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UCEFF - UNIDADE CENTRAL DE ENSINO FAI FACULDADES Curso de Engenharia Civil Vinicius Dalla Lana VIABILIDADE TÉCNICA E ECONÔMICA DA IMPLANTAÇÃO DE UM ATERRO SANITÁRIO PARA OS MUNICÍPIOS CATARINENSES DE CAIBI, MONDAÍ E RIQUEZA Itapiranga – SC (2018) Vinicius Dalla Lana VIABILIDADE TÉCNICA E ECONÔMICA DA IMPLANTAÇÃO DE UM ATERRO SANITÁRIO PARA OS MUNICÍPIOS CATARINENSES DE CAIBI, MONDAÍ E RIQUEZA Projeto para o Trabalho de Conclusão de Curso de Graduação apresentado à disciplina de Trabalho de Conclusão de Curso II, do Curso de Engenharia Civil da UCEFF – Unidade Central de Ensino FAI Faculdades, como parte dos requisitos necessários para a obtenção do título de Bacharel em Engenharia Civil. Orientador: Professor Esp. Maciel Welter Itapiranga – SC 2018 AGRADECIMENTOS Gostaria de agradecer a todos que alguma forma me ajudaram nessa caminhada. Gostaria também de agradecer ao Professor Maciel Welter pelo conhecimento e experiências passadas em todo o período de vivencia na sala de aula. Quero dizer que sou profundamente grato a minha namorada, família e amigos pela compreensão que eles tiveram e também pelas palavras de incentivo nas horas difíceis. A todos fica o meu mais sincero muito obrigado. RESUMO Um dos principais problemas do processo de urbanização e do aumento populacional acelerado é a geração de resíduos sólidos urbanos e consequentemente a sua disposição final. A cada ano a geração per capta de resíduos aumenta tornando assim a disposição em aterros sanitários uma prática indispensável, tendo em vista os benefícios que o mesmo traz para a saúde humana e ambiental. Para que seja possível implantar e operar um aterro sanitário é necessário que o mesmo tenha um projeto técnico muito bem elaborado e que atenda todas as exigências sociais e ambientais, desde a escolha da área até o enceramento das atividades ali desenvolvidas. Uma das formas para viabilizar a implantação e operação desses aterros para os pequenos municípios é por meio de consórcios intermunicipais, onde é possível otimizar o uso da área escolhida e também dividir os custos com os municípios consorciados, aumentando assim as chances o mesmo se tornar viável técnica e economicamente. Uma das principais vantagens da implantação de um aterro sanitário para municípios de pequeno porte é a melhoria da saúde pública dos habitantes de médio e longo prazo pois, além dos mesmos conseguirem captar mais recursos junto à União para investimentos nessa área, um aterro sanitário melhora o meio ambiente como um todo, porque os resíduos sólidos recebem o tratamento e a destinação final ambientalmente correta. Palavras-chave: Saneamento básico, resíduos sólidos urbanos, aterro sanitário. ABSTRACT One of the main problems of urbanization and population increase is accelerated the generation of municipal solid waste and consequently to your disposal. Each year per generation captures of waste increases thus making the disposal in landfills a practice essential, in view of the benefits that it brings to human and environmental health. To be able to deploy and operate a landfill it is necessary that it has a very elaborate and technical design that meets all the requirements of social and environmental, since the choice of the area until the wax-up the activities developed there. One of the ways to facilitate the deployment and operation of these landfills for small municipalities is through inter-municipal consortia, where it is possible to optimize the use of the chosen area and also split the costs with the municipalities members, thereby increasing the chances the same become technically and economically viable. One of the main advantages of deploying a landfill to small municipalities is the improvement of public health of the inhabitants of medium and long term because, in addition to the same can capture more features by the Union for investments in this area, a landfill improves the environment as a whole, because the receive solid waste treatment and final disposal environmentally correct. Keywords: Sanitation, municipal solid waste, landfill LISTA DE FIGURAS Figura 1 - Localização dos municípios ..................................................................................... 16 Figura 2 - Ligação entre os municípios .................................................................................... 17 Figura 3 - Eixos do Saneamento Básico ................................................................................... 20 Figura 4 - Lixão ou vazadouro a céu aberto ............................................................................. 31 Figura 5 - Esquema de funcionamento do aterro controlado.................................................... 32 Figura 6 - Esquema de um aterro sanitário ............................................................................... 33 Figura 7 - Método de vala ou trincheira ................................................................................... 35 Figura 8 - Método área ............................................................................................................. 36 Figura 9 - Método rampa .......................................................................................................... 37 Figura 10 - Fluxo grama das infraestruturas básicas de um aterro sanitário ............................ 38 Figura 11 - Impermeabilização do solo .................................................................................... 40 Figura 12 - Exemplo de canaleta de drenagem pluvial ............................................................ 40 Figura 13 - Exemplo de dreno de captação de gases ................................................................ 41 Figura 14 - Chaminé com queimadores dos gases ................................................................... 42 Figura 15 - Exemplo de dreno de líquidos percolados ............................................................. 43 Figura 16 - Comparação dos valores pagos/arrecadados/diferença.......................................... 61 Figura 17 - Representação gráfica do crescimento populacional e linha de tendência exponencial ............................................................................................................................... 64 Figura 18 - Comparação da população urbana e população total ............................................. 67 Figura 19 - Composição dos RSU ............................................................................................ 69 Figura 20 - Gráfico da geração média de RSU per capta ......................................................... 71 Figura 21 - Porcentagem de contribuição de cada município .................................................. 73 Figura 22 - Opção de área 1...................................................................................................... 77 Figura 23 - Opção de área 2...................................................................................................... 78 Figura 24 - Opção de área 3...................................................................................................... 79 Figura 25 - Comparação entre os valores atualmente e os valores que serão pagos após a implantação do aterro sanitário................................................................................................. 84 Figura 26 - Comparação entre os valores mensalmente pagos ................................................. 85 LISTA DE TABELAS Tabela 1 - Dados populacionais dos municípios ...................................................................... 17 Tabela 2 - Arrecadação anual dos municípios .......................................................................... 60 Tabela 3 - Valores pagos pelos municípios pela coleta, transporte e destinação final dos RSU .................................................................................................................................................. 60 Tabela 4 - População residente nos municípios........................................................................ 62 Tabela 5 - Taxa de crescimento populacional .......................................................................... 63 Tabela 6 - Taxa de crescimento por período de tempo............................................................. 65 Tabela 7 - Projeção da população ............................................................................................. 65 Tabela 8 - População rural e urbana segundo IBGE ................................................................ 66 Tabela 9 - Projeção da população urbana de 2010 a 2038 ....................................................... 67 Tabela 10 - Quantidade de RSU coletados nos municípios atualmente ................................... 70 Tabela 11 - Geração de RSU .................................................................................................... 70 Tabela 12 - Estimativa da geração de RSU do período entre 2018 e 2038 .............................. 71 Tabela 13 - Custos de implantação do aterro sanitário ............................................................. 80 Tabela 14 - Estimativa de custos para a operação do aterro sanitário ...................................... 82 Tabela 15 - Valores pagos pelos habitantes dos municípios referente a coleta, transporte e destinação final dos RSU .......................................................................................................... 83 Tabela 16 - Valores gastos após a implantação do aterro sanitário .......................................... 84 SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO ........................................................................................................... 12 1.1 TEMA ........................................................................................................................... 13 1.2 JUSTIFICATIVA ......................................................................................................... 13 1.3 PROBLEMA DE PESQUISA ...................................................................................... 14 2 OBJETIVOS ............................................................................................................... 14 2.1 OBJETIVO GERAL ..................................................................................................... 14 2.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS ....................................................................................... 15 3 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA ............................................................................. 16 3.1 APRESENTAÇÃO DAS CIDADES ........................................................................... 16 3.1.1 Censo demográficos .................................................................................................... 17 3.2 CONSÓRCIOS INTERMUNICIPAIS ......................................................................... 18 3.3 SANEAMENTO BÁSICO ........................................................................................... 19 3.3.1 Abastecimento de água ............................................................................................... 20 3.3.2 Coleta e tratamento de esgotos .................................................................................. 21 3.3.3 Drenagem ..................................................................................................................... 22 3.4 RESÍDUOS SÓLIDOS URBANOS (RSU) ................................................................. 23 3.4.1 Definição de resíduos sólidos urbanos ...................................................................... 23 3.4.2 Geração de resíduos e fatores influentes .................................................................. 23 3.4.3 Classificação dos resíduos sólidos .............................................................................. 24 3.4.4 Acondicionamento dos resíduos sólidos urbanos ..................................................... 26 3.4.5 Coleta e transporte ..................................................................................................... 26 3.5 PROCESSAMENTO DOS RSU .................................................................................. 27 3.5.1 Compostagem .............................................................................................................. 28 3.5.2 Incineração .................................................................................................................. 29 3.5.3 Reciclagem ................................................................................................................... 29 3.6 DISPOSIÇÃO FINAL DE RESÍDUOS SÓLIDOS ..................................................... 30 3.6.1 Vazadouro a céu aberto (Lixão) ................................................................................ 31 3.6.2 Aterro controlado ....................................................................................................... 32 3.7 ATERRO SANITÁRIO ................................................................................................ 33 3.7.1 Ecossistemas dos aterros sanitários .......................................................................... 34 3.7.2 Métodos de disposição em aterros sanitários ........................................................... 35 3.7.2.1 Método trincheira ou vala ............................................................................................. 35 3.7.2.2 Método área .................................................................................................................. 36 3.7.2.3 Método rampa ............................................................................................................... 36 3.8 PROJETO DE ATERRO SANITÁRIO ....................................................................... 37 3.9 INFRAESTRUTURAS BÁSICAS DE UM ATERRO SANITÁRIO ......................... 38 3.9.1 Preparo da base do aterro .......................................................................................... 38 3.9.2 Impermeabilização da base e laterais do aterro ...................................................... 39 3.9.3 Drenagem de águas pluviais ...................................................................................... 40 3.9.4 Drenagem dos gases .................................................................................................... 41 3.9.5 Drenagem do liquido percolado (Chorume) ............................................................. 42 3.9.6 Tratamento do líquido percolado .............................................................................. 43 3.9.6.1 Recirculação ou irrigação ............................................................................................. 44 3.9.6.2 Tratamento químico ...................................................................................................... 44 3.9.6.3 Filtro biológico ............................................................................................................. 44 3.9.6.4 Estações de tratamento de esgoto ................................................................................. 44 3.9.6.5 Lagoas de estabilização ................................................................................................ 45 3.9.7 Compactação e teor de umidade do RSU ................................................................. 45 3.9.8 Massa específica dos RSU .......................................................................................... 46 3.9.9 Cobertura do aterro sanitário ................................................................................... 47 3.9.10 Licenciamento ambiental ........................................................................................... 48 3.9.10.1 Estudos ambientais ............................................................................................... 49 3.9.11 Estruturas de apoio e controle ................................................................................... 50 3.10 INFORMAÇÕES COMPLEMENTARES ................................................................... 51 3.10.1 Topografia e curvas de nível ...................................................................................... 51 3.10.2 Área de preservação permanente .............................................................................. 51 3.10.3 Orçamento ................................................................................................................... 52 3.10.4 SINAPI ......................................................................................................................... 53 3.10.5 Taxa de coleta de resíduos municipais ...................................................................... 53 4 MATERIAIS E MÉTODOS ...................................................................................... 54 4.1 DIAGNOSTICAR O SISTEMA ATUAL DE GESTÃO DE RESÍDUOS SÓLIDOS DOMICILIARES URBANOS NOS MUNICÍPIOS DE CAIBI, RIQUEZA E MONDAI ..... 54 4.2 IDENTIFICAR O CRESCIMENTO POPULACIONAL E RESPECTIVA GERAÇÃO DE RESÍDUOS SÓLIDOS DOMICILIARES URBANOS NOS MUNICÍPIOS ................... 54 4.3 ESTUDAR ALTERNATIVAS LOCACIONAIS PARA IMPLANTAÇÃO DE ATERRO SANITÁRIO DE RESÍDUOS SÓLIDOS DOMICILIARES URBANOS COM ATENDIMENTO AOS MUNICÍPIOS .................................................................................... 55 4.4 APRESENTAR ESTUDO DE VIABILIDADE TÉCNICA PARA INSTALAÇÃO DE ATERRO SANITÁRIO DE RESÍDUOS SÓLIDOS DOMICILIARES URBANOS PARA OS MUNICÍPIOS ........................................................................................................................... 55 4.5 APRESENTAR ESTUDO DE VIABILIDADE ECONÔMICA PARA INSTALAÇÃO DE ATERRO SANITÁRIO DE RESÍDUOS SÓLIDOS DOMICILIARES URBANOS PARA OS MUNICÍPIOS ..................................................................................................................... 56 5 RESULTADOS E DISCUSSÃO ................................................................................ 57 5.1 DIAGNOSTICO DO SISTEMA ATUAL DE GESTÃO DE RESÍDUOS SÓLIDOS DOMICILIARES URBANOS NOS MUNICÍPIOS DE CAIBI, MONDAI E RIQUEZa ...... 57 5.1.1 Situação da gestão dos resíduos sólidos domiciliares urbanos no município de Caibi ...................................................................................................................................... 57 5.1.2 Situação da gestão dos resíduos sólidos domiciliares urbanos no município de Mondaí ..................................................................................................................................... 57 5.1.3 Situação da gestão dos resíduos sólidos domiciliares urbanos no município de Riqueza .................................................................................................................................... 58 5.1.4 Formas de arrecadação de recursos para a gestão dos resíduos sólidos urbanos nos municípios ............................................................................................................................... 59 5.1.5 Valores arrecadados pelos munícipios para a gestão dos resíduos sólidos urbanos . ...................................................................................................................................... 60 5.2 IDENTIFICAÇÃO DO CRESCIMENTO POPULACIONAL E RESPECTIVA GERAÇÃO DE RESÍDUOS SÓLIDOS DOMICILIARES URBANOS NOS MUNICÍPIOS ... .................................................................................................................................. 61 5.2.1 Composição dos resíduos sólidos urbanos nos municípios ..................................... 69 5.2.2 Geração de resíduos sólidos urbanos nos municípios .............................................. 69 5.3 APRESENTAÇÃO DO ESTUDO DE VIABILIDADE TÉCNICA PARA INSTALAÇÃO DE ATERRO SANITÁRIO DE RESÍDUOS SÓLIDOS DOMICILIARES URBANOS PARA OS MUNICÍPIOS ..................................................................................... 73 5.4 ESTUDO DE ALTERNATIVAS LOCACIONAIS PARA IMPLANTAÇÃO DO ATERRO SANITÁRIO DE RESÍDUOS SÓLIDOS DOMICILIARES URBANOS COM ATENDIMENTO AOS MUNICÍPIOS .................................................................................... 75 5.5 APRESENTAÇÃO DO ESTUDO DE VIABILIDADE ECONÔMICA PARA INSTALAÇÃO DE ATERRO SANITÁRIO DE RESÍDUOS SÓLIDOS DOMICILIARES URBANOS PARA OS MUNICÍPIOS ..................................................................................... 79 6 CONSIDERAÇÕES FINAIS ..................................................................................... 86 REFERÊNCIAS ..................................................................................................................... 89 APÊNDICE A ......................................................................................................................... 99 APÊNDICE B ........................................................................................................................ 103 APÊNDICE C ....................................................................................................................... 104 12 1 INTRODUÇÃO O objeto de pesquisa deste trabalho tem o intuito de fazer um levantamento das dimensões necessárias para um aterro sanitário para os municípios de Caibi, Mondaí e Riqueza situados no oeste de Santa Catarina. Com o crescimento constante da população, a geração de resíduos sólidos urbanos (RSU), também conhecido como “lixo”, naturalmente aumenta. Em virtude ao seu elevado poder contaminante proveniente da sua decomposição, é necessário ter métodos de disposição final dos RSU de forma menos prejudicial ao meio ambiente (SILVA, 2016). No último século a crescente degradação ambiental tem gerado muitos questionamentos acerca dos problemas que a contaminação urbana pode desencadear sobre a saúde da população. Em vista disso, o aumento da quantidade e da variabilidade dos resíduos, gerados pelas atividades domesticas, sociais e industriais, surge como um dos principais problemas da sociedade atual (MUÑOZ, 2002). Segundo a Associação Brasileira de Empresas de Limpeza Pública e Resíduos Especiais (Abrelpe) (2015) a geração e disposição final dos resíduos sólidos urbanos (RSU) no Brasil tem sido muito discutida nos últimos anos, sempre visando a melhoria da qualidade de vida e a redução dos impactos ambientais causados pelos mesmos tentando de certa forma conciliar para que os dois lados saiam ganhando. Adotar sistemas de gerenciamento integrado de resíduos tornou-se uma ferramenta indispensável, em vista que, ele abrange um conjunto de ações normativas, financeiras, operacionais e de planejamento, que se encontram interligadas e comprometidas entre si (CATAPRETA, 2008). A prática de disposição final em aterros sanitários é difundida em quase todo o mundo, por ser a opção mais viável economicamente quando comparada com outros processos, que exigem grandes investimentos para a construção e operação da estrutura técnico-administrativa. Embora, em alguns casos, outros processos apresentam vantagem econômica, mas mesmo assim não descartam totalmente a existência de aterro sanitário nas proximidades, tendo em vista a ocorrência de algum imprevisto (FERNANDES JÚNIOR et al., 2002). Para Catapreta (2008) a forma como estes resíduos são dispostos também interfere diretamente sobre o comportamento dos aterros sanitários, podendo influenciar na sua estabilidade. Logo, o conhecimento dos aspectos operacionais da disposição dos RSU 13 configura-se como um fator de importância na disposição dos mesmos, uma vez que, aliado às propriedades dos resíduos, permite obter maior segurança nestas obras. Dallabrida e Zimermann (2009) apontam que a cooperação entre pessoas, organizações sociais, empresas ou governos tem sido uma prática empregada ao decorrer da história do homem. Problemas que individualmente não são facilmente resolvidos, encontram na cooperação, a força requerida para serem superados. Assim, percebe-se que a cooperação intermunicipal pode ser considerada uma alternativa viável para o desenvolvimento e execução de projetos e ações nos quais, por exemplo, os pequenos e médios municípios, de forma isolada, não teriam estrutura técnica e financeira para viabilizar sua implementação. No que diz respeito às atividades ligadas ao gerenciamento de resíduos sólidos, pode-se dizer que a Lei Federal n.º 12.305, de 2 de agosto de 2010 (BRASIL), que institui seu termo regulatório, bem como a Lei Federal n.º 11.445, de 5 de janeiro de 2007 (BRASIL), que estabelece as diretrizes nacionais para o saneamento básico, incentivam seguramente a concepção de consórcios públicos entre os entes federativos para a prestação dos serviços essenciais, de forma compartilhada e integrada, inclusive com o direcionamento preferencial de incentivos fiscais e financeiros (RIBEIRO; RAZUK, 2014). Os consórcios públicos referentes a coleta e tratamento final dos RSU se tornaram uma solução, proporcionando uma nova visão pública e servindo como instrumento de amparo no planejamento regional e na solução de problemas corriqueiros vivenciados pelos municípios, visando a implantação e a gestão conjunta de aterros (CALDERAN, 2013). 1.1 TEMA Saneamento Básico – Resíduos Sólidos – Aterro Sanitário 1.2 JUSTIFICATIVA Em um longo período, os resíduos sólidos eram depositados em lugares distantes dos centros urbanos. Porém, com o efeito da urbanização desorganizada e com a falta de tratamento e/ou disposição final adequada, este cenário acabou mudando. Estes locais de deposição de resíduos foram encontrando-se cada vez mais próximos dos ambientes urbanos. Devido a esta proximidade começaram a ocorrer problemas maiores relacionados com a população como problemas de saúde e sociais. Por estes motivos é que os resíduos sólidos urbanos precisam de 14 um destino final adequado, para que a sociedade e as questões ambientais como os ecossistemas não sejam afetados negativamente e se forem, que os impactos sejam os menores possíveis (SOARES, 2014). Para Marques (2001) a demarcação de novos aterros sanitário de modo que atendam todas as legislações ambientais e sociais, sendo posicionado em locais próximos aos centros urbanos, tornando mais fácil e econômico o transporte dos resíduos, tem sido de enorme dificuldade. Dessa forma as estruturas projetas são otimizadas para acumular o máximo possível de material, tendo assim aterros sanitários atingindo 100 (cem) metros de altura. Entre os métodos de tratamento e disposição final de resíduos sólidos no solo, o aterro sanitário apresentou-se como a solução mais adequada em termos de segurança, controle de poluentes e proteção ao meio ambiente. Porém, os custos de operação tem sido a grande dificuldade encontrada, implicando no tratamento de líquidos e gases efluentes, além de todos os demais cuidados previstos nas normas técnicas. Ao nível nacional a maior concentração desse tipo de disposição final está localizada na região sul e sudeste (KRELING, 2006). O engenheiro civil, de acordo com as atividades 01 a 18 do Artigo 1° da Resolução n°218/73 do CONFEA, pode atuar na execução de coleta, transporte e destinação final de resíduos sólidos urbanos e industriais não perigosos inertes e também na construção e operação de estações de tratamento de resíduos sólidos urbanos e industriais não perigosos inertes (CONAMA, 1973). 1.3 PROBLEMA DE PESQUISA Diante do cenário atual de gestão dos resíduos sólidos nos municípios, faz-se a seguinte pergunta: será viável econômica e tecnicamente a instalação de um aterro sanitário para atender a demanda dos municípios catarinenses de Caibi, Mondaí e Riqueza? 2 OBJETIVOS 2.1 OBJETIVO GERAL Analise da viabilidade técnica e econômica da implantação e operação de um aterro sanitário para os municípios de Caibi, Mondai e Riqueza, localizados no estado de Santa Catarina, iniciando pelo diagnóstico do sistema atual e identificando o crescimento 15 populacional dos municípios e a geração de resíduos sólidos urbanos, posteriormente estudando possíveis áreas locacionais para a implantação do aterro sanitário, bem como a viabilidade técnica e econômica do mesmo. 2.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS a) Diagnosticar o sistema atual de gestão de resíduos sólidos domiciliares urbanos nos municípios de Caibi, Mondai e Riqueza; b) Identificar o crescimento populacional e respectiva geração de resíduos sólidos domiciliares urbanos nos municípios; c) Estudar alternativas locacionais para implantação de aterro sanitário de resíduos sólidos domiciliares urbanos com atendimento aos municípios; d) Apresentar estudo de viabilidade técnica para instalação de aterro sanitário de resíduos sólidos domiciliares urbanos para os municípios; e) Apresentar estudo de viabilidade econômica para instalação de aterro sanitário de resíduos sólidos domiciliares urbanos para os municípios. 16 3 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA 3.1 APRESENTAÇÃO DAS CIDADES De acordo com o levantamento realizado pelo IBGE (2010) a cidade de Caibi possui 6.219 habitantes, sendo que 3.578 habitantes residem na área urbana e 2.641 habitantes na área rural, fica localizada a uma latitude de 27°04’18” S e longitude de 53°14’52” W e encontrasse a 337 metros de altitude em relação ao mar. Mondaí apresenta-se a uma latitude de 27°06’10” S e longitude de 53°24’07” W, está situada a uma altura de 235 metros em relação ao nível do mar e possui 10.231 habitantes, sendo 6.305 habitantes na área urbana e 3.926 habitantes na área rural. Riqueza está a 236 metros acima do nível do mar, possui 4.838 habitantes, sendo que destes 2.154 habitantes residem na área urbana e 2.684 habitantes residem na área rural encontrasse a uma latitude de 27°04’01” S e longitude de 53°19’18” W. A Figura 1 mostra a localização dos municípios no estado de Santa Catarina. Figura 1 - Localização dos municípios Fonte: Google Maps (2018) Os municípios são ligados entre si pela rodovia estadual denominada SC-283, conforme mostrado na Figura 2. 17 Figura 2 - Ligação entre os municípios Fonte: DEINFRA (2018) 3.1.1 Censo demográficos De acordo com o IBGE (2010), instituto responsável pelos dados oficias sobre a população brasileira, o censo demográfico é uma pesquisa demográfica realizada a cada 10 anos a fim de reunir informações sobre a população. Censo demográfico retrata a população e com o resultado é possível acompanhar a evolução ao longo do tempo. É a principal fonte de dados através da qual é possível criar estratégias e tomar de decisões sobre investimentos em áreas importantes como educação, saúde, cultura e infraestrutura. É a mais completa operação estatística realizada por um país (MOSCHOUTIS, 2013). Para Nogueira e Bieger (2012) o crescimento populacional é uma variação positiva do número de indivíduos de uma população subtraída por uma unidade de tempo. A Tabela 1 apresenta os dados dos municípios de acordo com levantamentos dos realizados pelo IBGE no decorrer dos anos e também mostra uma estimativa populacional para o ano de 2017. Tabela 1 - Dados populacionais dos municípios CIDADES POPULAÇÃO EXISTENTE (hab) ESTIMATIVA (hab) 1991 2000 2010 2017 Riqueza 6.278 5.166 4.838 4.670 Caibi 7.428 6.354 6.219 6.213 Mondaí 10.115 8.728 10.231 11.496 Fonte: Adaptada de IBGE (2010) 18 O método utilizado pelo IBGE (2010) para se fazer a estimativa de crescimento da população ao longo dos anos é o método geométrico. Baseando-se na formula utilizada pelo IBGE podemos dizer em termos técnicos que para obter a taxa de crescimento (𝑇𝑐), subtrai-se 1 da raiz enésima do quociente da população final (𝑃𝑓) e a população do início do período a ser considerado (𝑃𝑖), multiplicando-se o resultado final por 100, sendo que (𝑛) é o número de anos no período. Nesse sentido temos o seguinte arranjo da formula: 𝑇𝑐 = [( √ 𝑃𝑓 𝑃𝑖 𝑛 ) − 1] × 100 ...(1) 3.2 CONSÓRCIOS INTERMUNICIPAIS Sobre os consórcios intermunicipais, alguns estados começaram a formar bases associativas antes mesmo do assunto se tornar constitucional, o Art. 60 da constituição do Estado de São Paulo de 1921 deixa clara a ideia ao ditar: “As municipalidades poderão associar- se para a realização de quaisquer melhoramentos, que julguem de comum interesse, dependendo, porém de aprovação do Congresso as resoluções que nesse caso tomarem” (SÃO PAULO, 1921). Na constituição de 1937, o objeto consórcio foi mencionado de maneira sugestiva, reconhecendo a presença legal de direito público para as associações municipais. Foi justamente nesta Constituição, como afirma Losada (2008), que apareceu pela primeira vez a forma dos consórcios públicos denominados consórcios administrativos. O art. 29 menciona: “Os municípios da mesma região poderão agrupar-se para a instalação, exploração e administração de serviços públicos com personalidade jurídica limitada a seus fins”. Em parágrafo único define-se que “caberá aos Estados regular as condições em que tais agrupamentos poderão constituir-se, bem como a forma de sua administração” (BRASIL, 1937, p. 10). O Art. 241 da Constituição Federal de 1988 alterados pela Emenda Constitucional nº. 19/1998 garante que: “a União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios disciplinarão por meio de lei os consórcios públicos e os convênios de cooperação entre os entes federados, autorizando a gestão associada de serviços públicos, bem como a transferência total ou parcial de encargos, serviços, pessoal e bens essenciais à continuidade dos serviços transferidos". A finalidade da norma é a concretização da gestão associada entre os entes federados para o alcance de fins de interesse comum (BRASIL, 1988). 19 Segundo Cunha (2011), os membros gestores do setor saneamento básico são no mínimo quatro: as empresas privadas, a União, os estados-associados e os municípios, diretamente ou por meio de suas autarquias, empresas públicas e demais órgãos da administração pública indireta. Membros estes que podem desempenhar uma ou mais atribuições necessárias à prestação de serviços de saneamento básico que são: o planejamento, a titularidade a regulação e fiscalização, a operação ou o financiamento. O período para os municípios é favorável por um lado na questão de que há recursos consideráveis para aplicação no saneamento, mas por outro é de apreensão diante da complexidade das tarefas que envolvem o saneamento básico que a Lei 11445/07 lhes conferiu enquanto titulares dos serviços e suas realidades locais. Além de atender a legislação nos sentidos de planejamento, regulação e prestação do serviço o município tem de gerenciar situações tais como: busca por recursos para investimentos, dificuldade para organizar projetos e os planos de saneamento, pouca capacidade para identificar fontes de financiamento e acessar os recursos e outras limitações em maior ou menor grau (BRASIL, 2007). Nessa situação, a prática da gestão associada apresentada pela Lei 11.107/05 é a atraente opção gerencial administrativa que lhes pode na coletividade agregar potencialidade naquilo que lhes exceda a capacidade instalada (BRASIL, 2005). No campo do saneamento, os consórcios podem ser uma escolha ao padrão de concessão dos serviços às Companhias Estaduais, principalmente os municípios de pequeno porte, com pouca viabilidade de recursos, quase sempre se apresentando muito debilitado frente às obrigações constitucionais. Neles, a sustentabilidade da gestão depende em maior parte de subsídios somados provenientes de receitas de outros municípios (BRITTO, 2009). A colaboração por meio dos consórcios apresenta-se como uma nova conduta ao criar novas escalas e territórios para a instituição dos financiamentos. Assim, o consórcio torna-se uma terceira via entre a opção municipalista e os defensores da gestão estadual, formando uma nova relação entre os atores envolvidos (PITERMAN, 2014). 3.3 SANEAMENTO BÁSICO A prevenção e controle dos microrganismos presentes na água, solo e ar, capazes de proporcionar doenças nos seres humanos, está diretamente relacionada com saneamento básico, possuindo a função de manter o meio ambiente em condições favoráveis (CAVINATTO, 2003). 20 A definição de saneamento básico vem sendo socialmente construída ao longo da história da humanidade em função das condições materiais e sociais de cada época, sendo que suas ações sempre tiveram fortes vínculos com o setor de saúde pública. Devido a esses fatores o saneamento básico desempenha grande importância, tendo em vista proporcionar numerosos melhoramentos à saúde pública e garantir o controle da poluição e defesa do meio natural (FUNASA, 2014). Devido à necessidade da utilização dos recursos naturais, resíduos orgânicos e inorgânicos são gerados e constantemente depositados no meio ambiente sem o devido tratamento, ocasionando de poluição e contaminação. Somando também a isso os problemas de saúde causados pela deficiência do abastecimento de água potável e da coleta de esgoto, a poluição atmosférica em grandes cidades e a má gestão dos resíduos sólidos (OLIVEIRA; CARVALHO, 2010). Em conformidade com a Lei no 11.445, de 05 de janeiro de 2007 (BRASIL, 2007) entende-se que o saneamento básico é composto de conjuntos de serviços, infraestruturas e sistemas operacionais, sendo abrangida a limpeza e fiscalização das respectivas redes urbanas, que contemplam aos eixos de atuação apresentados na Figura 3 (FARIAS, 2011). Figura 3 - Eixos do Saneamento Básico Fonte: adaptada de Lei n°11.445 de 05 de janeiro de 2007 (BRASIL, 2007) 3.3.1 Abastecimento de água A água potável é a água própria para o consumo humano. Para ser considerada assim, ela deve atender aos padrões de potabilidade. Se ela contém substâncias que desrespeitam estes padrões, ela é denominada imprópria para o consumo humano. As substâncias que indicam esta Saneamento Básico Abastecimento de água potável Esgotamento sanitário Drenagem de águas pluviais Limpeza urbana e manejo de resíduos sólidos 21 poluição por matéria orgânica são compostos nitrogenados, oxigênio consumido e cloretos (ROOKE; RIBEIRO, 2010). Guerra (2011) apresenta os dados obtidos pela Pesquisa Nacional de Saneamento Básico (PNSB) de 2008, no que diz respeito ao abastecimento público de água potável, dos 5570 municípios existentes no País, em 2008, apenas 33 não dispunham de rede geral. Os dados exibidos apontam que 99,41% dos municípios são abastecidos por redes de água, porém, 7,4%, desta rede, não é abastecida com água tratada. A água requer tratamento adequado para ser possível consumi-la. Mas, todos os métodos têm suas limitações, por isso não é possível tratar água de esgoto para torná-la potável. Os procedimentos vão desde a simples fervura até correção de dureza e corrosão. As estações de tratamento se utilizam de várias fases de decantação e filtração, além de cloração, tornando assim, possível o seu consumo (INSTITUTO TRATA BRASIL, 2012). 3.3.2 Coleta e tratamento de esgotos “Os sistemas de esgotos sanitários são um conjunto de obras e instalações destinadas a ocasionar: coleta, transporte e afastamento, tratamento e disposição final das águas residuárias da comunidade, de uma forma adequada do ponto de vista sanitário” (STRIEDER, 2006, p.10). Segundo o que afirma Philippi Junior (2005), nas áreas urbanas, os esgotos são separados em: esgotos domésticos ou sanitários (originários de residências, comércio e instituições públicas), esgotos industriais (procedentes de indústrias), e esgotos especiais (vindos de instalações como hospitais, aeroportos e outros, que possam exigir gerenciamento distinto). Ocorrerão impactos ao ambiente e em decorrência disso, danos à saúde humana se esses esgotos não receberem o devido tratamento. Strieder (2006) diz que a água após o uso é eliminada com inúmeros resíduos adicionados, compondo o esgoto, que pode ser doméstico ou industrial. Distante das características originais, água agora esgoto, exige a instalação de um sistema de coleta e processo de tratamento antes de ser novamente reintegrada a natureza sem que está corra o risco de contaminação. 22 3.3.3 Drenagem Os sistemas de drenagem urbana são necessariamente sistemas preventivos de inundações, empoçamentos, erosões e acumulo de sedimentos pelo depósito de terra, areia, argila, detritos ou lixos, principalmente nas áreas mais baixas das comunidades propicias a alagamentos ou marginais de cursos naturais de água. No campo da drenagem urbana, os problemas agravam-se em função da urbanização sem controle e falta de políticas de desenvolvimento urbano (ROOKE; RIBEIRO, 2010). De acordo com Nielsen e Lauridsen (2010) cada rede de drenagem pode apresentar características diferentes em termos de construção e desemprenho. Em geral, existem dois tipos de sistemas de drenagem que possuem impactos diferentes no meio em que atuam, são eles: a) redes combinadas de drenagem: são redes que recebem as águas das precipitações e também do esgoto sanitário, misturando as duas em uma rede principal de escoamento, durante o período seco atuando somente como rede de esgoto sanitário. São projetadas e calculadas de forma diferente, pois atuam com as duas funções, consequentemente, os diâmetros dos tubos devem ser maiores que os projetados para uma bacia semelhante. São encaminhadas a bacias de detenção para posterior tratamento e despejo em cursos hídricos; b) redes separadas de drenagem: as águas provenientes das precipitações é coletada separadamente do esgoto sanitário, e encaminhada a galerias que são despejadas em cursos hídricos adjacentes, sendo operadas somente em dias de chuva. O esgoto sanitário é coletado em uma galeria especifica para tal, sendo conduzido a estações de detenção e tratamento para, posterior, lançamento em cursos hídricos. Dos 5570 municípios brasileiros, 94,5% oferecem manejo de águas pluviais, porém, apenas 12,7% destes contam com dispositivos coletivos de enfraquecimento e detenção de vazão. Destaca-se ainda que a eficácia dos sistemas está diretamente relacionada a estes dispositivos, capazes de decompor a potência das águas pluviais (IBGE, 2010). Explicando ainda Rooke e Ribeiro (2010) diz ainda que um adequado sistema de drenagem urbana, quer de águas superficiais ou subterrâneas, onde está drenagem for viável, proporcionará uma série de benefícios, tais como: aumento do sistema viário, diminuição de gastos com manutenção das vias públicas, valorização das propriedades existentes na área beneficiária, escoamento acelerado das águas superficiais, reduzindo os problemas do trânsito e da mobilidade urbana por ocorrência das chuvas, eliminação da presença de águas paradas e 23 lamaçais, rebaixamento do lençol freático, recuperação de áreas alagadas ou alagáveis, segurança e conforto para a população. 3.4 RESÍDUOS SÓLIDOS URBANOS (RSU) 3.4.1 Definição de resíduos sólidos urbanos Segundo a Associação Brasileira de Normas Técnicas – ABNT (1987), através da NBR 10.004 Resíduos sólidos – Classificação, define-se resíduos nos estados sólido e semi-sólido, que resultam de atividades de origem industrial, doméstica, hospitalar, comercial, agrícola, de serviços e de varrição. Ficam incluídos nesta definição os lodos provenientes de sistemas de tratamento de água, aqueles gerados em equipamentos e instalações de controle de poluição, bem como determinados líquidos cujas particularidades tornem inviável o seu lançamento na rede pública de esgotos ou corpos de água, ou exijam para isso soluções técnica e economicamente inviáveis em face à melhor tecnologia disponível. (ABNT, 1987, p. 01) Nesse contexto Monteiro et al. (2001) destaca que resíduos sólidos são todos os materiais indesejáveis e que necessitam serem removidos pois, quem o descarta considera o mesmo inutilizável. 3.4.2 Geração de resíduos e fatores influentes Eram produzidos, basicamente, excrementos como resíduos inicialmente. Com o início da atividade agrícola e a produção de ferramentas de trabalho e armas, surgiram os restos da produção e os próprios objetos, após a sua utilização. Como os materiais utilizados eram de origem natural, a sua disposição incorreta não causava grandes impactos ao meio ambiente. E o crescimento da população e densidade demográfica não tinham grande importância na época (BIDONI; POVINELLI, 1999). Bidoni e Povinelli (1999) destacam que com o crescimento da população e forte industrialização, determinaram um grande crescimento da geração de resíduos das mais diversas naturezas, que determinaram um processo continuo de degradação do meio ambiente com sérios impactos na qualidade de vida dos seres humanos. A geração de resíduos depende de fatores culturais, níveis e hábitos de consumo, rendas e padrões de vida da população, fatores climáticos e características como sexo e idade dos grupos populacionais. A situação econômica de um país também contribui diretamente a 24 geração de resíduos, em períodos de recessão econômica a quantidade coletada de resíduos diminui devido à reutilização e o decréscimo da geração (MAGALHÃES, 2008). Após a revolução industrial, os processos de produção tornaram-se mais eficientes, barateando preços e estimulando o consumo. Começando assim a produção em larga escala, de objetos de consumo e novas embalagens foram inseridas no mercado. Esses novos hábitos rapidamente mostraram outro lado, com problemas que se agravam gradativamente a cada dia, com a chamada “cultura do descartável”, que é o padrão de consumo dos países capitalistas, que, por estabelecerem uma comodidade para os usuários, dão preferência às embalagens descartáveis que também são uma grande fonte de lucro para as empresas. Desde então, os produtos descartáveis foram incorporados ao cotidiano pela facilidade que proporcionam aos usuários (DIAS; MORAES FILHO, 2006). A população brasileira apresentou um crescimento de 0,8% entre 2014 e 2015 e a geração per capita de RSU cresceu no mesmo ritmo. A geração total, por sua vez, atingiu o equivalente a 218.874 t/dia de RSU gerado no país, um crescimento de 1,7% em relação ao ano anterior (ABRELPE, 2015). Na maior parte das cidades os resíduos sólidos têm como destino final depósitos nos quais o lixo é simplesmente depositado sem qualquer tratamento, e em alguns casos, também são dispostos resíduos industriais e de serviços de saúde no mesmo local, de forma descontrolada e sem medidas precedentes de proteção ao meio ambiente ou à saúde pública, além da poluição visual, mau cheiro e desvalorização imobiliária da região (ANTONIO; RIBEIRO, 2011). 3.4.3 Classificação dos resíduos sólidos A NBR 10.004 separa os resíduos por fatores como a periculosidade referente às suas propriedades físicas, químicas ou infectocontagiosas, podendo apresentar risco à saúde pública, provocando ou acentuando, de forma significativa, um aumento de mortalidade ou incidência de doenças ou riscos ao meio ambiente, quando o resíduo é manuseado ou destinado de forma inadequada (ABNT, 1987). Para os efeitos da NBR 10.004, os resíduos são distribuídos em três classes, sendo: a) resíduos classe I – perigosos: São classificados como resíduos classe I ou perigosos os resíduos sólidos ou mistura de resíduos que, em função de suas características de inflamabilidade, corrosividade, reatividade, toxicidade e patogenicidade, podem oferecer 25 risco à saúde pública, provocando ou aumentando um aumento de mortalidade ou encontro de doenças e apresentar efeitos prejudiciais ao meio ambiente, quando manuseados ou dispostos de forma inadequada; b) resíduos classe II A - não-inertes: São classificados como Classe II ou resíduos não inertes os resíduos sólidos ou mistura de resíduos sólidos que não se enquadram na Classe I ou na Classe II – B. Tais resíduos podem ter propriedades como combustibilidade, biodegradabilidade ou solubilidade em água. São, essencialmente, os resíduos com as características do lixo doméstico; c) resíduos classe II B – inertes: São classificados como Classe II – B os resíduos sólidos ou mistura de resíduos sólidos que, quando amostrados de forma representativa, conforme a NBR 10.007 (ABNT, 2004), e submetidos ao teste de solubilização, segundo a NBR 10.006 (ABNT, 2004), não apresentem nenhum de seus constituintes solubilizados em concentrações elevadas aos padrões de potabilidade de água, isentando-se aspectos como: cor, turbidez, dureza e sabor. São os resíduos que não se degradam ou não se decompõem quando são simplesmente dispostos no solo, tais como resíduos de construção e demolição, solos e rochas derivados de escavações, vidros e certos plásticos e borrachas que não são facilmente decompostos. Resíduos sólidos também são conhecidos popularmente como “lixo”. Segundo a Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS) (BRASIL, 2012), os tipos são: a) lixo doméstico ou domiciliar: ele geralmente é constituído por sobras de alimentos, embalagens, papeis, papelões, plásticos, vidros, trapos, etc. Mas também podem conter produtos perigos (tóxicos ou inflamáveis) como produtos de limpeza (soda caustica, ácidos, água sanitária), solventes, tintas, produtos de manutenção de jardins (praguicidas), venenos, inseticidas, medicamentos, spray, pilhas, etc. Este lixo perigoso exige cuidado e atenção especial quanto ao seu destino final, por que contem substancias prejudiciais à saúde humana; b) lixo comercial: originários de estabelecimentos comerciais, como lojas, lanchonetes, hotéis, restaurantes, açougues, escritórios, bancos, etc. Os elementos mais comuns dos lixos comerciais são papeis, embalagens de madeira, papelões, plásticos, restos de alimentos, resíduos de lavagens, sabões, etc. Mas também podem conter os mesmo produtos perigosos dos lixos domésticos; c) lixo industrial ou agroindustrial: é toda e qualquer sobra da atividade industrial ou da agricultura, sendo também incluído o entulho das construções. Esses resíduos contem 26 geralmente resíduos tóxicos e perigosos, como ácidos, berílio, mercúrios, chumbo, dióxido de enxofre, oxidante, alcatrão, butano, cloro, agrotóxicos, fertilizantes, etc. As indústrias devem apresentar um plano específico para o tratamento desses resíduos, pois, eles são nocivos à saúde humana; d) lixo hospitalar: é constituído pelos resíduos de diferentes áreas dos hospitais, como refeitório (restos de comida), tecidos desvitalizados (restos provenientes de cirurgias), seringas descartáveis, ampolas, curativos, medicamentos, papeis, restos de laboratório. Nesse grupo comportam-se os resíduos sólidos derivados das unidades de medicina nuclear, radioterapia, radiologia e quimioterapia. Este lixo demanda cuidado e atenção específico, devendo ser coletado separadamente e destinados à queima, porque existem riscos desses resíduos transmitirem doenças infectocontagiosas; e) lixo público: é o entulho proveniente da varrição ou corte de galhos de árvores em ruas e avenidas públicas, mercados, feiras. 3.4.4 Acondicionamento dos resíduos sólidos urbanos Para o acondicionamento adequado dos resíduos sólidos urbanos é necessário possuir embalagens que contenham um bom desempenho e atinjam os requisitos de acondicionamento local e estático dos RSU. Os coletores estáticos e de varrição de rua devem ter um desempenho mecânico verificado de acordo com a vida útil desejada aos mesmos, ou conforme as normas internacionais que levam em consideração a reutilização (D’ALMEIDA; VILHENA, 2002). O acondicionamento inadequado do RSU pode ocasionar a proliferação de diversos organismos capazes de transmitir doenças oriundas do lixo, pois alguns animais usam os mesmo como abrigo, alimento e local ideal para reprodução (CALDERAN, 2013). Nesse contexto, Bidone e Povinelli (1999), descrevem que a acomodação inadequada do lixo pode, além de causar danos à saúde humana, gerar problemas ambientais, como a produção de lixiviados e percolados, altamente tóxicos devido aos componentes orgânicos e o nitrogênio amoniacal que estes contenham. 3.4.5 Coleta e transporte Conforme definição da ABNT – NBR 12.980/93, coleta e transporte significam o ato de recolher e transportar resíduos sólidos de qualquer natureza, utilizando veículos e equipamentos 27 apropriados para tal fim. A coleta e o transporte, em geral, podem ocorrer de dois modos: de maneira convenciona ou seletiva. Segundo Vesilind e Worrel (2010) a coleta de resíduos sólidos é um exercício para reduzir a desordem urbana. Os componentes dos resíduos sólidos estão espalhados por toda parte, e o papel dos coletores é reunir todo esse material em um único lugar. Em praticamente todo o mundo os sistemas de coleta de resíduos sólidos são indiferentemente sistemas pessoas/caminhões, feitas por homens e mulheres que atravessam uma cidade em caminhões e, após coletado todos os resíduos, são transportados para a destinação final, como aterros, local de compostagem, incineração, reciclagem ou lixões. A coleta convencional é a coleta que ocorre em cada residência, com horários e dias regulares. Os resíduos coletados nãos possuem uma separação previa. Após a coleta, os resíduos são levados ao local que serão dispostos. Já a coleta seletiva visa o recolhimento de resíduos previamente separados pelo indivíduo que gerou. E, para que isso possa ocorrer, é preciso que se tenha horários e dias regulares para que os indivíduos possam habituar-se (PELLIZZETTI; GHODDOSI, 2009). A recolha e o transporte dos resíduos da fonte para as instalações de destinação final ou eliminação envolvem muitas questões organizacionais, como: lixeiras para captação, veículos para coleta, frequência de coletas, rotas de coleta, gestão financeira, etc. A recolha e coleta são parte fundamental em todo esse processo, pois estabelecem uma interface entre a fonte geradora e a gestão de resíduos, que determina quais tecnologias podem ser viáveis e bem sucedidas e, consequentemente, faz com que seja obtido sucesso em todo esse sistema (NIELSEN; LAURIDSEN, 2010). 3.5 PROCESSAMENTO DOS RSU Segundo a FUNASA (2014) a gestão integrada de resíduos sólidos procura recursos para promover o desenvolvimento sustentável analisando aspectos econômicos, sociais, ambientais, culturais e políticos para o processamento dos RSU. Philippi Junior e Aguiar (2005) comentam que os métodos desenvolvidos visam tratar os resíduos como matérias-primas secundárias nas quais são empregados, em indústrias, processos tecnológicos que tem por finalidade a reinserção destes nos meios de produção com maior viabilidade econômica possível. 28 A prática de processamento do RSU varia de lugar para lugar. Esses resíduos podem conter papeis, tecidos, cerâmicas, couro, metais, vidro, restos de comida entre vários outros materiais orgânicos. Países como o Reino Unido, Áustria, Holanda e Suíça, a adoção do 3R (Reduzir, Reciclar e Reutilizar) é bastante difundida devido à falta de capacidades físicas para a implantação de aterros de grande porte. No Japão, as pesquisas sobre a reutilização dos resíduos de demolição da construção civil existem a mais de 25 anos, porém, pouco desses materiais reciclados são empregados novamente devido ao não cumprimento das normas prescritas (CHANDRAPPA; DAS, 2012). D’Almeida e Vilhena (2002) destacam as vantagens no tratamento e reciclagem dos RSU como sendo a preservação dos recursos naturais, economia de energia, diminuição dos impactos ambientais, diminuição do lixo aterrado e a geração de novos negócios e empregos. Chandrappa e Das (2012) comenta que no mundo em desenvolvimento, a reciclagem e recuperação dos resíduos começa dentro das próprias casas, reutilizando as sacolinhas plásticas para colorar outros objetos, as latas e frascos de alguns materiais alimentícios para colocar mantimentos da cozinha, restos de comida transformados em rações e adubos, plásticos podem ser derretidos e remodelados, e assim por diante com várias outras reutilizações. Grippi (2006) destaca nesse contexto, para a realidade brasileira, alguns métodos de processamentos baseados na compostagem, incineração e reciclagem. 3.5.1 Compostagem É a transformação microbiana aeróbica e estabilização de matérias orgânicas heterogêneas em condições aeróbicas e em estado sólido. É um processo exoergonômico, ou seja, libera muita energia, porém, boa parte dessa energia, cerca de 50 a 60%, é utilizada pelos microrganismos responsáveis pela fermentação e o restante é perdido como calor, gerando aumento da temperatura na massa (CHANDRAPPA; DAS, 2012). Dentre muitas definições, a FUNASA (2014), destaca que a compostagem moderna é um processo controlado de decomposição microbiana de oxidação e oxigenação de uma massa heterogênea de matéria orgânica no estado sólido e úmido, ocasionado por uma colônia mista de microrganismos, executadas em duas fases diferentes: a fase ativa, quando acontecem as reações bioquímicas de oxidação mais intensas predominantemente termofílicas, e a fase de maturação, quando acontece a humificação do material já estabilizado. 29 Mesmo que a compostagem seja muitas vezes apontada como meio natural de decomposição de resíduos sólidos, não fica totalmente isenta de impactos ambientais. Se for feita uma análise minuciosa, acerca da compostagem, sobre a liberação de dioxinas e organismos patogênicos que causam problemas a saúde humana, constata-se que ela pode ser mais prejudicial à saúde do que o efeito causado pela combustão do RSU. Embora ainda não exista nenhum estudo comprovado sobre isso, é verdade que a compostagem não pode estar totalmente fora de causar riscos à saúde (VESILIND; WORRELL, 2010). 3.5.2 Incineração É um processo que tem como objetivo a eliminação dos resíduos sólidos urbanos através da sua combustão assistida, reduzindo ao máximo possível os resíduos finais para conduzir ao aterro. Estes produtos, cinzas e escórias representam em peso, cerca de 20% dos produtos entrados, isto é, 16% da totalidade dos RSU produzidos (CORREIA, 2012). É um processo de queima do lixo em instalações especialmente projetadas para este fim. O objetivo é realizar a queima total e controlada do lixo. Assim reduzindo ele há material inerte, abatendo o peso e o volume (MÓL, 2007). De acordo com a FUNASA (2014) o entendimento de incineração em dois estágios adota os seguintes princípios: temperatura, tempo de resistência e turbulência. No primeiro estágio, os resíduos na câmara de incineração de resíduos são submetidos à temperatura mínima de 800˚C, que resulta na formação de gases que são processados na câmara de combustão. No segundo estágio, as temperaturas chegam de 1.000° C a 1.200° C. Uma prática muito utilizada segundo Correia (2012) no tratamento dos resíduos hospitalares perigosos para a saúde e certos resíduos industriais perigosos. Proporciona vantagens como a redução dos volumes a ser depositados nos aterros, podendo chegar a 90%, da eliminação de resíduos patogénicos e tóxicos e a produção de energia sob a forma de eletricidade ou de vapor de água. 3.5.3 Reciclagem O processo de reciclagem requer que a fonte geradora dos resíduos separem previamente os mesmos para que eles possam ser coletados separadamente do restante. Muitos dos RSU podem ser reciclados para serem remanufaturados e usados novamente, sendo os mais 30 importantes o aço, o papel, alumínio, plástico, vidro e restos de vegetais (VESILIND; WORRELL, 2010). Nesse contexto, de acordo com as informações descritas pela FUNASA (2014), destacam-se quatro etapas principais no processo de reciclagem, sendo que a primeira compreende a separação dos materiais em vidros, papéis, plásticos, metais, alumínio e resíduos da construção civil, na segunda etapa tem-se o beneficiamento a fim de transforma-los em materiais triturados ou fardos, já terceira etapa consiste na comercialização e por último há a incorporação destes em processos industriais. Entretanto, para que a reciclagem de um determinado resíduo seja viável é necessário um estudo dos custos e benefícios. Sendo assim, um material poderá ser reciclado, caso seu valor de venda tenha condições de concorrer com o valor de mercado de um material não reciclado, ou ainda, se os gastos com sua reciclagem forem menores que os gastos com o transporte, tratamento e deposição final dos mesmos (CORREIA, 2012). 3.6 DISPOSIÇÃO FINAL DE RESÍDUOS SÓLIDOS Segundo Murgo, Ribeiro e Rafael (1995, p.15) “a forma mais econômica de se dar destino final adequado aos resíduos sólidos é por meio de aterros, sejam eles sanitários, controlados, com lixo triturado ou com lixo compactado”. No Brasil, segundo a ABRELPE (2015), nos locais onde existe um gerenciamento efetivo dos resíduos, os RSUs são depositados em grande parte na forma correta, o problema se encontra naqueles que não possuem o sistema de gerenciamento e que ainda representam grande parte dos municípios. O gerenciamento de resíduos provenientes de residências e indústrias tem se tornado um problema não apenas devido à quantidade, mas também devido à sua complexidade. Tanto em países desenvolvidos quanto naqueles em desenvolvimento, os aterros sanitários são os locais mais utilizados para a disposição final desses resíduos, pois é uma opção mais viável economicamente quando comparado a outras estratégias de gestão de resíduos, como a compostagem e a incineração (SOARES, 2014). 31 3.6.1 Vazadouro a céu aberto (Lixão) Lixões ou vazadouros, exemplificado na Figura 4, na maioria das vezes, são locais distantes do centro das cidades no qual são depositados no solo, a céu aberto, todos os tipos de resíduos coletados. Compõem uma forma imprópria de descarga final, podendo levar à contaminação dos solos e dos corpos hídricos (superficiais e subterrâneos) pela lixiviação de chorume, tinta e resinas, por exemplo. Consequentemente ligado a isso, há impactos econômicos, como a desvalorização das áreas próximas aos lixões, e impactos sociais, como prática da catação de resíduos recicláveis ou para o próprio consumo, incluindo-se aí a alimentação. Apesar de todas essas considerações, é a alternativa mais comum na grande maioria das cidades dos países em desenvolvimento, pois constitui um procedimento de baixo custo (MAGALHÃES, 2008). Figura 4 - Lixão ou vazadouro a céu aberto Fonte: ABRELPE (2013) Os lixões são a forma de disposição de rejeitos e destinação de resíduos sólidos mais antiga e precária, pois são locais onde os resíduos sólidos são descartados a céu aberto sem nenhuma preocupação quanto aos impactos negativos causados, são capazes de poluir lençóis freáticos, cursos d’água, solo e vegetação; atraindo moscas, baratas e animais peçonhentos (COPOLA, 2011). Segundo a Lei Federal n° 12.305 de 02 de agosto de 2010 que institui a Política Nacional de Resíduos Sólidos e altera a Lei ° 9.605 de 12 de fevereiro de 1998, determinando a proibição da disposição dos resíduos sólidos na forma de lixões ou vazadouros a céu aberto, lançamentos em praias e cursos hídricos, queima em céu aberto ou em instalações sem o devido 32 licenciamento, exceto emergência sanitário, desde que solicitada autorização e acompanhamento dos órgãos competentes (BRASIL, 2010). 3.6.2 Aterro controlado Murgo et al (2010) diz que o aterro controlado, (Figura 5) é um tipo de lixão reformado, tornando o local de destinação de resíduos um sistema adequado perante à legislação, porém, inadequado ambientalmente, já que contamina o solo natural. Este tipo de aterro não prioriza medidas para à diminuição da poluição, pois, não recebe camada impermeabilizante antes do despejo dos resíduos, ocasionando poluição do solo, do lençol freático e de todo o ambiente ao seu redor. Figura 5 - Esquema de funcionamento do aterro controlado Fonte: SILVA (2016) Para Morais (2013), aterro controlado diverge do lixão apenas no fato de que o lixo recebe uma cobertura diária de material inerte, entretanto, a cobertura é realizada de forma não eficaz, sendo insuficiente para resolver os problemas de poluição gerados pelo resíduo, isso porque os processos não são isolados. Já para Fundação Estadual do Meio Ambiente (FEAM, 2010), aterros controlados são locais de deposição de RSU paliativos apenas para que ocorra a transição entre o lixão e o aterro sanitário. “O objetivo do aterro controlado não é prevenir a poluição e sim diminuir os impactos ao meio ambiente. É uma forma de destinação de lixo inferior ao aterro sanitário e corre risco de interdição pelo órgão competente após alguma ocorrência grave. ” (MURGO; RIBEIRO; RAFAEL, 2010). 33 3.7 ATERRO SANITÁRIO Aterros sanitários, representado na Figura 6, refere-se a uma instalação previamente planejada para a posterior disposição de resíduos sólidos, visando não causar danos ao meio ambiente e a saúde pública (MUNÕZ, 2002). Figura 6 - Esquema de um aterro sanitário Fonte: FAEM (2010) Murgo, Ribeiro e Rafael (2010) definem o aterro sanitário como uma técnica de disposição de resíduos sólidos urbanos no solo sem acarretar danos à saúde pública e à sua segurança, diminuindo o máximo possível os impactos ambientais, procedimento este que utiliza princípios de engenharia para alocar os resíduos sólidos à menor área possível e reduzi- los ao menor volume permissível, cobrindo os mesmos com uma camada de terra após conclusão de cada jornada de trabalho, ou a intervalos menores, se for necessário. A Constituição Federal inicialmente determinou que o gerenciamento dos serviços públicos de limpeza urbana, de interesse local, é de competência municipal (BRASIL, 1988), envolvendo os resíduos domiciliares, comerciais (até determinado volume, dependendo do município) e públicos. Logo compete ao município legislar, gerenciar e definir o sistema de saneamento básico local, o que inclui a implantação e operação do aterro sanitário (SOARES, 2014). 34 Os aterros sanitários geralmente ficam localizados em áreas onde o potencial de degradação da terra, da água e do ar são os menores possíveis. Da mesma forma, ele também deve estar localizado longe de aeroportos para evitar com que o acumulo de aves ocasionem acidentes com aviões. Deve ficar localizado em locais onde não ocorram alagamentos e também não ficar próximos de reservas de vida selvagem, monumentos ou outros lugares ecologicamente importantes (CHANDRAPPA; DAS, 2012). 3.7.1 Ecossistemas dos aterros sanitários Segundo Faria (2002) a partir da disposição, e indiferentemente da composição dos resíduos, as populações de microrganismos presentes nos mesmos começam, em condições ambientais favoráveis, a multiplicar-se no ambiente do aterro, agindo como um verdadeiro reator, estabelecendo assim um meio ambiente, no sentido ecológico da palavra. O ecossistema de um aterro, considerado como um local de tratamento, pode apresentar quatro tipos de tratamentos: a) digestão anaeróbia: A digestão anaeróbia, consiste em uma inertização do lixo de modo muito demorada, isto significa, que o término das reações orgânicas alcançando, assim, a mineralização é dado de forma muito alongada, quando confrontado com demais tratamentos; b) digestão aeróbia: Incide no ato de injetar ar no lixo, mediante sistema de bombeamento, o qual eleva excessivamente os custos diretos e indiretos. Em contrapartida, não existe a formação do metano e a estabilização da matéria orgânica é mais breve. Propicia maior estabilidade do aterro, pela melhor condição de drenagem; c) tratamento biológico: A decomposição biológica ocorre em células reatoras, decompondo a fração orgânica sólida do material em líquidos e gases que necessitam ser coletados e tratados. No final do processo, é possível, a reabertura da célula para separação do composto orgânico e do inerte; d) digestão semi-anaeróbia: Esse tratamento busca excluir a desvantagem da implantação de sistemas de injeção de ar no lixo, mas sem perder os seus melhoramentos, que são obtidos através dos sistemas de drenagem de biogás e de percolados e a aeração natural por convecção. 35 3.7.2 Métodos de disposição em aterros sanitários O aterro sanitário deve conter com um sistema de tratamento dos resíduos sólidos apropriado para cada tipo de característica física e geológica da área e também da quantidade de lixo a ser disposto. O sistema selecionado corretamente garante a manutenção da qualidade de vida do entorno, com mínimas influências para o meio ambiente. O processo de aterramento possui três formas de execução: método trincheira ou vala, método de rampa e método de área (FARIA, 2002). 3.7.2.1 Método trincheira ou vala O método é recomendado quando existe uma profundidade adequada de material de cobertura disponível na área a ser escavada, o local do aterro for plano ou ligeiramente inclinado, onde o lençol freático não está próximo à superfície e quando a produção diária de lixo não exceder preferencialmente 10 toneladas (FARIA, 2002). Consiste na abertura de valas, como exemplificado na Figura 7, onde os resíduos são depositados, compactados e em seguida cobertos com solo. As valas podem ser de pequena ou grande dimensão, dependendo da quantidade de lixo gerado na cidade (ARDENGHI, 2013). Figura 7 - Método de vala ou trincheira Fonte: D’Almeida e Vilhena (2010) No caso de pequenos municípios as trincheiras são abertas com equipamentos de uso frequente em escavação, como uma retroescavadeira. Normalmente, o operador delimita a vala e executa a escavação, empilhando o solo extraído sobre uma das laterais da vala. Os resíduos são descarregados no lado livre das trincheiras, sem o acesso do caminhão coletor em seu interior, iniciando por uma das extremidades da vala. O material originário da escavação é 36 utilizado no recobrimento dos resíduos, o que é feito, preferencialmente, a cada dia, com tolerância para frequências menores unicamente em circunstâncias especiais (FARIA, 2002). 3.7.2.2 Método área Esse método é diferenciado do método de valas ou trincheira, pois, não há escavação, o lixo é depositado acima do solo. É utilizado quando o terreno não propicia a escavação e o lençol freático é muito superficial. O sistema de drenagem de gás e chorume são feitos da mesma forma acima da superfície. O material de cobertura pode ser retirado de uma fonte externa ou escavado no local (REINHART; BATARSEH; BERGE, 2011). É descrito por Ardenghi (2013) como ações consistentes na escavação da rampa, onde o lixo é disposto e compactado, e em seguida coberto com solo. Comumente é empregado em áreas de meia encosta, onde o solo natural ofereça boas condições para ser escavado e possa ser usado como material de cobertura. Os resíduos são descarregados e compactados, compondo uma elevação em forma de pirâmide, como apresenta a Figura 8, que recebe uma cobertura de solo ao final da operação de um dia. A primeira elevação estabelece o parâmetro necessário para a sequência da célula, em qualquer sentido (FARIA, 2002). Figura 8 - Método área Fonte: D’Ameida e Vilhena (2010) 3.7.2.3 Método rampa Nesse método os resíduos são depositados em uma rampa, encosta, depressão ou barranco, aproveitando a topografia local, exemplificado na Figura 9. Essa técnica permite que a 37 geometria da encosta ou rampa dite os procedimentos de cobertura (REINHART; BATARSEH; BERGE, 2011). Figura 9 - Método rampa Fonte: D’Almeida e Vilhena (2010) O aterro é executado depositando-se o resíduo sólido municipal no solo, o qual é compactado por um trator de esteira em diversas camadas, de até 3,0 m ou 4,0 m de altura, após, é colocado o material de cobertura e compactado, formando assim, as células sanitárias. Uma das desvantagens desse método é que os resíduos ficam no caminho natural das aguas, sendo primordial uma ótima drenagem. Uma vantagem é que não é necessário material de empréstimo para a cobertura (FARIA, 2002). 3.8 PROJETO DE ATERRO SANITÁRIO Para Pereira e Bazzo (2006) projeto é um plano de execução, é um planejamento para se alcançar objetivos dentro de metas de orçamento e tempo; é o conjunto de atividades que precede a execução de um produto, sistema, processo ou serviço. Projetar é estabelecer um conjunto de procedimentos e especificações que, se postos em prática, resultam em algo concreto ou em um conjunto de informações. Portanto, o processo do projeto é a aplicação específica de uma metodologia de trabalho à resolução de problemas. O Apêndice A traz alguns itens que devem compor um projeto de aterro sanitário para estarem em conformidade com a NBR 8.419 que trata da apresentação de projetos de aterros sanitários de resíduos sólidos urbanos. 38 3.9 INFRAESTRUTURAS BÁSICAS DE UM ATERRO SANITÁRIO A Figura 10 apresenta as infraestruturas básicas para a instalação e operação de um aterro sanitário. Figura 10 - Fluxo grama das infraestruturas básicas de um aterro sanitário Fonte: Autor 3.9.1 Preparo da base do aterro Esta fase começa com a terraplanagem do terreno, retirando a vegetação, rochas e outros materiais e deixando o terreno no layout definido pelo projeto. Após a conclusão da terraplanagem, inicia-se a construção da camada de impermeabilização inferior. A argila é espalhada no local, homogeneizada e compactada com equipamento necessário. A compactação Projeto Licenciamento ambieltal Preparo da base do aterro Impermeabilização da base e laterais Drenagem dos gases Drenagem do líquido percolado Tratamento do líquido percolado Compactação dos resíduos sólidos Cobertura dos resíduos sólidos Drenagem de águas pluviais 39 da argila deve ser feita em camadas menores que 25 cm de espessura, na umidade ótima (SNSA, 2008). Para Borgatto (2006) este sistema depende dos aspectos geológicos e geotécnicos, hidrogeológicos da área de implantação do aterro e suas características, com o objetivo de proteger a área contra escoamento dos fluidos durante e após a vida útil do aterro, tendo como requisitos básicos ser impermeável, durável e possuir resistência mecânica e química. Os serviços de impermeabilização inferior do aterro de resíduos domiciliares devem ser começados logo após a conclusão da remoção da camada de solo superficial da área operacional e consistem, essencialmente, na instalação da manta PEAD ou na confecção de uma camada de argila com grau de permeabilidade inferior a 10-6cm/s e espessura superior a 80 centímetros, que pode ser substituída pelo terreno natural, desde que contenha as mesmas características (MONTEIRO et al., 2001). 3.9.2 Impermeabilização da base e laterais do aterro O sistema de tratamento da base tem a função de proteger a fundação do aterro, visando evitar a contaminação do subsolo e aquíferos subjacentes, pela migração de percolados ou do biogás. Ele deve apresentar características como resistência mecânica e intempéries, estanqueidade, durabilidade, compatibilidade físico-química-biológica como os resíduos que irão ser aterrados e seus percolados (FARIA, 2002). A NBR 13.896 (ABNT, 1997) define impermeabilização como sendo “assentamento de camadas de materiais, sejam eles de origem natural ou artificial, que impeçam ou diminuam significativamente a infiltração dos líquidos percolados provenientes da decomposição da massa de resíduos. ” Impermeabilização da base consiste no conceito de confinar os resíduos por meio de barreiras impermeáveis, que protege, consequentemente, os resíduos da entrada de líquidos externos e o subsolo da infiltração dos gases e percolados oriundos do aterro. De modo geral é empregado elementos sintéticos para a impermeabilização, do tipo geomembrana PEAD (polietileno
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