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Direito Civil IV - Das Coisas

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Direito das coisas
Direito das coisas (verbo: ter): Ramo do direito privado que disciplina as relações jurídicas entre pessoas e suas posses e bens apropriáveis. O vínculo é entre uma pessoa e sua posse, ou propriedade. Abrange a posse, e os direitos reais.
Posse (art. 1.196 e segs.)
Posse (possessio): É o exercício de algum dos direitos de propriedade em nome próprio. Exs.: uso, gozo ou disposição.
Elementos da posse:
“Corpus” (elemento objetivo, ou material): É o porte, ou a ocupação do bem.
“Animus domini”, ou “animus rem sibi habendi” (elemento subjetivo, ou espiritual): É a vontade de ter a coisa para si (vontade de ser proprietário).
Teorias da posse:
Teoria objetiva (Ihering): Tem posse quem tem a coisa em seu poder, isto é, quem exterioriza propriedade (parece ser dono da coisa). Ex.: quem usa uma roupa, parece ser dono dela. É a teoria adotada pelo CC/02. Obs.: Para esta teoria basta o corpus.
Teoria subjetiva da posse (Savigny): Tem posse quem tem a coisa em seu poder com intenção de tê-la como dono. Obs.: Esta teoria exige corpus e animus domini.
Objeto da posse: Bem corpóreo e disponível. 
Bem público é insuscetível de posse.
Natureza jurídica da posse: É um fato de direito (situação de fato regulamentada por lei), reconhecido como direito autônomo (E. 492 JDC).
Possuidor: É quem exerce algum dos direitos de propriedade, em nome próprio. Ex.: Locatário, que exerce o direito uso em nome próprio. Obs.: a) Todo proprietário é possuidor, mas nem todo possuidor é proprietário. b) Inquilino, locatário e comodatário exercem posse sem intenção de dono, posse não-usucapível.
Direitos do possuidor de ser mantido, restituído e segurado na posse, inclusive contra a vontade do proprietário (art. 1.210, caput, e §2º).
Presunção de propriedade: Presume-se relativamente que o possuidor é o proprietário. Ex.: O possuidor de bem móvel deve ser presumido proprietário, juris tantum (TRT-5 - Agravo de Petição: AP 1042001420085050002 BA, 2009).
Súmula 193 STJ: O direito de uso de linha telefônica pode ser adquirido por usucapião.
Presunção da manutenção da posse presume-se relativamente que a posse se mantém conforme foi adquirida (art. 1.203). Ex.: se alguém transferir uma posse injusta, quem adquire terá posse injusta, ainda que de boa-fé, salvo prova em contrário.
Classificação da posse
Quanto ao desdobramento:
Plena: É a que não foi desdobrada. Ex.: A do proprietário que ocupa seu imóvel.
Não-plena, ou Paralela: É a desdobrada.
Espécies de posse não-plena:
Direta, ou imediata: É a do possuidor que tem a coisa em seu poder. Ex.: Locatário.
Indireta, ou mediata: É a do proprietário que cedeu um direito ao possuidor. Ex.: Locador.
Obs.: As posses direta e indireta convivem harmonicamente, o desdobramento é sempre temporário (permanece enquanto durar o contrato), ambos os possuidores têm ação contra terceiros, e um contra o outro (exs.: ação possessória do proprietário contra o possuidor direto; e ação de esbulho do possuidor direto contra o proprietário).
Quanto à origem:
Autônoma, ou formal, ou imprópria (jus possessionis): É a posse sem título.
Titulada, causal, ou própria (jus possidende): É a posse com título de propriedade.
Quanto ao modo de obtenção:
Natural: é obtida portar um móvel, ou ocupar um imóvel. Ex.: ao pescar um peixe.
Jurídica, ou civil: é obtida por força de lei. Ex.: recebimento de um bem por herança.
Ad interdicta: é obtida por meio de interditos possessórios.
Ad usucapionem: é obtida por usucapião.
Quanto à presença de vícios objetivos (critério objetivo):
Justa: É a não-violenta, nem clandestina, nem precária.
Injusta: É a violenta, clandestina, ou precária. 
Espécies de posse injusta:
Violenta: Adquirida por roubo. Surge no momento da aquisição.
Clandestina: Adquirida por furto. Surge no momento da aquisição.
Precária: Adquirida por apropriação indébita. Surge no momento da recusa indevida em restituir o bem ao proprietário.
Quanto à presença de vícios subjetivos (critério subjetivo):
De Boa-fé: O possuidor ignora o vício, ou obstáculo, que impede a aquisição da coisa. Dá direito a reter as benfeitorias úteis e necessárias, e de remover as voluptuárias.
De Má-fé: O possuidor não ignora que possui indevidamente. Dá direito de reter somente as benfeitorias necessárias.
Presumida: É a posse titulada, faz presumir relativamente a boa-fé e inverte o ônus da prova.
Obs.: a) presume-se a boa-fé da posse, salvo quando as circunstâncias do fato fizerem presumir a má-fé (art. 1.202); b) A posse pode ser justa e de má-fé quando a ilicitude não derivar dos vícios objetivos (violência, clandestinidade e precariedade). Exs.: Juiz compra bem que mandou leiloar; tutor compra bem do tutelado; leiloeiro compra bem do leilão; servidor público compra bem de pessoa jurídica que trabalha (por vedação expressa do art. 497, I ao IV do CC/02). c) A posse pode ser injusta e de boa-fé quando o comprador desconhecer a origem violenta, clandestina ou precária. Ex.: Compra carro roubado, ou qualquer outro bem de ladrão, furtador, ou apropriador indébito, sem saber da origem ilícita. d) A fraude deve ser idônea a enganar, senão, não configura boa-fé.
Quanto ao tempo:
Nova: É exercida em menos de 1 ano e dia (364 dias). Permite pedido liminar de reintegração de posse em 24 horas (arts. 558 e 562 caput do NCPC).
Velha: É exercida em 1 ano, e dia, ou mais (365 dias, ou +). Em regra, seguirá rito ordinário.
Quanto aos efeitos:
Ad interdicta: Gera interditos possessórios (ações possessórias) para ser defendida.
Ad usucapionem: Gera direito à usucapião para ser defendida.
Quanto à usucapião:
Própria: É a posse insubordinada, e ilimitada. Não há subordinação, nem contrato. É a única usucapível. Ex.: do promitente comprador.
Não-própria: É a posse subordinada a outrem (considerada detenção pela lei), ou limitada por contrato (ex.: locação, comodato). É insuscetível de usucapião, por falta de animus domini. Ex.: do locatário.
Aquisição e perda da posse
Aquisição da posse (art. 1.204): Dá-se com o exercício de algum dos direitos de propriedade, em nome próprio.
Espécies de a. da posse:
Originária independe do consentimento de outrem. Exs.: pelo porte ou ocupação de coisa própria, ou de ninguém (res nullius), e por acessão.
Derivada depende do consentimento de outrem. Exs.: pela tradição de um móvel, ou pelo registro de um imóvel.
Legitimados para adquirir posse (1.205): O interessado, seu representante, e terceiro sem mandado (dependendo de ratificação do interessado).
Convalescimento da posse (intervesio possessionis): É a transformação da posse injusta em justa e usucapível pela cessação da violência, ou da clandestinidade (após ano e dia da prática do furto ou do roubo). Obs.: a) A posse precária jamais se convalesce (STJ - Ag 1114647, 2011, e Ag 1243019, 2010, e STF – RE 842268 AL, 2014). b) É inequívoco que os atos de mera permissão ou tolerância, em nenhuma hipótese, autorizam a aquisição da propriedade pela usucapião (STF - ARE 693064 MG, 2012).
+ de 1 Possuidor: Prevalece, provisoriamente, àquele que tiver a coisa em seu poder (art. 1.211 CC).
Transmissão da posse (art. 1.206) a posse transfere-se aos herdeiros e legatários.
Sucessão da posse (successio possessionis, art. 1.207): A posse do herdeiro universal é somada automaticamente com a de seu antecessor. Ocorre na sucessão a título universal.
Soma da posse (acessio possessionis, art. 1.207): É o direito do herdeiro singular de somar sua posse com a de seu antecessor para atingir o tempo de usucapião, caso queira. Ocorre na sucessão a título singular.
Não geram posse os atos injustos, de permissão ou de mera tolerância (art. 1.208).
Ato de permissão: É um ato expresso que autoriza o uso temporário do bem. Ex.: atravessar o terreno do vizinho para encurtar caminho, com permissão expressa.
Ato de mera tolerância: É um ato tácito que autoriza o uso temporário do bem. Ex.: atravessar o terreno do vizinho para encurtar caminho, sem permissãoexpressa.
Atos injustos: Furto, roubo e apropriação indébita.
Posse do imóvel faz presumir relativamente a dos móveis em seu interior (art. 1.209).
Perda da posse (art. 1.223): Dá-se com a perda do exercício dos direitos de propriedade. Exs.: saída do imóvel após o fim do contrato de locação. Obs.: esbulho não-presenciado só causará a perda da posse após: ciência e inércia do possuidor; ou ciência e impedimento violento de tentativa de retomada (art. 1.224).
Efeitos da posse jurídica (art. 1.210 e segs.)
Efeitos processuais:
Em relação às ações possessórias:
Ação de manutenção de posse contra turbação;
Ação de reintegração de posse contra esbulho;
Interdito proibitório contra ameaça de esbulho, ou turbação iminente (prestes à acontecer).
Ação de indenização contra terceiro de má-fé que recebeu a coisa esbulhada.
Em relação ao ônus da prova:
Autor deve provar a posse e a ameaça, impedimento ou obstáculo seu exercício.
Réu pode provar a mesma coisa na contestação, fazendo uma espécie de reconvenção.
Em relação ao uso e gozo enquanto durar o processo judicial (art. 1.211): Será do possuidor de boa-fé.
Efeitos materiais:
Em relação à autotutela (art. 1.210, §1º):
Direito de Legítima defesa contra turbação;
Direito de Desforço imediato contra esbulho.
Requisitos da autotutela (da LD ou do desforço):
Injusta agressão (turbação, ou esbulho);
Agir com suas próprias forças (o possuidor deve exercê-la pessoalmente) Obs.: o detentor também pode (E. 493 JDC).
Imediatidade (logo após, em seguida, permite-se a defesa, porém, a vingança, que é posterior, é vedada);
Moderação (veda excessos de qualquer natureza requisito subjetivo valorado pelo juiz).
Em relação aos frutos (arts. 1.214 e 1.216):
Possuidor de boa-fé tem direito aos frutos percebidos no tempo certo, e de ressarcimento pelas despesas de produção e custeio dos frutos restituídos.
P. de má-fé tem direito de ressarcimento pelas despesas da produção e custeio, devendo restituir todos os frutos.
Obs.: os frutos naturais e industriais são percebidos quando separados, e os civis a cada dia (art. 1.215).
Em relação à perda ou deterioração da coisa possuída (arts. 1.217 e 1.218):
P. de boa-fé tem RC somente pelo que der causa (RC subjetiva);
P. de má-fé tem RC até pelo que não der causa (RC objetiva), salvo se provar que era inevitável (se destruiria ainda que na posse do reivindicante).
Em relação às benfeitorias (arts. 1.219, 1.220 e 1.222):
P. de boa-fé:
Direito de ser indenizado por todas as benfeitorias no valor atual;
Direito de retenção das benfeitorias necessárias e úteis, até ser indenizado;
Direito de levantar as benfeitorias voluptuárias. Obs.: O direito de levantar não pode ser exercido em detrimento da coisa (se a retirada destruir a coisa: é vedada).
P. de má-fé Só tem direito de ser indenizado pelas benfeitorias necessárias: no valor antigo, ou atual, à critério do reivindicante. Obs.: não pode levantar, nem reter nenhuma benfeitoria.
Obs.: As benfeitorias compensam-se com os danos, e só obrigam ressarcimento (indenização) se existirem ao tempo da evicção (momento da aquisição judicial pelo legítimo possuidor) art. 1.221.
Em relação à Usucapião:
P. de boa-fé tem direito à usucapião ordinária do imóvel em 10 anos.
P. de má-fé tem direito à usucapião extraordinária do imóvel em 15 anos.
Em relação aos acessórios (art. 1.209): A posse do imóvel presume relativamente a dos móveis em seu interior.
Detenção (art. 1.198)
Detenção: Exercício de algum dos direitos de propriedade em nome e por ordem de outrem, em virtude de uma relação de subordinação (posse exercida em nome e por ordem de outrem). Ex.: em virtude de um contrato de trabalho (relação empregatícia de subordinação). Obs.: Não é usucapível, por falta de animus domini.
Detentor: É quem exerce algum dos direitos de propriedade em nome e por ordem de outrem, em virtude de uma relação de subordinação (exerce posse em nome e por ordem de outrem). Exs.: motorista de ônibus contratado; empregada doméstica; policial do Estado.
Presunção da detenção admite prova em contrário (é relativa).
Esbulho e turbação
Esbulho: É privar (impedir) injustamente a posse alheia, ou parte dela.
Espécies de esbulho:
Positivo: Invasão. Exs: Ocupação de um imóvel alheio.
Negativo: Impedimento total. Exs.: a) Planta em parte do imóvel alheio, impedindo totalmente que o proprietário use-o, b) nega devolver o imóvel locado.
Turbação: É obstar (incomodar) o livre exercício da posse alheia, ou de parte dela.
Espécies de turbação:
Positiva: Invasão. Ex.: Usa imóvel alheio, sem autorização do proprietário, fazendo transitar maquinário por lá.
Negativa: Impedimento parcial. Ex.: Som alto do vizinho, impede parcialmente o uso salutar/tranquilo do imóvel.
Composse (art. 1.199)
Composse: São vários direitos de posse exercidos concomitantemente sobre um mesmo bem indivisível.
Espécies de composse:
Pro diviso: Recai sobre bem naturalmente divisível, porém, juridicamente indivisível. Ex.: Várias sacas de café.
Pro indiviso: Recai sobre bem indivisível, de fato e de direito. Ex.: Um cavalo de corrida.
Efeitos da composse: 
Um possuidor não pode prejudicar o outro;
Um possuidor, através de ação possessória, pode defender o direito de todos, sem necessidade de litisconsórcio.
Extinção da composse:
Pela divisão jurídica da coisa;
Pela perda ou perecimento da coisa;
Pela compra de todas as partes por um possuidor (confusão).
Súmulas e enunciados da posse
S. 158 STF: Salvo estipulação contratual averbada no registro imobiliário, não responde o adquirente pelas benfeitorias do locatário.
S. 415 STF: Servidão de trânsito não titulada, mas tornada permanente, sobretudo pela natureza das obras realizadas, considera-se aparente, conferindo direito à proteção possessória.
S. 487 STF: Será deferida a posse a quem, evidentemente, tiver o domínio, se com base neste for ela disputada.
S. 445 TST: A indenização por frutos percebidos pela posse de má-fé, prevista no art. 1.216 do Código Civil, por tratar-se de regra afeta a direitos reais, mostra-se incompatível com o Direito do Trabalho, não sendo devida no caso de inadimplemento de verbas trabalhistas.
E. 76 JDC: O possuidor direto tem direito de defender a sua posse contra o indireto, e este, contra aquele.
E. 78 JDC: Tendo em vista a não-recepção pelo CC/02 da exceptio proprietatis (art. 1.210, § 2º) em caso de ausência de prova suficiente para embasar decisão liminar ou sentença final ancorada exclusivamente no ius possessionis, deverá o pedido ser indeferido e julgado improcedente, não obstante eventual alegação e demonstração de direito real sobre o bem litigioso. Obs.: quem detém somente o direito de propriedade, sem posse direta, não pode entrar com ação de manutenção, ou reintegração de posse.
E. 79 JDC: A exceptio proprietatis, como defesa oponível às ações possessórias típicas, foi abolida pelo CC/02, que estabeleceu a absoluta separação entre os juízos possessório e petitório. Obs.: alegação de propriedade pelo réu não impede a manutenção, ou a reintegração da posse pelo possuidor (réu não pode defender-se alegando propriedade).
E. 80 JDC: É inadmissível o direcionamento de demanda possessória ou ressarcitória contra terceiro possuidor de boa-fé, por ser parte passiva ilegítima diante do disposto no art. 1.212 do novo Código Civil. Contra o terceiro de boa-fé, cabe tão-somente a propositura de demanda de natureza real.
E. 81 JDC: O direito de retenção previsto no art. 1.219 do Código Civil, decorrente da realização de benfeitorias necessárias e úteis, também se aplica às acessões (construções e plantações) nas mesmas circunstâncias.
E. 236 JDC: Considera-se possuidor, para todos os efeitos legais, também a coletividade desprovida de personalidade jurídica.
E. 237 JDC: É cabível a modificação do título da posse – interversio possessionis – na hipótese em que o até então possuidor direto demonstrar ato exterior e inequívoco de oposição ao antigo possuidorindireto, tendo por efeito a caracterização do animus domini.
E. 238 JDC: Ainda que a ação possessória seja intentada além de “ano e dia” da turbação ou esbulho, e, em razão disso, tenha seu trâmite regido pelo procedimento ordinário (CPC, art. 924), nada impede que o juiz conceda a tutela possessória liminarmente, mediante antecipação de tutela, desde que presentes os requisitos autorizadores do art. 273, I ou II, bem como aqueles previstos no art. 461-A e parágrafos, todos do Código de Processo Civil.
E. 239 JDC: Na falta de demonstração inequívoca de posse que atenda à função social, deve-se utilizar a noção de “melhor posse”, com base nos critérios previstos no parágrafo único do art. 507 do Código Civil /1916 (fundada em justo título mais antiga atual sequestro).
E. 301 JDC: É possível a conversão da detenção em posse, desde que rompida a subordinação, na hipótese de exercício em nome próprio dos atos possessórios.
E. 302 JDC: Pode ser considerado justo título para a posse de boa-fé o ato jurídico capaz de transmitir a posse ad usucapionem conforme os costumes do lugar.
E. 303 JDC: Considera-se justo título, para a presunção relativa da boa-fé do possuidor, o justo motivo que lhe autoriza a aquisição derivada da posse, esteja ou não materializado em instrumento público ou particular. Compreensão na perspectiva da função social da posse.
E. 492 JDC: A posse constitui direito autônomo em relação à propriedade e deve expressar o aproveitamento dos bens para o alcance de interesses existenciais, econômicos e sociais merecedores de tutela.
E. 493 JDC: O detentor pode, no interesse do possuidor, exercer a autodefesa do bem sob seu poder.
E. 495 JDC: No desforço possessório, a expressão “contanto que o faça logo” deve ser entendida restritivamente, apenas como a reação imediata ao fato do esbulho ou da turbação, cabendo ao possuidor recorrer à via jurisdicional nas demais hipóteses.
E. 502 JDC: O conceito de posse direta referido no art. 1.240-A do Código Civil não coincide com a acepção empregada no art. 1.197 do mesmo Código.
E. 563 JDC: O reconhecimento da posse por parte do Poder Público competente anterior à sua legitimação nos termos da lei da Minha Casa Minha vida constitui título possessório.
E. 593 JDC: É indispensável o procedimento de demarcação urbana para regularização fundiária social de áreas não matriculadas no CRI, como requisito à emissão dos títulos de legitimação da posse e de domínio.
Direitos reais (art. 1.225 e segs.)
Direitos reais: São os direitos de propriedade.
Espécies de direitos reais:
Sobre coisa própria (jus in re propria): É o direito de propriedade (plena, condominial, fiduciária, e resolúvel), e o direito de laje.
Sobre coisa alheia (jus in re aliena): É o direito de usar, gozar, reaver ou adquirir uma propriedade alheia. Deriva do desdobramento da propriedade.
Espécies de direitos reais sobre coisa alheia:
Direitos de uso e fruição uso, usufruto, superfície, servidão e habitação.
Direitos de garantia penhor, hipoteca e anticrese.
Direito de aquisição contrato de promessa de compra e venda registrado.
Direito de interesse social uso especial de bem público para fins de moradia, e concessão de bem público para uso.
Características dos Direitos reais sobre coisa alheia:
Direito de sequela quem usa, ou frui pode exigir a propriedade de volta de terceiros, e inclusive do proprietário.
Direito de preferência (privilégio creditório) Existe só nos direitos reais de garantia (penhor, hipoteca e anticrese). O crédito com garantia real tem preferência sobre um crédito com garantia pessoal. Ex.: crédito com hipoteca tem preferência sobre crédito com fiança.
Tipicidade estão previstos em lei (não há direito real sem previsão legal).
Elasticidade Ao extinguirem-se, voltam dono da propriedade.
Publicidade Exigem registro para existir.
Obs.: Estas características tornam os direitos reais sobre coisa alheia mais fortes, poderosos e seguros que os direitos pessoais.
Princípios do direito real
Pcp. da publicidade (art. 1.227): Todo direito real imobiliário depende de registro para existir juridicamente (só quem registra é dono). Obs.: nenhum direito real imobiliário se presume.
Pcp. do absolutismo: Todo direito real imobiliário é exercido erga omnes (todos devem respeitá-lo), pois é registrado. Deriva do pcp. da publicidade, e dá origem ao direito de sequela.
Pcp. da aderência (art. 1.228, caput): Todo direito real está diretamente ligado ao seu proprietário, não dependendo de nenhum intermediário.
Pcp. da taxatividade: Só são direitos reais os previstos no rol taxativo art. 1225 do CC (numerus clausus).
Pcp. da tipicidade: Só existe direito real previsto em lei (art. 1.225 CC). Obs.: não existe direito real atípico (criados pela autonomia das partes).
Pcp. da perpetuidade: Em regra, todo direito real é perpétuo, não se extingue pelo não-uso, salvo quando a lei expressamente prever esta hipótese (ex.: art. 1.389 do CC que extingue a servidão pelo não uso).
Pcp. da exclusividade: Cada direito real tem um único proprietário, salvo em caso de condomínio.
Pcp. do desmembramento: Os direitos reais podem ser parcialmente transferidos, separando-se, temporariamente, do proprietário. Exemplo: concessão de usufruto.
Pcp. da consolidação: Em caso de morte do beneficiário, o direito real parcialmente transferido volta ao proprietário, não se transferindo a terceiros, salvo expressa disposição em contrário.
Propriedade (art. 1.228 e segs.)
Teorias sobre a origem da propriedade:
Teoria Subjetiva (Fustel de Coulanges): Se originou com a própria religião, cada família possuía (tinha como propriedade): um altar para adorar as divindades, e o solo onde enterravam seus antepassados.
Teoria Socio-econômica (Engels): A propriedade inicialmente pertencia a todos os membros das sociedades primitivas, pois as relações de parentesco eram coletivas, tornando-se privada no decorrer da história, com a formação das famílias monogâmicas e patriarcais, de onde também surgiu o direito de sucessão, as relações de parentesco passaram a ser particulares e econômicas, limitadas pelo matrimônio. Obs.: os filhos gerados fora do matrimônio, não eram reconhecidos e não tinham direito à herança, além disso, exigia-se fidelidade da mulher.
Teoria da Lei (Montesquieu): A propriedade surgiu com as leis Estatais, com o direito positivo.
Teoria Natural: A propriedade está na natureza material, sempre existiu, precede ao direito positivo. 
Teoria da Especificação, ou do trabalho: Diz que o proprietário é aquele que transformou a natureza (matéria bruta).
Teoria da Ocupação (ocupatio): A propriedade surgiu com a ocupação das coisas, quando não pertenciam a ninguém (res nullius).
Origem legal da propriedade: Surgiu em Roma com a Lei das 12 tábuas (tábua VI – da Propriedade e da posse). Na França em 1789: com a Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão durante a revolução francesa (art. 17). No Brasil com a Constituição do Império em 1824 (Art. 179, XXII). Obs.: A lei das 12 tábuas não definiu o conceito de propriedade.
Propriedade (proprietas, dominium, mancipium): É o direito de usar, gozar, dispor e reaver um bem (art. 1.228 CC). É um direito fundamental (art. 5º, XXII da CF). 
Espécies dos direitos de propriedade:
Direito de uso (“ius utendi”): Direito de usar o bem. Ex.: Morar na própria casa.
Direito de gozo, ou de fruição (“ius fruendi”): Direito de usar os frutos e produtos do bem. Ex.: Locar seu terreno.
Direito de disposição, ou de alienação (“ius abutendi, ou disponendi”): direito de alienar o bem. Ex.: Vender, dar ou trocar seu terreno.
Direito de reaver, ou de sequela (“reivindicatio”): Direito de exigir o bem de volta. Surge quando o proprietário tem seu bem injustamente tomado por outrem. Obs.: É exercido por ação reivindicatória contra possuidor injusto, de má-fé, ou mero detentor.
Características da Propriedade Jurídica:
Complexidade: É um direito complexo que confere 4 faculdades/poderes: Uso, gozo, disposição e possibilidadede reaver a coisa quando indevidamente tomada.
Absolutismo: Pode ser exercida contra todos (direito erga omnes: todos devem respeitá-la).
Perpetuidade: É imprescritível, e não decai, transferindo-se aos herdeiros.
Exclusividade: Em regra, tem apenas um proprietário, salvo em caso de condomínio.
Desdobramento pode ser cedida temporariamente (por prazo determinado, ou indeterminado).
Elasticidade: após extinta a cessão temporária, volta ao proprietário. Ex.: Aluguel do imóvel por 6 meses e posterior retomada.
Sujeitos da relação jurídica que envolve a propriedade:
Ativo: Proprietário.
Passivo: Todas as pessoas (indeterminado, até eventual lide concreta).
Objeto da propriedade: Qualquer bem apropriável, móvel ou imóvel, corpóreo ou incorpóreo (material ou imaterial).
Extensão da propriedade (art. 1.229):
No plano horizontal: Vai até a via, ou o terreno alheio. 
No plano vertical: Vai até a altura necessária para passar um avião (impede prédios perto de aeroportos), e até a profundidade necessária para passar um metrô.
Limitações à propriedade:
Legais: São previstas em lei.
Espécies de limitações legais:
Constitucionais: Protegem o interesse público constitucional. Ex.: Plano diretor e função social (arts. 5.º, XXIV, XXV, 182, 183, e 191 da CF).
Administrativas: São feitas por intervenção da Adm. Pública na propriedade privada. Exs.: Desapropriação, tombamento, urbanização, exploração dos minerais, e requisição.
Civis: Protegem interesse privados. Exs.: Direitos de vizinhança, usucapião, e desapropriação judicial.
Eleitorais: Garantem a realização das eleições (interesse público). Ex.: Resolução judicial de usar prédios particulares para funcionamento das mesas receptoras de votos, na falta de prédios públicos (art. 135, §§ 2º e 3º, e art. 137 do Código Eleitoral).
Ambientais visam preservar a flora, a fauna, as belezas naturais, e o equilíbrio ecológico.
Jurídicas: São impostas pelo juiz no caso concreto por sentença, ou interlocutória. Ex.: Sequestro, arresto, busca e apreensão, e desapropriação judicial.
Voluntárias: São feitas pelo próprio proprietário. Exs.: servidões, cláusulas de inalienabilidade, incomunicabilidade e impenhorabilidade.
Requisitos da desapropriação judicial (art. 1.228, §§4º e 5º):
Área extensa;
Posse ininterrupta e de boa-fé por + de 5 anos;
Considerável número de pessoas;
Realização de obras e serviços de relevante interesse social e econômico (assim considerados pelo juiz);
Pagamento de indenização justa;
Registro da sentença no cartório de registro de imóveis.
Uso nocivo da propriedade é vedado (art. 1.228, §2º).
RC do Proprietário por danos causados pela propriedade (arts. 937 e 938 do CC): É objetiva, independe de culpa.
Frutos e produtos da propriedade (art. 1.230 e 1.232) Em regra, pertencem ao proprietário (acessórios seguem o principal), salvo os recursos minerais (jazidas e minas), os potenciais hidráulicos, os monumentos arqueológicos e os demais bens previstos em leis especiais.
Recursos minerais de emprego imediato na construção civil podem ser explorados pelo proprietário, desde que, não submetidos à transformação industrial, obedecendo o disposto em lei especial (art. 1.230, §ú).
Presunção da propriedade (art. 1.231) presume-se relativamente que é plena e exclusiva.
Classificação da propriedade:
Quanto à extensão:
Plena, ou ilimitada: O proprietário possui todas as 4 faculdades.
Não-plena, ou limitada, ou restrita: O proprietário não possui todas as faculdades. Ex.: A propriedade cedida em usufruto, ou gravada de ônus real (ex.: penhorada).
Quanto à perpetuidade do domínio:
Perpétua: É plena desde sua aquisição.
Resolúvel: Depende condição ou termo para se tornar plena, podendo ser extinta. Ex.: Venda e compra com cláusula de retrovenda (direito de recompra).
Ações que defendem à propriedade:
Ação reivindicatória (única ação típica da propriedade): Visa reaver a propriedade injustamente tomada por outrem (protege o direito de sequela art. 1.228 CC/02). Obs.: Não se pode discutir posse nessa ação.
Ação negatória – nega direito real;
Ação confessória: reconhece direito real;
Ação declaratória - tira dúvidas concernentes ao domínio;
Ação de indenização – exige reparação por prejuízos causados;
Ação demarcatória - visa avivar rumos apagados;
Ação de dano infecto = protege contra dano iminente, derivado do mau uso da propriedade pelo vizinho;
Ação divisória – ação com fundamento na propriedade condominial;
Ação demolitória - objetiva a demolição de prédio em desrespeito às regras de vizinhança, deve ser a última ratio em razão de ser muito dispendiosa.
Súmulas e Enunciados da propriedade
Enunciado 49 JDC: Interpreta-se restritivamente a regra do art. 1.228, § 2º, do novo Código Civil, em harmonia com o princípio da função social da propriedade e com o disposto no art. 187.
Enunciado 82 JDC: É constitucional a modalidade aquisitiva de propriedade imóvel prevista nos §§ 4º e 5º do art. 1.228 do novo Código Civil.
Enunciado 83 JDC: Nas ações reivindicatórias propostas pelo Poder Público, não são aplicáveis as disposições constantes dos §§ 4º e 5º do art. 1.228 do novo Código Civil.
Enunciado 304 JDC: São aplicáveis as disposições dos §§ 4º e 5º do art. 1.228 do Código Civil às ações reivindicatórias relativas a bens públicos dominicais, mantido, parcialmente, o Enunciado 83 da I Jornada de Direito Civil, no que concerne às demais classificações dos bens públicos.
Enunciado 84 JDC: A defesa fundada no direito de aquisição com base no interesse social (art. 1.228, §§ 4º e 5º, do novo Código Civil) deve ser arguida pelos réus da ação reivindicatória, eles próprios responsáveis pelo pagamento da indenização.
Enunciado 305 JDC: Tendo em vista as disposições dos §§ 3º e 4º do art. 1.228 do Código Civil, o Ministério Público tem o poder-dever de atuar nas hipóteses de desapropriação, inclusive a indireta, que encerrem relevante interesse público, determinado pela natureza dos bens jurídicos envolvidos.
Enunciado 306 JDC: A situação descrita no § 4º do art. 1.228 do Código Civil enseja a improcedência do pedido reivindicatório.
Enunciado 307 JDC: Na desapropriação judicial (art. 1.228, § 4º), poderá o juiz determinar a intervenção dos órgãos públicos competentes para o licenciamento ambiental e urbanístico.
Enunciado 308 JDC: A justa indenização devida ao proprietário em caso de desapropriação judicial (art. 1.228, § 5º) somente deverá ser suportada pela Administração Pública no contexto das políticas públicas de reforma urbana ou agrária, em se tratando de possuidores de baixa renda e desde que tenha havido intervenção daquela nos termos da lei processual. Não sendo os possuidores de baixa renda, aplica-se a orientação do Enunciado 84 da I Jornada de Direito Civil.
Enunciado 309 JDC: O conceito de posse de boa-fé de que trata o art. 1.201 do Código Civil não se aplica ao instituto previsto no § 4º do art. 1.228.
Enunciado 496 JDC: O conteúdo do art. 1.228, §§ 4º e 5º, pode ser objeto de ação autônoma, não se restringindo à defesa em pretensões reivindicatórias.
Enunciado 503 JDC: É relativa a presunção de propriedade decorrente do registro imobiliário, ressalvado o sistema Torrens.
Enunciado 507 JDC: Na aplicação do princípio da função social da propriedade imobiliária rural, deve ser observada a cláusula aberta do § 1º do art. 1.228 do Código Civil, que, em consonância com o disposto no art. 5º, inc. XXIII, da Constituição de 1988, permite melhor objetivar a funcionalização mediante critérios de valoração centrados na primazia do trabalho.
Enunciado 508 JDC: Verificando-se que a sanção pecuniária mostrou-se ineficaz, a garantia fundamental da função social da propriedade (arts. 5º, XXIII, da CRFB e 1.228, § 1º, do CC) e a vedação ao abuso do direito (arts. 187 e 1.228, § 2º, do CC) justificam a exclusão do condômino antissocial, desde que a ulterior assembleia prevista na parte final do parágrafo único do art. 1.337 do Código Civil delibere apropositura de ação judicial com esse fim, asseguradas todas as garantias inerentes ao devido processo legal.
Súmula 84 STJ: admissível a oposição de embargos de terceiro fundados em alegação de posse advinda de compromisso de compra e venda de imóvel, ainda que desprovido do registro.
Súmula 496 STJ: Os registros de propriedade particular de imóveis situados em terrenos de marinha não são oponíveis à União.
Descoberta (art. 1.233 e segs.)
Descoberta (art. 1.233): É achar coisa perdida alheia, devendo devolvê-la.
Coisa perdida: É a coisa que tem proprietário, ou possuidor, que deve acha-la.
Direito de recompensa: É o direito de, no mínimo, 5% do valor da coisa perdida, e de indenização pelas despesas de conservação e transporte da coisa, se o dono não preferir abandoná-la.
Descobridor: É aquele que achou a coisa perdida, tem o dever de devolvê-la, e o direito de recompensa. Ele procurará o dono ou possuidor, e se não o encontrar, entregará a coisa à autoridade competente.
RC do descobridor: Responde pelos prejuízos que causar com dolo (RC subjetiva).
Divulgação: A autoridade dará conhecimento da descoberta através da imprensa e outros meios de informação, somente expedindo editais se o valor da coisa os comportar.
Venda (art. 1.237): Após 60 dias da divulgação, não aparecendo dono, a coisa será vendida em hasta pública, paga a recompensa ao descobridor, e o restante do valor obtido remetido ao município onde ela foi encontrada.
Bem de diminuto valor: O município poderá abandonar a coisa em benefício de quem a achou.
Aquisição de imóvel (art. 1.238 e segs.)
Aquisição de imóvel dá-se com o registro no cartório de imóveis da comarca do imóvel, ou através da acessão em imóvel registrado.
Espécies:
Originária Independe de proprietário anterior, não tem impostos anteriores, e é sempre plena. Exs.: registro da usucapião, e acessão em imóvel registrado. 
Derivada Depende de proprietário anterior, transfere eventuais impostos anteriores não-pagos, e poder não ser plena. Exs.: registro do contrato de compra do imóvel alheio, e desapropriação.
A título singular: Tem por objeto bens certos e determinados. Exs.: Usucapião, legado, testamento.
A título universal: Tem por objeto uma universalidade de bens não especificados. Exs.: Inventário, sucessão.
Registro de imóveis (Lei 6.015/73)
Registro: É a inscrição do ato jurídico que faz adquirir a propriedade no cartório de registro de imóveis da comarca do imóvel.
Natureza jurídica do registro imobiliário: É a única forma de adquirir a propriedade de um imóvel.
Cabimento tudo o que faz adquirir, transmitir, ou onerar propriedades pode ser registrado (dá-se nas hipóteses taxativas do art. 167, I da Lei dos Registros Públicos).
Espécies de registro:
Comum, ou administrativo: É o registro de imóveis, obrigatório, transfere domínio.
Torrens: É um registro rural especial dotado de presunção absoluta, feito no cartório de registro de imóveis, que transfere domínio (art. 277 LRP).
Rural (Lei 4504/64): É o registro rural comum, feito pelo INCRA, de caráter cadastral (art. 3º, §ú, lei 5.868), que não transfere domínio.
Especial de imóveis rurais adquiridos pelos estrangeiros (lei 5.709/71): É feito pelo cartório de registro de imóveis, e tem requisitos específicos.
Presunção de veracidade dos registros: Todo registro goza de presunção relativa (juris tantum), salvo o torrens, que goza de presunção absoluta.
Finalidades do registro: Visa conceder propriedades imóveis, garantir a regularidade tributária, e dar segurança jurídica formalizando os negócios jurídicos.
Características do registro:
Fé-pública: Presume-se relativamente que ele expressa a verdade;
Publicidade: É público, qualquer pessoa tem acesso a ele.
Obrigatoriedade: Não existe propriedade imóvel sem registro (quem não registra não é dono).
Sistemas de registro:
Alemão: O registro transfere propriedade e tem presunção absoluta de veracidade, independentemente de eventual contrato.
Francês: O contrato transfere propriedade.
Brasileiro: O registro transfere propriedade, porém, tem presunção relativa de veracidade, podendo ser anulado judicialmente em virtude de um contrato.
Imóveis com dívidas tributárias não podem ser transferidos.
Função do cartório de registro de imóveis: Organizar os registros de propriedade, e verificar a regularidade tributária dos imóveis. 
Livros do cartório de registro de imóveis:
Livro 1 – Protocolo registra os títulos prenotados.
Livro 2 – Registro geral registra as matrículas dos imóveis.
Livro 3 – Registro auxiliar registra as cédulas de crédito, as cédulas rurais, os penhores, as convenções de condomínio, as convenções antinupciais, os tombamentos etc. 
Livro 4 – Indicador real indica os imóveis do livro 2.
Livro 5 – Indicador pessoal indica as pessoas que figurem nos demais livros.
Livro de registro de aquisição de imóveis rurais por estrangeiros registra os imóveis adquiridos por estrangeiros.
Livro de registro das indisponibilidades registra a indisponibilidade dos bens de diretores e ex-administradores de instituições financeiras em intervenção ou liquidação extrajudicial.
Livros internos destinados à administração do trabalho do serventuário (serventia).
Averbação: É uma inscrição que atualiza o registro. 
Finalidade: evitar óbices. Ex.: citação nula, feita em endereço extinto.
Cabimento: tudo que altere a propriedade, o registro, ou o estado civil dos proprietários. Exs.: Mudança do nome da rua, do bairro, casamento, divórcio etc. 
Obrigatoriedade: alguns atos jurídicos exigem averbação para produzir efeitos.
Certidões do registro de imóveis:
Positiva: Atesta o número de imóveis da pessoa.
Negativa: Atesta que a pessoa não tem imóveis, exigida em algumas usucapiões.
Prenotação: É a inscrição prévia de um título de propriedade no cartório de registro de imóveis. 
Natureza jurídica: é considerada registro eficaz (equipara-se ao registro).
Efeito: Confere preferência ao título apresentado. 
Validade: Em regra, vale por 30 dias. 
Nota de devolução: É a devolução do título apresentado na prenotação para ser corrigido dentro do prazo de validade.
Matrícula: É o ato que individualiza o imóvel registrado, descrevendo toda sua história.
Finalidade da matrícula mostrar a real situação jurídica do imóvel.
Conteúdo da matrícula abrange o registro e as averbações.
Requisitos da matrícula (art. 176 LRP):
Data;
Identificação do imóvel: 
Rural CCIR + características + confrontações + localização + área em hectares.
Urbano características + confrontações + localização + área + número + designação cadastral (se houver).
Qualificação do proprietário;
Número do registro anterior.
Imóvel: É o solo, e tudo aquilo que lhe é natural (pela natureza), ou artificialmente (pelo homem) incorporado (art. 79 do CC).
Espécies de imóvel:
Simples: É único.
Composto: Resulta da fusão de 2 imóveis limítrofes.
Rural: É o destinado à exploração agrícola (Lei. 4.504/64). Obs.: a) É importante tal definição para fins de tributos, e de reforma agrária. b) o imóvel rural deve ser registrado no registro geral de imóveis (matrícula), e no INCRA (CCIR). c) o imóvel rural deve ter uma área de reserva legal de no mínimo 20% da vegetação nativa da propriedade, podendo chegar a 80% na Amazônia legal (lei 12.651/12), que deve ser registrada no CAR (Cadastro Ambiental Rural), ou averbada na matrícula do imóvel, sob pena de multa diária (art. 55 Decreto 6.514/08).
Urbano: é o que não é destinado à exploração agrícola.
Direito registral, ou notarial, ou imobiliário: Ramo jurídico que disciplina os registros e as averbações de imóveis (Lei dos registros públicos, nº 6.015/73).
Alterações do registro:
Retificação administrativa simples: É feita pelo registrador quando há omissão simples documentalmente comprovada, de ofício, ou a requerimento. Exs.: Erro do estado civil, grafia errada do nome, indicação errada do confrontante.
Retificação administrativa consensual: É feita pelo registrador com anuênciade todos os interessados. Ex.: Retificação consensual de área com anuência unânime de todos os confrontantes.
Retificação judicial: É feita pelo registrador à mando do juiz. Ex.: Retificação judicial de área com oposição do réu.
Cancelamento do registro: Dá-se pela vontade do proprietário, por determinação judicial, ou por requisição da adm. pública em virtude de ocupação indevida das terras públicas (lei 10.267/01), e resulta na extinção da matrícula.
Requisitos da aquisição de imóvel rural por estrangeiro (lei 5.709/71):
Ter CPF e residir no Brasil;
Limite de ¼ da superfície do Município onde se situe o imóvel;
As pessoas da mesma nacionalidade podem ter, no máximo, 10% da superfície do Município;
Não pode possuir outro imóvel no Brasil.
Obs.: a) As pessoas jurídicas internacionais só podem adquirir, ou arrendar imóveis rurais para o desenvolvimento de projetos ligados ao seu objeto social, com prévia aprovação do INCRA (art. 23, lei 8.629/93). b) imóvel rural com até 3 MEI (Módulo de Exploração Indefinida) independe de aprovação do INCRA acima de 3 até 50 MEI depende de aprovação do INCRA acima de 50 MEI depende de aprovação do CN. c) tais restrições atingem brasileiros casados com estrangeiros, e empresas brasileiras com capital estrangeiro.
Notário, tabelião, ou registrador é profissional do direito, dotado de fé pública, a quem é delegado o exercício de atividade notarial e de registro (art. 3º, lei 8.935/94).
Princípios do direito registral imobiliário
Pcp. da unitariedade: Cada imóvel tem uma única matrícula, e cada matrícula registra um único imóvel (art. 176, §1º LRP).
Pcp. da inscrição, ou do registro: Só se adquire um imóvel através do registro (quem não registra não é dono).
Pcp. da fé-pública: Presume-se relativamente que os assentos feitos no registro público são verdadeiros (art. 3º da Lei n.º 8.935/94).
Pcp. da publicidade: O imóvel registrado é oponível contra terceiros (erga omnes), pois o registro é disponível para consulta da população geral (art. 17 LRP).
Pcp. da prioridade objetiva: O primeiro que registrar é dono, em caso de duplicidade de registro sobre o mesmo imóvel (art. 192 LRP). Obs.: A prenotação tem eficácia de registro, logo: o primeiro que prenotar é dono (art. 191 LRP).
Pcp. da presunção: Presume-se relativamente que a propriedade pertence àquele que a registrou em primeiro lugar, deriva do pcp. da prioridade objetiva (art. 192 LRP).
Pcp. da especialidade: O imóvel deve ser perfeitamente individuado para ser registrado (art. 225 LRP). Obs.: Esse pcp. veda a descrição precária do imóvel.
Pcp. da continuidade, ou da causalidade: O adquirente deve ter uma relação negocial com o alienante, ou uma relação causal com o imóvel, para obter o registro (art. 195 LRP). Ex.: O imóvel deve advir de um contrato de compra e venda, ou da usucapião. Obs.: Veda a ruptura da cadeia dominial cronológica, de molde que a propriedade só passará de um proprietário a outro. 
Pcp. da instância: O registrador não pode registrar de ofício, depende de requerimento do legítimo interessado, ainda que verbal (art. 13 da LRP).
Pcp. da legalidade: Só pode ser registrado aquilo que a lei expressamente (taxativamente) permite (art. 167, I, rol taxativo da LRP).
Pcp. da legitimidade: Exige legitimidade do interessado: 1º) direito real de propriedade; e 2º) capacidade civil (art. 55 da LRP).
Pcp. da territorialidade: O registro deve ser feito na comarca de localização do imóvel (art. 169 LRP).
Pcp. da obrigatoriedade: O registro é indispensável para a aquisição do imóvel (art. 1245, §1º do CC/02).
Usucapião (arts. 1.238 e segs.)
Usucapião (usucapio usus + capere = aquisição pelo uso): É a aquisição da propriedade pela posse prolongada, incontestada e ininterrupta.
Elementos da usucapião:
Objetivo: é a posse prolongada (varia de 5 a 15 anos).
Subjetivo: é a vontade de ser dono (animus domini).
Natureza Jurídica: É uma forma de aquisição originária de propriedade, e uma prescrição aquisitiva.
Requisitos da Usucapião:
Capacidade civil;
Res habilis: coisa disponível.
Possessio: Posse justa, prolongada, ininterrupta, e incontestada (mansa e pacífica: sem oposição do proprietário que permaneceu inerte).
Animus Domini: intenção de ter a coisa como própria (não pode ser mero detentor, nem locatário, nem inquilino, nem comodatário);
Tempus: A coisa é adquirida pelo tempo (de 5 a 15 anos), e não por vontade de outra pessoa (logo, ela não precisa ter um proprietário anterior registrado no cartório).
Declaração: Reconhecimento da usucapião pelo juiz, ou pelo registrador.
Registro: registrar a sentença, ou a ata notarial que declarar a usucapião (quem não registra, não é dono).
Justus titulus: Ter adquirido a posse por um título justo. Só é exigido na usucapião ordinária. Ex.: Contrato de promessa de compra e venda.
Bona Fides: Boa-fé (desconhecimento de vícios possessórios). Só é exigida na usucapião ordinária. 
Oitiva do MP na ação de usucapião.
Espécies de usucapião:
De imóvel: Faz adquirir uma propriedade imóvel.
Espécies de usucapião de imóvel:
Extraordinária (art. 1.238): Tem prazo de 15 anos, sem exigências, nem limites. Obs.: Diminui de 15 para 10 anos se for usada para moradia, ou, alternativamente, houver obras, ou serviços produtivos.
Ordinária (art. 1242): Tem prazo de 10 anos, não tem limites, e é a única que exige justo título e boa-fé. Obs.: Diminui de 10 para 5 anos se for onerosa, e, cumulativamente, for usada para moradia, ou houver investimentos.
Indígena (art. 33 do Estatuto do Índio): Tem prazo de 10 anos, limite de até 50 hectares, e requisito pessoal específico de ser índio (aculturado, ou não).
Rural, ou pro labore (art. 1.239): Tem prazo de 5 anos, limite de até 50 hectares (500.000 m²), exige uso para moradia, e não ter outro imóvel.
Coletiva (art. 10, Estatuto da Cidade): Tem prazo de 5 anos, a área maior que 250 m² (ex.: 251 m²), exige uso para moradia, baixa renda, e não ter outro imóvel. Obs.: Em regra, cada possuidor receberá igual fração ideal do terreno, salvo acordo escrito entre eles (art. 9º, §3º do EC).
Urbana, ou pro misero (art. 1.240): Tem prazo de 2 anos, limite de 250 m², exige uso para moradia, e não ter outro imóvel. 
Familiar (art. 1.240-A): Tem prazo de 2 anos, limite de 250m², exige que o cônjuge tenha abandonado o lar, uso para moradia, e não ter outro imóvel.
Judicial: É reconhecida pelo juiz, basta preencher os requisitos legais.
Extrajudicial (art. 216-A da LRP, adicionado pelo NCPC): É reconhecida pelo registrador, além dos requisitos legais, deverá preencher os seguintes:
Requisitos específicos da usucapião extrajudicial: 1) advogado; 2) ata notarial; 3) planta e memorial assinado por técnico, e pelos titulares do imóvel usucapiendo, que caso não se manifestem em 15 dias, contados da notificação, presume-se que concordaram (concordância tácita); 4) justo título; 5) certidão negativa do imóvel.
De bem móvel: Faz adquirir propriedade móvel.
Ordinária (art. 1.260): Tem prazo de 3 anos, exige justo título e boa-fé.
Extraordinária (art. 1.261): Tem prazo de 5 anos, independe de justo título ou boa-fé.
Teorias da usucapião:
Objetiva: A destinação econômica transfere a propriedade, devido à função social.
Subjetiva: Quando alguém permite uma posse por tanto tempo, presume-se que renunciou à sua propriedade.
Fundamento legal da usucapião: Função social da propriedade.
Finalidade da usucapião: Beneficiar quem usa a coisa para viver e trabalhar, em detrimento do proprietário inerte (dormientibus non sucurrit jus).
Soma da posse é admitida para fins de usucapião (art. 1.243).
Súmulas e Enunciados da usucapião
Enunciado 85 JDC: Para efeitos do art. 1.240, caput, do novo Código Civil, entende-se por "área urbana" o imóvel edificado ou não, inclusive unidades autônomas vinculadas a condomínios edilícios.
Enunciado 86 JDC: A expressão justo título, contida nos arts. 1.242 e 1.260 do CC, abrange todo e qualquer ato jurídico hábil, em tese, a transferir a propriedade, independentementedo registro.
Enunciado 312 JDC: Observado o teto constitucional, a fixação da área máxima para fins de usucapião especial rural levará em consideração o módulo rural e a atividade agrária regionalizada.
Enunciado 313 JDC: Quando a posse ocorre sobre área superior aos limites legais, não é possível a aquisição pela via da usucapião especial, ainda que o pedido restrinja a dimensão do que se quer usucapir.
Enunciado 314 JDC: Para os efeitos do art. 1.240, não se deve computar, para fins de limite de metragem máxima, a extensão compreendida pela fração ideal correspondente à área comum.
Enunciado 315 JDC: O art. 1.241 do Código Civil permite ao possuidor que figurar como réu em ação reivindicatória ou possessória formular pedido contraposto e postular ao juiz seja declarada adquirida, mediante usucapião, a propriedade imóvel, valendo a sentença como instrumento para registro imobiliário, ressalvados eventuais interesses de confinantes e terceiros.
Enunciado 317 JDC: A accessio possessionis de que trata o art. 1.243, primeira parte, do Código Civil não encontra aplicabilidade relativamente aos arts. 1.239 e 1.240 do mesmo diploma legal, em face da normatividade do usucapião constitucional urbano e rural, arts. 183 e 191, respectivamente.
Enunciado 497 da JDC: O prazo, na ação de usucapião, pode ser completado no curso do processo, ressalvadas as hipóteses de má-fé processual do autor.
Enunciado 498 JDC: A fluência do prazo de 2 (dois) anos previsto pelo art. 1.240-A para a nova modalidade de usucapião nele contemplada tem início com a entrada em vigor da Lei n. 12.424/2011.
Enunciado 500 JDC: A modalidade de usucapião prevista no art. 1.240-A do Código Civil pressupõe a propriedade comum do casal e compreende todas as formas de família ou entidades familiares, inclusive homoafetivas.
Enunciado 501 JDC: As expressões “ex-cônjuge” e “ex-companheiro”, contidas no art. 1.240-A do Código Civil, correspondem à situação fática da separação, independentemente de divórcio.
Enunciado 502 JDC: O conceito de posse direta referido no art. 1.240-A do Código Civil não coincide com a acepção empregada no art. 1.197 do mesmo Código.
Enunciado 564 JDC: As normas relativas à usucapião extraordinária (art. 1.238, caput, CC) e à usucapião ordinária (art. 1.242, caput, CC), por estabelecerem redução de prazo em benefício do possuidor, têm aplicação imediata, não incidindo o disposto no art. 2.028 do Código Civil.
Enunciado 569 JDC: No caso do art. 1.242, § ú, a usucapião, como matéria de defesa, prescinde do ajuizamento da ação de usucapião, visto que, nessa hipótese, o usucapiente já é o titular do imóvel no registro.
Enunciado 594 JDC: É possível adquirir a propriedade de área menor do que o módulo rural estabelecido para a região, por meio da usucapião especial rural.
Enunciado 595 JDC: O requisito 'abandono do lar' deve ser interpretado na ótica do instituto da usucapião familiar como abandono voluntário da posse do imóvel somado à ausência da tutela da família, não importando em averiguação da culpa pelo fim do casamento ou união estável. Revogado o Enunciado 499.
Súmula 11 STJ: A presença da União ou de qualquer de seus entes, na ação de usucapião especial, não afasta a competência do foro da situação do imóvel.
Súmula 119 STJ: A ação de desapropriação indireta prescreve em vinte anos.
Súmula 237 STF: O usucapião pode ser arguido em defesa.
Súmula 263 STF: O possuidor deve ser citado pessoalmente para a ação de usucapião.
Súmula 340 STF: Desde a vigência do Código Civil, os bens dominicais, como os demais bens públicos, não podem ser adquiridos por usucapião.
Súmula 391 STF: O confinante certo deve ser citado, pessoalmente, para a ação de usucapião.
Registro do título (art. 1.245 e segs.)
Registro do título é o registro do contrato que transfere o imóvel.
Natureza jurídica: modo derivado de aquisição de propriedade.
Forma exige escritura pública quando o valor for superior a 30 salários mínimos (art. 108 do CC). Obs.: a) o valor atribuído pelas partes contratantes (E. 289 JDC). b) a mera escritura lavrada não transfere a propriedade, somente o registro (art. 1.245, §1º).
Eficácia do título inicia com o registro.
Presunção de veracidade do registro é relativa, admite prova em contrário (art. 1.247).
Cancelamento do registro permite ao proprietário anterior reivindicar o imóvel, independentemente da boa-fé ou título do adquirente (art. 1.247, §ú).
Acessão (art. 1.248 e segs.)
Acessão (art. 1.248): É qualquer acréscimo natural, ou artificial feito em imóvel registrado.
Natureza jurídica: É um modo originário de aquisição de propriedade imóvel que dispensa um novo registro.
Espécies de acessão:
Natural: É feito pela natureza.
Espécies de acessão natural:
Formação de ilhas: É o acúmulo paulatino, distante das margens, de materiais levados pela correnteza, ou o aparecimento de parte do rio, distante das margens, em virtude de rebaixamento de águas. Obs.: a) As ilhas pertencem ao dono do imóvel ribeirinho nos limites da linha média (que imaginariamente divide o leito do rio no meio), e da testada (fronteira com outros imóveis). b) álveo é o leito do rio. c) em regra, os rios são públicos, apenas os rios não-navegáveis são privados (aqueles estreitos, onde não passam grandes embarcações). Exs.: córregos, riachos.
Aluvião: É o acréscimo paulatino de materiais nas margens de um rio. Obs.: A aluvião pertence ao dono do imóvel marginal.
Espécies de aluvião:
Própria: Deriva de depósitos e aterros naturais.
Imprópria: Deriva do desvio/afastamento das águas, que descobre parte das margens.
Avulsão: É o acréscimo repentino de terra alheia em terreno próprio, em virtude de força natural violenta (ex. tempestade, terremoto). Obs.: Em regra, deve ser indenizada ao proprietário originário, salvo se ele não reclamar indenização em 1 ano (prazo decadencial), e se não quiser indenizar deve deixar o dono tirar.
Álveo abandonado: Ocorre quando o leito do rio seca. Dá-se a mesma solução das ilhas.
Artificial: É feito pelo homem. Obs.: Presumem-se relativamente feitas pelo proprietário. 
Espécies de acessão artificial:
Construções: Toda obra realizada no imóvel que cria coisa nova. Ex.: construção de um prédio num terreno vazio.
Plantação: Tudo que o homem planta no terreno. Ex.: plantação de café.
Obs.: A semeadura também é forma de aquisição de propriedade das sementes, devendo pagar seu valor ao proprietário originário.
Terreno próprio com material alheio:
Boa-fé: adquire a propriedade, devendo reembolsar o valor do material;
Má-fé: adquire a propriedade, devendo reembolsar e indenizar eventuais perdas e danos.
Terreno alheio com material próprio:
a) Boa-fé: Tem direito de reembolso.
b) Má-fé: Perde os materiais.
Má-fé recíproca: O proprietário do terreno adquire as acessões, porém, deve reembolsar e indenizar. Obs.: presume-se a má-fé do proprietário se a acessão foi feita em sua presença e sem impugnação.
Invasão parcial de terreno alheio de boa-fé: 
Até 20%: Adquire a propriedade e deve reembolsar.
+ de 20%: Adquire a propriedade, deve reembolsar, e indenizar.
Invasão parcial de terreno alheio com má-fé: 
Até 20%: Em regra, não adquire propriedade, devendo demolir, salvo se não puder demolir para proteger terceiro de boa-fé, e o valor da construção exceder consideravelmente a parte que invadiu, e eventual demolição trouxer grave prejuízo para a construção, caso em que, deverá pagar perdas e danos em décuplo (10x).
+ de 20%: Deve demolir, e pagar perdas e danos em dobro.
Acessão inversa: Se a construção, ou a plantação em terreno alheio, feita de boa-fé, exceder consideravelmente o valor do terreno, o dono da construção torna-se dono do terreno, devendo pagar seu valor ao proprietário originário, através de acordo, ou a indenização fixada judicialmente. 
Enunciado 318 JDC: O direito à aquisição da propriedade do solo em favor do construtor de má-fé (art. 1.258, parágrafo único) somente é viável quando, além dos requisitos explícitos previstos em lei, houvernecessidade de proteger terceiros de boa-fé
Aquisição de móvel (art. 1.260 e segs.)
Aquisição de móvel dá-se com o porte da coisa, desde que, não pertença a outrem.
Espécies de aquisição de móvel:
Originária: Independe de outra pessoa. Ex.: ocupação, achado do tesouro, usucapião e especificação de coisa própria.
Derivada: Depende de outrem. Ex.: tradição, especificação em coisa alheia feita com boa-fé, confusão, comistão e adjunção.
Aquisição de móvel através de contrato dá-se c/a tradição (art. 1.226).
Aquisição de veículo automotor depende de registro no DETRAN.
Aquisição de aeronave depende de registro na Aeronáutica.
Aquisição de embarcação depende de registro na Marinha.
Ocupação: É pegar para si coisa de ninguém (res nullius), ou coisa abandonada (res derelictae).
Achado do tesouro: é pegar para si coisas preciosas, antigas, escondidas, e de dono desconhecido. Obs.: a) se achar em imóvel alheio, autorizado, o proprietário do prédio tem direito à metade (o enfiteuta também). b) se achar em imóvel alheio, sem autorização, perde tudo. c) se achar, tendo sido contratado para isso, deverá entregar ao contratante.
Usucapião: é a aquisição da propriedade pela posse prolongada, incontestada e ininterrupta.
Especificação: É a transformação de matéria-prima em coisa nova. 
Espécies de especificação:
De coisa própria sempre faz adquirir a propriedade da coisa nova.
De coisa alheia:
Com boa-fé: Adquire a propriedade da coisa nova, devendo reembolsar o valor da matéria-prima alheia.
Com má-fé: Perde a propriedade da coisa nova, ainda que ela valia mais que a matéria-prima.
Obs.: Quando a coisa nova tem valor econômico maior que a matéria-prima, ela torna-se principal.
Especificador: é o criador de coisa nova.
Tradição: É a entrega do bem móvel pelo proprietário a outrem, em virtude de um contrato válido. Obs.: A tradição também pode ser realizada pelo juiz, pelo leiloeiro, e pelo consignatário. 
Espécies de tradição:
Real: É a entrega do bem móvel.
Ficta: Ocorre quando o novo proprietário já achava-se na posse direta do bem móvel (traditio brevi manu), ou quando o vendedor continua na posse direta do bem móvel (cláusula constituti).
Simbólica: É a entrega de um símbolo que representa o bem móvel. Ex.: da chaves do carro.
Confusão: É a mistura de coisas líquidas. Ex.: suco.
Comistão: É a mistura de coisas sólidas. Ex.: bolo.
Adjunção: É a justaposição de uma coisa sobre outra. Exs.: sola colada no sapado, peça soldada num portão, diamante incrustado num anel.
Regras da confusão, comistão e da adjunção:
Se puderem ser separadas pertencerão a seus respectivos donos;
Se não puderem ser separadas surgirá um condomínio forçado (propriedade solidária);
Se uma coisa puder ser considerada principal (ex.: diamante em relação ao anel), o dono dela será dono do todo, e deverá reembolsar os demais.
Se forem feitas de má-fé, a outra parte pode adquirir a propriedade do todo, pagando o que não for seu, ou renunciar e exigir indenização.
Perda da propriedade (art. 1.275 e segs.)
Perda da propriedade: Em regra, dá-se pelas mesmas formas de aquisição, pois enquanto uns adquirem outros perdem.
Formas de perda da propriedade (art. 1.275, com rol exemplificativo):
Alienação transferência;
Renúncia vontade expressa de se desfazer da coisa;
Abandono conduta tácita de se desfazer da coisa;
Perecimento da coisa destruição (não há direito sem objeto);
Desapropriação perda para o Poder Público;
Processo de execução perda involuntária, à mando do juiz, que resulta no leilão, ou na adjudicação da coisa.
Morte transferência automática para credores e herdeiros;
Usucapião perda pelo tempo;
Condição, ou termo resolutivos perda de propriedade resolúvel;
Dissolução do casamento divórcio, se houver bens.
Obs.: a perda da propriedade imóvel depende do cancelamento do registro.
Presunção relativa de abandono do imóvel dá-se quando o proprietário não exerce posse, nem paga os impostos do imóvel (art. 1.276, §2º).
Imóvel urbano abandonado: Será declarado vago, e em 3 anos passará ao domínio do Município, ou do DF.
Imóvel rural abandonado: Será declarado vago, e em 3 anos passará ao domínio da União.
E. 242 JDC: A aplicação do art. 1.276 depende do devido processo legal, em que seja assegurado ao interessado demonstrar a não-cessação da posse.
E. 243 JDC: A presunção de que trata o § 2º do art. 1.276 não pode ser interpretada de modo a contrariar a norma-princípio do art. 150, inc. IV, da Constituição da República (o tributo não pode ser usado com efeito de confisco).
E. 316 JDC: Eventual ação judicial de abandono de imóvel, caso procedente, impede o sucesso de demanda petitória.
E. 565 JDC: Não ocorre a perda da propriedade por abandono de resíduos sólidos, que são considerados bens socioambientais, nos termos da Lei n. 12.305/2012.
E. 597 JDC: A posse impeditiva da arrecadação, prevista no art. 1.276 do Código Civil, é efetiva e qualificada por sua função social.
Direito de vizinhança (art. 1.277 e segs.)
Direito de vizinhança: São regras de convivência entre prédios próximos, limítrofes ou não.
Finalidade do d. de v.: Limitar a propriedade para viabilizar a convivência social harmônica.
Natureza jurídica: É um direito real (limite legal ao direito de propriedade imóvel).
Características do d. de v.:
Contém normas recíprocas (o que um vizinho não pode fazer, o outro também não);
As obrigações do vizinho são propter rem (da própria coisa), logo, quem quer que possuí-la deverá cumpri-las. Exs.: proprietário, possuidor, inquilino, empregado etc.
Vizinho: É o proprietário, ou possuidor da propriedade próxima (no mesmo quarteirão, ou bairro).
Uso anormal da propriedade: É o mau uso da propriedade que prejudica a saúde, a segurança, e/ou o sossego do vizinho (uso nocivo intolerável da propriedade). Ex.: cachorro latindo, fumaça, esgoto, árvore que ameaça cair. Obs.: O vizinho poderá fazer cessar, e terá direito a uma indenização por eventuais perdas e danos.
Segurança: Integridade física do vizinho. Ex.: perigo de desabamento, ruína.
Sossego: Integridade psíquica do vizinho. Exs.: barulhos, cheiros, sons e luz excessivos.
Saúde: Integridade física do vizinho. Exs.: fumaça excessiva, poluição.
Uso nocivo tolerável: É o realizado por motivos de interesse público. Ex.: hospital que emite fumaça, escola que faz barulho. Obs.: Os vizinhos terão que aguentar (não podem fazer cessar), mas terão direito a uma indenização cabal (sem perdas e danos).
Possíveis reduções ou eliminações das interferências do vizinho: Devem ser realizadas, ainda que autorizadas por decisão judicial. Ex.: colocação de filtro em chaminé.
Espécies de atos nocivos à propriedade:
Ilegais: São os atos ilícitos strito sensu. Ex.: invasão de domicílio.
Abusivos: São atos lícitos, com efeitos ilícitos, devido ao excesso. Ex.: excesso de barulho por som muito alto.
Lesivos: São atos lícitos, com efeito lícitos, que causam danos ao vizinho. Ex.: indústria cuja fuligem polui o ambiente, barulho de cachorro do canil, barulho de sirene de ambulância, barulho de escola infantil.
Sanções ao infrator:
Indenização por perdas e danos causados pelo inconveniente intolerável;
Obrigação de fazer cessar o inconveniente intolerável, sob pena de multas diárias (astreintes);
Prestação de caução ao vizinho, caso exista risco de dano iminente, ou de eventual prejuízo (o vizinho ameaçado tem direito de exigi-la).
Obs.: Inconvenientes toleráveis serão cabalmente indenizados (sem perdas e danos).
Teoria/critério da pré-ocupação: O primeiro que constrói deve ser respeitado. Exs.: a) se alguém construir uma casa perto de uma boate pré-existente, não poderá pedir para fechá-la em virtude do barulho, pois sabia de sua existência; b) se for morar perto de um canil pré-existente, deverá aguentar a cachorrada. Obs.: O juiz pode mandar que o estabelecimento pré-existente diminua os prejuízos causados por sua propriedade. Ex.: instale um filtro na chaminé dafábrica.
Teoria/critério da destinação do bairro: Se um bairro for residencial, é vedado construir um comércio, ou uma indústria nele.
Ações típicas do d. de vizinhança: Ações de dano infecto que coíbem o mau uso da propriedade.
Regra geral do d. de v.: O direito de 1 vizinho termina onde começa o do outro.
Árvores limítrofes: Pertence aos 2 vizinhos (condomínio forçado).
Frutos das árvores: O vizinho tem direito aos frutos que caírem naturalmente em seu imóvel (não pode derrubar os frutos). Obs.: Se os frutos caírem em via pública, pertencem ao dono da árvore.
Árvore que está num terreno, porém, seus galhos passam para o outro terreno: o vizinho tem direito de cortar os galhos que invadirem seu imóvel (“justiça com as próprias mãos”, ou autotutela). 
Passagem forçada: É o direito do dono do prédio encravado (sem saída, ou com saída precária), de pagar (indenizar cabalmente) para passar pelo terreno vizinho, com o fim de ter acesso à via pública. É onerosa. É um ato lícito, que causa um dano, que deve ser cabalmente indenizado por exigência do art. 1.285 do CC. Obs.: a) O proprietário do prédio encravado, além de pagar a indenização, tem o dever de conservar o caminho. b) se o prédio tem saída, mas o proprietário quer passar pelo outro, deverá pedir uma servidão de trânsito ao vizinho (consensual). c) se o vizinho der causa a um encravamento artificial, deverá dar nova passagem. d) quem comprar prédio que dê passagem deverá tolerá-la; e) a passagem mais fácil será realizada (no imóvel que sofrer o menor constrangimento).
Enunciado 88 JDC: O direito de passagem forçada, previsto no art. 1.285 do CC, também é garantido nos casos em que o acesso à via pública for insuficiente ou inadequado, consideradas, inclusive, as necessidades de exploração econômica.
Passagem de cabos, tubulações e outros condutos de utilidade pública: É uma obrigação de tolerar do vizinho, mediante indenização cabal, quando de outro modo for impossível, ou excessivamente oneroso. Obs.: Se a passagem oferecer risco, o dono do prédio onerado poderá exigir a realização de obras de segurança.
Das águas: O dono do prédio inferior é obrigado a receber as águas que naturalmente correm do prédio superior, e suportar os danos naturais. Obs.: a) Se forem artificiais, pode exigir que sejam desviadas, cabendo indenização por danos. b) O proprietário tem direito de fazer uma barragem para aproveitar a água, nos limites de seu consumo. c) é permitido construir canais através de prédios alheios para receber água a que tenha direito para consumo (aquedutos), mediante indenização (inclusive de danos futuros). d) poluição é vedada. e) o dono do imóvel atravessado pode construir sobre o aqueduto, e todos podem canalizá-lo, indenizando o dono. f) o proprietário prejudicado tem direito de exigir que a canalização seja subterrânea.
Enunciado 244 JDC: O art. 1.291 deve ser interpretado conforme a Constituição, não sendo facultada a poluição das águas, quer sejam essenciais ou não às primeiras necessidades da vida.
Enunciado 245 JDC: Embora omisso acerca da possibilidade de canalização forçada de águas por prédios alheios, para fins industriais ou agrícolas, o art. 1.293 não exclui a possibilidade da canalização forçada pelo vizinho, com prévia indenização aos proprietários prejudicados.
Enunciado 598 JDC: Na redação do art. 1.293, "agricultura e indústria" não são apenas qualificadores do prejuízo que pode ser causado pelo aqueduto, mas também finalidades que podem justificar sua construção.
Limites entre prédios: O proprietário tem direito de tapagem (construir cercas/muros/grades/valas), que se forem limítrofes (meação), o vizinho deverá pagar a metade (pode ser exigido judicialmente).
Espécies de tapumes (cercas, valas, muros):
Divisórios: Estão na linha divisória e pertencem a ambos os proprietários dos prédios limítrofes (condomínio forçado presunção juris tantum), que deverão dividir as despesas. Obs.: toda meação só pode ser cortada, ou destruída de comum acordo. Ex.: árvore.
Especiais: Vedam a passagem de animais pequenos ao prédio vizinho, o dono dos animais deve arcar com as despesas sozinho (obs.: quem construiu pode exigir dele o valor).
Comuns: Não estão na linha divisória, e pertencem a um único proprietário.
Limites confusos: Serão delimitados pela posse justa pela divisão isonômica pela adjudicação a um dos proprietários, mediante indenização ao outro.
Direito de construir: O proprietário é livre para construir com autorização do Município, sendo vedado:
Despejar águas diretamente no prédio vizinho (goteirar);
Abrir janela a menos de 1,5 metro do prédio vizinho (eirado, terraço ou varanda);
Construir a menos de 3 metros do prédio vizinho, caso o imóvel for rural;
É ilícito encostar fornos, chaminés, fogões, e qualquer coisa capaz de produzir infiltrações ou de prejudicar o vizinho, na parede divisória (salvo fogões de cozinha, e chaminés ordinárias);
Se altear a parede divisória, suportará todos os custos, salvo se o vizinho quiser adquirir a metade;
É ilícito construir obra capaz de poluir, ou inutilizar a água. Ex.: fossa.
É ilícito fazer obras arriscadas sem obras acautelatórias.
Obs.: a) O proprietário tem ano e dia para exigir que se desfaça janelas indevidas ou goteiras sobre seu prédio, sob pena de decadência. b) O vizinho tem direito de subir o muro, ainda que vede a claridade da janela feita a menos de 1,5 m., a qualquer tempo (para preservar sua intimidade e privacidade).
Súmula 120 STF: Parede de tijolos de vidro translúcido pode ser levantada a menos de metro e meio do prédio vizinho, não importando servidão sobre ele.
Súmula 414 STF: Não se distingue a visão direta da oblíqua na proibição de abrir janela, ou fazer terraço, eirado, ou varanda, a menos de metro e meio do prédio de outrem.
Direito de travejar ou madeirar: Em casas alinhadas, pode-se construir apoiando-se na parede do vizinho, desde que, avise-o previamente, e indenize a metade do valor da parede e do chão. Obs.: a) Deverá ser prestada caução se houver risco. b) não poderá fazer armários, sem o consentimento do vizinho, se já houver outro do lado oposto da parede-meia.
Obrigação de tolerar a entrada do vizinho, mediante prévio aviso: Ocorre para reparos, construções e limpezas necessárias, e para pegar coisas de volta casualmente, inclusive animais. Obs.: a) Se acarretar dano, o vizinho que entrou deverá indenizar. b) o vizinho pode devolver as coisas e animais, sem precisar permitir que o outro entre em seu prédio. c) se as coisas caírem no prédio vizinho continuamente configura violação do sossego do vizinho (uso anormal da propriedade).
RC por danos causados pela construção indevida: É objetiva do proprietário do prédio, independentemente de obras acautelatórias (obrigatórias para realizar obras arriscadas).
Construção indevida: Deverá ser demolida.
Vizinhança de coisa tombada: É vedado obstruir-lhe a visibilidade, ou nela colocar anúncios ou cartazes, sob pena de retirar, descontruir, e ser multado em 50% do valor do objeto, salvo se o SPHAN autorizar (art. 18, DL n. 25/37).
Vizinhança de edifício: É vedado obstruir o uso das coisas comuns, e causar dano ou incômodo aos demais condôminos ou moradores (art. 19, lei 4.591).
Enunciado 319 JDC: A condução e a solução das causas envolvendo conflitos de vizinhança devem guardar estreita sintonia com os princípios constitucionais da intimidade, da inviolabilidade da vida privada e da proteção ao meio ambiente.
Condomínio geral (art. 1.314 e segs.)
Condomínio geral: É a sujeição de uma coisa à propriedade simultânea e concorrente de mais de uma pessoa.
NJ: Direito real sobre coisa própria (propriedade não-exclusiva).
Características:
Simultaneidade: Todos os condôminos exercem os 4 direitos de propriedade ao mesmo tempo;
Concorrência (uso de todos): Todos os condôminos podem usar a coisa toda;
Não-exclusividade (pluralidade de proprietários): É uma propriedade com mais de 1 dono (exceção à regra da exclusividade da propriedade denominado materdiscordiarum: mãe da discórdia);
Limitação: A propriedade é limitada (não-plena), pois cada condômino deve respeitar a vontade dos outros;
Fração ideal: Cada condômino, em regra, tem uma parte ideal igualitária (presunção juris tantum), salvo expressa disposição em contrário no contrato. Ex.: Se forem 2 donos, cada um terá uma metade igual.
Transitoriedade: Pode ser extinto a qualquer tempo, pela vontade isolada de qualquer condômino.
Divisibilidade: 
Os condomínios voluntários, em regra, são divisíveis, eventual indivisibilidade não poderá ultrapassar 5 anos;
Os condomínios necessários são indivisíveis, devendo ser vendidos totalmente.
Obs.: a) O limite para divisão de uma propriedade urbana é de 125m² de área, e 5 m. de frente (art. 4º, II da lei 6.766/79); b) A FMP (fração mínima de parcelamento) de uma propriedade rural é, em regra, de 2 hectares (20.000 m²) c) Há situações que permitem a formação de unidades menores à FMP: 1) para anexar-se a outro imóvel rural confrontante; 2) quando o interessado enquadrar-se como agricultor familiar; 3) quando o imóvel rural estiver no perímetro urbano do Município.
Objeto do condomínio bens móveis e imóveis.
Comunhão: É qualquer direito comum (com mais de 1 dono, ex.: direito de educar os filhos). Obs.: Condomínio é espécie de comunhão.
Direitos dos condôminos:
De propriedade (usar, gozar, dispor e reaver, sem prejudicar os demais condôminos).
De preferência: O condômino tem preferência na aquisição do condomínio indivisível, em condições iguais a de terceiros (art. 504).
De uso livre da coisa conforme sua destinação (ex.: rancho para lazer; casa para moradia; venda para comércio etc.), e nos limites dos direitos dos demais condôminos, resolvendo-se impasses por voto (obs.: se um condômino usar totalmente a coisa, os outros poderão exigir dele aluguel);
De defesa da coisa (pode ingressar com qualquer ação para defender sua propriedade ou posse condominial);
De posse (jus possidendi posse titulada);
Aos frutos da coisa (partes do aluguel, p. ex.).
De pedir a divisão da coisa, a qualquer momento, salvo disposição expressa em contrário por no máximo 5 anos (obs.: o juiz pode dividir a coisa antes do prazo, e extinguir eventual cláusula de inalienabilidade a requerimento de qualquer interessado, e por graves razões ex.: conflitos);
De renunciar à sua parte ideal para livrar-se do pagamento das despesas e dívidas. Obs.: a) Se ninguém pagar as dívidas, a coisa será dividida. b) Quem assumir as dívidas adquire a parte ideal daquele que renunciou. c) quem pagar a dívida comum tem direito de regresso contra os demais.
Obs.: a) O poder da maioria só prevalece para administração do condomínio, no caso de venda não, os discordantes poderão, no máximo, comprar a parte daquele que quiser vender. b) em princípio um condômino não pode usucapir o outro, salvo se provado o esbulho e o animus domini contra os demais.
Alteração, empréstimo, ou locação da coisa comum: Depende do consentimento dos outros, e o condômino, em condições iguais, tem preferência para aluga-la.
Venda da coisa indivisível: Será dado preferência ao condômino com as benfeitorias mais valiosas, ou ao de quinhão maior, ou será feita licitação entre estranhos e condôminos (se todos possuírem partes iguais), dando preferência aos condôminos (art. 1322).
Obrigações dos condôminos:
Arcar com as despesas para conservação da coisa na proporção de seus quinhões, salvo se houver solidariedade expressa no instrumento (ex.: benfeitorias necessárias);
Arcar com as dívidas que oneram a coisa;
Indenizar por eventuais danos causados;
Dar preferência aos condôminos em caso de alienação de coisa indivisível. Obs.: Se a coisa é divisível, não precisar dar preferência. Ex.: terreno grande.
Administração do condomínio: Será feita por um administrador escolhido pela maioria absoluta (51%), calculada pelo valor dos quinhões, que pode ser um terceiro. Obs.: a) Em caso ausência de maioria absoluta, o juiz poderá intervir, a requerimento dos interessados. b) não há prazo para o administrador do condomínio geral (voluntário ou legal).
Extinção do condomínio:
Pela divisão da coisa divisível: através de ação de divisão imprescritível (art. 569, II NCPC);
Pela alienação da coisa comum (divisível ou indivisível): através da ação de extinção de condomínio (art. 730 do NCPC).
Pela desapropriação.
Obs.: Cada condômino recebe sua parte na proporção de seu quinhão respectivo.
Condômino preterido em seu direito de preferência: Pode depositar o preço do condomínio em 180 dias (prazo decadencial), e exigir para si a parte vendida para terceiros (art. 504 do CC).
Classificação do condomínio geral
Quanto à origem:
Voluntário, ou convencional: Origina-se da vontade das partes e, em regra, é divisível.
Forçado, necessário, ou legal: Origina-se por determinação legal, independentemente da vontade das partes, é indivisível. Ex.: Surge da meação de paredes, cercas, muros, e valas (art. 1.327, 1.297 e 1.298). Obs.: a) no condomínio necessário ambos os proprietários tem direito de extremar o imóvel, e de adquirir a meação para poder usá-la, pagando a metade de seu valor. b) não acordando sobre o valor da meação, um perito fixará, à custa de ambos os confinantes.
Quanto à necessidade:
Transitório: Em regra, pode ser extinto pela vontade das partes.
Permanente: Em regra, não pode ser extinto pela vontade das partes.
Quanto à forma:
Pro diviso: É indivisível de direito, mas não de fato, por até 5 anos.
Pro indiviso: É indivisível de direito e de fato. Ex.: meações.
Condomínio edilício (art. 1.331 e segs.)
Condomínio edilício: É o condomínio imóvel em edifícios (andares sobrepostos). Exs.: prédios, apartamentos, sobrelojas.
Regulamentação legal: CC e lei 4.591 no que for conforme o CC.
Constituição com o registro.
Incorporação imobiliária (art. 28 da lei 4.591): É um negócio jurídico que visa realizar a construção de um condomínio edilício, através da alienação antecipada dos apartamentos. Obs.: Ocorre quando a construtora precisa do dinheiro dos compradores para fazer o prédio.
Espécies de contratos de incorporações:
Construção por conta e risco do incorporador (art. 41 da L. 4.591);
Construção por empreitada (art. 55);
Construção por administração, sob a responsabilidade dos condôminos (art. 58 haverá um condomínio de contratantes).
Incorporador: É a pessoa (física, ou jurídica) que vende fração ideal de terreno que será transformado num apartamento. Tem RC pela entrega da obra num prazo certo. A venda antecipada realiza-se sob a forma de um contrato de promessa de compra e venda, devidamente registrado.
Podem ser incorporadores (art. 31 da L. 4.591):
Proprietário do terreno, promitente comprador, cessionário, promitente cessionário;
Construtor ou corretor de imóveis;
Ente da federação imitido na posse ou cessionário.
Deveres do incorporador (art. 43 da L. 4.591):
Informar aos adquirentes o estado da obra por escrito a cada 6 meses, no mínimo;
RC pela execução da obra no prazo certo (tem ação regressiva contra culpa do construtor);
Não pode alterar o projeto, ou desviar-se do plano da construção, salvo com autorização unânime dos adquirentes, ou por exigência legal;
Não pode modificar o preço e as condições de pagamento, nem reajustar os preços das unidades, salvo se expressa a faculdade de reajuste.
Obrigatoriedade do registro da incorporação: O projeto de incorporação deve ser registrado (art. 32 da lei 4.591 requisito essencial para negociar os apartamentos coloca-los à venda, sob pena de incorrer na contravenção penal do art. 66, I da LCP), e a construção averbada. Obs.: a) Ao final da obra, será instituído o condomínio edilício através de uma convenção. b) se vários coproprietários construírem para si próprios dispensa o registro.
Requisitos do registro da incorporação para venda:
Título de propriedade, de promessa, de cessão ou de permuta;
Certidões negativas de impostos, protestos e ônus reais;
Histórico dos títulos de propriedade

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