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Um Grito de Justiça O filme a ser resenhado se passa no século XIX na cidade de Aalst, na Bélgica. Ele apresenta as condições inumanas de trabalho “quase” escravo imposto pelos burgueses donos de fabricas com o apoio do clero e retrata as relações familiares dos empregados expostos a isso. Dirigido por Stijn Coninx, a longa foca nas relações sociais na era da revolução industrial, as consequências da passagem da manufatura, método em que as pessoas produzem e retém conhecimento naquilo que produzem, para a maquinofactura, método em que o meio de produção é maquinário e o ser humano precisa apenas aprender a mexer naquela maquina. Entre os personagens podemos falar do padre Adolf Daens, ele recebe um grande destaque durante todo o filme por representar a parte clero/burguesia que é a favor dos trabalhadores. É possível definir as relações trabalhistas naquele contexto temporal. Os trabalhadores ganhavam pouquíssimo, tinham diárias longas de trabalho, sem direito a descanso. As mulheres, gestantes ou não, as crianças trabalhavam recebendo muito menos que o normal, menos que o homem por que além daquela sociedade ser escravista também era muito machista e considerava a mulher inferior ao homem. Outra coisa que também chama atenção é a condição de trabalho, maquinas perigosas, estupros recorrentes , inclusive o local em que eles trabalham que estava inadequado para aquelas funções. Já nas relações familiares é possível perceber o quanto o trabalho excesso faz efeito. Os membros da família não respeitam mais os outros, eles gritam, se xingam e ficam sem tempo para conversarem, um exemplo disso é quando o padre Daens chega a casa de Nette Scholliers, uma jovem que trabalhava na fábrica e então ao conversarem entre si, todos começaram a brigar e discutir sobre assuntos diversos, a não ser quando o pai deseja falar que é hora que todos ficam quietos já que estamos lidando com uma sociedade patriarcal. Mais a frente nos deparamos com o dono de fabrica tentando diminuir o salário dos trabalhadores pelo mesmo tempo de trabalho. A revolta dos empregados é contida até dois fatos importantes ocorrerem: Eles descartarem a mão de obra masculina por ser mais cara e a morte de uma das crianças que trabalhava por causa das maquinas utilizadas. A relação povoXclero também foi explorada, em diversos momentos temos o padre Daens conversando com os trabalhadores, alguns respeitavam e admiravam tanto um padre que achava quase impossível que ele fosse a sua casa, como a família de Nette, outros faziam chacota e brincavam com a religião do padre, como vemos na cena em que o padre encontra os pais de Nini, uma garotinha grávida que morreu de frio. Assim como a relação cleroXpovo foi mostrada, com o alto poder clesiástico apoiando a burguesia mesmo sabendo que os menos favorecidos estavam sofrendo sem puder reclamar. Visando sempre o poder econômico, este estado que faz papel de governo acaba por afasta Daens de suas atividades religiosas ao perceber que ele não iria calar sua voz a favor dos empregados. Além de ser um ótimo filme histórico, Daens também é um ótimo material didático. Assistir o filme é como entrar no contexto histórico estudado em sala de aula, sem contar que complementou o assunto já explorado. Apesar da voz do padre Daens parecer ter calado o seu grito de justiça ecooa até hoje. Escrito por Érica Calheiros Rocha, aluna do curso médio técnico de química, tuma 8823.