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CONFLITOS E TENSÕES MUNDIAIS As divisões territoriais sempre fizeram parte da história da humanidade, das tribos primitivas até os estados absolutos. Estas divisões podem ser feitas de inúmeras formas, por mares, fronteiras, culturas, idiomas, religiões e riquezas. Segundo dados da Central de Inteligência Americana (CIA), o planeta tem 189 pontos de disputa de territórios e fronteiras. Entram na lista disputa por ilhas, territórios marítimos e redefinição de fronteiras no mapa. Algumas disputas acabam sendo pacificamente resolvidas, outras terminam em guerra, e algumas continuam até hoje. Veremos alguns casos mais notáveis que tem aparecido no exame de qualificação. A questão 57 2º 2011 faz uma relação entre a violência dos conflitos pela posse da terra e as intervenções militares das grandes potências mundiais em defesa de seus interesses. África A África é o segundo maior e mais populoso continente do mundo. É também o continente com maior número de conflitos duradouros em todo o planeta, de acordo com a ONU. Esses combates envolvem milícias, guerrilhas, grupos separatistas ou facções criminosas. São disputas que, neste século 21, carecem de contornos ideológicos ou claras motivações sociais e políticas. Os países em guerra ficam na chamada África Subsaariana, que compreende os territórios que não fazem parte da África do Norte e do Oriente Médio. A região é caracterizada pela pobreza, instabilidade política, economia precária, epidemias, baixos indicativos sociais e constantes embates entre governos e rebeldes. As raízes dos conflitos remontam ao neocolonialismo europeu no século XIX. Os países europeu realizaram, em 1884 e 1885, a Conferência de Berlim. No congresso ficou estabelecida uma partilha do território africano. Ao final da Segunda Guerra Mundial (1939-1945), vários movimentos nacionalistas e anticolonialistas travaram guerras para conquistar a independência das nações africanas. Como a partilha do continente pelos colonizadores europeus não respeitou os territórios originais dos diversos povos, tampouco suas divisões linguísticas e étnicas, agrupando-os ou separando-os de forma arbitrária, com a independência, as hostilidades étnicas e culturais foram acentuadas e desencadearam duradouros e violentos conflitos. A questão 08 2º 2018 pede para apontar uma explicação para os problemas sociais encontrados na região do “Chifre da África”. A questão 47 1º 2010 relaciona a descolonização africana à guerra civil na Ruanda. A questão 49 2º 2010 relaciona a ocupação imperialista na África ao baixo IDH da região. A questão 55 2º 2014 relaciona a divisão arbitrária do território africano á instabilidade política da região. Nos anos 1970 e 1980, sucessivos golpes militares e disputas étnicas impediram a continuidade política e, consequentemente, o desenvolvimento da região. De modo geral, as guerras africanas não são guerras entre países, mas conflitos internos. Eles têm como principais causas a falência do Estado, batalhas pelo controle do governo e a luta por autonomia de grupos étnicos. O que mais chama atenção, contudo, é a brutalidade dessas disputas, sobretudo aquelas travadas após os anos 1990. Genocídios, massacres, estupros em massa, exército de crianças e extermínio de comunidades inteiras com facões e machados compõem a barbárie. A fome é outro instrumento usado pelas facções, que destroem as plantações e expulsam populações de seus lares. Como podemos ver, os valores étnicos e religiosos sempre foram aspectos centrais das mobilizações sociais e políticas na África. Porém o conflito ocorrido no Quênia, em 2008, chamou atenção e caiu no exame de qualificação da UERJ. A razão é que, diferente da maioria dos casos de conflitos no continente africano, o conflito queniano se apresentava no contexto de uma democracia, por meio de questões eleitorais, onde se questionava a legitimidade de vitórias nas urnas, e só a partir daí os clássicos confrontos reapareceram. A questão 51 1º 2009 pergunta as causas de conflitos sociais que ocorriam no Quênia, no ano da aplicação da prova. Questão que necessitava de conhecimento específico sobre o episódio. Rússia O conflito da Rússia mais recente foi a anexação da Crimeia em 2014. O território da Crimeia está no centro da atual disputa entre a Ucrânia e a Rússia. Os problemas começaram quando multidões começaram a ir às ruas da capital ucraniana, Kiev, para pressionar o então presidente ucraniano, Viktor Yanukovich, a fechar um acordo comercial com a União Europeia em detrimento de um com a Rússia. Yanukovich, que é de etnia russa e só aprendeu a falar ucraniano na vida adulta, porém, acabou dando as costas à UE e fechando com Moscou, que lhe prometeu um pacote de ajuda financeira incluindo um empréstimo bilionário e desconto no preço do gás natural. O movimento se fortaleceu diante da derrota e ocupou a Prefeitura de Kiev e a Praça da Independência. O governo reagiu com violência e prisões arbitrárias, além de uma lei que proibia o uso de capacetes, a reunião de grupos de mais de cinco pessoas e a ocupação de prédios públicos. Os manifestantes reagiram com força dobrada. No fim de fevereiro, governo e oposição assinaram um acordo de paz que, no entanto, não durou 24 horas. Yanukovich deixou o país, e um governo interino pró-UE assumiu o poder. O Ocidente reconheceu a troca, mas o governo russo viu nela um golpe de Estado. Com base nisso, alegou que havia ameaça aos cidadãos de etnia russa que vivem na Crimeia e foi, aos poucos, tomando o controle da área. Das cerca de 2 milhões de pessoas que moram naquela península, mais da metade se considera de origem russa e, inclusive, fala russo no dia a dia. Simferopol é a capital da Crimeia, onde fica o Parlamento, e Sebastopol é a sede da poderosa Frota do Mar Negro, que pertence à Rússia. Isso não surpreende, já que a Crimeia foi transferida à Ucrânia pela União Soviética só em 1954, e a Ucrânia em si se tornou independente só em 1991. Na verdade, a Crimeia resume uma divisão política e cultural que acontece em toda a Ucrânia. O leste do país tende a ser pró-Rússia e o oeste, pró-UE. Isso se reflete, por exemplo, nos resultados das eleições. A maioria dos votos de Yanukovich saiu do leste. A anexação da Crimeia atende claramente a dois grandes objetivos do governo de Vladimir Putin. O primeiro é o de ampliar a sua base política interna, desgastada nos últimos anos pelos problemas econômicos. A tradição de nacionalismo russo que conta muitos pontos com o eleitorado daquele país. Ao mesmo tempo, garantir a plena autonomia sobre a região que tem saída para o Mar Negro, onde a Rússia tem o único porto, é o que lhe dá relevância comercial e militar, seja para entrada e saída de cargas como para ter controle do canal que liga o Mar Negro ao Mar de Arzov. A questão 53 1º 2015 pede para apontar fatores motivadores da anexação da Criméia pela Rússia em 2014 Outra questão estratégica para a Rússia é o controle sobre o Ártico. Tendo em vista que interesses de muitos Estados convergem para o Ártico, a Rússia se sente obrigada a agir de forma decisiva a manter seu controle sobre uma vasta área na região de mais de 1 milhão de km². A importância geopolítica do Ártico cresce significantemente a cada dia. A principal razão disso são as mudanças climáticas que estão possibilitando a execução de atividades econômicas de grande escala na região. Neste contexto, é possível o agravamento da rivalidade internacional para o controle dos recursos árticos e do acesso à região. Dois fatores relevantes apontam para novas possibilidades de ganhos econômicos:o primeiro é a exploração de recursos minerais, até então inviabilizada pelos altos custos de extração decorrentes das condições climáticas e da extensão da calota polar; o segundo é o controle de novas rotas marítimas, até então bloqueadas pelo gelo durante a maior parte do ano. Essas vias marítimas, uma vez concretizadas, possibilitarão uma brutal redução do tempo e dos custos de transporte de mercadorias, o que é vital para as estratégias de produção e circulação de riquezas das grandes corporações. No final de 2012, o presidente russo Vladímir Pútin disse que a Rota do Mar do Norte permite uma navegação mais econômica do que aquela praticada através do Canal do Suez, reafirmando a extrema importância daquela área para a Rússia. O presidente ainda afirmou durante o Fórum Ártico Internacional Ártico – Território do Diálogo, realizado em 2013 na cidade de Salekhard, que “a Rússia tem a intenção de expandir a rede de reservas naturais protegidas, bem como reforçar a segurança na região ártica, que produz 80% do gás russo, mais de 90% de níquel e cobalto, ou seja, riquezas que representam de 12% a 15% do PIB e cerca de um quarto das exportações russas”. A questão 48 2º 2009 pergunta quais os interesses estratégicos que podem produzir uma redefinição da geopolítica do Ártico. Guerra das Malvinas Ocupadas pelos britânicos a partir da década de 1830, ainda hoje as Ilhas Malvinas (Falkland Islands) são disputadas entre Reino Unido e Argentina. A ilha originalmente pertencia à França, e o controle dela mudava constantemente entre Espanha, Inglaterra e Argentina até 1833, quando o Reino Unido alegou soberania e ordenou a saída dos argentinos. As ilhas permaneceram sob o controle britânico até 1982, quando a Argentina invadiu as ilhas, assim começou a guerra das Malvinas. Em 1982, a Argentina vivia sob uma ditadura militar, estabelecida por um golpe de Estado em 1976. O regime já estava desgastado, especialmente pela crise econômica a que arrastara o país. Atacar as ilhas foi uma forma de estimular o nacionalismo dos argentinos, angariando simpatias ao governo e canalizando os descontentamentos para um inimigo externo, no caso os ingleses. Na época da guerra, entre abril e junho de 1982, o governo argentino mobilizou a população por meio de denúncias contra a interferência imperialista inglesa nas ilhas. Depois de um embate que envolveu países como França, Nova Zelândia e Estados Unidos, no dia 20 de junho a guerra acabou e as ilhas continuam sob controle britânico, mas a Argentina não mostra nenhum sinal de renunciar a sua reivindicação. Na atualidade, a valorização do nacionalismo ainda alimenta as rivalidades. Para o Reino Unido, trata-se de afirmar seu passado e dar apoio aos cerca de 3 mil habitantes da ilha, todos de origem britânica e falantes do inglês (consta que a maior parte deles tem árvore genealógica que remonta ao século 19). Já para os argentinos, trata-se mais de uma questão de orgulho nacional e da proximidade das ilhas em relação ao seu território continental. A questão 51 1º 2013 pede uma característica da disputa entre Reino Unido e Argentina pelo controle das Ilhas Malvinas (Falkland Islands) As Malvinas também tem certa importância estratégica, por serem passagem para a Antárdida e possibilitariam acesso a riquezas minerais. Conflitos Árabes-Israelense O moderno estado de Israel está situado em um território que já foi conquistado por muitos povos: assírios, babilônios, persas, gregos, romanos, árabes muçulmanos e turcos otomanos. O país, localizado na costa oriental do Mar Mediterrâneo, é conhecido como a Terra Santa. Para os judeus, a terra é santa porque lhes foi prometida por Deus; para os cristãos, porque Jesus, sendo judeu, nasceu e viveu lá; para os muçulmanos, porque Jerusalém é o local da subida do profeta Maomé aos Céus. Os conflitos têm diferentes motivos. O principal deles diz respeito ao território: israelenses e palestinos lutam para assegurar terras sobre as quais, segundo eles, têm direito milenar. Outra questão diz respeito à cultura e à imposição de valores ocidentais às milenares tradições orientais. Pode-se ainda mencionar o fator econômico – talvez o preponderante: potências capitalistas desejam estabelecer um ponto estratégico na mais rica região petrolífera do planeta. E ainda existe a questão política. Raízes históricas O conflito Árabe-Israelense ocorre desde o final do século XIX, com a reivindicação de direitos sobre a área da Palestina por parte de judeus e árabes. Este conflito resultou no início de, ao menos, cinco grandes guerras, um número significativo de conflitos armados e duas Intifadas (levantamentos populares). Os judeus foram expulsos da Palestina pelos romanos no século I da Era Cristã e, durante séculos, sonharam com o retorno à “Terra Prometida”. O Império Romano dominou essa área e, ao eliminar várias rebeliões judaicas, destruiu o templo judaico em Jerusalém, matou uma grande quantidade de judeus e forçou outros a deixarem a sua terra – êxodo denominado diáspora. Nessa ocasião, o Império Romano mudou o nome da região de Terra de Israel para Palestina. Alguns judeus permaneceram na região, outros só retornaram nos séculos XIX e XX. No século VII, a Palestina foi invadida pelos árabes muçulmanos. Após a derrota do Império Otomano na 1ª Guerra Mundial, a Palestina ficou sob o domínio dos ingleses, que se comprometeram a ajudar na construção de um estado livre e independente para os judeus. Os britânicos permitiram que os judeus comprassem terras na Palestina, e essa maciça migração recebeu o nome de Sionismo, fazendo referência à Colina de Sion, em Jerusalém. No entanto, as áreas de assentamento de árabes e israelenses (dois grupos de características étnicas e religiosas bastante distintas) no mesmo território não foram delimitadas e os violentos conflitos tiveram início. Com a ascensão do nazismo, a constante perseguição aos judeus e o massacre deste povo nos campos de concentração durante a 2ª Guerra Mundial, o apoio da comunidade internacional à criação de um Estado judaico aumentou. Em 1947, a recém-criada ONU (Organização das Nações Unidas) estabeleceu a divisão do território palestino entre judeus (ocupariam 57% das terras com seus 700 mil habitantes) e palestinos, que ocuparia o restante do território. O Estado de Israel foi proclamado no ano seguinte. Insatisfeitos, a Liga Árabe (Egito, Líbano, Jordânia, Síria e Iraque) invadiu Israel, em 1948, com o objetivo de reconquistar o território, iniciando a Guerra de Independência. Os israelenses saíram vitoriosos e aumentaram a ocupação da área para 75%. Nesse mesmo período, o Egito assumiu o controle da Faixa de Gaza e a Jordânia criou a Cisjordânia. Após a Guerra de 48, ainda vieram vários outros conflitos, como a Guerra de 1956, a de 1967, a guerra de 1968-1970, a de 1973 e a guerra de 1982, além de diversos outros conflitos armados e Intifadas. A Guerra dos Seis Dias, ocorrida em 1967, teve como consequência o controle por Israel dos territórios palestinos da Cisjordânia e da Faixa de Gaza. A manutenção desse controle espacial pelos israelenses resultou na impossibilidade de acesso à nacionalidade jurídica por parte da população palestina ali existente, uma vez que esse estatuto não lhe foi concedido pelo Estado de Israel, nem existe um Estado palestino formalmente constituído para fazê-lo. Este é o quadro de assimetria de forças no embate territorial entre os dois povos: de um lado uma das mais sofisticadas e treinadas forças armadas do mundo, de outro uma população sem Estado próprio e com escassos meioseconômicos, já que seu espaço vital se encontra sob domínio de uma poderosa força de ocupação. A questão 58 1º 2018 pede para apontar um aspecto do conflito árabe-israelense relacionadas à manifestação artística apresentada. Razões do povo judeu O povo judeu baseia suas reivindicações por Israel em diversos fatores: 1. A Terra de Israel foi prometida por Deus aos judeus. Esta é a antiga terra dos patriarcas e profetas bíblicos. Na Bíblia, inúmeras passagens citam Israel e Jerusalém como sagrados ao povo judeu e as principais orações judaicas falam sobre o retorno do povo à sua cidade sagrada. As orações judaicas são feitas em direção a Jerusalém. Durante as festas judaicas, as orações são encerradas recitando a frase “ano que vem em Jerusalém”. 2. Desde que os judeus foram exilados pelos romanos, a Terra de Israel nunca foi estabelecida como um estado. A região foi colonizada por diversos impérios, mas nunca voltou a ser um estado soberano. Foram imigrantes judeus que desenvolveram a agricultura e construíram cidades para restabelecer um estado no seu lar histórico. 3. O estado de Israel foi criado pelas Nações Unidas em 1947. É um estado democrático, moderno e soberano. 4. Toda a Terra de Israel foi comprada pelos judeus ou conquistada por Israel em guerras de defesa, após o país ter sido atacado por seus vizinhos árabes. 5. Os árabes controlam 99.9% do território no Oriente Médio. Israel representa apenas um décimo de 1 % da região. 6. A história demonstrou que a segurança do povo judeu apenas pode ser garantida através da existência de um estado judeu forte e soberano. Razões do povo palestino O povo palestino baseia suas reivindicações em diversos fatores: 1. Os árabes muçulmanos viveram no local por muitos anos. 2. O povo palestino tem o direito à independência nacional e à soberania sobre a terra onde viveram. A questão 46 2º 2014 pergunta qual o povo e em que espaço vem sendo sonegado o direito à nacionalidade desde a década de 60. 3. Jerusalém é a terceira cidade sagrada na religião muçulmana, local de elevação do profeta Maomé aos Céus. 4. O Oriente Médio é dominado por árabes. Outras religiões ou nacionalidades não pertencem à região. 5. Todos os territórios árabes que foram colonizados tornaram-se estados completamente independentes, exceto a Palestina. 6. Os palestinos tornaram-se refugiados. Outros países árabes nunca os aceitaram completamente e eles vivem frequentemente em campos para refugiados tomados pela pobreza. Os movimentos separatistas podem ter cunho político, étnico ou racial, religioso ou social. Em sua maioria, trata-se de colônias ou territórios pequenos que se sentem desvalorizados pelos governos principais de seus países e buscam na independência uma forma de valorizar e garantis mais direitos e investimentos à sua população. A Europa é o continente que mais vivencia essa situação de “desejo de independência”. Tal situação preocupa a União Europeia, que teme que caso um grupo separatista ganhe a causa provoque um efeito cascata nos demais movimentos. Quando uma região ou território se torna independente mudam-se fronteiras, alianças, relações econômicas e blocos, e os “novos” países têm que iniciar uma série de reformas, criando instituições próprias como Banco Central, Forças Armadas, entre outras, e o “novo” país precisa ser reconhecido por outros países. Conheça os principais territórios e países que, atualmente, desejam a separação ou ainda buscam o reconhecimento de sua independência, e os objetivos de cada um. Reino Unido O Reino Unido é um país europeu formado por Inglaterra, Escócia, País de Gales e Irlanda do Norte. Sua capital é Londres, a mesma da Inglaterra, o que já aponta uma liderança desse país no bloco. Essa liderança, enxergada como favorecimento por uns, é um dos motivos do surgimento de movimentos separatistas nos demais países. Escócia: Em 2014, a Escócia realizou um plebiscito para se tornar independente em relação ao Reino Unido. Em um dia histórico, 53% dos 3,6 milhões de eleitores votaram pelo “não”. Os partidários da independência, liderados pelo SNP (Partido Nacional Escocês), maioria no parlamento, buscam mais liberdade constitucional e autonomia fiscal, o que, segundo os críticos, estão centralizadas demais na Inglaterra. Outro objetivo é criar um fundo de reserva com o valor obtido na exploração de petróleo do Mar do Norte, cerca de £1 bilhão, ou US$ 1,6 bi, de acordo com os cálculos da ala favorável à separação. País de Gales: Também deseja se separar do Reino Unido. Em um referendo em 2011, 63,49% dos eleitores votaram a favor da atribuição de maiores poderes à Assembleia Nacional de Gales. O partido Plaid Cymru é um dos principais promotores da ideia de separação. O objetivo da campanha é construir um Estado Nacional Autônomo. Irlanda do Norte: existe um longo conflito que envolve as divergências entre dois grupos de residentes da Irlanda do Norte. De um lado, estão aqueles historicamente ligados à Grã-Bretanha, que construíram sua identidade nacional em torno dos vínculos com a Coroa britânica, mas que há séculos vivem nessa ilha irlandesa. Do outro, estão os irlandeses católicos, cuja identidade nacional difere da britânica. Em sua maioria, estes desejam a integração do país à República da Irlanda. Os irlandeses devem realizar um plebiscito sobre a independência em relação ao Reino Unido em até quatro anos. Em 1921, após a guerra de independência irlandesa contra o Reino Unido, Londres assinou uma trégua com Dublin e, dois anos depois, fundou o Estado Livre Irlandês. Nesse processo, o governo britânico ficou com seis dos nove condados que compõem a região do Ulster, província irlandesa. O objetivo da independência é juntar esses seis territórios à República da Irlanda. A independência é também uma das principais bandeiras do IRA (Exército Republicano Irlandês). A questão 57 1º 2014 pede para apontar uma explicação das origens estruturais de do conflito entre Irlanda do Norte e Reino Unido. Espanha O país convive há anos com os desejos de independência dos catalães e bascos, motivados, principalmente, pelo desejo de manter suas tradições culturais. Catalunha: O movimento de independência catalão é antigo. A Catalunha se considera um território a parte. É uma comunidade autônoma, tem autossuficiência legislativa e competências executivas, além de ter o próprio idioma, o catalão. Com a independência querem mais autonomia e o fortalecimento da sua cultura. Caso isso ocorra, Barcelona, uma das principais cidades turísticas da Espanha, se tornará a capital do novo país. País Basco: Localizado no norte da Espanha, a oeste da França, busca separação desde 1959, quando nasceu o grupo separatista ETA (sigla para “País Basco e Liberdade”). O grupo propagou pela luta armada o desejo de independência, o que o fez ser considerado uma organização terrorista pela União Europeia e EUA. Em 2011, o ETA anunciou o fim da luta armada, mas segue em busca da separação. Com língua própria e um Parlamento desde 1980, os bascos ainda não têm território. Embora a região tenha autonomia desde a constituição espanhola de 1978, os separatistas querem que Espanha e França reconheçam a independência do País Basco que compreende os territórios de Álava, Guipúzcoa, Vizcaya, Navarra e Baixa Navarra, Lapurdi e Zuberoa, esses três últimos, territórios do País Basco Francês. ex-URSS Muitos movimentos separatistas que existem hoje na área da antiga União Soviética (composta pelos países Rússia, Ucrânia, Bielorrússia, Transcaucásia, Estônia, Lituânia, Letônia, Moldávia,Geórgia, Armênia, Azerbaijão, Cazaquistão, Uzbequistão, Turcomenistão, Quirguizão e Tadjiquistão) ainda remontam da época do final do país, em 1991, que deu à região uma nova configuração, com novos países. Muitos territórios ainda brigam pelo reconhecimento de sua independência. Ossétia do Sul (Geórgia): Com o fim da URSS essa área foi entregue à Geórgia. A partir daí, uma série de conflitos ocorreu entre russos e georgianos pelo controle da região. A Ossétia do Sul declarou independência em 2008, reconhecida apenas por Rússia, Venezuela, Nicarágua, Nauru e Tuvalu. EUA, UE (União Europeia) e ONU não reconhecem a separação. Os ossetianos do sul querem se juntar à Ossétia do Norte, uma república autônoma dentro da federação russa. A independência valorizaria mais a tradição dos ossetianos, que têm identidade e cultura diferentes dos georgianos e uma língua própria. Abecásia (Geórgia): A Abecásia se considera um Estado independente desde a derrota das forças georgianas na guerra de 1992-1993. No entanto, sua independência não foi reconhecida pela ONU. Nagorno-Karabakh (Azerbaijão): Em Nagorno-Karabakh a maioria da população é armênia. O território declarou sua independência em relação ao Azerbaijão, mas esta não foi reconhecida por nenhum país. O desejo dos separatistas é unir-se ao território da Armênia. Transdnístria (Moldávia): Localizada na fronteira da Ucrânia com a Moldávia, a região do Leste Europeu declarou independência do governo moldávio em 1990. Moscou, apesar de não reconhecer a independência deu apoio econômico e político. Em um referendo de 2006, a região reiterou sua vontade de se separar e de uma eventual anexação à Rússia – quase metade da população é de etnia russa. A Transdnístria tem sua própria moeda, Constituição, Parlamento e bandeira, mas quer ser reconhecida como um Estado independente e a anexação à Rússia. Outras partes da Europa Flanders (Bélgica): Com uma população de 6,4 milhões de habitantes, Flandres busca sua independência completa da Bélgica. A causa é defendida por partidos da ala conservadora, como o Vlaams Belang. A crise econômica que abala o país desde 2009 ajudou esses partidos a reforçarem a necessidade da separação. O objetivo é instituir a República de Flandres, que seria composta pelas regiões de Flandres, Bruxelas e Valônia. Ilha de Córsega (França): Na terra natal de Napoleão Bonaparte a vontade de tornar-se um território independente existe desde 1976. Quem mais difunde esse ideal é a FLNC (Frente de Libertação Nacional da Córsega), movimento político nacionalista e de luta armada. Os moradores da ilha tem seu próprio idioma e se referem ao resto da França como “continente”. Em 2013 o FLNC reiterou que continuará sua luta pela separação. Os nacionalistas querem mais autonomia em relação à França, que consideram enxergar a ilha apenas como reduto turístico e de exploração imobiliária. Padania (Itália): A unificação da Itália na segunda metade do século 19 não eliminou as diferenças regionais de seus territórios. Desde 1991 a Liga Norte (Lega Nord), grupo criado pelo político Umberto Bossi, defende a separação de uma área da região norte chamada de ‘Padania’. Para o grupo, a região sul atrapalharia o progresso no norte do país. De acordo com a proposta, a Padania seria constituída por onze regiões da atual Itália (Lombardia, Veneto, Piemonte, Emilia-Romagna, Ligúria, Friuli, Trentina, o vale de Aosta, Úmbria, Marcas e Toscana), com uma população de 34 milhões de pessoas. Kosovo (Sérvia): Declarou sua independência da Sérvia em 2008, é reconhecido por vários países, mas não é membro da ONU. Sérvia, Rússia, China e outros países também não reconhecem a separação. Por esse motivo, sua independência não é tida como bem-sucedida. A separação visa preservar e garantir direitos e liberdades para a majoritária população albanesa do Kosovo, que não era vista com bons olhos pelo governo sérvio, que operou várias ofensivas militares contra o território. Outras partes do mundo Quebéc (Canadá): O movimento de independência é liderado pelo PQ (Parti Québécois). No entanto, contra eles pesam os resultados de dois referendos sobre a questão, um em 1980 e outro em 1995, onde o “não” saiu vitorioso. Mesmo assim, o PQ quer convocar um terceiro referendo. A principal motivação é cultural. A maioria da população da província do Quebéc descende de franceses – o que faz do francês a língua principal -, ao contrário das outras províncias, onde a maioria descende de ingleses ou escoceses. A forte influência francesa tornaria a província sensivelmente diferente do resto do país. Os separatistas consideram ainda que a província não é beneficiada economicamente pelo governo canadense. Tibete (China): O Tibete manteve o status de país independente entre 1911 e 1950. A situação mudou com a chegada de Mao Tsé-tung ao poder. Em 1963, a região foi nomeada Região Autônoma e hoje tem um governo apoiado pela China, que não abre mão de controlar o território. Os que defendem a independência consideram que a região está em atraso em relação às demais províncias costeiras chinesas, embora a China alegue ter levado progresso e benefícios materiais ao Tibete. Além disso, a população local enfrenta uma forte concorrência por emprego com os chineses e veem na ‘dura’ política chinesa uma ameaça às tradições religiosas e a liberdade. República Turca do Chipre do Norte (Chipre): Parte do território da ilha de Chipre que se considera independente desde 1983 e vive de acordo com as próprias leis sem, no entanto, ter sua independência reconhecida pela comunidade internacional. A região foi invadida pela Turquia em 1974 após um golpe militar greco- cipriota. A independência é reconhecida apenas pela Turquia, o que impossibilita a entrada do país na União Europeia, grupo do qual o Chipre faz parte. Curdistão (Iraque): Considerada a área mais estável do Oriente Médio, o Curdistão iraquiano já é uma região autônoma, mas ainda busca sua plena independência. Além do Iraque, a área do Curdistão se distribui pela Turquia, Irã, Síria, Armênia e Azerbaijão. Os curdos são um grupo étnico com sua própria língua e cultura, diferentes das populações árabe, persa e turca predominantes na região. As diferenças culturais, a estabilidade econômica (a área é rica em petróleo) e a visão não tão radical da religião motiva os curdos iraquianos a desejarem a independência.
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