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A duplicata Introdução Tem origem remota no art. 219 do Código Comercial Lei 5.474/1968 (regulação atual) Título nacional bastante útil à atividade empresarial É um título causal Não representa a venda ou serviço Não é cópia da fatura Impróprio porque não documenta, em princípio, a concessão de um crédito, mas uma operação de compra e venda. 2 3 “... é título de crédito formal, impróprio, causal, à ordem, extraído por vendedor, ou prestador de serviços que visa a documentar o saque fundado sobre o crédito decorrente de compra e venda mercantil ou prestação de serviços, assimilada aos títulos cambiários por lei, e que tem como seu pressuposto a extração da fatura”. (ROSA JÚNIOR, Luiz Emygdio da. Títulos de crédito. 4. ed. Rio de Janeiro: Renovar, 2006, p. 673.) “A duplicata é um título de crédito causal e à ordem, que pode ser criada no ato da extração da fatura, para circulação como efeito comercial, decorrente da compra e venda mercantil ou da prestação de serviços, não sendo admitida outra espécie de título de crédito para documentar o saque do vendedor ou prestador de serviços pela importância faturada ao comprovar ou ao beneficiário dos serviços.” (COSTA, Wille Duarte, Títulos de Crédito, 4ª ed. Del Rey, 2008, pág. 383) 4 “Além disso, Pontes de Miranda destaca a natureza cambiariforme do título pela ausência de abstração na criação do mesmo, isto é, a duplicata não é propriamente um título cambiário em sua essência, mas assume a forma de tais títulos, sofrendo a incidência dos princípios de direito cambiário.” (Tomazetti, Marlon, Curso de direito empresarial: Títulos de crédito, v. 2 – 8. ed. rev. e atual. – São Paulo : Atlas, 2017, pág. 359) 5 LEI Nº 5.474, DE 18 DE JULHO DE 1968. Dispõe sobre as Duplicatas, e dá outras providências. Art. 1º Em todo o contrato de compra e venda mercantil entre partes domiciliadas no território brasileiro, com prazo não inferior a 30 (trinta) dias, contado da data da entrega ou despacho das mercadorias, o vendedor extrairá a respectiva fatura para apresentação ao comprador. (acessório ao contrato de compra e venda) § 1º A fatura discriminará as mercadorias vendidas ou, quando convier ao vendedor, indicará somente os números e valores das notas parciais expedidas por ocasião das vendas, despachos ou entregas das mercadorias. A fatura 6 A forma da DUPLICATA Art. 2º No ato da emissão da fatura, dela poderá ser extraída uma duplicata para circulação como efeito comercial, não sendo admitida qualquer outra espécie de título de crédito para documentar o saque do vendedor pela importância faturada ao comprador. § 1º A duplicata conterá: I - a denominação "duplicata", a data de sua emissão e o número de ordem; II - o número da fatura; III - a data certa do vencimento ou a declaração de ser a duplicata à vista; IV - o nome e domicílio do vendedor e do comprador; V - a importância a pagar, em algarismos e por extenso; VI - a praça de pagamento; VII - a cláusula à ordem; VIII - a declaração do reconhecimento de sua exatidão e da obrigação de pagá-la, a ser assinada pelo comprador, como aceite cambial; IX - a assinatura do emitente. 7 A duplicata 8 A duplicata 9 10 A(vendedor) B(comprador) A(vendedor) __ D __ E __ F R M N S 11 A (sacador)(vendedor/credor) B (sacado)(comprador) A (tomador)(vendedor/credor) 12 § 2º Uma só duplicata não pode corresponder a mais de uma fatura. § 3º Nos casos de venda para pagamento em parcelas, poderá ser emitida duplicata única, em que se discriminarão tôdas as prestações e seus vencimentos, ou série de duplicatas, uma para cada prestação distinguindo-se a numeração a que se refere o item I do § 1º dêste artigo, pelo acréscimo de letra do alfabeto, em seqüência. Art. 25 Aplicam-se à duplicata e à triplicata, no que couber, os dispositivos da legislação sôbre emissão, circulação e pagamento das Letras de Câmbio. Remessa da duplicata Da Remessa e da Devolução da Duplicata Art. 6º A remessa de duplicata poderá ser feita diretamente pelo vendedor ou por seus representantes, por intermédio de instituições financeiras, procuradores ou, correspondentes que se incumbam de apresentá-la ao comprador na praça ou no lugar depois de assinada de seu estabelecimento, podendo os intermediários devolvê-la, ou conservá-la em seu poder até o momento do resgate, segundo as instruções de quem lhes cometeu o encargo. § 1º O prazo para remessa da duplicata será de 30 (trinta) dias, contado da data de sua emissão. (saque) § 2º Se a remessa fôr feita por intermédio de representantes instituições financeiras, procuradores ou correspondentes êstes deverão apresentar o título, ao comprador dentro de 10 (dez) dias, contados da data de seu recebimento na praça de pagamento. 13 Aceitação e Recusa Art. 7º A duplicata, quando não fôr à vista, deverá ser devolvida pelo comprador (sacado) ao apresentante dentro do prazo de 10 (dez) dias, contado da data de sua apresentação, devidamente assinada (aceite) ou acompanhada de declaração, por escrito, contendo as razões da falta do aceite. § 1º - Havendo expressa concordância da instituição financeira cobradora, o sacado poderá reter a duplicata em seu poder até a data do vencimento, desde que comunique, por escrito, à apresentante o aceite e a retenção. § 2º - A comunicação de que trata o parágrafo anterior substituirá, quando necessário, no ato do protesto ou na execução judicial, a duplicata a que se refere. 14 15 Art. 8º O comprador só poderá deixar de aceitar a duplicata por motivo de: I - avaria ou não recebimento das mercadorias, quando não expedidas ou não entregues por sua conta e risco; II - vícios, defeitos e diferenças na qualidade ou na quantidade das mercadorias, devidamente comprovados; III - divergência nos prazos ou nos preços ajustados. INÉRCIA – OMISSÃO Pagamento da Duplicata Art. 9º É lícito ao comprador resgatar a duplicata antes de aceitá-la ou antes da data do vencimento. § 1º - A prova do pagamento é o recibo, passado pelo legítimo portador ou por seu representante com podêres especiais, no verso do próprio título ou em documento, em separado, com referência expressa à duplicata. § 2º - Constituirá, igualmente, prova de pagamento, total ou parcial, da duplicata, a liquidação de cheque, a favor do estabelecimento endossatário, no qual conste, no verso, que seu valor se destina a amortização ou liquidação da duplicata nêle caracterizada. 16 17 Art. 12. O pagamento da duplicata poderá ser assegurado (garantido) por aval, sendo o avalista equiparado àquele cujo nome indicar; na falta da indicação, àquele abaixo de cuja firma lançar a sua; fora dêsses casos, ao comprador. (sacado) Parágrafo único. O aval dado posteriormente ao vencimento do título produzirá os mesmos efeitos que o prestado anteriormente àquela ocorrência. Protesto da Duplicata Art. 13. A duplicata é protestável por falta de aceite de devolução ou pagamento. § 1º Por falta de aceite, de devolução ou de pagamento, o protesto será tirado, conforme o caso, mediante apresentação da duplicata, da triplicata, ou, ainda, por simples indicações do portador, na falta de devolução do título. § 2º O fato de não ter sido exercida a faculdade de protestar o título, por falta de aceite ou de devolução, não elide a possibilidade de protesto por faltade pagamento. § 3º O protesto será tirado na praça de pagamento constante do título. § 4º O portador que não tirar o protesto da duplicata, em forma regular e dentro do prazo da 30 (trinta) dias, contado da data de seu vencimento, perderá o direito de regresso contra os endossantes e respectivos avalistas. 18 Processo para cobrança da Duplicata Art. 15 - A cobrança judicial de duplicata ou triplicata será efetuada de conformidade com o processo aplicável aos títulos executivos extrajudiciais, de que cogita o Livro II do Código de Processo Civil ,quando se tratar: I - de duplicata ou triplicata aceita, protestada ou não; (real) II - de duplicata ou triplicata não aceita, contanto que, cumulativamente: (fictício, por presunção) a) haja sido protestada; b) esteja acompanhada de documento hábil comprobatório da entrega e recebimento da mercadoria; e c) o sacado não tenha, comprovadamente, recusado o aceite, no prazo, nas condições e pelos motivos previstos nos arts. 7º e 8º desta Lei. 19 20 21 § 1º - Contra o sacador, os endossantes e respectivos avalistas caberá o processo de execução referido neste artigo, quaisquer que sejam a forma e as condições do protesto. (ação indireta ou de regresso) § 2º - Processar-se-á também da mesma maneira a execução de duplicata ou triplicata não aceita e não devolvida, desde que haja sido protestada mediante indicações do credor ou do apresentante do título, nos termos do art. 14, preenchidas as condições do inciso II deste artigo. 22 A(sacador) B(aceitante – real ou por ficção – Art. 15, I e II) A(endossante – § 1º, art. 15) __ F 23 Art. 16 - Aplica-se o procedimento ordinário previsto no Código de Processo Civil à ação do credor contra o devedor, por duplicata ou triplicata que não preencha os requisitos do art. 15, incisos I e II, e §§ 1º e 2º, bem como à ação para ilidir as razões invocadas pelo devedor para o não aceite do título, nos casos previstos no art. 8º. Art. 17 - O foro competente para a cobrança judicial da duplicata ou da triplicata é o da praça de pagamento constante do título, ou outra de domicílio do comprador e, no caso de ação regressiva, a dos sacadores, dos endossantes e respectivos avalistas. Prescrição Art. 18 - A pretensão à execução da duplicata prescreve: I - contra o sacado (aceitante?) e respectivos avalistas, em 3(três) anos, contados da data do vencimento do título; (direta) II - contra endossante e seus avalistas, em 1 (um) ano, contado da data do protesto; (regressiva ou indireta) III - de qualquer dos coobrigados contra os demais, em 1 (um) ano, contado da data em que haja sido efetuado o pagamento do título. § 1º - A cobrança judicial poderá ser proposta contra um ou contra todos os coobrigados, sem observância da ordem em que figurem no título. (solidariedade) § 2º - Os coobrigados da duplicata respondem solidariamente pelo aceite e pelo pagamento. 24 25 Art. 23. A perda ou extravio da duplicata obrigará o vendedor a extrair triplicata, que terá os mesmos efeitos e requisitos e obedecerá às mesmas formalidades daquela. Art. 24. Da duplicata poderão constar outras indicações, desde que não alterem sua feição característica. Art. 25. Aplicam-se à duplicata e à triplicata, no que couber, os dispositivos da legislação sôbre emissão, circulação e pagamento das Letras de Câmbio. (LUG) DUPLICATA MERCANTIL É TÍTULO ABSTRATO; NEGÓCIO JURÍDICO SUBJACENTE, SIMULTÂNEO OU SOBREJACENTE. “A duplicata mercantil é titulo abstrato. A abstração, que é um dos seus caracteres, deriva da lei, e não da vontade dos figurantes. Quando um tribunal diz que, estando a duplicata mercantil ligada a contrato subjacente, perde o caráter de dívida certa e líquida, e só por processo competente, não-cambiário, pode ser verificada a certeza e liquidez da obrigação, incorre em heresia jurídica. Tais heresias jurídicas são emcontradiças ainda em juizes que se crêem a par dos princípios de direito cambiário. O titulo é abstrato, ou não é abstrato. O titulo é certo e líquido, ou não no é. A duplicata mercantil surge a ‘duplicar” fatura; mas há momento em que a sua abstração se patenteia, com tôdas as consequências da teoria dos negócios jurídicos abstratos. A duplicata mercantil, a que se refere um contrato, não perde o seu caráter de título abstrato, porque êsse caráter independe da vontade privada. A abstração dá ao título um bastar-se por si, que não têm as outras vinculações não-abstratas. Junto à formalidade, fá-lo não atingível pelas provas fora dêle e fá-lo independente de fatos ou circunstâncias. 26 27 Até o aceite, ou até o endosso pelo criador do titulo, não há relação jurídica oriunda da duplicata mercantil, como titulo cambiariforme; ela apenas duplica a fatura, que é o documento, unilateral mas bilateralizável, da compra-e-venda. Lá está até o aceite, ou antes do aceite, prova, reproduzida, do contrato de compra-e- venda, que entrou no mundo jurídico, e nêle jaz. Também antes do aceite da letra de câmbio, nenhuma relação jurídica existe entre sacador e sacado, que seja cambiária; pode existir outra relação jurídica, inclusive cambiária. A relação jurídica cambiariforme, nas duplicatas mercantis, surge, com o aceite, entre o vendedor-subscritor e o comprador-aceitante, ou entre aquêle e o primeiro endossatário. A diferença está, portanto, em que a abstração da letra de câmbio é aparente, peculiar à sua forma; ao passo que a abstração da duplicata mercantil somente se pode dar por esvaziamento, com o endosso, ou com o aceite, a despeito da aparência de concreção. A letra de câmbio já vai ôca, abstrata, para o tomador, ou o aceitante; a duplicata mercantil, não: parte cheia, concreta, mas esvaziável.” (Pontes de Miranda, Tratado de Direito Privado, Tomo XXXVI, pág 17) 28 DIREITO CIVIL E CAMBIÁRIO. RECURSO ESPECIAL REPRESENTATIVO DE CONTROVÉRSIA. ART. 543-C DO CPC. DUPLICATA DESPROVIDA DE CAUSA RECEBIDA POR ENDOSSO TRANSLATIVO. PROTESTO. RESPONSABILIDADE DO ENDOSSATÁRIO. 1. Para efeito do art. 543-C do CPC: O endossatário que recebe, por endosso translativo, título de crédito contendo vício formal, sendo inexistente a causa para conferir lastro a emissão de duplicata, responde pelos danos causados diante de protesto indevido, ressalvado seu direito de regresso contra os endossantes e avalistas. 2. Recurso especial não provido. (Resp. 1213256/RS, Rel. Ministro Luis Felipe Salomão, Segunda Seção, julgado em 28/09/2011, DJe 14/11/2011) “Responde pelos danos decorrentes de protesto indevido o endossatário que recebe por endosso translativo título de crédito contendo vício formal extrínseco ou intrínseco, ficando ressalvado seu direito de regresso contra os endossantes e avalistas.“ - Súmula n. 475/STJ. 29 AGRAVO REGIMENTAL - AGRAVO EM RECURSO ESPECIAL - RESPONSABILIDADE CIVIL - DUPLICATA - PROTESTO INDEVIDO - ENDOSSO - AUSÊNCIA DE OMISSÕES NO ACÓRDÃO - DANOS MORAIS CARACTERIZADOS - LEGITIMIDADE PASSIVA DA INSTITUIÇÃO FINANCEIRA - REEXAME DO QUADRO PROBATÓRIO - IMPOSSIBILIDADE QUANTUM INDENIZATÓRIO - RAZOABILIDADE - SÚMULA 7/STJ - DECISÃO AGRAVADA MANTIDA - IMPROVIMENTO. 1.- A jurisprudência desta Corte é pacífica ao proclamar que, tratando-se de duplicata irregular, desprovida de causa ou não aceita, hipótese observada no caso em tela, deve o Agravante responder por eventuais danos que tenha causado, em virtude desse protesto, pois, ao encaminhar a protesto título endossado, assume o risco sobre eventuais danos que possam ser causados ao sacado. Assim, não há que se falar em exercício regular de direito. 2.- Incide, àespécie, o óbice da Súmula 475 desta Corte, in verbis: "responde pelos danos decorrentes de protesto indevido o endossatário que recebe por endosso translativo título de crédito contendo vício formal extrínseco ou intrínseco, ficando ressalvado seu direito de regresso contra os endossantes e avalistas". 3.- A convicção a que chegou o Tribunal a quo quanto à existência de dano moral indenizável, decorreu da análise das circunstâncias fáticas peculiares à causa, cujo reexame é vedado em âmbito de Recurso Especial, a teor do enunciado 7 da Súmula desta Corte. 4.- A intervenção do STJ, Corte de caráter nacional, destinada a firmar interpretação geral do Direito Federal para todo o país e não para a revisão de questões de interesse individual, no caso de questionamento do valor fixado para o dano moral, somente é admissível quando o valor fixado pelo Tribunal de origem, cumprindo o duplo grau de jurisdição, se mostre teratólogico, por irrisório ou abusivo. 5.- Inocorrência de teratologia no caso concreto, em que foi fixado o valor de indenização em R$ 10.000,00 (dez mil reais), devido pelo ora Agravante à autora, a título de danos morais decorrentes de protesto indevido de título de crédito. 6.- O Agravo não trouxe nenhum argumento novo capaz de modificar a conclusão do julgado, a qual se mantém por seus próprios fundamentos. 7.- Agravo Regimental improvido. (AgRg. no AREsp 336.285/SC, Rel. Ministro Sidnei Beneti, Terceira Turma, julgado em 06/08/2013, DJe 28/08/2013) 30 RECURSO ESPECIAL. DIREITO COMERCIAL. TÍTULOS DE CRÉDITO. AÇÃO ANULATÓRIA DE DUPLICATAS MERCANTIS. AUSÊNCIA DE ENTREGA DAS MERCADORIAS. NEGÓCIO JURÍDICO SUBJACENTE DESFEITO. IRRELEVÂNCIA EM RELAÇÃO A ENDOSSATÁRIOS DE BOA-FÉ. DUPLICATA ACEITA. PEDIDO RECONVENCIONAL JULGADO PROCEDENTE. RECURSO ESPECIAL PARCIALMENTE CONHECIDO E, NA EXTENSÃO, PROVIDO. 1. A causalidade da duplicata reside apenas na sua origem, mercê do fato de somente poder ser emitida para a documentação de crédito nascido de venda mercantil ou de prestação de serviços. Porém, a duplicata mercantil é título de crédito, na sua generalidade, como qualquer outro, estando sujeita às regras de direito cambial, nos termos do art. 25 da Lei nº 5.474/68, ressaindo daí, notadamente, os princípios da cartularidade, abstração, autonomia das obrigações cambiais e inoponibilidade das exceções pessoais a terceiros de boa-fé. 2. A compra e venda é contrato de natureza consensual, de sorte que a entrega do bem vendido não se relaciona com a esfera de existência do negócio jurídico, mas tão somente com o seu adimplemento. Vale dizer, o que dá lastro à duplicata de compra e venda mercantil, como título de crédito apto à circulação, é apenas a existência do negócio jurídico subjacente, e não o seu adimplemento. 3. Com efeito, a ausência de entrega da mercadoria não vicia a duplicata no que diz respeito a sua existência regular, de sorte que, uma vez aceita, o sacado (aceitante) vincula-se ao título como devedor principal e a ausência de entrega da mercadoria somente pode ser oponível ao sacador, como exceção pessoal, mas não a endossatários de boa-fé. Há de ser ressalvado, no caso, apenas o direito de regresso da autora-reconvinda (aceitante), em face da ré (endossante), diante do desfazimento do negócio jurídico subjacente. 4. Recurso especial parcialmente conhecido e, na extensão, provido. (Resp. 261.170/SP, Rel. Ministro Luis Felipe Salomão, Quarta Turma, julgado em 04/08/2009, DJe. 17/08/2009) 31 APELAÇÃO CÍVEL. EMBARGOS À EXECUÇÃO. AÇÃO DE EXECUÇÃO DE TÍTULO EXTRAJUDICIAL. PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS. INSTALAÇÃO DE HIDRÔMETROS. MUNICÍPIO DE TOCANTINS. DUPLICATA: ART. 373, II, CPC. ÔNUS DA PROVA. AUSÊNCIA DE IRREGULARIDADE NO DÉBITO EXECUTADO OU PAGAMENTO. RECURSO NÃO PROVIDO. - A duplicata é título formal e causal, que circula pelo endosso, e sem abstração, pois dela se indaga a origem. A lei exige provisão decorrente da efetiva entrega da mercadoria ou prestação de serviço. - Cuidando-se de duplicata sem aceite, o credor cuidou de anexar aos autos a nota fiscal e o instrumento de protesto, estando patenteado, portanto, o direito da embargada. - Cabe ao devedor, nos termos do art. 373, II, do CPC, a prova quanto à existência de fato impeditivo, modificativo ou extintivo do direito do credor, mister do qual não se desincumbiu a contento. - Não tendo o devedor comprovado a existência de qualquer irregularidade no débito executado ou que tenha efetuado o pagamento, seu pedido deve ser julgado improcedente. (TJMG - Apelação Cível 1.0000.20.043831-5/001, Relator(a): Des.(a) Wander Marotta , 5ª Câmara Cível, julgamento em 21/05/2020, publicação da súmula em 22/05/2020) 32 Direito Comercial. Duplicata mercantil. Protesto por indicação de boletos bancários. Inadmissibilidade. I – A retenção da duplicata remetida para aceite é conditio sine qua non exigida pelo art. 13, § 1.º da Lei n.º 5.474/68 a fim de que haja protesto por indicação, não sendo admissível protesto por indicação de boletos bancários. II – Recurso não conhecido (STJ. REsp 827.856-SC, Rel. Min. Antônio de Pádua Ribeiro, DJ 17.09.2007, p. 295) 33 EMENTA: EMBARGOS À EXECUÇÃO - TÍTULO EXECUTIVO EXTRAJUDICIAL - DUPLICATA VIRTUAL - FORNECIMENTO DE COMBUSTÍVEL DE AVIAÇÃO - PRELIMINAR DE ILEGITIMIDADE PASSIVA E CARÊNCIA DE AÇÃO - REJEIÇÃO - NOTA FISCAL - AUSÊNCIA ASSINATURA DO RECEBEDOR - ENTREGA DO COMBUSTÍVEL - COMPROVAÇÃO - OBRIGAÇÃO DE PAGAR A DÍVIDA. Considerando que o apelante era o responsável pela aeronave e que as notas fiscais foram emitidas em seu nome, não há que se falar em ilegitimidade passiva. A duplicata, regulamentada pela Lei nº 5.474/68, é um título de crédito causal, decorrente da compra e venda mercantil ou da prestação de serviços e, nos termos do art. 784, I, do CPC/15, constitui título executivo extrajudicial, desde que contenha o aceite ou, em sua falta, seja protestada e acompanhada da respectiva nota fiscal e comprovante de entrega e recebimento de mercadoria. A jurisprudência do STJ admite que o boleto bancário acompanhado do instrumento de protesto por indicação e da nota fiscal de prestação de serviços devidamente assinada são documentos hábeis a embasar a execução. Provado por meio das notas fiscais e do comprovante de entrega das mercadorias a compra de gasolina de aviação, apta a lastrear a emissão das duplicatas enviadas a protesto, impõe-se reconhecer a exigibilidade e liquidez dos títulos apresentados. (TJMG - Apelação Cível 1.0145.14.053146-1/003, Relator(a): Des.(a) Sérgio André da Fonseca Xavier , 18ª Câmara Cível, julgamento em 17/03/2020, publicação da súmula em 17/03/2020) 34 AGRAVO DE INSTRUMENTO - AÇÃO DE EXECUÇÃO - BOLETO BANCÁRIO - ACOMPANHADO DO COMPROVANTE DA PRESTAÇÃO DO SERVIÇO E DA FATURA DETALHADA - TÍTULO EXECUTIVO EXTRAJUDICIAL VÁLIDO - LEGITIMIDADE PASSIVA - DEMONSTRADA - ERRO MATERIAL NO TÍTULO - DECISÃO MANTIDA. 1. Nos termos dos art. 13 e 15 da Lei 5.474/68 é permitido o protesto de duplicata virtual por mera indicação, de forma que a exibição da duplicata, em si, não é imprescindível para o ajuizamento da execução judicial. 2. Os boletos de cobrança bancária, devidamente acompanhados dos instrumentos de protesto por indicação e dos comprovantes da prestação dos serviços suprem a ausência física do título cambiário e constituem títulos executivos extrajudiciais, passíveis, portanto, de execução. 3. A existência de erro material no termo de compromisso firmado pelo recorrente não é capaz de, por si só, configurar a sua ilegitimidade passiva no feito executivo. (TJMG - Agravo de Instrumento-Cv 1.0433.15.023861-9/001, Relator(a): Des.(a) Afrânio Vilela, 2ª Câmara Cível, julgamento em 29/05/2018, publicação da súmula em 08/06/2018) 35 APELAÇÃO CÍVEL - EMBARGOS À EXECUÇÃO - REJEIÇÃO - AUSÊNCIA DE TITULO EXECUTIVO VÁLIDO - INOCORRÊNCIA - BOLETOS BANCÁRIOS ACOMPANHADOS DE NOTAS FISCAIS ELETRÔNICAS, COMPROVANTES DERECEBIMENTO DE MERCADORIAS E PROTESTO DOS TÍTULOS INADIMPLIDOS - EXCESSO DE EXECUÇÃO - PROVA - DESCUMPRIMENTO DO ART. 739-A, § 5º DO CPC/73 - EMENDA DA INICIAL - IMPOSSIBILIDADE. Nos termos do art. 614, I do CPC/73, cumpre ao credor, ao requerer a execução, pedir a citação do devedor e instruir a petição inicial com o título executivo extrajudicial (art. 798, I, "a" do CPC/15). O art. 15, II, da Lei federal n. 5.474, de 1968, estabelece que a cobrança de duplicata ou triplicata será efetuada de conformidade com o processo aplicável aos títulos executivos extrajudiciais de que cogita o Livro II do CPC quando se tratar de duplicata ou triplicata não aceita, contando que haja sido protestada; esteja acompanhada de documento hábil comprobatório da entrega e recebimento da mercadoria; e, ainda, que o sacado não tenha, comprovadamente, recusado o aceite, no prazo, nas condições e pelos motivos previstos nos arts. 7º e 8º da referida lei. A execução proposta com base em boletos bancários acompanhados de notas fiscais e comprovantes de entrega de mercadorias, além do comprovante do protesto dos títulos inadimplidos é válida, impondo-se a rejeição dos embargos de devedor. (segue) 36 Fundados os embargos em excesso de execução, a parte embargante deve indicar, na petição inicial, o valor que entende correto, apresentando memória de cálculo, sob pena de rejeição liminar dos embargos ou de não conhecimento desse fundamento (art. 739-A, § 5º do CPC/73; art. 917, §§ 3º e 4º do CPC/15). A explícita e peremptória prescrição de não se conhecer do fundamento ou de rejeitar liminarmente os embargos à execução firmados em genéricas impugnações de excesso - sem apontar motivadamente, mediante memória de cálculo, o valor que se estima correto - não pode submeter-se à determinação de emenda da inicial, pena de mitigar e, até mesmo, de elidir o propósito maior de celeridade e efetividade do processo executivo. Recurso não provido. (TJMG - Apelação Cível 1.0105.15.028858-4/001, Relator(a): Des.(a) Manoel dos Reis Morais , 10ª Câmara Cível, julgamento em 03/04/2018, publicação da súmula em 13/04/2018) 37 AGRAVO REGIMENTAL NO AGRAVO DE INSTRUMENTO - EXECUÇÃO - DUPLICATA - ARTIGOS 8º, PARÁGRAFO ÚNICO, 21, §3º, DA LEI 9.492/97, 244 DO CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL, 15, §2º, DA LEI 5474/68 - PREQUESTIONAMENTO - AUSÊNCIA - INCIDÊNCIA DA SÚMULA 282/STF - PROTESTO DE BOLETOS BANCÁRIOS - IMPOSSIBILIDADE - ACÓRDÃO RECORRIDO EM HARMONIA COM A JURISPRUDÊNCIA DESTA CORTE SUPERIOR - RECURSO IMPROVIDO (AgRg no Ag 1.269.503/SC, Rel. Ministro Massami Uyeda, Terceira Turma, julgado em 13/11/2012, DJe 28/11/2012) 38 AGRAVO INTERNO NO AGRAVO EM RECURSO ESPECIAL. EXECUÇÃO DE TÍTULO EXTRAJUDICIAL. DUPLICATA VIRTUAL. PROTESTO POR INDICAÇÃO. POSSIBILIDADE. BOLETO BANCÁRIO ACOMPANHADO DO COMPROVANTE DE RECEBIMENTO DAS MERCADORIAS. VIOLAÇÃO AO ART. 535 DO CPC/73. ALEGAÇÃO GENÉRICA. SÚMULA 284/STF. DESNECESSIDADE DE EXIBIÇÃO JUDICIAL DO TÍTULO DE CRÉDITO ORIGINAL. SÚMULA 83/STJ. AGRAVO INTERNO NÃO PROVIDO. 1. É deficiente a fundamentação do recurso especial em que a alegação de ofensa ao art. 535 do CPC/73 se faz de forma genérica, sem a demonstração exata das matérias sobre as quais o acórdão se fez omisso. Aplicação, por analogia, da Súmula 284/STF. 2. Nos termos da jurisprudência desta eg. Corte, "As duplicatas virtuais - emitidas e recebidas por meio magnético ou de gravação eletrônica - podem ser protestadas por mera indicação, de modo que a exibição do título não é imprescindível para o ajuizamento da execução judicial. Lei 9.492/97." (REsp 1.024.691/PR, Rel. Ministra Nancy Andrighi, Terceira Turma, DJe de 12/04/2011). 3. A apresentação do boleto bancário, acompanhado do instrumento de protesto e das notas fiscais e respectivos comprovantes de entrega de mercadoria, supre a ausência física do título cambiário, autorizando o ajuizamento da ação executiva. Precedentes. 4. Agravo interno a que se nega provimento. (AgInt no AREsp 1322266/PR, Rel. Ministro Raul Araújo, Quarta Turma, julgado em 23/04/2019, DJe 22/05/2019) 39 EMBARGOS DE DIVERGÊNCIA EM RECURSO ESPECIAL. DIVERGÊNCIA DEMONSTRADA. EXECUÇÃO DE TÍTULO EXTRAJUDICIAL. DUPLICATA VIRTUAL. PROTESTO POR INDICAÇÃO. BOLETO BANCÁRIO ACOMPANHADO DO INSTRUMENTO DE PROTESTO, DAS NOTAS FISCAIS E RESPECTIVOS COMPROVANTES DE ENTREGA DAS MERCADORIAS. EXECUTIVIDADE RECONHECIDA. 1. Os acórdãos confrontados, em face de mesma situação fática, apresentam solução jurídica diversa para a questão da exequibilidade da duplicata virtual, com base em boleto bancário, acompanhado do instrumento de protesto por indicação e das notas fiscais e respectivos comprovantes de entrega de mercadorias, o que enseja o conhecimento dos embargos de divergência. 2. Embora a norma do art. 13, § 1º, da Lei 5.474/68 permita o protesto por indicação nas hipóteses em que houver a retenção da duplicata enviada para aceite, o alcance desse dispositivo deve ser ampliado para harmonizar-se também com o instituto da duplicata virtual, conforme previsão constante dos arts. 8º e 22 da Lei 9.492/97. 3. A indicação a protesto das duplicatas mercantis por meio magnético ou de gravação eletrônica de dados encontra amparo no artigo 8º, parágrafo único, da Lei 9.492/97. O art. 22 do mesmo Diploma Legal, a seu turno, dispensa a transcrição literal do título quando o Tabelião de Protesto mantém em arquivo gravação eletrônica da imagem, cópia reprográfica ou micrográfica do título ou documento da dívida. 4. Quanto à possibilidade de protesto por indicação da duplicata virtual, deve-se considerar que o art. 13, § 1º, da Lei 5.474/68 admite, essencialmente, é o protesto da duplicata com dispensa de sua apresentação física, mediante simples indicação de seus elementos ao cartório de protesto. segue 40 Daí, é possível chegar-se à conclusão de que é admissível não somente o protesto por indicação na hipótese de retenção do título pelo devedor, quando encaminhado para aceite, como expressamente previsto no referido artigo, mas também na de duplicata virtual amparada em documento suficiente. 5. Reforça o entendimento acima a norma do § 2º do art. 15 da Lei 5.474/68, que cuida de executividade da duplicata não aceita e não devolvida pelo devedor, isto é, ausente o documento físico, autorizando sua cobrança judicial pelo processo executivo quando esta haja sido protestada mediante indicação do credor, esteja acompanhada de documento hábil comprobatório da entrega e recebimento da mercadoria e o sacado não tenha recusado o aceite pelos motivos constantes dos arts. 7º e 8º da Lei. 6. No caso dos autos, foi efetuado o protesto por indicação, estando o instrumento acompanhado das notas fiscais referentes às mercadorias comercializadas e dos comprovantes de entrega e recebimento das mercadorias devidamente assinados, não havendo manifestação do devedor à vista do documento de cobrança, ficando atendidas, suficientemente, as exigências legais para se reconhecer a executividade das duplicatas protestadas por indicação. 7. O protesto de duplicata virtual por indicação apoiada em apresentação do boleto, das notas fiscais referentes às mercadorias comercializadas e dos comprovantes de entrega e recebimento das mercadorias devidamente assinados não descuida das garantias devidas ao sacado e ao sacador. 8. Embargos de divergência conhecidos e desprovidos. (EREsp 1024691/PR, Rel. Ministro Raul Araújo, Segunda Seção, julgado em 22/08/2012, DJe 29/10/2012) 41 Falência. Extração de triplicatas. Inépcia da inicial. Pagamento parcial. Valor do débito. Precedentes da Corte. 1. A obrigatoriedade da extração de triplicatas alcança os casos de perda ou extravio dos títulos, embora a jurisprudência admita possível a extração havendo retenção. No caso, não havendo nem perda nem extravio, não era obrigatória a extração de triplicatas. 2. Não é inepta a inicial que pede a citação para que venha a empresa apresentar defesa oudepositar a importância devida. 3. O pagamento parcial foi afastado pelo Acórdão recorrido com base na prova dos autos (Súmula nº 07 da Corte). 4. Não cuidando o Acórdão recorrido nem do índice de correção nem do percentual de juros, ausente o recurso de embargos de declaração, não é possível reexaminar os cálculos no patamar do especial. 5. Recurso especial não conhecido. (REsp 174.221/SP, Rel. Ministro Carlos Alberto Menezes Direito, Terceira Turma, julgado em 08/02/2000, DJ 27/03/2000, p. 94) 42 FALÊNCIA - DUPLICATA MERCANTIL - COMPROVAÇÃO - REMESSA PARA ACEITE - PROTESTO DE BOLETOS BANCÁRIOS - IMPOSSIBILIDADE - EXTRAÇÃO DE TRIPLICATAS FORA DAS HIPÓTESES LEGAIS. I - Para amparar o pedido de falência, é inservível a apresentação de triplicatas imotivadamente emitidas, eis que não comprovados a perda, o extravio ou a retenção do título pelo sacado. II - A retenção da duplicata remetida para aceite é condição para o protesto por indicação, inadmissível o protesto de boletos bancários. Recurso não conhecido. (REsp 369.808/DF, Rel. Ministro Castro Filho, Terceira Turma, julgado em 21/05/2002, DJ 24/06/2002, p. 299) 43 AGRAVO REGIMENTAL NO RECURSO ESPECIAL - EMBARGOS À EXECUÇÃO - DECISÃO MONOCRÁTICA QUE DEU PARCIAL PROVIMENTO AO APELO PARA REDUZIR OS HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS FIXADOS PELA CORTE LOCAL. INSURGÊNCIA DO AUTOR. 1. Verificada a existência de duplicata física, a comprovação de que o título foi remetido para aceite e injustificadamente retido pelo sacado é pressuposto necessário à extração do protesto por indicação. Precedentes. 2. Sendo o protesto por indicação nulo, um dos requisitos para cobrança judicial das duplicatas por meio do processo de execução deixou de ser preenchido (art. 15, II, "a", da Lei 5.474/68), razão pela qual o aresto recorrido encontra-se em consonância com a jurisprudência desta Corte. 3. Agravo regimental desprovido. (AgRg. no Resp. 1488127/SC, Rel. Ministro Marco Buzzi, Quarta Turma, julgado em 18/06/2015, DJe 25/06/2015) 44 PROCESSUAL CIVIL. AÇÃO DECLARATÓRIA DE NULIDADE DE APONTAMENTO A PROTESTO. PROTESTO POR INDICAÇÃO. BOLETO BANCÁRIO. PROVA DA RETENÇÃO INJUSTIFICADA DAS DUPLICATAS REMETIDAS AO SACADO PARA ACEITE. LEGITIMIDADE PASSIVA DO ENDOSSATÁRIO. AÇÃO DE COBRANÇA VEICULADA EM RECONVENÇÃO. ADMISSIBILIDADE. I - Nos termos da jurisprudência desta Corte, a comprovação de que a duplicata foi remetida para aceite e injustificadamente retida pelo sacado é pressuposto necessário à extração do protesto por indicação. II - Nesses termos não é de se admitir o protesto por indicação dos boletos bancários relativos à venda mercantil quando não haja prova de que as duplicatas correspondentes tenham sido injustificadamente retidas. III - Aquele que recebe os títulos por endosso-mandato não tem legitimidade para figurar no pólo passivo da ação em que se discute, essencialmente, a validade dos títulos. IV - Assim, a instituição financeira que recebe título de crédito por endosso-mandato não possui legitimidade passiva para responder à ação de sustação ou cancelamento de protesto fundada na nulidade do título. V - Na ação em que se visa a impedir o protesto de título é cabível a apresentação de reconvenção com o objetivo de cobrar esses mesmos títulos. Identidade da relação jurídica subjacente. VI - Recurso Especial provido em parte. (Resp. 953.192/SC, Rel. Ministro Sidnei Beneti, Terceira Turma, julgado em 07/12/2010, DJe 17/12/2010) 45 AÇÃO ANULATÓRIA DE DUPLICATA. SUSTAÇÃO DE PROTESTO. ÔNUS DA PROVA. CERCEAMENTO DE DEFESA. INOCORRÊNCIA. PRECLUSÃO.- Se o litigante não se insurgiu, em tempo próprio, através do competente recurso de agravo, contra a decisão interlocutória que determinou a conclusão dos autos para o julgamento antecipado da lide, não poderá, em sede de apelação, argüir cerceamento de defesa, na medida em que ocorreu a preclusão do seu direito à produção de provas.- É do sacado de duplicata devidamente aceita o ônus de provar eventuais vícios ou defeitos nas mercadorias adquiridas, sob pena de prevalência das cambiais formalmente perfeitas. (TJMG - Apelação Cível 2.0000.00.339832-3/000, Relator(a): Des.(a) Silas Vieira , Relator(a) para o acórdão: Des.(a), julgamento em 28/08/2001, publicação da súmula em 22/09/2001) 46 APELAÇÃO CÍVEL. CERCEAMENTO DE DEFESA. INOCORRÊNCIA. CDC. INAPLICABILIDADE. EMBARGOS À EXECUÇÃO. TÍTULO EXTRAJUDICIAL. DUPLICATAS ACEITAS E NÃO PAGAS. HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS. REDUÇÃO. TRIPLO DAS CUSTAS. ART. 4º, §1º, Lei nº 1.060/50. Em regra, não se aplica o CDC às relações travadas entre pessoas jurídicas, em especial na hipótese em que se comprova que o contrato seria para o fomento de produção agrícola. As duplicatas aceitas e não pagas são suficientes para comprovar a relação contratual entre as partes e qual delas seria credora ou devedora. Deve ser reduzido o valor arbitrado a título de honorários advocatícios quando o valor discrepa da equidade exigida pelo §4º do art. 20 do CPC. (TJMG - Apelação Cível 1.0172.09.022549-8/001, Relator(a): Des.(a) Pedro Aleixo, 16ª Câmara Cível, julgamento em 10/06/2014, publicação da súmula em 27/06/2014) 47 APELAÇAO CIVEL. AÇÃO CAUTELAR E PRINCIPAL. CAUTELAR DE SUSTAÇÃO DE PROTESTO E PRINCIPAL DECLARATÓRIA DE NULIDADE DE TÍTULO DE CRÉDITO COM PEDIDO DE INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAIS. LITISCONSÓRCIO SIMPLES. REVELIA. IMPOSSIBILIDADE DE APLICAÇÃO DE SEUS EFEITOS AO RÉU QUE CONTESTA A AÇÃO. DUPLICATA SEM ACEITE. COMPROVAÇÃO DO NEGÓCIO JURÍDICO. ENDOSSO TRASLATIVO. COMUNICAÇÃO PRÉVIA. PROTESTO POR FALTA DE PAGAMENTO. VALIDADE. - A duplicata é um título de crédito causal, visto que, a princípio, não é dotada de autonomia e abstração e encontra-se conectada à sua causa debendi, podendo-se desvincular do negócio originário quando seu devedor a aceita e, via de consequência, concorda com as informações nele contidas, bem com a pagar a quantia cobrada. - O aceite não é condição essencial para a exigibilidade da duplicata, já que este título pode circular sem que o sacado tenha nele aposto sua assinatura, mas só será considerado título passível de execução se, comprovado o negócio jurídico, o credor protestar o título e não houver recusa justificada do devedor. (...) - É direito do credor levar a protesto título emitido regularmente e não pago. (TJMG - Apelação Cível 1.0672.10.009803-3/001, Relator(a): Des.(a) Leite Praça , 17ª Câmara Cível, julgamento em 22/03/2012, publicação da súmula em 03/04/2012) 48 Execução. Duplicata sem aceite. A cobrança de duplicata não aceita e protestada só torna necessária a comprovação da entrega e recebimento da mercadoria em relação ao sacado, devedor do vendedor, e não quanto ao sacador, endossantes e respectivos avalistas. O endossatário de duplicata sem aceite, desacompanhada de prova de entrega da mercadoria, não pode executá-la contra o sacado, mas pode fazê-lo contra o endossante e o avalista. Precedente citado: REsp 168.288-SP, DJ 24/5/1999 (REsp 250.568-MS, Rel. Min. Antônio de Pádua Ribeiro, j. 19.10.2000, (Informativo 75/2000). Duplicata Escritural – Lei 13.775/2018 49 50 Art. 2º A duplicata de que trata a Lei nº 5.474, de 18 de julho de 1968, pode ser emitida sob a forma escritural, para circulação como efeito comercial, observadas as disposições desta Lei. Art. 3º A emissão de duplicata sob a forma escritural far-se- á mediante lançamento em sistema eletrônico de escrituração gerido por quaisquer das entidades que exerçam a atividade de escrituração de duplicatas escriturais. 51 § 1º As entidades de que trata o caput deste artigo deverão ser autorizadas por órgão ou entidade da administração federal direta ou indireta a exercer a atividade de escrituração de duplicatas. § 2º No caso da escrituração de que trata o caput deste artigo, feita por Central Nacional de Registro de Títulos e Documentos, após autorizada a exercer a atividadeprevista no caput deste artigo, nos termos do § 1º deste artigo, a referida escrituração caberá ao oficial de registro do domicílio do emissor da duplicata. § 3º Se o oficial de registro não estiver integrado ao sistema central, a competência de que trata o § 2º deste artigo será transferida para a Capital da respectiva entidade federativa. § 4º O valor total dos emolumentos cobrados pela central nacional de que trata o § 2º deste artigo para a prática dos atos descritos nesta Lei será fixado pelos Estados e pelo Distrito Federal, observado o valor máximo de R$ 1,00 (um real) por duplicata. 52 Circular BCB 4.016/2020 Art. 2º Para fins do disposto nesta Circular, consideram-se: I - escriturador: entidade autorizada a realizar a atividade de escrituração de duplicatas escriturais por meio do sistema eletrônico de escrituração de que trata a Lei nº 13.775, de 20 de dezembro de 2018 ; II - instituição liquidante: instituição financeira ou de pagamento contratada pelo escriturador, para atuar nas etapas de arrecadação e de direcionamento de que trata o art. 9º; III - operações de desconto de duplicatas escriturais: operações de transferência definitiva de duplicatas escriturais ou de unidades de duplicatas, com ou sem coobrigação, por meio de endosso, cessão ou outro instrumento contratual; IV - operações de crédito garantidas por duplicatas escriturais: operações de crédito, inclusive concessão de limite de crédito não cancelável incondicional e unilateralmente pela instituição financeira, cujas garantias incluem duplicatas escriturais ou unidades de duplicatas, transferidas à instituição financeira por meio de cessão fiduciária, penhor ou outro instrumento de garantia; V - negociação de duplicatas escriturais: operações de desconto de duplicatas escriturais e as operações de crédito garantidas por esse ativo; VI - unidade de duplicatas: ativo financeiro composto por duplicatas escriturais emitidas ou que vierem a ser emitidas, caracterizadas pelo(a) mesmo(a): a) número de inscrição no Cadastro Nacional da Pessoa Jurídica (CNPJ) ou no Cadastro de Pessoas Físicas (CPF) do sacador; b) número de inscrição no CNPJ ou no CPF do sacado da duplicata; e c) data de vencimento; e VII - agenda de duplicatas: conjunto de unidades de duplicatas caracterizadas pelo mesmo: a) número de inscrição no CNPJ ou no CPF do sacador; e b) número de inscrição no CNPJ ou no CPF do sacado. 53 Art. 4º Deverá ocorrer no sistema eletrônico de que trata o art. 3º desta Lei, relativamente à duplicata emitida sob a forma escritural, a escrituração, no mínimo, dos seguintes aspectos: I — apresentação, aceite, devolução e formalização da prova do pagamento; II — controle e transferência da titularidade; (circulação - endosso) III — prática de atos cambiais sob a forma escritural, tais como endosso e aval; IV — inclusão de indicações, informações ou de declarações referentes à operação com base na qual a duplicata foi emitida (causa/origem) ou ao próprio título; e V — inclusão de informações a respeito de ônus e gravames constituídos sobre as duplicatas. (garantia fiduciária, penhor) 54 Circular 4016/2020 Art. 3º O sistema eletrônico de escrituração de duplicatas escriturais deve propiciar, no mínimo, a oferta dos seguintes serviços referentes às duplicatas por meio dele escrituradas: I - emitir a duplicata escritural por ordem do sacador; II - apresentar as duplicatas escriturais aos sacados, inclusive na forma de que trata o art. 6º, possibilitando a coleta do aceite, sua recusa com os respectivos motivos e a prática de outros atos cambiais; III - controlar os pagamentos referentes às duplicatas escriturais na forma estabelecida na Seção II deste Capítulo; IV - controlar e realizar a transferência da titularidade da duplicata escritural; V - realizar o registro ou o depósito centralizado da duplicata escritural em sistema de registro ou de depósito centralizado operado por entidade registradora ou depositário central autorizado pelo Banco Central do Brasil a exercer essas atividades, bem como incluir em seu sistema informações acerca de gravames e ônus constituídos sobre esses títulos nessas infraestruturas; VI - possibilitar a inserção de informações, de indicações e de declarações referentes às operações realizadas com as duplicatas escriturais; VII - emitir extratos e disponibilizar as informações armazenadas sobre as duplicatas escriturais; e VIII - interoperar com outros sistemas eletrônicos de escrituração de duplicatas escriturais, conforme o disposto no art. 19. Parágrafo único. O escriturador deve associar a duplicata escritural à Nota Fiscal eletrônica ou a outro documento fiscal eletrônico correspondente, por ocasião da emissão de algum desses documentos fiscais. 55 § 1º O gestor do sistema eletrônico de escrituração deverá realizar as comunicações dos atos de que trata o caput deste artigo ao devedor e aos demais interessados. § 2º O órgão ou entidade da administração federal de que trata o § 1º do art. 3º desta Lei poderá definir a forma e os procedimentos que deverão ser observados para a realização das comunicações previstas no § 1º deste artigo. § 3º O sistema eletrônico de escrituração de que trata o caput deste artigo disporá de mecanismos que permitam ao sacador e ao sacado comprovarem, por quaisquer meios de prova admitidos em direito, a entrega e o recebimento das mercadorias ou a prestação do serviço, devendo a apresentação das provas ser efetuada em meio eletrônico. § 4º Os endossantes e avalistas indicados pelo apresentante ou credor como garantidores do cumprimento da obrigação constarão como tal dos extratos de que trata o art. 6º desta Lei. 56 Art. 5º Constituirá prova de pagamento, total ou parcial, da duplicata emitida sob a forma escritural a liquidação do pagamento em favor do legítimo credor, utilizando-se qualquer meio de pagamento existente no âmbito do Sistema de Pagamentos Brasileiro. Parágrafo único. A prova de pagamento de que trata o caput deste artigo deverá ser informada no sistema eletrônico de escrituração previsto no art. 3º desta Lei, com referência expressa à duplicata amortizada ou liquidada. 57 Art. 6º Os gestores dos sistemas eletrônicos de escrituração de que trata o art. 3º desta Lei ou os depositários centrais, na hipótese de a duplicata emitida sob a forma escritural ter sido depositada de acordo com a Lei nº 12.810, de 15 de maio de 2013, expedirão, a pedido de qualquer solicitante, extrato do registro eletrônico da duplicata. § 1º Deverão constar do extrato expedido, no mínimo: I — a data da emissão e as informações referentes ao sistema eletrônico de escrituração no âmbito do qual a duplicata foi emitida; II — os elementos necessários à identificação da duplicata, nos termos do art. 2º da Lei nº 5.474, de 18 de julho de 1968; III — a cláusula de inegociabilidade; e IV — as informações acerca dos ônus e gravames. § 2º O extrato de que trata o caput deste artigo pode ser emitido em forma eletrônica, observados requisitos de segurança que garantam a autenticidade do documento. 58 Art. 7º A duplicata emitida sob a forma escritural e o extrato de que trata o art. 6º desta Lei são títulos executivos extrajudiciais, devendo-se observar, para sua cobrança judicial, o disposto no art. 15 da Lei nº 5.474, de 18 de julho de 1968. 59 Art. 10. São nulas de pleno direito as cláusulas contratuais que vedam, limitam ou oneram, de forma direta ou indireta, a emissão ou a circulação de duplicatas emitidas sob a forma cartular ou escritural. 60 Art. 12. Às duplicatas escriturais são aplicáveis, de forma subsidiária, as disposições da Lei nº 5.474, de 18 de julho de 1968. § 1º A apresentação (remessa) da duplicata escritural será efetuada por meio eletrônico, observados os prazos determinados pelo órgão ou entidade da administração federal de que tratao § 1º do art. 3º desta Lei ou, na ausência dessa determinação, o prazo de 2 (dois) dias úteis contados de sua emissão. § 2º O devedor poderá, por meio eletrônico, recusar, no prazo (10 dias – recusa), nas condições e pelos motivos previstos nos arts. 7º e 8º da Lei nº 5.474, de 18 de julho de 1968, a duplicata escritural apresentada ou, no mesmo prazo acrescido de sua metade, aceitá-la. (prazo para aceite – 15 dias) § 3º Para fins de protesto, a praça de pagamento das duplicatas escriturais de que trata o inciso VI do § 1º do art. 2º da Lei nº 5.474, de 18 de julho de 1968, deverá coincidir com o domicílio do devedor, segundo a regra geral do § 1º do art. 75 e do art. 327 da Lei nº 10.406, de 10 de janeiro de 2002 (Código Civil), salvo convenção expressa entre as partes que demonstre a concordância inequívoca do devedor.
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