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Direito Empresarial III Professor: Roberto Eurico Schmidt Junior Aluna: Carolina Souza Lopes 1º BIMESTRE Recuperação judicial e falência: Noções gerais: 1. Lei 11.101/2005: A Lei 11.101/05 trata de Recuperação de Empresa e Falência, podendo a recuperação ser judicial ou extrajudicial, possibilidade que não existia na antiga lei falimentar, de modo que, algo parecido existiu apenas na lei de falências do Império. 2. Histórico: A primeira legislação a respeito de falências ou, melhor dizendo, da crise da empresa, foi o Decreto 738/1850. Lembrando que por volta da mesma década, criou-se o Código Comercial, o qual ainda está vigente (em parte). Criado tal diploma legal, adveio o Regulamento 737/1850 como instrumento processual do código supracitado e, com isso, surgiu a necessidade de legislar a respeito da falência especificamente, haja vista que uma empresa pode dar certo, mas por outro lado, pode “dar errado” (Decreto 738/1850). Com a primeira República, em 1945, visando regulamentar a atualizar a lei falimentar, foi criado o Decreto Lei 7661/1945 que ficou vigente até 2005, sendo que nesse ano surgiu a Lei 11.001/2005 (Lei de falências). Ocorre que, nessa antiga lei, as ações levavam muito tempo para chegar a uma conclusão, não satisfazendo mais o interesse dos envolvidos, devido, principalmente, à grande intervenção do Ministério Público, motivo pelo qual surgiu a necessidade de uma nova lei, com a ideia de uma intervenção menor do Ministério Público, somente onde for estritamente necessário. A natureza jurídica da Lei de Falências possui uma natureza híbrida, o seja, nela está constante o direito penal e o processo civil, por exemplo, entretanto, a natureza predominante é a natureza civil/empresarial. Algumas terminologias devem ser observadas, o chamado sindico é o administrador judicial. 3. Aplicação: De acordo com o art. 1º da Lei 11.001, está lei disciplina a recuperação judicial, a recuperação extrajudicial e a falência do empresário e da sociedade empresária, doravante referidos simplesmente como devedor. Com base nesse conceito conclui-se que pessoa natural e sociedade simples não podem falir, sendo considerados insolventes. Há um projeto de Lei tramitando para que pessoa física possa decretar a falência. A falência e a recuperação judicial são amparadas pelo principio da preservação da empresa. Na falência, ainda que não esteja tão evidente, o amparo pelo principio da preservação da empresa pode ser observado, por exemplo, em caso da ‘’venda’’ da sociedade, onde se prioriza a venda ‘’em porteira fechada’’. Ademais, esse regulamento ainda tem fundamento no princípio da preservação da empresa, visando sempre manter a sociedade, diante da função social da empresa. Isso, importante salientar, tanto na recuperação quanto na falência, nessa última no sentido de preservar a empresa ainda que sob novo “comando”. Além disso, o princípio citado mostra-se presente também no fato de que todos que pedem a recuperação podem falir, mas o contrário não acontece, ou seja, nem todos que falem podem pedir a recuperação Todos que requerem a recuperação judicial estão sujeitos à falência, entretanto, nem todos que estão a sujeitos a falência posem requerer a recuperação judicial. Os bancos, de acordo com o artigo 21 da Lei 6.024/1974, por exemplo, possui regramento específico, entretanto pode-se valer subsidiariamente da Lei 11.1101 e, portanto, podem requerer a falência. De acordo com o artigo 47 da Lei Complementar 109/2001, as entidades fechadas (sociedade de previdência fechada, por exemplo, os correios, onde apenas os empregados podem participar) não poderão solicitar concordata (entender como recuperação judicial) e não estão sujeitas a falência, mas somente a liquidação extrajudicial. De acordo com o art. 69 dessa mesma lei, aplicam-se à intervenção e à liquidação das entidades de previdência complementar, no que couber, os dispositivos da legislação sobre a intervenção e liquidação extrajudicial das instituições financeiras, cabendo ao órgão regulador e fiscalizador as funções atribuídas ao Banco Central do Brasil. O art. 21 da Lei 6404 determina que o liquidante extrajudicial pode requere a falência, entretanto só pode ser requerida para a entidades de previdência aberta, desde que ocorra primeiro a liquidação judicial. *** De acordo com o artigo 26 do Decreto Lei, 73/1996 as sociedades seguradoras não poderão requerer concordata e não estão sujeitas à falência, salvo, neste último caso, se decretada à liquidação extrajudicial, o ativo não for suficiente para o pagamento de pelo menos a metade dos credores quirografários, ou quando houver fundados indícios da ocorrência de crime falimentar. Sendo assim, quanto as seguradoras, não há submissão em geral à lei falimentar, mas, subsidiariamente a Lei 11.101/05 é aplicada, ou seja, também segue a regra da instituição financeira. De acordo com o artigo 2º da Lei 11.101, esta Lei não se aplica a: I – empresa pública e sociedade de economia mista; II – instituição financeira pública ou privada, cooperativa de crédito, consórcio, entidade de previdência complementar, sociedade operadora de plano de assistência à saúde, sociedade seguradora, sociedade de capitalização e outras entidades legalmente equiparadas às anteriores. Entretanto não se aplica categoricamente, mas pode ser aplicada de forma supletiva, devendo esse dispositivo legal ser interpretado em conjunto com as leis extravagantes, como nos casos das entidades de previdência complementar, por exemplo. O artigo 2º da Lei 11.001 possui a redação semelhante com o artigo 1º da Lei Falimentar Italiana, entretanto possui redação diversa do artigo 2º da Lei falimentar Argentina que admite falência de empresa pública e sociedade de economia mista. 4. Foro competente: De acordo com o art. 3º da Lei 11.101, é competente para homologar o plano de recuperação extrajudicial, deferir a recuperação judicial ou decretar a falência o juízo do local do principal estabelecimento do devedor ou da filial de empresa que tenha sede fora do Brasil. É importante frisar que sede e principal estabelecimento não são a mesma coisa, pois a sede é o domicilio da pessoa jurídica, já o principal estabelecimento é o local onde são tomadas as decisões que pode ser na sede ou não. Cuidado: art. 997 do CC faz referência à sede (não confundir principal estabelecimento e sede, pois são institutos diferentes). Esse artigo 3º da Lei 11.101 é semelhante ao artigo 9º da Lei Falimentar Italiana. O artigo 2º da Lei Falimentar Italiana é bem mais complexo que o nosso, estabelecendo, inclusive, regras de solução de conflito de competência. Resp 1.006.093/DF: a qualificação de principal estabelecimento revela uma situação fática vinculada à apuração do local onde exercida as atividades mais importantes da empesa não se confundindo com o endereço da sede formalizado contrato social. AgRgAgRgCC 130.674/SP: CC 116.743/MG: a competência estabelecida no artigo 3º é competência absoluta (universal), sendo assim quem tem interesse em receber, deve se habilitar no juízo único de falência, mantendo a igualdade (dentro da mesma classe) entre credores (‘’par conditio creditorum’’). Esse resp tem relação com o art. 83 da lei, que estabelece a ordem de recebimento dos créditos que serão pagos, uma vez que se não fosse tudo no mesmo lugar, dificultaria ou até mesmo impossibilitaria o cumprimento dessa ordem, devendo os credores se apresentarem necessariamente no juízo competente da falência e, assim, a competência ser absoluta possui a finalidade de manter “par condicio creditorum”(igualdade entre credores – dentro da mesma classe. Algumas demandas tramitam separadamente daquela do juízo falimentar (ex. reclamação trabalhista, continua tramitando na Justiça do Trabalho – pleito pelo direito –, todavia, caso reconhecido o direito, a ação vai para o juízo falimentar competente, pois dependerá desse a disposição de verbas). A falência jamais tramitara pela Justiça Federal, sempre tramitará pela Justiça Estadual (artigo 109, I da CF). O artigo 4º da Lei 11.101 (vetado), estabelecia que o representante do Ministério Público intervirá nos processos de recuperação judicial e de falência. De acordo com o art. 142, §7º em qualquer modalidade de alienação, o Ministério Público será intimado pessoalmente, sob pena de nulidade. 5. Inexigibilidade: De acordo com o artigo 5º da Lei 11.101 não são exigíveis do devedor, na recuperação judicial ou na falência: I – as obrigações a título gratuito; II – as despesas que os credores fizerem para tomar parte na recuperação judicial ou na falência, salvo as custas judiciais decorrentes de litígio com o devedor. O dispositivo acima se refere ao que não se pode pedir na falência e na recuperação judicial, não fazendo menção à recuperação extrajudicial uma vez que essa diz respeito a um acordo entre o falido e seus credores. Diante disso, menciona as obrigações a título gratuito e as despesas do processo, salvo as custas e honorários decorrentes de litigio com o devedor. Na recuperação extrajudicial há um acordo entre credor e devedor e pode ser acordada qualquer coisa, por isso, ela não está prevista no artigo 5º. A Súmula 565 do STF estabelecia que a multa fiscal moratória constitui pena administrativa, não se incluindo no crédito habilitado em falência, entretanto essa súmula foi superada A súmula 191 do STF estabelece que inclui-se no crédito habilitado em falência a multa fiscal simplesmente moratória (súmula superada). A súmula 192 do STF estabelece que não se inclui no crédito habilitado em falência a multa fiscal com efeito de pena administrativa (súmula superada). Essas três súmulas foram superadas pelo artigo. 83 (antigo artigo 23). Resp: 1.110.094 SP: Resp 1.197.177/RS: são devidos honorários advocatícios nas hipóteses em que o pedido da habilitação de credito for impugnado conferindo litigiosidade ao processo. 6. Efeitos da recuperação judicial e da falência: Para que um devedor seja considerado falido, é necessário uma decisão judicial decretando a falência, não bastando o credor dizer que o devedor está falido. O credor pode pedir a falência, entretanto, o credor não pode pedir a recuperação judicial. Deferir o processamento da recuperação judicial é diferente de deferir a recuperação judicial, pois ao deferir o processamento o credor não está em recuperação judicial. O pedido de recuperação judicial depende da anuência dos credores, e a desistência da recuperação também depende da anuência. A natureza jurídica da decisão que defere a falência é natureza de sentença art. 100 da Lei 11.101/2005. De acordo com o caput do art. 6º, a decretação da falência ou o deferimento do processamento da recuperação judicial suspende o curso da prescrição e de todas as ações e execuções em face do devedor, inclusive aquelas dos credores particulares do sócio solidário. Isso, todavia, não se aplica para o avalista, uma vez que o sócio solidário ao qual o dispositivo logo acima faz menção é aquele que em certa medida o patrimônio deste sócio serve de garantia para os credores – ex. nas sociedades em nome coletivo, os sócios respondem ilimitada e solidariamente pela sociedade – algo que não ocorre para os avalistas e sócios em sociedades as quais a sua responsabilidade é limitada (Entendimento jurisprudencial pacificado). Está relacionado ao tipo de sócio e ao tipo de sociedade, suspende para as sociedades ilimitadas, em nome coletivo e ao sócio comanditado na sociedade em comandita não se aplicando aos demais tipos societários e ao avalista. Em uma sociedade limitada com muitas dividas os sócios tentando burlar o ordenamento jurídico, altera o tipo societário para sociedade em nome coletivo e reque a recuperação judicia passando a ter responsabilidade ilimitada valendo-se, portanto, da suspensão do art. 6º. O credor, visando combater esse problema, aduz que quando celebrado o contrato a sociedade era limitada, portanto, para esse credor não se aplica a suspensão da recuperação judicial. De acordo com o §1º do artigo 6º da Lei 1.101/2005, terá prosseguimento no juízo no qual estiver se processando a ação que demandar quantia ilíquida. Além disso, não haverá efeito suspensivo nem submissão ao juízo falimentar nas ações que demandarem quantia ilíquida, já que nessas se quer sabe-se qual o valor do crédito a ser habilitado. Assim, terão prosseguimento no juízo em que tramitam até que a quantia se torne liquida e, somente após isso irá para o juízo da falência ou da recuperação. De acordo com o § 2º do artigo 6º da Lei 1.101/2005, é permitido pleitear, perante o administrador judicial, habilitação, exclusão ou modificação de créditos derivados da relação de trabalho, mas as ações de natureza trabalhista, inclusive as impugnações a que se refere o art. 8o desta Lei, serão processadas perante a justiça especializada até a apuração do respectivo crédito, que será inscrito no quadro-geral de credores pelo valor determinado em sentença. Na recuperação e na falência o juiz nomeia um administrador judicial e o fiscaliza. O administrador é o responsável por publicar um quadro geral de credores. Na falta de um dos credores, este ausente deverá requerer a habilitação de crédito para o administrador judicial, sem a necessidade de advogado, uma vez que o administrador não exerce atividade jurisdicional – somente será dirigida ao juízo quando se tratar de crédito litigioso. O administrador judicial pode habilitar qualquer crédito (nas verbas trabalhistas, por exemplo, não é necessário de uma reclamatória para que ocorra a habilitação), podendo a parte impugnar as habilitações de crédito. O silêncio do credor ante a classificação do crédito não é por si só suficiente para tirar do credor o direito decorrentes do crédito que possui. De acordo com o § 3º do artigo 6º da Lei 1.101/2005, o juiz competente para as ações referidas nos §§ 1º e 2º deste artigo poderá determinar a reserva da importância que estimar devida na recuperação judicial ou na falência, e, uma vez reconhecido líquido o direito, será o crédito incluído na classe própria. A reserva é extremamente importante na ação de apuração de haveres (quando um dos sócios se retira da sociedade) e nas reclamatórias trabalhistas. De acordo com o § 4º do artigo 6º da Lei 1.101/2005, na recuperação judicial, a suspensão de que trata o caput deste artigo em hipótese nenhuma excederá o prazo improrrogável de 180 (cento e oitenta) dias contado do deferimento do processamento da recuperação, restabelecendo-se, após o decurso do prazo, o direito dos credores de iniciar ou continuar suas ações e execuções, independentemente de pronunciamento judicial.*** O prazo de 180 é o prazo, em tese, que deve terminar a recuperação. Esse prazo foi criado para evitar que a recuperação judicial durasse muitos anos, como era o caso da concordata. O STJ diz que encerrado o prazo de 180 dias, não é por si só suficiente para que os credores possam prosseguir as ações execuções, especialmente se a morosidade for causada pelo Estado. O improrrogável estabelecido nesse parágrafo não é improrrogável. A assembleia geral de credores, enquanto não encerrada os pontos da recuperação judicial,poderá ocorrer a prorrogação desse prazo, pois os maiores interessados na recuperação judicial são os credores e, portanto resta ao judiciário renovar esse prazo. De acordo com o § 5º do artigo 6º da Lei 1.101/2005, aplica-se o disposto no § 2o deste artigo à recuperação judicial durante o período de suspensão de que trata o § 4o deste artigo, mas, após o fim da suspensão, as execuções trabalhistas poderão ser normalmente concluídas, ainda que o crédito já esteja inscrito no quadro-geral de credores. De acordo com o § 6º do artigo 6º da Lei 1.101/2005, Independentemente da verificação periódica perante os cartórios de distribuição, as ações que venham a ser propostas contra o devedor deverão ser comunicadas ao juízo da falência ou da recuperação judicial: I – pelo juiz competente, quando do recebimento da petição inicial; II – pelo devedor, imediatamente após a citação. A alienação e a adjudicação realizada por juízo que não o absoluto, é uma ato nulo. De acordo com o §7º do artigo 6º da Lei 1.101/2005, as execuções de natureza fiscal não são suspensas pelo deferimento da recuperação judicial, ressalvada a concessão de parcelamento nos termos do Código Tributário Nacional e da legislação ordinária específica. No caso de falência, a execução fiscal é suspensa, sendo todas as execuções suspensas. Caso Dolly: no caso de conflito de competência entre o juízo absoluto e a fazenda pública, o STF entendeu que o dinheiro deve ser passado ao juízo absoluto, entretanto, da análise do parágrafo, tendo em vista que a execuções de natureza fiscal não são suspensas. De acordo com o §8º do artigo 6º da Lei 1.101/2005, a distribuição do pedido de falência ou de recuperação judicial previne a jurisdição para qualquer outro pedido de recuperação judicial ou de falência, relativo ao mesmo devedor. Enunciado 42 da Jornada de Direito Empresarial: o prazo de suspensão previsto no art. 6º, § 4º, da Lei n. 11.101/2005 pode excepcionalmente ser prorrogado, se o retardamento do feito não puder ser imputado ao devedor. Enunciado 43 da Jornada de Direito empresarial: a suspensão das ações e execuções previstas no art. 6º da Lei n. 11.101/2005 não se estende aos coobrigados do devedor (avalista). Enunciado 73 da Jornada de Direito Empresarial: Para que seja preservada a eficácia do disposto na parte final do § 2º do artigo 6º da Lei n. 11.101/05, é necessário que, no juízo do trabalho, o crédito trabalhista para fins de habilitação seja calculado até a data do pedido da recuperação judicial ou da decretação da falência, para não se ferir a par condicio creditorum e observarem-se os arts. 49, “caput”, e 124 da Lei n. 11.101/2005. Enunciado 75 da Jornada de Direito Empresarial: Havendo convenção de arbitragem, caso uma das partes tenha a falência decretada: (i) eventual procedimento arbitral já em curso não se suspende e novo procedimento arbitral pode ser iniciado, aplicando-se, em ambos os casos, a regra do art. 6º, § 1º, da Lei n. 11.101/2005; e (ii) o administrador judicial não pode recusar a eficácia da cláusula compromissória, dada a autonomia desta em relação ao contrato. Resp 1.333.349/SP: não se suspende as execuções em face de co-devedor. 7. Princípios que norteiam a falência e da recuperação judicial: 7.1- Principio da universalidade e da indivisibilidade: Esses princípios determinam que o juízo da falência é absoluto (universal) e indivisível. Em razão desses princípios, cumpre ao juízo da falência decidir sobre todos os interesses do devedor. 7.2- Princípio da par conditio creditorum: Por este princípio entende-se que deve haver tratamento igual para credores na mesma situação. 7.3- Princípio da preservação da empresa: O principio da preservação é da empresa e não do empresário. Por este princípio fará o princípio para que a recuperação dar certo, a falência só deverá ser decretada em ultima instancia. Isso tem sido usado com frequência quando a recuperação resta infrutífera, podendo o juiz então decretar a falência de ofício, salvo se não houver interesse dos credores e, ainda, no pedido de falência realizado diretamente pelo credor, quando esse é o único interessado, diante dessa situação, não será decretada falência. De acordo com o art. 94, I da Lei 11.105 será decretada a falência do devedor que sem relevante razão de direito, não paga, no vencimento, obrigação líquida materializada em título ou títulos executivos protestados cuja soma ultrapasse o equivalente a 40 (quarenta) salários-mínimos na data do pedido de falência, entretanto, esse artigo deve ser interpretado em consonância com o princípio da preservação as empresa e essa hipótese de decretação de falência não é utilizada. 7.4- Princípio da celeridade/economia processual: De acordo com o parágrafo único do art. 75 da Lei 11.101 o processo de falência atenderá aos princípios da celeridade e da economia processual. Não confundir celeridade com razoável duração do processo. O princípio da economia processual diz respeito ao menor número de atos processuais. Esse princípio também se aplica à recuperação judicial e são incorporados a falência para evitar que o processo se eternize. 7.5- Princípio da maximização de ativos: Por este princípio entende-se que deve tirar dos ativos de devedor o maior número de ativos para suprir o devedor, sem deixar de observar em conjunto om o princípio da preservação da empresa. 7.6- Princípio da transparência: A contabilidade da sociedade, em regra é sigilosa, entretanto, com a falência o processo passa a ser público. Uma determinada sociedade que estava em recuperação judicial, requereu segredo de justiça alegou que essa publicidade fazia com que a sociedade em recuperação tivesse dificuldades no mercado, entretanto essa tese não foi aceita. 8. Órgãos da recuperação judicial e da falência: O juiz, o Ministério Público, administrador judicial, a assembleia geral de credores e o comitê de credores, são órgãos da recuperação judicial, entretanto, apenas o juiz o Ministério Público e o administrador judicial são imprescindíveis. 8.1- Administrador judicial: O administrador judicial, de acordo com o art. 21 da Lei 11.101, será profissional idôneo, preferencialmente advogado, economista, administrador de empresas ou contador, ou pessoa jurídica especializada. Se o administrador judicial nomeado for pessoa jurídica, declarar-se-á, no termo de que trata o art. 33 desta Lei, o nome de profissional responsável pela condução do processo de falência ou de recuperação judicial, que não poderá ser substituído sem autorização do juiz. Anteriormente, o sindico era um dos três maiores credores do devedor, sendo que essa figura do administrador pessoa jurídica é uma novidade trazida pela lei. O administradorjudicial, de acordo com o art. 22 da Lei 11.101, é fiscalizado pelo juiz. O administrador judicial, de acordo com o art. 24 da Lei 11.101, o juiz fixará o valor e a forma de pagamento da remuneração do administrador judicial, observados a capacidade de pagamento do devedor, o grau de complexidade do trabalho e os valores praticados no mercado para o desempenho de atividades semelhantes. § 1º Em qualquer hipótese, o total pago ao administrador judicial não excederá 5% (cinco por cento) do valor devido aos credores submetidos à recuperação judicial ou do valor de venda dos bens na falência. § 2º Será reservado 40% (quarenta por cento) do montante devido ao administrador judicial para pagamento após atendimento do previsto nos arts. 154 e 155 desta Lei. § 3º O administrador judicial substituído será remunerado proporcionalmente ao trabalho realizado, salvo se renunciarsem relevante razão ou for destituído de suas funções por desídia, culpa, dolo ou descumprimento das obrigações fixadas nesta Lei, hipóteses em que não terá direito à remuneração. § 4º Também não terá direito a remuneração o administrador que tiver suas contas desaprovadas. § 5º A remuneração do administrador judicial fica reduzida ao limite de 2% (dois por cento), no caso de microempresas e empresas de pequeno porte De acordo com o art. 56 da Lei Falimentar Alemã, a nomeação e para cada caso especifico um profissional responsável pela administração judicial. 8.2- Assembleia geral de credores: A assembleia geral de credores deve ser ‘’amiga do devedor’’, pois ela possui poder de deliberar sobre pontos fundamentais como, por exemplo, aprovação, rejeição ou modificação do plano de recuperação judicial apresentado pelo devedor. Recuperação judicial: 1. Considerações gerais: 1.1- Recuperação judicial x recuperação extrajudicial: A recuperação pode ser judicial ou extrajudicial. A recuperação judicial. A recuperação extrajudicial é um acordo entre as partes (credores e devedores) que deverá homologado pelo juiz. Comparando com o direito revogado, a recuperação judicial tem certa relação com a antiga concordata, todavia, importante ressaltar que esses institutos possuem natureza distinta. 1.2. Finalidade: De acordo com o art. 47 da Lei 11.101, a recuperação judicial tem por objetivo viabilizar a superação da situação de crise econômico-financeira do devedor, a fim de permitir a manutenção da fonte produtora, do emprego dos trabalhadores e dos interesses dos credores, promovendo, assim, a preservação da empresa, sua função social e o estímulo à atividade econômica. A recuperação judicial não é sucessora da concordata, possuindo natureza jurídica diversa. Visando evitar que ‘’empresas mortas’’ prorrogasse seu funcionamento, um juiz de São Paulo nomeou um contador para fazer um estudo de viabilidade econômica com fundamento nesse artigo 47 e vários juízes estão seguindo esse modelo para verificar a viabilidade. 2. Requisitos: De acordo com o art. 48 da Lei 11.101, poderá requerer recuperação judicial o devedor que, no momento do pedido, exerça regularmente suas atividades há mais de 2 (dois) anos e que atenda aos seguintes requisitos, cumulativamente: I – não ser falido e, se o foi, estejam declaradas extintas, por sentença transitada em julgado, as responsabilidades daí decorrentes; II – não ter, há menos de 5 (cinco) anos, obtido concessão de recuperação judicial; III - não ter, há menos de 5 (cinco) anos, obtido concessão de recuperação judicial com base no plano especial de que trata a Seção V deste Capítulo; IV – não ter sido condenado ou não ter, como administrador ou sócio controlador, pessoa condenada por qualquer dos crimes previstos nesta Lei. 2.1- Exercício da atividade regular por mais de 2 anos: O requisito do lapso temporal de dois anos, se da em virtude que o uma empresa com menos de dois anos não exerce influência na cadeia do econômica. O requisito do exercício da regular das atividades, está associado ao registro público de empresas mercantis. Nessa questão, cumpre destacar o empresário rural que possui o registro público de empresas mercantis como uma faculdade, sendo esse registro de natureza declaratória e após realizado, o equiparado para todos os efeitos, ao empresário sujeito a registro. Entretanto há uma divergência, pois, para uma parte da doutrina afirma que o empresário rural deve ter 2 anos de registro público de empresas mercantis, já a outra parte afirma que o empregado deve exercer atividade por mais de dois anos e, portanto, se ele pretender a recuperação, ele pode efetuar o requerimento logo após registar a empresa. Observação: o art. 972 do CC exige a capacidade para configuração de empresário, desse modo, o incapaz, não inicia a atividade empresarial, mas pode prosseguir nela, de modo geral, nunca poderá pedir recuperação judicial antes dos 18 anos, ainda que emancipado aos 16 anos, justamente pelo requisito de 2 anos de atividade regular. Todavia, o art. 5º, p. único, V, do CC traz uma outra hipótese de emancipação, a qual permite que o individuo inicie a atividade empresarial antes dos 18 anos. Nesse caso, suponhamos que a pessoa inicie a atividade com 16 anos, sendo cessada sua incapacidade diante do exercício da atividade, depois, com 17 anos faz o registro de sua atividade. Ainda assim, poderá pedir a recuperação judicial aos 18 anos, pois o tempo contará desde os 16 anos, haja vista a emancipação, o que torna a atividade regular desde então. *Recuperação judicial indeferida não convola em falência. 2.2 – Demais requisitos: Não ser falido e, se o foi, estejam declaradas extintas, por sentença transitada em julgado, as responsabilidades daí decorrentes, podemos citar como exemplo pessoa que é sócio de uma empresa em falência, essa pessoa pode requerer a recuperação judicial, pois falida é a empresa. O requisito de não ter, há menos de 5 (cinco) anos, obtido concessão de recuperação judicial com base no plano especial de que trata a Seção V deste Capítulo, é aplicável ao micro e pequeno empresário. Outro requisito é não ter sido condenado ou não ter, como administrador ou sócio controlador, pessoa condenada por qualquer dos crimes previstos nesta Lei (crimes falimentares). A recuperação judicial pode ser requerida pelo devedor, porém de acordo com o §1º do art. 48 da Lei 11.101, ela também poderá ser requerida pelo cônjuge sobrevivente, herdeiros do devedor, inventariante ou sócio remanescente. 3. Créditos exigíveis: De acordo com o art. 49 da Lei, estão sujeitos à recuperação judicial todos os créditos existentes na data do pedido, ainda que não vencidos. Os créditos que se submetem à recuperação judicial são aqueles até a data do pedido ainda que não vencidos, ou seja, não se inserem os créditos posteriores. Todavia, não são todos os créditos. Na recuperação se tem credores trabalhistas, quirografários e por garantia real, isto é, nem todos que se submetem à falência se submetem à recuperação judicial. § 1º Os credores do devedor em recuperação judicial conservam seus direitos e privilégios contra os coobrigados, fiadores e obrigados de regresso. § 2º As obrigações anteriores à recuperação judicial observarão as condições originalmente contratadas ou definidas em lei, inclusive no que diz respeito aos encargos, salvo se de modo diverso ficar estabelecido no plano de recuperação judicial. Os fatos que se deram antes da recuperação judicial, ainda que o processo ocorra depois, estes créditos estão sujeitos à recuperação. § 3º Tratando-se de credor titular da posição de proprietário fiduciário de bens móveis ou imóveis, de arrendador mercantil, de proprietário ou promitente vendedor de imóvel cujos respectivos contratos contenham cláusula de irrevogabilidade ou irretratabilidade, inclusive em incorporações imobiliárias, ou de proprietário em contrato de venda com reserva de domínio, seu crédito não se submeterá aos efeitos da recuperação judicial e prevalecerão os direitos de propriedade sobre a coisa e as condições contratuais, observada a legislação respectiva, não se permitindo, contudo, durante o prazo de suspensão a que se refere o § 4o do art. 6o desta Lei, a venda ou a retirada do estabelecimento do devedor dos bens de capital essenciais a sua atividade empresarial. Créditos não se submetem a recuperação judicial, entretanto, se o bem for imprescindível ao exercício da atividade, não se retira esse bem durante o período de suspensão. Na hipótese de reiterada recuperação judicial,o credor fiduciário fica sem poder fazer nada. De acordo com art. 6-A, do Decreto Lei 811/1963 de O pedido de recuperação judicial ou extrajudicial pelo devedor nos termos da Lei no 11.101, de 9 de fevereiro de 2005, não impede a distribuição e a busca e apreensão do bem. Essa questão é um pouco obvia porque o deferimento do processamento do pedido não impede à busca a apreensão, pois ela não tem nenhum efeito o que interfere é o deferimento do pedido de processamento. Enunciado 51 da Jornada de Direito Empresarial: o saldo do crédito não coberto pelo valor do bem e/ou da garantia dos contratos previstos no § 3º do art. 49 da Lei n. 11.101/2005 é crédito quirografário, sujeito à recuperação judicial (não cabe adimplemento substancial na recuperação judicial). Entretanto, há quem intenda que é o deferimento do pedido de processamento com § 4o Não se sujeitará aos efeitos da recuperação judicial a importância a que se refere o inciso II do art. 86 desta Lei (quando a sociedade tinham um bem em alienação fiduciária e esse bem é deteriorada, esse bem não se submete a recuperação judicial). 4. Plano de recuperação judicial: O plano de recuperação judicial serve para dizer aos credores na assembleia geral, como será o pagamento. De acordo com o art. 53 da Lei 11.101, o plano de recuperação será apresentado pelo devedor em juízo no prazo improrrogável de 60 (sessenta) dias da publicação da decisão que deferir o processamento da recuperação judicial, sob pena de convolação em falência, e deverá conter: I – discriminação pormenorizada dos meios de recuperação a ser empregados, conforme o art. 50 desta Lei, e seu resumo; II – demonstração de sua viabilidade econômica; e III – laudo econômico-financeiro e de avaliação dos bens e ativos do devedor, subscrito por profissional legalmente habilitado ou empresa especializada. Há uma discussão se esse prazo de 60 dias para apresentar o plano será de dias uteis ou corridos quem defende que será em dias uteis fundamenta-se no princípio da celeridade que norteia a falência, há quem defenda que por ser um praz de direito processual, portanto, seria dias úteis. Se o devedor não apresentar o plano de recuperação judicial, de acordo com o art. 73, II da Lei 11101, ocorrerá a falência. Há uma discussão que se o plano for apresentando intempestivamente, entretanto não tiver sido decretada a queda, é possível decretar. A assembleia pode recusar o plano (será decretada a falência), alterar o plano ou aceitar o plano, seno que mesmo após a aceitação, o plano pode ser alterado, sendo que essa alteração alcança inclusive para o devedor que discordar dessa alteração. A aprovação do plano coloca a sociedade em recuperação judicial e há a novação da dívida (divida nova sobre divida velha), sob condição resolutiva (a divida volta a ser o que era antes). Com a novação as dividas ficam extintas e as execuções também sem extinta. A novação faz garante que o deve dor possa pleitear a baixa do nome nos serviços de proteção ao crédito. Ainda que a pessoa tenha um bem imprescindível para a atividade esse credor não pode participar da assembleia, pois não possui um título. Enunciado 46 da Jornada de Direito Comercial: Não compete ao juiz deixar de conceder a recuperação judicial ou de homologar a extrajudicial com fundamento na análise econômico-financeira do plano de recuperação aprovado pelos credores. Súmula 480 do STJ: o juízo da recuperação judicial não é competente para decidir sobre a constrição de bens não abrangidos pelo plano de recuperação da empresa. Enunciado 81 da II Jornada de Comercial: Aplica-se à recuperação judicial, no que couber, o princípio da par condicio creditorum. Enunciado 57 da I Jornada de Direito Empresarial: o plano de recuperação judicial deve prever tratamento igualitário para os membros da mesma classe de credores que possuam interesses homogêneos, sejam estes delineados em função da natureza do crédito, da importância do crédito ou de outro critério de similitude justificado pelo proponente do plano e homologado pelo magistrado. Art. 50. Constituem meios de recuperação judicial, observada a legislação pertinente a cada caso, dentre outros: I – concessão de prazos e condições especiais para pagamento das obrigações vencidas ou vincendas (entretanto, essas condições devem observar a legalidade). De acordo com o art. 50, § 1º, na alienação de bem objeto de garantia real, a supressão da garantia ou sua substituição somente serão admitidas mediante aprovação expressa do credor titular da respectiva garantia (entretanto, se a assembleia geral decidir pela supressão da hipoteca, suprimida está – informativo 620 do STJ). § 2º Nos créditos em moeda estrangeira, a variação cambial será conservada como parâmetro de indexação da correspondente obrigação e só poderá ser afastada se o credor titular do respectivo crédito aprovar expressamente previsão diversa no plano de recuperação judicial. Quando depositar o dinheiro devido, contestar o pedido de falência ou pleitear a recuperação judicial. De acordo com o art. 31 da Lei 8666, a documentação relativa à qualificação econômico- financeira limitar-se-á a: II - certidão negativa de falência ou concordata expedida pelo distribuidor da sede a pessoa jurídica, ou de execução patrimonial, expedida no domicílio da pessoa física. Empresa em recuperação judicial pode participar de licitação, mas a empresa em falência não. Há uma discussão se a empresa com pedido de falência que arguiu na defesa recuperação judicial pode participar da licitação. 5. Fluxograma de recuperação judicial: Como toda petição inicial, a exordial da recuperação judicial precisa atender aos requisitos formais e estruturais impostos pela legislação processual. Os requisitos formais são os inerentes a todos os atos processuais, como a forma escrita, o uso do vernáculo e a assinatura de advogado. Já os requisitos estruturais são aqueles que devem constar do texto da própria petição inicial, sendo previstos no artigo 319 do novo CPC. A petição deverá ser instruída com os documentos do art. 51 da Lei 11.101. A partir do ajuizamento, o devedor não poderá alienar ou onerar bens ou direitos de seu ativo não circulante, salvo evidente utilidade reconhecida pelo juiz, depois de ouvido o Comitê de credores, com exceção daqueles previamente relacionados no plano de recuperação judicial (Leino11.101/2005–art.66). Deferido o processamento, ocorrerá a nomeação do administrador e a publicação de editais. Há quem afirme que a decisão que defere a recuperação judicial é uma decisão de mero expediente, portanto irrecorrível (súmula 264 STJ – concordata). Entretanto, há quem entenda que essa decisão é interlocutória e, portanto, comprova agravo de instrumento. Enunciado 52 da I Jornada de Direito Comercial: A decisão que defere o processamento da recuperação o ingresso do devedor no processo para que sejam possíveis a negociação e a conclusão do acordo de recuperação. Ocorre que, além de deferir o processamento, a decisão do juiz deverá conter uma série de outras determinações, consoante consta do artigo 52 da Lei no11.101/2005. Ademais, tal decisão produzirá automaticamente alguns efeitos definidos pela legislação. Assim, além de deferir o processamento, o juiz nomeará o administrador judicial; determinará a dispensa da apresentação de certidões negativas, para que o devedor exerça suas atividades, exceto para contratação como Poder Público ou para recebimento de benefícios fiscais; ordenará a suspensão de todas as ações e execuções em curso; determinará ao devedor a apresentação de contas mensais; e ordenará a intimaçãodo Ministério Público e das fazendas públicas, onde o devedor tiver estabelecimento. Todos esses elementos constarão obrigatoriamente da decisão. O melhor seria que boa parte deles, exceto a nomeação do administrador judicial, que dependerá de escolha, já decorresse automaticamente da Lei, mas preferiu o legislador determinar que constassem obrigatoriamente da decisão de processamento. Na decisão que defere o processamento da recuperação judicial o juiz nomeará o administrador judicial que o auxiliará no processo de recuperação. Enquanto o juiz não encerra a recuperação (sentença) a assembléia pode alterar o plano de recuperação. O credor poderá desistir da recuperação a qualquer tempo, entretanto, após o deferimento da recuperação, será necessária a anuência fundamentada da Assembleia de Credores (art. 52, §4º). Art. 41. A assembléia-geral será composta pelas seguintes classes de credores: I – titulares de créditos derivados da legislação do trabalho ou decorrentes de acidentes de trabalho; II – titulares de créditos com garantia real; III – titulares de créditos quirografários, com privilégio especial, com privilégio geral ou subordinados. IV - titulares de créditos enquadrados como microempresa ou empresa de pequeno porte. Além dos retardatários (não se submetem a falência e a recuperação), não votam os credores fiscais, porquanto não se submetem a concurso de credores, nos termos do artigo 187 do CTN. Especificamente na falência, não votamos credores de pedido de restituição em dinheiro e os credores extraconcursais. Além disso, na recuperaçãoo judicial não participarão da assembleia os credores excluídos da recuperação, asaber, os credores titulares da posição de proprietário fiduciário de bens móveis ou imóveis, de arrendador mercantil, de proprietário ou promitente vendedor de imóvel cujos respectivos contratos contenham cláusula de irrevogabilidade ou irretratabilidade, inclusive e mincorporações imobiliárias, ou de proprietário em contrato de venda com reserva de domínio (Leino11.101/2005 art.49,§3o). Na mesma situação encontram-se os credores de adiantamentos de contratos de câmbio (Leino11.101/2005–art.86,II). Ainda na recuperação judicial, não se submeterão ao processo aqueles credores cujos créditos não sejam alterados pelas condições do plano de recuperação, no entanto, a não participação deles dependerá da apresentação do plano. Só participam da assembleia aqueles cujo crédito se submetem a assembléia, sendo que o credor não pode participar da segunda assembleia se não participou da primeira. Debenturi sem garantia é crédito subordinado (classe três). Art. 41 se submetem a recuperação judicial. O que se pode discutir em uma assembleia é o abuso do direito de voto. As classes I e IV votam por cabeça e a II e II votam conforme a dívida. Art. 45. Nas deliberações sobre o plano de recuperação judicial, todas as classes de credores referidas no art. 41 desta Lei deverão aprovar a proposta, sendo que nas classes I e IV os votos são computados por maioria simples e nas classes II e II deverá ter metade dos credores presentes sendo os votos computados pela maioria dos presentes. O juiz poderá conceder a recuperação judicial com base em plano que não obteve aprovação na forma do art. 45 desta Lei, desde que, na mesma assembléia, tenha obtido, de forma cumulativa: I – o voto favorável de credores que representem mais da metade do valor de todos os créditos presentes à assembléia, independentemente de classes; II – a aprovação de 2 (duas) das classes de credores nos termos do art. 45 desta Lei ou, caso haja somente 2 (duas) classes com credores votantes, a aprovação de pelo menos 1 (uma) delas; III – na classe que o houver rejeitado, o voto favorável de mais de 1/3 (um terço) dos credores, computados na forma dos §§ 1o e 2o do art. 45 desta Lei. O prazo da recuperação é de 180 dias contados da publicação que defere o deferimento da recuperação judicial. Após esse prazo acaba a suspensão das execuções, entretanto, em atenção ao princípio da preservação da empresa, o STJ entende que as execuções devem continuar suspensas, quando se tratam de quantias ilíquidas e nos casos que não suspendem como é o caso da execução fiscal, tramita até os atos expropriatórios. A fase administrativa da verificação de crédito terá inicio com a publicação da lista de credores (junto com a petição inicial) após os credores terão o prazo de 15 dias para habilitar o crédito, ainda haverá o mesmo prazo para divergência. O prazo para impugnar a lista de credores é de 15 dias, sendo que a decisão comporta agravo. Alguns autores entendem que a não apresentação de certidões é uma hipótese de indeferimento da recuperação judicial, outros entendem que acarretará na falência. Art. 73: convolação em falência. Falência: 1. Conceito e natureza jurídica: 1.1- Conceito: A falência é o procedimento visando à liquidação do patrimônio do devedor, para satisfação dos credores de acordo comum a ordem legal de preferência, para evitar maiores prejuízos na condução da atividade pelo devedor. 1.2- Natureza jurídica: Há quem entenda que a falecia possui natureza jurídica de processo de execução, entretanto, é um processo coletivo. 2. Princípios: 2.1- Princípio da preservação da empresa: É importante destacar que empresa é diferente de empresários, posto isso, a falência protege a atividade empresarial. Esse princípio é extraído do art. 140, I da Lei 11.101: ‘’a alienação dos bens será realizada de uma das seguintes formas, observada a seguinte ordem de preferência: I – alienação da empresa, com a venda de seus estabelecimentos em bloco’’. 2.2- Princípio da maximização de ativos: Todo patrimônio do devedor deve ser otimizado para o pagamento dos credores. 2.3- Princípio da economia: Trata-se de economia processual. Art. 75, parágrafo único: ‘’o processo de falência atenderá aos princípios da celeridade e da economia processual’’. 2.4- Principio da celeridade: Não confundir com a razoabilidade duração do processo. Art. 75, parágrafo único: ‘’o processo de falência atenderá aos princípios da celeridade e da economia processual’’. 3. Pressupostos: Os pressupostos podem ser materiais ou formais. 3.1- Pressupostos materiais: Os pressupostos materiais podem ser subjetivos ou objetivos. 2.1.1- Pressuposto material subjetivo: Os pressupostos subjetivos diz respeito a quem pode falir diz respeito a quem pode falir, sendo que apena o empresário pode falir, a pessoa física fica insolvente. Art. 97, I e 105 o devedor pode requerer a falência. Art. 1071, VIII (deliberação sobre o pedido de concordata/recuperação judicial). O administrador pode ou não requerer a falência independente da anuência dos sócios? Para o professor o administrador pode requerer a falência sem a anuência dos sócios, pois ele pode ser responsabilizado caso o pedido de falência cause problemas ao credor. Art. 97. Podem requerer a falência do devedor: I – o próprio devedor, na forma do disposto nos arts. 105 a 107 desta Lei; II – o cônjuge sobrevivente, qualquer herdeiro do devedor ou o inventariante; III – o cotista ou o acionista do devedor na forma da lei ou do ato constitutivo da sociedade; IV – qualquer credor. § 1º O credor empresário apresentará certidão do Registro Público de Empresas que comprove a regularidade de suas atividades. § 2º O credor que não tiver domicílio no Brasil deverá prestar caução relativa às custas e ao pagamento da indenização de que trata o art. 101 desta Lei. O devedor pode estar em situação regular ou não, caso seja um empresário individual. Nas sociedades limitadas, o requerimento da falência deve ser feiro por mais da metade do capital social. Nas sociedades em nome coletivo e em comandita simples, a princípio, a decisão deverá decorrer da maioria absoluta dos votos computados de acordo com o capital social (CC– artigos 1.010, 1.040 e1.046). E importante ressaltar que o credor que pode requere a falência é aquele cujo crédito se submete a falência. O credor empresário deve demonstrar sua condição de empresário, portanto, a sociedade de advogados não pode emitir uma duplicata, pois ela é uma sociedade não empresária por lei, e, portanto, não poderá requere a falência. Entretanto, o credor não empresário também pode pedir a falência, como é o caso das cooperativas que não é uma sociedade por definição legal, mas pode requerer a falência. O juiz pode convolar de oficio um pedido de recuperação em falência. A maioria da entende que o Ministério público não pode postular a falência, pois ela não é credor, nos casos de pena de multa, que executa é a fazenda pública. O credor hipotecário/garantia real não pode pedir falência, pois o crédito está garantido, uma vez que em caso de divida, o credor pode executar e leiloar o bem. Entretanto, esse posicionamento é defendido pela doutrina minoritária, pois a majoritária defende que pode requerer a recuperação, ao passo que o bem oferecido em garantia pode ser insuficiente para o pagamento da divida. Enunciado 56 da Jornada de Direito Comercial: a Fazenda Pública não possui legitimidade ou interesse de agir para requerer a falência do devedor empresário. Isso se dá porque a fazenda pública na falência é o 3º a receber aos créditos concursais. Os créditos trabalhistas não pode requere a falência, pois o credor trabalhista é super privilegiado, entretanto, há uma limitação para o pagamento das verbas trabalhistas e, por esse motivo, o credor trabalhista pode requere a falência. 2.2.1- Pressuposto material objetivo: O pressuposto material objetivo é a insolvência, ou seja, o ativo não é o bastante para suprir o passivo, essa insolvência é presumida, ou seja, é uma insolvência jurídica, não é de verdade O estado patrimonial deficitário não é considerado para fins de insolvência. A cessão de pagamento (o não pagamento de nenhum credor) não é considerado para fins de insolvência. A impontualidade está prevista no artigo 94, I que engloba o inciso II e é considerada para fins de falência. A enumeração legal está prevista no art. 94, III, sendo que se praticado algum daqueles atos, poderá ser decretada a falência (hipótese considerada para fins de falência). O art. 5º da Lei falimentar Italiana: o credor não é capaz de satisfazer as suas obrigações. Os pressupostos materiais objetivos estão previsto do art. 94 da Lei 11.101. Art. 94. Será decretada a falência do devedor que: I – sem relevante razão de direito, não paga, no vencimento, obrigação líquida materializada em título ou títulos executivos protestados cuja soma ultrapasse o equivalente a 40 (quarenta) salários-mínimos na data do pedido de falência. O credor por ter um titulo ou vários que totalizem 40 salários e pode, ainda, se juntar com outros credores para totalizar montante previsto em lei (§1º). O protesto é uma condição de procedibilidade para o pedido de falência, não sendo possível aditar a petição. Esse processo deve ser para fins falimentares, uma parte da jurisprudência entende que não basta o protesto genérico, sendo que se o credor já tenha feito o protesto genérico, ele deverá fazer o protesto para fins de falência também. Súmula 248 do STJ: a duplicata sem aceite, mas protestada é aceita para fins de falência. Súmula 398 do STJ: a notificação do protesto para fins de requerimento de falência exige a identificação quem recebeu. Caso o devedor realize mudança de endereço sem notificar o credor e alguém receba essa notificação, Art. 94, II – executado por qualquer quantia líquida, não paga, não deposita e não nomeia à penhora bens suficientes dentro do prazo legal. Nessa hipótese não se aplica limite da quantia estabelecida no inciso I. Caso o executado nomeie bens após o pedido de falência, descaracteriza o pedido falimentar. Não é necessária a extinção da execução para que seja requerida a falência, entretanto ela deve estar suspensa (a jurisprudência entende que não é necessário o despacho decretado a suspenção, pois o efeito necessário ante a ausência de bens). A falência não pode usada como meio de cobrança, pois não é essa a finalidade dela (art. 75 da Lei). Os atos de falência, previsto no art. 94, III, deixa de ser ato de falência quando realizado no plano de recuperação judicial. 3.2- Pressuposto formal: O pressuposto formal é a sentença que é, preponderantemente, constitutiva, pois o devedor será falido após sua decretação, ou seja, o devedor só será considerado falido após a sentença. Entretanto, há alguns efeitos declaratórios, como é o caso da fixação de termo legal. O recurso cabível a decisão que decreta a falência é o agravo, e da sentença que julga a improcedência do pedido cabe apelação. É na falência em que serão levantados os bens para que o ocorra o pagamento das dívidas. 2.2.1- Termo legal: Art. 99 da Lei 11.101. O termo legal é importante, pois certos acordos realizados nesse termo (em regra 90 dias antes da falência) não efeito (eficácia) na massa falida. Alguns doutrinadores chamam esse termo legal de período suspeito. Há quem defende que antes dos 90 dias possa haver coisas erradas anteriores ao termo legal, entretanto, esse entendimento não é aceito. Esse prazo de 90 dias será contado do pedido de falência, do pedido de recuperação judicial (aplicado para os pedido de recuperação convolados em falência) ou do primeiro protesto por falta de pagamento, excluindo-se, para esta finalidade, os protestos que tenham sido cancelados (o titulo deve estar protestado e não pago e pode ser qualquer protesto de qualquer credor ou valor, entretanto, se o titulo estiver prescrito ele não serve como referencia para o termo legal). Determinará as diligências necessárias para salvaguardar os interesses das partes envolvidas (esse ato pode ser de oficio), podendo ordenar a prisão preventiva do falido ou de seus administradores quando requerida com fundamento em provas da prática de crime definido nesta Lei. Pronunciar-se-á a respeito da continuação provisória (o ideal seria temporária) das atividades do falido com o administrador judicial ou da lacração dos estabelecimentos, observado o disposto no art. 109 desta Lei. Por esta questão deve se entender que a falência não acarreta necessariamente no fim das atividades. O paragrafo único do art. 1030 do CC deverá ser interpretado da seguinte maneiras: será de pleno direito excluído da sociedade o sócio declarado falido, desde que não seja determinado a continuidade do negocio pelo juízo da falência. 4. Efeitos da decretação da falência: 4.1- Extinção da sociedade: Acaba a sociedade, entretanto, não acabará a personalidade jurídica. Resp 1.192.210/RS: a mera decretação da quebra não implica extinção da personalidade jurídica do estabelecimento empresarial. Ademais, a massa falida tem exclusivamente personalidade judiciária, sucedendo a empresa em todos os seus direitos e obrigações. Resp 1.373.243/SE: a massa não possui personalidade jurídica, mas possui judiciária. A decisão que decreta a falência da sociedade com sócios ilimitadamente responsáveis também acarreta a falência destes, que ficam sujeitos aos mesmos efeitos jurídicos produzidos em relação à sociedade falida e, porisso, deverão ser citados para apresentar contestação, se assim o desejarem. Enunciado 48 da Jornada de Direito Comercial: a apuração da responsabilidade pessoal dos sócios, controladores e administradores feita independentemente da realização do ativo e da prova da sua insuficiência para cobrir o passivo, prevista no art. 82 da Lei n. 11.101/2005, não se refere aos casos de desconsideração da personalidade jurídica. Quando a sociedade é de responsabilidade ilimitada, quando fali a sociedade, os sócios falem junto. 4.2- Inabilitação empresarial: Art. 102. O falido fica inabilitado para exercer qualquer atividade empresarial a partir da decretação da falência e até a sentença que extingue suas obrigações, respeitado o disposto no § 1o do art. 181 desta Lei. Parágrafo único. Findo o período de inabilitação, o falido poderá requerer ao juiz da falência que proceda à respectiva anotação em seu registro. A inabilitação se restringe a atividade empresarial, ou seja, ele ainda pode ser sócio e administrador Enunciado 49 da Jornada de Direito Comercial: os deveres impostos pela Lei n. 11.101/2005 ao falido, sociedade limitada, recaem apenas sobre os administradores, não sendo cabível nenhuma restrição à pessoa dos sócios não administradores. Art. 102. Desde a decretação da falência ou do sequestro, o devedor perde o direito de administrar os seus bens ou deles dispor. Parágrafo único. O falido poderá, contudo, fiscalizar a administração da falência, requerer as providências necessárias para a conservação de seus direitos ou dos bens arrecadados e intervir nos processos em que a massa falida seja parte ou interessada, requerendo o que for de direito e interpondo os recursos cabíveis. O art. 42 da Lei de Falência Italiana, possui a mesma redação do art. 102. O falido deve avisar ao juiz e não aos credores (art. 104, III). Art. 116. A decretação da falência suspende: I – o exercício do direito de retenção sobre os bens sujeitos à arrecadação, os quais deverão ser entregues ao administrador judicial; II – o exercício do direito de retirada ou de recebimento do valor de suas quotas ou ações, por parte dos sócios da sociedade falida. O direito de retenção deve ser arguido na inicial ou contestação. O parágrafo único do art. 1030 (será de pleno direito excluído da sociedade o sócio declarado falido, ou aquele cuja quota tenha sido liquidada nos termos do parágrafo único do art. 1.026)deveria possuir uma virgula afirmado que essa disposição de aplica, salvo na falência (art. 117 da lei de falências). Enunciado 75 da II Jornada de Comercial: havendo convecção de arbitragem, caso uma das partes tenha a falência decretada: (i) eventual procedimento arbitral já em curso não se suspende e novo procedimento arbitral pode ser iniciado, aplicando-se, em ambos os casos, a regra do art. 6º, § 1º, da Lei n. 11.101/2005; e (ii) o administrador judicial não pode recusar a eficácia da cláusula compromissória, dada a autonomia desta em relação ao contrato. Art. 85. O proprietário de bem arrecadado no processo de falência ou que se encontre em poder do devedor na data da decretação da falência poderá pedir sua restituição. Parágrafo único. Também pode ser pedida a restituição de coisa vendida a crédito e entregue ao devedor nos 15 (quinze) dias anteriores ao requerimento de sua falência, se ainda não alienada. Súmula 417 do STF: Pode ser objeto de restituição, na falência, dinheiro em poder do falido, recebido em nome de outrem, ou do qual, por lei ou contrato, não tivesse êle a disponibilidade Súmula 193 do STF: Para a restituição prevista no art. 76, § 2º, da Lei de Falências, conta- se o prazo de quinze dias da entrega da coisa e não da sua remessa. Súmula 307 do STJ: A restituição de adiantamento de contrato de câmbio, na falência, deve ser atendida antes de qualquer crédito. Súmula 495 do STF: A restituição em dinheiro da coisa vendida a crédito, entregue nos quinze dias anteriores ao pedido de falência ou de concordata, cabe, quando, ainda que consumida ou transformada, não faça o devedor prova de haver sido alienada a terceiro. Súmula 36: a correção monetária integra o valor da restituição, em caso de adiantamento de câmbio, requerida em concordata ou falência. Art. 51, parágrafo único da Lei 8212: 5. Ineficácia dos atos da falência: A ineficácia dos atos é exceção. Informativo 543. 6. Procedimento falimentar: Recebida a petição inicial deverá ocorrer a citação do devedor que terá o prazo de dez dias (prazo em dias uteis – art. 98) para contestar, realizar o depósito elisivo ou pleitear recuperação judicial. Na contestação o devedor deverá mostrar o porquê de não pagar, podendo realizar o depósito. No depósito elisivo, devedor poderá depositar o valor correspondente ao total do crédito, acrescido de correção monetária, juros e honorários advocatícios, hipótese em que a falência não será decretada e, caso julgado procedente o pedido de falência, o juiz ordenará o levantamento do valor pelo autor (o art. 94, III não é cabível depósito elisivo). Caso o devedor realize o pagamento fora do prazo legal, entretanto, antes da decretação da falência, não será razoável a decretação da falência. A recuperação judicial pode ser pleiteada apenas em caso de impontualidade ou em caso de execução frustrada. Há quem entenda que a recuperação judicial suspende a falência e há quem entenda que extingue, Súmula 29 do STJ: Resp. 1.107.937/SP: Após, o juiz proferira a sentença podendo ser decretada a falência ou denegar o pedido, condenando a parte vencida ao pagamento das despesas antecipadas e dos honorários advocatício. Da sentença entendeu denegar a decretação da quebra cabe apelação, já quando a sentença decreta a quebra cabe agravo (é importante pedir efeito suspensivo). Após a sentença, encerra-se a fase de conhecimento. Por fim, há o pagamento, após o enceramento da falência e o encerramento das obrigações. Na sentença pode ser determinada a prisão preventiva, caso haja crime falimentar e presentes os pressupostos para decretação da prisão; analisar a viabilidade de continuação das atividades O quadro geral de credores é formado pelos prioritários (art. 150 e 151), os créditos extra concursais (art. 84) e os créditos concursais (art. 83), realizando o pagamento nesta ordem, respectivamente. A realização dos ativos consistem em arrecadar, avaliar e vender os bens do falido. O art. 1046 Não se aplica para trespasse para em falência e recuperação judicial. Apresentado o relatório final, o juiz encerrará a falência por sentença (art. 156). Art. 187 do CTN: 2º BIMESTRE: Informativos: 1. Art. 2º da Lei 11.101: Esta Lei não se aplica a: I – empresa pública e sociedade de economia mista; II – instituição financeira pública ou privada, cooperativa de crédito, consórcio, entidade de previdência complementar, sociedade operadora de plano de assistência à saúde, sociedade seguradora, sociedade de capitalização e outras entidades legalmente equiparadas às anteriores. STJ Informativo 386 (Ag. Reg. em Ag. 925.756/RJ) – trata especialmente da autofalência daqueles que exercem atividade agrícola (empresário rural). INSOLVÊNCIA CIVIL. AGRICULTURA. PECUÁRIA. A Turma reiterou que, no caso, as atividades da agricultura e pecuária são estranhas ao comércio segundo a tradição jurídica, de modo que, aos recorrentes pecuaristas que vivem da compra e venda de gado no meio rural, não se aplicam as regras de Direito Comercial, mas de Direito Civil, porquanto, não sendo efetivamente comerciantes, não podem se valer das regras específicasda atividade empresarial para fins de falência, concordata ou recuperação judicial, cabendo-lhes o pedido de auto insolvência civil, excluídos os benefícios da Lei n. 1.060/1950. Precedente citado: AgRg no Ag 925.756-RJ, DJ 3/3/2008. REsp 474.107-MG, Rel. Min. Luis Felipe Salomão, julgado em 10/3/2009. Art. 966. Considera-se empresário quem exerce profissionalmente atividade econômica organizada para a produção ou a circulação de bens ou de serviços. Observação: questão de ser facultado ao empresário rural o registro. Problema: se apega à teoria dos atos de comércio – hoje aplica-se a teoria da empresa. 2. Art. 3º da Lei 11.101 (competência): Art. 3o É competente para homologar o plano de recuperação extrajudicial, deferir a recuperação judicial ou decretar a falência o juízo do local do principal estabelecimento do devedor ou da filial de empresa que tenha sede fora do Brasil. **STJ Informativo 598 (REsp 1630702/RJ) – créditos resultantes das relações de consumo também se submetem ao juízo da recuperação. O juízo onde tramita o processo de recuperação judicial é o competente para decidir sobre o destino dos bens e valores objeto de execuções singulares movidas contra a recuperanda, ainda que se trate de crédito decorrente de relação de consumo. Observação: uma alternativa para receber o dinheiro e fugir da recuperação é a desconsideração da personalidade jurídica – art. 28, § 5º do CDC (Teoria Menor). Art. 28. O juiz poderá desconsiderar a personalidade jurídica da sociedade quando, em detrimento do consumidor, houver abuso de direito, excesso de poder, infração da lei, fato ou ato ilícito ou violação dos estatutos ou contrato social. A desconsideração também será efetivada quando houver falência, estado de insolvência, encerramento ou inatividade da pessoa jurídica provocados por má administração. (...) § 5° Também poderá ser desconsiderada a pessoa jurídica sempre que sua personalidade for, de alguma forma, obstáculo ao ressarcimento de prejuízos causados aos consumidores. STJ Informativo 495. FALÊNCIA. INCOMPETÊNCIA ABSOLUTA REQUERIDA COMO RELATIVA. MOMENTO OPORTUNO. Não há nulidade na sentença declaratória de falência proferida antes de apreciada a exceção de incompetência relativa, quando, na realidade, a pretensão do excipiente era ver declarada a incompetência absoluta da Justiça comum em face do suposto interesse do Banco Central do Brasil – Bacen na lide, o que atrairia a competência da Justiça Federal. A alegação do recorrente de que o processo foi suspenso posteriormente à decisão de quebra da empresa, e não antes, no momento do recebimento da exceção, não tem o condão de macular a decisão impugnada, pois, in casu, a exceção de incompetência era absoluta, devendo ser requerida como preliminar da contestação nos próprios autos da ação principal, e não via exceção de incompetência, instrumento adequado para os casos de incompetência relativa, em que há a suspensão do processo, em conformidade com o art. 306 do CPC. Quanto à competência para processar e julgar o pedido de falência de empresa em liquidação extrajudicial, ou seja, sob intervenção do Bacen, a Turma decidiu que é da Justiça estadual. Precedentes citados: REsp 931.134-MA, DJe 3/4/2009, e CC 43.128-SP, DJ 1º/2/2006. REsp 1.162.469-PR, Rel. Min. Paulo de Tarso Sanseverino, julgado em 12/4/2012. Falência e Recuperação Judicial –> Justiça Estadual (art. 109 da CF). STJ Informativo 467 – penhora de bem, juízo falimentar x juízo trabalhista. COMPETÊNCIA. JUÍZOS FALIMENTAR E TRABALHISTA. EXECUÇÃO. A Seção reiterou que compete ao juízo no qual se processa a recuperação judicial julgar as causas que envolvam interesses e bens da empresa que teve deferido o processamento da sua recuperação judicial, inclusive para o prosseguimento dos atos de execução que tenham origem em créditos trabalhistas. Uma vez realizada a praça no juízo laboral, a totalidade do preço deve ser transferida ao juízo falimentar. Assim, a Seção conheceu do conflito, declarando competente o juízo da recuperação para o qual deverá ser remetida a importância arrecadada com a alienação judicial do imóvel da massa falida na execução trabalhista. Precedentes citados: CC 19.468-SP, DJ 7/6/1999; CC 90.160-RJ, DJe 5/6/2009; CC 90.504- SP, DJe 1°/7/2008, e CC 86.065-MG, DJe 16/12/2010. CC 112.390-PA, Rel. Min. Sidnei Beneti, julgado em 23/3/2011. **STJ Informativo 453 – desconsideração de personalidade jurídica –> patrimônio dos sócios. COMPETÊNCIA. EMPRESA. RECUPERAÇÃO JUDICIAL. A Seção negou provimento ao agravo regimental, reiterando o entendimento de que não há conflito de competência quando a execução promovida pela Justiça trabalhista recai sobre o patrimônio dos sócios da empresa em recuperação judicial. Salientou-se, contudo, ser exceção a essa regra a hipótese de o juízo da recuperação igualmente decretar a desconsideração da personalidade jurídica para atingir os mesmos bens e pessoas, ainda que posteriormente – o que limitaria a aplicação, pelo juízo laboral, da disregard doctrine aos sócios de empresas pertencentes ao mesmo grupo econômico –, caso em que prevalece a competência do juízo da recuperação. Precedentes citados: AgRg no CC 86.096-MG, DJ 23/8/2007; EDcl no AgRg no CC 53.215-SP, DJ 2/8/2007; AgRg no AgRg no CC 57.649-SP, DJe 18/8/2008; CC 94.439-MT, DJe 17/6/2008; CC 57.523-PE, DJ 8/3/2007; AgRg no CC 103.437-SP, DJe 3/6/2009; CC 30.813-PR, DJ 5/3/2001, e AgRg no CC 99.582-RJ, DJe 1º/10/2009. AgRg no CC 113.280-MT, Rel. Min. Luis Felipe Salomão, julgado em 27/10/2010. **STJ Informativo 318 (Agr. Reg. no CC. 61271/RJ) – intervenção do Ministério Público do Trabalho. MPFT. ASSISTÊNCIA. COMPETÊNCIA. AÇÃO. RECUPERAÇÃO JUDICIAL. A Seção, em questão de ordem, admitiu, por maioria, o Ministério Público do Trabalho como assistente na ação proposta por sindicato de aeronautas e outros contra conhecida companhia de aviação. Também referente à ação paralela de recuperação judicial dessa companhia, em conflito suscitado em que dois juízes com jurisdição em diferentes ramos do Poder Judiciário decidiram de modos diversos sobre a destinação do patrimônio alienado da companhia, envolvendo créditos de natureza alimentar, a Seção declarou competente o juízo de Direito de vara empresarial estadual. E evitando, assim, o comprometimento do êxito da tal ação de recuperação judicial da sociedade falida, diante da Lei n. 11.101/2005 (Lei de Falências), sob pena de restar prejudicada se os bens dela pudessem ser arrestados pela Justiça Trabalhista. Deve-se, portanto, concentrar as ações propostas no juízo da ação de recuperação judicial. AgRg no CC 61.271-RJ, Rel. Min. Ari Pargendler, julgado em 25/4/2007. {Cabe intervenção anódina da União em processo falimentar onde a Caixa Econômica Federal está habilitada como credora?} 3. Art. 6º da Lei 11.101: Art. 6o A decretação da falência ou o deferimento do processamento da recuperação judicial suspende o curso da prescrição e de todas as ações e execuções em face do devedor, inclusive aquelas dos credores particulares do sócio solidário. **STJ Informativo 627 (REsp. 1710750/DF) – suspensão de ações e compensação de dano moral. Ação de compensação por danos morais movida contra empresa em recuperação judicial não deve permanecer suspensa até o trânsito em julgado da decisão final proferida no processo de soerguimento. Observação: danos morais são compensados, não indenizados, e independem de prova. **STJ Informativo 613 (REsp. 1680357/RJ) – prescrição aquisitiva (usucapião). O curso da prescrição aquisitiva da propriedade de bem que compõe a massa falida é interrompido com a decretaçãoda falência. **STJ Informativo 610 (SEC 14.408/EX) – homologação de sentença estrangeira (principalmente arbitral) –> o deferimento do processamento de recuperação não suspende a homologação de sentença estrangeira. O fato da empresa se encontrar em recuperação judicial não obsta a homologação de sentença arbitral estrangeira. Observação: quem homologa sentença estrangeira é o STJ. *Lei 9.469/97: Informativo 610 do STJ: Intervenção de terceiro: não há nada que impeça a intervenção de terceiro na falência. A intervenção anômala/anódina esta tratada no art. 5 da Lei 9469 de 1997 ‘’A União poderá intervir nas causas em que figurarem, como autoras ou rés, autarquias, fundações públicas, sociedades de economia mista e empresas públicas federais’’. Essa Lei concede a União interesse fático, autorizando a união a intervir como assistente, inclusive na falência. 4. Assembleia geral de credores: Enunciado 53 da I Jornada de Direito Comercial – a assembleia geral de credores é una, ou seja, toda deliberação decorre dessa e o quórum corresponde aos presentes na assembleia, isso não significa que ela não possa ser desdobrada, ainda assim tem-se somente uma assembleia. A assembleia geral de credores para deliberar sobre o plano de recuperação judicial é una, podendo ser realizada em uma ou mais sessões, das quais participarão ou serão considerados presentes apenas os credores que firmaram a lista de presença encerrada na sessão em que instalada a assembleia geral. 5. Créditos: O art. 49 da Lei de falências: trata dos créditos que se habilitam e os que não se habilita. Segundo o STJ se a assembleia geral de credores determinar que um determinado bem será vendido sem a hipoteca, esse bem será vendido sem hipoteca, sendo que isso se aplica. Art. 49. Estão sujeitos à recuperação judicial todos os créditos existentes na data do pedido, ainda que não vencidos. § 1o Os credores do devedor em recuperação judicial conservam seus direitos e privilégios contra os coobrigados, fiadores e obrigados de regresso. § 2o As obrigações anteriores à recuperação judicial observarão as condições originalmente contratadas ou definidas em lei, inclusive no que diz respeito aos encargos, salvo se de modo diverso ficar estabelecido no plano de recuperação judicial. § 3o Tratando-se de credor titular da posição de proprietário fiduciário de bens móveis ou imóveis, de arrendador mercantil, de proprietário ou promitente vendedor de imóvel cujos respectivos contratos contenham cláusula de irrevogabilidade ou irretratabilidade, inclusive em incorporações imobiliárias, ou de proprietário em contrato de venda com reserva de domínio, seu crédito não se submeterá aos efeitos da recuperação judicial e prevalecerão os direitos de propriedade sobre a coisa e as condições contratuais, observada a legislação respectiva, não se permitindo, contudo, durante o prazo de suspensão a que se refere o § 4o do art. 6o desta Lei, a venda ou a retirada do estabelecimento do devedor dos bens de capital essenciais a sua atividade empresarial. § 4o Não se sujeitará aos efeitos da recuperação judicial a importância a que se refere o inciso II do art. 86 desta Lei. § 5o Tratando-se de crédito garantido por penhor sobre títulos de crédito, direitos creditórios, aplicações financeiras ou valores mobiliários, poderão ser substituídas ou renovadas as garantias liquidadas ou vencidas durante a recuperação judicial e, enquanto não renovadas ou substituídas, o valor eventualmente recebido em pagamento das garantias permanecerá em conta vinculada durante o período de suspensão de que trata o § 4o do art. 6o desta Lea alienação fiduciária. *No dispositivo acima tem-se créditos que se habilitam e aqueles que não se habilitam. Importante: eliminação de garantia deliberada em assembleia geral de credores – tendência do STJ em dar pleno poder à assembleia. Informativo 591 do STJ: se, no âmbito de Assembleia Geral de Credores, a maioria deles - devidamente representados pelas respectivas classes - optar, por meio de dispositivo expressamente consignado em plano de recuperação judicial, pela supressão de todas as garantias fidejussórias e reais existentes em nome dos credores na data da aprovação do plano, todos eles - inclusive os que não compareceram à Assembleia ou os que, ao comparecerem, abstiveram-se ou votaram contrariamente à homologação do acordo - estarão indistintamente vinculados a essa determinação Informativo 550 do STJ: diferentemente do que dispõe o art. 49 supracitado, tem-se que os créditos fiduciários cujo bem não seja essencial não se submetem à recuperação. ‘’ Não se submetem aos efeitos da recuperação judicial os créditos garantidos por alienação fiduciária de bem não essencial à atividade empresarial’’. Informativo 514 do STJ: Não estão sujeitos aos efeitos da recuperação judicial os créditos representados por títulos cedidos fiduciariamente como garantia de contrato de abertura de crédito na forma do art. 66-B, § 3º, da Lei n. 4.728/1965. Informativo 510 STJ: O crédito trabalhista só estará sujeito à novação imposta pelo plano de recuperação judicial quando já estiver consolidado ao tempo da propositura do pedido de recuperação. Art. 83 da Lei de Falências: Informativo 618 do STJ: é desnecessária a apresentação de Certidão de Dívida Ativa (CDA) para habilitação, em processo de falência, de crédito previdenciário resultante de decisão judicial trabalhista. Informativo 630 do STJ: dívida previdenciária que decorre de condenação trabalhista, não é necessária a certidão de dívida ativa como título executivo, a própria decisão já torna o crédito passível de cobrança. ‘’ É desnecessária a apresentação de Certidão de Dívida Ativa (CDA) para habilitação, em processo de falência, de crédito previdenciário resultante de decisão judicial trabalhista.’’ Os créditos resultantes de honorário advocatícios tem natureza alimentar e equiparam-se trabalhista para efeito de falência seja de lei vela ou nove observado nesse último caso o limite de 150 salários mínimos. Títulos de crédito: 1. Surgimento e conceito: 1.1- Surgimento: Os títulos de crédito surgiram a partir do escambo (troca) onde as pessoas trocavam os objetos. Em um determinado momento, a troca de coisa deixou de ser viável, foi aí que surge o dinheiro. Entretanto, em um outro momento a pessoa não queria o objeto e também não tinha o dinheiro, foi a aí que surge o título de credito que é um papel dado em troca de um objeto. 1.2- Conceito: O título de crédito é imprescindível para fomento da economia, sem crédito a economia não funciona. Num conceito amplo, trata-se de qualquer documento que dê direito a algo. Por outro lado, sob um sentido estrito, titulo de crédito é o que consta do art. 887 do CC O título de crédito está conceituado no art. 887 do CC: ‘’O título de crédito, documento necessário ao exercício do direito literal e autônomo nele contido, somente produz efeito quando preencha os requisitos da lei’’. Esse conceito foi elaborado por Vivante. Os títulos cambiais são as notas promissórias e. Já os títulos. 2. Princípios: 2.1- Princípio da cartularidade: Este princípio estabelece que deve haver um papel para a configuração de um título de crédito, ou seja, não haverá título de crédito verbal. Há uma discussão acerca de título de crédito eletrônico/digital, sendo que a doutrina já tem admitido esse tipo de título desde que respeitado os requisitos exigidos. Enunciado 461 da V Jornada de Direito Civil: As duplicatas eletrônicas podem ser protestadas por indicação e constituirão título executivo extrajudicial mediante a exibição
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