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Profº. Ms. Flawbert Farias Guedes Pinheiro flawbert.farias@gmail.com ADMINISTRAÇÃO TRIBUTÁRIA OBS.: Mesmo os isentos ou imunes devem prestar informações ao Fisco e cumprir obrigações tributárias acessórias previstas em lei. OBS.: O Fisco, independentemente de autorização judicial, poderá examinar dados das instituições financeiras, inclusive referentes a contas de depósitos e aplicações financeiras, havendo processo administrativo ou procedimento fiscal em curso (art. 6º da LC 105/2001 e Decreto Regulamentar 3.724/2001). CONCEITO • Competência tributária é a aptidão para criar tributos, aumentar, parcelar, diminuir, isentar, perdoar tributos etc. Ou seja, nada mais é que atribuição para legislar sobre tributos. • A lei que cria o tributo deve descrever sua hipótese de incidência, seus sujeitos ativos e passivos, suas bases de cálculo e suas alíquotas. • Quem possui competência tributária são os entes políticos, União, Estados, Distrito Federal e Municípios – trata-se de tarefa legislativa. COMPETÊNCIA TRIBUTÁRIA CARACTERÍSTICAS DA COMPETÊNCIA TRIBUTÁRIA • EXCLUSIVA. • INCADUCÁVEL. • DE EXERCÍCIO FACULTATIVO. • INAMPLIÁVEL. • IRRENUNCIÁVEL. • INDELEGÁVEL. COMPETÊNCIA TRIBUTÁRIA EXCLUSIVA A competência tributária, atribuição dada pela CF/88 aos entes políticos para legislarem sobre tributos, é exclusiva dos Entes Políticos, isto é, só a União, os Estados-membros, os Municípios e o Distrito Federal, podem legislar sobre tributos (instituir, majorar, diminuir, isentar, conceder anistia, fiscalizar, arrecadar etc.). Enfim, fazerem o que bem quiserem ou entenderem sobre tributos, desde que não infrinjam os limites de sua competência tributária. Assim, por exemplo, a competência que a União recebeu para instituir o Imposto de Renda exclui os demais órgãos tributantes de instituí-lo (Estado, Município e Distrito Federal). Por capacidade tributária entenda-se a parcela da competência tributária referente à cobrança (arrecadação) e à fiscalização de tributos, que, embora, seja da competência privativa dos Entes Políticos, pode ser delegada para suas autarquias. EX.: A Contribuição Previdenciária de competência da União cobrada pelo INSS. A Constituição Federal/88 utilizou os critérios material e territorial de repartição de competências impositivas, descrevendo objetivamente fatos que poderão ser colocados na hipótese de incidência dos impostos a serem criados, como por exemplo, o fato de vender mercadorias, que foi inserido na hipótese de incidência do Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços - ICMS (critério material). Bem como, que as leis tributárias só poderão incidir sobre os fatos ocorridos no território de cada pessoa política (critério territorial). INCADUCÁVEL • A competência tributária, além de ser privativa, é incaducável, não está submetida a prazo para ser praticada. Exemplo: imposto sobre grande fortuna (artigo 153, inciso VII, da Constituição Federal) – a União poderá instituí-lo a qualquer momento. • O não exercício da competência tributária, ainda que prolongado no tempo, não tem a propriedade de impedir que a pessoa política crie o tributo que lhe foi constitucionalmente deferido. • O que caduca é a capacidade tributária ativa - o direito de exigir o tributo, que prescreve em cinco anos, conforme o disposto no artigo 174 do Código Tributário Nacional. DE EXERCÍCIO FACULTATIVO A pessoa política é livre para exercitar sua competência tributária. Isto é, é livre para criar ou não os tributos que a constituição lhe outorgou. O não exercício da competência tributária não a transfere a outra ou outras pessoa(s) política(s), uma vez que ela não se trata de res nullius, sendo, pois, privativa de cada pessoa política (artigo 8.º do Código Tributário Nacional). Há, entretanto, uma exceção à regra da facultatividade: a competência para criar o Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) é obrigatória. INAMPLIÁVEL • A entidade tributante não pode alargar a sua competência tributária. IRRENUNCIÁVEL • A competência tributária é irrenunciável porque a pessoa política não pode abrir mão por definitivo dessa atribuição. • Uma lei que o fizesse estaria atentando contra o livre exercício da função legislativa. Seria, assim, inconstitucional. INDELEGÁVEL • A competência tributária é indelegável, pois a pessoa política não pode transferi-la a outra, nem mesmo por força de lei. • As pessoas políticas tributam por delegação constitucional, portanto, não se pode transmitir o que se recebeu por delegação. • Delegável é a capacidade tributária ativa, que consiste no direito de arrecadar o tributo (artigo 7.º do Código Tributário Nacional). Exemplo: a União cria o imposto sobre grandes fortunas e delega, por lei, o direito de cobrá-lo aos Estados- membros. PODERES E ATRIBUTOS DA COMPETÊNCIA TRIBUTÁRIA A Diferença entre Bitributação e Bis in Idem Há apenas duas situações das quais a bitributação é permitida, enquanto o Bis In Idem é permitido pelo sistema constitucional desde que expressamente autorizado pela Carta Constitucional. Bitributação ocorre quando dois entes da federação, por meio de suas pessoas jurídicas de direito público, tributam o mesmo contribuinte sobre o mesmo fato gerador. Por exemplo, isso ocorre quando dois municípios pretendem cobrar ISS sobre um mesmo serviço prestado. A ilegitimidade nesse caso se dá pela inconstitucionalidade, em razão da violação de normas constitucionais sobre competência tributária. Entretanto, como existem exceções em tudo que rodeia nosso sistema tributário e nossa administração pública, há duas situações das quais a bitributação é permitida. Primeiro, na iminência ou no caso de guerra externa, poderá ser exigido imposto extraordinário, compreendido ou não em sua competência, conforme previsto no art. 154, II da Constituição Federal de 1988: Art. 154. A União poderá instituir: II - na iminência ou no caso de guerra externa, impostos extraordinários, compreendidos ou não em sua competência tributária, os quais serão suprimidos, gradativamente, cessadas as causas de sua criação. Outro caso de possibilidade da tributação está mais ligado ao âmbito internacional. Ocorre nos casos em que um tributo é recolhido em um Estado, mas poderá também ser cobrado noutro. Por exemplo, o contribuinte recebe rendimento de um trabalho realizado em um determinado País e trabalha em outro país, poderá ser cobrado em sua renda em ambos os Países, claro que dependendo das regulações internas e externas, respeitando a soberania em cada nação. Bitributação é diferente de outro fenômeno – que também pode gerar certa dúvida ao contribuinte: o Bis in idem, ou duas vezes sobre a mesma coisa. Esse fenômeno ocorre quando a pessoa jurídica de direito público tributa mais de uma vez o mesmo fato jurídico. Por exemplo, o fato de uma empresa auferir lucro dá margem à exigência de Imposto sobre a Renda, como também da Contribuição Social sobre o Lucro Líquido (CSLL), ambos os tributos de competência da União Federal. Vale ressaltar que o Bis In Idem, é permitido pelo sistema constitucional desde que expressamente autorizado pela Carta Constitucional. Ou seja, a competência tributária precisa ser exercida dentro dos parâmetros constitucionalmente estabelecidos, respeitando ainda os princípios e as imunidades. Como já observado, a competência tributária é matéria eminentemente constitucional, taxativa e exaustivamente prevista, de sorte que haverá conflito de competência na medida em que um ente político arvorar-se de competência alheia. Nesse sentido, reiterando a assertiva de que todas as competências tributárias são previstas na ConstituiçãoFederal, conclui-se que a pessoa política não pode usurpar competência tributária alheia, nem aquiescer que sua própria competência tributária venha a ser utilizada por outra pessoa política. Obs.: Sempre que houver bitributação, ocorrerá violação ao dispositivo constitucional, e que pode ser coibido imediatamente por uma medida judicial. REPARTIÇÃO DAS RECEITAS TRIBUTÁRIAS Repasse dos tributos arrecadados por um ente público a outro. Esse repasse pode ser parcial ou total. Art. 157, I da CF/88 – Pertence aos Estados o produto da arrecadação do IR incidente na fonte sobre os rendimentos pagos por autarquias ou fundações públicas estaduais. Art. 158, II da CF/88 – A União deve repassar para os Municípios 50% do ITR relativo aos imóveis neles situados. Art. 158, III da CF/88 – O Estado deve repassar para os Municípios 50% do IPVA arrecadado em seus territórios. Art. 160 e seu parágrafo único – Os recursos não podem ser retidos pelo ente público que deve repassá-los. Mas o repasse pode ser condicionado ao pagamento de créditos devidos ao repassante ou suas autarquias. Está prevista no Art. 156 da CF. Os tributos que podem ser instituídos por eles são: • IPTU (Imposto sobre a Propriedade predial e Territorial Urbana); • ISS (Imposto Sobre Serviços de qualquer natureza ); • ITBI (Imposto sobre a Transmissão de Bens Imóveis e de direitos a eles relativos); • Contribuição para o custeio previdenciário de seus servidores públicos; • Contribuição para o serviço de iluminaçãoo pública; • Taxas; e • Contribuições de Melhoria. COMPETÊNCIA TRIBUTÁRIA DOS MUNICÍPIOS E DO DISTRITO FEDERAL Art. 32 (omissis) § 1º - Para os efeitos deste imposto, entende-se como zona urbana a definida em lei municipal, observado o requisito mínimo da existência de melhoramentos indicados em pelo menos dois dos incisos seguintes, construídos ou mantidos pelo Poder Público: I - meio-fio ou calçamento, com canalização de águas pluviais; II - abastecimento de água; III - sistema de esgotos sanitários; IV - rede de iluminação pública, com ou sem posteamento para distribuição domiciliar; V - escola primária ou posto de saúde a uma distância máxima de 3 (três) quilômetros do imóvel considerado. § 2º - A lei municipal pode considerar urbanas as áreas urbanizáveis, ou de expansão urbana, constantes de loteamentos aprovados pelos órgãos competentes, destinados à habitação, à indústria ou ao comércio, mesmo que localizados fora das zonas definidas nos termos do parágrafo anterior. Art. 33. A base do cálculo do imposto é o valor venal do imóvel. Parágrafo único. Na determinação da base de cálculo, não se considera o valor dos bens móveis mantidos, em caráter permanente ou temporário, no imóvel, para efeito de sua utilização, exploração, aformoseamento ou comodidade. Art. 34. Contribuinte do imposto é o proprietário do imóvel, o titular do seu domínio útil, ou o seu possuidor a qualquer título. Diferentemente do que ocorre com o ICMS, o ITBI é um imposto cumulativo, o que significa dizer que ele será cobrado a cada vez que se repetir a operação em que ele tiver incidência. O contribuinte desse imposto é o adquirente do imóvel. OBS.: A Corte Superior, em alguns casos com votação unânime, tem decidido que o fato gerador do ISS é o local onde ocorre a efetiva prestação do serviço, e não onde está sediada a empresa. O Município competente para a cobrança do ISS é aquele em cujo território se realizou o fato gerador, em atendimento ao princípio constitucional implícito que atribui àquele Município, o poder de tributar os serviços ocorridos em seu território. O Imposto sobre Serviços de Qualquer Natureza - ISS ou ISSQN - está incluído na esfera de competência dos Municípios e do Distrito Federal. Tais entes, contudo, não têm o poder de exigir o ISS sobre todos e quaisquer serviços. Nomeadamente, não podem cobrá-lo sobre: I) os serviços de comunicação e transporte intermunicipal ou interestadual, que são tributados pelo ICMS, conforme previsto no art. 155, II, da CF; II) os serviços de industrialização, que sofrem a incidência do IPI sempre que a industrialização seja o elemento preponderante na operação econômica; e III) os serviços não definidos em lei complementar. A definição dos serviços tributáveis, a que se refere esse preceito constitucional, é tradicionalmente veiculada por uma lista de serviços anexa à lei que regula o ISS - hoje em dia, a LC 116/2003. A jurisprudência do STF e do STJ firmou-se no sentido de que: I) a inclusão do serviço em tal lista é um pressuposto à incidência do ISS, o que limita a autonomia tributária dos Municípios e do Distrito Federal, pois a lei complementar do ISS é editada pelo Congresso Nacional; II) o rol da lista de serviços é taxativo, de modo que não se admite a tributação de serviços que não integram o rol. OBS.: Logo, os serviços que não são referidos expressamente na lista anexa à LC 116/2003 não podem sujeitar-se à incidência do ISS, sob pena de ofensa ao princípio da estrita legalidade tributária. ANEXO II Lista Anexa – Lista de Serviços. 1 – Serviços de informática e congêneres. 1.01 – Análise e desenvolvimento de sistemas. 4% 1.02 – Programação. 4% 1.03 – Processamento de dados e congêneres. 4% 1.04 – Elaboração de programas de computadores, inclusive de jogos eletrônicos. 4% 1.05 – Licenciamento ou cessão de direito de uso de programas de computação. 4% 1.06 – Assessoria e consultoria em informática. 4% 1.07 – Suporte técnico em informática, inclusive instalação, configuração e manutenção de programas de computação e bancos de dados. 4% 1.08 – Planejamento, confecção, manutenção e atualização de páginas eletrônicas. 4% 2 – Serviços de pesquisas e desenvolvimento de qualquer natureza. 2.01 – Serviços de pesquisas e desenvolvimento de qualquer natureza. 4% 3 – Serviços prestados mediante locação, cessão de direito de uso e congêneres. 3.02 – Cessão de direito de uso de marcas e de sinais de propaganda. 4% 3.03 – Exploração de salões de festas, centro de convenções, escritórios virtuais, stands, quadras esportivas, estádios, ginásios, auditórios, casas de espetáculos, parques de diversões, canchas e congêneres, para realização de eventos ou negócios de qualquer natureza. 5% 3.04 – Locação, sublocação, arrendamento, direito de passagem ou permissão de uso, compartilhado ou não, de ferrovia, rodovia, postes, cabos, dutos e condutos de qualquer natureza. 4% 3.05 – Cessão de andaimes, palcos, coberturas e outras estruturas de uso temporário. 4% 4 – Serviços de saúde, assistência médica e congêneres. 4.01 – Medicina e biomedicina. 2% LEI Nº 6.822, de 30 de dezembro de 2009 – Prefeitura Municipal do Rio Grande do Sul COMPETÊNCIA TRIBUTÁRIA DOS ESTADOS E DISTRITO FEDERAL Está prevista no Art. 155 da CF. Os tributos que podem ser instituídos por eles são: ICMS (Imposto sobre circulação de Mercadorias e prestação de Serviços de transporte interestadual, intermunicipal e de comunicação; ITCMD (Imposto de Transmissão Causa mortis ou doação; IPVA (Imposto sobre a Propriedade de veículos automotores); Contribuição para o custeio do regime previdenciário de seus servidores públicos; Taxas; e Contribuições de Melhoria. Art. 35. O imposto, de competência dos Estados, sobre a transmissão de bens imóveis e de direitos a eles relativos tem como fato gerador: I - a transmissão, a qualquer título, da propriedade ou do domínio útil (enfiteuse) de bens imóveis por natureza ou por acessão física, como definidos na lei civil; II - a transmissão, a qualquer título, de direitos reais sobre imóveis, exceto os direitos reais de garantia; III - a cessão de direitos relativos às transmissões referidas nos incisos I e II. Parágrafo único. Nas transmissõescausa mortis, ocorrem tantos fatos geradores distintos quantos sejam os herdeiros ou legatários. Art. 36. Ressalvado o disposto no artigo seguinte, o imposto não incide sobre a transmissão dos bens ou direitos referidos no artigo anterior: I - quando efetuada para sua incorporação ao patrimônio de pessoa jurídica em pagamento de capital nela subscrito; II - quando decorrente da incorporação ou da fusão de uma pessoa jurídica por outra ou com outra. Parágrafo único. O imposto não incide sobre a transmissão aos mesmos alienantes, dos bens e direitos adquiridos na forma do inciso I deste artigo, em decorrência da sua desincorporação do patrimônio da pessoa jurídica a que foram conferidos. ENFITEUSE É o instituto do Direito Civil mais amplo de todos os direitos reais, pois consiste na permissão dada ao proprietário de entregar a outrem todos os direitos sobre a coisa de tal forma que o terceiro que recebeu (enfiteuta) passe a ter o domínio útil da coisa mediante pagamento de uma pensão ou foro ao senhorio. Assim, pela enfiteuse o foreiro ou enfiteuta tem sobre a coisa alheia o direito de posse, uso, gozo e inclusive poderá alienar ou transmitir por herança, contudo com a eterna obrigação de pagar a pensão ao senhorio direto. A enfiteuse prestou relevantes serviços durante a época do Brasil Império com o preenchimento de terras inóspitas, incultivas e inexploradas, que eram entregues ao enfiteuta para dela cuidar e tirar todo o proveito. Ao foreiro são impostas duas obrigações, uma está no dever de pagar ao senhorio uma prestação anual, certa e invariável denominada foro, canon ou pensão; e a segunda obrigação está em dar ao proprietário o direito de preferência, toda vez que for alienar a enfiteuse. Se o senhorio não exercer a preferência terá direito ao laudêmio, ou seja, uma porcentagem sobre o negócio realizado, a qual poderá ser no mínimo de 2,5% sobre o valor da transação ou chegar até 100%. Porém, diante da possibilidade do laudêmio ser o valor integral do negócio, perde-se o interesse na venda e a enfiteuse acaba se resumindo numa transferência de geração em geração. Com o intuito de evitar essa cláusula abusiva no Código Civil de 2002 proibiu não só sua cobrança como força a extinção do instituto nos termos do dispositivo abaixo: Art. 2.038. Fica proibida a constituição de enfiteuses e subenfiteuses, subordinando- se as existentes, até sua extinção, às disposições do Código Civil anterior, Lei no 3.071, de 1o de janeiro de 1916, e leis posteriores. § 1o Nos aforamentos a que se refere este artigo é defeso: I - cobrar laudêmio ou prestação análoga nas transmissões de bem aforado, sobre o valor das construções ou plantações; Assim, o CC/2002 não extinguiu as enfiteuses existentes, mas impossibilitou a instituição de novas. Nada disso se aplica às enfiteuses de terras públicas e de terrenos de marinha, que nos termos do parágrafo 2º do artigo 2.038 são regidas por lei especial. Portanto, sob as regras do Decreto Lei 9.760/46 o Poder Público continua podendo instituir enfiteuses de terras públicas e neste caso a prestação anual será de 0,6% sobre o valor atual do bem. BENS IMÓVEIS Bens imóveis por sua natureza: abrange o solo com sua superfície, os seus acessórios e adjacências naturais, compreendendo as árvores e frutos pendentes, o espaço aéreo e o subsolo. Tudo o mais que a ele adere deve ser classificado como imóvel por acessão. Bens imóveis por acessão física artificial: inclui tudo aquilo que o homem incorporar permanentemente ao solo, como a semente lançada à terra, os edifícios e construções, de modo que não se possa retirar sem destruição, modificação, fratura ou dano. Bens imóveis por acessão intelectual: são todas as coisas móveis que o proprietário do imóvel mantiver, intencionalmente, empregadas em sua exploração industrial, aformoseamento ou comodidade. Direitos reais sobre imóveis diz respeito aos bens imóveis por determinação legal (usufruto, uso, habitação, enfiteuse, anticrese, servidão predial), inclusive o penhor agrícola e as ações que o asseguram; apólices da dívida pública oneradas com a cláusula de inaliebilidade, decorrente de doação ou de testamento; o direito à sucessão aberta, ainda que a herança só seja formada de bens móveis. Art. 37. O disposto no artigo anterior não se aplica quando a pessoa jurídica adquirente tenha como atividade preponderante a venda ou locação de propriedade imobiliária ou a cessão de direitos relativos à sua aquisição. §1º Considera-se caracterizada a atividade preponderante referida neste artigo quando mais de 50% (cinquenta por cento) da receita operacional da pessoa jurídica adquirente, nos 2 (dois) anos anteriores e nos 2 (dois) anos subsequentes à aquisição, decorrer de transações mencionadas neste artigo. §2º Se a pessoa jurídica adquirente iniciar suas atividades após a aquisição, ou menos de 2 (dois) anos antes dela, apurar-se-á a preponderância referida no parágrafo anterior levando em conta os 3 (três) primeiros anos seguintes à data da aquisição. § 3º Verificada a preponderância referida neste artigo, tornar-se-á devido o imposto, nos termos da lei vigente à data da aquisição, sobre o valor do bem ou direito nessa data. § 4º O disposto neste artigo não se aplica à transmissão de bens ou direitos, quando realizada em conjunto com a da totalidade do patrimônio da pessoa jurídica alienante. Art. 38. A base de cálculo do imposto é o valor venal dos bens ou direitos transmitidos. Art. 39. A alíquota do imposto não excederá os limites fixados em resolução do Senado Federal, que distinguirá, para efeito de aplicação de alíquota mais baixa, as transmissões que atendam à política nacional de habitação. Art. 40. O montante do imposto é dedutível do devido à União, a título do imposto de que trata o artigo 43, sobre o provento decorrente da mesma transmissão. Art. 41. O imposto compete ao Estado da situação do imóvel transmitido, ou sobre que versarem os direitos cedidos, mesmo que a mutação patrimonial decorra de sucessão aberta no estrangeiro. Art. 42. Contribuinte do imposto é qualquer das partes na operação tributada, como dispuser a lei. QUAL A DOCUMENTAÇÃO NECESSÁRIA? Nas transmissões causa mortis: 1- Inicial do processo contendo a relação de bens e herdeiros ou minuta do cartório contendo a partilha dos bens ASSINADA por todos os herdeiros ou procurador (extrajudicial); 2- Cópia da Certidão de Óbito do falecido; 3- Cópia do CPF e RG do falecido; 4- Cópia da Certidão de Casamento do falecido (se casado); 5- Cópia do CPF e RG dos herdeiros, legatários, inventariantes e procuradores; 6- Relação discriminada dos bens móveis e imóveis com valor estimado ou cópia da Declaração do Imposto de Renda do falecido e esposa (se casado); 7- Comprovante de propriedade dos bens transmitidos; 8- Extratos atualizados de conta corrente, poupança e aplicações financeiras; 9- Ficha dos imóveis urbanos e ITR dos imóveis rurais; 10- Balanço Patrimonial e Contrato Social com alterações, em caso de transmissão de cotas ou ações de empresas; 11- Outros documentos constantes nos FORMULÀRIOS disponíveis na internet. Nas transmissões por Doação: 1- Instrumento de Doação (Termo de Doação, Escritura Pública, Sentença Judicial, Minuta de Escritura Pública); 2- Cópia do CPF e RG do doador (transmitente), do donatário (adquirentes) e procuradores; Comprovante de propriedade do bem doado; 3- Se o bem doado for imóvel: Ficha dos imóveis urbanos e ITR dos imóveis rurais; 4- Se o bem doado for cotas ou ações: Balanço Patrimonial e Contrato Social com alterações; OBS: A critério da SEFAZ-PE outros documentos poderão ser solicitados para a perfeita identificação do fato gerador e correto lançamento do imposto devido. QUAIS OS DOCUMENTOS PARA COMPROVAÇÃO DE PROPRIEDADE? IMÓVEIS – Certidãoatualizada de propriedade e ônus emitida pelo Cartório do Registro de Imóveis da circunscrição correspondente e escritura de compra e venda ou promessa de compra e venda do imóvel; VEÍCULOS – Certificado de Registro de Veículo expedido pelo DETRAN; EMBARCAÇÔES – Registro da embarcação emitido pela Capitania dos Portos; CONTA- CORRENTE BANCÁRIA E APLICAÇÕES FINANCEIRAS – Extrato de conta–corrente,de investimentos ou de poupança atualizado, emitido pela instituição bancária; COTAS DE SOCIEDADE LIMITADA E AÇÕES DE SOCIEDADE ANÔNIMA – Contrato Social e última alteração com Certidão da Junta Comercial ou Certificado de Ação emitido pela companhia ou instituição financeira; OUTROS TIPOS BENS (animais, rebanhos; objetos de arte, jóias, equipamentos, títulos de clubes etc.) – Declaração de Imposto de Renda Pessoa Física do último exercício. QUAL A ALÍQUOTA DO ICD? As alíquotas do ICD são fixadas livremente pelos Estados, mas estes devem respeitar o limite máximo de 8% fixado pelo Senado Federal através da Resolução nº 9/1992. Nos casos de transmissão "causa mortis", ou seja, em razão da MORTE: a alíquota será aquela vigente na data do óbito. *ANEXO ÚNICO Alíquotas do ICD – a partir de 1º de janeiro de 2016 (art. 8º) Para a transmissão de bens ou direitos em razão de DOAÇÃO: a alíquota é a vigente na data da doação. *ANEXO ÚNICO Alíquotas do ICD – a partir de 1º de janeiro de 2016 (art. 8º) VÁRIAS RAZÕES •Uma delas é que o IPVA sucedeu a antiga Taxa Rodoviária Única (TRU), que se restringia a veículos automotores. •Outro motivo seria que barcos e aeronaves são registrados pelo Tribunal Marinho, pela Capitania dos Portos ou pelo Ministério da Aeronáutica, e não são licenciados nos municípios, como os carros. OBS.: Não incide sobre embarcações ou aeronaves. COMPETÊNCIA TRIBUTÁRIA DA UNIÃO Está prevista nos Arts.153 e 154 da CF. Os tributos que podem ser instituídos por ela são: II (Imposto de Importação), IE (Imposto de Exportação), IR (imposto de Renda), IPI (Imposto sobre Produtos Industrializados), IOF (Imposto sobre Operações Financeiras, que incide sobre operações de crédito, de câmbio e seguro e operações relativas a títulos e valores mobiliários), ITR (Imposto territorial Rural), IGF (Imposto sobre grandes fortunas, ainda não regulamentado), Imposto Extraordinário (em caso de guerra), Empréstimo Compulsório, Impostos Residuais, Contribuições Especiais, Contribuição para o custeio do regime previdenciário de seus servidores públicos, Taxas e Contribuições de Melhoria. OBS.: No tocante aos impostos de competência da União, além desses poderá a lei instituir outros, lembrando-se que esse evento se dá através de lei ordinária, excetuando-se o IGF, empréstimos compulsórios, impostos e contribuições residuais, que ocorrem mediante Lei Complementar. Art. 153 (omissis) (...) § 3º O imposto previsto no inciso IV (IPI): I - será seletivo, em função da essencialidade do produto; II - será não-cumulativo, compensando-se o que for devido em cada operação com o montante cobrado nas anteriores; III - não incidirá sobre produtos industrializados destinados ao exterior. IV - terá reduzido seu impacto sobre a aquisição de bens de capital pelo contribuinte do imposto, na forma da lei. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 42, de 19.12.2003) Bens de capital ou bens de produção são os equipamentos e instalações. Os bens ou serviços necessários para a produção de outros bens ou serviços, outros produtos para consumo. § 4º O imposto previsto no inciso VI do caput (ITR): (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 42, de 19.12.2003) I - será progressivo e terá suas alíquotas fixadas de forma a desestimular a manutenção de propriedades improdutivas; (Incluído pela Emenda Constitucional nº 42, de 19.12.2003) Portanto é um imposto seletivo - alíquota: de 0,03% a 20%, conforme a área do imóvel e o grau de utilização. II - não incidirá sobre pequenas glebas rurais, definidas em lei, quando as explore o proprietário que não possua outro imóvel; (Incluído pela Emenda Constitucional nº 42, de 19.12.2003) III - será fiscalizado e cobrado pelos Municípios que assim optarem, na forma da lei, desde que não implique redução do imposto ou qualquer outra forma de renúncia fiscal. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 42, de 19.12.2003) (Regulamento) § 5º O ouro, quando definido em lei como ativo financeiro ou instrumento cambial, sujeita-se exclusivamente à incidência do imposto de que trata o inciso V do "caput" deste artigo (IOF), devido na operação de origem; a alíquota mínima será de um por cento, assegurada a transferência do montante da arrecadação nos seguintes termos: (Vide Emenda Constitucional nº 3, de 1993) I - trinta por cento para o Estado, o Distrito Federal ou o Território, conforme a origem; II - setenta por cento para o Município de origem. Art. 154. A União poderá instituir: I - mediante lei complementar, impostos não previstos no artigo anterior, desde que sejam não-cumulativos e não tenham fato gerador ou base de cálculo próprios dos discriminados nesta Constituição; II - na iminência ou no caso de guerra externa, impostos extraordinários, compreendidos ou não em sua competência tributária, os quais serão suprimidos, gradativamente, cessadas as causas de sua criação. IMPOSTOS FEDERAIS • IMPOSTO DE IMPORTAÇÃO (II) - Competência: União (art. 153, I da CF/88). - Fato gerador: Entrada no país de mercadoria a ele destinada (e não apenas de passagem). A formalização dá-se no desembaraço aduaneiro. OBS.: Território aduaneiro é a área onde pode ser exigido o tributo, ou seja, todo o território nacional. A zona primária do território aduaneiro refere-se aos portos, aeroportos e outros locais alfandegários. A zona secundária abrange o território restante. - Função extrafiscal: Instrumento regulador do comércio exterior. Não se sujeita, portanto ao princípio da anterioridade. - Contribuinte: O importador ou quem a ele se equiparar, bem como o arrematante de produtos apreendidos ou abandonados (art. 22 do CTN). - Base de cálculo: a) quando a alíquota for específica (tendo em vista o modo de medir o produto, por exemplo: imposto “x “ por quilo, por metro, por dúzia etc.), a base de cálculo será a unidade de medida adotada pela lei tributária ou b) quando a alíquota for ad valorem (tendo em vista apenas o valor do bem - art. 20 do CTN), a base de cálculo será o preço do produto, ao tempo da importação. OBS.: Suas alíquotas e bases de cálculo podem ser alteradas pelo Executivo, a fim de ajustá-lo aos objetivos da política cambial e do comércio exterior. (art. 153, §1º da CF/88 e art. 21 do CTN). Quando se tratar de produto aprendido ou abandonado, levado a leilão, a base de cálculo do imposto será o preço da arrematação. Cumulação de impostos - Na importação incidem 3 (três) impostos: II, ICMS e IPI (Calculado sobre a mercadoria + valores do II, taxas e encargos cambiais). - Art. 19. O imposto, de competência da União, sobre a importação de produtos estrangeiros tem como fato gerador a entrada destes no território nacional. Art. 20. A base de cálculo do imposto é: I - quando a alíquota seja específica, a unidade de medida adotada pela lei tributária; II - quando a alíquota seja ad valorem, o preço normal que o produto, ou seu similar, alcançaria, ao tempo da importação, em uma venda em condições de livre concorrência, para entrega no porto ou lugar de entrada do produto no País; III - quando se trate de produto apreendido ou abandonado, levado a leilão, o preço da arrematação. Art. 21. O Poder Executivo pode, nas condições e nos limites estabelecidos em lei, alterar as alíquotasou as bases de cálculo do imposto, a fim de ajustá-lo aos objetivos da política cambial e do comércio exterior. Art. 22. Contribuinte do imposto é: I - o importador ou quem a lei a ele equiparar; II - o arrematante de produtos apreendidos ou abandonados. IMPOSTO DE EXPORTAÇÃO - (IE) - Competência: União (art. 153, II da CF/88) - Fato gerador: Saída para o exterior de produtos nacionais ou nacionalizados (produtos importados, que foram beneficiados ou transformados no Brasil). A formalização se dá no momento da expedição da guia de exportação ou documento equivalente (DL 1.578/77, art. 1º , §1º). - Função extrafiscaL: Instrumento regulador do comércio exterior. Não se sujeita, portanto ao princípio da anterioridade. - Alíquota: 10%, podendo ser reduzida ao índice zero, ou aumentada até quatro vezes (art. 153, §1º da CF/88, art. 3º do DL 1.578/77). OBS.: Não incidem o ICMS e nem o IPI sobre as exportações de produtos ou serviços destinados ao exterior. Art. 23. O imposto, de competência da União, sobre a exportação, para o estrangeiro, de produtos nacionais ou nacionalizados tem como fato gerador a saída destes do território nacional. Art. 24. A base de cálculo do imposto é: I - quando a alíquota seja específica, a unidade de medida adotada pela lei tributária; II - quando a alíquota seja ad valorem, o preço normal que o produto, ou seu similar, alcançaria, ao tempo da exportação, em uma venda em condições de livre concorrência. Parágrafo único. Para os efeitos do inciso II, considera-se a entrega como efetuada no porto ou lugar da saída do produto, deduzidos os tributos diretamente incidentes sobre a operação de exportação e, nas vendas efetuadas a prazo superior aos correntes no mercado internacional o custo do financiamento. Art. 25. A lei pode adotar como base de cálculo a parcela do valor ou do preço, referidos no artigo anterior, excedente de valor básico, fixado de acordo com os critérios e dentro dos limites por ela estabelecidos. Art. 26. O Poder Executivo pode, nas condições e nos limites estabelecidos em lei, alterar as alíquotas ou as bases de cálculo do imposto, a fim de ajustá-los aos objetivos da política cambial e do comércio exterior. Art. 27. Contribuinte do imposto é o exportador ou quem a lei a ele equiparar. Art. 28. A receita líquida do imposto destina-se à formação de reservas monetárias, na forma da lei. IMPOSTO SOBRE A RENDA E PROVENTOS DE QUALQUER NATUREZA - (IR) -Competência: União (art. 153, II da CF/88) -Fato gerador: O acréscimo patrimonial proporcionado pela aquisição de renda ou provento de qualquer natureza (aposentadorias, pensões, doações etc.). - Sujeito passivo : É a pessoa física ou jurídica que registra acréscimos em seu patrimônio (contribuinte) ou quem tem a obrigação de reter o imposto na fonte (responsável). Art. 43. O imposto, de competência da União, sobre a renda e proventos de qualquer natureza tem como fato gerador a aquisição da disponibilidade econômica ou jurídica: I - de renda, assim entendido o produto do capital, do trabalho ou da combinação de ambos; II - de proventos de qualquer natureza, assim entendidos os acréscimos patrimoniais não compreendidos no inciso anterior. § 1o A incidência do imposto independe da denominação da receita ou do rendimento, da localização, condição jurídica ou nacionalidade da fonte, da origem e da forma de percepção. § 2o Na hipótese de receita ou de rendimento oriundos do exterior, a lei estabelecerá as condições e o momento em que se dará sua disponibilidade, para fins de incidência do imposto referido neste artigo. Art. 44. A base de cálculo do imposto é o montante, real, arbitrado ou presumido, da renda ou dos proventos tributáveis. Art. 45. Contribuinte do imposto é o titular da disponibilidade a que se refere o artigo 43, sem prejuízo de atribuir a lei essa condição ao possuidor, a qualquer título, dos bens produtores de renda ou dos proventos tributáveis. Parágrafo único. A lei pode atribuir à fonte pagadora da renda ou dos proventos tributáveis a condição de responsável pelo imposto cuja retenção e recolhimento lhe caibam. IMPOSTO SOBRE AS OPERAÇÕES DE CRÉDITO, CÂMBIO E SEGURO, OU RELATIVAS A TÍTULOS OU VALORES MOBILIÁRIOS – (IOF) - Competência: União (art. 153, V da CF/88). - Função extrafiscaL: Instrumento regulador do comércio exterior. Não se sujeita, portanto ao princípio da anterioridade. - Fato gerador: Incide sobre as operações de crédito, câmbio e seguro, ou relativas a títulos ou valores mobiliários e, também, sobre o ouro, quando definido por lei como ativo financeiro (art. 153, §5º da CF/88). Art. 63. O imposto, de competência da União, sobre operações de crédito, câmbio e seguro, e sobre operações relativas a títulos e valores mobiliários tem como fato gerador: I - quanto às operações de crédito, a sua efetivação pela entrega total ou parcial do montante ou do valor que constitua o objeto da obrigação, ou sua colocação à disposição do interessado; II - quanto às operações de câmbio, a sua efetivação pela entrega de moeda nacional ou estrangeira, ou de documento que a represente, ou sua colocação à disposição do interessado em montante equivalente à moeda estrangeira ou nacional entregue ou posta à disposição por este; III - quanto às operações de seguro, a sua efetivação pela emissão da apólice ou do documento equivalente, ou recebimento do prêmio, na forma da lei aplicável; IV - quanto às operações relativas a títulos e valores mobiliários, a emissão, transmissão, pagamento ou resgate destes, na forma da lei aplicável. Parágrafo único. A incidência definida no inciso I exclui a definida no inciso IV, e reciprocamente, quanto à emissão, ao pagamento ou resgate do título representativo de uma mesma operação de crédito. Art. 64. A base de cálculo do imposto é: I - quanto às operações de crédito, o montante da obrigação, compreendendo o principal e os juros; II - quanto às operações de câmbio, o respectivo montante em moeda nacional, recebido, entregue ou posto à disposição; III - quanto às operações de seguro, o montante do prêmio; IV - quanto às operações relativas a títulos e valores mobiliários: a) na emissão, o valor nominal mais o ágio, se houver; b) na transmissão, o preço ou o valor nominal, ou o valor da cotação em Bolsa, como determinar a lei; c) no pagamento ou resgate, o preço. Art. 65. O Poder Executivo pode, nas condições e nos limites estabelecidos em lei, alterar as alíquotas ou as bases de cálculo do imposto, a fim de ajustá-lo aos objetivos da política monetária. Art. 66. Contribuinte do imposto é qualquer das partes na operação tributada, como dispuser a lei. Art. 67. A receita líquida do imposto destina-se a formação de reservas monetárias, na forma da lei. IMPOSTO TERRITORIAL RURAL – (ITR) - Competência: União (art. 153, VI da CF/88), que repassa 50% do valor arrecadado para os Municípios, relativamente aos imóveis neles situados (art. 158, II da CF/88). - Fato gerador: Propriedade, domínio útil ou posse de terra fora da zona urbana, em 1º de janeiro de cada ano. OBS.: Propriedade é a soma de todos os direitos que alguém detém sobre uma coisa (usar, gozar e dispor). Domínio útil é um aspecto da propriedade, que pode ser destacado e entregue a outrem (usufrutuário, inquilino, depositário, que detém a coisa em nome alheio e não em nome próprio. Razão pela qual são meros detentores e não possuidores). Posse é a detenção de uma coisa em nome próprio (usucapião, que é um modo originário de aquisição da propriedade). - Seletividade: O ITR é um imposto seletivo, com alíquotas fixadas de modo a desestimular a manutenção de propriedades improdutivas, nãoincidindo sobre pequenas glebas rurais, definidas em lei, quando as explore, só ou com a família, e o proprietário que não possua outro imóvel (art. 153, §4º da CF/88 - Imunidade). OBS.: A Lei 9.393/96 definiu como pequenas glebas rurais, de um modo geral, as que tenham área igual ou inferior a 30 há, ou 100ha na Amazônia Ocidental e Pantanal, ou 50 há no Polígono das secas da Amazônia Oriental. (AC, PA, AM etc.). - Isenção: Dispensa por força de lei. A Lei nº 9.393/96 estabelece algumas isenções, como no caso de imóvel rural compreendido em programa de reforma agrária, dentro das condições que menciona. - Alíquota: De 0,03% a 20%, conforme a área do imóvel e o grau de utilização. LIMITAÇÕES DA COMPETÊNCIA TRIBUTÁRIA • PRINCÍPIOS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO • VEDAÇÕES CONSTITUCIONAIS (Arts. 5º, II; 150 a 152 da CF/88) • IMUNIDADES TRIBUTÁRIAS • POR TODO CONJUNTO DE REGRAS ADEQUADAS A CADA MATÉRIA VEDAÇÕES CONSTITUCIONAIS Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes: (...) II - ninguém será obrigado a fazer ou deixar de fazer alguma coisa senão em virtude de lei; Art. 150. Sem prejuízo de outras garantias asseguradas ao contribuinte, é vedado à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios: I - exigir ou aumentar tributo sem lei que o estabeleça; II - instituir tratamento desigual entre contribuintes que se encontrem em situação equivalente, proibida qualquer distinção em razão de ocupação profissional ou função por eles exercida, independentemente da denominação jurídica dos rendimentos, títulos ou direitos; III - cobrar tributos: a) em relação a fatos geradores ocorridos antes do início da vigência da lei que os houver instituído ou aumentado; b) no mesmo exercício financeiro em que haja sido publicada a lei que os instituiu ou aumentou; (não se aplica aos tributos previstos nos arts. 148, I (empréstimo compulsório), 153, I (II), II (IE), IV (IPI) e V (IOF); e 154, II (impostos extraordinários) da CF/88) c) antes de decorridos noventa dias da data em que haja sido publicada a lei que os instituiu ou aumentou, observado o disposto na alínea b; (não se aplica aos tributos previstos nos arts. 148, I (empréstimo compulsório), 153, I (II), II (IE), III (IR) e V (IOF); e 154, II (impostos extraordinários), nem à fixação da base de cálculo dos impostos previstos nos arts. 155, III (IPVA), e 156, I (IPTU) da CF/88). IV - utilizar tributo com efeito de confisco; V - estabelecer limitações ao tráfego de pessoas ou bens, por meio de tributos interestaduais ou intermunicipais, ressalvada a cobrança de pedágio pela utilização de vias conservadas pelo Poder Público; VI - instituir impostos sobre (IMUNIDADES): a) patrimônio, renda ou serviços, uns dos outros; b) templos de qualquer culto; c) patrimônio, renda ou serviços dos partidos políticos, inclusive suas fundações, das entidades sindicais dos trabalhadores, das instituições de educação e de assistência social, sem fins lucrativos, atendidos os requisitos da lei; OBS.: Assistência Social, de acordo com o art. 203 da CF é política social destinada a prestar, gratuitamente, proteção à família, maternidade, infância, adolescência, velhice e aos deficientes físicos. d) livros, jornais, periódicos e o papel destinado a sua impressão. (...) § 4º - As vedações expressas no inciso VI, alíneas "b" e "c", compreendem somente o patrimônio, a renda e os serviços, relacionados com as finalidades essenciais das entidades nelas mencionadas. (...) IMUNIDADE TRIBUTÁRIA Sendo uma limitação constitucional ao poder de tributar do Estado, a imunidade gera um bloqueio, um escudo que impede que surja a obrigação ex lege, que se perfaça uma relação tributária entre a entidade imune e o ente tributante, ou seja, a imunidade impede e limita o poder de tributar conferido ao Estado pela Constituição da República. O art. 146, II, da CF, previu que cabe à lei complementar regular as limitações constitucionais ao poder de tributar. Imunidade relativa a Instituições de Assistência Social A matéria é de ordem pública, devendo a assistência social ser fomentada pelo Estado, com a finalidade de atingir a todos os cidadãos. Assim, o constituinte no art. 195, § 7º da Carta, acrescenta que são isentas de contribuição para a seguridade social as entidades beneficentes de assistência social que atendam as exigências estabelecidas em lei (Art. 14, CTN). Art. 14. O disposto na alínea c do inciso IV do artigo 9º é subordinado à observância dos seguintes requisitos pelas entidades nele referidas: I - não distribuírem qualquer parcela de seu patrimônio ou de suas rendas, a qualquer título; (Redação dada pela LC nº 104, de 2001) II - aplicarem integralmente, no País, os seus recursos na manutenção dos seus objetivos institucionais; III - manterem escrituração de suas receitas e despesas em livros revestidos de formalidades capazes de assegurar sua exatidão. § 1º Na falta de cumprimento do disposto neste artigo, ou no § 1º do artigo 9º, a autoridade competente pode suspender a aplicação do benefício. § 2º Os serviços a que se refere a alínea c do inciso IV do artigo 9º são exclusivamente, os diretamente relacionados com os objetivos institucionais das entidades de que trata este artigo, previstos nos respectivos estatutos ou atos constitutivos. Com o objetivo de impedir abusos de forma por parte do cidadão, o STF editou a súmula 730, que deixa claro que mesmo a iniciativa privada pode gozar da imunidade desde que esteja presente o ideal constitucional qual seja de auxiliar o cidadão ao lado do Estado. Súmula 730 - A IMUNIDADE TRIBUTÁRIA CONFERIDA INSTITUIÇÕES DE ASSISTÊNCIA SOCIAL SEM FINS LUCRATIVOS PELO ART. 150, VI, "C", DA CONSTITUIÇÃO, SOMENTE ALCANÇA AS ENTIDADES FECHADAS DE PREVIDÊNCIA SOCIAL PRIVADA SE NÃO HOUVER CONTRIBUIÇÃO DOS BENEFICIÁRIOS. Resta claro, pois, que para se caracterizar como assistência social a prestação deve ser gratuita, não abrangendo as entidades mantidas por colaborações de seus associados. Enfim, toda entidade beneficente, que não tenha finalidade de lucro, e que preste um serviço gratuito aos necessitados, goza de imunidade. Não há necessidade que a entidade apresente balanços negativos para se beneficiar da imunidade, mas se houver lucro, ele deve ser reinvestido na finalidade essencial da instituição. A certificação das entidades beneficentes de assistência social e a isenção de contribuições para a seguridade social serão concedidas às pessoas jurídicas de direito privado, sem fins lucrativos, reconhecidas como entidades beneficentes de assistência social com a finalidade de prestação de serviços nas áreas de assistência social, saúde ou educação, e que atendam ao disposto na Lei 12.101/2009. As entidades deverão obedecer ao princípio da universalidade do atendimento, sendo vedado dirigir suas atividades exclusivamente a seus associados ou a categoria profissional. A entidade beneficente certificada fará jus à isenção do pagamento das contribuições de que tratam os arts. 22 e 23 da Lei 8.212/1991, desde que atenda, cumulativamente, aos seguintes requisitos: I - Não percebam seus diretores, conselheiros, sócios, instituidores ou benfeitores, remuneração, vantagens ou benefícios, direta ou indiretamente, por qualquer forma ou título, em razão das competências, funções ou atividades que lhes sejam atribuídas pelos respectivos atos constitutivos; II- Aplique suas rendas, seus recursos e eventual superávit integralmente no território nacional, na manutenção e desenvolvimento de seus objetivos institucionais; III - Apresente certidão negativa ou certidão positiva com efeito de negativa de débitos relativos aos tributos administrados pela Secretaria da Receita Federal do Brasil e certificado de regularidade do FGTS; IV - Mantenha escrituração contábil regular que registre as receitas e despesas, bem como a aplicação em gratuidade de forma segregada, em consonância com as normas emanadas do Conselho Federal de Contabilidade; V - Não distribua resultados, dividendos, bonificações, participações ou parcelas do seu patrimônio, sob qualquer forma ou pretexto; VI - Conserve em boa ordem, pelo prazo de 10 (dez) anos, contado da data da emissão, os documentos que comprovem a origem e a aplicação de seus recursos e os relativos a atos ou operações realizados que impliquem modificação da situação patrimonial; VII - Cumpra as obrigações acessórias estabelecidas na legislação tributária; VIII - Apresente as demonstrações contábeis e financeiras devidamente auditadas por auditor independente legalmente habilitado nos Conselhos Regionais de Contabilidade quando a receita bruta anual auferida for superior ao limite fixado pela LC 123/2006. OBS.: A isenção não se estende a entidade com personalidade jurídica própria constituída e mantida pela entidade à qual a isenção foi concedida. Constatado o descumprimento pela entidade dos requisitos indicados acima, a fiscalização da Secretaria da Receita Federal do Brasil lavrará o auto de infração relativo ao período correspondente e relatará os fatos que demonstram o não atendimento de tais requisitos para o gozo da isenção. As entidades isentas deverão manter, em local visível ao público, placa indicativa contendo informações sobre a sua condição de beneficente e sobre sua área de atuação. O direito à isenção abrange as seguintes contribuições: I – 20% (vinte por cento), destinadas à Previdência Social, incidentes sobre o total das remunerações pagas, devidas ou creditadas a qualquer título, durante o mês, aos segurados empregados, trabalhadores avulsos e contribuintes individuais (autônomos) que prestem serviços à entidade; II – 1%, 2% ou 3% destinadas ao financiamento de aposentadorias especiais e de benefícios decorrentes dos riscos ambientais do trabalho, incidentes sobre o total das remunerações pagas, devidas ou creditadas a qualquer título, durante o mês, aos segurados empregados e trabalhadores avulsos que prestem serviços à entidade; III – 15% (quinze por cento), destinadas à Previdência Social, incidentes sobre o valor bruto da nota fiscal ou fatura de serviços prestados por cooperados por intermédio de cooperativas de trabalho; IV – contribuição incidente sobre o lucro líquido (CSLL), destinada à seguridade social; V – COFINS incidente sobre o faturamento, destinada à seguridade social; VI – PIS/Pasep incidente sobre a receita bruta, destinada à seguridade social. Contribuições Não Abrangidas pela Isenção A isenção atinge as contribuições devidas pela empresa (itens I a VI acima), mas não abrange as contribuições devidas pelos segurados que prestam serviços como empregados, trabalhadores avulsos, empresários, trabalhadores autônomos ou equiparados. Assim, cabe à entidade beneficente de assistência social reter os descontos devidos da contribuição previdenciária destes segurados (de acordo com o que estabelece a legislação), a qual deverá ser recolhida para a Previdência Social. Da Concessão e do Cancelamento A análise e decisão dos requerimentos de concessão ou de renovação dos certificados das entidades beneficentes de assistência social serão apreciadas no âmbito dos seguintes Ministérios: I - da Saúde, quanto às entidades da área de saúde; II - da Educação, quanto às entidades educacionais; e III - do Desenvolvimento Social e Combate à Fome, quanto às entidades de assistência social. A entidade interessada na certificação deverá apresentar, juntamente com o requerimento, todos os documentos necessários à comprovação dos requisitos de que trata esta Lei, na forma do regulamento. A entidade que atue em mais de uma das áreas especificadas acima deverá requerer a certificação e sua renovação no Ministério responsável pela área de atuação preponderante da entidade. Considera-se área de atuação preponderante aquela definida como atividade econômica principal no Cadastro Nacional da Pessoa Jurídica do Ministério da Fazenda. A certificação da entidade permanecerá válida até a data da decisão sobre o requerimento de renovação tempestivamente apresentado. O requerimento de renovação da certificação deverá ser protocolado com antecedência mínima de 6 (seis) meses do termo final de sua validade. RESPONSABILIDADE TRIBUTÁRIA – EXCLUSÃO PELA IMUNIDADE A entidade de assistência social que goza de tal imunidade, preenchidos os requisitos do art. 14 do CTN, não pode ser tributada ou responsabilizada pelas dívidas tributárias de terceiros. Sua atuação tem caráter complementar à atuação estatal, que é prover os indivíduos dos direitos fundamentais e sócias previstos na Constituição. A Procuradoria Geral do Estado de Pernambuco já se manifestou no sentido da inexistência de responsabilidade tributária perante norma imunizante. Vejamos: “Parecer PFE nº 100/2003 EMENTA: Imposto sobre Propriedade de Veículos Automotores – IPVA. Responsabilidade tributária por sucessão. Pessoa jurídica de Direito Público – Estado do Paraná. Imunidade recíproca. O adjudicante de veículo automotor é responsável tributário por sucessão relativamente ao pagamento do IPVA devido nos anos anteriores - Inteligência do inciso I, do art. 131 c/c o art. 124 do CTN e Lei Estadual nº 10.849/92. Inexigibilidade do imposto em face da imunidade recíproca. (...) É, portanto, o adquirente do veículo, a qualquer título, responsável pelo IPVA, taxa de licenciamento, taxa de bombeiros, seguro obrigatório e taxa de manutenção e conservação das vias públicas. Ocorre que, no caso em exame, o adquirente do veículo é o Estado do Paraná, pessoa jurídica de direito público imune aos impostos incidentes sobre a propriedade de bens. Dessarte, em face da excepcionalidade do sujeito passivo, incide a regra imunizante, sendo indevida a cobrança perpetrada pelo Estado de Pernambuco, devendo ser o débito de IPVA cancelado, ainda que referentes a exercícios anteriores, cobrados por força de responsabilidade tributária. É que a imunidade afasta a sujeição passiva, seja na qualidade de contribuinte, seja na de responsável tributário, ainda que por força de lei.” A imunidade é uma hipótese de não incidência constitucionalmente qualificada. Vale dizer: a CF impede que a lei de tributação inclua certos fatos na hipótese de incidência de impostos (impõe uma regra negativa de competência). Só há imunidade, em regra, quanto aos impostos. Excepcionalmente, porém, no art. 5º, XXXIV, LXXVI e LXXVII, da CF está prevista a imunidade de taxas em relação ao direito de petição e certidão, ao registro de nascimento e à certidão de óbito para os reconhecidamente pobres e para as ações de habeas corpus e habeas data. No art. 149, § 2º, I, há imunidade da CIDE e outras contribuições sociais em relação às receitas decorrentes de exportação, enquanto no art. 85 do ADCT há imunidades quanto à CPMF - está última, já extinta. Imunidade dos templos de qualquer culto A imunidade protege o patrimônio, a renda e os serviços relacionados com as finalidades essenciais do templo. Assim, não pode incidir imposto sobre os templos de qualquer culto (a imunidade não dispensa o cumprimento das obrigações acessórias nem o pagamento de taxas, contribuições de melhoriae outros tributos) sobre o imóvel que sirva para a realização de atividade religiosa (igreja, casa paroquial, convento etc.), sobre as rendas decorrentes das contribuições dos fiéis e sobre os serviços prestados pela entidade. ISENÇÃO TRIBUTÁRIA A isenção tributária, como a incidência, decorre de lei. É o próprio poder público competente para exigir tributo que tem o poder de isentar. Assim, como corolário dos princípios da legalidade e da anterioridade, a Isenção Tributária tal qual ocorre com a incidência também decorrerá de lei específica, não sendo aceita a concessão de isenção feita através de ato infralegal. Nessa senda, o mesmo Poder Público competente para ordenar também o é para isentar. Rege o CTN, in verbis: Art. 176. A isenção, ainda quando prevista em contrato, e sempre decorrente de lei que especifique as condições e requisitos exigidos para a sua concessão, os tributos a que se aplica e, sendo caso, o prazo de sua duração. (...) Art. 178. A isenção, salvo se concedida por prazo certo e em função de determinadas condições, pode ser revogada ou modificada por lei, a qualquer tempo, observado o disposto no inciso III do art. 104. Art. 104. Entram em vigor no primeiro dia do exercício seguinte àquele em que ocorra a sua publicação os dispositivos de lei, referentes a impostos sobre o patrimônio ou a renda: (...) III - que extinguem ou reduzem isenções, salvo se a lei dispuser de maneira mais favorável ao contribuinte, e observado o disposto no artigo 178 . É a isenção um caso de exclusão do crédito tributário, dispensa o pagamento, mas como regra não exclui o cumprimento das obrigações acessórias (artigo 175, inciso I, do CTN). A maioria dos doutrinadores entendem que a isenção não impede o nascimento da obrigação tributária, mas, tão-somente, impede o aparecimento do crédito tributário, que corresponderia à obrigação surgida. Na isenção a obrigação tributária surge, mas a lei dispensa o pagamento do tributo. É assim, a isenção, algo excepcional que se localiza no campo da incidência tributária, ou seja, houve o fato gerador do tributo, porém a lei determina que o contribuinte deixe de arcar com a respectiva obrigação tributária. É entendimento da doutrina majoritária que a isenção não impede o surgimento da obrigação tributária, porém evita que o crédito tributário seja constituído, visto que o momento de sua ocorrência é anterior ao lançamento, inibindo-o. Em outras palavras, a obrigação tributária surge, mas, a lei dispensa o pagamento do tributo. Há, portanto, o fato gerador do tributo, não obstante a lei determine que o contribuinte deixe de arcar com a devida obrigação tributária. Consistindo assim em uma exceção criada por lei à regra jurídica da tributação. Importante também ressaltar que de acordo com o art. 177 do CTN, salvo disposição em contrário, a isenção não se estende aos tributos criados após a sua concessão, nem às contribuições de melhoria ou às taxas, posto que estes constituem tributos retributivos/ contraprestacionais (aqueles que só podem ser cobrados se o Estado prestar ao contribuinte ou deixar à sua disposição serviço público específico e divisível relacionado aos seus respectivos fatos geradores). Como exemplo prático do instituto ora estudado, podem ser citadas: a isenção de IOF, bem como as de Imposto de Renda e IPI - para os deficientes físicos adquirirem veículos adaptados ou adaptá-los às suas necessidades especiais. RESUMINDO: A imunidade e a isenção Como se pode observar, a imunidade é instituto de sede constitucional enquanto a isenção revela-se como dispensa legal, no campo da tributação. Dai se insta que, no campo do tributo, a imunidade é uma forma de não incidência constitucionalmente qualificada, enquanto a isenção é possibilidade normativa de dispensa legalmente qualificada. Para o STF, o que se inibe na isenção é o lançamento do tributo, tendo ocorrido fato gerador e nascido o liame jurídico-obrigacional. Na imunidade, não ha que se falar em relação jurídico- tributária, uma vez que a norma imunizadora está fora do campo de incidência do tributo sobre determinados fatos, situações ou pessoas. Art. 151. É vedado à União: I - instituir tributo que não seja uniforme em todo o território nacional ou que implique distinção ou preferência em relação a Estado, ao Distrito Federal ou a Município, em detrimento de outro, admitida a concessão de incentivos fiscais destinados a promover o equilíbrio do desenvolvimento socioeconômicos entre as diferentes regiões do País; II - tributar a renda das obrigações da dívida pública dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, bem como a remuneração e os proventos dos respectivos agentes públicos, em níveis superiores aos que fixar para suas obrigações e para seus agentes; III - instituir isenções de tributos da competência dos Estados, do Distrito Federal ou dos Municípios. Art. 152. É vedado aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios estabelecer diferença tributária entre bens e serviços, de qualquer natureza, em razão de sua procedência ou destino. EXERCÍCIO: Entidade assistencial importa bem destinado a seu laboratório de pesquisas, bem como equipamento de informática, destinado a revenda. Tais bens são imunes ao imposto de importação, ICMS e IPI? Adquire ainda, no mercado interno, ambulância destinada ao atendimento de pessoas carentes. Alega ser contribuinte de fato do ICMS e IPI incidentes sobre a operação e que, em face da sua condição de entidade imune, não estaria sujeita a oneração por tais impostos. Procede a alegação da entidade? Resposta: A imunidade das entidades sociais é condicionada, ou seja, só as instituições sem fins lucrativos é que terão direito à imunidade, razão pela qual os bens por elas adquiridos deverão ser destinados ao atendimento de suas finalidades essenciais. Assim: Bem destinado ao seu laboratório de pesquisa, atendem à sua finalidade essencial, estão, portanto imunes à incidência do II, ICMS e do IPI. Equipamento de informática destinado à revenda não condiz com a sua finalidade essencial, portanto, devem incidir os já citados tributos sobre os mesmos. No que se refere a compra da ambulância, assiste razão à entidade assistencial. • ESTRITA LEGALIDADE (OU RESERVA LEGAL) – ART. 150, I DA CF/88 Tributo só pode ser criado ou aumentado por força de lei Medida Provisória (?) Tem-se entendido que as obrigações fiscais acessórias podem ser exigidas por simples medidas administrativas, como decretos e portarias. Ex.: Exibição de papéis e livros. • ANTERIORIDADE– ART. 150, III, “b”, DA CF/88 A lei que cria ou aumenta tributo só vale a partir do dia 1º de janeiro do ano seguinte ao de sua publicação, salvo exceções expressas. • IRRETROATIVIDADE – ART. 150, III, “a”, DA CF/88 Só se admite a retroatividade benéfica ou quando a lei nova for meramente explicativa (Art. 106 do CTN). • ISONOMIA – ART. 150, II, DA CF/88 A lei em princípio não deve dar tratamento desigual a contribuintes que se encontrem em situação equivalente. • CAPACIDADE CONTRIBUTIVA – ART. 145, §1º DA CF/88 O tributo deve ser cobrado de acordo com a capacidade de cada um. Faz parte da isonomia, também, tratar os desiguais de modo desigual. Os cidadãos devem contribuir para a manutenção do Estado, para que este possa atingir os seus fins, devendo esta contribuição operar-se na medida do possível, na proporção de suas respectivas capacidades. Portanto, deve ser aferida a capacidade subjetiva do contribuinte, a real aptidão de determinada pessoa para recolher ao Fisco. Segundo José Maurício Conti: "O princípio da capacidade contributiva é aplicável a todas as espécies tributárias. No tocante aos impostos, o princípio é aplicável em toda a sua extensãoe efetividade. Já no caso dos tributos vinculados, é aplicável restritivamente, devendo ser respeitados apenas os limites que lhe dão os contornos inferior e superior, vedando a tributação do mínimo vital e a imposição tributária que tenha efeitos confiscatórios. • VEDAÇÃO DE EFEITOS CONFISCATÓRIOS – ART. 150, IV DA CF/88 O tributo deve ser razoável, não podendo ser tão oneroso que chegue a representar um verdadeiro confisco. • IMUNIDADE RECÍPROCA – ART. 150, VI, “a”, DA CF/88 A União, os Estados, o DF e os Municípios não podem instituir impostos sobre o patrimônio, a renda ou o serviço, uns dos outros. CONTI, José Maurício Conti. Princípios da capacidade contributiva e da progressividade. Dialética 1996, p. 65. In: PAULSEN, Leandro. Direito tributário: Constituição e Código Tributário à luz da doutrina e da jurisprudência. Porto Alegre: Livraria do Advogado Editora; ESMAFE, 2011. p. 48 OBS.: A imunidade tributária recíproca não se aplica ao Imposto sobre Produtos Industrializados, pois o contribuinte desse imposto é o industrial ou o produtor, neste sentido o RE 371243 / RS, Julgamento pelo STF em 01/02/2011, in verbis: RE 371243 / RS - RIO GRANDE DO SUL RECURSO EXTRAORDINÁRIO Relator(a): Min. CÁRMEN LÚCIA Julgamento: 01/02/2011 Publicação DJe-034 DIVULG 18/02/2011 PUBLIC 21/02/2011 Partes RECTE.(S): MUNICÍPIO DE SÃO LEOPOLDO ADV.(A/S): OLIVO SANTIN RECDO.(A/S): UNIÃO PROC.(A/S)(ES): PROCURADOR-GERAL DA FAZENDA NACIONAL Decisão RECURSO EXTRAORDINÁRIO. TRIBUTÁRIO. IMPOSTO SOBRE PRODUTOS INDUSTRIALIZADOS – IPI. IMUNIDADE: INEXISTÊNCIA. SÚMULA N. 591 DO SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL. RECURSO AO QUAL SE NEGA SEGUIMENTO. Relatório 1. Recurso extraordinário, interposto com base no art. 102, inc. III, alínea a, da Constituição da República, contra o seguinte julgado do Tribunal Regional Federal da 4ª Região: “CONSTITUCIONAL. TRIBUTÁRIO. IPI. IMUNIDADE RECÍPROCA. CF/88 ART. 150, INC. VI, ALÍNEA 'A'. MUNICÍPIO. AQUISIÇÃO DE BENS PARA ATIVO IMOBILIZADO E PARA USO E CONSUMO. INVIABILIDADE. 1. Na aquisição, pelo município, de bens industrializados para integração ao ativo imobilizado ou para uso e consumo nas atividades típicas cometidas às municipalidades, inocorre a imunidade recíproca, de que trata o art. 150-VI-'a' da CF/88, porque quem promove as saídas os produtos industrializados são empresas privadas (pessoas jurídicas de direito privado) e tal imunidade é viável apenas entre pessoas jurídicas de direito público. 2. A imunidade constitucional de que são titulares os órgãos do Poder Público da União, dos Estados e do Municípios, atualmente prevista no artigo 150-VI-a da CF, refere-se apenas ao patrimônio, à renda e aos serviços e exclui o nascimento da obrigação tributária principal relativa a esses impostos. Mas não do IPI porque este, além de ser devido por pessoas jurídicas de direito privado no caso, é um imposto sobre a produção e circulação de produtos. 3. Apelação e remessa oficial improvidas” (fl. 262). 2. O Recorrente alega que teria sido contrariado o art. 150, inc. VI, alínea a, da Constituição da República. Sustenta que é “inconstitucional a exigência de IPI quando o Município recorrente adquire, no mercado interno ou externo, quaisquer produtos industrializados destinados a compor o seu patrimônio, ou destinados ao seu uso e consumo, afetado à prestação de serviços públicos de sua competência” (fl. 275). 3. O Subprocurador-Geral da República opinou pelo não provimento do recurso extraordinário, nos termos seguintes: “Constitucional. Tributário. IPI. Imunidade. O Imposto sobre Produtos Industrializados incide sobre a venda de mercadorias a comprador beneficiário da imunidade fiscal (Súmula 591). Decisão acorde com a jurisprudência do Pretório Excelso. Parecer recomendando se segue seguimento ao recurso extraordinário, interposto com amparo na alínea 'a', do permissivo constitucional (art. 102, III)” (fl. 313). Apreciada a matéria trazida na espécie, DECIDO. 4. Razão jurídica não assiste ao Recorrente. 5. A imunidade tributária recíproca não se aplica ao Imposto sobre Produtos Industrializados, pois o contribuinte desse imposto é o industrial ou o produtor. O município não realiza o fato gerador desse tributo, razão pela qual não há que se falar em contrariedade ao disposto no art. 150, inc. VI, alínea a, da Constituição da República. Este Supremo Tribunal assentou que “a imunidade ou a isenção tributária do comprador não se estende ao produtor, contribuinte do Imposto sobre Produtos Industrializados” (Súmula n. 591 do Supremo Tribunal Federal). Nesse sentido: “IMUNIDADE TRIBUTÁRIA RECÍPROCA. NÃO AFASTA A INCIDÊNCIA DO IMPOSTO SOBRE PRODUTOS INDUSTRIALIZADOS EM RELAÇÃO A BENS ADQUIRIDOS POR PESSOAS JURÍDICAS DE DIREITO PÚBLICO, PORQUE ESTRANHAS ESTAS A RELAÇÃO JURÍDICA TRIBUTÁRIA QUE SE FORMA ENTRE O PODER TRIBUTANTE E O RESPONSÁVEL LEGAL PELO RECOLHIMENTO DO TRIBUTO. RECURSO EXTRAORDINÁRIO CONHECIDO E PROVIDO” (RE 72.863, Rel. Min. Octávio Gallotti, Primeira Turma, DJ 14.4.1972). E: “IMUNIDADE FISCAL RECÍPROCA. NÃO TEM APLICAÇÃO, NA COBRANÇA DO IMPOSTO SOBRE PRODUTOS INDUSTRIALIZADOS. O CONTRIBUINTE DE IURE E O INDUSTRIAL OU PRODUTOR. NÃO E POSSÍVEL OPOR A REALIDADE ECONÔMICA A FORMA JURÍDICA, PARA EXCLUIR UMA OBRIGAÇÃO FISCAL PRECISAMENTE DEFINIDA EM LEI. O CONTRIBUINTE DE FATO É ESTRANHO A RELAÇÃO TRIBUTÁRIA E NÃO PODE, ALEGAR, A SEU FAVOR, A IMUNIDADE RECÍPROCA” (RE 71.300, Rel. Min. Adalício Nogueira, Segunda Turma, DJ 30.4.1971). No mesmo sentido: RE 346.281, Rel. Min. Gilmar Mendes, DJ 18.5.2006. Dessa orientação jurisprudencial não divergiu o acórdão recorrido. 6. Pelo exposto, nego seguimento ao recurso extraordinário (art. 557, caput, do Código de Processo Civil e art. 21, § 1º, do Regimento Interno do Supremo Tribunal Federal). Publique-se. Brasília, 1º de fevereiro de 2011. Ministra Relatora: CÁRMEN LÚCIA Legislação LEG-FED CF ANO-1988 ART-00102 INC-00003 LET-A ART-00150 INC-00006 LET-A CF-1988 CONSTITUIÇÃO FEDERAL LEG-FED LEI-005869 ANO-1973 ART-00557 "CAPUT" CPC-1973 CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL LEG-FED RGI ANO-1980 ART-00021 PAR-00001 RISTF-1980 REGIMENTO INTERNO DO SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL LEG-FED SUMSTF-000591 SÚMULA DO SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL - STF Observação Legislação feita por:(NRC). • IMUNIDADE DE TRÁFEGO – ART. 150, V, DA CF/88 e ART. 9º, III DO CTN Não se permite a cobrança pela simples travessia de fronteiras estaduais ou municipais. • UNIFORMIDADE NACIONAL – ART. 151, I DA CF/88 O tributo da União deve ser igual em todo o território nacional, sem distinção entre os Estados. Ex.: IR. • VEDAÇÃO DE DESTINAÇÃO EM RAZÃO DE PROCEDÊNCIA OU DESTINO – ART. 152 DA CF/88 É vedado aos Estados, ao DF e aos Municípios estabelecerem diferença tributária entre bens e serviços, de qualquer natureza, em razão de sua procedência ou destino. • NÃO-CUMULATIVIDADE – ARTS. 153, §3º, II; 155, §2º, I; e 154, I, DA CF/88 Compensa-se o tributo que for devido em cada operação com o montante cobrado nas anteriores. Não é um princípio geral. Aplica-se ao IPI, ICMS e em eventuais impostos a serem criados pela União, na sua competência residual. Na apuração contábil do IPI e do ICMS, o imposto a ser pago deve ser lançado como débito, e o que já foi pago nas operações anteriores é lançados como crédito. A diferença entre esses débitos e créditos é o que efetivamente deve ser recolhido em determinado período. • TIPICIDADE – ART. 152 DA CF/88 O tributo só incide no caso de fato ou situação típica, ou seja, de fato ou situação previamente descrita em lei. 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