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PSICOLOGIA DA ADOLESCÊNCIA

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Vera Lúcia do Amaral
Psicologia da EducaçãoD I S C I P L I N A
A Psicologia da adolescência
Autora
aula
05
Aula 05  Psicologia da EducaçãoCopyright © 2007 Todos os direitos reservados. Nenhuma parte deste material pode ser utilizada ou reproduzida sem a autorização expressa da 
UFRN - Universidade Federal do Rio Grande do Norte.
Governo Federal
Presidente da República
Luiz Inácio Lula da Silva
Ministro da Educação
Fernando Haddad
Secretário de Educação a Distância – SEED
Carlos Eduardo Bielschowsky
Universidade Federal do Rio Grande do Norte
Reitor
José Ivonildo do Rêgo
Vice-Reitora
Ângela Maria Paiva Cruz
Secretária de Educação a Distância
Vera Lúcia do Amaral
Secretaria de Educação a Distância- SEDIS
Coordenadora da Produção dos Materiais
Marta Maria Castanho Almeida Pernambuco
Coordenador de Edição
Ary Sergio Braga Olinisky
Projeto Gráfico
Ivana Lima
Revisores de Estrutura e Linguagem
Eugenio Tavares Borges
Jânio Gustavo Barbosa
Thalyta Mabel Nobre Barbosa
Revisora das Normas da ABNT
Verônica Pinheiro da Silva
Revisoras de Língua Portuguesa
Janaina Tomaz Capistrano
Sandra Cristinne Xavier da Câmara
Revisora Tipográfica
Nouraide Queiroz
Ilustradora
Carolina Costa
Editoração de Imagens
Adauto Harley
Carolina Costa
Diagramadores
Bruno de Souza Melo
Dimetrius de Carvalho Ferreira
Ivana Lima
Johann Jean Evangelista de Melo
Adaptação para Módulo Matemático
André Quintiliano Bezerra da Silva
Kalinne Rayana Cavalcanti Pereira
Thaísa Maria Simplício Lemos
Imagens Utilizadas
Banco de Imagens Sedis 
(Secretaria de Educação a Distância) - UFRN
Fotografias - Adauto Harley
Stock.XCHG - www.sxc.hu
Amaral, Vera Lúcia do.
 Psicologia da educação / Vera Lúcia do Amaral. - Natal, RN: EDUFRN, 2007.
208 p.: il.
 Conteúdo: A psicologia e sua importância para a educação – A inteligência – A vida afetiva: emoções e 
sentimentos – Crescimento e desenvolvimento – A psicologia da adolescência – A formação da identidade: 
alteridade e estigma – Como se aprende: o papel do cérebro – Como se aprende: a visão dos teóricos da 
educação – Estratégias e estilos de aprendizagem: a aprendizagem no adulto – A dinâmica dos grupos e o processo 
grupal – A família – A escola como espaço de socialização – Sexualidade – A questão das drogas – Os meios 
de comunicação de massa.
1. Psicologia. 2. Psicologia educacional. 3. Didática. I. Título.
ISBN: 978-85-7273-370-0
CDU 159.9
RN/UF/BCZM 2007/49 CDD 150
Divisão de Serviços Técnicos
Catalogação da publicação na Fonte. UFRN/Biblioteca Central “Zila Mamede”
Aula 05  Psicologia da Educação �
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3
Copyright © 2007 Todos os direitos reservados. Nenhuma parte deste material pode ser utilizada ou reproduzida sem a autorização expressa da 
UFRN - Universidade Federal do Rio Grande do Norte.
Governo Federal
Presidente da República
Luiz Inácio Lula da Silva
Ministro da Educação
Fernando Haddad
Secretário de Educação a Distância – SEED
Carlos Eduardo Bielschowsky
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Reitor
José Ivonildo do Rêgo
Vice-Reitora
Ângela Maria Paiva Cruz
Secretária de Educação a Distância
Vera Lúcia do Amaral
Secretaria de Educação a Distância- SEDIS
Coordenadora da Produção dos Materiais
Marta Maria Castanho Almeida Pernambuco
Coordenador de Edição
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Projeto Gráfico
Ivana Lima
Revisores de Estrutura e Linguagem
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Thalyta Mabel Nobre Barbosa
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Revisoras de Língua Portuguesa
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Bruno de Souza Melo
Dimetrius de Carvalho Ferreira
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Adaptação para Módulo Matemático
André Quintiliano Bezerra da Silva
Kalinne Rayana Cavalcanti Pereira
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Imagens Utilizadas
Banco de Imagens Sedis 
(Secretaria de Educação a Distância) - UFRN
Fotografias - Adauto Harley
Stock.XCHG - www.sxc.hu
Amaral, Vera Lúcia do.
 Psicologia da educação / Vera Lúcia do Amaral. - Natal, RN: EDUFRN, 2007.
208 p.: il.
 Conteúdo: A psicologia e sua importância para a educação – A inteligência – A vida afetiva: emoções e 
sentimentos – Crescimento e desenvolvimento – A psicologia da adolescência – A formação da identidade: 
alteridade e estigma – Como se aprende: o papel do cérebro – Como se aprende: a visão dos teóricos da 
educação – Estratégias e estilos de aprendizagem: a aprendizagem no adulto – A dinâmica dos grupos e o processo 
grupal – A família – A escola como espaço de socialização – Sexualidade – A questão das drogas – Os meios 
de comunicação de massa.
1. Psicologia. 2. Psicologia educacional. 3. Didática. I. Título.
ISBN: 978-85-7273-370-0
CDU 159.9
RN/UF/BCZM 2007/49 CDD 150
Divisão de Serviços Técnicos
Catalogação da publicação na Fonte. UFRN/Biblioteca Central “Zila Mamede”
Apresentação
Dando continuidade à discussão sobre o desenvolvimento humano, nesta aula, vamos observar o indivíduo no estágio em que geralmente o encontramos no Ensino Médio: a adolescência. Vamos fazer um breve passeio pela história para ver como surge esse 
conceito e vamos conhecer suas características físicas e comportamentais.
Objetivos
Conhecer o conceito de adolescência, diferenciando-o 
de puberdade.
Conhecer as características psicológicas da adolescência.
Discutir a adolescência enquanto fenômeno universal.
Aula 05  Psicologia da Educação2 Aula 05  Psicologia da Educação
Atividade 1
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2
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2.
Adolescência, como surge?
Na aula 4 (Crescimento e desenvolvimento), vimos que Piaget propõe como a última das fases do desenvolvimento, o período das operações formais, que se inicia por volta dos 12 anos de idade. Nesta fase, o pensamento atingiu a maturidade do seu 
desenvolvimento, o indivíduo torna-se capaz de operar a partir de conceitos abstratos, sendo, 
assim, capaz de abstrair e generalizar idéias. Concomitantemente a esse desenvolvimento 
no plano mental, há também um crescimento orgânico acentuado, com modificações 
fisiológicas, sobretudo dos órgãos da reprodução e dos caracteres sexuais secundários.
Pela idade, pelas características físicas e mentais, fica claro para nós que estamos nos 
referindo a uma fase do desenvolvimento que costumamos chamar adolescência. Mas, será 
que a adolescência é somente isso?
Para você, o que é o adolescente? Cite a seguir 5 características que 
você considera típicas do adolescente.
Você considera que essas características são comuns a todos os 
adolescentes? Justifique.
Aula 05  Psicologia da Educação Aula 05  Psicologia da Educação 3
Discutindo um pouco da História
No início dos anos 60 do século XX, Phillippe Ariès, historiador francês, lança na França o livro “A história social da infância e da família”, um marco no estudo do conceito de infância e adolescência. Para ele, até o final do século XVIII não 
havia uma concepção de infância como uma etapa distinta na evolução das pessoas; 
uma criança era apenas um adulto em miniatura. Assim, elas participavam normalmente 
de todas as atividades familiares, fosse o nascimento de uma criança, a morte de um 
parente, fossem as atividades cotidianas. 
A partir do início do século XIV, com todas as mudanças sociais trazidas pela Revolução 
Industrial, começa também a ocorrer uma mudança nessa concepção. A instituição de leis 
que reguladoras do trabalho e a responsabilização dos pais pela escolarização dos filhos 
foram fatores importantes para a constituição de uma nova mentalidade sobre a família. As 
crianças passaram a ser excluídasdo mundo do trabalho e das responsabilidades e, com 
isso, foram se separando do mundo dos adultos, surgindo o conceito de infância como um 
período do desenvolvimento com características próprias.
A distinção entre crianças e adultos faz surgir a percepção de que há um período 
intermediário, com características também particulares: a adolescência. Segundo Ariès, por 
volta de 1890 há um enorme interesse por essa fase da vida, que se torna tema literário e 
tema de preocupação dos educadores e políticos. De acordo com o autor, a adolescência 
passa a ser caracterizada como um emaranhado de fatores de ordem individual, por estar 
associada à maturidade biológica, e de ordem histórica e social, por estar relacionada às 
condições específicas da cultura na qual o adolescente está inserido.
Assim, para Ariès, os conceitos de infância e de adolescência são invenções da sociedade 
industrial. Mas, a partir daí, entendidos como fases da vida, esses temas passam a ser objeto 
de estudos dos especialistas, provocando o aparecimento de políticas sociais e educacionais 
e a consolidação da psicologia do desenvolvimento como área de conhecimento.
Os conceitos de adolescência 
e puberdade
Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), a adolescência é um período da vida no qual acontecem diversas mudanças físicas, psicológicas e comportamentais, que começa aos 10 e vai até os 19 anos. No Brasil, para o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), 
ela começa aos 12 e vai até os 18 anos, provavelmente para coincidir com a maioridade penal 
brasileira. Mas, que mudanças físicas, psicológicas e comportamentais seriam essas?
Aula 05  Psicologia da Educação� Aula 05  Psicologia da Educação
A primeira mudança observada, geralmente, diz respeito às mudanças físicas. É o 
período de um acelerado crescimento da estatura. O corpo do adolescente muda tão rápido 
e tão radicalmente que não dá tempo para que ele se acostume com as modificações. O mais 
comum é encontrarmos adolescentes com posturas “desengonçadas”, movimentos pouco 
harmoniosos dos braços e pernas, resultando num caminhar “fora do ritmo”.
Figura � – Gráfico mostra o crescimento que ocorre na adolescência
Ao lado desse crescimento, uma série de outras modificações orgânicas começa a 
acontecer, com características que variam entre meninas e meninos. Começam a aparecer 
os chamados caracteres sexuais secundários: nas meninas, o surgimento das mamas; nos 
meninos, o aumento dos testículos; em ambos, o desenvolvimento dos pelos pubianos. A 
partir dessas modificações orgânicas, começa uma fase chamada puberdade. A puberdade, 
então, não é o mesmo do que adolescência, mas ocorre dentro da adolescência, e marca, 
organicamente, o início da preparação do sujeito para a procriação. A idade do início da 
puberdade também varia em função do sexo: nos meninos, ocorre em torno dos 12 aos 14 
anos; nas meninas, entre os 10 e os 13 anos. 
Assim, a puberdade é marcada pelas características físicas descritas a seguir.
1. Nos meninos: modificação no timbre da voz; aumento da largura dos ombros; 
aparecimento de pelos no rosto, axilas e região pubiana; crescimento do pênis e 
testículos; e o surgimento da primeira ejaculação.
2. Nas meninas: desenvolvimento das glândulas mamárias; aumento dos quadris; 
aparecimento de pelos na região pubiana; e o surgimento da primeira menstruação, 
chamada menarca.
Essas características, apesar de serem universais e de acontecerem em todos os 
seres humanos, podem sofrer variações, sendo aceleradas, retardadas e até interrompidas, 
Aula 05  Psicologia da Educação Aula 05  Psicologia da Educação 5
dependendo de fatores ambientais, estresse, má nutrição, atividade física intensa. Por exemplo, 
a desnutrição pode retardar a menarca em meninas e a prática de atividade física intensa, como 
o trabalho infantil, pode acelerar esse processo. São conhecidos os estudos que mostram o 
surgimento da menarca aos 9 anos de idade em meninas habitantes de regiões de clima quente 
e, por outro lado, aos 15 anos em meninas que habitam regiões de clima frio.
Todas essas mudanças na anatomia e na fisiologia são, geralmente, acompanhadas 
de mudanças comportamentais. A puberdade, como marca orgânica, é identificada pelo 
mundo dos adultos como o momento em que o adolescente precisa começar a assumir 
outro papel social, o que implica novas responsabilidades e posturas frente à vida. Como 
essas mudanças ocorrem de uma forma muito rápida, o adolescente pode se sentir bastante 
confuso, cheio de dúvidas e ansiedades com relação ao que a sociedade espera dele. 
Essa pode ser, então, uma fase marcada por perdas: ele perde seu corpo infantil e 
tem que passar a conviver com um “corpo novo” que ele ainda não sabe manejar muito 
bem; perde dos pais a proteção e o amparo dispensados na infância; perde a identidade e o 
papel dentro da família na qual mantinha uma relação de dependência natural. Essas perdas, 
dependendo do suporte dado pela estrutura social e familiar, podem ser vivenciadas como 
uma grande crise, que os autores costumam chamar de “crise da adolescência”.
As características 
psicológicas da adolescência
Mauricio Knobel é um dos estudiosos dessa questão. Ele definiu uma síndrome normal da adolescência, como uma representação esquemática do fenômeno. A definição de uma “normal anormalidade”, para ele, não significa que está identificando algo 
patológico, mas serve somente para facilitar a compreensão desse período da vida. Vamos 
analisar agora as suas características psicológicas.
Síndrome
Síndrome é um termo 
usado na Medicina para 
definir um conjunto de 
sintomas que caracterizam 
uma doença. 
O contraditório na definição 
de Knobel é ele usar o 
termo para caracterizar algo 
normal e não patológico.
Aula 05  Psicologia da Educação� Aula 05  Psicologia da Educação
1. Busca de si mesmo e da identidade – Todas as modificações corporais e as expectativas 
da sociedade com relação ao jovem levam-no a perceber que está vivenciando uma 
situação nova, a qual muitas vezes é vivida com ansiedade pelo desconhecimento de 
que rumo tomar. A experiência de ter um corpo em mutação leva a conflitos com a 
auto-imagem, fazendo com que ora sinta orgulho ora sinta vergonha do próprio corpo. 
Apesar de todas essas modificações, o adolescente precisa dar uma continuidade a sua 
personalidade, ou seja, precisa saber quem ele é, em que está se transformando, para 
assim reconstruir sua identidade. Os jovens passam horas e horas em frente ao espelho 
e comparam-se uns aos outros, buscando um padrão de normalidade e aceitação. 
Tais situações requerem momentos de isolamento e a assunção de identidades 
transitórias, ocasionais ou circunstanciais, no sentido de entender a sua intimidade e, 
assim, desenhar a sua própria identidade. Sobre a complexidade desse processo de 
identificação estudaremos mais detidamente na próxima aula.
2. Tendência grupal – A busca da identidade no adolescente faz com que ele recorra, 
como comportamento defensivo, à busca pela uniformidade, que pode lhe fornecer 
segurança e auto-estima. A partir daí surge o espírito de grupo. No grupo, há 
um processo massivo de identificação coletiva. Basta olhar para um grupo de 
adolescentes: as vestimentas são semelhantes, o modo de falar (às vezes, criando 
um “idioma” próprio), os lugares freqüentados, os interesses, tudo é absolutamente 
semelhante. Neste momento, o jovem se identifica muito mais com seu grupo do que 
com os familiares. No grupo, ele sente-se reforçado e apoiado em suas ansiedades. 
Daí porque a vivência grupal é de fundamental importância. O grupo se constitui na 
transição necessária entre o mundo familiar e o mundo adulto.
Figura 2 – a tendência grupal é próprio da adolescência
3. Necessidade de intelectualizar e fantasiar – A realidade impõe ao adolescente a 
necessidade de renunciar ao corpo infantil e à proteçãofamiliar. Isso pode ser vivido 
como uma experiência de enorme desamparo e impotência, que o obriga a recorrer ao 
pensamento para compensar essas perdas. O adolescente, então, tende a fugir para seu 
mundo interior, como uma forma de buscar um reajuste emocional, e nessa tentativa de 
encontro consigo mesmo começa a demonstrar preocupações de ordem ética, moral, 
social. Neste momento, pode desenvolver grandes “teorias” sobre o mundo, nas quais 
vai misturar justificativas concretas com idéias fantasiosas infantis. 
Aula 05  Psicologia da Educação Aula 05  Psicologia da Educação �
4. Crises religiosas – A conduta do jovem pode ir do total ateísmo até comportamentos 
religiosos tão engajados que podem cursar do misticismo até o fanatismo. Entre 
essas condutas, há uma grande variedade de posições religiosas e mudanças muito 
freqüentes, tudo isso concordando com as mudanças e flutuações do seu próprio mundo 
interno. A questão da religiosidade emerge como decorrência dos questionamentos 
do adolescente sobre sua identidade, em uma tentativa de responder questões como 
“quem sou”, “o que estou fazendo aqui”, “qual o meu papel na vida”. 
5. Deslocamento temporal – A vivência temporal dos adolescentes pode ser observada em 
situações que provavelmente já presenciamos: há um trabalho escolar para ser feito e 
ele se envolve em outro tipo de atividade; a mãe insiste com a urgência do tempo e ele 
responde que “dá tempo, o trabalho é pra... amanhã”. Outra situação seria uma festa 
marcada para um mês depois, para a qual ele insiste em providenciar uma roupa “porque 
está em cima da hora”. As urgências do adolescente são tão grandes quanto o “deixar para 
depois”. Predomina uma visão sincrética do mundo, ou seja, uma visão indiferenciada dos 
aspectos que constituem a realidade que se quer compreender, a percepção do todo sem, 
porém, se compreender os seus aspectos constitutivos. O adolescente não possui ainda 
as características adultas de delimitar e discriminar, o que só vai adquirindo lentamente 
ao longo do seu desenvolvimento. À medida que vai elaborando suas perdas, começa a 
surgir o conceito de tempo, que implica as noções de passado, presente e futuro. 
6. Evolução sexual do auto-erotismo à heterossexualidade – Observa-se no adolescente 
uma oscilação entre a atividade do tipo masturbatória e o começo dos exercícios 
genitais, que se inicia se forma basicamente exploratória até evoluir para a verdadeira 
genitalidade procriativa. Ao aceitar a sua genitalidade, o adolescente começa a busca 
por um par. É a fase das grandes e “definitivas” paixões, que representa todos os 
aspectos dos vínculos intensos e frágeis das relações interpessoais do adolescente. 
A curiosidade sexual pode se manifestar pelo interesse por revistas pornográficas e 
mesmo por experiências de ordem homossexual. O exibicionismo e o voyerismo se 
manifestam nas vestimentas, nas maquiagens das meninas, nas atitudes durante jogos 
e festas. Começam os contatos superficiais, depois profundos e mais íntimos, que 
preenchem a sua vida sexual.
7. Atitude social reivindicatória – Tais atitudes muitas vezes se configuram em respostas 
às restrições impostas pela sociedade. Elas são a consolidação do que vem ocorrendo 
no pensamento. As intelectualizações e fantasias conscientes que se reforçam nos 
grupos fazem com que essas atitudes se transformem em pensamento ativo, em uma 
verdadeira ação social, política, cultural. Muitas vezes, as perdas são vividas como 
não sendo deles, mas da sociedade, dos seus pais, de sua família. O resultado é que 
descarregam toda sua revolta nessas figuras e podem vir a desenvolver atitudes 
destrutivas, quando as perdas não são bem elaboradas. Essa particular característica 
do adolescente é aproveitada, em muitos casos, por certas seitas e grupos políticos ou 
religiosos para arregimentar seguidores. 
Exibicionismo e 
Voyerismo
Exibicionismo e voyerismo 
são manifestações da 
sexualidade caracterizadas 
por obtenção de prazer 
sexual pela exibição dos 
órgãos sexuais ou pela 
observação de outras 
pessoas, respectivamente. 
São consideradas 
patológicas quando essas 
são as únicas maneiras de 
se obter prazer sexual.
Aula 05  Psicologia da Educação� Aula 05  Psicologia da Educação
8. Contradições sucessivas em todas as manifestações de conduta – A conduta do 
adolescente está dominada pela ação, sendo esta a sua forma mais típica de expressão. 
Mas, o adolescente não pode manter uma linha de conduta rígida, permanente, mesmo 
que tente. Ele tem uma personalidade, no dizer de Spiegel, “esponjosa”, ou seja, 
permeável, absorvente, que recebe e também projeta tudo enormemente. Isso faz com 
que não possa ter uma conduta linear, o que só é observado em situações patológicas, 
como no autismo e nas neuroses. Na verdade, é o mundo adulto que não suporta as 
contradições dos adolescentes, não aceita suas identidades transitórias e exige deles 
uma atitude adulta para a qual ainda não estão capacitados.
9. Separação progressiva dos pais – Esta é uma das perdas fundamentais que o adolescente 
necessita assumir internamente e que pode gerar uma ansiedade muito intensa. Muitas 
vezes, os pais não aceitam e negam o crescimento dos filhos, dificultando mais 
ainda a resolução dessa ansiedade. Daí a importância da internalização por parte dos 
adolescentes de boas imagens parentais, com papéis bem definidos, sem ambigüidades 
ou encobrimentos. Algumas vezes, os pais transmitem uma imagem de personalidades 
pouco consistentes, forçando o adolescente a buscar identificação com outras imagens 
adultas, como ídolos do esporte ou do cinema, ou mesmo com figuras negativas que 
prejudicam mais ainda sua formação. Um exemplo disso é a organização criminosa do 
tráfico de drogas, que alicia jovens e até crianças para o mundo da criminalidade. 
10. Constantes flutuações do humor – Além das modificações hormonais que já 
influenciariam as modificações do humor, o sentimento básico de ansiedade e 
depressão acompanha a adolescência, sobretudo devido às perdas que sofre. A 
maneira como o adolescente as elaborar determinará a maior ou menor intensidade 
dessas flutuações. A realidade nem sempre satisfaz suas aspirações, resultando em 
sentimentos de frustração e solidão. Mas, da mesma maneira que se sente isolado do 
mundo, um gesto simples pode fazer com que se sinta a mais feliz das criaturas. 
Figura 3 – As flutuações de humor são outra característica desta fase
Aula 05  Psicologia da Educação Aula 05  Psicologia da Educação �
Atividade 2
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2.
A adolescência é um 
acontecimento universal?
Na atividade 1 perguntamos se você considerava as características que citou como comuns a todos os adolescentes. O que estávamos querendo saber era a sua opinião sobre a universalidade do “acontecer” adolescente. Agora que você leu sobre a 
caracterização da adolescência feita por Mauricio Knobel, sua opinião continua a mesma? 
Reflita um pouco sobre os adolescentes que você conhece, observe-
os por alguns dias, converse com alguns deles. Em seguida, tente 
listar quais das características descritas por Knobel você conseguiu 
observar nesses adolescentes.
Se você puder, observe e converse com adolescentes de diferentes 
classes sociais. Anote a seguir que características você pôde observar, 
diferenciando pelas classes sociais.
Aula 05  Psicologia da Educação�0 Aula 05  Psicologia da Educação
No início desta aula, quando discutimos o conceito de puberdade, dissemos que esse era 
um fenômeno universal, apesar de ter sofrido variações. Ou seja, as modificações na estrutura 
corporal, a explosão hormonal, o surgimento dos caracteres sexuais secundários podem variar 
conforme a idade em que surgem, mas vão acontecer em todos os seres humanos, marcando 
organicamente a transição entre a infância e a vida adulta. No entanto, quandose discute o 
conceito de adolescência, sobretudo, se a entendemos como uma época caracterizada pelos 
aspectos descritos anteriormente, as divergências entre os autores aparecem. 
De uma maneira geral, a Psicologia tem, em suas teorias, naturalizado o fenômeno 
psíquico, ou seja, apresenta-nos como se fizesse parte da natureza humana, como se 
fosse algo de que somos dotados desde o nascimento. Observe como Knobel descreve a 
adolescência, sem nenhuma preocupação em contextualizá-la no seu tempo histórico, na sua 
cultura, nas relações com a sociedade. Seria possível imaginar um adolescente que desde a 
sua infância já assume responsabilidades designadas para adultos – por exemplo, aqueles 
que ajudam seus pais no roçado – passar por toda essa “crise” à qual nos referimos?
Ana Bock (1999) realizou um estudo interessante com psicólogos da cidade de São 
Paulo, observando o significado que eles dão ao fenômeno psicológico de uma maneira 
geral. Para ela, a visão desses psicólogos sobre o homem é a seguinte:
O homem, colocado na visão liberal, é pensado de forma descontextualizada, 
cabendo a ele a responsabilidade por seu crescimento [...] Um homem que é dotado 
de capacidades e possibilidades que lhe são inerentes, naturais. Um homem dotado 
de uma natureza humana que lhe garante, se desenvolvida adequadamente, ricas e 
variadas possibilidades. A sociedade é apenas o lócus de desenvolvimento do homem. 
É vista como algo que contribui ou impede o desenvolvimento dos aspectos naturais 
do homem. Cabe a cada um o esforço necessário para que a sociedade seja um espaço 
de incentivo ao seu desenvolvimento. As condições estão dadas, cabe a cada um 
aproveitá-las. (BOCK, 1999, p. 27).
Com relação à adolescência, Bock (2004) fez um outro estudo observando textos publicados 
sobre esse tema, os quais visavam orientar pais e professores na “difícil” tarefa de educar os 
jovens. O objetivo era analisar o conceito de adolescência subjacente a essas publicações. Ela 
conclui que a adolescência, tal como apresentado nesses textos, não tem gênese social, ou seja, 
nenhuma de suas características é constituída nas relações sociais e culturais.
Assim, ao se pensar a problemática da adolescência não se toma qualquer questão 
social como referência. A falta de políticas para a juventude em nossa sociedade, a 
desqualificação e inadequação das atividades escolares para a cultura jovem, o 
sentimento de apropriação que os pais têm, em nossa sociedade, com relação aos 
filhos, as contradições vividas, a distância entre o mundo adulto e o mundo jovem, 
a impossibilidade de autonomia financeira dos jovens que ou não trabalham ou 
sustentam a família, nenhuma destas questões é tomada como elemento importante 
para compreender a forma como se apresenta a adolescência em nossa sociedade. 
As relações familiares são as únicas que aparecem nos textos e são fator de influência 
sobre a adolescência, mas não a constituem. (BOCK, 2004, p.38).
Aula 05  Psicologia da Educação Aula 05  Psicologia da Educação ��
Atividade 3
su
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ta
Temos defendido nesta disciplina a visão do homem enquanto um ser sócio-histórico, 
ou seja, como aquele que pela sua atuação no mundo o transforma e é por ele transformado. 
Nessa perspectiva, a adolescência é vista como uma construção social que tem repercussões na 
subjetividade do sujeito, e não como um período natural do desenvolvimento. A compreensão 
é que a adolescência é uma criação do homem. Os fatos sociais vão surgindo nas relações 
sociais e com isso vão apresentando repercussões psicológicas. Assim, começa-se a dar 
significados sociais a esses fatos. A adolescência é um desses fatos sociais que ganharam 
significado social. Para compreendê-la, é preciso, então, que retomemos seu processo 
social, para depois compreendê-la na forma como acontece para os jovens.
Concluímos com um trecho do trabalho de Bock (2004):
Não há nada de patológico; não há nada de natural. A adolescência é social e histórica. 
Pode existir hoje e não existir mais amanhã, em uma nova formação social; pode existir 
aqui e não existir ali; pode existir mais evidenciada em um determinado grupo social, 
em uma mesma sociedade (aquele grupo que fica mais afastado do trabalho), e não 
tão clara em outros grupos (os que se engajam no trabalho desde cedo e adquirem 
autonomia financeira mais cedo). Não há uma adolescência como possibilidade de ser; 
há uma adolescência como significado social, mas suas possibilidades de expressão 
são muitas. (BOCK, 2004, p.42).
Baseando-se na sua resposta à atividade 1, que tipo de comparação você pode 
fazer entre o que você entendia por adolescência e o que você passou a entender 
acerca desse período da vida, destacando os diversos aspectos envolvidos no 
crescimento do ser humano, como o meio ambiente, a família e as questões 
biológicas do indivíduo?
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Resumo
Auto-avaliação
Retome a atividade 2 e, à luz das concepções apresentadas por Ana Bock, faça 
uma análise das observações dessa autora sobre a universalidade do conceito 
de adolescência.
Referências
ARIÈS, P. História social da infância e da família. Rio de Janeiro: Guanabara, 1986.
BOCK, A. M. B. Aventuras do Barão de Munchhausen na psicologia. São Paulo: Cortez; 
EDUC, 1999.
BOCK, Ana Mercês Bahia. A perspectiva sócio-histórica de Leontiev e a crítica à naturalização 
da formação do ser humano: a adolescência em questão. Cad. CEDES, v. 24, n. 62, p. 26-43, 
abr. 2004. Disponível em: <http://www.scielo.br/pdf/ccedes/v24n62/20090.pdf>. Acesso em: 
20 jul. 2007. 
KNOBEL, M. El sindrome de la adolescencia normal. In: ABERASTURY, A.; KNOBEL, M. La 
adolescencia normal. Buenos Aires: Paidos, 1977.
Nesta aula, discutimos os conceitos de puberdade e adolescência, aprendendo 
a diferenciá-los. Vimos também as características psicológicas da adolescência, 
na visão de um dos seus teóricos. Finalizamos com a discussão sobre a 
existência da adolescência como um fenômeno universal.
Aula 05  Psicologia da Educação