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QUESTÃO AMBIENTAL Faz apenas algumas décadas que os primeiros ambientalistas, cientistas e pesquisadores passaram a defender a preservação dos mananciais e dos biomas, a redução no consumo de energia, a deposição adequada do lixo e a reciclagem de materiais. A diferença, agora, é que essa visão ambientalista contamina a economia globalizada, levando empresas e governos a reconsiderarem seus modelos econômicos. Isso faz com que sejam promovidas campanhas de conscientização que atingem largamente a população. O meio ambiente transforma-se numa questão estratégica para a vida econômica, social e cultural, e o desenvolvimento tem de ser sustentável – ou seja, deve incluir em seus pressupostos a manutenção de recursos naturais e o bem-estar dos cidadãos. Mais difícil do que apontar os erros em relação à forma de tratar o meio ambiente é achar soluções possíveis dentro de realidades tão diversas. Na hora de aplicar medidas concretas, esbarra-se em diferentes interesses de cada país ou grupo social, e, como resultado, há políticas governamentais variadas, nas quais a grande questão é saber quem arca com o ônus das políticas de preservação. No plano mundial, os países mais desenvolvidos alegam que a crise econômica impede a implementação de medidas em larga escala, pois afetariam ainda mais sua economia, agora fragilizada. Por sua vez, as nações em desenvolvimento, que apresentam crescimento, não querem prejudicar sua economia, em expansão. Mas, felizmente, cresce a consciência em torno da sustentabilidade. Como tudo começou A ONU denominou a década de 1960 como a “Primeira Década das Nações Unidas para o Desenvolvimento”, acreditando que a cooperação internacional proporcionaria um crescimento econômico pela transferência de tecnologia, experiência e fundos monetários, de modo a resolver os problemas dos países mais pobres. Ao mesmo tempo, a questão ambiental, fundamental para qualquer plano de desenvolvimento, começou a ganhar destaque nos meios de comunicação. Na época, vários países em desenvolvimento, inclusive o Brasil, consideravam inviável incluir grandes programas de conservação ambiental em seus programas nacionais, pois acreditavam que a poluição e a deterioração ambiental eram conseqüências inevitáveis do desenvolvimento industrial. Essa atitude foi conveniente para os países mais desenvolvidos. Por um lado, isso restringia a implantação de indústrias poluidoras em seus territórios. Por outro, eles tinham para onde transferir suas fábricas: os países menos desenvolvidos, que encorajavam a instalação dessas indústrias, para impulsionar seu próprio desenvolvimento. No final dos anos 1960, a humanidade ganhou um aliado importante para a melhor compreensão da dinâmica terrestre, o que também revelou a importância da criação de um programa de conservação ambiental. Com as missões espaciais e a implantação de um sistema de satélites para o sensoriamento remoto da Terra, tornou-se possível monitorar integradamente os vários processos atmosféricos e climáticos. Surgia uma nova perspectiva de se ver o planeta. A divulgação da primeira foto da Terra vista do espaço teve impacto psicológico sobre a humanidade, que passou a encarar seu planeta como um todo e a pensar a preservação do meio ambiente como responsabilidade do conjunto da humanidade. Começava assim uma crescente conscientização e mobilização da sociedade civil nas nações democráticas e desenvolvidas com relação à questão ambiental, a partir do início da década de 1970. O surgimento de organizações de defesa do ambiente que atuam em todo o mundo, como o Greenpeace e o WWF, é consequência dessa percepção de que problemas globais demandam soluções globais, ou seja, a visão de que o poder de degradação ambiental da humanidade só pode ser revertido por articulações que consigam ir além das iniciativas locais. Importante ressaltar que essa mobilização não se verificou em países do bloco socialista. Tais governos autoritários tinham um acentuado controle estatal sobre os cidadãos, através do truculento aparato policial-militar, que restringia a ação política da sociedade civil e impedia a formação de grupos ambientais capazes de pressionar o regime a reduzir os impactos ambientais resultantes das atividades econômicas. A questão 53 2º 2012 pergunta a causa dos impactos ambientais nos países do extinto bloco socialista em função das suas políticas de desenvolvimento. Mas somente em 1972, na Conferência Mundial de Estocolmo, abordou-se pela primeira vez a produção (principalmente industrial) dos países ricos como causa importante da degradação da natureza. Essa perspectiva marcou uma nova etapa de preocupação ambiental. A Conferência de Estocolmo constitui o grande marco da tomada de consciência, em escala mundial, de que o poder de interferência das atividades humanas sobre o meio ambiente é capaz de produzir efeitos muito mais graves do que se pensava anteriormente. A questão 50 1º 2015 pergunta quais as mudanças na percepção social da questão ambiental a partir da Conferência de Estocolmo. Depois, em 1987, a ONU resolveu criar uma comissão para efetuar um estudo dos problemas globais de ambiente e desenvolvimento. Essa comissão apresentou o Relatório Brundtland – “Our Commom Future” (Nosso Futuro Comum), lançando o conceito de desenvolvimento sustentável, cuja proposta visa a compatibilizar o crescimento econômico com o equilíbrio ambiental, de maneira a garantir a satisfação das necessidades das gerações presentes e futuras. Outro marco foi a Eco 92, a Conferência das Nações Unidas sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento, realizada no Rio de Janeiro, em 1992. O encontro aprovou o documento Convenção sobre a Mudança do Clima, que trata do aquecimento global, e a Convenção sobre a Diversidade Biológica, que trata da preservação dos ecossistemas e habitats. O documento mais abrangente elaborado pelo encontro foi a Agenda 21, um plano que estabelece estratégias globais, nacionais e locais para promover o desenvolvimento sustentável no mundo. A Agenda 21 reconhece que os problemas de crescimento demográficos e da pobreza são globais. Para sua solução, devem-se desenvolver programas específicos locais e regionais, porém associados a projetos de meio ambiente e desenvolvimento integrados, com o apoio nacional e internacional. A partir de então, cada país signatário é considerado parte dessa convenção e indica representantes para as discussões, realizadas uma vez por ano, numa Conferência Geral das Partes (cuja sigla é COP). A mais importante delas, até hoje, foi a terceira conferência (COP-3), que ocorreu em 1997, em Kyoto no Japão. Criado no encontro, o Protocolo de Kyoto é um importante documento por ter sido o primeiro acordo oficial com metas e prazos para reduzir as emissões de gases do efeito estufa. O documento estabeleceu diferenças entre os países ricos, que tinham metas percentuais de redução por serem os principais responsáveis pelos gases emitidos nos últimos dois séculos, e aqueles em desenvolvimento e industrialização recentes, entre os quais Brasil, China e Índia, que se comprometiam a adotar medidas sem metas pré-estabelecidas. No entanto, qualquer redução significativa continuou dependendo dos grandes emissores – e nem todos ratificaram o acordo. A principal ausência foi dos Estados Unidos, que se recusaram a assinar o protocolo se não houver metas de redução obrigatórias para todos os países em desenvolvimento. Eles alegaram, ainda, que a economia do país seria bastante afetada. Mais tarde, com a não participação norte-americana, outras nações também abandonaram os compromissosfirmados no protocolo. Rio +20 – Vinte anos depois da Eco 92, as Nações Unidas promoveram um novo encontro na cidade do Rio de Janeiro com o propósito de discutir, avaliar e renovar os compromissos políticos com o desenvolvimento sustentável no mundo. A Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável (CNUDS) ficou conhecida como Rio+20 e foi realizada entre os dias 13 e 22 de junho de 2012. Firmou compromissos como a redução de emissões de poluentes pelas cidades e criação de fundos que disponibilizem recursos para investimentos verdes. É adotado o conceito de “economia verde”, que propõe a construção de uma sociedade sustentável, na qual haja uma palataforma social preocupada com o meio ambiente. Na prática, se não houver a conscientização e o reconhecimento da importância do desenvolvimento sustentável, sua complexidade e o interrelacionamento de seus pilares com as diversas questões ambientais, a geração presente deixará para trás solos pobres, falta de água, atmosfera poluída, enfim, um planeta todo alterado e sujo. Para evitar que isso ocorra os estilos de vida das nações ricas e a economia mundial têm de ser reestruturados, visando a preservação do meio ambiente, ainda que questões como essas esbarrem nos interesses de poderosos grupos econômicos. Mudança Climática Nos últimos anos muito se discute sobre as mudanças climáticas no planeta: suas causas, consequências, modos de atenuar o aquecimento, verdades, comprovações e mitos. Foram criados protocolos, leis e metas. Mas o tema continua levantando questionamentos de parte da comunidade científica. Um dos problemas ao abordar o assunto é que os fatores que influenciam o clima são de grande complexidade. Mudanças climáticas sempre aconteceram e são naturais, como mostram as eras glaciais e os períodos de aquecimento que ocorreram no passado da Terra. Assim, as divergências começam no entendimento sobre o significado e o funcionamento do aquecimento global. Os cientistas argumentam que não conhecemos ainda todos os mecanismos que regem o clima do planeta, e que, por isso, não daria para ter certeza de que as ações humanas interferem no clima global. Por dentro do problema O efeito estufa é um fenômeno natural que permite à atmosfera da Terra reter parte do calor que o Sol envia ao planeta. Depois que os raios do Sol chegam à Terra e atinge a superfície, cerca de 70% da radiação solar é retida na atmosfera, mantendo a temperatura média em torno de 14 ºC, o que é essencial para que a vida se desenvolva como a conhecemos hoje. Sem o efeito estufa, o planeta estaria gelado. Uma parte dos cientistas acredita que as ações humanas desde a Revolução Industrial, há mais de 200 anos, reforçam o efeito estufa e provocam o aquecimento global. Ele estaria ocorrendo por causa do acúmulo de carbono na atmosfera, presente em gases resultantes das atividades humanas: como o dióxido de carbono (CO2), liberado na queima de gasolina, carvão e madeira), o metano (CH4, liberado pelo esgoto, pela decomposição do lixo e pela digestão do gado) e o óxido nitroso (N2O, liberado por diferentes meios). A questão 57 2º 2016 pede para apontar uma consequência ambiental resultante das modalidades de transporte urbano. A questão 46 1º 2016 pede para identificar um problema ambiental atual, relacionado à indústria petroquímica. A questão 53 1º 2010 pergunta uma consequência sobre o meio ambiente decorrente do aumento de transporte rodoviário (e sua decorrente queima de combustível). Além disso, ao alterar o uso da terra, principalmente por meio do desmatamento e da agricultura, o homem lança no ar, por apodrecimento ou queima, o carbono acumulado nas plantas e no solo. Esses gases são transparentes à luz visível, como o vidro de uma estufa, permitindo que os raios de Sol aqueçam a superfície terrestre. Quando a Terra devolve o calor em excesso, não é mais sob a forma de luz, mas de radiação infravermelha. Como os gases poluentes absorvem essa radiação como calor, parte fica retida na atmosfera. Esse entendimento é expresso sobretudo pelos cientistas reunidos no Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas (IPCC, sigla em inglês), promovido por governos do mundo todo e pela ONU. As conclusões anunciadas pelo IPCC são que já existe um aquecimento global em andamento, com evidências de que é agravado pelas atividades humanas. Com base nisso, os cientistas do IPCC fizeram projeções dos efeitos do aumento da temperatura media global no planeta, e nenhuma delas é otimista. A crítica dos céticos A divulgação do relatório explicitou uma ameaça real sobre o clima do planeta e causou certa comoção mundial. Mas também provocou reações dos “céticos”: um grupo de cientistas tem publicado artigos questionando se há motivos para alarme. Eles dizem que a temperatura média do planeta subiu e desceu várias vezes nos últimos 150 anos. E que, mesmo que exista uma tendência para o aquecimento global, ela estaria ligada a fatores naturais, como a atividade solar. Como a discussão afeta diversos setores sociais, além dos cientistas, vários setores se aliam a um lado ou a outro, segundo seus interesses. A indústria dos combustíveis fósseis (petróleo, carvão mineral e gás), por exemplo, tende a se alinhar com os céticos. Consequências e propostas O aquecimento global não afeta o mundo de maneira igual. os países do norte do planeta podem ser inicialmente beneficiados com o aquecimento (que reduz o frio que enfrentam em parte do ano), enquanto África e Ásia serão os continentes mais prejudicados. Há previsões de redução dos períodos de cultivo e agravamento da escassez de água, prejuízos para os ecossistemas terrestres e marinhos, mudanças de vegetação, alagamentos e chuvas. Segundo o relatório, “há um risco de perda significativa da biodiversidade por causa da extinção das espécies em muitas áreas tropicais”. No Brasil, o Nordeste é a região mais sensível. Com a elevação da temperatura em 1,5º C, parte do lençol freático poderá desaparecer. Os açudes correm o risco de secar. Ao mesmo tempo, chuvas incomuns podem ocorrer em algumas áreas, ampliando a erosão do solo. No Sul e no Sudeste, a quantidade de chuvas não deve diminuir, mas as precipitações poderão concentrar-se em períodos menores, com prejuízo para a agricultura. Os terríveis cenários previstos pelos cientistas do IPCC certamente teriam consequências em termos estratégicos e geopolíticos. O Departamento de Defesa dos Estados Unidos alerta para o fato de que, atingido pelas mudanças climáticas, o mundo seria mais instável e perigoso. Poderá agravar-se o derretimento do gelo nas regiões polares e nas montanhas com grandes altitudes, provocando o aumento do nível dos mares e inundando cidades litorâneas. Isso pode levar as populações que habitam as cidades que ficam na costa a migrar para as áreas com maiores altitudes, o que desorganizaria completamente a organização espacial mundial atual, já que a maioria da população mundial habita até trezentos metros de altitude em relação ao nível do mar. As neves eternas existentes nas montanhas, como é o caso da Cordilheira dos Andes, na América do Sul ou do Himalaia, na Ásia, entre outros, aos poucos vai degelando nas menores altitudes, garantindo o fornecimento de água de boa qualidade às cidades que estão nestas montanhas ou perto delas. No caso de haver um intenso degelo desses reservatórios, poderá provocar falta de água, destruindo plantações que não serão irrigadas e obrigando seus moradores a se dirigirem a outras regiões. Haveria um aumento de migrações e até mesmo invasões populacionais para obterrecursos como água e alimentos. E os maiores problemas ocorreriam justamente onde hoje já existem graves questões políticas, como e regiões da Ásia e da África. Para o órgão de governo dos EUA, em alguns locais, a tensão social causada pela fome poderia se tornar mais explosiva, combinada com a tensão étnico-religiosa. Essas previsões dão a base para as propostas de ações alternativas, com o objetivo de evitar a catástrofe climática. Elas implicam mudanças profundas no estilo de vida da humanidade. As economias teriam que fazer cortes significativos nas emissões de gases do efeito estufa, com o objetivo de manter o aquecimento no limite de 2º C nesse século. Na prática, isso significa que seria preciso reduzir a dependência econômica de combustíveis fósseis, promover a eficiência energética, ampliar o uso de energias renováveis e talvez de energia nuclear, além de aplicar novos padrões na agricultura, construção civil, transporte e coleta de lixo. Os representantes de mais de 120 países ratificaram o relatório do IPCC concordaram com a gravidade do aquecimento global e a necessidade urgente de conter seu avanço. Mas o acordo para por aí, pois a verdadeira questão é como fazer isso sem interromper o desenvolvimento. Problemas Ambientais Desde que o Homo Sapiens jogou a primeira casca de bana em algum rio, lago ou mar, nossa relação com o meio ambiente tem se pautado pelo binômio “consumir e poluir”. Como resultado de séculos dessa (im)postura utilitarista em relação à natureza – atitude levada a extremos nas últimas décadas -, todos os ecossistemas do planeta já dão sinais de esgotamento, o que, em última instância, representa o próprio esgotamento da vida. Os ecossistemas são sistemas dinâmicos que resultam da interdependência entre os fatores físicos do meio ambiente, como o solo e a atmosfera, e os seres vivos que o habitam – e isso inclui, é claro, os serem humanos. O problema é que, na dinâmica entre o ambiente e o homem, o primeiro tem levado a pior. Se, da sua parte, a natureza entra com a doação de toda sorte de riquezas animais, vegetais e minerais, o homem, em contrapartida, responde com todo tipo de impurezas, que vão desde a bituca de cigarro jogada no mar até bilhões de toneladas de CO2 lançadas na atmosfera. Confira a seguir as principais agressões perpetradas contra o meio ambiente e os frutos que já começamos a colher por causa delas. Ilhas de calor Os poluentes lançados na atmosfera, principalmente o dióxido de carbono, ajudam a aumentar a temperatura do ar mais próximo da atmosfera. Em regiões urbanas, esse fato é agravado pela substituição da cobertura vegetal por prédios de concreto e cimento e ruas asfaltas. Esses materiais absorvem mais calor e o devolvem na forma na forma de radiação térmica. A combinação desses fenômenos tende a aumentar a temperatura nos grandes centros, criando as ilhas de calor. Outros fatores que influenciam o aparecimento desse fenômeno são o calor emitido por motores dos automóveis e aparelhos domésticos e industriais. Já nas áreas periféricas há uma maior quantidade de vegetação, o que deixa as temperaturas mais amenas por absorverem parte do calor emitido pelo Sol, às vezes havendo diferença de quatro ou cinco graus celsius no mesmo horário, dentro de uma mesma cidade. Essa combinação urbanização e poluição atmosférica pode trazer ainda outra consequência, de aumento dos índices pluviométricos, causados pela grande quantidade de materiais particulados na atmosfera, em virtude da poluição e da poeira, os quais servem como núcleos de condensação e favorecem a formação de nuvens de chuva. A questão 55 2º 2015 pergunta sobre um fator de aumento do índice pluviométrico em São Paulo. Inversão térmica Quando a estação do ano é o inverno e há um dia sem vento, a massa de ar fria que está sobre uma cidade, não vai ter capacidade de se dissipar, pois a ausência de vento impede que ela se movimente no sentido ascendente. Isso faz com que a poluição do ar que por ventura exista nessa cidade fique aprisionada e sua dispersão fica prejudicada, se estabelecendo próxima à superfície terrestre e provocando uma série de problemas de saúde para a população. É muito comum, nesses períodos, haver a superlotação de vários prontos socorros das cidades com, principalmente, crianças e idosos que sofrem com doenças respiratórias. Trata-se, portanto, de um problema de saúde pública de difícil solução. Chuva ácida A queima de combustíveis fósseis, feita principalmente pelas atividades industriais e pelos automóveis, libera dióxido de nitrogênio (NO2) e de dióxido de enxofre (SO2) na atmosfera. Esses compostos reagem com o vapor de água presente na atmosfera, formando o ácido nítrico (HNO3) e o ácido sulfúrico (H4SO4). Quando chove, essas substâncias atingem o solo e a água, alterando suas características e prejudicando lavouras, florestas e a vida aquática. Também danificam edifícios e monumentos históricos. Buraco na camada de ozônio A camada de ozônio localiza-se há aproximadamente quarenta e cinco quilômetros de altitude e exerce grande importância para os seres vivos de nosso planeta, pois é um filtro que absorve parte dos raios ultravioleta emitidos pelo Sol, que podem causar problemas para os seres humanos, como o câncer de pele. Além disso, com maior incidência dessa radiação solar, as plantas reduzem sua capacidade de fazer fotossíntese. O aparecimento de buracos na camada de ozônio é um processo natural, já que as reações químicas na atmosfera abrem buracos na camada, que depois se fecham. A atividade humana, contudo, vem acentuando esse processo. As emissões de substâncias químicas, como os clorofluorcarbonos (CFC), e o aquecimento global intensificam as reações químicas que destroem o ozônio. O gás CFC (cloro, flúor e carbono) serve para resfriar o ar das geladeiras, diminuir a temperatura do ar ao ser ligado o ar-condicionado, produzir materiais como o isopor ou aerossóis, entre outros. Esse gás tem a capacidade de se combinar com o ozônio (O3). Ao combinarem-se, o ozônio é anulado e aumenta-se o buraco nessa camada. A boa notícia é que, nos últimos anos, acordos internacionais permitiram a redução da emissão desses poluentes na atmosfera, e estudos indicam que o buraco na camada de ozônio vem reduzindo de tamanho desde 2006. Porém, como essas substâncias levam décadas para sumir, a solução definitiva para o problema ainda está longe de ser efetivada. Lixo O crescimento dos centros urbanos em diversos países ocasionou a ampliação em escala jamais vista da acumulação de detritos. E quanto mais urbanizada a sociedade, mais detritos decorrentes de produtos industrializados, que são mais difíceis de se degradarem, podendo ficar centenas e até milhares de anos acumulando-se até se decomporem por completo. Esse acúmulo de lixo se tornou um grave problema ambiental, tendo em vista a poluição derivada desses detritos nas áreas em que são descartados. O lixo espalhado pelas cidades pode causar uma série de problemas, tais como doenças provocadas por insetos e roedores, mau cheiro pela decomposição de matéria orgânica e contaminação do solo e das águas. Nos meios urbanos, os dejetos amontoados ao léu também colaboram para a ocorrência de enchentes, por obstruir os cursos de água. Frente à gravidade do problema, uma solução cada vez mais defendida e praticada é a do princípios dos “3 Rs”. Reduzir, Reutilizar e Reciclar. Reduzir a produção de resíduos, com a adoção de novos hábitos de compra; reutilizar potes, vasilhames, caixas e outros objetos de uso cotidiano e reciclar o lixo descartado após o consumo, transformando-o em matéria- prima industrial para nova fabricação. Para que seja reciclado, o lixo deve ser descartado e coletadode forma seletiva, que possibilita a redução dos detritos por meio da reciclagem de materiais recicláveis, como plástico, papel, metal e vidro, e do uso de matéria orgânica como insumo orgânico, tais como adubos e fertilizantes. A questão 55 1º 2009 pede para explicar as mudanças ocorridas na composição do lixo na cidade de São Paulo em duas épocas diferentes. A questão 51 1º 2015 pede para apontar um problema e uma solução relativa ao acúmulo do lixo em áreas urbanas. Uma das principais soluções para o lixo que não pode ser reaproveitado e reciclado é a disposição final em aterros sanitários. São áreas nas quais os resíduos são compactados e cobertos por terra. Terrenos assim têm sistemas de drenagem que captam líquidos e gases resultantes da decomposição dos resíduos orgânicos, evitando poluição do solo e do ar. Outra porção do lixo ainda é destinada aos aterros controlados, que têm critérios menos rígidos de segurança. Apesar de cobrirem os resíduos e selecionarem o tipo de material que chega ao local, os aterros controlados não fazem o tratamento de gases e líquidos (chorume) ou o fazem parcialmente. Poluição das águas A poluição das águas é causada, sobretudo, pelo lançamento de dejetos industriais e agrícolas, esgoto doméstico e resíduos sólidos. Isso compromete a qualidade das águas superficiais e subterrâneas em inúmeros pontos do planeta. Os rios e lagos são considerados os ambientes mais ameaçados do globo. Sofrem, por exemplo, com o fenômeno conhecido como eutrofização: os esgotos domésticos são ricos em matéria orgânica, que passa pela ação de microrganismos, resultando na produção de nutrientes; assim, quando esse esgoto é lançado na água, gera um excesso de nutrientes que acaba provocando o crescimento extraordinário de algas – estas, por sua vez, impedem a passagem de luz e a transferência do oxigênio atmosférico para o meio aquático. Outros exemplos de poluição são os provenientes de contaminação por agrotóxicos em áreas de produção agrícola, ou ainda, a poluição em ambientes marinhos e costeiros, devido a superexploração da pesca e por acidentes ou descargas em alto-mar, como no caso dos catastróficos vazamentos de petroleiros. O rompimento da barragem de rejeitos da mineradora Samarco, em novembro de 2015, no distrito de Bento Rodrigues, no município de Mariana em Minas Gerais é outro triste exemplo. A poluição do Rio Doce e de seus afluentes afetou a agricultura e a distribuição de água potável para várias cidades, além dos prejuízos incalculáveis para a flora e fauna fluviais. A questão 48 2º 2017 pede para apontar qual a mudança ocorrida nas condições de vida da população de Mariana (MG) após o rompimento da barragem de rejeitos da Mineradora Samarco. Assoreamento dos rios O assoreamento é o acúmulo de sedimentos (areia, terra, rochas), e outros materiais levados até o leito dos cursos d’água pela ação da chuva, do vento ou do ser humano. Trata-se de um processo natural que pode ser intensificado pela ação humana, sobretudo a partir da remoção da vegetação das margens dos rios. Quando se retira a cobertura vegetal, o solo e as rochas que estão nas margens são carregados com facilidade para o fundo dos rios. Esse fenômeno de desbarrancamento das margens é contínuo e, na ocorrência de chuvas, intensifica-se. O assoreamento reduz o volume de água, torna-a turva e impossibilita a entrada de luz, dificultando a fotossíntese e impedindo a renovação do oxigênio para algas e peixes. Por essa razão, em muitos casos, extingue-se a vida nesse curso d’água. Pode ocorrer escassez ou ausência de água para o abastecimento da cidade e do campo, pois, além da diminuição da capacidade hídrica do rio, muitas vezes, o lixo e o esgoto depositados nesses cursos d’água deixam a água imprópria para o consumo. Como o leito do rio está ocupado por detritos, o rio fica mais raso. Isso dificulta a navegação e intensifica as enchentes. Para combater o assoreamento, a melhor medida é a preservação de matas ciliares, pois elas barram a entrada de objetos sedimentares nos rios e conservam o solo das margens, evitando erosões fluviais. A questão 51 2º 2018 pede para apontar o efeito ambiental esperado da preservação da vegetação nas nascentes. AMAZONIA Pegue um modelo econômico que durante séculos foi baseado na extração da madeira. Junte com a agropecuária e sua insaciável demanda por extensas áreas para cultivo e pasto. Some a isso a expansão das cidades e suas obras de infraestrutura. Acrescente, por fim, a exploração mineral. Eis a receita do desmatamento. De um total de 64,2 milhões de quilômetros quadrados de florestas originais no mundo, restam apenas 15,5 milhões. A maior parte das florestas dos países ricos não existe mais. Com 5,5 milhões de quilômetros quadrados de mata, o Brasil é o segundo país com a maior cobertura florestal no mundo, atrás apenas da Rússia. Mas não há muitos motivos para comemorar, já que 30% das florestas originais brasileiras já foram derrubadas. Desde o período colonial (antes de 1822), a receita da produção agrícola brasileira consistia na derrubada da vegetação original e suas substituição pela lavoura e pela pecuária. Foi assim com a Mata Atlântica, que cobria a região mais próxima do litoral, e continuou com a marcha para o interior, na ocupação da região do cerrado, e, mais recentemente, no avanço sobre a floresta Amazônica. A maior vítima desse processo foi a Mata Atlântica. Explorada desde a época da colonização, a partir do século XVI, a região perdeu quase de 90% da cobertura original e hoje é um dos biomas mais ameaçados do planeta. O cerrado já perdeu mais da metade da vegetação, principalmente para as pastagens e as plantações. Se nada foi feito para reverter a situação, o bioma pode desaparecer até 2030. Amazônia As maiores atenções voltam-se para a Amazônia. Todos os anos, a região perde milhares de quilômetros quadrados de vegetação, pelo corte de árvores e pelas queimadas. O agronegócio responde por uma parcela significativa do desmatamento generalizado: nada menos do que cerca de 40% da produção de carne e soja do país se concentra na Amazônia Legal. E as duas atividades ganham cada vez mais espaço no norte do país, com o crescimento da fronteira agrícola. A despeito dos efeitos positivos de geração de empregos e de riquezas nas economizas locais, é visível uma mancha de mata derrubada, conhecida como Arco do Desflorestamento, que representa 18% da cobertura original da Amazônia. O ritmo do desmatamento, que vinha diminuindo nos últimos anos, aumentou de acordo com o mais recente levantamento do Instituto nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe). Pára e Mato Grosso são os estados que mais desmatam. A questão 51 1º 2016 pede para identificar aspectos negativos e positivos associados à expansão do agronegócio na região amazônica, na atualidade. Outro problema a ser combatido é o caos fundiário que alimenta a grilagem de terra e a consequente ação predatória na região, das quais a mais visível é o desmatamento. Segundo pesquisas do Instituto Imazon, cerca de um terço das terras nas quais há desmatamento está em situação irregular. Por isso é urgente um conjunto de medidas para garantir a posse da terra às populações mais pobres, que a ocupam às vezes há várias gerações (com frequência sem documento), e também para proteger as terras públicas, alvo de desmatadores e grileiros (ocupam as terras e falsificam títulos para assegurar a posse). Esse conjunto de irregularidades provoca conflitos associados ao acesso à terra e à exploração da mão de obra, devido a negligência quanto aos direitos trabalhistas e aos baixos ganhos auferidos com esse extrativismo. O líderseringueiro Chico Mendes tornou-se conhecido pela luta em defesa das reservas extrativistas na Amazônia, nas quais a floresta é preservada para que os trabalhadores possam manter suas atividades nas seringueiras: a extração do látex, matéria-prima da borracha. Em 1988 ele foi morto por fazendeiros que buscavam se apropriar de terras usadas pelos seringueiros. Outros crime de repercussão internacional foi o assassinato da missionária norte-americana Dorothy Stang, que implantava um programa de produção sustentável com pequenos agricultores. infelizmente, a violência prossegue: em maio de 2011, um casal de extrativistas de castanha e cupuaçu foi assassinado no Pará. Eles faziam um trabalho de exploração sustentável da floresta e denunciavam a extração ilegal de madeira. A questão 59 2º 2013 pede para apontar um fator dos problemas sociais que persistem na extração de recursos naturais da Floresta Amazônica. Amazônia no governo Vargas Com o objetivo de controlar a migração de nordestinos para os centros urbanos do sudeste, o governo de Getúlio Vargas elaborou um plano que ficou conhecido como “Marcha para o Oeste” que tinha como destino a Amazônia. A Amazônia ficou, assim, inserida na política de ocupação dos “espaços vazios” que pretendia mobilizar os migrantes nordestinos e de outras regiões do país, para o interior. Esta política previa a disponibilização de infraestrutura viária e de mercado de trabalho para tornar viável a sedentarização das famílias de trabalhadores rurais no interior do Brasil, através da concessão de lotes de terra onde o colono receberia incentivos para agricultura eliminando o nomadismo e relegando a economia extrativista a um segundo plano. Com a Segunda Guerra Mundial, os planos de colonização da Amazônia sofreram drásticas alterações. Os Acordos de Washington firmados entre Brasil e EUA transformaram o país no principal fornecedor de borracha para os EUA. A emergência da produção da goma elástica retomou o antigo modo de produção extrativista com o recrutamento de mão de obra, exclusivamente, masculina para os seringais amazônicos. O Governo Vargas na intenção de corresponder ao acerto feito através dos Acordos de Washington criou o Serviço de Mobilização de Trabalhadores para a Amazônia – SEMTA, que recrutava os nordestinos em sua região promovendo sua mudança para a Amazônia, tinha como finalidade principal o alistamento compulsório, treinamento e transporte de nordestinos para a extração da borracha na Amazônia, como intuito de fornecer matéria-prima, para os aliados da II Guerra Mundial. Os trabalhadores que se dirigiram aos seringais ficaram conhecidos como os “Soldados da Borracha”. A questão 57 2º 2012 pergunta sobre os objetivos do S.E.M.T.A, programa implementado no governo de Getúlio Vargas. Vargas criou também a Comissão Administrativa de Encaminhamento de Trabalhadores para a Amazônia – CAETA, que cuidava da burocracia em relação à transferência dos Soldados da Borracha, o Banco da Borracha, hoje Banco da Amazônia S.A. que financiava a economia da borracha. Ainda tivemos o Serviço de Abastecimento do Vale Amazônico – SAVA, que se preocupou em montar toda a infra-estrutura regional oferecendo as condições para a viabilização da produção e seu escoamento na região. Para convencer os nordestinos a “aderir à causa aliada” o governo estadonovista usou de eficiente propaganda e de promessas de melhores condições de vida em uma região “verde e frondosa” diferente da paisagem do sertão nordestino. A Amazônia, novamente ganhou importância e volta ao cenário Nacional e Internacional. Dentro dos planos Governamentais, foram criados cinco novos Territórios Federais: O Território Federal do Amapá, do Rio Branco, de Ponta Porã, do Iguaçu e finalmente o Território Federal do Guaporé, em 13 de Setembro de 1943. Apesar de o primeiro Código Florestal ter sido aprovado em 1934, ainda no início do governo do presidente Getúlio Vargas, determinando a manutenção de um mínimo de vegetação nativa em todas as propriedades rurais, sua aplicação sempre foi problemática. Dispositivos se sucederam no decorrer dos anos, com medidas ou políticas que fizeram com que a proteção da vegetação nativa fosse incorporada ao cotidiano do brasileiro. Mas, se por uma lado a lei previa a proteção das florestas, por outro, os governos, principalmente no período da ditadura militar (1964-1985), ofereciam incentivos aos interessados em ocupar as regiões da fronteira agrícola, como Pará, Mato Grosso e Rondônia. Amazônia na Ditadura Militar O caráter estratégico da região amazônica foi alvo de diversas ações do governo brasileiro, no decorrer do século XX. No caso dos governos militares (1964-1985), a ocupação e a exploração da Amazônia foram entendidas como questão de segurança nacional, tendo em vista as extensas fronteiras internacionais que a densa floresta abarcava e também seu potencial econômico, possibilitador de novos negócios que pudessem acelerar o desenvolvimento e a integração nacional. Durante o regime militar, foi implementada a mais ampla política estatal de incorporação socioeconômica do território amazônico ao espaço produtivo nacional. Essa política pode ser segmentada em dois momentos distintos. No primeiro, a ênfase se deu na colonização, tendo como eixo a rodovia transamazônica, criada para levar “homens sem terra (do Nordeste) para uma terra sem homens”, segundo o discurso oficial. O foco dessa ação governamental estava pautado na implantação das agrovilas ao longo da famosa rodovia. No segundo momento, a estratégia passou a ser a de “tornar a Amazônia uma fonte de divisas para o país”, ou seja, incorporá-la ao espaço de produção do capitalismo brasileiro, fosse com capitais nacionais ou estrangeiros. A questão 46 1º 2014 pede para apontar os dois momentos da política estatal dos governos militares em relação à Amazônia. Para isso, o governo passou a gerenciar e a incentivar grandes projetos empresariais, relacionados principalmente ao mapeamento e a exploração de recursos hídricos e minerais e para a promoção do uso do solo para a agricultura e a pecuária. Fosse por meio da criação de gado, fosse por meio da lavoura de soja, as terras amazônicas foram gradualmente sendo bastante utilizadas pelo agronegócio, fenômeno que se acelerou nas últimas duas décadas. Nessa época ainda não havia grande preocupação com a preservação na natureza, dos rios e dos solos, nem com a exploração equilibrada das áreas mais propensas à degradação do terreno e à exaustão da terra. A imagem que se tinha do Brasil era que sempre haveria terras e recursos para serem explorados. À medida que os solos se tornavam estéreis e a ocupação aumentava, a fronteira agrícola avançava em direção ás florestas e aos campos do interior. A questão 52 1º 2010 explora esse contraste entre a concepção do governo brasileiro em relação à Amazônia na década de 1970 e a concepção atual. Código Florestal Em 18 de outubro de 2012, a presidente Dilma Roussef sancionou o novo Código Florestal brasileiro, após longa tramitação no Congresso. As negociações para a aprovação das novas regras opuseram interesses conflitantes entre grandes proprietários, que defendiam a flexibilização da lei para a expansão agropecuária, e os ambientalistas, favoráveis a regras mais rígidas para o desmate. Os principais pontos da lei aprovada dizem respeito às regiões em que é permitido o desmate e às zonas que devem ser protegidas em uma propriedade particular. Ela regulamenta o uso da terra nas áreas de preservação permanentes (APP) e nas reservas legais. Mesmo após a aprovação,o novo Código Florestal foi contestado no Supremo Tribunal federal pela procuradoria-geral, que via inconstitucionalidade em algumas situações. A redução das áreas protegidas e a isenção de multa a quem desmatou até 2008 são os temas mais controversos.