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Geografia vol 12 EM Positivo

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Prévia do material em texto

Volume 12
Geografia
Sumário
O projeto gráfico atende aos objetivos da coleção de diversas formas. As ilustrações, os diagramas e as figuras contribuem para a construção 
correta dos conceitos e estimulam um envolvimento ativo com temas de estudo. Sendo assim, fique atento aos seguintes ícones:
Fora de escala numéricaFormas em proporção
Imagem ampliadaImagem microscópica
Coloração artificial
Coloração semelhante ao natural
Representação artísticaEscala numéricaFora de proporção
34
35
36
O contexto dos conflitos geopolíticos no 
mundo ........................................................4
A Guerra Fria ..........................................................................................................5
Os principais conflitos durante a Guerra Fria ........................................................15
A fragmentação da União Soviética e o fim da Guerra Fria ...................................24
Nacionalismos e tensões .............................. 29
Espaços de nacionalismos e tensões ....................................................................32
Principais conflitos geopolíticos da 
atualidade .................................................. 43
Conflitos atuais ....................................................................................................45
A questão do narcotráfico ....................................................................................57
A geopolítica da solidariedade: o papel das novas redes sociais na busca de 
alternativas .........................................................................................................59
Acesse o livro digital e 
conheça os objetos digitais 
e slides deste volume.
Ponto de partida 
4
34
 A cena retratada na imagem mostra um acontecimento de grande importância na Geografia Política do final do 
século XX. 
1. Qual acontecimento é esse? Em que país ele se deu? 
2. O que esse muro representava? 
3. Qual mudança na divisão do poder político e econômico mundial o acontecimento retratado na imagem 
anunciava?
O contexto dos 
conflitos geopolític
os 
no mundo
LatinStock/Interfoto/ATV
A Guerra Fria
Com o término da Segunda Guerra Mundial, as decisões e os acordos firma-
dos na Conferência de Yalta e na Conferência de Potsdam pelos países aliados 
estabeleciam uma nova cartografia do poder no mundo. 
O fim da cooperação estabelecida 
durante a Segunda Guerra entre as duas 
superpotências (Estados Unidos e União 
Soviética) ocorreu em razão de dois fa-
tores. O primeiro foi a proclamação da 
Doutrina Truman – diretrizes do gover-
no estadunidense, presidido por Harry 
Truman, que pretendiam conter o avan-
ço soviético e socialista e atribuíam aos 
EUA a missão de liderança internacional 
do mundo capitalista. O segundo foi o Programa de Recuperação Europeia, de-
nominado Plano Marshall, em 1947, a partir do qual os Estados Unidos se com-
prometiam a defender seus aliados da Europa Ocidental e a contribuir para sua 
recuperação econômica. 
Objetivos da unidade:
 compreender a divisão dos poderes político, militar e econômico durante a Guerra Fria, bem como a 
constituição do mundo bipolar e sua influência no sistema de organização entre os países e as relações 
internacionais;
 reconhecer, nos principais conflitos deflagrados na Guerra Fria, a influência da União Soviética e dos 
Estados Unidos, as duas superpotências do mundo bipolarizado;
 relacionar o período marcado pelo regime militar no Brasil como parte do cenário latino-americano 
inserido na Guerra Fria;
 compreender as causas sociais, políticas e econômicas que levaram ao fim da Guerra Fria e à fragmen-
tação da União Soviética.
militar e econômico durante a Guerra Fria, bem como a
Conferência de Yalta: realizada em fe-
vereiro de 1945 na Península da Crimeia, 
então União Soviética, pelos países aliados – 
Estados Unidos, França, Reino Unido e União 
Soviética.
Conferência de Potsdam: outra conferên-
cia com os países aliados, que ocorreu em 
setembro de 1945, na Alemanha.
Plano Marshall: programa empreendido 
pelos Estados Unidos em 1947 com a inten-
ção de deter o avanço do comunismo na Eu-
ropa por meio da ajuda na reconstrução da 
infraestrutura e da economia dos países da 
Europa Ocidental devastados pela Segunda 
Guerra Mundial.
Discurso do presidente Harry S. Truman, em 12 de março de 1947, 
diante do congresso estadunidense, propondo ajuda econômica e militar 
à Grécia e Turquia para “conter as tentativas soviéticas de subversão”
No atual momento da história mundial, quase todas as nações devem escolher entre diferentes modos 
de vida. Frequentemente essa escolha não é livre. Um modo de vida baseia-se na vontade da maioria, 
distingue-se por instituições livres, governo representativo, eleições livres, garantias de liberdade indivi-
dual, liberdade de expressão e religião, e livre da opressão política. O segundo modo de vida baseia-se na 
vontade de uma minoria imposta à força para uma maioria. Ela se baseia em terror e opressão, imprensa 
e rádio controlados, eleições arranjadas e na supressão das liberdades individuais. Eu acredito na política 
dos Estados Unidos para apoiar os povos livres que resistem às tentativas de subjugação por minorias 
armadas ou por pressões externas. Eu acredito que nós devemos ajudar os povos a serem livres e que 
possam trabalhar por seus próprios destinos e caminhos. Penso que nossa ajuda deve ser principalmente 
por meio da estabilidade econômica e do processo político ordenado.
Fonte: HARRY S. TRUMAN LIBRARY & MUSEUM. Disponível em: <http://www.trumanlibrary.org/teacher/doctrine.htm#speech>. Acesso 
em: 7 jul. 2015. Tradução nossa.
 Lideranças dos países aliados: Churchill 
(Reino Unido), Roosevelt (EUA) e Stalin 
(URSS), durante a Conferência de Yalta, 
em Yalta – Península da Crimeia, URSS, 
em 1945
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Estava deflagrada a Guerra Fria: uma guerra diferente das demais, que não envolveu um enfrentamento militar 
direto entre EUA e União Soviética, mas disputas ideológicas, políticas, econômicas e militares em regiões e países sob 
suas esferas de influência, ocorrendo um forte desenvolvimento da espionagem, da propaganda ideológica, da tensão 
diplomática e dos altos gastos em tecnologia bélica.
Bipolaridade
Durante a Guerra Fria, as áreas de influência estavam subordinadas aos EUA e à União Soviética. Por isso, falamos 
em um mundo bipolar. O conjunto de países sob influência soviética, com exceção de Cuba, concentrava-se no Hemis-
fério Oriental. O bloco capitalista, ainda que presente na metade leste do globo, compunha-se, quase na totalidade, de 
países situados no Hemisfério Ocidental. 
MUNDO BIPOLAR DURANTE A GUERRA FRIA (1945-1989)
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Fontes: ROSS, Jurandyr L. S. (Org.). Geografia do Brasil. São Paulo: USP, 1995; ATLAS of World History. Londres: Philip’s, 2005. p. 245. 
Adaptação.
Cartografia
 Na Guerra Fria, a União Soviética (URSS) era composta do que se denominava “Repúblicas Socialistas”, as quais 
posteriormente se fragmentaram em países. Com o auxílio de um atlas, identifique, no mapa, os atuais países que 
integravam a União Soviética.
6 Volume 12
Fonte: IBGE. Atlas geográfico escolar. 6. ed. Rio de Janeiro, 2012. p. 47. Adaptação.
A UNIÃO DAS REPÚBLICAS SOCIALISTAS SOVIÉTICAS 
Otan e Pacto de Varsóvia
Em 1949, os Estados Unidos lideraram a criação da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan), uma alian-
ça militar formada pelas forças de EUA, Canadá e diversos países europeus, claramente direcionada contra a União 
Soviética.
MEMBROS DA OTAN
Fonte: NORTH ATLANTIC TREATY ORGANIZATION. Member countries. Disponível em: <http://www.nato.int/cps/en/
natolive/topics_52044.htm>. Acesso em: 4 nov. 2013. Adaptação.
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Seis anos depois, formou-se o Pacto de Varsóvia, aliança militar comandada pela União Soviética, fundamentada no 
Artigo 51 da Cartadas Nações Unidas (direito do uso da força em caso de agressão armada). Apesar de se configurar 
como um pacto de segurança coletiva, era, na realidade, um instrumento político-militar de controle da União Sovié-
tica sobre o Leste Europeu. 
Em 1991, com a desintegração da União Soviética, o Pacto de Varsóvia deixou de existir. A Otan, por sua vez, perma-
nece, tendo ganhado volume com a adesão de vários países do Leste Europeu que nela ingressaram a partir de 1999.
Cortina de Ferro
Como você observou, a Guerra Fria estabeleceu 
uma divisão na Europa que levou à formação de alian-
ças militares: a Otan e o Pacto de Varsóvia. No conti-
nente europeu, essa divisão geográfica, de caráter 
político e econômico, que opunha os países socialistas 
(alinhados à União Soviética) e os capitalistas (alinha-
dos aos EUA) ficou conhecida como Cortina de Ferro.
Fonte: U.S. DEPARTMENT OF STATE. The Warsaw Treaty Organization. Disponível em: <http://history.state.gov/milestones/1953-1960/
WarsawTreaty>. Acesso em: 4 nov. 2013. Adaptação.
MEMBROS DO PACTO DE VARSÓVIA
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A expressão Cortina de Ferro surgiu com o discurso do primeiro-ministro
 
britânico Winston Churchill nos EUA, no ano de 1946. Churchill mencio
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nou que uma “cortina de ferro” havia se instalado no continente europeu
. 
Estava se referindo à barreira (ou cortina) político-ideológica estabelecid
a 
pela União Soviética, atrás da qual estariam os países da Europa Central
 e 
Oriental, submetidos, portanto, à esfera de influência soviética.
8 Volume 12
A corrida armamentista
A Guerra Fria se caracterizou como um período de acelerada 
disputa por armamentos. Sob o pretexto de defender suas áreas 
de influência – e de expandi-las –, as duas superpotências se 
dedicaram a formar poderosos arsenais bélicos. Testes de armas 
nucleares e a ampliação de seus arsenais, compostos de mísseis 
apontados para o território inimigo, eram motivo de orgulho 
e considerados grandes trunfos. Os elevados investimentos 
se justificavam, também, na manutenção de suas tropas 
constituídas por centenas de milhares de soldados em diversas 
bases militares espalhadas pelo mundo.
Em meio à corrida armamentista e, principalmente, 
durante a Guerra do Vietnã, eclodiam, nos Estados Unidos e na 
Europa, manifestações pacifistas que, a seu modo, revelavam 
descontentamento diante da crescente militarização e, ao 
mesmo tempo, sugeriam formas alternativas de convivência 
entre os povos.
EUROPA E A CORTINA DE FERRO
Fonte: ATLAS DA HISTÓRIA DO MUNDO: história completa da jornada humana. 2. ed. Londres: Dorling Kindersley, 2005. p. 108. 
Adaptação.
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Em 1954, o Vietnã havia sido dividido em Vietnã do Norte (comunista e apoiado por União Soviética e China) e 
Vietnã do Sul (alinhado ao Ocidente). Com receio da possível unificação sob o regime comunista, os estadunidenses se 
envolveram no conflito, oferecendo apoio financeiro e militar. Os Estados Unidos assinaram acordos de paz em 1973 e 
 Atol de Bikini, Ilhas Marshall, 1946. Testes de 
armas nucleares realizados durante a corrida 
armamentista, na Guerra Fria: altos investimentos 
e danos ambientais e aos milhares de civis 
afetados pela radioatividade.
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se retiraram da região. Em 1975, o Vietnã do Norte tomou a capital do 
Vietnã do Sul, Saigon, e unificou o país. O número de mortos no conflito 
foi estimado em 3 milhões. 
A República Socialista do Vietnã, cujo controle político é do Partido 
Comunista (partido único), passou por algumas aberturas econômicas e 
melhorias relativas aos direitos humanos nas últimas décadas. 
ConexõesConexões
 Leia o texto a seguir.
Há 25 anos, equipes internacionais de cientistas mostraram que uma guerra atômica entre os 
Estados Unidos e a União Soviética poderia resultar em um “inverno nuclear”. A fumaça dos vastos 
incêndios deflagrados por bombas lançadas sobre cidades e áreas industriais envolveria o planeta e 
absorveria tanta luz solar que a superfície terrestre ficaria fria, escura e seca. As plantas morreriam em 
escala global e nossas fontes de alimentos seriam extintas. No verão, as temperaturas superficiais regis-
trariam valores de inverno. Uma discussão internacional sobre essa perspectiva sombria, alimentada em 
grande parte pelo astrônomo Carl Sagan, obrigou os líderes 
das duas superpotências a confrontar a possibilidade de que 
a corrida armamentista não ameaçava apenas sua própria 
existência, mas a de toda a raça humana. Todos os países, 
grandes e pequenos, exigiram o desarmamento.
O inverno nuclear foi fator importante para encerrar a 
corrida armamentista. Em retrospectiva, o ex-líder soviéti-
co Mikhail S. Gorbachev observou, em 2000, que “modelos 
elaborados por cientistas russos e americanos mostravam 
que uma guerra nuclear acarretaria um inverno nuclear ex-
tremamente destrutivo para toda a vida na Terra; essa infor-
mação foi um grande estímulo para nós, pessoas de honra e 
moralidade, agirmos”. 
Por que discutir esse tema agora que a Guerra Fria aca-
bou? Porque, à medida que outras nações adquirem essas 
armas, guerras atômicas menores, regionais, podem gerar 
uma catástrofe similar. Novas análises revelam que um con-
flito entre a Índia e o Paquistão, por exemplo, em que 100 
bombas fossem lançadas sobre cidades e áreas industriali-
zadas – apenas 0,4% das mais de 25 mil ogivas do mundo 
– produziria suficiente fumaça para aniquilar a agricultura 
global. Uma guerra regional faria um número incalculável 
de vítimas, inclusive em países distantes do confronto. [...]
ROBOCK, Alan; TOON, Owen B. Guerra nuclear local, catástrofe global. Scientific American-Brasil. Disponível em: <http://www2.uol.com.br/
sciam/reportagens/guerra_nuclear_local_catastrofe_global.html>. Acesso em: 8 jul. 2015.
 Teste nuclear nas Ilhas Christmas, Austrália, em 
1958. De acordo com os cientistas, a deflagração 
de uma guerra nuclear levaria o mundo a um 
“inverno nuclear” e ao extermínio de diversas 
formas de vida.
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A tomada de Saigon, com a posterior 
incorporação de outras regiões próximas, 
formou a atual cidade de Ho Chi Minh.
10 Volume 12
 Com base no texto, responda às questões propostas.
1. Cientistas poderiam ter contribuído para pôr fim à corrida armamentista durante a Guerra Fria. Encontre o trecho que 
sugere a ideia exposta nessa afirmação e o transcreva.
2. Quais consequências uma guerra que utilizasse “apenas” 100 artefatos nucleares traria para a vida humana? 
Um dos desdobramentos da disputa armamentista empreendida por Estados Unidos e União Soviética, entre as 
décadas de 1950 e 1980, foi a corrida espacial, que resultou no desenvolvimento da tecnologia aeroespacial e da 
astronáutica.
A corrida espacial
Como demonstração de força e poder, além de uma forma de obter informações e vantagens sobre o oponen-
te, Estados Unidos e União Soviética deslocaram parte de seu conflito para o espaço. Os lançamentos dos primeiros 
satélites artificiais em órbita foram motivados principalmente pela possibilidade de espionagem. Ao mesmo tempo, 
representaram os passos iniciais dos desenvolvimentos científico e tecnológico no campo da astronáutica.
Frases históricas na corrida espacial
“A Terra é azul.”
(do soviético Yuri Gagarin, observando nosso planeta do espaço, em 1961)
“Um pequeno passo para o homem, um grande salto para a humanidade.”
(do estadunidense Neil Armstrong, ao pisar na superfície da Lua, em 1969)
Geografia 11
1963 – A soviética 
Valentina Tereshkova 
foi a primeira mulher 
a ir ao espaço.
1961 – O cosmonauta 
soviético Yuri Gagarin 
tornou-se o primeiro 
homem a chegar ao 
espaço sideral, a bordo 
da nave espacial 
Vostok I, durante um voo 
orbital de 108 minutos.
NASA
Verifique os principais acontecimentos resultantes da deflagrada corrida espacial.
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1957 – Cientistas 
soviéticos 
realizaram o 
lançamento do 
primeiro satéliteartificial: Sputnik I.
1966 – O astronauta 
estadunidense Edward 
White, por meio do programa 
espacial do Projeto Gemini, 
foi responsável por um 
importante marco: trabalhar 
por cinco horas fora da nave.
NASA/James McDivitt
1965 – O cosmonauta soviético Alexey 
Leonov tornou-se o primeiro homem 
a permanecer fora de uma nave no 
espaço sideral.
1969 – No dia 20 de 
julho, os astronautas 
estadunidenses Neil 
Armstrong e Edwin “Buzz” 
Aldrin (foto), da missão 
Apollo 11, foram os 
primeiros homens a pisar na 
superfície lunar. 
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12 Volume 12
1971 – Os soviéticos 
estabeleceram a primeira 
estação espacial orbital, a 
Salyut I.
Atividades
 Considerando os temas tratados, responda às questões a seguir.
1. Qual é a relação entre a corrida espacial e a Guerra Fria?
2. Cite uma grande conquista espacial de cada superpotência.
 União Soviética
 Estados Unidos 
1975 – Soviéticos e estadunidenses 
criaram, em conjunto, um projeto 
de missão espacial tripulada, o 
Apollo-Soyuz Test Project. Com 
isso, encerrou-se a disputa pela 
supremacia da exploração espacial, 
que já havia se estendido por cerca 
de duas décadas.
1973 – Os Estados 
Unidos lançaram 
sua primeira estação 
espacial: a Skylab.
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Geografia 13
Propaganda ideológica e Guerra Fria no Brasil 
Além da corrida espacial, soviéticos e estadunidenses competiram no que diz respeito ao desenvolvimento de 
propagandas que difundiam, respectivamente, as ideologias socialista e capitalista. Durante a Guerra Fria, o poder da 
mídia tornava-se mais intenso em períodos de crises e de guerras em regiões periféricas.
A Guerra Fria também se manifestou no Brasil, de modo especial durante o regime militar (1964-1985) apoia-
do pelo governo dos Estados Unidos. As formas de propaganda do Estado brasileiro, tal qual nos Estados Unidos e 
em outros países do continente, fomentavam o repúdio ao socialismo, ao mesmo tempo que enalteciam o país, sua 
administração, modo de vida e suas belezas naturais. Em meio à propagação de slogans ufanistas, a repressão contra 
ativistas políticos e guerrilheiros acontecia às escondidas, nos porões de quartéis ou em áreas afastadas. 
Arquivos entregues somente na década de 2010 pelo governo dos Estados Unidos revelam que a morte de várias 
pessoas durante o regime militar já era informada por funcionários de consulados e embaixadas estadunidenses no 
Brasil poucos dias após a detenção em prisões. Muitas dessas pessoas, contudo, eram consideradas oficialmente ape-
nas desaparecidas.
 Campanha sobre 
as conquistas 
espaciais soviéticas, 
em 1959
 A imagem do personagem 
Capitão América, símbolo do 
poder estadunidense, das 
histórias em quadrinhos foi 
bastante utilizada na Guerra Fria. 
Entretanto, os principais confrontos entre soviéticos e estadunidenses ocorreram de modo indireto, por vias diplo-
máticas ou em guerras ou conflitos regionais, nos quais cada uma das superpotências se envolvia na manutenção ou 
expansão de suas influências.
 Brasileiros se reúnem nas ruas 
do Rio de Janeiro – RJ, durante 
o Golpe Militar, em 1964
 Um dos slogans difundidos 
pela mídia do governo militar 
durante a década de 1970
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14 Volume 12
Os principais conflitos durante a Guerra Fria
Contraditoriamente, o vasto arsenal bélico das duas grandes potências militares da Guerra Fria serviu não para uma 
guerra de fato, mas para a imposição de um precário equilíbrio de forças. A luta pela supremacia do poder nos diferen-
tes continentes, contudo, trouxe grandes transformações ao cenário geopolítico e socioeconômico mundial. 
A Alemanha dividida
Em 1945, ao final da Segunda Guerra Mundial, foram estabelecidos, na Conferência de Potsdam, a divisão do terri-
tório alemão, seu desarmamento e a definição de fronteiras com União Soviética, Polônia, Tchecoslováquia e Áustria.
 O território alemão, bem como a cidade de Berlim, ficou dividido em quatro zonas de ocupação: três delas sob o 
domínio de tropas inglesas, francesas e estadunidenses. 
DIVISÃO DA ALEMANHA APÓS A CONFERÊNCIA DE POTSDAM
Fonte: ATLAS da história do mundo: história completa da jornada humana. 2. ed. Londres: Dorling Kindersley, 2005. p. 212. Adaptação.
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Essa divisão compôs, a partir de 1949, a Alemanha Ocidental, ou República Federal da Alemanha, e a Alemanha 
Oriental, que se transformou na zona de ocupação soviética, denominando-se República Democrática da Alemanha. 
A cidade de Berlim, embora ainda organizada em zonas, ficou, portanto, localizada integralmente na parte ocupada 
pela União Soviética.
Mais de três milhões de pessoas migraram do lado oriental da Alemanha para o ocidental. Entre outras situações, 
esse deslocamento representou para a Alemanha Oriental uma perda de milhares de trabalhadores especializados. 
Já para a Alemanha Ocidental, que também se reerguia das ruínas deixadas pela guerra, isso significou a entrada de 
7 500 médicos, 1 200 dentistas, um terço dos acadêmicos da Alemanha Oriental e milhares de outros trabalhadores 
especializados. 
Geografia 15
Com aproximadamente 155 km de extensão, o “muro antifascista”, como 
era denominado pelos soviéticos, ou “muro da vergonha”, conforme a ele se 
referiam os do lado ocidental, apresentava 302 torres de observação. A en-
trada ou a saída do lado oriental somente eram autorizadas pelos agentes de 
fronteira. Dessa maneira, a tentativa de travessia do Muro de Berlim produziu 
uma série de vítimas, bem como histórias de fugas bem-sucedidas.
Os países-satélites na Europa Oriental sob influência 
da União Soviética eram Polônia, Alemanha Oriental, 
Tchecoslováquia, Hungria, Bulgária e Romênia. A fron-
teira entre eles era intensamente vigiada por guaritas 
e torres de observação distribuídas ao longo de exten-
sas cercas de arame farpado. 
 Remanescente da “Cortina de Ferro”, na divisa e
ntre a 
República Tcheca e a Áustria, em 2011
Em 1961, a URSS autorizou o governo da Alemanha 
Oriental a erguer um muro, isolando a parte ocidental 
de Berlim do restante do território oriental da Alemanha. 
Dessa forma, assim como as demais fronteiras dos 
países-satélites da União Soviética na Europa Oriental, 
cuja transposição era impedida pela Cortina de Ferro, o 
Muro de Berlim impossibilitava o deslocamento entre os 
setores ocidental e oriental da cidade.
 Homem caminha, em Berlim Ocidental, 
próximo ao muro (Berlim Oriental à 
direita), em 1962
 População alemã comemora a queda do Muro de 
Berlim diante do Portão de Brandemburgo, em 1989
Em meio a grandes manifestações públicas 
em suas principais cidades, em 9 de novembro 
de 1989, o governo da Alemanha Oriental anun-
ciou a abertura da fronteira entre as duas partes 
da Alemanha, em Berlim. Milhares de pessoas 
celebraram a queda do muro, um dos principais 
ícones da Guerra Fria. 
ALEMANHA OCIDENTAL E ALEMANHA 
ORIENTAL NO PERÍODO DA 
GUERRA FRIA
Fonte: PHILIP’S Atlas of World History. Londres: Philip’s, 2007. 
p. 238. Adaptação.
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16 Volume 12
No ano seguinte, após a ruína do muro, firmou-se a reunificação 
alemã, quase à mesma época em que deixavam de existir a aliança 
militar do Pacto de Varsóvia e a organização econômica entre os 
países do Leste Europeu, o Comecon. 
A Coreia dividida
Com o fim da Segunda Guerra Mundial, a Coreia, então colônia 
do Japão, foi dividida a partir da linha latitudinal 38°N (oque ficou 
popularmente conhecido como paralelo 38). Tropas estadunidenses 
ocupavam o sul da península da Coreia, enquanto tropas soviéticas 
se situavam no norte. Tal ocupação resultou, no final da década de 
1940, na criação de dois países, separados, portanto, pelo paralelo 
de 38°N: a Coreia do Sul, capitalista e aliada dos Estados Unidos, e a 
Coreia do Norte, socialista e pró-soviéticos.
Comecon: Conselho para Assistência 
Econômica Mútua, criado em 1949. Seus 
membros originais eram URSS, Tchecos-
lováquia, Hungria, Polônia, Romênia e 
Bulgária e seu objetivo era promover a 
integração econômica, científica e téc-
nica entre os países do Leste Europeu. A 
Albânia entrou em 1949, mas deixou de 
ser membro ativo em 1961. A Alemanha 
Oriental passou a fazer parte em 1950, a 
Mongólia em 1962, a Iugoslávia em 1964 
(como membro associado), Cuba em 1972 
e Vietnã em 1978.
A transgressão do paralelo 38, em 1950, primeira-
mente por tropas norte-coreanas e, mais tarde, por sul-
-coreanas, levou à guerra pelo controle dessa zona de 
grande importância comercial e estratégica no novo 
cenário da Guerra Fria que se desenhava. A presença de 
tropas chinesas no conflito, em apoio à Coreia do Norte, 
provocou grande tensão e temor de que se deflagrasse 
mais uma guerra de âmbito mundial. Contudo, em julho 
de 1953, três anos após o início da transgressão, foi as-
sinado o acordo de paz, no Armistício de Panmunjon. 
Estima-se que mais de três milhões de civis e cen-
tenas de milhares de soldados morreram nessa guerra. 
O conflito e o fato de a nação estar dividida entre norte 
e sul-coreanos mantêm tal região como uma das mais 
instáveis no cenário geopolítico da atualidade. Testes 
nucleares promovidos pelo governo norte-coreano e 
seu regime ditatorial são alguns dos aspectos que com-
prometem a segurança política da península coreana.
Armistício: suspensão das hostilidades entre beligerantes como efeito de uma convenção, sem, contudo, se pôr fim à guerra; trégua.
FERREIRA, Aurélio Buarque de Holanda. Miniaurélio: o minidicionário de língua portuguesa. 7. ed. Curitiba: Positivo, 2008. p. 139.
A COREIA DIVIDIDA
Fonte: PHILIP’S Atlas of World History. Londres: Philip’s, 2007. 
p. 244. Adaptação.
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Geografia 17
ConexõesConexões
 Leia o texto a seguir.
Ativistas sul-coreanos lançam balões com DVDs na Coreia do Norte
Ativistas sul-coreanos lançaram nesta quarta-feira [15 de janeiro de 2014] no outro lado da fronteira 
meio milhão de panfletos e pendrives contendo informações sobre violações dos direitos humanos na 
Coreia do Norte.
A partir da cidade de Paju, também lançaram em balões sobre a fronteira ultrassegura, a última da 
Guerra Fria, DVDs e cédulas de um dólar americano. “Há claramente na Coreia do Norte uma enorme 
sede de informação externa”, afirmou Thor Halvorssen, presidente da ONG americana Human Rights 
Foundation. Cada um dos 1.500 pendrives lançados no território da Coreia do Norte contém artigos em 
coreano da enciclopédia on-line Wikipedia.
Apesar de os norte-coreanos viverem sem dúvida no país mais isolado do mundo, a Coreia do Norte 
não é um deserto total em termos de tecnologia da informação. Existe uma rede intranet interna desde 
2002, algumas agências governamentais têm sua própria web e, em 2008, foram introduzidos os celu-
lares através de uma empresa conjunta com a egípcia Orascom, mas 95% da população não possui esse 
tipo de aparelho.
O desenvolvimento econômico da Coreia do Norte só é autorizado se não ameaçar o regime comu-
nista. Além disso, as fronteiras já não são tão herméticas quanto antes. Celulares chineses introduzidos 
por contrabando permitem telefonar para o exterior. Os DVDs, MP3 e pendrives, introduzidos também 
ilegalmente, são outras janelas abertas para o estrangeiro.
Esta última operação de lançar balões 
foi organizada por um grupo de refugiados 
norte-coreanos particularmente ativos. Eles 
têm o objetivo de “mostrar aos norte-co-
reanos a brutalidade de seu dirigente Kim 
Jong-Un” e animá-los a “se sublevar e aca-
bar com a ditadura”, explicou seu chefe, 
Park Sang-Hak.
ATIVISTAS sul-coreanos lançam balões com DVDs na Coreia do Norte. Correio Brasiliense. Disponível em: <http://www.correiobraziliense.
com.br/app/noticia/mundo/2014/01/15/interna_mundo,407978/ativistas-sul-coreanos-lancam-baloes-com-dvds-na-coreia-do-norte.shtml>. 
Acesso em: 9 jul. 2015.
a) De que forma os norte-coreanos têm acesso à informação atualmente? 
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 Denúncias sobre o regime norte-coreano chegam 
à Coreia do Norte por balões lançados por 
ativistas sul e norte-coreanos a partir da cidade 
de Paju, na Coreia do Sul, em 2014
18 Volume 12
América Latina sob intervenção
Durante o período da Guerra Fria, a América Latina, quase em sua totalidade, foi 
palco de várias intervenções militares, políticas e econômicas, remessas de armas e 
treinamento militar, além de influências ideológicas e culturais dos Estados Unidos. 
Sob o pretexto de proteger as nações do perigo comunista patrocinado pelos 
soviéticos, tais manifestações atuaram por meio de implantação e sustentação de 
ditaduras militares, apoio a determinadas oligarquias na administração dos Estados, 
imposições comerciais e prática de espionagem.
Cuba: a crise dos mísseis e o embargo econômico
A revolução socialista cubana, liderada por Fidel Castro em 1959, teve grande 
impacto na política da Guerra Fria conduzida pelos Estados Unidos no continente 
americano. O país, situado em uma ilha caribenha, dista pouco mais de 100 km do 
estado da Flórida, nos Estados Unidos. A revolução destituiu o governo de Fulgêncio 
Batista, pró-EUA, e nacionalizou os investimentos estadunidenses realizados na ilha.
 O presidente Salvador Allende morreu 
durante o bombardeio do Palácio de La 
Moneda, em Santiago – Chile, em 11 de 
setembro de 1973. Com forte apoio do 
governo dos Estados Unidos, o general 
Augusto Pinochet assumiu o poder e 
implantou a ditadura militar no país.
CUBA 
Fonte: IBGE. Atlas geográfico escolar. 6. ed. Rio de Janeiro, 2012. p. 39. 
Adaptação.
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A adoção do modelo socialista em Cuba trouxe como 
consequência o embargo econômico e diplomático dos 
Estados Unidos ao governo de Havana. Tal fato levou a uma 
aproximação ainda maior entre Cuba e União Soviética, a 
qual, por meio de subsídios, colaborou para o desenvolvi-
mento da economia da ilha, com a exportação de diversos 
recursos, como o petróleo.
Após uma tentativa frustrada de invasão a Cuba em 1961, 
no ano seguinte, uma nova crise envolveu não apenas a ilha e 
os Estados Unidos, mas também a União Soviética. A instala-
ção de mísseis soviéticos de médio e longo alcance em Cuba 
fez com que o governo estadunidense determinasse também 
um embargo naval aos cubanos. 
O conflito nuclear entre as duas superpotências esteve 
prestes a ocorrer em diversas situações. Porém, em troca de 
um compromisso assumido pelo governo dos Estados Uni-
dos de que não invadiria o território cubano e retiraria seus 
mísseis nucleares instalados na Turquia, nas proximidades da 
União Soviética, o governo soviético ordenou a desinstalação 
dos mísseis. 
b) Reflita sobre a seguinte questão: A remessa de publicidade política por balões ou por contrabando pela fronteira 
seria suficiente para promover mudanças profundas na Coreia do Norte? Registre as conclusões a que chegou nas 
linhas abaixo e, em seguida, com a orientação do professor, debata sobre o assunto com os colegas em sala.
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Geografia 19
O embargo econômico a Cuba promovi-
do pelos Estados Unidos e ao qual aderiram 
vários de seus aliados, contudo, prosseguiu. O 
treinamento de guerrilha cubano e o apoio a 
revoluções socialistas fizeram desse país centro-
-americano uma peça chave no contexto da 
Guerra Fria. No início de 2015, o encontro entre 
os presidentes Barack Obama, dos Estados Uni-
dos, e Raúl Castro, de Cuba, no Panamá, simboli-
zou um momentohistórico de reaproximação e 
diálogo entre os dois países. 
PENÍNSULA DOS BÁLCÃS
Fonte: ATLAS National Geographic. Europa I, v. 3. São Paulo: Abril 
Coleções, 2008. p. 16-17. Adaptação.
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REPÚBLICA FEDERAL SOCIALISTA DA 
IUGOSLÁVIA 
Fonte: UNITED NATIONS GEOSPATIAL INFORMATION SECTION. 
Department of Field Support. Disponível em: <http://www.un.org/Depts/
Cartographic/map/profile/frmryugo.pdf>. Acesso em: 2 set. 2015. Adaptação.
Apesar do nome, as diferenças que constituem o país – formado por um mosaico de etnias, religiões e culturas, 
acrescidas de distintos vínculos ideológicos, como os do comunismo e do fascismo – se fizeram presentes durante a 
Segunda Guerra Mundial. Grupos croatas aliaram-se aos invasores alemães e promoveram massacres contra sérvios. 
Durante essa guerra, destacou-se a liderança do marechal Josip Tito na resistência iugoslava contra a invasão na-
zista. Seu carisma, sua diplomacia e habilidade política também foram decisivos na consolidação da unidade territorial 
do país após a guerra.
 Fotografia aérea mostrando mísseis no Porto de Mariel – 
Mariel, Cuba, 1962 
 Encontro entre os presidentes 
Raúl Castro, de Cuba, e Barack 
Obama, dos EUA, aponta para a 
reaproximação entre os dois países – 
Cidade do Panamá, Panamá, 2015 A desintegração da Iugoslávia 
A península dos Bálcãs situa-se em uma “encruzilhada” de civilizações: entre o Ocidente e o Oriente, a Europa e a Ásia, 
o mundo cristão e o mundo muçulmano. Por essa razão e pela antiguidade de seu povoamento, a região é composta de 
uma grande mescla de povos e culturas e se tornou um importante ponto estratégico comercial e geopolítico.
Ao final da Primeira Guerra Mundial (1914-1918), entre os estados dos Bálcãs, foi criada a Iugoslávia, nome que 
significa “união dos eslavos do sul”. 
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20 Volume 12
Cartografia
 Com o auxílio de um atlas, identifique quais são os países da atualidade que compunham a Iugoslávia.
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IUGOSLÁVIA
Fonte: UNITED NATIONS GEOSPATIAL INFORMATION SECTION. 
Department of Field Support. Disponível em: <http://www.un.org/
Depts/Cartographic/map/profile/frmryugo.pdf>. Acesso em: 2 set. 
2015. Adaptação.
1. 
2. 
3. 
4. 
5. 
5A. República autônoma de Kosovo (província integra-
da, porém com autonomia parcial) 
5B. Região autônoma de Voivodina (província integrada, 
porém com autonomia parcial)
6. 
A agitação, até então contida na região, veio à tona no início da década de 1990, em virtude de uma confluência 
de fatores: 
• morte do presidente Tito, em 1980;
• crise econômica da Iugoslávia;
• colapso do socialismo real, entre 1985-1991, culminando com o esfacelamento da União Soviética;
• ascensão de lideranças ultranacionalistas, como o sérvio Slobodan Milosevic, em 1989, e, no ano seguinte, o 
croata Franjo Trudjman. 
Em 1991, foram deflagrados os primeiros movimentos separatis-
tas que resultaram na independência de Eslovênia, Croácia (Franjo 
Trudjman tornou-se o primeiro presidente) e Macedônia. Diante de 
tais conquistas, habitantes da Bósnia e Herzegovina também alme-
jaram o processo de independência. Porém, o intento foi duramente 
reprimido pelo governo sérvio de Milosevic (na época, presidente 
da Sérvia, que compunha, com Montenegro, o que havia restado da 
Iugoslávia). 
Em 2003, foi extinta a denominação 
Iugoslávia, formando-se, então, o 
país chamado de Sérvia e Montenegro. 
Três anos depois, Sérvia e Montenegro 
tornaram-se dois países independentes.
Geografia 21
Entre 1992 e 1995, deflagrou-se a Guerra na Bósnia, com atuação das forças sér-
vias e de grupos de milícias que promoviam operações de limpeza étnica, princi-
palmente contra bósnios muçulmanos. Campos de concentração e de extermínio 
de populações voltaram a se instalar na Europa cerca de 45 anos após a queda do 
nazismo. As forças da Otan e os capacetes azuis (a força de paz da ONU) foram envia-
dos para encerrar a guerra, proteger o novo governo instituído e fiscalizar a região. 
Quatro anos após intervirem na Bósnia e Herzegovina, forças da Otan voltaram 
à antiga Iugoslávia, quando se intensificaram os conflitos desencadeados pelo mo-
vimento separatista de Kosovo. Considerado o berço da civilização sérvia, 90% da 
população de Kosovo, contudo, tinha origem albanesa.
Restou ao líder sérvio retirar suas tropas de Kosovo, que, por um ano, foi adminis-
trada pela ONU. Em 2008, foi declarada sua independência, porém não reconhecida 
pela totalidade dos países ou mesmo pelas Nações Unidas, principalmente em razão 
do veto da Rússia, antiga aliada da Sérvia, no Conselho de Segurança da ONU.
 Cidade de Sarajevo, capital da atual 
Bósnia e Herzegovina, em ruínas, em 1996 
HUNGRIA E TCHECOSLOVÁQUIA
Fonte: PHILIP’S Atlas of World History. Londres: Philip’s, 2007. 
p. 236. Adaptação.
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levantes em Praga: sob a condução do líder comunista Alexander Dubcek, que assumiu o poder da Tchecoslováquia em janeiro de 1968, foram promovidas reformas políticas, sociais, econômicas e culturais. Entre estas, restabeleceu-se a liberdade de imprensa e, com ela, a eclosão de movimen-tos de luta por direitos civis, formas alternativas de organi-zação política e retomada de atuação de igrejas cristãs. Ao mesmo tempo, a Tchecoslováquia se aproximava economi-camente da Alemanha Ocidental. Tais reformas desagrada-ram à União Soviética, governada por Stalin, que foi apoiada por Polônia e Alemanha Oriental. Em agosto de 1968, tropas da URSS e do Pacto de Varsóvia ocuparam Praga e abafaram o levante denominado de Primavera de Praga.
 Tanques 
soviéticos em 
Praga, capital 
da então 
Tchecoslováquia, 
em 1968 
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Hungria e Tchecoslováquia
A União Soviética exercia grande influência sobre 
os países do Leste Europeu. As fortes repressões de 
Moscou aos levantes em Praga, na Tchecoslováquia, 
em 1968, e na Hungria, no mesmo ano, revelaram o 
empenho do governo soviético em controlar essa re-
gião do continente europeu.
22 Volume 12
Índia e Paquistão
Parte da luta pela independência da Índia e do Paquistão em relação ao domínio britânico deu-se durante a Guerra 
Fria. O Paquistão recebeu apoio do governo estadunidense, enquanto a Índia, embora tenha proclamado sua autono-
mia ou não alinhamento na divisão do mundo entre as duas superpotências, foi apoiada pela União Soviética. 
Na região fronteiriça entre Paquistão, Índia e China, situa-se a Caxemira, uma área estratégica, principalmente pela 
disponibilidade da água presente na Bacia do Rio Indo e por seus férteis solos. Assim, logo após as independências da 
Índia e do Paquistão, em 1948, ocorreram os primeiros conflitos.
Com base na premissa de que a população da Caxemira é islâmica, religião predominante no Paquistão, o governo 
paquistanês reivindica a totalidade desse território. Na Índia, há um grande número de seguidores do Islã, contudo a 
religião hinduísta é predominante. 
ConexõesConexões
Desde que Índia e Paquistão desenvolveram armas nucleares em 1998 e realizaram testes com elas, a comunida-
de internacional passou a dar mais atenção a um antigo conflito por disputa territorial que os envolve diretamente 
na montanhosa região da Caxemira.
 Manifestantes em Srinagar, 
na região da Caxemira 
indiana, em protesto 
contra o governo da Índia, 
em 2015
Atividades
1. Quais países a região da Caxemira abrange?
2. Quais são as principais motivações religiosas ligadas à disputa da Caxemira entre Índia e Paquistão?
1
2
CAXEMIRA
Fonte: UNIVERSITY OF TEXAS LIBRARIES. Kashmir region. Disponível em: <http://
www.lib.utexas.edu/maps/middle_east_and_asia/kashmir_region_2004.pdf>. Acesso 
em: 2 set. 2015. Adaptação.
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Geografia 23
África e Oriente Médio
No continente africano, a influência dos Estados Unidos também 
se revelou no apoio às guerrilhas de Angola e Moçambique contra os 
governos socialistas que se estabeleceram nesses países logo após 
sua independência de Portugal, na década de 1970. Mais tarde, forças 
militares estadunidenses tiveram importante papel na tentativa de 
mediar guerras civis na Somália e no Sudão. 
Já no Oriente Médio, a influência política e militar dos Estados 
Unidos se manifestava em apoio ao Estado de Israel desde sua cria-
ção, em 1948. No fim da década de 1950, mudanças políticas na Síria, 
simpática à União Soviética, levaram alguns países da região, como a 
Jordânia e o Líbano, a se oporem aos sírios. 
Na área de predomínio islâmico, a maior oposição, no entanto, veio por parte da Turquia, que passou a ser ameaça-
da pelos soviéticos, acirrando a tensão política, uma vez que os EUA colaboravam com os turcos. Mesmo tantos anos 
após o fim da Guerra Fria, essa rivalidade apresenta reflexos nos dias atuais. A gravidade do fato levou os EUA a solicitar 
a redução das operações turcas na região, mitigando o conflito.
A fragmentação da União Soviética e o fim da 
Guerra Fria 
Apesar das grandes conquistas realizadas pela União Soviética na corrida espacial, o desenvolvimento dos setores 
industrial, energético, bem como sua economia em geral se revelaram estagnados ou reduziram seu ritmo de cresci-
mento, especialmente a partir da década de 1980. 
Observe, nos quadros a seguir, que a população do país cresceu 19,4% entre 1970 e 1989, mas o total de emprega-
dos nas indústrias aumentou proporcionalmente menos (18,9%). As linhas de transmissão de energia, cuja expansão 
em quilômetros havia crescido 72% entre 1970 e 1980, elevou-se 33% entre 1980 e 1989.
 Caminhão com mantimentos para ajudar vítimas da 
guerra civil em Juba, atual capital do Sudão do Sul, em 
1989
POPULAÇÃO DA UNIÃO SOVIÉTICA
1970 1975 1980 1985 1988 1989
241 720 000 253 332 000 262 436 000 275 899 000 286 731 000 288 624 000
Fonte: U.S. BUREAU OF THE CENSUS. USA/USSR: Facts and Figures. Washington: U.S. Government Printing 
Office, 1991. p. 12. Disponível em: <https://www.census.gov/population/international/files/USSR.pdf>. Acesso 
em: 3 set. 2015.
TOTAL DE EMPREGADOS NAS INDÚSTRIAS SOVIÉTICAS
1970 1975 1980 1985 1988 1989
106 773 117 132 125 626 130 303 128 903 127 057
Fonte: U.S. BUREAU OF THE CENSUS. USA/USSR: Facts and Figures. Washington: U.S. Government Printing 
Office, 1991. p. 39. Disponível em: <https://www.census.gov/population/international/files/USSR.pdf>. Acesso 
em: 3 set. 2015.
TOTAL DE LINHAS DE TRANSMISSÃO NA UNIÃO SOVIÉTICA, EM QUILÔMETROS
1970 1975 1980 1985 1988 1989
445 604 768 908 1 000 1 024
Fonte: U.S. BUREAU OF THE CENSUS. USA/USSR: Facts and Figures. Washington: U.S. Government Printing 
Office, 1991. p. 65. Disponível em: <https://www.census.gov/population/international/files/USSR.pdf>. Acesso 
em: 3 set. 2015.
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24 Volume 12
O modelo econômico estatal e planificado demonstrava suas limitações, enquanto os 
investimentos aplicados na Guerra Fria, especialmente na indústria bélica, traziam insta-
bilidade ao país.
Em 1985, o governo de Mikhail Gorbachev implementou uma grande mudança polí-
tica e econômica na União Soviética que obteve importante respaldo popular. O conjunto 
de medidas que desencadeou o aprimoramento do sistema de produção e de proprieda-
de, além da abertura gradual de mercado, foi denominado perestroika (reestruturação). 
As reformas políticas que, entre outros aspectos, concederam liberdade de expressão 
ficaram conhecidas como glasnost (transparência ou abertura). 
Nas relações do mundo bipolar, a URSS de Gorbachev realizou acordos de desarma-
mento com o governo dos Estados Unidos, reduzindo os gastos militares. 
A abertura política e econômica de seu governo impulsionou os movimentos separatistas do extenso país. Entre 
1990 e 1991, o que ficou conhecido como União Soviética se desfez com a independência das 15 repúblicas que a 
constituíam. Dessas, 12 se associaram à Comunidade dos Estados Independentes (CEI), uma entidade supranacional 
cuja finalidade era estabelecer a cooperação econômica e política entre seus membros. As três repúblicas do Báltico, 
Letônia, Lituânia e Estônia, que foram as primeiras a se separar do governo de Moscou e cujo processo se deu de forma 
conflituosa, não integraram a CEI.
COMUNIDADE DOS ESTADOS INDEPENDENTES E PAÍSES 
BÁLTICOS (1991)
Fonte: IBGE. Atlas geográfico escolar. 6. ed. Rio de Janeiro, 2012. p. 47. Adaptação.
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O fim da Guerra Fria, contudo, não se caracterizou pelo estabelecimento da paz mundial, uma vez que ainda há 
conflitos nas mais diversas esferas, como os associados ao nacionalismo, às disputas étnicas, ao fundamentalismo reli-
gioso, às ações terroristas e ao tráfico de drogas, conforme será abordado nas próximas unidades.
 Vencedor do prêmio Nobel 
da Paz em 1990, o último líder 
soviético, Mikhail Gorbachev, 
discursa em Munique – 
Alemanha, em 2011
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Geografia 25
Organize as ideias
 Apresente, de forma sintética, as principais ideias relacionadas a estes conceitos abordados na unidade:
Guerra Fria
Otan e Pacto de 
Varsóvia
Corrida armamentista
Risco de guerra nuclear
Desarmamento
26 Volume 12
Hora de estudo
1. O mapa a seguir mostra a parte do continente europeu que estava sob influência da União Soviética durante a Guerra 
Fria. Alguns dos países tal como estão representados já não existem. Um deles se reintegrou, outros se dividiram, 
compondo novos países. Identifique, com o auxílio de um atlas, quais países, além da URSS, deixaram de existir e em 
que países, na década de 1990, eles se transformaram.
EUROPA ORIENTAL DURANTE A 
GUERRA FRIA 
Fonte: PHILIP’S Atlas of World History. Londres: Philip’s, 2007. p. 236. 
Adaptação.
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Países no período 
da Guerra Fria
Países pós-Guerra Fria
URSS
2. Analise a charge a seguir e escreva o que ela representa em relação à Guerra Fria.
3. Faça uma pesquisa e escreva as mudanças que provavelmente ocorreriam para o ambiente e para as populações 
mundiais caso se deflagrasse uma guerra nuclear entre as duas superpotências militares (EUA e URSS). 
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Ju
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ão
27Geografia
4. (UERJ)
 A Europa passou por grande número de reconfigurações territoriais, em virtude das disputas seculares entre os povos 
do continente. No mapa abaixo, elaborado em 2014, estão assinalados, para cada país europeu, o nome da última 
potência estrangeira a desocupar aquele espaço nacional e o ano em que isso ocorreu.
Adaptado de news.nationalgeographic.com.
 A desocupação estrangeira na Europa Oriental, após a Segunda Guerra Mundial, está associada ao seguinte contexto 
geopolítico: 
a) Fim da Guerra Fria.
b) Fundação da União Europeia. 
c) Término da Crise dos Mísseis.
d) Início da Coexistência Pacífica.
5. (UEA – AM) 
 Analise a capa do livro.
Ao analisar os elementos imagéticos contidos nesta 
capa de livro, é correto determinar que essas histórias 
se passaram no período:
a) do Eurocentrismo, com destaque para o Reino Unido 
enquanto maior potência bélica à época.
b) da Guerra Fria, marcado pela disputa político-ideoló-
gica entre o sistema capitalista e o sistema socialista.
c) da Ordem Bipolar, sendo este um conflito entre as 
potências do Hemisfério Norte do planeta contra as 
do Sul.
d) da Velha Ordem Mundial, resultado do declínio do 
império soviético em razão do colapso do regime 
socialista.
e) da Nova Ordem Mundial, tendo os Estados Unidos 
da América emergido enquanto a maior potência 
mundial. 
(www.companhiadasletras.com.br)
 Como uma espécie de autobiografia adaptada para 
a literatura infantil, a obra trata da vida do autor em 
um determinado período da história contemporânea.28 Volume 12
Ponto de partida 
29
35
Nacionalismos 
e tensões
Torcida do Barcelona fazendo mosaico 
com as cores da bandeira da Catalunha 
pouco antes do clássico contra o Real 
Madrid – Barcelona, Espanha, 2015 
 Mais do que um simples clássico do futebol, por que o jogo Barcelona x Real Madrid é um confronto marcado por 
simbolismos geopolíticos? 
LatinStock/Corbis/NurPhoto/Joan Valls
Objetivos da unidade:
 compreender a fundamentação inerente ao tema, a fim de diferenciar os conceitos de 
nação e país;
 analisar cada uma das situações apresentadas como estudos de caso, identificando os 
reflexos que estas trazem à geopolítica internacional;
 com base nos casos trabalhados na unidade, refletir sobre outras situações de tensões 
nacionalistas existentes no mundo.
ente ao tema, a fim de diferenciar os conceitos de
Um mapa-múndi político, tal como conhecemos, pode apresentar, entre algumas de suas divisões, os limites de 
países. 
Um país é uma instituição formal com território, fronteiras, exército, governo, leis, entre outros elementos, como a 
soberania nacional, que tende a garantir o reconhecimento internacional perante outros países e instituições. Mesmo 
no contexto do mundo globalizado, onde proliferam as insti-
tuições supranacionais – algumas delas dotadas de capaci-
dade de interferência na soberania dos Estados Nacionais –, 
esse conceito deve ser respeitado e reconhecido.
Novos países podem surgir rapidamente, por meio da 
fragmentação de antigas unidades territoriais ou de novos 
agrupamentos entre estas. A territorialização mundial é um 
fenômeno dinâmico. 
Os símbolos que identificam determinado país ou pátria, 
muitas vezes, são objeto de devoção por seus cidadãos, con-
figurando um sentimento chamado de patriotismo.
Muitas vezes, os termos país e nação são utilizados como 
sinônimos no senso comum. O conceito de nação, no entanto, 
está relacionado a uma ligação de agrupamentos humanos, 
unidos por laços históricos, linguísticos e/ou socioeconômicos, 
entre outros, o que vem a configurar uma identidade.
soberania nacional: conceito que diz respeito à garantia da 
“preeminência do grupo político, o Estado, sobre os demais grupos 
sociais internos e externos. Neste plano, citam-se como exemplo 
as ONGs, Igreja e a própria família como grupos internos e a comu-
nidade internacional como externo. Observando-se a partir destas 
definições, acredita-se que a manutenção da soberania do Estado 
atual está diretamente ligada ao poder estatal em impor sua su-
premacia perante grupos do crime organizado (interna) e, com o 
constante crescimento da globalização, a imposição de políticas 
internacionais efetivas, de forma que sobreponha o respeito do Es-
tado [...] sobre a ótica da comunidade internacional, seja de cunho 
social, político, econômico, cultural e militar (externa).”
ALVES, Felipe Dalenogare. O conceito de soberania: do estado moderno até a atualidade. Âmbito Jurídico, Rio Grande, XIII, n. 83, dez. 2010. Disponível em: <http://www.ambito-juridico.com.br/site/index.php?n_link=revista_artigos_leitura&artigo_id=8786>. Acesso em: 8 set. 2015.
A territorialização relaciona-se à construção histórica das ações 
ou exercícios de poder praticados por grupos sociais sobre uma 
parcela delimitada do espaço geográfico. Tais grupos tendem, des-
se modo, a “territorializar” o espaço do qual se apropriam de algu-
ma maneira. Exemplo: a dinâmica que levou à configuração atual 
dos Estados Nacionais é uma forma de territorialização mundial. 
território: parcela delimitada do espaço geográfico definida, his-
toricamente, com base na ação ou no exercício de poder de algum 
grupo social, podendo ou não ser reconhecida politicamente. 
Exemplos: unidades políticas, como o estado de São Paulo, territó-
rios controlados por alguma facção criminosa ou sob determinada 
influência religiosa, etc. O grupo que, por sua vez, se apropria de 
um território ou nele estabelece determinada organização acaba 
criando uma relação de territorialidade. 
A identidade nacional é, portanto, resultado da convivência 
prolongada de um povo. Tem-se uma cultura compartilha-
da, associada ao sentimento de pertencimento, mantendo-
-se os laços de união e preservando-se essa cultura e suas 
tradições. Por isso mesmo o conceito de nação se funda-
menta na cultura, na língua, nos costumes, nas tradições e 
no projeto de futuro comum.
Uma vez consolidada, a nação pode seguir existindo, inde-
pendentemente de estar ocupando ou não um território para 
si e de esse território ser ou não autônomo. Um mapa-múndi 
que apontasse a territorialização das diferentes nações seria 
muito mais complexo do que o mapa-múndi político. Países 
habitados maciçamente por uma única nação são raros no 
mundo. Muitos abrigam diversas nações em seus territórios. 
Também é comum que uma mesma nação esteja presente 
em países distintos.
, p co, econômico, cultural e militar (externa).
ALVES, Felipe Dalenogare. O conceito de soberania: do estado d l Â
30 Volume 12
Fontes: MINISTERIO DE EDUCACIÓN – PROGRAMA NACIONAL 
MAPA EDUCATIVO. Mapa de identidades étnicas. Disponível em: 
<http://www.mapaeducativo.edu.ar/images/stories/men/pueblos-
indigenas.pdf>; MUSEO CHILENO DE ARTE PRECOLOMBINO. 
Pueblos originarios: Mapuche. Disponível em: <http://
chileprecolombino.cl/pueblos-originarios/mapuche/ambiente-y-
localizacion/>. Acesso em: 18 set. 2015. Adaptação.
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POVOS MAPUCHES
 Mapuches em Lautaro, no Chile, em 2015. Os 
mapuches configuram um exemplo de nação 
que habitava esses territórios muito antes da 
configuração atual dos países que ali existem.
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ÁREA HABITADA PELOS INUÍTES
Fonte: BRITISH MUSEUM. Disponível em: <https://www.
britishmuseum.org/explore/highlights/highlight_image.
aspx?image=comatmap1.jpg&retpage=22017>. 
Acesso em: 27 ago. 2015. Adaptação.
 Inuítes no território de 
Nunavut, no Canadá, 
em 2015. Os inuítes 
ocupam partes do 
Canadá, Groenlândia – 
Dinamarca e o estado 
do Alasca – EUA.
 Tuaregues em Ghat, sudoeste da Líbia, em 2013. A 
região histórica de influência tuaregue abrange os 
seguintes países: Argélia, Mali, Burkina Faso, Níger, 
Líbia e Nigéria.
Fonte: NATIONAL GEOGRAPHIC. Desert Dwellers. Disponível 
em: <http://ngm.nationalgeographic.com/2011/09/sahara-tuareg/
tuareg-map>. Acesso em: 27 ago. 2015. Adaptação.
REGIÃO HISTÓRICA DOS TUAREGUES
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Geografia 31
A valorização da identidade nacional é chamada de nacionalismo. Pode-se dizer que é benéfica, visto que revela 
um senso comunitário que tem aspectos positivos. No entanto, como qualquer sentimento, se estimulado de maneira 
exagerada e descontrolada, pode produzir efeitos negativos e perigosos, levando, por exemplo, à hostilização de outras 
nações, países considerados rivais ou vistos como ameaça para a concretização de seu projeto de futuro. 
Espaços de nacionalismos e tensões
Estudar as nações mundiais envolve aspectos complexos. Há diversas peculiaridades que dificultam tanto a adoção 
de parâmetros que possam ser generalizados quanto as comparações entre povos, ou mesmo entre outras designa-
ções cujo uso é cercado de controvérsias, como etnia ou raça. A ocupação dos territórios pelas sociedades humanas 
no decorrer da história sempre foi um processo extremamente dinâmico, relacionado a diversas tensões geopolíticas. 
Alguns dos casos mais reconhecidos serão tratados a seguir.
Irlanda do Norte
A ilha da Irlanda foi conquistada no século XII pelos ingleses. A Guerra Anglo-Irlandesa (1918-1921) assegurou a 
autonomia nacional apenas aos irlandeses que habitavam o centro-sul da ilha. 
Na Irlanda do Norte, por outro lado, consolidou-se a existência de duas identidades nacionais distintas.
LOCALIZAÇÃO DA IRLANDA, DA IRLANDA 
DO NORTE E DO REINO UNIDO
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Fonte: PHILIP’S International School Atlas. 2. ed. Grã-Bretanha: The Royal 
Geographic Society, 2006. p. 57. Adaptação.
Católicos
Há séculos em luta contra os ingleses, seu pro-
jeto nacional ainda busca a reunificação da ilha 
irlandesa. Em oposição à estrutura monárquica do 
Reino Unido, eles são republicanos (o mesmo sis-
tema da Irlanda que já é independente) e somam 
aproximadamente 45% da população da Irlanda 
do Norte.
Protestantes
Descendentes dos britânicos que migraram para a 
região no século XIX. Seu projeto nacional é man-
ter o vínculo com o Reino Unido, sendo chamados 
de “unionistas”. Somam aproximadamente 48% 
da população da Irlanda do Norte.
O século XX foi marcado por intensos conflitos na Irlanda do Norte. Os católicos criaram o Exército Republicano 
Irlandês, ou Irish Republican Army (IRA), que contava com ramificações também na República da Irlanda e, por déca-
das, enfrentou milícias protestantes e tropas britânicas. Consolidando um expressivo poder paralelo, o IRA utilizava tá-
ticas de guerrilha, promovendo sequestros, assassinatos seletivos e atentados terroristas tanto em setores protestantes 
norte-irlandeses quanto na Inglaterra.
Em 1998, foi firmado o Acordo da Sexta-Feira Santa (também conhecido como Acordo de Páscoa), o qual estabe-
leceu diversas medidas que, em geral, vêm sendo respeitadas e se mostraram muito bem-sucedidas para superar o 
impasse e a violência na região. Confira quais foram as principais medidas.
32 Volume 12
O IRA deixou de atuar desde a consolidação do acordo, embora tenham ocorrido alguns incidentes promovidos por 
dissidências do movimento. Apesar de a Irlanda do Norte continuar agregada ao Reino Unido, novos acordos de paz 
em 2012 reduziram ainda mais as tensões entre ambos.
ConexõesConexões
Integralidade territorial do Reino Unido também é ameaçada pelo separatismo da Escócia
Nas ilhas britânicas, não são apenas os irlandeses que têm desavenças históricas em relação aos ingleses. A Escó-
cia também foi conquistada na mesma época em que a ilha da Irlanda e, ainda hoje, permanece vinculada ao Reino 
Unido.
Ao longo do tempo, no entanto, o surgimento de movimentos separatistas escoceses tem sido recorrente. Em 
2011, o Partido Nacional Escocês (SNP, conforme a sigla na língua inglesa), conduzido pelo líder nacionalista Alex 
Salmond, venceu as eleições regionais e, com a maioria no parlamento, conseguiu aprovar a realização de um 
plebiscito que deliberasse sobre a autonomia total da Escócia. A votação foi agendada para 2014. O “não” venceu, 
obtendo 55,3% dos votos dos escoceses, contra 44,7% dos que apoiaram o separatismo. A pequena diferença 
percentual sugere que, no futuro, a questão retorne à pauta política.
Concessões pelos 
católicos:
• entrega de armas e re-
núncia à luta armada 
pelo IRA;
• manutenção de sua in-
tegração junto ao Reino 
Unido.
Concessões pelos protestantes e pelo Reino Unido:
• criação de um sistema de cotas, por meio da proporcionalidade entre as 
duas facções, garantindo maior participação política aos católicos;
• maciços investimentos no desenvolvimento socioeconômico da comunidade 
católica;
• permissão de maior ingerência política, social e cultural da República da 
Irlanda com a comunidade católica da Irlanda do Norte.
O fim das bombas não foi suficiente para diminuir o medo em Belfast, na Irlanda do Norte. Muros e 
cercas com arame farpado recortam, até hoje, parte da cidade de 280 mil habitantes. Separam as áreas 
onde vivem católicos e protestantes, ainda em maioria. Está estampado com cores fortes nas fachadas que 
a História dos anos de violência é presente e atormenta o imaginário coletivo como uma ameaça iminente. 
As imagens com palavras de ordem ou apenas a menção à memória dos pelo menos 3 500 mortos nos 
inúmeros conflitos na província britânica não deixam ninguém esquecer. [...]
OSWALD, Vivian. Belfast, uma cidade ainda partida na Irlanda do Norte. O Globo, 11 maio 2013. Disponível em: <http://oglobo.globo.com/
mundo/belfast-uma-cidade-ainda-partida-na-irlanda-do-norte-8365833>. Acesso em: 18 set. 2015.
País Basco e Catalunha
A Espanha constitui um dos exemplos mais clássicos de país que abriga diversas nações distintas em seu território. 
Algumas destas, especialmente as dos catalães e bascos, apresentam consistentes movimentos separatistas que amea-
çam a unidade espanhola. 
Geografia 33
País Basco 
O País Basco não é um país in-
dependente, mas apresenta relativa 
autonomia na porção ocupada pelo 
território espanhol e conta com um 
parlamento próprio. A porção dos 
bascos que está na França também 
requer maior autonomia. Contudo, 
historicamente, visa à independên-
cia desses dois países.
Ocupa uma área de aproxima-
damente 20 mil km², em sua maior 
parte na Espanha (a população é de 
3 milhões na parte espanhola e 262 
mil no lado francês). 
Os bascos constituem um dos 
povos mais antigos, não apenas da 
Europa, mas do mundo. A origem 
de sua cultura milenar, ainda não 
plenamente esclarecida, remonta 
a períodos anteriores ao Império 
Romano. Sua língua, denominada eusquera, não pertence aos mesmos troncos linguísticos de outras línguas europeias. 
Na longa história do povo basco, um dos períodos mais difíceis ocorreu – como também para outros povos da Espa-
nha, como os catalães – durante a ditadura fascista do general Francisco Franco. Com apoio da Itália e da Alemanha de 
Adolf Hitler, Franco saiu-se vitorioso na Guerra Civil Espanhola, governando de 1939 até sua morte, em 1975. Como era 
influenciado pelos ideais socialistas (principal oposição aos fascistas), o País Basco representou, ainda durante a guerra civil 
e, depois, ao longo do período ditatorial, um dos principais espaços de resistência contra Franco – sendo 
por isso duramente reprimido na época.
Euskadi Ta Askatasuna (ETA) 
O Euskadi Ta Askatasuna – ETA (Pátria Basca e Liberdade, em 
basco) – surgiu do Partido Nacionalista Basco, fundado em 1894, 
e permaneceu clandestino durante o governo do ditador Franco 
(1939-1975). Em 1959, alguns membros que desejavam que o grupo 
aderisse à luta armada fundaram o ETA, que passou a promover aten-
tados terroristas e assassinatos seletivos contra alvos do governo es-
panhol ou mesmo políticos bascos contrários à independência. 
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Fonte: EUSKAL KULTUR ERAKUNDEA INSTITUT CULTUREL BASQUE. Basque Country. Disponível em: 
<http://www.eke.org/en/kultura/basque-country>. Acesso em: 13 ago. 2015. Adaptação.
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PAÍS BASCO
A Guerra Civil Espanhola ocorreu entre 1936 e 19
39 por 
meio de um golpe de Estado orquestrado por Fr
ancisco 
Franco contra o resultado das eleições de 1936, ve
ncidas 
pelo recém-eleito governo de esquerda da Frente P
opular. 
Foi um prenúncio da Segunda Guerra Mundial 
(1939-
-1945), pois as principais forças políticas da ép
oca se 
envolveram no conflito, incluindo a ajuda dos go
vernos 
fascistas da Itália e da Alemanha ao general 
Franco, 
que, em 1936, havia assumido o controle dos ex
ércitos 
espanhóis no Marrocos (levando-os à Espanha). 
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tribuição ao apoio de Adolf Hitler, a Espanha mant
eve-se 
neutra durante a Segunda Guerra Mundial. 
Em 1939, as tropas franquistas entraram em Mad
ri, pra-
ticamente sem sofrer resistência. O regime fascista
 espa-
nhol durou até meados da década de 1970, tendo o
 apoio 
de seu vizinho, Portugal, que também viveu so
b uma 
ditadura fascista, com Oliveira Salazar.
 Em 2011, o ETA 
anunciou o fim de 
sua luta armada. 
Contudo, dado o 
histórico das ações 
desse grupo, que já 
decretou cessar-fogo 
diversas vezes (como 
em 1998, 2006 e 2010), 
por exemplo, não é 
possível afirmar se 
essa será, de fato, uma 
decisão definitiva. Ge
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34 Volume 12
Refinando o olhar
O espanhol Pablo Picasso é considerado um dos mais importantes pintores do mundo. Sua obra mais célebre 
foi inspirada na história vivida pela pequena cidade basca de Guernica, bombardeada pelos fascistas durante a 
Guerra Civil Espanholacomo tentativa de tomada das províncias bascas.
 Observe com atenção os elementos representados pelo pintor e registre, nas linhas a seguir, sua interpretação em 
relação a eles.
Catalunha
O povo catalão consolidou sua identi-
dade nacional ao longo da Idade Média. 
Sua formação tem influência na presença 
dos francos e visigodos, que, instalados na 
região após a queda do Império Romano, 
resistiram às invasões árabes. No século IX, 
Barcelona já despontava como a principal 
cidade regional.
A Catalunha é uma Comunidade Autô-
noma da Espanha, e o catalão é considera-
do uma língua co-oficial. Sua população é 
de cerca de 7,5 milhões de habitantes, ou 
seja, aproximadamente 16% da população 
da Espanha, sendo uma das regiões mais 
ricas do país. 
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CATALUNHA
Fonte: INSTITUT CARTOGRÀFIC I GEOLÒLIC DE CATALUNYA. Mapa comarcal 
i municipal de Catalunya 1:500.000 - 2015. Disponível em: <http://www.icc.cat/web/
content/misc/icc/download/201504_mapa_comarcal_500m.pdf>. Acesso em: 13 ago. 
2015. Adaptação.
PICASSO, Pablo. Guernica. 1937. 1 óleo sobre tela, 349,3 cm × 776,6 cm. Museu Nacional Centro de Arte Moderna e Contemporânea Reina 
Sofia. Madri. (Original Colorido).
Geografia 35
Existe uma expressiva mobilização popular pela realização de um plebiscito para votar sobre a independência da Catalu-
nha. No final de 2014, uma consulta à população na região apurou que mais de 80% das pessoas era a favor da criação 
de um Estado independente. 
Uma das expressões nacionalistas catalãs mais conhecidas acontece nos jogos do Estádio Camp Nou do clube 
Barcelona. É comum que, exatamente aos 17 minutos e 14 segundos de cada um dos tempos do jogo, a torcida se 
manifeste pela independência da Catalunha (uma referência ao levante catalão sufocado pela monarquia espanhola 
em 1714). Como você observou na foto do início da unidade, esse tipo de manifestação ganha maiores proporções 
quando o jogo é contra o time arquirrival: o Real Madrid. 
Quebec e Tibete
A questão dos franco-canadenses do Quebec 
O Canadá é dividido administrativamente em dez províncias e três territórios. Fundada em 1608, Quebec é uma 
dessas províncias. Com cerca de 7 900 000 habitantes, detém 23% da população canadense. A região onde se localiza, 
na porção oriental do país, foi colonizada originalmente por franceses, que, na Guerra dos Sete Anos (1756 a 1763), 
perderam o controle sobre a província para a Inglaterra. 
A colonização inglesa no país concentrou-se nas demais regiões, formando a população anglo-canadense. No 
Quebec, entretanto, a manutenção da cultura franco-canadense, mesmo após o processo de independência do 
Canadá, passou a simbolizar a resistência nacionalista. 
A grande valorização da cultura de seus ancestrais e da língua francesa revela que o projeto nacional desse grupo 
social caminha de forma paralela ao dos anglo-canadenses. O governo do Canadá busca acomodar os interesses das 
duas nações proclamando o estado como bilíngue e concedendo relativa autonomia à província do Quebec.
O francês é a língua oficial do Quebec e primeira língua de cerca de 80% da população da província.
Tais medidas, no entanto, são consideradas insuficientes por uma parcela da população franco-canadense, que 
permanece resoluta em sua aspiração de independência. Eventualmente, a ascensão de políticos influentes ligados a 
partidos francófonos mais radicais resulta no aumento da tensão nacionalista. Três plebiscitos já foram realizados para 
decidir a questão. Os separatistas foram derrotados em todos, mas por pequena margem de votos. No último plebisci-
to, realizado em 1995, a diferença foi inferior a 1%. 
Tibete
Em 1950, um ano após a Revolução Chinesa de 1949 liderada por Mao Tsé-Tung, o Tibete, na época um país soberano, 
foi invadido e anexado à China. O motivo da invasão teria sido a alegação de que o Tibete pertencia historicamente à 
China, embora a região também seja estratégica em razão de seu posicionamento geográfico (localiza-se próximo à India, 
por exemplo) e à presença de recursos naturais.
Mesmo afirmando que asseguraria o respeito às tradições religiosas do budismo lamaísta, o governo chinês acabou 
colonizando o Tibete com população chinesa e agindo com violência na região. No final da década de 1950, o líder 
político e espiritual dos tibetanos, Dalai Lama, fugiu pela Cordilheira do Himalaia, recebendo asilo político na Índia. Sem 
retornar à sua terra natal desde então, ele lidera a campanha internacional pela libertação do Tibete, a fim de conseguir 
uma autonomia mais efetiva para a região.
O governo chinês opõe-se contundentemente aos discursos de autonomia tibetana e colabora para que a questão sepa-
ratista receba pouca atenção da mídia mundial. Contudo, ainda hoje, divulgam-se notícias sobre a ocorrência de suicídios por 
autoincineração de monges tibetanos como ato político, buscando chamar a atenção do mundo sobre o problema.
36 Volume 12
Atividades
 Escolha um dos casos de separatismo nacionalista tratados nesta unidade e escreva um texto de opinião, de apro-
ximadamente 10 linhas, posicionando-se favorável ou contrariamente à questão e argumentando com base nos 
conteúdos trabalhados. Oriente-se pelas seguintes perguntas: 
• Qual o local e os grupos envolvidos?
• Quais argumentos se vinculam à aspiração dessa nação por autonomia?
• Como são os métodos que vêm sendo utilizados para conquistá-la?
• Haverá alguma reorganização territorial caso se estabeleça o separatismo?
Nacionalismos históricos no Oriente Médio
Curdos
Os curdos vivem como minorias e habitam seis países do Oriente Médio: Turquia (onde está aproximadamente me-
tade dessa comunidade), Síria, Irã, Iraque, Armênia e Azerbaijão. Parte do território habitado por eles é rico em petróleo, 
especialmente na porção iraquiana (se essas terras fossem 
de um país independente, seria um dos maiores produtores 
mundiais), o que dificulta seu projeto de independência. 
Sua cultura está intimamente ligada às práticas do pas-
toreio seminômade. Até os dias de hoje, não houve uma 
liderança curda capaz de concentrar e organizar a luta pela 
independência. Historicamente, enfrentaram violência e atos 
de perseguição política e cultural nos países onde habitaram, 
em especial no Iraque e na Turquia. 
O Parti Karkerani Kurdistan (PKK), ou Partido dos Trabalha-
dores do Curdistão, surgiu no contexto da Guerra Fria, com o 
apoio da URSS, realizando ações militares contra o governo 
turco (membro da Otan e aliado dos EUA). Seu líder, Abdullah 
Ocalan, foi preso pelo governo turco em 1999 e condenado 
à prisão perpétua. Recentemente, afirma-se que Ocalan re-
nunciou à luta armada. Os guerrilheiros do PKK, no entanto, 
continuam suas ações. 
TERRITÓRIO OCUPADO PELOS CURDOS 
(CURDISTÃO)
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Fonte: LIBRARY OF CONGRESS. The Kurdish lands. Disponível em: 
<http://www.loc.gov/resource/g7611e.ct000930>. Acesso em: 12 ago. 
2015. Adaptação.
 Diarbaquir, na Turquia, em 2013. Nas manifestações e 
celebrações populares, os curdos da Turquia costumam 
celebrar a imagem de seu grande herói: Abdullah Ocalan
Um grande receio dos outros países que abrigam mi-
norias curdas é que a luta do PKK atravesse as fronteiras e 
provoque uma rebelião mais ampla, ameaçando suas es-
tabilidades políticas. A Turquia, cuja maior ambição geo-
política atualmente é ingressar na União Europeia, teme 
perder o controle sobre a terra habitada pelos curdos e 
adotar ações que prejudiquem sua imagem perante os 
Estados-membros da UE. 
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Geografia 37
O país vem sendo governado, desde 2002, pelo Partido da Justiça e Desenvolvimento, de orientação intensamente 
influenciada pelos líderes religiosos islâmicos – situação que preocupa diversos grupos que temem, dessa forma, o 
afastamento do caráter laico da Turquia, o que também viria a comprometer seus planos de adesão à União Europeia.
A questão palestina
A região da Palestina histórica abrange uma estreitafaixa de terras entre o Rio Jordão e o litoral do Mar Mediterrâ-
neo, estendendo-se entre o Deserto de Negev, ao sul (que, por sua vez, se emenda às regiões áridas da Península do 
Sinai), até o local onde hoje se situa o Líbano, ao norte. 
Na atualidade, há três territórios distintos nessa área:
ISRAEL, CISJORDÂNIA E FAIXA DE GAZA
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Fonte: UNITED NATIONS GEOSPATIAL INFORMATION SECTION. 
Department of Field Support. Disponível em: <http://www.un.org/
depts/Cartographic/map/profile/israel.pdf>. Acesso em: 29 ago. 2015. 
Adaptação.
• o Estado de Israel, autônomo e reconhecido inter-
nacionalmente. Embora nele habitem minorias de 
outras nações, especialmente de árabes palesti-
nos, é considerado o Estado do povo judeu;
• a Cisjordânia, com maioria da população árabe 
palestina; essa porção é parte do que deveria 
constituir o Estado Árabe Palestino de acordo 
com o Plano de Partilha da ONU (leia adiante), 
mas se encontra ocupada por Israel;
• a Faixa de Gaza, com cerca de 1,8 milhão de 
árabes palestinos, que atualmente está sob con-
trole palestino, embora com restrição à entrada e 
saída de bens por Israel no começo da década de 
1990, intensificada ainda mais em 2007. 
Na região da Palestina histórica, aproximadamen-
te 90% da população de origem árabe palestina é 
muçulmana.
A população do Estado de Israel é de cerca de 8 
milhões de habitantes, dos quais aproximadamente 
75% são judeus.
38 Volume 12
O Plano de Partilha da ONU
Em 1946, a população estimada da Palestina era composta de 1 846 000 pessoas, entre as quais 1 203 000 árabes 
e 608 000 judeus. Cerca de 35 000 compunham outros grupos. Em 1947, com os votos soviético e estadunidense, a 
recém-criada ONU aprovou um plano de partilha da região da Palestina em dois Estados: um Estado com o nome de 
Palestina (que corresponderia a cerca de 43% da área total da Palestina e envolveria a Cisjordânia, a Faixa de Gaza e 
outras porções), destinado aos árabes, e outro com o nome de Israel, destinado aos judeus (aproximadamente 57% da 
área total). Nesse plano, Jerusalém seria considerada uma cidade internacional, administrada pela ONU. 
Apesar de aprovada, a proposta do mapa da partilha nunca foi concretizada. Em 14 de maio de 1948, quando o Reino 
Unido, que tinha o controle da região desde o final da Primeira Guerra Mundial, se retirou – o que era previsto no 
acordo –, a Agência Judaica proclamou o Estado de Israel, abrangendo territorialmente toda a Palestina. A insatisfação 
árabe que se seguiu levou ao início da Primeira Guerra Árabe-Israelense, conhecida como Guerra de Independência de 
Israel (1948-1949). Em julho de 1949, foi assinado um armistício entre Israel, Egito, Líbano, Síria e Jordânia. A linha 
do armistício de 1949 separou o estado judaico de outras áreas da palestina. A Faixa de Gaza passou, na época, a ser 
administrada pelo Egito, e a Cisjordânia e Jerusalém Oriental, pela Jordânia.
Do ponto de vista geopolítico, 
nessa região, destaca-se a Guerra 
Árabe-Israelense de 1967, conhecida 
como Guerra dos Seis Dias. Com uma 
das mais expressivas vitórias militares 
da história das guerras, Israel quadru-
plicou a área de seu país, ocupando 
quatro novos territórios.
DINÂMICA TERRITORIAL DO ESTADO DE ISRAEL EM 1947, 
1949 E 1967
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Fonte: ATLAS dos conflitos mundiais. São Paulo: Companhia Editora Nacional, 2007. p. 64. 
Adaptação.
Colinas de Golan
Status atual: a ONU mantém uma 
força de paz em uma parte das 
Colinas de Golan (Força Observa-
dora de Desengajamento – Undof, 
conforme se pode observar no 
mapa da página 38), monitorando 
o acordo de desocupação firma-
do entre israelenses e sírios em 
1974. 
 
Península do Sinai
Status atual: pertencente ao 
Egito. Em 1979, Israel assinou 
um tratado para a devolução da 
Península do Sinai ao Egito em 
troca da promessa de cessar-
-fogo permanente entre os dois 
países.
Cisjordânia
Status atual: sob controle de Israel, que 
adota uma política de construção de as-
sentamentos para judeus na região. Nesse 
local, encontra-se o Muro da Cisjordânia 
(será estudado a seguir). Jerusalém, mesmo 
em sua porção oriental, de maioria árabe, 
também está sob controle israelense, sendo 
considerada pelo governo de Israel sua ca-
pital indivisível.
Faixa de Gaza
Status atual: em 2005, Israel 
desocupou a Faixa de Gaza, 
entregando-a aos palestinos, 
mas mantendo o controle de 
entrada e saída de pessoas 
e produtos.
Geografia 39
Nas décadas de 1960 e 1970, a resistência palestina foi conduzida principalmente 
por um grupo armado: a Organização para a Libertação da Palestina (OLP), encabe-
çada por Yasser Arafat, líder do Fatah. Após renunciar à violência e adotar a via diplo-
mática, Arafat tornou-se, na década de 1990, o primeiro presidente da Autoridade 
Nacional Palestina (ANP), entidade que representa os palestinos na ONU (desde 2012 
sob o status de Estado observador não membro, embora não seja internacionalmen-
te reconhecido como Estado). 
Desde a morte de Arafat, em 2004, a entidade passou a ser presidida por Mahmoud Abbas, que se dedica às 
negociações com Israel pela devolução dos territórios ocupados.
O contexto conturbado da relação entre palestinos e israelenses bem como a falta de resultados práticos na 
diplomacia da ANP vinculam-se aos aspectos a seguir:
 • o surgimento de períodos de revoltas populares palestinas, chamadas de “intifadas”– a primeira delas em 1987 
e a segunda em 2000;
 • a ascensão de grupos religiosos de orientação fundamentalista, como o Hamas, que hoje representa a mais ar-
ticulada organização de resistência armada palestina, promovendo frequentes atentados terroristas contra alvos 
israelenses.
Fatah: organização político-
-militar palestina fundada 
em 1959.
O muro e a questão da água na Cisjordânia
As controvérsias na Palestina envolvem diversos outros aspectos. A construção do Muro da Cisjordânia é comumente 
justificada pelo governo israelense como uma necessidade para fins de segurança. Iniciada em 2002, pouco tempo 
depois da última intifada, sob a alegação de proteção da população israelense da Cisjordânia, em meados de 2014, 
cerca de 200 quilômetros do muro já haviam sido construídos (pouco mais de 60% do que foi inicialmente planejado 
por Israel). A Palestina tem, ainda, importantes aquíferos, cujo controle e utilização também são motivo de disputas, 
principalmente na Cisjordânia, embora conflitos por recursos hídricos ocorram em outras áreas na região.
Atualmente, o Hamas controla a Faixa de Gaza, ao passo que a ANP tem maior representatividade na Cisjordânia. 
[...] O Hamas é o maior dos vários grupos islâmic
os militantes palestinos. Seu nome é a si-
gla em árabe para Movimento de Resistência Islâ
mica. A agremiação surgiu após o início da 
primeira Intifada (revolta palestina) contra a ocup
ação israelense da Cisjordânia e da Faixa de 
Gaza, em 1987. [...]
Diferente do grupo palestino rival Fatah, que contro
la a Cisjordânia e concorda com uma solução 
para o conflito que envolva a criação de dois Estado
s – Israel e Palestina –, o Hamas defende a 
criação de um único Estado palestino que ocuparia 
a área onde hoje estão Israel, a Faixa de Gaza 
e a Cisjordânia. [...]
HAMAS, da primeira Intifada ao
 atual conflito com Israel. BBC B
rasil. Disponível 
em: <http://www.bbc.com/portu
guese/noticias/2014/07/140729_
o_que_hamas_kb>. 
Acesso em: 10 nov. 2015. 
ç
e a Cisjordânia. [...]
HAMAS, da primeira Intifada ao
 atual conflito com Israel. BBC B
rasil. Disponível 
/ /noticias/2014/07/14
0729 o_que_hamas_kb>. 
40 Volume 12
Organize as ideias
 Com base nas informações estudadas na unidade, complete o quadro a seguir.
Nação Projeto nacional
Quem impede a 
autonomia
Situação atual
Católicos da 
Irlanda do Norte
Bascos
Franco- 
-canadenses
Tibetanos
Curdos
Árabes 
palestinos
Geografia 41
Hora de estudo
Disponível em: <http://agenciabrasil.ebc.com.br/internacional/
noticia/2014-07/entenda-oconflitos-entre-israelenses-e-palestinos>.

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