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Micorrizas Associação mutualística entre certos fungos e raízes de plantas vasculares. As micorrizas formam-se quando as hifas de um fungo invadem as raízes de uma planta. As hifas vão auxiliar as raízes da planta na função de absorção de água e sais minerais do solo, já que aumentam a superficie de absorção ou rizosfera. Os fungos recebem da planta os açúcares que necessitam para a sua sobrevivência. Os principais tipos são: Endomicorrizas e Ectomicorrizas Endomicorrizas - Também chamadas micorrizas arbusculares, são formadas por fungos do Filo Glomeromycota. Colonizam as raízes de plantas de quase todos os gêneros das Gimnospermas e Angiospermas, além de alguns representantes de Pteridófitas. O fungo coloniza as células do córtex radicular tanto internamente quanto extracelularmente, formando os chamados arbúsculos, estruturas altamente ramificadas. Ocorrem em mais de 80% das plantas vasculares e são amplamente distribuídas por todo o mundo Endomicorrizas Glomeromycota formando arbúsculos dentro de célula de raíz Ectomicorrizas – formadas principalmente por Basidiomycota, mas algumas por Ascomycota (ex. trufas). As hifas penetram apenas intercelularmente no córtex das raízes, com formação de estrutura característica chamada Rede de Hartig nos espaços intercelulares, substituindo a lamela média e também ocorrendo a formação do manto fúngico ao redor das raízes.. Nas ectomicorrizas, as hifas formam um invólucro em torno das células das raízes nunca as penetrando, mas aumentando grandemente a área de absorção. São características de certos grupos específicos de árvores ou arbustos de zonas temperadas como por exemplo, os pinheiros. Basidiomycota Ectomicorrízicos Ascomycota Ectomicorrízicos (trufas) Endomicorrizas O fungo (em rosa) coloniza as células do córtex radicular, formando arbúsculos intracelularmente . Ectomicorrizas As hifas penetram intercelularmente no córtex das raízes, formando a rede de Hartig e também ocorrendo a formação do manto fúngico ao redor das raízes Etnomicologia Uso gastronômico: generalizado Uso medicinal: principalmente no Extremo-Oriente Uso mágico: rituais em muitas culturas da Ásia, da África e da América Diferentes culturas apresentam atitudes diversas em relação à utilização de macrofungos: micófobos (rejeição) e micófilos (aceitação, utilização) Uso gastronômico Uso medicinal β-glucanas - atividades antitumorais; β-proteoglucanas, atividades antitumoral, antiviral e antitrombocítica; lecitina exerce propriedade antitumoral, antimutagênica e hemaglutinizante; ergosterol funciona como anticarcinogênico e inibidor da angiogênese; os esteróides atuam contra os tumores; Cogumelo do Sol Agaricus blazei ou espécie nova nativa do Brasil Agaricus brasiliensis Trametes versicolor Krestin®, PSK, polissacarídeo-K obtido do micélio cultivado. Japão – utilizado na terapia de câncer. Pesquisas: redução de desenvolvimento de cancer gástrico, esofago, colorectal, e pulmonar. Considerado nos EUA como uma promissora opção a quimioterapia. Ganoderma lucidum (Reishi, Ling-zhi) é o exemplo mais famoso de um fungo “milagroso” pelas suas propriedades medicinais. Reconhecido pela medicina tradicional chinesa desde há pelo menos 4000 anos. Com terpenóides anti-alérgicos, ácidos ganodéricos e outros estabilizadores da tensão arterial ou anti-tumorais e antiinflamatórios. Schizophylum communis - Schizophyllan® - polissacarídeo extracellular – estimulante sistema imune Cyathus stercoreus Isolados vários compostos antioxidantes: “cyathusals” A, B, e C; “pulvinatal”; “cyathuscavin” A, B, e C Medicinal tradicional chinesa – decocção – gastralgia Xylaria hypoxylon Xilarial A e B: atividade contra carcinoma hepático Xilarona and 8,9-dehidroxilaronea e outros metbólitos: atividade antitumoral . Ascomycota Ascomycota liquenizados Ácido úsnico - inibe crescimento de bacteria gram+ Finlândia e Alemanha: preparado hidrossolúvel conhecido como Usno e Uniplant, indicados para casos de afecções dermatológicas Coador de bruxa - Clatrus crispus conjutivite Senhorita – Clitocybe giba - febrifugo Estrela da terra – Geastrum Curar umbigo de recém nascidos Azul – Lactarius indigo Purgante Uso mágico Evidências arqueológicas (norte da África) - utilização de fungos em rituais xamânicos no neolítico. Utilização por populações indígenas da América (ca. 200 AC). O homem, para o indígena, tem uma natureza dual: corpo e espírito, pela qual é um ser capaz de transitar por essas esferas misteriosas, transpondo os umbrais de acesso a elas, mas apenas conseguem fazê-lo em certos estados especiais, quando o espírito se desprende do corpo. International Journal of Medicinal Mushrooms Uso mágico Todas as espécies utilizadas para ritos xamânicos são tóxicas, provocando alucinações e mesmo distúrbios fisiológicos. Do ponto de vista da etnomicologia: espécies enteogénicas isto é, contendo substâncias que, quando ingeridas, proporcionam experiências “divinas”, donde resultam nas culturas que os experimentam um sentido de respeito e mesmo de veneração. Robert Gordon Wasson Livro Mushrooms, Russia and History published in 1957 Artigo na revista Life - Seeking the Magic Mushroom 1957 Soma: Divine Mushroom of Immortality 1968 rituais védicos: Amanita muscaria Veladas de Maria Sabina dos montes (frio) ou mesmo o tlazolmiquiztli (morte causada pelo amor) e as manifestações psicossomáticas de enfeitiçamento maléfico entre outros agravos para as quais o diagnóstico através do uso ritual do teonanacatyl é fundamental. Indicações de uso por xamãs asteca-nahuatl: febre, dores de dente, gota, constipação, gripe além de “espanto”, “ares” de doença (elhigattl cocolitzle) “castigos” de divindades específicas do vento, água, chuva cerimônias medicinais-religiosas Albert Hofmann Janeiro 1906 – Abril 2008 Sintetizou e ingeriu o LSD e relatou a experiência em 1943 Sintetizou psicobilina 1959 Uso mágico Psilocybe cubensis (= Stropharia cubensis) Psilocibina: ocorre em cerca de 200 espécies de Basidiomycota – estrutura análoga à serotonina Teonanácatl - carne de Deus Psilocina – sua degradação leva a reação azulada Ingestão: chá de cogumelo ou cogumelo desidratado -15 a 45 minutos: leve tontura as vezes com desconforto gástrico (pode ocasionar vômito). Em um segundo momento é possível perceber alterações nas percepções visuais e noção de espaço. Por volta da 2º hora costuma-se alcançar o topo da "viagem". Neste ponto, dependendo da quantidade ingerida, pode-se estar em um estado totalmente desconexo da realidade. Para alguns experiências místicas positivas, para outros viagens péssimas e cheias de medo ou paranóia. Amanita muscaria Contêm o ácido ibotênico, que tem efeito sobre o sistema nervoso. Após a ingestão uma parte é descarboxilada formando o muscinol: 5 a 10 vezes mais psicoativo. Cogumelos secos são capazes de manter sua potência por 5 a 11 anos. Ambos são encontrados na urina após 1 hora. Pico é alcançado em 2-3 horas após ingestão: distorções visuais/alucinações, perda de equilíbrio, contrações musculares e alterações sensoriais. Os efeitos terminam em 6-8 horas.