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APOSTILA SEGURANÇA NO TRABALHO - ENG CIVIL

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MODULO 1 - Introdução 
 
1. Em que consistem a saúde e a segurança no trabalho? 
A saúde e a segurança no trabalho consistem numa disciplina de âmbito 
alargado, que envolve muitas áreas de especialização. Num sentido mais 
abrangente, deverá ter os seguintes objetivos: 
♦ A promoção e a manutenção dos mais elevados níveis de bem-estar 
físico, mental e social dos trabalhadores de todos os sectores de atividade.; 
♦ A prevenção para os trabalhadores de efeitos adversos para a saúde 
decorrentes das suas condições de trabalho; 
♦ A proteção dos trabalhadores no seu emprego perante os riscos 
resultantes de condições prejudiciais à saúde; 
♦ A colocação e a manutenção de trabalhadores num ambiente de 
trabalho ajustado às suas necessidades físicas e mentais; 
♦ A adaptação do trabalho ao homem. 
 
Por outras palavras, a saúde e a segurança no trabalho englobam o bem-estar 
social, mental e físico dos trabalhadores, ou seja, da “pessoa no seu todo”. 
Para serem bem sucedidas, as medidas de saúde e de segurança no trabalho, 
exigem a colaboração e a participação tanto de empregadores como dos 
trabalhadores nos programas de saúde e segurança, obrigando a equacionar 
questões relacionadas com a medicina do trabalho, a higiene no trabalho, a 
toxicologia, a educação, a formação, a engenharia de segurança, a ergonomia, 
a psicologia, etc. 
As questões relacionadas com a saúde no trabalho têm sido objeto de menor 
atenção do que as questões relacionadas com a segurança no trabalho, porque 
as primeiras são geralmente mais difíceis quer na sua identificação,, na 
dificuldade da elaboração do seu diagnóstico, e no estabelecimento da relação 
de causa a efeito . No entanto, quando abordamos o tema da saúde, 
abordamos igualmente o da segurança, pois um ambiente saudável é, por 
definição, também um local de trabalho seguro. No entanto, o inverso pode não 
ser verdade – um local de trabalho considerado seguro não é necessariamente 
um local de trabalho saudável. O importante é frisar que as questões da saúde 
e da segurança devem ser identificadas em todos os locais de trabalho. De 
modo geral, a definição de saúde e de segurança no trabalho engloba quer a 
saúde quer a segurança, nos seus contextos mais alargados. 
 
2. Condições de trabalho deficientes afetam a saúde e a 
segurança do trabalhador 
 
 Qualquer tipo de condição de trabalho deficiente tem como 
consequência o poder afetar a saúde e a segurança de um trabalhador. 
 
 As condições de trabalho perigosas ou prejudiciais à saúde não se 
limitam às fábricas – podem ser encontradas em qualquer local, quer o 
local de trabalho se situe no interior ou no exterior. Para muitos 
trabalhadores, como os trabalhadores agrícolas ou mineiros, o local de 
trabalho situa-se no “exterior”, podendo representar diversos perigos 
para a saúde e segurança. 
 
 As condições deficientes podem igualmente afetar o ambiente onde os 
trabalhadores vivem, uma vez que os ambientes de trabalho e de vida 
são muitas vezes o mesmo para diversos trabalhadores. Tal significa 
que os perigos consequência de condições de trabalho não seguras e 
saudáveis, podem ter consequências graves para os trabalhadores, para 
as suas famílias e para outras pessoas da comunidade, bem como para 
o ambiente físico que envolve o local de trabalho. Um exemplo clássico 
consiste na utilização de pesticidas no trabalho agrícola. Os 
trabalhadores podem ser expostos a produtos químicos tóxicos através 
das diversas formas incorretas de aplicação dos pesticidas:, podem 
inalar os produtos químicos durante e após a sua aplicação, esses 
produtos podem ser absorvidos através da pele, e os trabalhadores 
podem inclusivamente ingeri-los, caso comam, bebam ou fumem, sem 
lavar previamente as mãos, ou caso ingiram água contaminada . As 
famílias dos trabalhadores podem, também, ser expostas por diversas 
formas: inalar os pesticidas que se mantenham no ar, podem ingerir 
água contaminada, ou ser expostas a resíduos existentes no vestuário 
do trabalhador. Para além dos trabalhadores e das suas famílias os que 
residem na comunidade poderão ser igualmente expostos pela mesma 
via . Quando os produtos químicos são absorvidos pelo solo ou filtrados 
para os lençóis de água subterrâneos, os efeitos nocivos provocados no 
ambiente natural podem tornar-se permanentes. 
Generalizando: os esforços na saúde e segurança no trabalho devem ter como 
objetivo prevenir os acidentes e as doenças profissionais e, ao mesmo tempo, 
reconhecer a ligação entre a saúde e a segurança do trabalhador, o local de 
trabalho, e o seu ambiente exterior. 
 
3. Por que razão a saúde e a segurança no trabalho são 
importantes? 
O trabalho desempenha um papel fulcral nas vidas das pessoas, considerando 
que a maioria dos trabalhadores passa pelo menos oito horas por dia no local 
de trabalho, quer seja numa plantação, num escritório, numa fábrica, etc. Desta 
forma, os ambientes laborais devem ser seguros e saudáveis. Mas na verdade, 
não é essa a situação para muitos trabalhadores. Todos os dias, trabalhadores 
de todo o mundo expostos a múltiplos riscos para a saúde, tais como: 
 poeiras; 
 gases; 
 ruído; 
 vibrações; 
 temperaturas extremas. 
Infelizmente, alguns empregadores assumem poucas responsabilidades 
relativamente à proteção da saúde e da segurança dos seus trabalhadores. De 
facto, os empregadores, em algumas situações nem sequer têm conhecimento 
de que têm responsabilidades, muitas vezes, legal, de proteger os 
trabalhadores. Como resultado dos perigos e da falta dessa responsabilização 
com a saúde e segurança dos trabalhadores,( que deverá ser entendida como 
uma prioridade), os acidentes e as doenças profissionais são frequentes em 
todo o mundo. 
 
4. Custos dos acidentes/doenças ocupacionais 
 
Os acidentes ou as doenças profissionais acarretam custos muito elevados, 
podendo provocar múltiplos efeitos graves, diretos ou indiretos, nas vidas dos 
trabalhadores e das suas famílias. Para os trabalhadores, alguns dos custos 
diretos de um acidente ou de uma doença, são: 
 a dor e o sofrimento provocado pelo acidente ou doença; 
 a perda de rendimentos; 
 a possível perda de um emprego; 
 os custos com os cuidados de saúde. 
Foram feitas estimativas no sentido de calcular os custos indiretos de um 
acidente ou de uma doença, concluindo-se que podem ser quatro a dez vezes 
superiores em relação aos custos diretos, ou até mais. Uma doença ou um 
acidente de trabalho podem representar grandes custos indiretos aos 
trabalhadores, que são muitas vezes difíceis de quantificar. Um dos custos 
indiretos mais óbvios consiste no sofrimento humano provocado ao próprio, às 
famílias dos trabalhadores, que não pode ser compensado com dinheiro. 
Os custos relacionados com doenças ou acidentes de trabalho para os 
empregadores estimam-se igualmente como sendo avultados. Para uma 
pequena empresa, o custo de um acidente poderá constituir um desastre 
financeiro. Para os empregadores, alguns dos custos diretos são: 
 Remunerações de trabalho não realizado; 
 Despesas médicas e indemnizações; 
 Reparação ou substituição de máquinas ou de equipamento danificado; 
 Redução ou paragem temporária de produção; 
 Acréscimo de despesas de formação e de custos administrativos; 
 Possível redução na qualidade de trabalho; 
 Efeitos negativos na motivação dos outros trabalhadores. 
 Para os empregadores, alguns dos custos indiretos são: 
 A necessidade de substituição do trabalhador acidentado/doente; 
 A formação e o tempo de adaptação necessária para um novo 
trabalhador; 
 O período de tempo até que um novo trabalhadortenha o mesmo nível 
de produção do trabalhador anterior; 
 O tempo dedicado às investigações necessárias, à execução de 
relatórios e ao preenchimento de formulários; 
 O facto de os acidentes afetarem muitas vezes os colegas de trabalho, 
preocupando-os, influenciando negativamente as relações de trabalho; 
 O possível enfraquecimento e deterioração das relações com os 
fornecedores, clientes e entidades públicas face às deficientes 
condições de saúde e segurança no local de trabalho. 
A nível geral, os custos da maioria dos acidentes ou das doenças profissionais 
para os trabalhadores, para as suas famílias e empregadores, são 
extremamente elevados. 
Numa escala nacional, os custos aproximados dos acidentes e das doenças 
profissionais podem ser tão elevados como três a quatro por cento do produto 
interno bruto de um país. Na realidade, ninguém sabe realmente quais os 
custos totais dos acidentes ou das doenças profissionais, porque estes 
representam uma multiplicidade de custos indiretos, que são muitas vezes 
difíceis de quantificar, para além dos custos diretos mais evidentes e 
quantificáveis. 
 
5. Programas de saúde e de segurança 
Por todos os motivos acima referidos, é vital que os empregadores, os 
trabalhadores e os sindicatos ponham um forte investimento e envolvimento 
nas questões de saúde e na segurança, e que: 
 Os riscos no local de trabalho sejam controlados – sempre que possível, 
na origem; 
 Sejam mantidos todos os registos de qualquer exposição, durante 
muitos anos; 
 Os trabalhadores e os empregadores estejam informados sobre os 
riscos de saúde e de segurança no local de trabalho; 
 Exista uma comissão para a saúde e segurança, ativo e eficaz, que 
inclua os trabalhadores e os órgãos de gestão; 
 Os esforços para a melhoria da saúde e a segurança do trabalhador 
sejam contínuos. 
Programas eficazes de saúde e segurança no local de trabalho podem ajudar a 
salvar as vidas dos trabalhadores, através da eliminação ou redução dos riscos 
e das suas consequências. Os programas de saúde e segurança têm 
igualmente efeitos positivos, quer no estado de espírito, quer na produtividade 
do trabalhador, constituindo benefícios importantes. Ao mesmo tempo, um 
programa eficaz poderá poupar imenso dinheiro aos empregadores. 
 
6. Segurança do Trabalho no Brasil 
O Brasil, na década de 70, em função do grande número de acidentes 
estabeleceu um modelo de segurança e saúde no trabalho que, apesar de 
várias adaptações, ainda está em vogo até os dias atuais. 
Dentre suas características está o uso de todo um arcabouço legal e 
regulamentar que, a partir de 1978, passou a ser representado principalmente 
pelo Capítulo V da CLT e pelas Normas Regulamentadoras – NR’s. 
O modelo baseia-se, também, na utilização de profissionais especializados em 
segurança e saúde, tanto de nível médio como de nível superior. Esses 
profissionais seriam o instrumento de adequação dos ambientes laborais às 
necessidades do ser humano, através de técnicas de engenharia de 
segurança, higiene e medicina do trabalho, sustentadas pela legislação vigente 
e por uma estrutura de fiscalização de cumprimento das normas. Esses 
profissionais podem formar serviços especializados em segurança e saúde nas 
empresas, assim como serem contratados para prestar serviços de assessoria. 
 
7. As estatísticas oficiais de acidentes de trabalho como 
indicativo do grave quadro social 
A partir de 1970, a Previdência Social publica as estatísticas de acidentes de 
trabalho no Brasil, que servem de fonte para avaliação das condições de 
trabalho no País, ainda que a subnotificação coloque em dúvida a completa 
autenticidade dos números. A tabela 1 apresenta as estatísticas oficiais dos 
acidentes de trabalho e doenças profissionais de 1970 ao ano 2011. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
A divulgação da estatística indicou um quadro de acidentes de trabalho 
preocupante, tendo em vista que, por exemplo, em 1970, ocorreram 1.220.111 
acidentes para uma força produtiva de 7.284.022, o que significa uma relação 
percentual de 16,7%. E esta percentagem permaneceu absurdamente alta nos 
primeiros anos de divulgação das estatísticas, variando de 14,7 a 18,5%, entre 
1970 e 1975. 
A partir de 1976, o Governo Federal publicou a Lei 6.367, que determinou que 
os 15 primeiros dias após o acidente fossem pagos pelo empregador. Além 
disso, eliminou o pagamento de pecúlio por pequenas perdas, sem 
repercussão sobre a atividade profissional. 
Segundo Rocha e Nunes (In: Rocha,1993), essa lei teve motivação econômica, 
já que a maior parte dos acidentes era com poucos dias de afastamento e 
cerca de 80% dos pecúlios pagos eram de acidentes de pequena repercussão. 
A consequência disto foi uma subnotificação ainda maior, resultando em 
relações percentuais entre número de acidentes e força de trabalho cada vez 
menores. De 1976 a 1981, as relações percentuais variaram progressivamente 
de 11,7% a 6,6%. 
Aquino (1996), analisando os dados oficiais da Previdência Social revela que 
ao comparar-se a evolução das estatísticas entre 1981 e 1994, conclui-se que 
a relação entre número de acidentes por número de trabalhadores reduziu 
75%, enquanto que a relação entre número de mortes e número de 
trabalhadores cresceu aproximadamente 1.500%. 
O fato de não se ter no número de óbitos a mesma redução gradativa 
observada no número de acidentes, talvez seja a prova definitiva de que houve 
um mascaramento das estatísticas. Estudos de Heinrich, Bird e Fletcher (apud 
De Cicco, Fantazzini, 1993:3-10) mostram uma relação entre número de 
acidentes leves, graves e mortes, que não correspondem às relações 
percentuais indicadas nas estatísticas da Previdência Social. 
Outro indício da subnotificação do acidente do trabalho é no comparativo com 
as estatísticas de outros Países, conforme mostra a tabela 2. 
 
A primeira incoerência do comparativo dos dados da tabela é quanto ao 
número de 359,2 acidentes por 100.000 trabalhadores. Reportando-se ao 
Anexo I, ao dividir-se o número de acidentes pelo número de trabalhadores 
para o ano de 2000, obter-se-ia a relação de 1.311,5 acid./100000 trab. A 
distorção ocorreu porque o Brasil informou à OIT um total de 348.178 acidentes 
e 90.786.000 trabalhadores, o que inclui os segurados da Previdência Social e 
os que atuam na informalidade (mais de 60% da População Economicamente 
Ativa). Se para o trabalhador que possui relação formal de trabalho já é difícil 
garantir a emissão das CAT’s, nos acidentes de trabalho, pode-se dizer que 
para o trabalho informal isto não faz parte da realidade. 
Mesmo que o Brasil comunicasse à OIT os números de acidentes e de 
trabalhadores que indicam a relação de 1.311,5 acid./100.000 trab., ainda 
haveria incoerência se comparado às relações de 2.087,6 para a Itália, 2.725,8 
para a Alemanha e 2.087,6 para a Espanha. Partindo-se do princípio que estes 
Países têm estruturas governamentais e sindicais muito mais eficazes, o 
descrédito pelos números apresentados pelo Brasil fica evidente. 
Ainda quanto à informalidade no trabalho, Waldvogel (In: Carvalho Neto, 2001) 
estudou 3.646 casos de acidentes fatais no Estado de São Paulo, no período 
entre 1997 e 1999. Do total de mortes, 1647 casos, ou seja, 45,2% do total 
referiu-se a trabalhadores não contribuintes do INSS, funcionários públicos, 
trabalhadores contribuintes sem dependentes aptos a requerer os benefícios 
ou com dependentes aptos, mas residentes em outro estado brasileiro. 
Fazendo-se uma extrapolação para todos os tipos de acidentes, poder-se-ia 
duplicar os casos indicados pelas estatísticas oficiais da Previdência Social.Em outro estudo, Mendes (apud Lucca e Fávero, 1994), levando em conta a 
grande massa trabalhadora da informalidade, estimou para o ano de 1996, o 
número total de 3 milhões de acidentes. 
Outra questão importante na subnotificação dos acidentes de trabalho é a 
estabilidade no emprego. Lucca e Fávero (1994:12) alertam que “para evitar a 
estabilidade no emprego, algumas empresas tem evitado a abertura da 
Comunicação de Acidente de Trabalho (CAT). Assim procedendo, a empresa 
prejudica o trabalhador e contribui para o sub-registro oficial dos acidentes de 
trabalho”. 
 
 
 
 
 
8. O contexto histórico da segurança e saúde no trabalho 
 
A Evolução Histórica da SST 
Na história da segurança do trabalho são encontrados indicativos muito antigos 
da preocupação quanto a preservação da vida dos trabalhadores. Hipócrates 
(460-357 AC) e Plínio, o Velho (23-79 DC), indicaram nos seus trabalhos a 
ocorrência de doenças pulmonares em mineiros. 
No ano de 1556, Georg Bauer publicou o livro “Re De Metallica”, onde estuda 
as doenças e acidentes de trabalho relacionados à mineração e fundição de 
ouro e prata. O autor discute em especial a inalação de poeiras, causadora da 
“asma dos mineiros” que, pelos sintomas descritos, deve tratar-se de silicose. 
Em 1567, Aureolus Theophrastur Bembastur von Hohenheim apresentou 
primeira monografia relacionando trabalho com doença. (Nogueira In: 
FUNDACENTRO, 1981:9). 
Em 1700, na Itália, o médico Bernardino Ramazzini, considerado o “Pai da 
Medicina do Trabalho”, publicou o livro “De Morbis Artificium Diatriba”. A obra 
descreve com bastante profundidade as doenças relacionadas à cerca de 
cinquenta profissões, tais como mineiros, químicos, oleiros, ferreiros, 
cloaqueiros, salineiros, joalheiros, pedreiros, entre outros. 
A Revolução Industrial significou a mudança vertiginosa na história da 
humanidade, onde os meios de produção, até então dispersos e baseados na 
cooperação individual, passaram a concentrar-se em grandes fábricas, 
ocasionando profundas transformações sociais e econômicas. A revolução 
industrial se deu em diferentes épocas nos diversos países civilizados. Na 
Inglaterra, que foi o país pioneiro, a revolução industrial surgiu com toda a 
intensidade no século XVIII; na Alemanha e USA, começou por volta do ano de 
1820 e na Rússia, por volta de 1890. 
Em 1770, o operário inglês Hargreaves, inventou a primeira máquina de fiar, 
em que uma pessoa efetuava o trabalho de oito, movendo uma manivela de 
oito fusos. Em 1785, Edmund Cartwright inventou um tear movimentado por 
uma lançadeira automática. Este tear, movido por propulsão hidráulica, fazia 
com que cada operário realizasse o trabalho de duzentos homens, 
possibilitando inclusive converter fio em pano. 
As máquinas a vapor foram utilizadas inicialmente na indústria inglesa de 
tecidos de algodão, quando James Watt, em 1769, patenteou a primeira 
máquina a vapor com boa aplicação prática. A substituição da propulsão 
hidráulica pela máquina a vapor mudou profundamente o quadro industrial, pois 
não houve mais a necessidade da instalação das fábricas próximos aos cursos 
d’água, podendo instalar-se nas grandes cidades, onde a mão de obra estava 
disponível em abundância. 
Antes do advento das máquinas de tecelagem, os artesãos eram os donos de 
seus próprios negócios, com uma produção apenas o suficiente para atender 
suas necessidades. Como os artesões não tinham condições de adquirir as 
novas máquinas, tampouco de competir com elas em condições de igualdade, 
o meio de produção artesanal foi substituído pelo meio industrial ficando o 
artesão como massa de mão-de-obra disponível para trabalhar nas fábricas. 
A necessidade de mão de obra para a indústria, aliada ao fato de haver 
desemprego no meio rural, estabeleceu um fluxo migratório do campo para as 
cidades em proporção até então nunca vista. 
Este fluxo migratório não se dava apenas para a indústria, mas também para 
sua estrutura de sustentação. As máquinas a vapor usavam carvão para seu 
acionamento, o que aumentou também o número de minas de carvão nos 
diversos países. Segundo Nascimento (1997:9), no ano de 1900, havia cinco 
milhões de trabalhadores nas minas, assim distribuídos: 900.000 na Grã-
Bretanha, 500.000 na Alemanha e EUA, 300.000 na França, 230.000 na Rússia 
e Áustria-Hungria, 160.000 na Bélgica e Índia, 120.000 no Japão e 100.000 no 
Sul da África. 
O trabalho em condições degradantes que era desempenhado pelos mineiros 
contribuiu para criar na categoria uma consciência das condições desumanas a 
que eles eram submetidos. Era comum a ocorrência de incêndios, explosões, 
intoxicação por gases, inundações e desmoronamento, ocasião em que muitos 
trabalhadores ficavam sepultados nas galerias. Também eram comuns as 
doenças ocupacionais, tais como tuberculose, anemia e asma. 
A improvisação das fábricas e a mão-de-obra constituída principalmente por 
crianças e mulheres resultaram em problemas ocupacionais extremamente 
sérios. Os acidentes de trabalho eram numerosos, provocados por máquinas 
sem qualquer proteção, movidas por correias expostas, e as mortes, 
principalmente de crianças eram muito frequentes (Nogueira In: 
FUNDACENTRO, 1981:10). 
Não havia nenhuma regulamentação quanto às condições do trabalho e do 
ambiente industrial, tampouco em relação à duração da jornada de trabalho. 
Apesar da jornada excessiva de trabalho não poder ser atribuído ao 
nascimento da grande indústria, pois na era verificada na atividade artesanal, 
esta condição foi potencializada. A partir de 1792, com a invenção do lampião a 
gás, houve uma tendência de aumento da jornada de trabalho, haja visto a 
possibilidade de uso de iluminação artificial, ainda que precária. 
Na metade do século XIX na França, trabalhava-se 12 horas nas províncias e 
11 horas em Paris, podendo variar conforme o tipo de atividade. A categoria 
dos mineiros passava 12 horas diárias no fundo da mina, com 10 horas de 
trabalho efetivo. Havia jornadas de 15 horas nas fábricas de alfinetes. Nas 
tecelagens trabalhava-se 15 horas se o trabalho era a domicílio e 12 horas na 
própria fábrica (Nascimento, 1997:14) 
O trabalho das crianças nas fábricas durante a revolução industrial indica uma 
condição vexatória, abaixo de qualquer padrão de dignidade. Na Inglaterra, os 
menores eram oferecidos às indústrias em troca de alimentação. Eram comuns 
os intermediários que buscavam as crianças para trabalhar nas fábricas, 
estabelecendo inclusive contratos onde o industrial deveria aceitar, no lote de 
menores, “os idiotas”, na proporção de uma para cada grupo de vinte. 
Além do comércio de crianças, eram comuns também os maus tratos com os 
menores, que eram açoitados se trabalhavam de forma imprópria e em ritmo 
lento. Um industrial da época entendia que “não havia nenhum ser humano 
com mais de quatro anos que não podia ganhar a vida trabalhando” 
(Nascimento, 1997:11). 
Em função das más condições de trabalho, o parlamento inglês criou uma 
comissão de inquérito que foi responsável pela criação,em 1802, da primeira lei 
de proteção aos trabalhadores, a “Lei de Saúde e Moral dos Aprendizes”, que 
estabelecia o limite de 12 horas de trabalho diário, proibia o trabalho noturno, 
obrigava os empregadores ventilar as fábricas lavar suas paredes duas vezes 
por ano. Esta lei, complementada em 1819, não teve a eficiência esperada 
devido a oposição dos empregadores (Nogueira In: FUNDACENTRO, 1981:10-
11). 
Outra comissão de inquérito avaliou as condições de trabalho das fábricas e 
elaborou, em 1831, um relatório que concluía: 
“Diante desta comissão desfilou longa procissão de trabalhadores – homens e 
mulheres, meninose meninas. Abobalhados, doentes, deformados, 
degradados de sua qualidade humana, cada um deles era clara evidência de 
uma vida arruinada, um quadro vivo da crueldade do homem para com o 
homem, uma impiedosa condenação daqueles legisladores que quando em 
suas mãos detinham poder imenso, abandonaram os fracos a capacidade dos 
fortes”. (Santos apud Ribeiro Filho, 1997:13). 
As condições em que as crianças eram submetidas no trabalho nas fábricas 
ficam evidenciadas na transcrição de depoimento dado pelos pais de duas 
crianças operárias: 
“1. Pergunta: A que horas vão as meninas à fábrica? Resposta: Durante seis 
semanas, foram às três horas da manhã e voltaram as dez horas da noite. 2. 
Pergunta: Quais os intervalos concedidos, durante as dezenove horas, para 
descansar ou comer? Resposta: Quinze minutos para o desjejum, meia hora 
para o almoço e quinze minutos para beber. 3. Pergunta: Tinha muita 
dificuldade para despertar suas filhas? Resposta: Sim, a princípio tínhamos que 
sacudi-las para despertá-las e se levantarem, cem como vestirem-se antes de 
ir ao trabalho. 4. Pergunta: Quanto tempo dormiam? Resposta: Nunca se 
deitavam antes das 11horas, depois de lhes dar algo para comer e, então, 
minha mulher passava toda a noite em vigília ante o temor de não despertá-las 
na hora certa. 5. Pergunta: A que horas eram despertadas? Resposta: 
Geralmente minha mulher e eu nos levantávamos às duas horas da manhã 
para vesti-las. 6. Pergunta: Então, somente tinham quatro horas de repouso? 
Resposta: Escassamente quatro. 7. Pergunta: Quanto tempo durou esta 
situação? Resposta: Umas seis semanas. 8. Pergunta: Trabalhavam desde as 
seis horas da manhã até às oito e meia da noite? Resposta: Sim, é isso. 9. 
Pergunta: As menores estavam cansadas com este regime? Resposta: Sim, 
muito. Mais de uma vez ficaram adormecidas com a boca aberta. Era preciso 
sacudi-las para que comessem. 10. Pergunta: Suas filhas sofreram acidentes? 
Resposta: Sim, a maior, a primeira vez que foi trabalhar, prendeu o dedo numa 
engrenagem e esteve cinco semanas no hospital de Leeds. 11 Pergunta: 
Receber salário durante este tempo? Resposta: Não, desde o momento do 
acidente cessou o salário. 12 Pergunta: Suas filhas foram remuneradas? Sim, 
ambas. 13 Pergunta: Qual era o salário em semana normal? Resposta: Três 
shillings por semana cada uma. 14. Pergunta: E quando faziam horas 
suplementares? Resposta: Três shilings e sete pence e meio”. (Fohlen apud 
Nascimento, 1997:11 e 12). 
A partir do relatório elaborado pela comissão, foi instituída na Inglaterra, em 
1833, a “Lei das Fábricas” (Factory Act), que foi a primeira lei realmente 
eficiente no campo da segurança e saúde no trabalho. A lei, aplicada à 
indústria têxtil, proibia o trabalho noturno para os menores de 18 anos, 
restringindo sua carga horária para 12 horas diárias e 69 semanais. Para 
menores entre 9 e 13 anos, a jornada de trabalho diária passou a ser de 9 
horas. A idade mínima para o trabalho era de 9 anos, sendo necessário um 
médico atestar que o desenvolvimento físico da criança correspondia à sua 
idade cronológica. As fábricas precisavam ter ainda escolas freqüentadas por 
todos os trabalhadores menores de 13 anos. 
A partir da lei das fábricas, outros avanços ficaram evidenciados nas relações 
de trabalho na Inglaterra, tais como a lei de 1844, que instituiu a jornada de 
trabalho de 10 horas diárias para mulheres, leis de 1850 e 1853, estabelecendo 
jornada de trabalho dos homens em 12 horas diárias e lei de1842, que proibiu 
o trabalho de mulheres, menores em subsolo e lei de 1867 que reconheceu e 
determinou providências para prevenção das doenças provocadas por 
condições de trabalho, exigiu instalação de proteção nas máquinas e proibia 
realização de refeições em locais que tivessem a presença de agentes 
químicos agressivos. 
Com a expansão da indústria no restante da Europa e com a experiência já 
vivida na Inglaterra, os demais países foram estabelecendo e aprimorando 
legislações próprias de proteção ao trabalhador. Na França, em 1813, ficou 
proibido o trabalho de menores em minas, em 1841 foi proibido o trabalho de 
menores de 8 anos e fixada jornada diária de 8 horas para menores de 12 
anos, e de 12 horas para menores com idade entre 12 e 16 anos. Em 1848 foi 
estabelecida como jornada máxima de trabalho diária de 12 horas. 
Na Escócia os trabalhadores eram comprados e vendidos com os filhos, com 
os quais eram estabelecidos contratos verbais de longo prazo, inclusive 
vitalícios, situação degradante que só foi eliminada a partir do surgimento de 
legislação própria nos anos de 1774 e 1799. 
Na Alemanha, no ano de 1839, foi proibido o trabalho de menores de 9 anos e 
restringida a jornada diária dos menores de 16 anos para 10 horas. Em 1853, 
estabeleceu-se a idade mínima do menor operário para 12 anos e limitada a 
jornada diária de trabalho dos menores de 14 anos para 6 horas. Em 1869, a 
legislação dispôs: 
“todo o empregador é obrigado a fornecer e a manter, à sua própria custa, 
todos os aparelhos necessários ao trabalho, tendo em vista a sua natureza, em 
particular, do ramo da indústria a que sirvam, e o local de trabalho em ordem a 
fim de proteger os operários, tanto quanto possível, contra riscos de vida e de 
saúde” (Nascimento, 1997:34). 
A Bélgica regulamentou a segurança e saúde industrial em 1810, a Rússia a 
partir de 1839, a Dinamarca em 1873, a Suíça em 1877 e os EUA a partir de 
1877, através do Estado de Massachussetts (Santos, 1997:15). 
 
Segurança e Saúde no Brasil 
No Brasil Colonial, os escravos trabalhavam até 18 horas por dia, estando os 
proprietários no direito de aplicar castigos para garantir uma melhor 
produtividade e submissão ao trabalho. Esta situação tornava a mão de obra 
escrava quase que descartável, já que em 1730 a vida útil de um escravo 
jovem era de apenas 12 anos. A partir do século XIX, com as limitações 
impostas ao tráfego, os proprietários esboçaram alguma preocupação com a 
saúde dos escravos, tentando garantir um tempo maior de espoliação da força 
de trabalho de suas “propriedades”. 
No período da república velha, de 1889 até 1930, o Brasil caracterizou-se por 
uma economia voltada a exportação de produtos do campo. O Governo 
entendia que a regulamentação das relações de trabalho era prejudicial, tese 
que foi reafirmada pela Constituição de 1891 (Rocha, Nunes In: Rocha, 1993: 
85). 
Apesar da estrutura oligárquica rural de comando da nação, no Brasil eram 
encontradas nas cidades inúmeras oficinas, manufaturas de vestiários, móveis, 
tintas, fundições, etc. A mão de obra era predominantemente estrangeira, 
resultado da onda migratória da época. As condições de trabalho eram 
degradantes, encontrando-se muitas situações ocorridas na Inglaterra durante 
a revolução industrial, a partir de 1760. Dean (Apud Rocha, 1993:89), relata: 
“Os acidentes se amiudavam porque os trabalhadores cansados, que 
trabalhavam, às vezes, além do horário sem aumento de salário ou 
trabalhavam aos domingos, eram multados por indolência ou erros cometidos, 
se fossem adultos, ou surrados, se fossem crianças. Em 1917, uma pessoa 
que visitou uma fábrica na Mooca, na Capital, ouviu operários de doze a treze 
anos de idade, da turma da noite, que se queixavam de ser freqüentemente 
espancados e mostraram, como prova do que diziam, as equimoses e 
ferimentos que traziam”. 
Nos primeiros anos da República, ocorreram alguns movimentos grevistas que, 
apesar de dispersos, foram se avolumando em termos de freqüência e 
intensidade. De 1901 a 1914 foram registradas 129 greves, sendo 91 em São 
Paulo e 38 em outras cidades (Rocha, Nunes In: Rocha, 1993:90). No ano de 
1917,uma greve de enorme repercussão foi deflagrada em São Paulo, 
conforme descrição de Nascimento (1997:44): 
“Iniciou-se no Cotonifício Rodolfo Crepi, no bairro da Mooca, quando os 
operários protestaram contra os salários e pararam o serviço. A fábrica fechou 
por um tempo indeterminado. Os trabalhadores pretendiam 20% de aumento e 
tentaram acordo com a empresa, não o conseguindo. Diante disso, no dia 29 
fizeram comício no centro da cidade. Aos 2000 grevistas juntaram-se, em 
solidariedade, 1000 trabalhadores das fábricas Jafet, que também passaram a 
reivindicar 20% de aumento de salários; em 11 de julho, o número de grevistas 
de várias empresas era de 15.000; no dia 12, de 20.000; os bondes, a luz, o 
comércio e as indústrias de São Paulo ficaram paralisados. O movimento 
estendeu-se às empresas do interior, e ao todo treze cidades foram atingidas. 
Os jornalistas resolveram intermediar. No dia 15 de julho um acordo foi aceito 
para aumento de 20% dos salários, com a garantia de que nenhum empregado 
seria despedido em razão da greve, e o governo pôs em liberdade os operários 
presos, com a condição de que todos voltassem ao serviço, reconhecendo o 
direito de reunião quando exercido dentro da lei e respeitando a ordem pública, 
além de se comprometer a providenciar o cumprimento de disposições legais 
sobre trabalho de menores nas fábricas, de carestia de vida e de proteção do 
trabalhador”. 
Nos primeiros anos da República foram caracterizados por três fatores 
importantes na mudança da visão prevencionista por parte do governo: 
 Os movimentos grevistas incluíram na sua pauta de reivindicações as 
questões relativas a melhoria das condições e do meio ambiente de 
trabalho; 
 O fluxo migratório proveniente da Europa trouxe toda uma experiência 
de luta visando a dignidade no trabalho; 
 Havia um movimento internacional de mudança no plano ideológico, a 
partir da revolução soviética. 
Esses fatores foram decisivos na formação de um quadro favorável para o 
estabelecimento de uma maior intervenção por parte do governo e legisladores 
na relação capital e trabalho. 
Dessa forma, a Lei 3724 de 15/01/19, se firmou como a primeira lei sobre 
indenização por acidentes de trabalho, sendo regulamentada pelo Decreto 
número 13.498, de 12/03/19. Esta lei limitava-se ao setor ferroviário e 
reconhecia somente os elementos que caracterizavam diretamente o acidente 
de trabalho. 
Em função do momento histórico, foi criada a previdência social, através da Lei 
4682, de 29/01/23 – conhecida como Lei Eloy Chaves, que criou a Caixa de 
Aposentadoria e Pensões para uma empresa de estrada de ferro. 
A partir de 1930, com a ascensão de Getúlio Vargas ao poder, houve um 
acelerado desenvolvimento industrial, substituindo as importações, facilitado 
principalmente pela grande depressão de 1929, que colocou em xeque o 
modelo agrário vigente. A era Vargas caracterizou-se por profunda 
reestruturação da ordem jurídica trabalhista, estando muitas das propostas da 
época em vigor até os dias atuais. 
O Ministério do Trabalho, Indústria e Comércio foi criado por meio do Decreto 
19.433, de 26/11/1930. Em 1932 foram criadas as Inspetorias do Ministério do 
Trabalho, Indústria e Comércio, transformadas, no ano de 1940, em Delegacias 
Regionais do Trabalho. 
O Decreto número 24.367, de 10/07/1934, que substituiu a lei 3724 de 1919, 
instituiu o depósito obrigatório para garantia da indenização, simplificou o 
processo e aumentou o valor da indenização em caso de morte do acidentado, 
entendendo a doença profissional também como acidente de trabalho 
indenizável, em complementação à legislação anterior. Com o Decreto foram 
incluídos os industriários, trabalhadores agrícolas, comerciários e domésticos, 
sempre até determinado valor de remuneração. Por outro lado, foram excluídas 
várias outras categorias, tendo em vista o valor de seus vencimentos, tais 
como os autônomos, consultores técnicos, empregados em pequenos 
estabelecimentos industriais e comerciais sob o regime familiar. 
O adicional de insalubridade foi instituído a partir do Decreto-lei número 399, de 
30/04/1938, estabelecendo seu valor em 10, 20 e 40% do salário mínimo para 
graus de insalubridade mínimo, médio e máximo, respectivamente, conforme 
quadro de atividades elaborado posteriormente. 
A Consolidação das Leis do Trabalho – CLT – foi criada pelo Decreto número 
5.452, de 01/05/1943, e reuniu a legislação relacionada com a organização 
sindical, previdência social, justiça e segurança do trabalho. A CLT , no seu 
Capitulo V – Da Segurança e da Medicina do Trabalho, dispõe sobre diversos 
temas, tais como a Comissão Interna de Prevenção de Acidentes – CIPA, 
máquinas e equipamentos, caldeiras, insalubridade, medicina do trabalho, 
higiene industrial, entre outros. Esta legislação foi alterada em 1977 e serviu 
como base para as atuais Normas Regulamentadoras. 
O Decreto 7036, de 10/11/1944 definiu como acidente de trabalho não só o 
acidente típico, mas também a concausa4, entendendo que todo evento que 
tivesse alguma relação de causa e efeito, ainda que não fosse o único 
responsável pela morte, perda ou redução da capacidade de trabalho, 
configuraria acidente de trabalho. Abrangeu ainda a prevenção de acidentes e 
a assistência, indenização e reabilitação do acidentado. 
Na década de 50, o governo atendeu às pressões políticas dos empregados da 
Petrobrás e concedeu através da Lei 2.573, de 15/08/55, o adicional de 
periculosidade aos trabalhadores que prestassem serviço em contato 
permanente com inflamáveis, correspondente a 30% do valor do salário 
(Rocha, Nunes In: Rocha, 1993:113). 
Através do Decreto Legislativo numero 24, de 29/05/1956, o Brasil ratificou a 
Convenção número 81, da Organização Internacional do Trabalho que 
estabelece que seus membros devam manter sistema de inspeção do trabalho. 
O Decreto-Lei número 229, de 28/02/1967, modificou a Capítulo V da 
Consolidação das Leis do Trabalho em vários itens, destacando-se a exigência 
que as empresas mantivessem “Serviços Especializados em Segurança e em 
Higiene do Trabalho”. 
A Lei 5.316, de 14/09/1967 determinou que o seguro acidente de trabalho 
somente pudesse ser feito com a Previdência Social, tornando o seguro 
obrigatório um monopólio estatal, fato que permanece inalterado até os dias 
atuais. 
A Portaria n.º 3237, de 17 de julho de 1972, que fazia parte do "Plano de 
Valorização do Trabalhador" do Governo Federal, e posteriormente sua 
substituta, a Portaria número 3460 de 31/12/1975, tornaram obrigatória a 
existência de serviços de medicina do trabalho e engenharia de segurança do 
trabalho em todas as empresas com um ou mais trabalhadores. 
A partir da divulgação das estatísticas oficiais e da comprovação da gravidade 
da situação, o Governo Federal intercedeu mais decisivamente nas questões 
de segurança e saúde do trabalhador. Através da Portaria 3.237, de 
17/07/1972, que regulamentou o Artigo 1646 da CLT, tornou obrigatória a 
existência do Serviço Especializado em Engenharia de Segurança e em 
Medicina do Trabalho – SESMT - nas empresas. 
A Lei 6.514, de 22/12/1977, alterou o Capítulo V, Título II da Consolidação das 
Leis do Trabalho – CLT, relativo à Segurança e Medicina do Trabalho, 
legislação válida até os dias atuais. Esta lei foi regulamentada através da 
Portaria 3.214 de 08/06/1978, que significou o grande salto qualitativo nas 
ações prevencionistas, estimulando uma atuação mais eficaz por parte das 
empresas, sindicatos, Ministério do Trabalho, entre outros. 
Na década de 90 várias Normas Regulamentadoras foram revisadas, 
atendendo nova filosofia de necessidade de gestão da segurança e saúde 
ocupacional,principalmente com a NR 7 – PCMSO – Programa de Controle 
Médico e Saúde Ocupacional, NR 9 – PPRA – Programa de Prevenção de 
Riscos Ambientais, NR 18 – Condições e Meio Ambiente de Trabalho na 
Industria da Construção, com o PCMAT – Programa de Condições e Meio 
Ambiente de Trabalho na Indústria da Construção. 
 
 
 
 
 
 
 
 
MODULO 2 - Conceitos e Legislação 
 
1. Preceitos legais em segurança e saúde no trabalho 
 
Constituição Federal 
A Constituição Brasileira estabelece, em diversos itens, o direito do trabalhador 
de desenvolver suas atividades profissionais em um ambiente seguro e 
saudável, com garantia de que, ao final de sua vida laboral, não esteja com 
sequelas decorrentes do trabalho. 
 
TÍTULO II - DOS DIREITOS E GARANTIAS FUNDAMENTAIS 
CAPÍTULO II - DOS DIREITOS SOCIAIS 
Art. 6o São direitos sociais a educação, a saúde, o trabalho, a moradia, o lazer, 
a segurança, a previdência social, a proteção à maternidade e à infância, a 
assistência aos desamparados, na forma desta Constituição. (Redação dada 
pela Emenda Constitucional nº 26, de 2000) 
Art. 7º São direitos dos trabalhadores urbanos e rurais, além de outros que 
visem à melhoria de sua condição social: 
XXII - redução dos riscos inerentes ao trabalho, por meio de normas de saúde, 
higiene e segurança; 
XXIII - adicional de remuneração para as atividades penosas, insalubres ou 
perigosas, na forma da lei; 
.................................. 
XXVIII - seguro contra acidentes de trabalho, a cargo do empregador, sem 
excluir a indenização a que este está obrigado, quando incorrer em dolo ou 
culpa; 
.................................. 
XXXIII - proibição de trabalho noturno, perigoso ou insalubre a menores de 
dezoito e de qualquer trabalho a menores de dezesseis anos, salvo na 
condição de aprendiz, a partir de quatorze anos; (Redação dada pela Emenda 
Constitucional nº 20, de 1998) 
ATO DAS DISPOSIÇÕES CONSTITUCIONAIS TRANSITÓRIAS 
Art. 10º Até que seja promulgada a lei complementar a que se refere o art. 7º, I, 
da Constituição : 
......................... 
II - fica vedada a dispensa arbitrária ou sem justa causa: a) do empregado 
eleito para cargo de direção de comissões internas de prevenção de acidentes, 
desde o registro de sua candidatura até um ano após o final de seu mandato; 
 
A Consolidação das Leis do Trabalho e as Normas 
Regulamentadoras 
Em 1º de maio de 1943, através do Decreto 5.452, foi estabelecida a 
Consolidação das Leis do Trabalho – CLT. No ano de 1977, através da Lei 
6.514, foi alterado o Capítulo V da Consolidação das Leis do Trabalho, no seu 
Título II, relativo à Segurança e Medicina do Trabalho. 
Os artigos da Consolidação das Leis do Trabalho (artigos 154 a 201) foram 
regulamentados através da Portaria 3.214 de 08/06/1978, com a criação das 
Normas Regulamentadoras. Desde 1978, diversas normas foram alteradas e 
outras inseridas, de forma que hoje são estabelecidas as seguintes Normas 
Regulamentadoras: 
 
 NR1 - Disposições Gerais: Estabelece o campo de aplicação de todas 
as Normas Regulamentadoras de Segurança e Medicina do Trabalho do 
Trabalho Urbano, bem como os direitos e obrigações do Governo, dos 
empregadores e dos trabalhadores no tocante a este tema específico. 
 
 NR2 - Inspeção Prévia: Estabelece as condições para apresentação da 
declaração de instalações, de um estabelecimento novo, ao órgão 
regional do Ministério do Trabalho e Emprego, para solicitar sua 
aprovação e a expedição do Certificado de Aprovação de Instalações - 
CAI, assegurando que o novo estabelecimento poderá iniciar suas 
atividades livre de riscos de acidentes e/ou de doenças do trabalho. 
 
 NR3 - Embargo ou Interdição: Estabelece as condições para a 
interdição de estabelecimento, setor de serviço, máquina ou 
equipamento, ou embargo de obra, indicando, com a brevidade que a 
ocorrência exigir, as providências que deverão ser adotadas para 
prevenção de acidentes do trabalho e doenças profissionais. 
 
 NR4 - Serviços Especializados em Engenharia de Segurança e em 
Medicina do Trabalho: Estabelece os requisitos para constituir o 
Serviço Especializado em Engenharia de Segurança e em Medicina do 
Trabalho com a finalidade de promover a saúde e proteger a integridade 
do trabalhador no local de trabalho. 
 
 NR5 - Comissão Interna de Prevenção de Acidentes - CIPA: 
Estabelece a obrigatoriedade das empresas públicas e privadas 
organizarem e manterem em funcionamento, por estabelecimento, uma 
comissão constituída exclusivamente por empregados com o objetivo de 
prevenir infortúnios laborais, através da apresentação de sugestões e 
recomendações ao empregador para que melhore as condições de 
trabalho, eliminando as possíveis causas de acidentes do trabalho e 
doenças ocupacionais. 
 
 NR6 - Equipamentos de Proteção Individual - EPI: Estabelece e 
define os tipos de EPI's a que as empresas estão obrigadas a fornecer a 
seus empregados, sempre que as condições de trabalho o exigirem, a 
fim de resguardar a saúde e a integridade física dos trabalhadores. 
 
 NR7 - Programas de Controle Médico de Saúde Ocupacional: 
Estabelece a obrigatoriedade de elaboração e implementação, por parte 
de todos os empregadores e instituições que admitam trabalhadores 
como empregados, do Programa de Controle Médico de Saúde 
Ocupacional - PCMSO, com o objetivo de promoção e preservação da 
saúde do conjunto dos seus trabalhadores. 
 
 NR8 - Edificações: Dispõe sobre os requisitos técnicos mínimos que 
devem ser observados nas edificações para garantir segurança e 
conforto aos que nelas trabalham. 
 
 NR9 - Programas de Prevenção de Riscos Ambientais: Estabelece a 
obrigatoriedade de elaboração e implementação, por parte de todos os 
empregadores e instituições que admitam trabalhadores como 
empregados, do Programa de Prevenção de Riscos Ambientais - PPRA, 
visando à preservação da saúde e da integridade física dos 
trabalhadores, através da antecipação, reconhecimento, avaliação e 
consequente controle da ocorrência de riscos ambientais existentes ou 
que venham a existir no ambiente de trabalho, tendo em consideração a 
proteção do meio ambiente e dos recursos naturais. 
 
 NR10 - Instalações e Serviços em Eletricidade: Fixa as condições 
mínimas exigíveis para garantir a segurança dos empregados que 
trabalham em instalações elétricas, em suas diversas etapas, incluindo 
projeto, execução, operação, manutenção, reforma e ampliação e, 
ainda, a segurança de usuários e terceiros. 
 
 NR11 - Transporte, Movimentação, Armazenagem e Manuseio de 
Materiais: Estabelece os requisitos de segurança a serem observados 
nos locais de trabalho, no que se refere ao transporte, à movimentação, 
à armazenagem e ao manuseio de materiais, tanto de forma mecânica 
quanto manual, objetivando a prevenção de infortúnios laborais. 
 
 NR12 - Máquinas e Equipamentos: Estabelece as medidas 
prevencionistas de segurança e higiene do trabalho a serem adotadas 
pelas empresas em relação à instalação, operação e manutenção de 
máquinas e equipamentos, visando à prevenção de acidentes do 
trabalho. 
 
 NR13 - Caldeiras e Vasos de Pressão: Estabelece todos os requisitos 
técnicos-legais relativos à instalação, operação e manutenção de 
caldeiras e vasos de pressão, de modo a se prevenir a ocorrência de 
acidentes do trabalho. 
 
 NR14 - Fornos: Estabelece as recomendações técnicos-legais 
pertinentes à construção, operação e manutenção de fornos industriais 
nos ambientes de trabalho. 
 
 NR15 - Atividades e Operações Insalubres: Descreve as atividades, 
operações e agentesinsalubres, inclusive seus limites de tolerância, 
definindo, assim, as situações que, quando vivenciadas nos ambientes 
de trabalho pelos trabalhadores, ensejam a caracterização do exercício 
insalubre, e também os meios de proteger os trabalhadores de tais 
exposições nocivas à sua saúde. 
 
 NR16 - Atividades e Operações Perigosas: Regulamenta as 
atividades e as operações legalmente consideradas perigosas, 
estipulando as recomendações prevencionistas correspondentes. 
 
 NR17 - Ergonomia: Visa estabelecer parâmetros que permitam a 
adaptaçào das condições de trabalho às condições psicofisiológicas dos 
trabalhadores, de modo a proporcionar um máximo de conforto, 
segurança e desempenho eficiente. 
 
 NR18 - Condições e Meio Ambiente de Trabalho na Indústria da 
Construção: Estabelece diretrizes de ordem administrativa, de 
planejamento de organização, que objetivem a implementação de 
medidas de controle e sistemas preventivos de segurança nos 
processos, nas condições e no meio ambiente de trabalho na industria 
da construção civil. 
 
 NR19 - Explosivos: Estabelece as disposições regulamentadoras 
acerca do depósito, manuseio e transporte de explosivos, objetivando a 
proteção da saúde e integridade física dos trabalhadores em seus 
ambientes de trabalho. 
 
 NR20 - Líquidos Combustíveis e Inflamáveis: Estabelece as 
disposições regulamentares acerca do armazenamento, manuseio e 
transporte de líquidos combustíveis e inflamáveis, objetivando a 
proteção da saúde e a integridade física dos trabalhadores m seus 
ambientes de trabalho. 
 
 NR21 - Trabalho a Céu Aberto: Tipifica as medidas prevencionistas 
relacionadas com a prevenção de acidentes nas atividades 
desenvolvidas a céu aberto, tais como, em minas ao ar livre e em 
pedreiras. 
 
 NR 22 - Segurança e Saúde Ocupacional na Mineração: Estabelece 
métodos de segurança a serem observados pelas empresas que 
desemvolvam trabalhos subterrâneos de modo a proporcionar a seus 
empregados satisfatórias condições de Segurança e Medicina do 
Trabalho. 
 
 NR23 - Proteção Contra Incêndios: Estabelece as medidas de 
proteção contra Incêndios, estabelece as medidas de proteção contra 
incêndio que devem dispor os locais de trabalho, visando à prevenção 
da saúde e da integridade física dos trabalhadores. 
 
 NR24 - Condições Sanitárias e de Conforto nos Locais de Trabalho: 
Disciplina os preceitos de higiene e de conforto a serem observados nos 
locais de trabalho, especialmente no que se refere a: banheiros, 
vestiários, refeitórios, cozinhas, alojamentos e água potável, visando a 
higiene dos locais de trabalho e a proteção à saúde dos trabalhadores. 
 
 NR25 - Resíduos Industriais: Estabelece as medidas preventivas a 
serem observadas, pelas empresas, no destino final a ser dado aos 
resíduos industriais resultantes dos ambientes de trabalho de modo a 
proteger a saúde e a integridade física dos trabalhadores. 
 
 NR26 - Sinalização de Segurança: Estabelece a padronização das 
cores a serem utilizadas como sinalização de segurança nos ambientes 
de trabalho, de modo a proteger a saúde e a integridade física dos 
trabalhadores. 
 
 NR27 - Registro Profissional do Técnico de Segurança do Trabalho 
no Ministério do Trabalho: Estabelece os requisitos a serem satisfeitos 
pelo profissional que desejar exercer as funções de técnico de 
segurança do trabalho, em especial no que diz respeito ao seu registro 
profissional como tal, junto ao Ministério do Trabalho. (Revogada pela 
Portaria GM 262, de 29/05/2008); 
 
 NR28 - Fiscalização e Penalidades: Estabelece os procedimentos a 
serem adotados pela fiscalização trabalhista de Segurança e Medicina 
do Trabalho, tanto no que diz respeito à concessão de prazos às 
empresas para no que diz respeito à concessão de prazos às empresas 
para a correção das irregularidades técnicas, como também, no que 
concerne ao procedimento de autuação por infração às Normas 
Regulamentadoras de Segurança e Medicina do Trabalho. 
 
 NR29 - Norma Regulamentadora de Segurança e Saúde no Trabalho 
Portuário: Tem por objetivo Regular a proteção obrigatória contra 
acidentes e doenças profissionais, facilitar os primeiro socorros a 
acidentados e alcançar as melhores condições possíveis de segurança e 
saúde aos trabalhadores portuários. As disposições contidas nesta NR 
aplicam-se aos trabalhadores portuários em operações tanto a bordo 
como em terra, assim como aos demais trabalhadores que exerçam 
atividades nos portos organizados e instalações portuárias de uso 
privativo e retroportuárias, situadas dentro ou fora da área do porto 
organizado. 
 
 NR30 - Norma Regulamentadora de Segurança e Saúde no Trabalho 
Aquaviário: Aplica-se aos trabalhadores de toda embarcação comercial 
utilizada no transporte de mercadorias ou de passageiros, na navegação 
marítima de longo curso, na cabotagem, na navegação interior, no 
serviço de reboque em alto-mar, bem como em plataformas marítimas e 
fluviais, quando em deslocamento, e embarcações de apoio marítimo e 
portuário. A observância desta Norma Regulamentadora não desobriga 
as empresas do cumprimento de outras disposições legais com relação 
à matéria e outras oriundas de convenções, acordos e contratos 
coletivos de trabalho. 
 
 NR 31 - Norma Regulamentadora de Segurança e Saúde no 
Trabalho na Agricultura, Pecuária, Silvicultura, Exploração Florestal 
e Aqüicultura: Estabelece os preceitos a serem observados na 
organização e no ambiente de trabalho, de forma a tornar compatível o 
planejamento e o desenvolvimento das atividades da agricultura, 
pecuária, silvicultura, exploração florestal e aqüicultura com a segurança 
e saúde e meio ambiente do trabalho. 
 
 NR 32 - Segurança e Saúde no Trabalho em Serviços de Saúde: 
Estabelece as diretrizes básicas para a implementação de medidas de 
proteção à segurança e à saúde dos trabalhadores dos serviços de 
saúde, bem como daqueles que exercem atividades de promoção e 
assistência à saúde em geral. 
 
 NR-33 Segurança e Saúde nos Trabalhos em Espaços Confinados: 
Estabelece os requisitos mínimos para identificação de espaços 
confinados e o reconhecimento, avaliação, monitoramento e controle 
dos riscos existentes, de forma a garantir permanentemente a 
segurança e saúde dos trabalhadores que interagem direta ou 
indiretamente nestes espaços. 
 
 NR-34 Condições e Meio Ambiente de Trabalho na Indústria da 
Construção e Reparação Naval: estabelece os requisitos mínimos e as 
medidas de proteção à segurança, à saúde e ao meio ambiente de 
trabalho nas atividades da indústria de construção e reparação naval. 
 
 NR 35 Trabalho em Altura: estabelece os requisitos mínimos e as 
medidas de proteção para o trabalho em altura, envolvendo o 
planejamento, a organização e a execução, de forma a garantir a 
segurança e a saúde dos trabalhadores envolvidos direta ou 
indiretamente com esta atividade. 
 
 NR 36 Segurança e Saúde no Trabalho em Empresas de Abate e 
Processamento de Carnes e Derivados: estabelece os requisitos 
mínimos para a avaliação, controle e monitoramento dos riscos 
existentes nas atividades desenvolvidas na indústria de abate e 
processamento de carnes e derivados destinados ao consumo humano, 
de forma a garantir permanentemente a segurança, a saúde e a 
qualidade de vida no trabalho. 
 
 
Legislação Previdenciária 
A Previdência Social, através da Lei 8.213 de 24 de julho de 1991 e 
regulamentada pelo Decreto nº 611, de 21 de julho de 1992 – Plano de 
Benefícios da Previdência Social e as várias Instruções Normativas presta 
assistência aos segurados nasquestões relativas à segurança e saúde do 
trabalhador. 
Em relação ao acidente de trabalho, a Previdência Social prevê a seguinte 
regulamentação: 
 
Conceito: 
Art. 19. Acidente do trabalho é aquele que ocorre pelo exercício do trabalho, a 
serviço da empresa, ou, ainda, pelo serviço de trabalho de segurados especiais 
provocando lesão corporal ou perturbação funcional que cause a morte, a 
perda ou redução da capacidade para o trabalho, permanente ou temporária. 
 
A legislação brasileira também considera como acidente do trabalho: 
a) a doença profissional, assim entendida a produzida ou desencadeada pelo 
exercício do trabalhador peculiar a determinada atividade e constante na 
relação organizada pelo Ministério da Previdência Social; 
b) a doença do trabalho, assim entendida aquela desencadeada em função de 
condições especiais em que o trabalho é realizado e com ele se relaciona 
diretamente, desde que constante da relação da Previdência Social; 
c) em caso excepcional, constatando-se que a doença não prevista na relação 
da Previdência Social resultou de condições especiais em que o trabalho é 
executado e com ele se relaciona diretamente. 
 
Não serão consideradas como doença do trabalho: 
a) a doença degenerativa; (exemplo Artrite, Alzheimer e Parkinson, 
Osteoporose) 
b) a inerente ao grupo etário; ( velhice) 
c) a que não produz capacidade laborativa; 
d) a doença endêmica (Leptospirose, Leishmaniose, Dengue), salvo 
comprovação de que resultou de exposição ou contato direto, determinado pela 
natureza do trabalho. 
Equiparam-se ao acidente do trabalho: 
a) o acidente ligado ao trabalho que, embora não tenha sido a causa única, 
haja contribuído diretamente para a morte, para a perda ou redução da 
capacidade para o trabalho, ou produzido lesão que exija atenção médica para 
a recuperação; 
b) o acidente sofrido pelo empregado no local e no horário do trabalho, em 
consequência de: 
 Ato de sabotagem ou de terrorismo praticado por terceiros ou 
companheiro de trabalho; ofensa física intencional, inclusive de terceiro, 
por motivo de disputa relacionada com o trabalho 
 Ato de imprudência, de negligência ou de imperícia de terceiro, ou de 
companheiro de trabalho 
 Ato de pessoa privada do uso da razão; desabamento, inundação ou 
incêndio e outros casos fortuitos decorrentes de força maior; c) 
 A doença proveniente da contaminação acidental do empregado no 
exercício de sua atividade; 
c) o acidente sofrido, ainda que fora do local e do horário de trabalho: 
 Na execução de ordem ou na realização de serviço sob a autoridade da 
empresa; na prestação espontânea de qualquer serviço à empresa, para 
lhe evitar prejuízo ou proporcionar proveito; 
 Em viagem a serviço da empresa, inclusive para estudo, quando 
financiada por essa, dentro de seus planos para melhorar a capacitação 
de mão-de-obra, independentemente do meio de locomoção utilizado, 
inclusive veículo de propriedade do empregado; 
 No percurso da residência para o local de trabalho ou deste para aquela, 
qualquer que seja o meio de locomoção, inclusive veículo de 
propriedade do empregado. 
 Durante o aviso prévio de iniciativa da empresa no período da redução 
da jornada. nos períodos destinados à refeição ou ao descanso, ou por 
ocasião de satisfação de outras necessidades fisiológicas, no local de 
trabalho ou durante este, o empregado será considerado a serviço da 
empresa. 
 
O Regime Geral da Previdência Social compreende as seguintes prestações, 
devidas em razão de eventos decorrentes de acidente do trabalho, expressas 
em benefícios e serviços: 
 
 
a) Aposentadoria por invalidez 
Devida ao segurado que, estando ou não em gozo do auxílio-doença, for 
considerado incapaz e insusceptível de reabilitação para o exercício de 
atividade que lhe garanta a subsistência e será paga enquanto permanecer 
nessa condição. 
Concluindo a perícia médica inicial pela existência de incapacidade total e 
definitiva para o trabalho, a aposentadoria por invalidez, quando decorrente de 
acidente do trabalho, será concedida a partir da data em que o auxílio-doença 
deveria ter início. 
 
b) Auxílio-doença 
Será devido ao segurado que ficar incapacitado para o trabalho ou para a sua 
atividade habitual por mais de 15 dias consecutivos, contados a partir do dia 
seguinte ao do acidente do trabalho. No caso de acidente do trabalho, 
corresponderá a 92% do salário de contribuição vigente no dia do acidente. 
Somente cessará após a perícia médica e a reabilitação profissional, quando o 
empregado retomar às suas atividades. 
 
c) Auxílio-acidente 
Benefício mensal e vitalício será concedido ao segurado quando, após a 
consolidação das lesões decorrentes do acidente do trabalho, resultar sequela 
que implique: 
 Redução da capacidade laborativa que exija maior esforço ou 
necessidade de adaptação para exercer a mesma atividade, 
independentemente de reabilitação profissional. Nesse caso, 
corresponderá a 30% do salário de contribuição do acidentado, vigente 
no dia do acidente. 
 Redução da capacidade laborativa que impeça, por si só, o desempenho 
da atividade que exercia à época do acidente, porém não de outra, do 
mesmo nível de complexidade após a reabilitação profissional. O 
acidentado fará jus a um percentual de 40% do salário de contribuição, 
vigente no dia do acidente; 
 Redução da capacidade laborativa que impeça, por si só, o desempenho 
da atividade que exercia à época do acidente, porém não o de outra, de 
nível inferior de complexidade, após a reabilitação profissional. O 
percentual correspondente é de 60% do salário de contribuição do 
acidentado, vigente na data do acidente. 
 
d) Pensão por morte 
Será devida ao conjunto de dependentes do segurado que falecer. O valor 
mensal da pensão será 100% do salário de benefício ou salário de contribuição 
vigente no dia do acidente, o que for mais vantajoso, por morte decorrente de 
acidente do trabalho. Havendo mais de um pensionista, será rateada entre 
todos, em partes iguais. 
 
e) Pecúlio por morte 
Será devido aos dependentes de segurado falecido em decorrência de 
acidente do trabalho. O pecúlio consistirá em um pagamento único de 150% do 
limite máximo do salário de contribuição; 
 
f) Pecúlio por invalidez 
Será devido ao segurado em caso de invalidez decorrente de acidente do 
trabalho. Corresponderá a 75% do limite máximo do salário de contribuição. 
 
g) Serviço social 
Sempre que necessitar, nos casos de acidente do trabalho, para auxiliar na 
utilização de seus benefícios, os segurados poderão contar com profissionais 
altamente especializados, facilitando-se o acesso aos mesmos. 
 
h) Reabilitação profissional 
A habilitação e a reabilitação profissional e social deverão proporcionar ao 
beneficiário incapacitado parcial ou totalmente para o trabalho os meios para a 
(re) educação e (re) adaptação profissional e social indicados para participar do 
mercado de trabalho e do meio em que vive. A reabilitação profissional 
compreende: 
 O fornecimento de aparelho de prótese, órtese e instrumentos de auxílio 
para locomoção quando a perda ou redução da capacidade funcional 
puder ser atenuada por seu uso e dos equipamentos necessários à 
habilitação social e profissional; 
 Reparação ou substituição dos aparelhos mencionados anteriormente, 
desgastados pelo uso normal ou por ocorrência estranha à vontade do 
beneficiário; 
 O transporte do acidentado do trabalho, quando necessário. 
Será concedido, no caso de habilitação e reabilitação profissional, auxílio para 
tratamento ou exame fora do domicílio do beneficiário, conformedispuser o 
regulamento um pagamento único de 150% do limite máximo do salário de 
contribuição; 
A Comunicação de Acidentes de Trabalho – CAT é um instrumento de extrema 
importância, não só para a garantia dos diretos dos trabalhadores enquanto 
segurados, mas também como instrumento de avaliação do número de 
acidentes no País, incentivando estratégias e políticas públicas de prevenção 
de acidentes do trabalho e doenças profissionais. 
 
O QUE É CAT? 
A Comunicação de Acidente de Trabalho - CAT é um formulário que deve ser 
preenchido para: 
 Que o acidente seja legalmente reconhecido pelo INSS; 
 Que o trabalhador receba o auxílio-acidente, se for o caso, bem como os 
benefícios que gerar esse acidente; 
 Que os serviços de saúde tenham informações sobre os acidentes e 
doenças e possam direcionar ações para redução de acidentes de 
trabalho e doenças profissionais ou do trabalho; 
 O conhecimento dos serviços de fiscalização, que vão desencadear uma 
ação de investigação para que acidentes semelhantes ou nas mesmas 
condições não se repitam. 
 
QUANDO DEVE SER PREENCHIDA A CAT? 
 em todos os casos de acidentes de trabalho (mesmo com menos de 15 
dias de afastamento, sem afastamento do trabalho e nos acidentes de 
trajeto); 
 em todos os casos de doença ocupacional profissional ou do trabalho; 
em todos os casos de suspeita de doença profissional ou do trabalho. 
 
QUEM DEVE PREENCHER A CAT? 
O Setor de Pessoal da empresa é o responsável pelo preenchimento da CAT. 
Na falta de comunicação por parte da empresa, a mesma poderá ser feita pelo 
próprio acidentado, seus dependentes, pela entidade sindical competente, pelo 
médico que o assistiu ou qualquer autoridade pública; 
A falta de comunicação por parte da empresa não a exime de responsabilidade 
da multa aplicada ao caso, conforme a lei. 
Os sindicatos e as entidades representativas das categorias poderão 
acompanhar a cobrança das multas que serão aplicadas pelo INSS. 
 
2. O papel dos profissionais em segurança e saúde no 
trabalho 
Os profissionais responsáveis pela implantação das medidas de controle 
necessárias à eliminação, neutralização ou redução dos riscos nos ambientes 
de trabalho, segundo a Norma Regulamentadora nº 04, são os seguintes: 
 Engenheiro de Segurança do Trabalho: engenheiro ou arquiteto 
portador de certificado de conclusão de curso de especialização em 
Engenharia de Segurança do Trabalho, em nível de pós-graduação; 
 
 Médico do Trabalho: médico portador de certificado de conclusão de 
curso de especialização em Medicina do Trabalho, em nível de pós-
graduação, ou portador de certificado de residência médica em área de 
concentração em saúde do trabalhador ou denominação equivalente, 
reconhecida pela Comissão Nacional de Residência Médica, do 
Ministério da Educação, ambos ministrados por universidade ou 
faculdade que mantenha curso de graduação em Medicina; 
 
 Enfermeiro do Trabalho: enfermeiro portador de certificado de 
conclusão de curso de especialização em Enfermagem do Trabalho, em 
nível de pós-graduação, ministrado por universidade ou faculdade que 
mantenha curso de graduação em enfermagem; 
 
 Técnico de Segurança do Trabalho: técnico portador de comprovação 
de registro profissional expedido pelo Ministério do Trabalho. 
 
 
 Auxiliar de Enfermagem do Trabalho: auxiliar de enfermagem ou 
técnico de enfermagem portador de certificado de conclusão de curso de 
qualificação de auxiliar de enfermagem do trabalho, ministrado por 
instituição especializada reconhecida e autorizado pelo Ministério da 
Educação. 
Além desses profissionais, poderíamos citar uma série de outros profissionais 
que trabalham na área, tais como os Psicólogos do Trabalho, Sociólogos do 
Trabalho, Ergonomistas e Higienistas. 
Segundo, ainda, a Norma Regulamentadora nº 04, os Serviços Especializados 
em Engenharia de Segurança e em Medicina do Trabalho tem as seguintes 
atribuições: 
 aplicar os conhecimentos de engenharia de segurança e de medicina do 
trabalho ao ambiente de trabalho e a todos os seus componentes, 
inclusive máquinas e equipamentos, de modo a reduzir até eliminar os 
riscos ali existentes à saúde do trabalhador; 
 determinar, quando esgotados todos os meios conhecidos para a 
eliminação do risco e este persistir, mesmo reduzido, a utilização, pelo 
trabalhador, de Equipamentos de Proteção Individual-EPI, de acordo 
com o que determina a NR 6, desde que a concentração, a intensidade 
ou característica do agente assim o exija; 
 colaborar, quando solicitado, nos projetos e na implantação de novas 
instalações físicas e tecnológicas da empresa, exercendo a competência 
disposta na alínea "a"; 
 responsabilizar-se tecnicamente, pela orientação quanto ao 
cumprimento do disposto nas NR aplicáveis às atividades executadas 
pela empresa e/ou seus estabelecimentos; 
 manter permanente relacionamento com a CIPA, valendo-se ao máximo 
de suas observações, além de apoiá-la, treiná-la e atendê-la, conforme 
dispõe a NR 5; 
 promover a realização de atividades de conscientização, educação e 
orientação dos trabalhadores para a prevenção de acidentes do trabalho 
e doenças ocupacionais, tanto através de campanhas quanto de 
programas de duração permanente; 
 esclarecer e conscientizar os empregadores sobre acidentes do trabalho 
e doenças ocupacionais, estimulando-os em favor da prevenção; 
 analisar e registrar em documento(s) específico(s) todos os acidentes 
ocorridos na empresa ou estabelecimento, com ou sem vítima, e todos 
os casos de doença ocupacional, descrevendo a história e as 
características do acidente e/ou da doença ocupacional, os fatores 
ambientais, as características do agente e as condições do(s) 
indivíduo(s) portador(es) de doença ocupacional ou acidentado(s); 
 registrar mensalmente os dados atualizados de acidentes do trabalho, 
doenças ocupacionais e agentes de insalubridade, preenchendo, no 
mínimo, os quesitos descritos nos modelos de mapas constantes nos 
Quadros III, IV, V e VI, devendo a empresa encaminhar um mapa 
contendo avaliação anual dos mesmos dados à Secretaria de 
Segurança e Medicina do Trabalho até o dia 31 de janeiro, através do 
órgão regional do MTb; 
 manter os registros de que tratam as alíneas "h" e "i" na sede dos 
Serviços Especializados em Engenharia de Segurança e em Medicina 
do Trabalho ou facilmente alcançáveis a partir da mesma, sendo de livre 
escolha da empresa o método de arquivamento e recuperação, desde 
que sejam asseguradas condições de acesso aos registros e 
entendimento de seu conteúdo, devendo ser guardados somente os 
mapas anuais dos dados correspondentes às alíneas "h" e "i" por um 
período não- inferior a 5 (cinco) anos; 
 as atividades dos profissionais integrantes dos Serviços Especializados 
em Engenharia de Segurança e em Medicina do Trabalho são 
essencialmente prevencionistas, embora não seja vedado o atendimento 
de emergência, quando se tornar necessário. Entretanto, a elaboração 
de planos de controle de efeitos de catástrofes, de disponibilidade de 
meios que visem ao combate a incêndios e ao salvamento e de imediata 
atenção à vítima deste ou de qualquer outro tipo de acidente estão 
incluídos em suas atividades. 
 
Segurança do Trabalho: 
 Supervisionar, coordenar e orientar tecnicamente os serviços de 
Engenharia de Segurança do Trabalho; 
 Estudar as condições de segurança dos locais de trabalho e das 
instalações e equipamentos, com vistas especialmente aos problemas 
de controle de risco, controle de poluição, higiene do trabalho, 
ergonomia, proteção contra incêndio e saneamento; 
 Planejar e desenvolvera implantação de técnicas relativas a 
gerenciamento e controle de riscos; 
 Vistoriar, avaliar, realizar perícias, arbitrar, emitir parecer, laudos 
técnicos e indicar medidas de controle sobre grau de exposição a 
agentes agressivos de riscos físicos, químicos e biológicos, tais como 
poluentes atmosféricos, ruídos, calor, radiação em geral e pressões 
anormais, caracterizando as atividades, as operações e os locais 
insalubres e perigosos; 
 Analisar riscos, acidentes e falhas, investigando causas, propondo 
medidas preventivas e corretivas e orientando trabalhos estatísticos, 
inclusive com respeito a custo; 
 Propor políticas, programas, normas e regulamentos de Segurança do 
Trabalho, zelando pela sua observância; 
 Elaborar projetos de sistemas de segurança e assessorar a elaboração 
de projetos de obras, instalação e equipamentos, opinando do ponto de 
vista da Engenharia de Segurança; 
 Estudar instalações, máquinas e equipamentos, identificando seus 
pontos de risco e projetando dispositivos de segurança; 
 Projetar sistemas de proteção contra incêndios, coordenar atividades de 
combate a incêndio e de salvamento e elaborar planos para emergência 
e catástrofes; 
 Inspecionar locais de trabalho no que se relaciona com a segurança do 
Trabalho, delimitando áreas de periculosidade; 
 Especificar, controlar e fiscalizar sistemas de proteção coletiva e 
equipamentos de segurança, inclusive os de proteção individual e os de 
proteção contra incêndio, assegurando-se de sua qualidade e eficiência; 
 Opinar e participar da especificação para aquisição de substâncias e 
equipamentos cuja manipulação, armazenamento, transporte ou 
funcionamento possam apresentar riscos, acompanhando o controle do 
recebimento e da expedição; 
 Elaborar planos destinados a criar e desenvolver a prevenção de 
acidentes, promovendo a instalação de comissões e assessorando-lhes 
o funcionamento; 
 Orientar o treinamento específico de Segurança do Trabalho e 
assessorar a elaboração de programas de treinamento geral, no que diz 
respeito à Segurança do Trabalho; 
 Acompanhar a execução de obras e serviços decorrentes da adoção de 
medidas de segurança, quando a complexidade dos trabalhos a 
executar assim o exigir; 
 Colaborar na fixação de requisitos de aptidão para o exercício de 
funções, apontando os riscos decorrentes desses exercícios; 
 Propor medidas preventivas no campo da Segurança do Trabalho, em 
face do conhecimento da natureza e gravidade das lesões provenientes 
do acidente de trabalho, incluídas as doenças do trabalho; 
 Informar aos trabalhadores e à comunidade, diretamente ou por meio de 
seus representantes, as condições que possam trazer danos a sua 
integridade e as medidas que eliminam ou atenuam estes riscos e que 
deverão ser tomadas. 
 
3. Reflexões sobre a gestão através da culpa 
É comum encontrar-se na literatura a definição das causas de acidentes de 
trabalho como sendo atos e condições inseguras. Esta concepção, bastante 
difundida na década de 70, reduz a avaliação dos acidentes a uma visão 
extremamente simplista, servindo muitas vezes como forma de culpar o próprio 
acidentado, justificando a ausência de segurança ou mesmo a ineficácia dos 
profissionais e serviços de SST. 
A concepção da culpa nos acidentes de trabalho, que normalmente recai sobre 
o trabalhador, acusando-o de cometer o propalado “ato inseguro”, está 
profundamente fixada na nossa cultura organizacional. 
Assunção e Lima (In: Mendes, 2003) identificam a atribuição de culpa ao 
trabalhador como forma de interpretação dos acidentes e doenças 
ocupacionais, desprezando seus mecanismos de auto regulação no trabalho: 
[...] a abordagem dos fenômenos de saúde relacionados ao trabalho continua 
assentada sobre a idéia de uma passividade dos trabalhadores face às 
condições de trabalho inseguras ou aos fatores de risco. 
Esta abordagem simplificada traz como conseqüência uma avaliação 
superficial das questões de segurança e saúde. Para Garrigou (1999): 
As práticas de prevenção de riscos e de formação são baseadas no 
fornecimento/aquisição de comportamentos individuais de segurança... Desta 
forma, os aspectos ligados à organização do trabalho, as decisões 
administrativas, as interações entre operadores e a coordenação entre 
atividades diferentes são negligenciadas nestas abordagens. 
A expressão “ato inseguro” e toda a sua filosofia de direcionamento da culpa do 
acidente de trabalho para o trabalhador, tem sido constantemente repudiada 
por inúmeros profissionais e entidades, principalmente a FUNDACENTRO; 
todavia, há que se concordar que ela ainda se faz presente no cotidiano 
prevencionista. Em nossa experiência profissional já presenciamos inúmeros 
profissionais, em diversas regiões de Santa Catarina, principalmente os recém 
formados, utilizarem-se do ato inseguro para explicar a falta de segurança. 
Estes profissionais estão aprendendo a tratar tudo como ato inseguro na 
própria escola, ensinados por professores que não se atualizaram, que 
lecionam a partir de publicações das décadas de 70 e 80, nas quais a 
expressão era comumente utilizada. 
É comum os empresários justificarem o treinamento para os trabalhadores com 
o argumento de que “estamos investindo em treinamento, com o propósito 
de conscientizar o trabalhador para o cumprimento das normas de 
segurança”, que em tradução pode ser entendido como: vou treiná-lo para que 
não cometa atos inseguros (Oliveira, 1999:10). 
Garcia (In: Kiefer et. al., 2001:93-94), explicitando a questão do uso dos 
agrotóxicos, caracteriza o que chama de “enfoque simplista” usado por 
instituições e profissionais que atuam na área: 
Esse enfoque simplista e maniqueísta reduz a complexa questão 
que envolve os agrotóxicos a uma dicotomia: o problema é o “uso 
inadequado” e a solução é a “educação”, no caso entendida como 
“treinamentos”... Ao caracterizar essa complexa questão que 
envolve o uso de agrotóxicos e suas consequências danosas como 
basicamente um “problema de educação”, reduzindo-a a não 
observação dos “cuidados” recomendados, transferindo-se ao 
aplicador, seja ele o próprio produtor rural ou o trabalhador, 
praticamente toda a responsabilidade pela contaminação ambiental 
e dos alimentos e por sua própria intoxicação provocada pelos 
agrotóxicos. 
Por conta dessas questões, é importante que os futuros Engenheiros de 
Segurança do Trabalho tenham em mente que a caracterização simplista do 
acidente de trabalho não contribui para a melhoria das condições de segurança 
e saúde, mas sim reduz sua capacidade de compreender a multicausalidade 
dos infortúnios laborais. 
 
4. Glosário de termos em segurança e saúde no trabalho 
Equipamento de Proteção Coletiva (EPC): dispositivo técnico que tem como 
função proteger a saúde e a integridade física de todos os trabalhadores no 
ambiente laboral a partir do controle do risco na própria fonte 
Equipamento de Proteção Individual (EPI): dispositivo de uso individual que 
tem o fim de proteger a integridade física do trabalhador 
Perigo: é uma ou mais condições de uma variável com potencial necessário 
para causar danos 
Risco: expressa a exposição relativa a um perigo, o que favorece a sua 
materialização em danos. 
Riscos físicos: diversas formas de energia a que possam estar expostos os 
trabalhadores, tais como: ruído, vibrações, pressões anormais, temperaturas 
extremas, radiações ionizantes, radiações ionizantes, bemcomo o infra-som e o 
ultra-som; 
Riscos Químicos: oriundos de agentes químicos, substâncias, compostos ou 
produtos que possam penetrar no organismo pela via respiratória, nas formas 
de poeiras, fumos, névoas, neblinas,

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