Buscar

TCC_Engenharia-Civil

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 41 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 41 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 9, do total de 41 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

UNIVERSIDADE ESTÁCIO DE SÁ - UNESA
Campus Cabo Frio - RJ
 
Ethel Merola Minagé e Silva
Geovane Paiva Porto
Reutilização de águas pluviais no canteiro de obras: uma revisão bibliográfica 
Cabo Frio
2018
UNIVERSIDADE ESTÁCIO DE SÁ - UNESA
Campus Cabo Frio - RJ
Ethel Merola Minagé e Silva
Geovane Paiva Porto
Reutilização de águas pluviais no canteiro de obras: uma revisão bibliográfica 
Trabalho apresentado a Universidade Estácio de Sá como requisito parcial para obtenção do título de Engenheiro Civil.
Orientador: Me. Ronen Antunes
										
Cabo Frio
2018
Autorizo, apenas para fins acadêmicos e científicos, a reprodução total ou parcial deste TCC.
Ethel Merola Minagé e Silva
Geovane Paiva Porto
Reutilização de águas pluviais no canteiro de obras: uma revisão bibliográfica 
Trabalho apresentado a Universidade Estácio de Sá como requisito parcial para obtenção do título de Engenheiro Civil.
Aprovado em ____/____/_____.
BANCA EXAMINADORA
_________________________________________________
Ronen Frankley Mendonça Antunes – Orientador
Prof. Esp.
Universidade Estácio de Sá - UNESA
__________________________________________________
Diego Mureb Quesada - Membro
Prof. P. Sc.
Universidade Estácio de Sá - UNESA
_______________________________________
Fausto Baroni – Membro
Prof. M. Sc. 
Universidade Estácio de Sá - UNESA
						
Cabo Frio
2018
AGRADECIMENTOS
 
Geovane Paiva Porto
Agradeço a Deus e a todos que direta ou indiretamente contribuíram para que eu pudesse realizar mais uma etapa de minha carreira profissional. Em especial agradeço a minha esposa que pacientemente compreendeu minha ausência e o carinho que me foi dedicado apesar de eu passar horas em frente ao computador e envolto com trabalhos, os quais me tomavam grande parte do tempo, e desta forma eu não podia atendê-la conforme merecia.
Aos professores e a todos; o meu MUITO OBRIGADO e que Deus esteja sempre presente em nossos pensamentos e atitudes para que possamos propiciar um amanhã cada vez melhor.
Ethel Merola Minagé e Silva
Quero agradecer a Deus por ter me ajudado a superar as dificuldades e a tornar possível a realização de um sonho muito importante para mim.
Não posso esquecer todo apoio que a universidade me deu através dos recursos disponíveis e de toda estrutura que facilita a grande harmonia entre todos os intervenientes.
Aos professores reconheço e agradeço profundamente a confiança e a orientação. Sem eles não teria conseguido.
À minha família e amigos tenho um agradecimento muito especial porque acreditaram em mim desde o primeiro instante. Sou quem sou porque vocês estiveram e estão sempre ao meu lado.
Por fim, mas não menos importante, deixo uma palavra de gratidão a todas as pessoas que de alguma forma tocaram meu coração e transmitiram força e confiança em mim.
“Semear ideias ecológicas e plantar sustentabilidade é ter a garantia de colhermos um futuro fértil e consciente” 
						 (Sivaldo Filho)
LISTA DE SIGLAS
	CBCS
	Conselho Brasileiro de Construção Sustentável
	CBIC
	Câmara Brasileira da Indústria da Construção
	CESAN
	Companhia Espírito Santense de Saneamento
	EUA
	Estados Unidos da América
	LEED
	Leadership in Energy and Environmental Design 
	NBR
	Norma Brasileira
	OSCIP
	Organização da Sociedade Civil de Interesse Público
	SABESP
	Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo
	
	
LISTA DE FIGURAS
	Figura 1-
	Perfil do consumo doméstico
	19
	Figura 2-
	Tipos de águas 
	24
	Figura 3-
	Águas cinzas e negras 
	25
	Figura 4-
	Tipo de decantador 
	27
	Figura 5-
	Tipo de decantador 
	28
	Figura 6- 
	sistema de decantação da água da betoneira MRV 
	29
	Figura 7-
	Sistema de captação de água da chuva 
	32
	Figura 8-
	Índice pluviométrico anual 
	33
	Figura 9-
	Modelo de Captação de água de chuva MRV 
	35
	Figura 10-
	Modelo para água de reuso 
	35
RESUMO
O presente estudo teve como intuito investigar a possibilidade de reutilização de águas pluviais nos canteiros de obras. Abordando os temas economia e sustentabilidade, hoje vê-se a real necessidade de se adotarem medidas para evitar o desperdício de um recurso tão importante e natural como a água potável, utilizada amplamente nas obras em suas diversas etapas. Sabe-se que apenas 2% de toda a água do planeta é potável, e com o passar dos anos esse recurso diminui cada vez mais, então a adoção de sistemas de captação de águas pluviais, águas cinzas, águas utilizadas para lavagem de equipamentos e sistemas para evitar o desperdício de água em canteiros de obras seria uma boa opção para solucionar esse problema. Estudos em canteiro de obras revelaram que cerca de 17% das atividades relacionadas com a construção civil utilizam água limpa. Assim, como efeito do estudo foi realizada uma revisão bibliográfica em livros e artigos científicos sobre o tema, a fim de analisar a possibilidade de reutilização de águas pluviais no canteiro de obras a fim de economia da água e promoção da sustentabilidade. Conclui-se que embora ainda pouco utilizado nos canteiros de obra, mas comumente para o uso doméstico, e além de economizar nas finanças da empresa, estudos estatísticos revelaram que a utilização de águas pluviais em nada diminui a qualidade da obra.
Palavras-chave: Sustentabilidade, Reutilização, Águas Pluviais, canteiro de obras.
ABSTRACT
The present study aimed to investigate the possibility of reuse of rainwater in construction sites. Addressing the issues of economy and sustainability, we now see the real need to adopt measures to avoid wasting a resource as important and natural as drinking water, widely used in works in its various stages. It is known that only 2% of all the water on the planet is potable, and over the years this resource is decreasing more and more, so the adoption of rainwater harvesting systems, gray water, water used to wash equipment and systems to avoid waste of water in construction sites would be a good option to solve this problem. Studies at the construction site revealed that about 17% of the activities related to construction use clean water. Thus, as a result of the study, a literature review was carried out in books and scientific articles on the subject, in order to analyze the possibility of reusing rainwater at the construction site in order to save water and promote sustainability. It is concluded that although still little used in the construction sites, but commonly for the domestic use, and in addition to saving in the finances of the company, statistical studies revealed that the use of rainwater in no way diminishes the quality of the work.
Key words: Sustainability, Reuse, Rainwater, construction site.
SUMÁRIO
	1 INTRODUÇÃO
	12
	1.1 Objetivo
	12
	1.1.1 Objetivo Geral
	12
	1.1.2 Objetivos Específicos
	13
	1.2 Justificativa
	13
	1.3 Metodologia
	14
	2 REVISÃO DE LITERATURA
	15
	2.1 A Sustentabilidade na Construção Civil
	15
	2.2 O uso inteligente da água
	18
	2.3 Medidas para redução de gasto com a água
	21
	2.3.1 Medidas para redução de gasto com a água em obras
	23
	2.4 Reutilização de águas cinzas
	25
	3 REUTILIZAÇÃO DE ÁGUA EM OBRAS
	27
	4 REUTILIZAÇÃO DE ÁGUAS PLUVIAIS EM CANTEIRO DE OBRAS
	31
	4.1 Cálculo de volume de águas
	33
	4.2 Exemploda Construtora MRV
	35
	5 CONCLUSÃO
	37
	6 REFERÊNCIAS
	38
	
	
	
	
1 INTRODUÇÃO
	A água é um recurso limitado e precioso. Este recurso natural ocupa cerca de 3/4 da superfície terrestre, e apenas 3% desta quantidade é de água doce. Entretanto, 80% da água doce estão congeladas nas calotas polares ou geleiras, ou em lençóis subterrâneos muito profundos. Logo, 20% do volume total de água doce do planeta encontra-se imediatamente disponíveis para o homem. A distribuição desigual da água pelas diferentes regiões do planeta faz ainda com que haja escassez deste recurso em vários países. (SILVEIRA, 2008).
	A escassez de água é um problema que afeta todo o mundo. No Brasil, apesar da porcentagem de 12% da água doce do planeta estar concentrada no nosso país, a crise hídrica é uma preocupação que também atinge os brasileiros.
	O uso exacerbado da água favorece à atual crise hídrica vivida em todo o mundo, precisando-se de alternativas mais eficazes para um melhor aproveitamento deste valioso bem. Uma delas é o reuso de águas potável e pluviais e águas de chuva em canteiros de obras da Construção Civil.
	Diante deste cenário, faz-se necessária a aplicação de conhecimentos referentes à preservação da água. Sendo a necessidade de discutir sobre o uso de sistemas de reaproveitamento de águas de chuva na construção civil como uma opção viável para combater a escassez desse recurso.
1.1 Objetivos
1.1.1 Objetivo geral
	Mostrar a importância da reutilização de águas pluviais e potáveis em obras, visando à economia desse recurso natural limitado e expor os benefícios que esse método sustentável pode trazer para a área da construção civil e sua contribuição para o meio ambiente.
1.1.2 Objetivos Específicos
Descrever a sustentabilidade na construção civil como fator de contribuição para o meio ambiente.
Analisar o histórico da construção civil e do desperdício de água na construção civil.
Discutir as possibilidades de reuso de águas pluviais nos canteiros de obras e sua contribuição para a sustentabilidade.
1.2 Justificativa
	
	Pode-se observar que a água potável vem se tornando um recurso cada vez mais escasso no país, onde o mesmo é essencial para que o ser humano possa viver em condições de salubridade adequada e suprir suas necessidades básicas do dia-a-dia, como alimentação e higiene pessoal.
	Na construção civil, a utilização da água é essencial em praticamente todas as etapas da obra, então uma medida sustentável deve ser empregada nos canteiros de obras, para que seja poupado o uso da água potável sem a sua reutilização e que seja realizado o aproveitamento das águas pluviais que também podem ser empregadas nas atividades de interesse no canteiro.
	Estudos em canteiro de obras revelaram que cerca de 17% das atividades relacionadas com a construção civil utilizam água limpa. “Além de economizar nas finanças da empresa, estudos estatísticos revelaram que pode ser economizado entre 30% e 40% o consumo desse recurso no canteiro, segundo pesquisa da Companhia Espírito Santense de Saneamento (CESAN)”, revela o artigo da revista Mobuss Construção.
	De acordo com a Revista AECweb, segundo Ricardo Franci Gonçalves, “é possível economizar entre 30% e 50% o consumo de água no canteiro, além de reduzir a criação de esgoto”, visto que nem todos os canteiros têm redes de saneamento adequadas à execução da obra. 
1.3 Metodologia
	O trabalho tem por metodologia o estudo baseado em fontes bibliográficas sobre o tema. Foram realizadas pesquisas referentes aos assuntos pertinentes ao estudo em questão. Após, foi realizada uma organização das ideias e informações adquiridas nas pesquisas consistindo na elaboração do texto. 
Todo o trabalho será realizado em três capítulos e as referência utilizadas e anexos no fim do trabalho. 
O primeiro capítulo terá um caráter introdutório, composto da importância do tema, objetivos, justificativa de escolha e metodologia. O segundo capítulo versa uma contextualização de breve histórico da construção civil e importância de se atentar a sustentabilidade nas obras, processos e vantagens advindos do uso. 
O terceiro capítulo discute sobre as possibilidades de reuso das águas pluviais no canteiro de obras como promoção da sustentabilidade.
2 REVISÃO DA LITERATURA
2.1 A sustentabilidade na construção civil
O tema Sustentabilidade sempre foi bem abordado, conforme Brundtland (1987), onde ele dizia: "suprir as necessidades da geração presente sem afetar a habilidade das gerações futuras de suprir as suas". Analisado este ponto, foram realizadas diversas pesquisas e estudos em todo o mundo e chegou-se a um consenso que alguns métodos podem ser adotados em uma construção sustentável nos parâmetros vigentes quanto às questões econômico-ambientais.
A Construção Civil, começou a ter crescimento no Brasil a partir dos anos 1940, durante o governo do então presidente Getúlio Vargas (1930-1945). O estado fez um forte investimento estatal no desenvolvimento de estrutura para construção civil e militar, fazendo com que a década fosse considerada o auge da Construção Civil no Brasil (FILHA, 2013).
A partir da década de 50, a construção civil no Brasil passou a receber um menor incentivo do Estado, deixando essa a cargo da iniciativa privada. Duas décadas depois, durante o regime militar, a presença do estado voltou a acontecer com mais força, e as construtoras particulares passaram a construir somente os prédios/apartamentos comerciais. Com a década de 80, começou a devolver um retorno do capital privado na construção civil e, no começo dos anos 1990, já se havia uma preocupação maior com a qualidade do produto final, passando as construtoras a qualificar mais a mão de obra de suas equipes. Percebe-se aqui segundo Filha (2013, p.4) que: “no decorrer da história da Construção Civil no Brasil, os papéis do Estado e da iniciativa privada se revezaram no topo da lista de investidores”.
O crescimento da construção civil no Brasil, começou a demandar principalmente no século XX. Para a SEBIC, a construção vem registrando incremento consistente em suas atividades desde 2004, deixando para trás décadas de dificuldades. Em 2010 atingiu desempenho recorde, o que se configurou como uma base de comparação elevada. Em 2011 os números, como esperado, entraram em um patamar de maior equilíbrio e sustentabilidade, significando que o ciclo virtuoso iniciado em 2004 continua. A Construção Civil permanece registrando resultados positivos (apesar de inferiores a 2010) e crescimento de atividades. 
A partir de 2006 começou-se a verificar no setor da construção civil mudanças significativas na organização desse setor, nível de atividade e estrutura de produção, bem como a competição, atrelado a constante importância da sustentabilidade, mudanças em relação a melhoria e economia na construção dos imóveis.
A construção sustentável tem como objetivo atender às necessidades atuais de moradia, ambientes de trabalho e infraestrutura, sem comprometer a capacidade das gerações futuras de atender suas próprias necessidades em tempos futuros. Ele incorpora elementos de eficiência econômica, desempenho ambiental e responsabilidade social - e contribui, na maior medida, para a inclusão da qualidade arquitetônica, inovação técnica e transferência (FANTINNATI, FERRÃO, ZUFFO, 2014).
A construção sustentável envolve questões como a concepção e gestão de edifícios; desempenho de materiais; tecnologia e processos de construção; eficiência energética e de recursos na construção, operação e manutenção; produtos e tecnologias robustos; monitoramento a longo prazo; adesão a padrões éticos; ambientes socialmente viáveis; participação dos stakeholders; saúde ocupacional e segurança e condições de trabalho; modelos inovadores de financiamento; melhoria das condições contextuais existentes; interdependências da paisagem, infraestrutura, tecido urbano e arquitetura; flexibilidade na construção de uso, função e mudança;e a disseminação do conhecimento em contextos acadêmicos, técnicos e sociais relacionados. (FANTINNATI, FERRÃO, ZUFFO, 2014).
Vários documentos internacionais foram sendo realizados para a promoção da sustentabilidade, um dos últimos, a Agenda 21 em 1992, que promove que as “políticas ambientais de todos os Estados deveriam estar encaminhadas para aumentar o potencial de crescimento atual ou futuro dos países em desenvolvimento e não deveriam restringir esse potencial nem colocar obstáculos à conquista de melhores condições de vida para todos”.[1: A Agenda 21 é um programa de ação que viabiliza o novo padrão de desenvolvimento ambientalmente racional. Ele concilia métodos de proteção ambiental, justiça social e eficiência econômica.]
Diante desses documentos, é criada ainda a lei ambiental- Lei 9.605/ 1998: 
Seção III
Da Poluição e outros Crimes Ambientais
Art. 54. Causar poluição de qualquer natureza em níveis tais que resultem ou possam resultar em danos a saúde humana, ou que provoquem a mortandade de animais ou a destruição significativa da flora:
Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa.
§ 1 . Se o crime e culposo:
Pena - detenção, de seis meses a um ano, e multa.
§ 2 . Se o crime:
I - tornar uma área, urbana ou rural, imprópria para a ocupação humana;
II - causar poluição atmosférica que provoque a retirada, ainda que momentânea, dos habitantes das áreas afetadas, ou que cause danos diretos a saúde da população;
III - causar poluição hídrica que torne necessária a interrupção do abastecimento público de água de uma comunidade;
IV - Dificultar ou impedir o uso público das praias;
V - ocorrer por lançamento de resíduos sólidos, líquidos ou gasosos, ou detritos, óleos ou substancias oleosas, em desacordo com as exigências estabelecidas em leis ou regulamentos:
Pena - reclusão, de um a cinco anos.
§ 3 . Incorre nas mesmas penas previstas no parágrafo anterior quem deixar de adotar, quando assim o exigir a autoridade competente, medidas de precaução em caso de risco de dano ambiental grave ou irreversível.
Art. 55. Executar pesquisa, lavra ou extração de recursos minerais sem a competente autorização, permissão, concessão ou licença, ou em desacordo com a obtida:
Pena - detenção, de seis meses a um ano, e multa.
parágrafo único. Nas mesmas penas incorre quem deixa de recuperar a área pesquisada ou explorada, nos termos da autorização, permissão, licença, concessão. (LEI, 9605/1998)
No mundo da construção civil, as edificações têm a capacidade de contribuir significativamente para um futuro mais sustentável para o nosso planeta. Estima-se que os edifícios nos países desenvolvidos representem mais de 40% do consumo de energia ao longo de sua vida útil (incorporando a produção de matéria-prima, construção, operação, manutenção). Adicionando a isso o fato de que, pela primeira vez na história da humanidade, mais da metade da população mundial vive em ambientes urbanos e fica claro que a atenção em sustentabilidade na construção se tornou pilares vitais para garantir a viabilidade ambiental, econômica e social a longo prazo (FANTINNATI, FERRÃO, ZUFFO, 2014).
No Brasil, por exemplo, há iniciativas nesse tocante, como por exemplo, a criação em agosto de 2007, do Conselho Brasileiro de Construção Sustentável (CBCS), com objetivos de otimizar o uso dos recursos naturas. Sendo o país com maior disponibilidade de água potável, essas iniciativas podem ser maiores. 
Isso porque, segundo o Green Building Council Brasil, foi destacado que:
Nos grandes centros urbanos do país, as edificações – tanto no segmento comercial, residencial ou público – são responsáveis pelo maior consumo de água potável. Nesse ponto, pode-se destacar que o movimento da construção sustentável, que preza pelo consumo inteligente desse recurso, desde a execução da obra, até no momento de uso e de manutenção, tem contribuído de forma significativa para a mudança desse quadro (FARIA, 2015, p.3).
O CBCS, é uma Organização da Sociedade Civil de Interesse Público (OSCIP), de âmbito nacional, como resultado da articulação entre lideranças empresariais, pesquisadores, consultores, profissionais atuantes e formadores de opinião. O intuito dessa OSCIP é contribuir para a geração e difusão de conhecimento e de boas práticas de sustentabilidade na construção civil. (CBCS, 2018)
Em relação a comunidade, pode-se citar:
Em São Paulo, por exemplo, a SABESP produz 60 m³/s de água para abastecer a região metropolitana, já considerando as intervenções no sistema de distribuição, como a diminuição na vazão do fluxo de água, e programas de conscientização junto à população. O sistema Cantareira é responsável por 34% desta produção. Com o potencial de redução de consumo nos prédios “green buildings”, economizaríamos 24 m³/s. Ou seja, com a união de uma política integrada de eficiência que englobe a construção, reforma e operação das edificações, além da conscientização da população, seria possível atingir, sem grandes investimentos e com ótimas taxas de retorno, uma economia de água superior a quantidade de água produzida pelo sistema Cantareira por ano (FARIA, 2015, p. 4)
Assim, o interesse da organização é mostrar a sociedade, como também as empresas que trabalham com construção civil, a importância do aprimoramento de práticas de sustentabilidade nesse setor. Um dos exemplos, são as construções a seco, como as realizadas com drywall, steel frame, tipos de obras que não trazem desperdício de água, descartam poucos resíduos, sem contar na diminuição do tempo de obra.
2.2 Uso inteligente da água
	A agricultura é o maior consumidor de água do mundo, de acordo com o relatório “Global Water Security”, e até 95% do suprimento de água dos países em desenvolvimento é usado para a agricultura. Nos EUA, cerca de 35% da água doce é consumida pela agricultura, e a energia termoelétrica usa 49% do fornecimento de água, de acordo com o mesmo relatório (BACHMAN, 2012).
Embora a indústria consuma uma parcela menor, quase 5% do suprimento de água, essa porcentagem ainda representa um grande volume de água doce. Portanto, a indústria pode desempenhar um papel importante na redução da taxa de consumo de água. Pode ser surpreendente o quanto a indústria consome durante o processamento. Em seu livro, Simon cita que até 7.060 galões de água podem ser usados para produzir 1 tonelada de leite; 30.000 gal. produzir 1 tonelada de carne; 543.000 gal. para produzir 1 tonelada de papel e 27.500 gal. para produzir 1 tonelada de papel reciclado (BACHMAN, 2012).
Em relação a construção civil, segundo o US Green Building Council informa, que a mesma consome 21% de toda a água tratada do planeta e que 13,6% é de responsabilidade das edificações. Porém já há os edifícios verdes (sustentáveis) que já vêm implementando certas estratégias economizadoras que podem chegar a 50% de redução no consumo de água potável. (STRAUB, 2017)
Segundo Rebouças (2003), o melhor instrumento para combater a escassez e a degradação da qualidade da água é a gestão integrada, compartilhada por todos os tipos de usuários. O que se busca é a redução de perdas e desperdícios, o uso racional (ou eficiente) e o reuso da água.
	O gasto desordenado da população brasileira é muito grande, bem como o desperdício como aponta o gráfico abaixo, sobre o gasto de água:
Figura 1- Perfil do consumo doméstico
Fonte: Rocha et al, 1999.
	A necessidade de compreensão de um consumo inteligente vem sendo cada vez mais apontado como alternativa para a sustentabilidade. O reuso nesse aspecto, nada mais é do que o processo de utilização da água por mais de uma vez, tratada ou não, para o mesmo ou outro fim. A reutilização pode ser direta ou indireta, decorrente de ações planejadas ou não.
Os sistemas de reutilização potável usam processos avançados de tratamento para remover os contaminantes das águas residuais, de forma a atender aos padrões de água potável e outros objetivos apropriados de qualidade da água. Normalmente, a água recuperada altamente tratada é então liberadaem um corpo de água superficial ou aquífero (também chamado de tampão ambiental) antes de ser retirada, tratada posteriormente, misturada com outras fontes de abastecimento de água convencionais e canalizada para residências e edifícios.
	De acordo com Rebouças (2015), no espaço urbano a água de reuso serve para irrigação de campos de golfe, quadras esportivas, jardins, torres de resfriamento de indústrias, parques e cemitérios, descarga em toaletes, lavagem de veículos, reserva de combate a incêndios, recreação, construção civil, limpeza de tubulações, e sistemas decorativos (espelhos d’água, chafarizes, fontes luminosas), entre outros.
Embora crescente entre as indústrias brasileiras, o reuso da água não é uma prática comum em residências e prédios públicos no Brasil. O aproveitamento da água de reúso, assim como o da água da chuva, depende de modificações nas instalações hidráulicas e cuidados especiais de filtração e desinfecção. Existem projetos de reúso residencial em teste, e, mesmo enquanto não se tem resultados definitivos, sempre se pode adotar a gestão sustentável da água, por meio da redução do consumo.
A construção civil vem sendo apontada também como grande responsável no gasto desordenado com água e, portanto, fonte de pesquisa para esse estudo, na discussão sobre medidas para a redução de gasto com água nas obras.
2.3 Medidas para redução de gastos com água 
A água potável acessível às pessoas está cada vez mais escassa como é possível constatar. Por isso, soluções para o gasto desordenado em obras pode promover com que a engenharia vise à ecoeficiência das construções nos dias de hoje.
Os sistemas de reutilização não-potáveis ​​geralmente têm objetivos de qualidade da água mais baixos do que os sistemas potáveis, e o nível de tratamento varia dependendo do uso final. A reutilização não potável geralmente requer um “sistema de distribuição dupla” - sistemas separados de tubos para distribuir água potável e não potável. Dependendo da extensão do sistema de distribuição de água não potável da comunidade, água recuperável não-potável pode ser usada para lavar vasos sanitários, utilizar em canteiro de obras, parques aquáticos ou gramados residenciais, fornecer hidrantes, lavar carros e ruas, encher fontes decorativas e muitas outras finalidades. (FARIA, 2015)
Para Faria (2015), diante de um quadro tão dramático, a sociedade está sendo obrigada a adotar medidas para gerenciar de forma eficiente os recursos hídricos. 
Segundo Faria (2015), um dos principais desafios do país atualmente é encontrar soluções econômicas e significativas para superar as dificuldades em relação ao cenário energético e hídrico pelas quais o Brasil vem passando. A escassez e os investimentos necessários em infraestrutura já impactam no custo da água para a população. Assim, ele comenta:
Vários são os projetos para tentar amenizar os problemas de abastecimento. Dentre eles, podemos citar as obras para transposição de rios, o trabalho de despoluição e a proteção de mananciais. Todas estas alternativas requerem altos investimentos, tempo para planejamento e execução de obra, gerando benefícios no médio e longo prazo. Em paralelo a isso, soluções de curto prazo podem e devem ser adotadas para a melhor utilização da água, tais como a redução do desperdício, e maior eficiência também no reaproveitamento. (FARIA, 2015, p.2)
A seguir estão alguns métodos comuns de tratamento de água, de grosso a alto grau de pureza:
Flutuação de Ar Dissolvido- este é um método de tratamento grosseiro pelo qual o ar difuso forma bolhas finas que interagem com várias impurezas e formam aglomerados flutuantes que podem ser retirados, retro lavados ou de outra forma removidos.
Tratamento Biológico- Este método usa bactérias naturais para decompor as impurezas (orgânicas) baseadas em carbono em compostos mais simples. Essencialmente, as bactérias usam os orgânicos como fonte de alimento. Os orgânicos devem ter um nível e características constantes para que as espécies bacterianas sobrevivam de maneira sustentável.
Meios granulares, como areia, ou membranas poliméricas, são usados ​​para prender ou imobilizar as bactérias, de modo que elas não acabem no fluxo parcialmente purificado. Biorreatores de membranas são comuns para esse tratamento.
Filtração- Esta é uma categoria ampla de técnicas de tratamento de água que vão desde filtros de areia comuns a sofisticados microfiltros de cerâmica e poliméricos. Geralmente, os filtros retêm fisicamente partículas não dissolvidas. Essas partículas variam em tamanho, medidas em milímetros a submicrons. (Um mícron é 1 milionésimo de um metro) (FANTINNATI, P.; FERRÃO, A.; ZUFFO, 2014)
Os filtros são projetados para serem camadas de rocha, areia e outras mídias que podem ser lavadas na traseira; cartuchos descartáveis ​​tecidos ou plissados; ou camadas cruzadas de cerâmica ou poliméricas que concentram as partículas no lado da alimentação da membrana.
Carvão Ativado Granulado- Este método de tratamento, também chamado de filtragem de carbono, utiliza carvão mineral, cascas de coco e outros materiais orgânicos que possuem propriedades únicas para atrair (adsorver) compostos orgânicos dissolvidos. Estes geralmente são configurados como filtros de profundidade, mas também podem ser incorporados em filtros de cartucho, com capacidade de adsorção limitada. (FANTINNATI, P.; FERRÃO, A.; ZUFFO, 2014)
As bactérias que estão imobilizadas nas partes inferiores do carbono decompõem os orgânicos à medida que são adsorvidos nas partículas do meio de carbono. Isso aumenta a capacidade do carbono para remover impurezas orgânicas.
Os filtros de carbono também possuem propriedades catalíticas úteis para a remoção de compostos à base de cloro. Normalmente, os compostos de cloro são adicionados para controlar o crescimento bacteriano e, em seguida, devem ser removidos antes de serem usados ​​em processos industriais.
Amolecimento- Suavização é a remoção dos minerais magnésio e cálcio que “endurecem” a água. Isso é importante para eliminar o dimensionamento em caldeiras, superfícies aquecidas e peças. De longe, a técnica de amaciamento mais amplamente usada atualmente é a resina de troca catiônica operada em forma de sódio em uma configuração de leito fixo. À medida que a água dura passa pela mídia, uma resina à base de polímero, cálcio e magnésio é “trocada” por sódio. A mídia é quimicamente ativa, então pode ser usada por anos simplesmente regenerando-a com cloreto de sódio (sal). (FANTINNATI, P.; FERRÃO, A.; ZUFFO, 2014)
Outros métodos usam membranas poliméricas, tais como nano filtros de fluxo cruzado, que possuem propriedades suavizantes e concentram os sais duros no lado da alimentação da membrana em um fluxo resultante de “rejeição”. Este método elimina o sal como um produto químico regenerante, mas envia mais água para o dreno, a menos que o fluxo de rejeição possa ser usado para outros fins. (IDEM)
Desinfecção- o objetivo da desinfecção é destruir e controlar bactérias e outros microrganismos. Embora os compostos de cloro e outros oxidantes químicos sejam desinfetantes comuns, onde eles são implantados é de fundamental importância. (BACHMAN, 2012)
Deionização- esse método é a remoção completa de todos os íons (cátions e ânions). Em algumas indústrias, isso é chamado de remoção de sal ou cinzas. Dois dos métodos de tratamento mais comuns são a troca iônica e a osmose reversa.
A troca iônica é semelhante ao amolecimento, com uma resina de troca aniônica operada na forma de hidróxido, com o hidróxido de sódio como regenerador químico. A resina catiônica deve ser operada na forma de hidrogênio e regenerada com ácido (sulfúrico ou clorídrico). A remoção completa de cátions e ânions é realizada em níveis medidos em partes por bilhão, mesmo em partes por trilhão, se necessário. (BACHMAN, 2012)
2.3.1 Medidas para redução de gasto com água em obras
A Construção Civil tem papel fundamental nesse sentido, assim, cabe a ela promover medidas para redução do desperdício e utilização defontes alternativas de água nas edificações. Com tais iniciativas podem proporcionar uma economia de água de até 40%. 
Para Dutra (2018), o reuso da água já vem sendo uma solução utilizada por alguns projetos de engenharia com visão sustentável. Em alguns casos, inclusive, trata-se de uma obrigação. Há leis municipais que já estabelecem programas de reaproveitamento das águas nas edificações. 
As ações incluem a captação, armazenamento e reúso da água das chuvas e das águas cinzas (ou servidas). Os sistemas para isso devem ser concebidos e executados com base no diagnóstico de uma empresa de Engenharia. Em alguns casos, a instalação pode ser dificultada devido à falta de espaço para novas tubulações e reservatórios, mas há alternativas que serão aqui discutidas. A prazo de compreensão segue abaixo a imagem com a diferenciação de tipos de águas:
Figura 2- Tipos de águas
Fonte: Dutra, 2018.
Já em projetos para edifícios novos, as medidas de uso racional da água devem estar compatibilizadas com os projetos de arquitetura, estrutura, ar-condicionado, automação predial e paisagismo. É preciso também considerar o custo inicial da implantação do sistema e a redução dos custos de operação do edifício, sempre prevendo o retrofit dos equipamentos. Assim:
Nos grandes centros urbanos do país, as edificações, tanto no segmento comercial, residencial ou público, são responsáveis pelo maior consumo de água potável. Nesse ponto, pode-se destacar que o movimento da construção sustentável, que preza pelo consumo inteligente desse recurso, desde a execução da obra, até no momento de uso e de manutenção, tem contribuído de forma significativa para a mudança desse quadro (DUTRA, 2018, p.3).
Segundo Faria (2015), para se conseguir uma “verde” ou ecologicamente correta, que utiliza tecnologias que vão desde a captação de água da chuva, torneiras que diminuem a vazão de água, e descargas inteligentes, por exemplo, gastam 40% a menos de água em relação a uma construção comum, de acordo com levantamento do Green Building Council Brasil, entidade que concede  as certificações LEED – Leadership in Energy and Environmental Design no país às construções sustentáveis. Atualmente até 2015 existiam 245 edificações certificadas LEED no Brasil.
Abaixo a quantidade de águas cinzas e negras descartadas:
Figura 3- Águas cinzas e negras
Fonte: Clarke e King (2005)
	As águas cinzas podem ser reaproveitadas em obras de diversas formas, sobre essas será vista no tópico seguinte.
2.4 Reutilização de águas cinzas
	Como conceito as águas cinzas são quaisquer águas descartadas de sobras proveniente de banhos, máquinas de lavar roupa e lavatórios de banheiro. São águas que não entraram em contato com águas negras (com resíduos de fezes, urina e outros). 
	Desta forma, segundo Lopes (2016), essas águas com pouquíssimos resíduos podem ser usadas em descargas, lavar quintal, regar plantas e etc. Cerca de 8 quilos de roupa lavada na máquina (usa-se 100 litros de água), podem ser utilizadas para dar 16 (dezesseis) descargas.
	Nas obras utiliza-se também um grande volume de água que podem ser reutilizados para diversos fatores, como a água utilizada na lavagem de ferramentas, das betoneiras, etc. 
Segundo Silveira existem quatro tipos de reuso: 
O reuso indireto, que é aquele não planejado, quando após alguma atividade do homem, ela é descarregada no meio ambiente e é utilizada a jusante, de maneira intencional e não controlada). Tem-se o reuso indireto planejado da água (ocorre quando a água, tratada, é descarregada de forma planejada nos corpos de águas superficiais ou subterrâneas, para ser utilizada a jusante, de modo controlado, no atendimento de alguma necessidade), reuso direto planejado da água (ocorre quando a água, após o seu tratamento, é encaminhada diretamente para o seu ponto de descarga até o local que será reutilizada, não sendo descarregada no meio ambiente) e reciclagem de água (é um caso particular do reuso direto planejado, e acontece como reuso interno, antes da descarga da água em um sistema geral de tratamento ou outro local de disposição).(SILVEIRA, 2008,p.39)
O aproveitamento das águas pluviais, que será analisado como foco nesse estudo é uma alternativa no combate ao gasto desordenado deste importante recurso natural. A captação de água da chuva, vem sendo uma prática bastante utilizada em vários países, como Austrália e Alemanha. Sobre isso, será visto no capítulo seguinte.
	
3 REUTILIZAÇAO DE ÁGUA EM OBRAS 
	Desde o canteiro de obras mais simples, como as grandes construções com uso de caminhões e betoneiras, tem um grande consumo de água. A lavagem por exemplo dessa betoneira, ocasiona um desperdício gigantesco de água, podendo ser reutilizado em outras etapas da obra.
Segundo o estudo de Oliveira et al (2017), em uma usina de concreto são gastos em média 16.800 litros de água por dia para lavagens dos 21 caminhões betoneira. Para lavar cada balão de caminhão, que comporta 8 m³, são gastos em média 800 litros de água por dia. Assim, a reutilização de água é feita mediante aproveitamento do descarte da água utilizada e colocada em decantadores. 
A água utilizada nas betoneiras precisa ainda lavar mais uma vez para que não haja resíduo de concreto e fique duro. A empresa do estudo de Oliveira et al (2017), utiliza a água do interior dos balões de betoneiras para uma viabilidade ambiental e econômica, pois esse reuso da água irá gerar economia financeira para a usina.
 A água da lavagem da betoneira é tratada no decantador, e depois bombeada para a caixa de água subterrânea para armazenamento e reuso. A água poderá ser reutilizada nas lavagens de caminhão.
Figura 4- Tipo de decantador
Fonte: Oliveira et al (2017)
Figura 5- Tipo de decantador
Fonte: Oliveira et al (2017)
Para a instalação de um sistema de reaproveitamento de água, a empresa certamente terá economia como o meio ambiente, visto que se não houvesse reuso da água do decantador seria necessário a compra de mais 885.000 litros para ser utilizados na lavagem dos caminhões.
No que tange a isso, a lavagem das betoneiras é responsável por 11% do consumo total de água utilizado em uma usina de concreto, segundo Heber Martins (2015), que é alto em tratando de uma empresa em que a água é um de seus principais elementos.
Segundo o estudo de Oliveira et al (2017), após a instalação de um sistema de reaproveitamento de água, houve uma economia de 14 mil reais, isso porque se não houvesse o sistema, a empresa teria que gastar a mais 885.000 litros para completar a lavagem dos caminhões.
Outra empresa que trabalha com reutilização de água é a construtora MRV, a companhia fez uma economia significativa de água em 2016, com a implantação em seus canteiros de obras de sistemas para reaproveitamento e coleta da água. Somente no ano de “2016, a MRV economizou mais de 73 mil m³ de água com a reutilização, o equivalente ao volume de 29 piscinas olímpicas. O reuso de água nos canteiros ainda representou uma economia de R$ 268 mil para a companhia”. (MRV,2017) 
O reaproveitamento de água nos canteiros é realizado de diversas formas, uma delas com as águas pluviais sendo coletadas por meio de pontos de drenagem que desaguam em reservatórios para armazenamento e que depois são destinadas ao uso em sanitários. Nos vestiários, a água drenada dos ares-condicionados também é reaproveitada nos banheiros. (MRV, 2017)
Segundo o gestor executivo de Segurança, Saúde e Meio Ambiente da companhia, a água usada nas betoneiras também era reutilizada após o processo de decantação:
O recurso que anteriormente era descartado, agora é desviado para três tanques, o primeiro com a função de decantação dos sólidos maiores, o segundo decanta os materiais menores e o terceiro armazena a água. “Esse sistema permite economizarmos a água que antes não tinha uso. Mesmo após a recuperação dos reservatórios após a crise hídrica, a MRV tem se empenhado para reduzir a utilização, eliminar o desperdício e reaproveitar aomáximo esse recurso tão fundamental. (MRV, 2017)
Figura 6- sistema de decantação da água da betoneira MRV
Fonte: MRV, 2017
A empresa tem técnica de gestão ambiental, que coordena o trabalho realizado e diz que, segundo a MRV (2018) após realizar a limpeza da betoneira ou caminhão betoneira (caminhão que prepara o concreto aplicado na construção) utiliza-se um sistema de decantação da água, e a água utilizada no processo escorre para as caixas de decantação (como do modelo acima na figura). Geralmente, são três caixas para o sistema, onde a última caixa faz o armazenamento dessa água que já foi decantada, ou seja, ao final essa última caixa, a água já está mais clara, e pode ser reutilizada para lavar ferramentas e molhar o canteiro, ajudando a minimizar a poeira. Pode-se ainda, utilizar caixas de água neste sistema ou manilhas".
A empresa utiliza ainda, um sistema de reaproveitamento de água para o mictório dos banheiros utilizados pelos operários. Este sistema se vale do reuso da água das torneiras, que iria para o descarte, sendo assim, direcionada para os mictórios. Um sistema prático, simples, e que gera economia ao meio ambiente.
Por esse motivo a MRV tem várias certificações por manter os canteiros com iniciativas sustentáveis e priorizando o meio ambiente, orientando a todos sobre a importância de iniciativas para a economia de água e energia elétrica.
 
4 REUTILIZAÇÃO DE ÁGUAS PLUVIAIS EM CANTEIROS DE OBRAS
A utilização de água da chuva pode trazer vários benefícios, como a redução do consumo de água da rede pública (e reduz o uso também e o custo), auxilia na contenção de enchentes, encoraja a conservação da água, entre outras vantagens.
Para Silveira (2008), a captação de água da chuva é uma medida eficaz no desperdício de água utilizada nos canteiros de obras, além dos benefícios socioambientais e diminuição de gastos para empreiteiras.
Para reutilizar a água da chuva, se faz necessário um sistema de reaproveitamento e esse mostra que o custo para a implantação é cerca de 1% do valor da obra.
Segundo Spezzio (2015), as normas e leis que regulamentam essa captação são: NBR 15.527/2007, que trata do “Aproveitamento de água de chuva de coberturas em áreas urbanas fins não potáveis” e também a Portaria- MS 518/04, que trata da qualidade da água. 
Segundo Silveira (2008), a NBR 15.527/2007 dispõe todos os requisitos para o reaproveitamento da água pluvial que são coletadas em coberturas de áreas urbanas, e trata das águas que passam por tratamento para fins que não são potáveis. 
Uma das formas mais simples de sistemas de coleta e aproveitamento de água da chuva é através dos telhados. A água da chuva cai nos telhados e escoa por condutores verticais e horizontais (calhas) que direcionam a água para um reservatório, o qual pode ser construído a partir de diferentes materiais, dentre eles, a alvenaria de tijolo, aço, polietileno ou o concreto armado. A quantidade de água coletada pelo sistema depende do tamanho da área de captação (telhados, laje de edificação, calçadão, dentre outros), da precipitação pluvial do local e do coeficiente de Runoff, ao passo que, para determinar o dimensionamento da cisterna que receberá a água da chuva, usam-se como base de cálculo a área de captação, a média de precipitação na região e a demanda mensal do prédio em que se pretende instalar o sistema de aproveitamento (FERNANDES, MEDEIROS NETO e MATTOS, 2007, p. 05).
Figura 7- Sistema de captação de água da chuva
Fonte: Friburgo filtros
	
O sistema é algo bem simples e não necessita de filtros. Segundo May (2004), nos estados com clima semiárido brasileiro, há chuvas irregulares e alta taxa de evaporação potencial. O subsolo semiárido apresenta predominância de estrutura cristalina (aproximadamente 80%) com ausência de lençol freático, mesmo com a capacidade de disponibilidade de água sendo pouco, a limitada disponibilidade hídrica pode ser minimizada com a a captação de água de chuva para fins não potáveis, como a Construção Civil.
O estudo de Dantas e Ananias (2017), analisou o estudo de caso de Santos (2015) na Revista Téchne, onde abordou a possibilidade de um sistema de aproveitamento de água de chuva na Construção Civil, implantado por uma construtora na Região 2, no estado de São Paulo e na região Sul do Brasil. Foi utilizado uma técnica com um reservatório a fim de ser utilizada posteriormente em bacias sanitárias, lavatórios, limpeza de ferramentas e irrigação de jardins.
O sistema utilizado para o aproveitamento de água pluvial no canteiro foi composto por duas caixas d’água: uma para captação da água e decantação das partículas grosseiras contidas nela, e a outra servindo para o armazenamento e a utilização. Também foi necessário o uso de canos de PVC, válvula de retenção (para evitar o fluxo de água) e o hidrômetro, o qual fornece a quantidade de economia de água. Segundo o estudo o sistema é fácil e de baixo custo. (SANTOS, 2015, apud DANTAS, ANANIAS, 2017) 
De acordo com Rocha, Barreto e Ioshimoto (1999), é necessário, antes da aplicação de um sistema de captação de água da chuva, a saber ao certo a quantidade de água a ser descartada, como também, o tamanho do tanque de armazenamento, sendo necessário avaliar o tamanho do telhado e incidência de chuvas na região, de acordo com a norma da NBR- 15527/2007.
4.1 Cálculo do volume de chuvas
Com o índice pluviométrico médio em mãos, pode-se então calcular o volume médio de água que o telhado em estudo seria capaz de coletar mensalmente. Assim, pode-se realizar uma tabela para mensurar a quantidade de chuva durante o ano e, assim poder realizar a implantação de um sistema de reuso. 
Segue abaixo um modelo da Revista Eletrônica em Gestão, Educação e Tecnologia Ambiental:
Figura 8- Índice pluviométrico anual
Fonte: Oliveira, et al, 2016.
	O índice é importante porque, uma vez que se fala em água da chuva, é preciso, segundo Oliveira et al (2016), “ter ciência de que se está lidando com fatores externos e que independem de ações humanas para sua ocorrência”. O volume e ocorrência de chuvas não podem ser previstas com certeza absoluta, mas há fatores que auxiliam nas previsões e preparação para determinada época, que é o índice pluviométrico, como foi visto acima.
Assim, munido do índice pluviométrico é possível organizar a implantação de um sistema de reuso para ser utilizado no canteiro de obras, e o índice pluviométrico pode ser adequado ao tempo que durará em média a obra.
	No caso de obras, a água a ser reutilizada não precisa passar necessariamente por filtros, seguindo os itens abaixo do sistema de captação:
1. Calha e crivo de 2mm (para filtração de impurezas); 
2. Separador de fluxo (descarte da água inutilizável); 
3. Reservatório 1 (decantação); 
4. Extravasor de água (para ocasiões esporádicas); 
5. Bomba de recalque; 
6. Filtro; 
7. Caixa d’água (água pronta para ser utilizada na construção civil).
A adoção de sistemas similares visa primordialmente a economia de água potável, contribuindo em uma obra mais sustentável. Com as constantes mudanças climáticas, o ciclo da água é afetado e pensar em economizar e reutilizar a água passa a ser uma saída mais inteligente para o canteiro de obras.
4.2 O Exemplo da Construtora MRV
As imagens a seguir, mostram a construtora MRV e os sistemas de captação de águas da chuva para fins não potáveis.
Figura 9- Modelo de Captação de água de chuva
Fonte: MRV, 2017
Figura 10- Modelo para água de reuso MRV
Fonte: MRV, 2017
 
	Especialistas em gestão ambiental da MRV, segundo Bertolucci (2018), dizem que as construtoras devem sempre coletar a água da chuva, e também a que cai dos aparelhos de ar-condicionado dos escritórios administrativos e sala de engenheiros, assim como a água das pias. Se tratada, essas águas podem até serem utilizada para fins potáveis.
5 CONCLUSÃO
A construçãocivil é uma das áreas que mais cresce no Brasil, diante disso, há uma necessária atenção voltada ao tema de construção sustentável, visto como foi conferido nesse estudo, a construção civil é responsável por quase 21% da água gasta no planeta.
Verifica-se ainda que a água potável como necessidade para a vida humana e bem de consumo, ela precisa ser economizada e, por isso buscou-se no estudo, investigar a possibilidade de economias na construção civil, utilizando para isso o reuso da água.
Escolheu-se o reuso das águas pluviais no canteiro de obras, visto que além de utilizar uma água não potável no canteiro de obras, o uso da mesma para fins potáveis. 
No canteiro de obras, foi possível perceber que além da coleta da água pluvial através de sistema de captação (utilizado por construtoras) para reuso nas obras, pode-se utilizar também a água que cai dos ares-condicionados dos escritórios e pias para o reuso no canteiro.
Foi mostrado o exemplo da construtora MRV onde o sistema de captação de águas pluviais e o reuso, fizeram ter economia tanto da água potável que seria utilizada como no valor a ser destinado ao gasto. Concluindo assim, que é possível utilizar essa forma de captação para economia e sustentabilidade. 
6 REFERÊNCIAS
AGENDA 21. Capítulo 18. Disponível em http://www.ecolnews.com.br/agenda21/index.htm Disponível em: out.2018.
BACHMAN, G. Water reuse, recycling, conservation in manufacturing. FMA, 2012. 
BRASIL, Lei 9605/12 fevereiro de 1998. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L9605.htm Acesso em: out. 2018.
BURTLAND, J. Relatório de Avaliação de investimentos sustentáveis. In: RETCHMAN, Marcos. Avaliação de investimentos sustentáveis. Rio de Janeiro: Navona, 2013.
CONSTRUTORA MRV. Reutilização de água. 2017. Disponível em: https://www.mrv.com.br/institucional/pt/relacionamentos/releases/canteiros-de-obras-da-mrv-engenharia-reforcam-iniciativas-de-reutilizacao-de-agua Acesso em: nov.2018.
CUNHA et al. O Reuso de Água no Brasil: a Importância da Reutilização de Água no País. Enciclopédia Biofera, Centro Científico Conhecer – Goiânia, GO, Vol. 7, N. 13, 2011.
DANTAS, ABL, ananias, pr. Reúso de água de chuva em canteiro de obras. Workshop internacional de Água no semiárido brasileiro. Artigo de Conclusão de curso. UNIFACISA Centro Universitário, 2016.
DUTRA, H. Reuso de água nas edificações. Disponível em: <https://www.sienge.com.br/blog/reuso-da-agua-nas-edificacoes/> Acesso em: out. 2018.
FANTINNATI, P.; FERRÃO, A.; ZUFFO, A. Indicadores de sustentabilidade em engenharia: como desenvolver. Rio de Janeiro: Elsevier, 2014.
FARIA, F. Economia de água em construções sustentáveis. Jur. 2015. Disponível em: < http://www.condominiosverdes.com.br/economia-de-agua-em-construcoes-sustentaveis/> Acesso em: out. 2018.
FILHA, Dulce C.M. et al. Construção Civil no Brasil: investimentos e desafios. Revista Perspectiva do Investimento: 2010-2013. Disponível em: <http://www.bndes.gov.br/SiteBNDES> Acesso em: out. 2018.
MAY, S. Estudo de viabilidade do aproveitamento de água de chuva para consumo não potável em edificações. 2004. 159 f. Dissertação (Mestrado) – Escola Politécnica da Universidade de São Paulo. São Paulo. 2004.
OLIVEIRA, DM. et al. Reuso de água de lavagem de caminhões betoneira em uma usina de concreto. Revista eletrônica de educação da Faculdade Araguaia. Vol 12. p. 143-155, 2017.
OLIVEIRA, JPG. et al. Reuso da água da chuva na produção de blocos de concreto não estrutural. Revista Eletrônica em Gestão, Educação e Tecnologia Ambiental Santa Maria, v. 20, n. 1, jan.-abr. 2016, p. 487−496.
REBOUÇAS, A. C. Água no Brasil: abundância, desperdício e escassez. Bahia Análise & Dados, Salvador, v. 13, n. Especial, p. 341-5, 2003.
RILLO, J. Viabilidade Econômica do Reuso da Água na Construção Civil. Trabalho de Conclusão de Curso. São Paulo: Universidade Anhembi Morumbi, 2006.
ROCHA, A. L., BARRETO, D.; IOSHIMOTO, E. Caracterização e monitoramento do consumo predial de água. São Paulo, janeiro, 1999.
SILVEIRA, B. Q. Reuso da água em edificações residenciais. Monografia apresentada ao Curso de Especialização em Construção Civil da Escola de Engenharia da UFMG, 2008. 44p.
STRAUB, E. Consumo de Água na Construção Sustentável. AECWEB, 2017. Disponível em: < https://www.aecweb.com.br/cont/a/consumo-de-agua-na-construcao-sustentavel_8741> Acesso em: ago. 2018.

Continue navegando