Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
Jessica Stein Nutricionista CRN2 9495 - Mestranda em Ciências Médicas – Hepatologia – UFCSPA - Pós Graduanda em Acupuntura - ISEPE - Especialista em Nutrição Clínica para Adultos – UNISINOS Alimentação Vegetariana MODULO 1: • Introdução ao vegetarianismo: O que é ser vegetariano; • Motivos que levam ao vegetarianismo; • Diferenças entre os tipos de vegetarianos; • Benefícios da alimentação vegetariana na prevenção de doenças. Quem é essa Nutricionista Vegetariana Jéssica Stein? Vegetariana desde 2008. Ultimo ano da faculdade de nutrição. Realizei meu trabalho de conclusão da graduação sobre diferentes tipos de vegetarianos. Em 2010 entrei na pós graduação em nutrição clinica e também realizei meu trabalho de conclusão na área da alimentação vegetariana e vitamina B12. Durante 1 ano e meio trabalhei como voluntaria na pesquisa de em cardiologia do Hospital de Clinicas de Porto Alegre. Atualmente = Mestranda em Ciências Medicas – Hepatologia pela UFCSPA e também pós graduanda em Acupuntura - ISEPE Atendo exclusivamente vegetarianos desde a minha formação. Tendo em vista o crescimento acelerado do número de vegetarianos buscado orientação nutricionista, é de extrema importância a atualização dos profissionais da saúde em relação a condutas para a excelência no atendimento dos vegetarianos. Sabemos que a alimentação vegetariana, quando bem planejada, pode atender as demandas nutricionais, metabólicas e de desenvolvimento em todos os ciclos da vida. O curso ajudará o profissional a desenvolver a capacidade e domínio sobre as necessidades nutricionais do paciente vegetariano. INTRODUÇÃO: 1 •Poder contar com apoio nutricional eficaz. 2 •Poder contar seu hábitos alimentares sem repreensões e recebendo real auxilio. 3 Compreensão sobre seus sentimentos em relação a alimentação. 4 •Não ter que escutar •“Mas você deve comer carne pelo menos 1 vez por semana!” (???) 5 •Ser bem orientado sobre seu exames e suplementações. O que o vegetarianos busca em um profissional? A posição da American Dietetic Association (ADA) desde 1993 é que dietas vegetarianas apropriadamente planejadas são saudáveis e adequadas em termos nutricionais. A ADA afirma: “Dietas veganas e ovolactovegetarianas bem planejadas são adequadas a todos os estágios do ciclo vital, inclusive durante a gravidez e a lactação. Dietas veganas e ovolactovegetarianas adequadamente planejadas satisfazem as necessidades nutricionais de bebes, crianças e adolescentes e promovem o crescimento normal” Academy of Nutrition and Dietetics (2016) publicou um parecer científico afirmando que quando bem planejada, como todo tipo de alimentação, a vegetariana, inclusive vegana, é saudável e capaz de suprir todas as necessidades da criança. O parecer afirma que crianças vegetarianas/veganas ingerem mais frutas, legumes e verduras, apresentam uma melhor relação peso e estatura, apresentam menores intercorrências relacionadas ao excesso de peso e ingerem menos doces e açúcares PARECER CRN-3 - Vegetarianismo: CONSIDERAÇÕES Os seres humanos são animais onívoros que podem consumir tanto os produtos de origem animal como vegetal. Por sua natureza biológica, o homem pode comer o que quiser. Estudos científicos também demonstram que é possível atingir o equilíbrio e a adequação nutricional com dietas vegetarianas- ovolactovegetarianas, lactovegetarianas, ovovegetarianas e até veganas, desde que bem planejadas e, se necessário, suplementadas (com vitamina B12 e, se necessário, cálcio, ferro e zinco.). Vale ressaltar que a dieta onívora não garante, por si só, a adequação nutricional. O QUE É SER VEGETARIANO: • Na grande maioria das vezes escutamos falar que a alimentação vegetariana é algo da moda e que é possivelmente algo passageiro. • Mas a historia do vegetarianismo já é bem antiga e há séculos vem crescendo. Ao longo dos séculos, outros indivíduos importantes aderiram ao vegetarianismo, como Leonardo da Vinci, Benjamim Franklin, Dr. J.H. Kellogg, Mahatma Gandhi e Albert Einstein. Outros grandes pensadores também adotaram a opção de não ingerir carne e alguns promoviam o vegetarianismo. Pode-se citar Pitágoras, o qual foi apontado como o “pai do vegetarianismo” por sua vasta influência que perdurou até o final do século 19. Inicialmente algumas seitas religiosas, tanto do ocidente como do oriente, enfatizavam dietas que excluíam carnes, aves, retirada ou não de peixes, produtos lácteos e ovos. Platão foi um dos filósofos do ocidente que defendia as dietas vegetariana. O vegetarianismo avançou para o lado mais científico durante o período da Primeira Guerra Mundial, na Dinamarca e na Noruega, em que a dieta contendo pequena ou nenhuma quantidade de carne foi estudada. Durante o século XIX foram realizados vários movimentos vegetarianos. A primeira associação vegetariana na Inglaterra foi fundada em 1847. Já em 1850 a Sociedade Americana Vegetariana foi criada em Nova Iorque. Logo após, surgiu a sociedade vegetariana alemã, criada por Eduardo Baltzer em 1867. Segundo a Sociedade Vegetariana Brasileira, um vegetariano é todo aquele que exclui de sua alimentação todos os tipos de carne, aves e peixes e seus derivados, podendo ou não utilizar laticínios ou ovos. O vegetarianismo inclui o veganismo, que é a prática de não utilizar produtos oriundos do reino animal para nenhum fim, nem alimentar, vestuário, higiene, entretenimento, etc. "O veganismo é uma forma de viver que busca excluir, na medida do possível e do praticável, todas as formas de exploração e de crueldade contra animais, seja para a alimentação, para o vestuário ou para qualquer outra finalidade” The Vegan Society Uma nova pesquisa em 2018 revelou um aumento para 14% (30 milhões de brasileiros) IBGE – 2012: 8% da população brasileira afirmava ser adepta ao vegetarianismo. Fortaleza = 14% Porto Alegre = 6% MOTIVOS QUE LEVAM AO VEGETARIANISMO A escolha das dietas vegetarianas pelos indivíduos acontece por várias razões, as quais podem estar relacionadas a saúde, meio ambiente, bem-estar animal, religião, motivos espirituais ou éticos. • Por razão ética: Por considerar que animais tem o mesmo direito à vida, concluindo seu ciclo de vida sem interferência humana. A percepção de que os animais são seres sencientes (capazes de sofrer ou sentir prazer e felicidade) . • Por razão de saúde: Por considerar que a alimentação sem carne traz benefícios à saúde. A adoção da dieta vegetariana por esse motivo também inclui a sensação de bem estar que alguns indivíduos relatam ao não utilizar os alimentos cárneos ou derivados animais. • Por razão ambiental: Por considerar que a criação de gado traz impacto ambiental negativo. Segundo a FAO (Food and Agriculture Organization), de todas as atividades humanas, a pecuária é a maior responsável pela erosão de solos e contaminação de mananciais. • Por razão Familiar Com a adoção desse tipo de dieta por pais, cônjuges e familiares, algumas pessoas são influenciadas e também a adotam. • Por razão espiritual e Religiosa Religiões como o adventismo, espiritismo, hinduísmo, jainismo, zoroastrismo e budismo preconizam, em muitos casos, a adoção da dieta vegetariana. • Por não aceitação do paladar Não é incomum a recusa do consumo de carne por não aceitação do paladar. Diferenças entre os vegetarianos É definido como vegetariano toda pessoa que não consome nenhum tipo de carne. A alimentação vegetariana refere-se geralmente a um modelo de consumo alimentar que tem comobase a utilização de produtos de origem vegetal Ovolactovegetariano é o vegetariano que utiliza ovos, leite e laticínios na alimentação. Lactovegetariano é o vegetariano que não utiliza ovos, mas faz uso de leite e laticínios. Ovovegetariano é o vegetariano que não utiliza laticínios, mas consome ovos. Vegetarianpo estrito: Não utiliza nenhum derivado animal na sua alimentação. É também conhecido como vegetariano puro. Vegano é o indivíduo que tem uma alimentação vegetariana estrita que recusa ao uso de componentes animais não alimentícios, como vestimentas de couro, lã e seda, assim como produtos testados em animais. Semivegetariano: Indivíduo que é onívoro e come carnes brancas até 3 vezes por semana. Não é vegetariano; o termo é utilizado para dados científicos de associação entre os grupos estudados. O que diferencia as dietas vegetarianas é a inclusão de ovos e/ou laticínios. Assim a alimentação vegetariana pode ser classificada em: Para defender-se da predação por outros insetos, produz ácido carmínico, que extraído de seu corpo e ovos é utilizado para fazer o corante alimentício que leva seu nome. “corante natural carmim de cochonilha”, “corante natural” , “C.I. 75470”, “E 120”, “vermelho 3”, “carmim” , “cochineal”, “ corante C.I.” , “INS 120” ou “corante natural ácido carmínico” PRODUTOS NÃO CONSUMIDOS POR VEGETARIANOS: PRODUTOS NÃO CONSUMIDOS POR VEGETARIANOS: São necessárias 70 mil fêmeas para se obter apenas meio quilo de corante. Para colorir uma bola de sorvete de morango são necessários, no mínimo, 40 insetos. São criadas em laboratórios, fervidas ou assadas para dar origem ao corante vermelho ou corante carmim e esse corante é classificado como “corante natural” Restos da produção da carne: Pele, Patas, Vísceras, Cérebro, Ossos. Os vegetarianos apresentam nível sérico mais elevado de diversos antioxidantes, atividade de SOD (superóxido- dismutase), maior proteção contra a oxidação das lipoproteínas e maior estabilidade genômica. Alimentação vegetariana = maior longevidade. Benefício pode ser resultado tanto de uma redução no consumo de gordura saturada, colesterol, proteína animal, como também a um aumento no consumo de alimentos benéficos. Os vegetarianos sem suplementação de vitamina B12 tendem a ter níveis mais elevados de homocisteína, o que incrementa a formação de radicais livres. No entanto, mesmo nessas condições, tem índice menor de riscos cardíacos e oxidações. Isso reforça a importância do sistema antioxidante como um sistema integrado e dependente de variáveis de agressão e proteção. BENEFÍCIOS DA ALIMENTAÇÃO VEGETARIANA NA PREVENÇÃO DE DOENÇAS. Estudos de coorte e uma metanálise demonstram que os vegetarianos (ovolacto e veg estritos) têm risco menor de doenças cardiovasculares. Essa diferença persiste após ajuste de índice de massa corporal (IMC), tabagismo e classe social. A análise de cinco estudos prospectivos, num total de 76.000 indivíduos, verificou nos vegetarianos a redução da mortalidade por doença cardíaca isquêmica. A redução foi de 31% para o sexo masculino vegetariano e 20% para o sexo feminino. A maioria dos estudos demonstra redução da prevalência de HAS em populações vegetarianas. Outros estudos mostram pequenas diferenças pressóricas em indivíduos negros, sendo um desses estudos realizado em atletas. BENEFÍCIOS DA ALIMENTAÇÃO VEGETARIANA NA PREVENÇÃO DE DOENÇAS. Dietas vegetarianas estão vinculadas a uma menor mortalidade por todas as causas e com certas atenuações na mortalidade por causa específica. Já o consumo de carne vermelha foi associado a um risco aumentado de mortalidade total, doença cardiovascular e câncer. Estudos populacionais demonstram Índice de Massa Corporal (IMC) menor dos vegetarianos em comparação com onívoros. Isso não significa que o vegetariano tenha ajuste de peso e emagrecimento, mas pode indicar uma maior preocupação com a saúde, que escolheria melhor os alimentos e melhoraria o estilo de vida. A alimentação vegetariana estrita com elevada porcentagem de carboidratos complexos fornece elementos positivos para o controle metabólico de indivíduos com diabetes tipo 2. O consumo de carne está associado ao aumento do risco de diabete tipo 2. BENEFÍCIOS DA ALIMENTAÇÃO VEGETARIANA NA PREVENÇÃO DE DOENÇAS. Estudos destacaram mudanças positivas nas respostas de hormônios gastrointestinais pós- prandiais e diminuição da glicose plasmática nos indivíduos do grupo experimental. Isso indica, que após uma refeição isocalórica vegana ou que contenha carne, a tendência é que a hiperinsulinemia persista mais para o indivíduo que se alimente da refeição com carne. Algumas metanálises avaliaram o impacto do maior consumo de carne sobre o risco de câncer de intestino grosso. Foi demonstrado que o aumento de 100 g de carne ingerida diariamente está associado ao aumento de 12% a 17% do risco de câncer de intestino. Aumento de 25 g de carne processada/dia está associado ao aumento de 49% do risco de câncer de cólon e reto. Outra metanálise, demonstrou que o aumento diário de ingestão de 120 g de carne vermelha está ligado ao aumento de 24% do risco de câncer de cólon e reto. O aumento diário de 30 g de carne processada ingerida está associado ao aumento de 36% do risco de câncer de cólon e reto. BENEFÍCIOS DA ALIMENTAÇÃO VEGETARIANA NA PREVENÇÃO DE DOENÇAS. Existem estudos que o próprio ferro heme está associado ao risco maior de câncer de cólon. Por outro lado, o consumo de verduras, frutas e cereais integrais se associa à prevenção de diversos tipos de câncer. Um estudo realizado na Suíça analisou os micronutrientes de onívoros, vegetarianos e veganos e verificou que todos os grupos apresentaram baixas ingestões e deficiências em alguns micronutrientes, principalmente a vitamina B12. Assim concluíram que independentemente da dieta, é importante estar ciente de suas limitações e precaver-se quanto às necessidades de consumo de diferentes nutrientes. BENEFÍCIOS DA ALIMENTAÇÃO VEGETARIANA NA PREVENÇÃO DE DOENÇAS. Fatores que podem influenciar as pesquisas: Menos propensão a fumar; • Menor consumo de álcool; • Menor quantidade de sal adicionado; • Percebem melhor a saúde; GILSING, 2013. POSSIVEL VIÉS DE LITERATURA: • A literatura não é consistente na maneira de classificar a alimentação vegetariana. • Alguns estudos utilizam o conceito de auto- relato de alimentação vegetariana; • Lacuna na literatura sobre os subgrupos de vegetarianos.
Compartilhar