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1 www.medresumos.com.br ✓ Eduardo Toaza ✓ Endocrinologia HIPERTIREOIDISMO TIREOTOXICOSE X HIPERTIREOIDISMO: O termo hipertireoidismo é utilizado quando a fonte do excesso hormonal está na glândula tireoide (primário), na hipófise (secundário) ou no hipotálamo (terciário). Entretanto, nem todo excesso hormonal é um hipertireoidismo! O HIPERTIREOIDISMO refere-se a uma hiperfunção da glândula tireoide. A TIREOTOXICOSE corresponde a qualquer estado clínico resultante do excesso de hormônios da tireoide nos tecidos (exemplos: destruição dos folículos tireoidianos libera hormônios para a circulação / ingestão excessiva de hormônios tireoidianos acumula muito hormônio na circulação). Para lembrar: NEM TODA TIREOTOXICOSE É UM HIPERTIREOIDISMO, MAS TODO HIPERTIREOIDISMO LEVA A UMA TIREOTOXICOSE!! PRINCIPAIS CAUSAS DE HIPERTIREOIDISMO (PRIMÁRIO): 1) Doença de Graves (80% dos casos); 2) Bócio multinodular tóxico; 3) Adenoma tóxico (doença de Plummer). 1. DOENÇA DE GRAVES É uma desordem autoimune, de etiologia desconhecida, que apresenta como características uma síntese e secreção excessivas de hormônios da tireoide e achados clínicos muito típicos, que consistem em bócio difuso, oftalmopatia, dermopatia (mixedema pré-tibial) e acropatia (anormalidade na extremidade do corpo) É mais comum em mulheres, cerca de 9 vezes, e a prevalência geral na população é de 0,5%, sendo de 2% no sexo feminino. O pico de incidência deste distúrbio situa-se entre 30 e 60 anos, entretanto indivíduos de qualquer faixa etária podem ser afetados. Pode estar associada com distúrbios autoimunes endócrinos (DM tipo 1, doença de Addison, entre outras) e não endócrinos (miastenia gravis, lúpus, vitiligo, etc). Por causa de suas complicações cardiovasculares, o hipotireoidismo não tratado torna-se potencialmente fatal. PATOGÊNESE: Nesses pacientes, os linfócitos B produzem imunoglobulinas/anticorpos TRAb contra o receptor de TSH (RTSH). Tais anticorpos se ligam ao TSHR e ativam complexos de sinalização, o que por sua vez resulta em crescimento da tireoide, aumento de sua vascularização e incremento da taxa de produção e secreção dos hormônios tireoidianos. Ao se ligarem ao receptor do TSH, os TRAb vão estimular a síntese e a liberação dos hormônios tireoidianos (T3 e T4), que, por sua vez, exercem feedback negativo sobre a hipófise, mas não sobre os TRAb. Como consequência, surgirá elevação do T3 e T4, associada à supressão do TSH. 2 www.medresumos.com.br ✓ Eduardo Toaza ✓ Endocrinologia FATORES PREDISPONENTES: A doença de Graves é poligênica e multifatorial, ou seja, ela se desenvolve de uma interação complexa entre a suscetibilidade genética e fatores ambientais/endógenos. Isso leva à perda da tolerância imunológica a antígenos da tireoide e, em particular, ao receptor do TSH. 15% dos pacientes têm um parente próximo com DG e aproximadamente 50% dos parentes de pacientes com a doença apresentam anticorpos antitireoidianos. FATORES DE RISCO: Genética; Infecção; Estresse; Sexo feminino; Gravidez; Iodo e medicamentos; Radiação; Tabagismo. SINAIS E SINTOMAS: MANIFESTAÇÕES PRINCIPAIS: Insônia Emagrecimento Taquicardia Palpitações Intolerância ao calor Sudorese excessiva Pele quente e úmida Tremores Fraqueza Hiperdefecação 97% dos pacientes. É caracteristicamente difuso, podendo ser assimétrico ou lobular. Em idosos pode ser pequeno. Bócio Os anticorpos reagem provocando autoagressão intraorbitária. Pode preceder o hipotireoidismo. Ocorre em até 50% dos pacientes com doença de Graves. Geralmente é bilateral. Oftalmopatia Acomete apenas 5 a 10% dos pacientes. É um espessamento da pele, particularmente na área pré-tibial, devido ao acúmulo de glicosaminoglicanos. Pele espessada + aspecto casca de laranja + coloração violácea. Dermopatia 3 www.medresumos.com.br ✓ Eduardo Toaza ✓ Endocrinologia Outra manifestação importante e comum da doença de Graves são as unhas de Plummer, causadas por onicólise (separação da unha de seu leito). DIAGNÓSTICO LABORATORIAL: ۞ Função tireoidiana: Hipertireoidismo clínico: níveis baixos de TSH e níveis altos de T4 livre e T3. Hipertireoidismo subclínico (geralmente na fase inicial): níveis baixos de TSH e níveis normais de T4 livre e T3. ۞ Alterações hematológicas e bioquímicas: Na doença de Graves, esses achados consistem em leucopenia (comum), hipercalciúria, hipercalcemia, elevação de TGO e TGP, hiperbilirrubinemia (apenas em casos mais graves), redução do colesterol total e redução do LDL-colesterol. ۞ Anticorpos antitiroidianos: O anticorpo anti-TPO (tireoperoxidase) está presente em até 90% dos casos, mas ele é mais típico da tireoidite de Hashimoto. O anticorpo característico da doença de Graves é o antirreceptor do TSH (TRAb). A pesquisa dessa imunoglobulina não é necessária na maioria dos casos, uma vez que o diagnóstico de doença de Graves baseia-se em achados clínicos acompanhados de dosagem hormonal. EXAMES DE IMAGEM: ۞ Captação de Iodo radioativo nas 24 horas (RAIU/24H): A captação se encontra elevada em praticamente 100% dos casos de doença de Graves, o que possibilita facilmente sua diferenciação com os casos de tireotoxicose secundária à tireoidite subaguda linfocítica e tireoidite pós-parto, situações em que a RAIU/24H está caracteristicamente muito baixa ou ausente. Esse exame deve ser pedido apenas quando se tiver dúvida diagnóstica entre Graves e as patologias acima mencionadas. ۞ Ultrassonografia: Vantagens: ausência de exposição à radiação ionizante, maior precisão na detecção de eventuais nódulos tireoidianos e custo mais baixo. Além disso, pode diferenciar a doença de Graves da tireotoxicose induzida pela destruição folicular. ۞ Cintilografia: Deve ser feita em pacientes com nódulos identificados à ultrassonografia, para avaliar se tais nódulos são “quentes” ou “frios”. ۞ PAAF: Estará indicada quando forem encontrados nódulos tireoidianos hipocaptantes à cintilografia (pelo maior risco de ser neoplasia). TRATAMENTO: A doença de Graves pode ser tratada com um dos seguintes métodos: a) Uso de drogas antitireoidianas (e betabloqueadores, se a FC estiver alta); b) Iodo radioativo (para destruir a tireoide); c) Remoção cirúrgica da tireoide. O tratamento de escolha depende da região! Nos EUA, por exemplo, a preferência é pelo Iodo radioativo. Já no Brasil e na Europa, a terapêutica escolhida inicialmente é o uso de drogas antitireoidianas. DROGAS ANTITIREOIDIANAS (TIONAMIDAS) Metimazol. Propiltiouracil (preferível durante o primeiro trimestre de gravidez). 4 www.medresumos.com.br ✓ Eduardo Toaza ✓ Endocrinologia Mecanismo de ação: elas inibem a síntese de tiroxina (T4) e tri- iodotironina (T3) dentro das células foliculares. Após o início do tratamento, os pacientes devem ser avaliados a cada 4 a 6 semanas. Quando for alcançado o eutireoidismo, a dose da tionamida deve ser reduzida gradualmente até que se obtenha a menor dose que mantenha os pacientes eutireóideos. Efeitos colaterais: prurido, erupção cutânea, febre, artralgia e epigastralgia. BETABLOQUEADORES Propranolol. Atenolol. Úteis nas fases iniciais da doença! IODO RADIOATIVO A dose ideal varia de acordo com a gravidade da tireotoxicose, o tamanho do bócio e a captação do Iodo em 24h (quanto maior a captação, menor será a dose necessária). A dose média varia entre 5-20 mCi. A taxa de resposta satisfatória à radioiodoterapia, com consequente surgimentode hipo ou eutireoidismo, é de aproximadamente 80 a 90%. Principal problema: pode causar um hipotireoidismo (que pode ser permanente). Contraindicações: grávidas ou mulheres que estejam amamentando. TIREOIDECTOMIA Consiste na 1ª escolha em apenas 1% dos casos. A tireoidectomia subtotal ou o procedimento quase total são os métodos mais empregados. Indicações: - Falha nas terapêuticas com tionamidas e Iodo radioativo; - Bócio muito volumoso; - Bócio causando compressão; - Suspeita de neoplasia. Vantagens: rápida normalização hormonal e maior efetividade nos casos com sintomas compressivos. Desvantagens: alto custo, necessidade de hospitalização, risco anestésico e complicações inerentes ao ato cirúrgico em si (p. ex., hipoparatireoidismo, lesões do nervo recorrente laríngeo, sangramento, infecção e hipotireoidismo). 2. BÓCIO MULTINODULAR TÓXICO Representa a formação de múltiplos nódulos de tamanhos variados e autônomos, na ausência de doença tireoidiana autoimune, malignidade ou inflamação. Possui alta prevalência em mulheres, idosos e pessoas com deficiência de Iodo. Patogênese: desconhecida. QUADRO CLÍNICO: Bócio volumoso; Disfonia; Dispneia; Disfagia; Insuficiência cardíaca; Arritmia; Taquicardia; 5 www.medresumos.com.br ✓ Eduardo Toaza ✓ Endocrinologia Nervosismo; Palpitações. DIAGNÓSTICO: US com dois ou mais nódulos + cintilografia com hipercaptção heterogênea + evidência laboratorial (TSH suprimido e T4L elevado). TRATAMENTO: a) Cirurgia; b) Radioablação com Iodo (dose maior do que na doença de Graves); c) Drogas antitireoidianas. Antes do tratamento cirúrgico é necessário um controle clínico do hipertireoidismo com tionamidas e betabloqueadores! 3. ADENOMA TÓXICO (DOENÇA DE PLUMMER) É um nódulo tireoidiano autônomo hiperfuncionante que produz quantidades suprafisiológicas de hormônios tireoidianos. O hipertireoidismo geralmente se manifesta quando o nódulo tem > 3 cm de diâmetro. Pode acontecer em qualquer faixa etária, mas a maioria dos casos é vista em pacientes entre 30 e 60 anos de idade. É mais comum no sexo feminino e em áreas com deficiência de Iodo. Patogênese: mutação pontual somática no gene do receptor do TSH (TSH-R). CLÍNICA: O hipertireoidismo tende a ser leve a moderado e mais brando do que aquele na doença de Graves. Há ausência de oftalmopatia e miopatia. DIAGNÓSTICO: US mostrando nódulo de grandes dimensões + cintilografia com hipercaptação do nódulo (nódulo “quente”) e restante da glândula com captação reduzida + evidência laboratorial (TSH suprimido; T4L pode ser aumentado). TRATAMENTO: a) Radioablação com Iodo; b) Nodulectomia; c) Escleroterapia com etanol; d) Terapia com laser. REFERÊNCIAS: 1. Endocrinologia Clínica 6ª edição , 2016 Vilar, Lúcio 2. Endocrinologia: Williams´ - Tratado de Endocrinologia Clínica - 11ª edição 3. MEDCURSO 2018. 4. Google.
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