam total contato com suas famílias irão receber todo 9 tratamento adequado, e depois serão destinados à residências terapêuticas, que de acordo com a Portaria nº 106, de 11 de fevereiro de 2000, deve ser em um local onde não tenha atividades hospitalares. Aqueles que tem suas famílias, após o tratamento estarão retornando pra suas residências. O terreno escolhido fica no centro da cidade, próximo ao hospital local, e em umas das principais ruas, é a melhor forma de fazer com que os pacientes sejam inseridos na sociedade, pois está em um lugar de fácil acesso em uma área que possui grande fluxo de pessoas. Opta-se por não utilizar o antigo local da clínica devido ao difícil acesso, que se dá por uma rua estreita e sem saída, o que acaba debilitando o acesso de carros e principalmente de ambulâncias para casos de emergência, além disso deixa os pacientes isolados da sociedade, diferente da proposta sugerida. Entorno do Terreno Fonte: Prefeitura Municipal de Bom Jesus do Itabapoana (editado pela autora) LEGENDA: Terreno Hospital São Vicente de Paula 10 3. Local de Intervenção 3.1. Condicionantes Naturais e Vegetação Escala Gráfica Mapa 01 Fonte: Prefeitura Municipal de Bom Jesus do Itabapoana (editado pela autora) LEGENDA: Massa Vegetativa Sol Nascente Terreno Sol Poente Córrego Vento dominante (S.O.) 0 50 150 300 11 Com o estudo das condicionantes naturais percebe-se a incidência do sol sobre o terreno, mostrando que a fachada principal do terreno é tomada pelo sol da manhã, ficando a posterior com o sol da tarde, observa-se também a massa vegetativa num raio de 600 m, sendo a maioria vegetação de grande porte, o que possibilita o sombreamento do passeio público. 3.2. Cheios e Vazios Escala Gráfica Mapa 02 Fonte: Prefeitura Municipal de Bom Jesus do Itabapoana (editado pela autora) LEGENDA: Construído Terreno 0 50 150 300 12 Por sua localização ser no centro da cidade, a área construída é alta, o que justifica a idéia de inserção social dos pacientes. 3.3. Classificação das Vias Escala Gráfica Mapa 03 Fonte: Prefeitura Municipal de Bom Jesus do Itabapoana (editado pela autora) LEGENDA: Via Arterial Via Local Via Coletora Terreno O terreno fica em umas das vias principais da cidade, fazendo com que tenha fácil acesso.O fluxo das vias varia de acordo com sua classificação. A cidade por ter uma população pequena não possui transporte público circular. 0 50 150 300 13 3.4. Sentido das Vias Escala Gráfica Mapa 04 Fonte: Prefeitura Municipal de Bom Jesus do Itabapoana (editado pela autora) LEGENDA: Sentido Duplo Sentido Único Terreno A maioria das vias dentro do raio de 600 metros são de sentido duplo, sendo apenas algumas com sentido único para controle do fluxo, o que facilita o acesso ao terreno, tanto de funcionários, como de pacientes e visitantes. 0 50 150 300 14 3.5. Gabarito Escada Gráfica Mapa 05 Fonte: Prefeitura Municipal de Bom Jesus do Itabapoana (editado pela autora)LEGENDA: Terreno 03 Pavimentos 0 50 150 300 15 01 Pavimento 04 Pavimentos 02 Pavimentos 05 ou mais Pavimentos De acordo com o mapa de gabaritos percebe-se que a maior parte das construções são de até 02 pavimentos, não havendo muitas edificações altas. O que permite a melhor circulação do vento. 3.6. Estabelecimentos de Saúde Escala Gráfica Mapa 06 Fonte: Prefeitura Municipal de Bom Jesus do Itabapoana (editado pela autora) A concentração de estabelecimentos de saúde ficam na mesma rua onde o terreno está localizado 0 50 150 300 16 LEGENDA: Terreno Posto de Saúde/Secretaria de Saúde Hospital São Vicente de Paula CAPS Clínicas Médicas Farmácias Os espaços de saúde da cidade ficam próximos ao terreno, o que facilita no acesso dos pacientes que necessitem de algum atendimento que a clínica não oferece. A maioria das farmácias se concentram na mesma rua onde está localizado o terreno. 3.7. Pontos Nodais Escala Gráfica 0 50 150 300 17 Mapa 06 Fonte: Prefeitura Municipal de Bom Jesus do Itabapoana (editado pela autora) LEGENDA: Terreno Igreja Matriz Rodoviária Tênis Clube Colégio Estadual E. F. T. Olímpico Futebol Clube Praça da Bíblia Praça Governador Portela Colégio Estadual Roberto Silveira Fórum Prefeitura Municipal Praça dos Namorados 4. Evolução da arquitetura dos espaços psiquiátricos Com o tempo as áreas destinadas a tratamentos de pessoas que sofrem com transtorno mental sofreram mudanças que foram influenciadas por vários fatores, entre eles a religião, a medicina, os pensamentos filosóficos e as políticas de cada época. 4.1. Idade Antiga Segundo Rosen (1968, p. 96, apud FONTES, 2003, p. 9), na Idade Antiga, período que se compreende entre 4000 a.C. até a queda do Império Romano em 476 a.C., a idéia de loucura estava relacionada com duas teorias distintas. A primeira delas considerava que a causa da loucura estava diretamente ligada à eventos naturais físicos, pois a medicina da época era baseada nos humores, que eram apenas quatro, o sangue, o fleuma, a bílis amarela e a bílis negra, no entanto qualquer alteração ou desequilíbrio que afetasse uma dessas substâncias causaria seqüelas físicas e mentais e poderia portanto causar algum tipo de “loucura”. A segunda teoria acreditava que a insanidade era ligada à atividades sobrenaturais, que só ocorriam por possessão de espíritos ou por intervenção divina, foi a partir desse momento que surgiu o termo “loucura divina”, pois para a população o “louco” era visto como um ser superior aos demais com poder sobre-humano. 18 Na época não havia local apropriado para assistência a saúde, segundo Miquelin (1992, p. 29, apud FONTES, 2003, p. 10), os espaços utilizados para tal fins eram casas ou lojas, onde além dos pacientes serem atendidos por médicos, eram também abrigados. Tal forma de assistência se estendeu mais adiante durante o Império Romano. Além dos espaços ditos anteriormente, utilizavam também templos que eram consagrados a Asclépio, que era conhecido por ser o deus da medicina. Segundo Antunes (1991, p.20, apud FONTES, 2003, p. 10), nesses templos eram realizadas terapias do sono, onde acreditavam que a resposta para a cura da insanidade viria durante o sonho, sendo denominados como loucura ritual ou loucura divina. Segundo Rosen (1968, p. 164, , apud FONTES, 2003, p. 12), as pessoas que sofriam com transtorno mental esperavam encontrar a cura através da igreja ou por magia. A própria maneira como a doença se manifestava em suas mentes fazia com que eles não acreditassem muito que algum médico poderia ajudar no caso. Portal do tempo de Asclépio Fonte: Mundo Além das Palavras 19 Templo de Asclepius, em Epidauro, Grécia, século V a.C. Fonte: Ebah A arquitetura era típica da época com a predominância de colunas gregas, usado em todo o perímetro da construção, com a demarcação de um portal principal que tem sua forma circular, seguindo por um alongamento retangular, onde fica os demais ambientes do templo, era uma mistura de religião com saúde. 4.2. Idade Média No período medieval, data que compreende o período de 500 a 1500 d.C., segundo Rosen (1994, p. 52, apud. FONTES, 2003, p. 13), a relação entre a razão e a fé era estabelecida pela filosofia da época, no entanto os médicos não tinham influência sobre o tratamento dos enfermos, esse papel era exercido por sacerdotes e monges, pois a enfermidade era vista como um castigo por algum ato de pecado cometido ou mesmo como uma possessão demoníaca. Segundo Miquelin (1992, p. 35, apud. FONTES, 2003, p. 14), as condições para a realização de tratamentos hospitalares eram precárias, as únicas maneiras existentes para realizar tal tarefa era através das enfermarias, das farmácias e das hortas medicinais, que eram localizadas em anexos existentes em abadias ou mosteiros. O atendimento que antes era restrito a membros da igreja foi com o tempo expandido e oferecido a viajantes e peregrinos. Segundo Miquelin (1992,p.35, apud FONTES,2003, p.14), quando o número de peregrinos teve um aumento significativo, a partir do século VIII, foram construídos locais para fins hospitalares durante o percurso que faziam parte das 20 rotas comerciais e religiosas. A partir de 816, as catedrais foram obrigadas a terem hospitais juntamente à elas, ficaram conhecidas na época pelo nome de Domus Dei que significa casa de Deus. Domus Dei - Royal Garrison Church Fonte: Welcome To Ports Mouth A arquitetura desses espaços eram caracterizadas por elementos triangulares nas fachadas, o que passava uma característica de igreja, a entrada é bem demarcada por um portal muitas das vezes central, e por vitrais de vidro que levavam a luminosidade para dentro da capela. Segundo Miquelin (1992, p. 67-68, apud FONTES, 2003, pg.16), a partir do século XIII, os hospitais deixam de ser domínio da igreja e passam a ser controlados pelo município, já no final do século XV o número de hospitais existentes era bem significativo. Hospital em Santiago - erguido no fim do século XV Fonte: Todo Coleccion 21 Nota-se que a arquitetura do hospital não tinha mais características de capela, sua fachada era alongada horizontalmente demarcada por um portal central, onde se localizava a entrada principal, que dividia a fachada em dois planos simétricos, direito e esquerdo 4.3. Renascimento Na era renascentista, período que foi do século XV ao XVI, segundo Rosen (1994, p.103, apud FONTES, 2003, p.16), foi o época que teve grandes influências para as transformações ocorridas no século XVII, tanto na área de saúde quanto no modo de pensar das pessoas, por conta disso o período ficou conhecido por ser o período da transição. Segundo Miquelin (1992, p. 41, apudFONTES, 2003, p. 17), neste período a arquitetura dos espaços hospitalares sofrem grandes mudanças, seus ambientes foram melhor divididos, os pátios eram internos com galerias que rodeavam todo seu perímetro composto de pórticos .Os espaços eram simétricos em relação a entrada principal da edificação que se demarcava por um portal central. Ospedalle Maggiore de Milão, de 1456 - Fachada principal Fonte: Pinterest 22 Ospedalle Maggiore de Milão, de 1456 - Vista aérea Fonte: Ub Ospedalle Maggiore de Milão, de 1456 - Planta baixa Fonte: Ub 23 4.4. Absolutismo Segundo Rosen (1994, apud FONTES, 2003), durante o período do Absolutismo (séculos XVI e XVII), o poder que a igreja tinha sobre a saúde pública foi reduzido e destinado aos médicos com intuito de garantir que estivesse bem administrada. Foi a partir desse momento que surgiu os primeiros hospitais gerais na França. Possuíam as mesmas características que os asilos, de isolamento, segundo Focault (2000, apud FONTES, 2003), eram recolhidos a esses hospitais os marginais, delinquentes, miseráveis e os loucos. Hospital dos Inválidos, 1670 Fonte: Vitruvius (Editado pela autora) A arquitetura do hospital é marcada pela presença de pátios internos, e pela simetria da fachada, onde observa-se a existência de um portal que demarca a entrada principal. 24 4.5. Revolução Industrial Durante o período industrial, nos séculos XVIII e XIX, segundo Amarantes (1996, apud FONTES, 2003), foi o período que houve a medicalização do espaço hospitalar, onde o hospital se tornou lugar de prática exclusiva da medicina. Segundo Rosen (1994, apud FONTES, 2003), foi nesse mesmo período que foram criados hospitais, dispensários e presídios, onde eram levados os loucos que apresentavam perigo para a sociedade e lá eram enclausurados. Hospital Middlesex - Londres século XIX Fonte: Seguindo Passos Historia De acordo com o que é observado na imagem, nota-se na arquitetura um portal central que dá acesso ao pátio frontal existente antes da entrada principal do edifício, percebe-se que as características das épocas anteriores ainda permanecem de certa forma, como por exemplo a simetria existente do ponto central para as duas faces da fachada. 25 5. Hospitais Psiquiátricos no Brasil Segundo Machado (1978, apud FONTES, 2003), Durante o período colonial no Brasil, que foi de 1500 a 1530, surgiram os primeiros registros de assistência à saúde no país, realizado nos hospitais coloniais que no entanto não possuia medicamentos, à assistência aos enfermos era oferecida por religiosos, que buscavam a preparar os doentes, de acordo com as práticas religiosas da época, para terem uma boa morte. Somente no século XIX, segundo Resende (1990, apud FONTES, 2003), que iniciou-se a abordagem dos "loucos", que até o dado momento, tinham a liberdade de poder andar livremente pelas cidades e caso viessem a praticar qualquer tipo de ato violento eram levados presos e permaneciam ali um curto período de tempo. Com o passar o tempo, passaram a ser vistos como uma ameaça para a sociedade, e como medida preventiva foram retirados das ruas e destinados a um processo de exclusão do meio social. Para que a segurança das ruas pudesse se estabelecer, os "loucos" foram levados aos hospitais gerais, que na maioria das vezes tinham ligação com ordens religiosas e filantrópicas. No Rio de Janeiro, muitos deles ficaram abrigados na Santa Casa de Misericórdia, mas não era estruturada para tal fim. Santa Casa de Misericórdia - Rio de Janeiro Fonte: HC Gallery Segundo Machado (1978, apud FONTES, 2003), as primeiras práticas da psiquiatria foram iniciadas no ano de 1841, por D. Pedro II, com a construção do 26 primeiro hospital para assistência às pessoas que sofriam com doenças mentais. Foi a partir desse momento que a loucura foi diagnosticada como doença e portanto podia ser tratada com medicamentos. Hospital Pedro II - Rio de Janeiro Fonte: EEAP No dia 8 de dezembro de 1852, foi inaugurado o Hospício Pedro II, no Rio de Janeiro, também conhecido como Hospital Nacional dos Alienados, que segundo a Fiocruz (2000, apud FONTES, 2003), tinha sua arquitetura baseada nos modelos asilares, defendidos por Phelippe Pinel, na Europa. Na época a prática que seria eficiente para o tratamento dos doentes mentais, segundo Machado (1978, apud FONTES, 2003), seria o total afastamento dos pacientes da sociedade, até mesmo de seus familiares, pois acreditavam que dessa forma eles seriam incentivados a mudar os seus comportamentos insano, que eram provenientes do transtorno de suas mentes. 27 "O hospício é [...] dividido em duas partes simétricas. Tem a forma de um retângulo com um bloco central separando essas duas alas laterais, cada uma contendo dois pátios internos. Cada divisão está ainda subdividida em três classes. A primeira classe que dispõe de quarto individual; a segunda, com um quarto para dois alienados e a terceira, que congrega também os indigentes, dispõe de enfermarias gerais para quinze pessoas. E a distribuição dos indivíduos ainda se refina pela divisão dos pensionistas de primeira e segunda classes em tranqüilos e agitados e os de terceira classe e indigentes em tranqüilos limpos, agitados, imundos e afetados de moléstias contagiosas." (Machado, 1978, p. 433, apud FONTES, 2003, p. 39) Segundo Machado (1978, apud FONTES, 2003), as críticas da época foram surgindo, pois o que era observado é que a arquitetura dos espaços estava sendo supervalorizada e o tratamento que era o mais necessário era insuficiente. A importância do hospício era reconhecida, portanto cabia aos médicos a definição para que o espaço pudesse funcionar de forma terapêutica. Segundo Amarante (1994, apud FONTES, 2003), no ano de 1890 foi criada a Assistência Médico-legal a Alienados. Na época o modelo das colônias de serem afastadas da cidade estava elevado, também pelo fato de que dessa forma era possível a realização de atividades agrícolas, que era recomendada pelo tratamento moral de Pinel. Esse processo de criação da Assistência foi um dos fatores que representou a primeira reforma psiquiátrica no Brasil. Durante a década de 30 foram descobertas novas formas de tratamento psiquiátrico, como: o choque insulínico, o choque cardiazólico, a eletroconvulsoterapia e a lobotomia. 28 Hospital Psiquiátrico de Juqueri - São Paulo, 1898 Fonte: Último Segundo (Editado pela autora) O hospital Psiquiátrico de Juqueri, em São Paulo, é composto por um pátio central com várias alas de construções com seus respectivos pátios descobertos, o que nos remete uma ideia de uma malha quadricular. Essa mesma característica de divisão é encontrada também no Hospital Psiquiátrico São Pedro, em Porto Alegre. Hospital Psiquiátrico São Pedro - Porto Alegre, 1884 Fonte: Saúde (Editado pela autora) 29 Na década de 60, de acordo com Amarante (1994, apud FONTES, 2003), o destaque foi a privatização da psiquiatria, onde o Estado comprou os serviços psiquiátricos através do INPS (Instituto Nacional de Previdência Social). A partir desse momento a doença foi vista como uma maneira de gerar lucro, o que contribuiu para que a chama "indústria da loucura", que marcou os anos 60 e 70, se desenvolvesse. Centro Hospitalar Psiquiátrico de Barbacena - Fonte: Colonia a Casa dos Horrores O hospital psiquiátrico de Barbacena, também conhecido como Colônia,funcionou até os anos 80, suas características arquitetônicas possuem o padrão de isolamento do paciente, que constituem em usos de pátios internos. De acordo com Amarante (1994, apud FONTES, 2003), maior parte dos recursos que eram destinados à saúde mental, estavam sendo usados para internação hospitalar, o que contribuiu para que a crise da Previdência ocorresse durante o período da década de 80. O fato fez com que o Estado tomasse medidas de racionalização que envolveu o Ministério da saúde e a Previdência social, o que acarretou na criação do CONASP - Conselho Consultivo da Administração de saúde Previdenciária. 30 6. Reforma Psiquiátrica A reforma psiquiátrica surgiu com o intuito de acabar de vez com os manicômios, incentivando a prática de uma nova forma de tratamento dos pacientes diagnosticados com algum tipo de transtorno mental, o que acarretou em uma grande revolução na história da psiquiatria. Para obter sucesso nesse novo método é necessário pensar mais adiante do que somente na saúde, pois como o objetivo principal é a inserção dessas pessoas que, durante muito tempo na história, foram segregadas, de volta a sociedade, a atenção deve ser voltada também para outras atividades que são indispensáveis para tal método, como por exemplo as questões de habitação, lazer, cultura, trabalho, entre outros. Com isso surgiram os serviços de residências terapêuticas, que por sua vez não possuem função de serviço de saúde e sim de um suporte para a reabilitação psiquiátrica, são destinadas à pacientes que passaram um longo período em internação psiquiátrica e consequentemente perderam contato com suas famílias, são estabelecimentos de natureza pública mantido pelo Sistema Único de Saúde (SUS).(BRASIL, 2004) ’’O doente mental, ao invés de estigmatizado, isolado e destituído de direitos, deve ser respeitado pela sociedade pela diferença que tem das demais pessoas’’(COSTA, 2003). 7. Legislação 7.1. Plano Diretor de Bom Jesus do Itabapoana O plano diretor será usado para entendimento da Política de Desenvolvimento Urbano do Município. 7.2. Código de obras de Bom Jesus do Itabapoana - RJ: O Código de obras será usado para melhor entendimento das leis instituídas que diz respeito a construção, como afastamentos, altura das edificações, normas ABNT, inclinação de rampa, entre outros. 31 7.3. Lei do Parcelamento do Solo Urbano Será usada para entendimento do parcelamento do solo urbano de acordo com as zonas, que são divididas em: Zona de Ocupação Prioritária (ZOP), Zona de Ocupação Secundária (ZOS), Zona Paisagística (ZP) e Zona de Proteção (ZP) 7.4 Acessibilidade – ABNT NBR 9050:2004 Para que a clínica possa ser acessível a todos, inclusive por pessoas portadores de deficiência física (permanente ou temporária), seguindo as normas estabelecidas para que todos possam ter facilidade no acesso ou deslocamento no local . 7.5. RDC Nº. 50, DE 21 DE FEVEREIRO DE 2002. Compreende na aprovação do regulamento técnico que diz respeito a estabelecimentos assistenciais de saúde. 7.6. RDC Nº 306, DE 7 DE DEZEMBRO DE 2004 Diz a respeito do regulamento técnico para a administração de resíduos de serviços de saúde. 32 8. Visita técnica 8.1. Hospital Psiquiátrico Espírita Dr. João Viana Fachada Principal do Hospital psiquiátrico Espírita Dr. João Viana Fonte: Ururau O hospital fica na cidade de Campos dos Goytacazes - RJ, é mantido pela liga Espírita de Campos, e integrado ao Sistema Único de Saúde (SUS). A atividade se iniciou com a oferta de sopão em uma casa em frente onde hoje é o hospital. Entre as pessoas que iam receber o alimento haviam muitos doentes mentais, que por sua vez também eram moradores de rua, que começaram a se abrigar nessa casa de onde surgiu a ideia de fazer um hospital psiquiátrico. Primeiramente construiu-se uma enfermaria menor, mas com o tempo o número de pacientes foram aumentando e com isso o local teria que aumentar também, portanto o prédio não foi totalmente projetado para ser um hospital psiquiátrico, foi sendo adaptado as suas necessidades. No começo, o hospital era sem vida, as paredes cinzas e grades com barras grossas de ferro nas janelas, parecia uma prisão, conta o enfermeiro chefe local, porém com a reforma psiquiátrica pediu-se que fosse assemelhado à um hospital 33 clínico, sendo portanto necessário mudar as cores das paredes e a troca das grades. A fachada principal do hospital é composta por um grande portão de correr, que permanece aberto na parte do dia e fecha a noite por segurança, onde funciona o acesso principal de pessoas e da ambulância, porém a saída do veículo é por um portão secundário. Ao passar pelo portão principal chega-se a uma área descoberta e logo a frente localiza-se a área de espera coberta, onde é feito o contato com a recepção através de um vidro, e aguarda a ser chamado, essa área possui bancos, bebedouro e um banheiro. A porta de entrada principal fica ao lado da recepção, podendo ser aberta apenas pela recepção por um sistema eletrônico ou com chave, já a entrada secundária fica ao lado da garagem da ambulância, para facilitar o fluxo de pacientes que chegam ou saem. A entrada para visita fica em outro local, com acesso direto para o pátio onde os pacientes se encontram com amigos ou familiares. Fonte: Esquema feito pela autora no AutoCad, de acordo com o observado na visita. O hospital atende um total de 120 pacientes, sendo os quartos divididos em masculino e feminino contendo em cada um deles uma área de sol. O local possui também sala de terapia ocupacional, quadra de esportes, e oferecem passeios como cinema, sítio, super mercado, sempre supervisionados, mas afim de fazerem com que eles fiquem mais autônomos. 34 Na enfermaria clínica, possui uma pia dentro, uma sala de expurgo ao lado, onde o material é limpo e desinfetado antes de ir para a sala de esterilização, logo ao lado fica o banheiro, e na entrada tem o quarto onde fica o médico de plantão. Fonte: Esquema feito pela autora no AutoCad, de acordo com o observado na visita. *Obs: Não foi autorizado tirar fotos do local. 35 Fonte: Esquema feito pela autora no AutoCad, de acordo com o observado na visita. Os quartos possuem uma porta única de acesso, e a única mobília existente são as camas, de dentro do quarto é possível observar a área de sol através de uma janela, o acesso a essa área se dá por uma porta lateral, que é aberta durante o tempo que os pacientes tem para descanso. 36 8.2. IPUB - Instituto de Psiquiatria da UFRJ O IPUB é composto por uma área o com vários prédios distintos, como a enfermaria, o hospital-dia, a biblioteca, a oficina de música, o hospital da criança, a administração, etc. O acesso aos prédios se dá a partir de um pátio central, onde são realizadas as visitas. A entrada principal para o campo se da por uma porta ao lado do portão de entrada e saída de ambulâncias, onde há uma recepção. IPUB - Entrada principal Fonte: Foto tirada pela autora - 08/05/2015 IPUB - Pátio Interno Fonte: Foto tirada pela autora - 08/05/2015 37 As enfermarias são divididas em feminino e masculino, cada uma delas é composta por um corredor coberto que dá acesso aos quartos e banheiros, que por sua vez não possuem portas para a segurança dos pacientes. Cada quarto acomoda entre 3 e 4 pessoas. De frente ao corredor fica o pátio descoberto que é de uso exclusivo dos pacientes de cada enfermaria. O acesso às enfermariasse dá pela sala de descanso no espaço destinado ao apoio. Fonte: Esquema feito pela autora no AutoCad, de acordo com o que foi visto na visita. 38 As salas que dão o suporte necessário às enfermarias são acessadas por um corredor, que os levam direto às salas de atendimento médico e a sala de descanso, que possui banheiro, rouparia e dão acesso para a enfermaria. Os refeitórios são divididos em feminino e masculino, sendo que o acesso de pacientes e demais funcionários são separados, os pacientes tem acesso direto da ala onde ficam os dormitórios, e os demais funcionários passam por dentro do prédio onde tem acesso a uma circulação interna que liga direto a um pátio e a partir deste acessarão os refeitórios. Os horários para as refeições são separados por grupos, como por exemplo: funcionários, pacientes, estagiários. 39 Fonte: Esquema feito pela autora no AutoCad, de acordo com o que foi visto na visita. A lavanderia é terceirizada, tendo apenas a rouparia para armazenagem das roupas que chegam limpas. 40 9. Referências específicas 9.1. Hospital Psiquiátrico Helsingør - Dinamarca O projeto do hospital foi feito na ideia de que o ambiente hospitalar deve manter seu controle e proteção sem que para isso tenha que abrir mão de um ambiente livre e aberto. Foi realizado por BIG - Bjarke Ingels Grupo + JDS Architects e está localizado em Helsingør, na Dinamarca. Vista Frontal - Hospital Helsingør Fonte: JDSA Em sua fachada frontal é possível ver o acesso principal ao hospital que se da através de um longo corredor Vista do Lago - Hospital Helsingør Fonte: JDSA 41 As fachadas são de vidro, parte fixo e parte móvel, o que valoriza a vista para o lago, e aproveita a iluminação natural da melhor forma e permitindo a ventilação natural da obra. Um hospital psiquiátrico requer uma funcionalidade clara e centralizada. Ao mesmo tempo ele precisa olhar e sentir como nada além de um hospital. A estrutura do floco de neve permite que todos os departamentos irradiar em direções distintas de um nó central, deixando espaços informais dentro e ao redor deles. Além disso, torna a dobra do hospital para a paisagem montanhosa circundante, disfarçando-se de forma a optimizar a cura da doença mental. (Courtesy of BIG - Bjarke Ingels Group) Vista Superior em 3D - Hospital Helsingør Fonte: JDSA 42 Planta Baixa do primeiro e segundo pavimento (respectivamente) Fonte: JDSA Pátios Internos Fonte: Architonic 43 Vista Superior Fonte: JDSA Em seu interior foi usado uma combinação da cor branca com detalhes de cores vivas, como por exemplo verde, amarelo, laranja e vermelho, trazendo vida pra dentro do hospital,além de elementos de concreto aparente. Seus grandes corredores com painéis dá a sensação de amplitude no interior, dando um certo ar de liberdade aos pacientes e até mesmo aos funcionários. 44 Hall da escada Fonte: JDSA Seus grandes corredores com painéis de vidro dão a sensação de amplitude no interior, causando um ar de liberdade aos pacientes e até mesmo aos funcionários. As aberturas são formadas por painéis de vidro fixo e móveis permitindo a incidência de luz natural para o interior da construção. Área de Circulação Fonte: JDSA 45 9.2. Centro Psiquiátrico e Lar de Idosos - Bolzano (BZ), Italia Fachada Principal Fonte: Divisare A edificação é um centro de reabilitação psiquiátrica e ainda conta com uma unidade de habitação para idosos. É um projeto da Modus Architects da Itália e apesar de funcionar como uma forma de unidade de saúde, suas características arquitetônicas são de edifícios residenciais e sua localização é em uma zona residencial. O prédio é composto por dois blocos de 3 andares que são ligados por um pátio interno. Observa-se que a maior parte de aberturas está situada na lateral da obra, afim de garantir a privacidade dos pacientes, deixando a fachada mais livre, com poucas aberturas. A visão do pátio interno é valorizada através de painéis de vidro, que também é uma maneira de aproveitar ao máximo a iluminação natural para dentro dos ambientes. Pátio Interno Fonte: Divisare 46 O térreo funciona como um embasamento, é onde o edifício de une e aparenta ser um só, a separação dos blocos só nota a partir do andar seguinte. Planta Baixa Térreo Fonte: Divisare 47 A ligação entre os dois blocos pode ser notada também nos outros andares, de forma mais discreta do que no térreo. Pátio Interno Fonte: Divisare No primeiro, segundo e terceiro pavimentos é observada a mudança que ocorre da planta baixa do térreo, onde o prédio fica dividido em dois blocos, ligados por uma área externa em comum. Planta Baixa Primeiro Pavimento Fonte: Divisare 48 Planta Baixa Segundo Pavimento Fonte: Divisare Planta Baixa Terceiro Pavimento Fonte: Divisare Em seu interior é notado a presença de grandes painéis de vidro que dão vista para a área externa, e permite grande incidência de luz natural pra dentro da edificação. A circulação vertical é feita por uma escada com guarda-corpo todo em vidro, da escada é possível visualizar a área externa por causa dos painéis de vidro que a acompanham. 49 Fonte: http://divisare.com/ Acesso: 19/05/2015 às 01:04 Sala de estar/ quarto Fonte: Divisare As cores predominantes em sua estrutura interna são os tons pastéis, sendo apenas alguns detalhes em cores fortes, como visto na imagem acima, o uso da madeira é bem intenso, em móveis, janelas, e pisos. A partir da planta de implantação/situação, pode-se perceber melhor como funciona a volumetria da edificação, no térreo não é perceptível a separação dos blocos, apenas nos demais andares, onde a ligação entre um bloco e outro é feito através de pátios externos. 50 Planta de Situação Fonte: Divisare Através do corte é possível observar a predominância de aberturas. Corte AA' Fonte: Divisare 51 9.3. Comparativo Crítico Hospital Psiquiátrico Helsingør Centro Psiquiátrico e Lar de Idosos - Bolzano Fonte: JDSA Fonte: Divisare A principal diferença vista claramente entre as duas obras é o meio físico em que estão instaladas, uma num ambiente afastado da cidade inserido na natureza, características típicas de SPA, pois é um ambiente calmo e apropriado para quem procura relaxar. A outra é inserida num meio totalmente rural em área predominantemente residencial, que geralmente é um local mais tranquilo com movimento regular durante o dia e a noite sem muita agitação, um local ideal para que os pacientes possam ser inseridos na sociedade e possam relaxar. A composição formal é bem diferenciada, uma delas tem o centro como ponto focal e a partir dele surgem as alas, e a outra são duas formas que possuem uma certa ligação, o centro é visto apenas como uma ponte de transição de um lado para o outro. Ambas possuem painéis de vidro, porém de formas e tamanhos diferentes, que dão vista para os pátios internos e por isso possuem grande incidência de luz natural no interior das edificações. Fonte: Esquema feito pela autora 52 10. Referências gerais 10.1. Unidade psiquiátrica adulta deCraigavon – Reino Unido Fachada Principal Fonte: Heron Bros É conhecido como The Unit Bluestone, o projeto foi desenvolvido por David Morley Architects, de Londres, onde umas das principais características é o uso de pátios jardinados. Foi projetado para ser acolhedor com forte ênfase na legibilidade para usuários e visitantes Vista Lateral Fonte: Michael Nugent 53 A edificação foi projetada com divisão em alas. O edifício principal possui a forma retangular, que se conecta a uma ala em formato de semi círculo que dão acesso as alas de dormitório,que são divididas em quatro, com três destinadas à adultos e uma para idosos O formato côncavo da planta permite que todos os ambientes tenham visão voltada para os jardins que circundam a edificação. Planta de Implantação Fonte: Open Buildings O seu interior conta com a presença de cores claras, juntamente com o uso da madeira, e painéis de vidro, que permitem maior aproveitamento da iluminação natural Àrea de Circulação Fonte: Michael Nugent 54 11. Programa de necessidades O programa conta com um total de 240 pacientes e 40 funcionários de ambos os sexos. Almoxarifado - 14 m² Sala administrativa - 17 m² Banheiro - 14 m² Copa - 10 m² Cozinha industrial - 89 m² Depósito de material de limpeza (DML) - 4 m² Enfermaria clínica - 39 m² Farmácia - 15 m² Posto de Enfermagem - 11 m² Recepção/Sala de espera - 91 m² Refeitório - 105 m² Rouparia - 4 m² Sala de utilidades - 5 m² Sanitário - 2,5 m² Vestiário de funcionários masculino - 19 m² Vestiário de funcionários feminino - 38 m² Guarda maca e cadeira de rodas - 9 m² Sala do médico plantonista - 12 m² Sala de educação e saúde - 35 m² Consultório - 12m² Posto de enfermagem - 15 m² Sala de jogos - 45m² Sala de reuniões - 12 m² Sala de música - 52 m² Garagem - 1115 m² Sala de pintura - 26 m² Sala de artesanato - 48 m² Sala de tv - 51 m² 55 12. Referências BERTOLETTI, Roberta - Uma contrubuição da arquitetura para a reforma psiquiátrica: estudo no residencial terapêutico Morada São Pedro em Porto Alegre. Roberta Bertoletti - Programa de pós graduação em arquitetura, 29 de junho de 2011 FONTES, Maria Paula Zambrano - IMAGENS DA ARQUITETURA DA SAÚDE MENTAL: Um Estudo sobre a Requalificação dos Espaços da Casa do Sol, Instituto Municipal de Assistência à Saúde Nise da Silveira, Janeiro de 2003 HELIX, Forensic Psychiatric Clinic of Stockholm / BSK Arkitekter, 15 Dec 2012 PAULIN, Luiz Fernando; TURATO, Egberto Ribeiro - Antecedentes da reforma psiquiátrica no Brasil: As contradições dos anos 1970. In: História, ciência, saúde- Manguinhos. 11 (2), 2004. Recuperado em 20 de maio de 2012, da SciELO (Scientific Eletronic Library OnLine): www.scielo.com.br S A N A R E, Sobral, v.10, n.1, p.28-34, jan./jun. 2011 - DO AMBIENTE MANICOMIAL AOS SERVIÇOS SUBSTITUTIVOS: A EVOLUÇÃO NAS PRÁTICAS EM SAÚDE MENTAL SILVA, Leonora Cristina - Diretrizes para a arquitetura hospitalar pós-reforma psiquiátrica sob o olhar da psicologia ambiental - Programa de Pós Graduação em Arquitetura e Urbanismo, 2008. 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