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CIRCULAÇÃO CAMBIAL (endosso) Declaração cambiária que objetiva a circulação do título de crédito. Com o endosso o titular do crédito transfere o documento bem como todos os direitos que dele decorrem. (Art. 14) É ato cambiário pois somente se admite endosso em título de crédito. É declaração cambiária sucessiva e eventual É ato unilateral de vontade do signatário. (endossante) Se aperfeiçoa com a tradição (entrega) do documento 1 Decorrem do endosso dois efeitos fundamentais: 1) Inoponibilidade das exceções pessoais (descola) Art. 17 - As pessoas acionadas em virtude de uma letra não podem opor ao portador as exceções fundadas sobre as relações pessoais delas com o sacador ou com os portadores anteriores, a menos que o portador ao adquirir a letra tenha procedido conscientemente em detrimento do devedor. 2) Responsabilidade do endossante Art. 15 - O endossante, salvo cláusula em contrário, é garante tanto da aceitação como do pagamento da letra. 2 3 A B C __ D __ E 4 RECURSO ESPECIAL. AÇÃO MONITÓRIA. CONTRATOS BANCÁRIOS. INSTRUMENTO PARTICULAR DE CONFISSÃO DE DÍVIDA. NOTA PROMISSÓRIA QUE GARANTE O CONTRATO. RESPONSABILIDADE DO AVALISTA. PRINCÍPIO DA ABSTRAÇÃO. NECESSIDADE DE CIRCULAÇÃO DO TÍTULO DE CRÉDITO. SÚMULA 280 DO STF. 1. É entendimento desta Corte Superior que o credor possuidor de título executivo extrajudicial pode utilizar-se tanto da ação monitória como da ação executiva para a cobrança do crédito respectivo. 2. A literalidade, a autonomia e a abstração são princípios norteadores dos títulos de crédito que visam conferir segurança jurídica ao tráfego comercial e tornar célere a circulação do crédito, transferindo-o a terceiros de boa-fé livre de todas as questões fundadas em direito pessoal. 3. Segundo o princípio da abstração, o título de crédito, quando posto em circulação, desvincula-se da relação fundamental que lhe deu origem. A circulação do título de crédito é pressuposto da abstração. 4. Nas situações em que a circulação do título de crédito não acontece e sua emissão ocorre como forma de garantia de dívida, não há desvinculação do negócio de origem, mantendo-se intacta a obrigação daqueles que se responsabilizaram pela dívida garantida pelo título. 5. Incabível a via recursal extraordinária para a discussão de matéria, ante a incidência da Súmula 280 do STF, quando a solução da controvérsia pelo Tribunal a quo dá-se à luz da interpretação do direito local. 6. Recurso especial a que se nega provimento. (REsp 1.175.238/RS, Rel. Ministro Luis Felipe Salomão, 4ª Turma, julgado em 07/05/2015, DJe. 23/06/2015) Art. 11 - Toda a letra de câmbio, mesmo que não envolva expressamente a cláusula a ordem, é transmissível por via de endosso. Quando o sacador tiver inserido na letra as palavras "não a ordem", ou uma expressão equivalente, a letra só é transmissível pela forma e com os efeitos de uma cessão ordinária de créditos. O endosso pode ser feito mesmo a favor do sacado, aceitando ou não, do sacador, ou de qualquer outro co- obrigado. Estas pessoas podem endossar novamente a letra. 5 A cláusula à ordem - Art. 11 - Toda a letra de câmbio, mesmo que não envolva expressamente a cláusula a ordem, é transmissível por via de endosso. A cláusula não à ordem – Quando o sacador tiver inserido na letra as palavras "não a ordem", ou uma expressão equivalente, a letra só é transmissível pela forma e com os efeitos de uma cessão ordinária de créditos. Essa cláusula (não à ordem) não proíbe a transferência do crédito mencionado no título. 6 A cessão do crédito no Código Civil Art. 286. O credor pode ceder o seu crédito, se a isso não se opuser a natureza da obrigação, a lei, ou a convenção com o devedor; a cláusula proibitiva da cessão não poderá ser oposta ao cessionário de boa- fé, se não constar do instrumento da obrigação. Art. 290. A cessão do crédito não tem eficácia em relação ao devedor, senão quando a este notificada; mas por notificado se tem o devedor que, em escrito público ou particular, se declarou ciente da cessão feita. 7 Art. 294. O devedor pode opor ao cessionário as exceções que lhe competirem, bem como as que, no momento em que veio a ter conhecimento da cessão, tinha contra o cedente. Art. 296. Salvo estipulação em contrário, o cedente não responde pela solvência do devedor. 8 Característica do endosso Art. 12 - O endosso deve ser puro e simples. Qualquer condição a que ele seja subordinado considera- se como não escrita. O endosso parcial é nulo. O endosso ao portador vale como endosso em branco. 9 Modalidades de endosso Em branco Art. 13 - O endosso deve ser escrito na letra ou numa folha ligada a esta (anexo). (prolongamento, alongamento) Deve ser assinado pelo endossante. (declaração cambiária) O endosso pode não designar o beneficiário, ou consistir simplesmente na assinatura do endossante (endosso em branco). Neste último caso, o endosso para ser valido deve ser escrito no verso da letra ou na folha anexa. (alongamento) Em preto – Indica-se o nome do endossatário 10 Art. 14 - O endosso transmite todos os direitos emergentes da letra. Se o endosso for em branco, o portador pode: 1 - Preencher o espaço em branco, quer com o seu nome, quer com o nome de outra pessoa; 2 - Endossar de novo a letra em branco ou a favor de outra pessoa; 3 - Remeter a letra a um terceiro, sem preencher o espaço em branco e sem a endossar 11 O Endosso sem garantia e a proibição de novo endosso Art. 15 - O endossante, salvo cláusula em contrário, é garante tanto da aceitação como do pagamento da letra. O endossante pode proibir um novo endosso, e, neste caso, não garante o pagamento as pessoas a quem a letra for posteriormente endossada. 12 A cadeia de endossos Art. 16 - O detentor de uma letra é considerado portador legítimo se justifica o seu direito por uma série ininterrupta de endossos, mesmo se o último for em branco. Os endossos riscados consideram-se, para este efeito, como não escritos. Quando um endosso em branco é seguido de um outro endosso, presume-se que o signatário deste adquiriu a letra pelo endosso em branco. Se uma pessoa foi por qualquer maneira desapossada de uma letra, o portador dela, desde que justifique o seu direito pela maneira indicada na alínea precedente, não é obrigado a restitui-la, salvo se a adquiriu de má-fé ou se, adquirindo-a, cometeu uma falta grave. 13 Espécies de endosso Próprio – (pleno, translativo) Art. 14 - O endosso transmite todos os direitos emergentes da letra. 14 Impróprios – (não transfere todos os direitos) a) Mandato (ou procuração) Art. 18 - Quando o endosso contém a menção "valor a cobrar" (valeur em recouvremente), "para cobrança" (pour encaissement), "Por procuração" (par procuration), ou qualquer outra menção que implique um simples mandato, o portador pode exercer todos os direitos emergentes da letra, mas só pode endossá-la na qualidade de procurador. Os co-obrigados, neste caso, só podem invocar contra o portador as exceções que eram oponíveis ao endossante. O mandato que resulta de um endosso por procuração não se extingue por morte ou sobrevinda incapacidade legal do mandatário. (é do mandante) 15 16 COMERCIAL E PROCESSUAL CIVIL. AÇÃO DE ANULAÇÃO DE DUPLICATA. BANCO ENDOSSATÁRIO-MANDATÁRIO. ILEGITIMIDADE PASSIVA. RESISTÊNCIA AO PEDIDO DE ANULAÇÃO DA DUPLICATA. SUCUMBÊNCIA. PRECEDENTES. RECURSO PARCIALMENTEPROVIDO. I - O endosso-mandato não transfere a propriedade do título ao endossatário, tornando este parte ilegitima na ação de anulação de título de crédito fundada na ausência de negócio jurídico subjacente. II - O banco endossatário que resiste ao pedido do sacado para que seja anulada a duplicata sem aceite, por falta de negócio jurídico subjacente, também responde pela verba sucumbencial juntamente com o endossante, se ambos integraram a relação processual. Em face da sucumbência parcial, cada parte responderá pelos honorários de seus respectivos advogados. (REsp 280.778/MG, Rel. Ministro Sálvio De Figueiredo Teixeira, Quarta Turma, julgado em 24/04/2001, DJ 11/06/2001, p. 232) b) Caução ou Garantia Art. 19 - Quando o endosso contém a menção "valor em garantia", "valor em penhor“ ou qualquer outra menção que implique uma caução, o portador pode exercer todos os direitos emergentes da letra, mas um endosso feito por ele só vale como endosso a título de procuração. Os co-obrigados não podem invocar contra o portador as exceções fundadas sobre as relações pessoais deles com o endossante, a menos que o portador, ao receber a letra, tenha procedido conscientemente em detrimento do devedor. 17 c) Póstumo Art. 20 - O endosso posterior ao vencimento tem os mesmos efeitos que o endosso anterior. Todavia, o endosso posterior ao protesto por falta de pagamento, ou feito depois de expirado o prazo fixado para se fazer o protesto, produz apenas os efeitos de uma cessão ordinária de créditos. Salvo prova em contrário, presume-se que um endosso sem data foi feito antes de expirado o prazo fixado para se fazer o protesto. 18 19 A B C __ D __ E O Aceite É o ato pelo qual o sacado assume obrigação de pagar É a recepção da ordem dada pelo sacador Facultativo, sucessivo, declaração (manifestação) unilateral de vontade Art. 28 - O sacado obriga-se pelo aceite pagar a letra na data do vencimento. Na falta de pagamento, o portador, mesmo no caso de ser ele o sacador, tem contra o aceitante um direito de ação resultante da letra, em relação a tudo que pode ser exigido nos termos dos arts 48 e 49. 20 21 APELAÇÃO CÍVEL - AÇÃO INDENIZATÓRIA - LEGITIMIDADE PASSIVA DA SERASA - ÓRGÃO MANTENEDOR DO CADASTRO - AUSÊNCIA DE NOTIFICAÇÃO PRÉVIA - IRREGULARIDADE DA NEGATIVAÇÃO - LETRA DE CÂMBIO EMITIDA A PARTIR DE CHEQUE PRESCRITO - AUSÊNCIA DE ACEITE - PROTESTO INDEVIDO - DANO MORAL PURO - VALOR DA INDENIZAÇÃO. I- Segundo orientação já pacificada pelo STJ, os órgãos mantenedores de cadastros possuem legitimidade passiva para as ações que buscam a exclusão da restrição do nome de devedor de seus cadastros, quando ocorrida sem prévia notificação. II- A comunicação ao consumidor, de que seu nome será inscrito em cadastro de devedores inadimplentes, deve ser empreendida pelo órgão de proteção ao crédito, nos termos do art. 43, § 2º, da Lei n º 8.078/90. III- Não comprovada a expedição regular de notificação para o endereço do autor que lhe foi fornecido pelo cliente, ilegítima mostrou-se a negativação feita, impondo-se o dever de indenizar. IV- A letra de câmbio sem o aceite da sacada não gera obrigação cambiária para ela, mormente quando foi emitida unilateralmente pelo credor, restando afastada sua exigibilidade. Sem o aceite, o fato de não ter sido colocado em circulação leva à total inutilidade do título e à ilicitude do protesto do mesmo. V- O protesto indevido de título constitui ato ilícito cujos efeitos danosos podem ser facilmente presumidos, ensejando reparação por danos morais, sendo que a responsabilidade pelos danos causados decorre do próprio ato, prescindido da comprovação do prejuízo no caso concreto. VI- O valor arbitrado a título de indenização deve mostrar-se suficiente para compensar a ofendida, desestimular a reiteração da conduta ilícita, sem gerar enriquecimento indevido da demandante. (TJMG - Apelação Cível 1.0024.10.257178- 3/001, Relator(a): Des.(a) João Cancio, 18ª Câmara Cível, julgamento em 13/09/2016, publicação da súmula em 19/09/2016) Conceito de Aceite “Entende-se por aceite o ato formal segundo o qual o sacado se obriga a efetuar, no vencimento, o pagamento da ordem que lhe é dada. Tal ato pode consistir ou numa declaração subscrita pelo sacado (aceito a presente letra de câmbio etc.), em qualquer parte da letra, ou na sua simples assinatura lançada no anverso da mesma (Lei Uniforme, art. 25). Poderá o aceite ser dado por mandatário com poderes especiais; nesse caso, tal mandatário age como representante legal do sacado e, apesar de ser a sua assinatura que consta do título, é aquele quem assume a obrigação. Temos, então, que o aceite é um ato que só pode ser praticado pelo sacado; contendo a letra uma ordem de pagamento cabe àquele a quem é dada a ordem declarar se está disposto a cumpri-la ou não. Enquanto a letra não for aceita o sacado nenhuma responsabilidade tem pela solvabilidade do título. O seu nome apenas está indicado na letra, constituindo mesmo essa indicação um dos requisitos essenciais para a validade do título; mas neste não existe a sua assinatura, indispensável para a assunção da obrigação, dado o formalismo e a literalidade da letra. Daí o fato de, apesar de ter o seu nome mencionado no título, o sacado não possuir nenhuma obrigação pelo pagamento do mesmo. (Martins, Fran. Títulos de crédito/Fran Martins. – 17. ed. rev., atual. e ampl. – Rio de Janeiro: Forense, 2016. ed. sob título “Letra de câmbio e nota promissória” ) 22 André Ramos 23 24 25 26 Art. 21 - A letra pode ser apresentada, até o vencimento, ao aceite do sacado, no seu domicílio, pelo portador ou até por um simples detentor. Art. 25 - O aceite é escrito na própria letra. Exprime-se pela palavra "aceite" ou qualquer outra palavra equivalente; o aceite é assinado pelo sacado. Vale como aceite a simples assinatura do sacado aposta na parte anterior da letra. Limitação e modificação do aceite Art. 26 - O aceite é puro e simples, mas o sacado pode limitá-lo a uma parte da importância sacada. (valor) Qualquer outra modificação introduzida pelo aceite no enunciado da letra equivale a uma recusa de aceite. O aceitante fica, todavia, obrigado nos termos do seu aceite. 27 28 Direito processual civil e comercial. Recurso especial. Execução. Letra de câmbio sem aceite. Causalidade. Inviabilidade. Embargos de declaração. Ausência de omissão e contradição. Prequestionamento. Dissídio jurisprudencial. - Rejeitam-se os embargos de declaração quando ausente omissão, contradição ou obscuridade a ser sanada. - É inadmissível recurso especial se ausente prévia decisão, no acórdão recorrido, a respeito das questões federais suscitadas. - Não se admite recurso especial pelo dissídio jurisprudencial se este não for comprovado nos moldes legal e regimental. - A letra de câmbio é título de crédito próprio e abstrato, não podendo a ela ser imprimida natureza causal e imprópria, como acontece na duplicata. - O sacado pode, a seu talante, recusar-se a assumir a obrigação cambial, sendo certo que a falta de aceite elide o vínculo ao pagamento do título. Recurso especial não conhecido. (REsp 511.387/GO, Rel. Ministra Nancy Andrighi, Terceira Turma, julgado em 21/06/2005, DJ 01/08/2005, p. 438) 29 Execução. Letra. Câmbio. Ausência. Aceite. Trata-se de embargos do devedor opostos à execução lastreada em letra de câmbio sem aceite. Nas vias ordinárias, a sentença julgou procedentes os embargos (declarando nula a execuçãopor falta de título executivo hábil para instruí-la) e o Tribunal a quo negou provimento à apelação da recorrente. Explicitou a Min. Relatora que a letra de câmbio é título de crédito próprio e abstrato, não se pode imprimir-lhe natureza causal e imprópria como acontece na duplicata, por isso não persistem as alegações da recorrente no sentido de vinculá-la ao negócio subjacente. Aduz ainda que, embora tenha havido o protesto pela falta de aceite e de pagamento, a letra de câmbio sem aceite obsta a cobrança pela via executiva. Pois a recusa do aceite traz como única consequência o vencimento antecipado da letra de câmbio (art. 43 da LUG), pode, então, o tomador cobrá-la imediatamente do sacador. Mas, no caso, o sacador e o tomador se confundem na mesma pessoa da recorrente demonstrando sem razão suas alegações uma vez que a vinculação ao pagamento do título se dá tão somente se o sacado aceitar a ordem de pagamento que lhe foi endereçada. Sem reparos o acórdão recorrido e ausente a divergência jurisprudencial alegada, a Turma não conheceu do recurso (REsp 511.387-GO, Rel. Min. Nancy Andrighi, j. 21.06.2005, Informativo 252/2005). Cancelamento do aceite – Arrependimento eficaz Art. 29 - Se o sacado, antes da restituição da letra, riscar o aceite que tiver dado, tal aceite é considerado como recusado. Salvo prova em contrário, a anulação do aceite considera-se feita antes da restituição da letra. Se porém, o sacado tiver informado por escrito o portador ou qualquer outro signatário da letra de que a aceita, fica obrigado para com estes, nos termos do seu aceite. 30 Apresentação ao aceite - Efeitos Art. 22 - O sacador pode em qualquer letra, estipular que ela será apresentada ao aceite, com ou sem fixação de prazo. Pode proibir na própria letra a sua apresentação ao aceite, salvo se se tratar de uma letra pagável em domicílio de terceiro, ou de uma letra pagável em localidade diferente da do domicílio do sacado, ou de uma letra sacada a certo termo de vista. O sacador pode também estipular que a apresentação ao aceite não poderá efetuar-se antes de determinada data. Todo endossante pode estipular que a letra deve ser apresentada ao aceite, com ou sem fixação de prazo, salvo se ela tiver sido declarada não aceitável pelo sacador. 31 Art. 24 - O sacado pode pedir que a letra lhe seja apresentada uma segunda vez no dia seguinte ao da primeira apresentação. Os interessados somente podem ser admitidos a pretender que não foi dada satisfação a este pedido no caso de ele figurar no protesto. O portador não é obrigado a deixar nas mãos do aceitante a letra apresentada ao aceite. 32 33 RECURSO ESPECIAL. DIREITO CIVIL E EMPRESARIAL. TÍTULOS DE CRÉDITO. LETRA DE CÂMBIO. NATUREZA. ORDEM DE PAGAMENTO. DECLARAÇÃO UNILATERAL DO SACADOR. REQUISITOS ESSENCIAIS. ART. 1º DO DECRETO 57.663/66 (LUG). ACEITE. EVENTUALIDADE. FACULTATIVIDADE. SACADO NÃO ACEITANTE. CONSEQUÊNCIA. RELAÇÃO CAMBIAL. INEXISTÊNCIA. PROTESTO. ILEGITIMIDADE PASSIVA. ART. 21, § 5º, DA LEI 9.492/97. INTERRUPÇÃO DA PRESCRIÇÃO. ART. 202, III, DO CC/ 02. EFICÁCIA OBJETIVA E SUBJETIVA. AÇÕES CAMBIÁRIAS. LIMITAÇÃO. PRINCÍPIO. AUTONOMIA. RESPONSÁVEL PRINCIPAL. SACADO ACEITANTE. DEVEDORES INDIRETOS. SACADOR, ENDOSSANTES E AVALISTAS. SACADO NÃO ACEITANTE. RELAÇÃO JURÍDICA CAUSAL. ALCANCE. INVIABILIDADE. 1. Cuida-se de ação anulatória de título de crédito cumulada com cancelamento de protesto e compensação de danos morais, por meio da qual se discute a validade do protesto de letra de câmbio não aceita e emitida com a finalidade de interromper a prescrição para a cobrança de débitos de mensalidades universitárias. 2. Recurso especial interposto em: 30/11/2017; conclusos ao gabinete em: 10/08/2018; aplicação do CPC/15. (continua) 34 3. O propósito recursal consiste em determinar se: a) na letra de câmbio, o aceite é requisito essencial da produção de seus efeitos cambiários; b) em letra de câmbio que foi emitida tendo como tomador o próprio sacador, que não circulou e não foi aceita, é válido o protesto tomado contra o sacado; e c) o protesto da letra não aceita e que não circula tem o condão de interromper o prazo prescricional da dívida que serviu de causa subjacente para a emissão do título de crédito. 4. Os títulos de crédito cumprem a função econômica de servirem de instrumentos de circulação de crédito, garantida pela incidência das regras do direito cambiário, o que depende do respeito às formalidades essenciais definidas em lei para tanto. 5. A letra de câmbio consiste em uma declaração unilateral do sacador por meio da qual emite uma ordem de pagamento dirigida ao sacado de pagar uma certa quantia em favor do tomador, o que justifica o aceite da letra pelo sacado não se inserir entre suas formalidades essenciais. 6. A citação do nome do sacado na letra de câmbio não gera para ele, no entanto, qualquer efeito cambial, independentemente da existência de uma outra relação jurídica subjacente que tenha servido de ensejo para o saque da cártula. Aplicação do princípio da autonomia das relações cambiais. (continua) 35 7. O aceite é o ato por meio do qual o sacado se vincula à ordem de pagamento emitida pelo sacador, tornando-se o responsável principal pela dívida inscrita na letra de câmbio. É elemento eventual do título, pois a eficácia cambial da letra de câmbio e sua circulação não dependem, em regra, do aceite; e facultativo, porque é dado segundo exclusivamente segundo a vontade do sacado, não podendo nem mesmo o protesto pela recusa do aceite obrigá-lo a aceitar a ordem de pagamento. 8. Na letra de câmbio com vencimento a vista, a apresentação para aceite é dispensável, pois a apresentação ao sacado já é dada, imediatamente, para pagamento. Nessa hipótese, o portador apresenta o título para protesto por falta de pagamento, com a finalidade de exercer os direitos cambiários contra os devedores indiretos da dívida nele inscrita, e não para tornar o sacado aceitante. 9. O protesto é um ato solene de prova da recusa ou da falta de aceite ou de pagamento que tem por propósito conservar os direitos do portador da cártula em face do devedor direito - o sacado aceitante - ou dos devedores indiretos - sacador, endossantes e seus avalistas. 10. O protesto também pode produzir outros efeitos, como a comprovação da impontualidade injustificada, para efeitos falimentares, ou a interrupção da prescrição, na forma do art. 202, III, do CC/02. (continua) 36 11. Na letra de câmbio sem aceite, tanto o protesto por falta ou recusa de aceite quando o por falta ou recusa de pagamento devem ser tirados contra o sacador, que emitiu a ordem de pagamento não honrada, e não contra o sacado, que não pode ser compelido, sequer pelo protesto, a aceitar a obrigação inserida na cártula. Inteligência do art. 21, § 5º, da Lei 9.492/97. 12. Se não há responsável principal - por falta de aceite - e se é impossível o exercício de direito de regresso contra os devedores indiretos - seja porque a cártula não circulou, seja porque não realizado o protesto no tempo próprio -, a letra de câmbio deixa de ter natureza de título de crédito, consistindo em um mero documento, produzido unilateralmente pelo sacador. 13. A prescrição interrompida pelo protesto cambial se refere única e exclusivamente à ação cambiária e somente tem em mira a pretensão dirigida ao responsável principal e, eventualmente, aos devedores indiretos do título, entre os quais não se enquadra o sacado não aceitante. Aplicação do princípio da autonomia das relações cambiais. 14. Na hipótese concreta, a recorrente sacou letra de câmbio em que apontou como sacada a recorrida e se colocou na posição de beneficiária da ordem de pagamento, levando o título a protesto com o propósito de interromper o prazo prescricional para a cobrança da dívida que serviu de ensejo à emissão da cártula.(continua) 37 15. Na hipótese dos autos, a recorrente, ao protestar o título contra a recorrida não aceitante, tirou o protesto indevidamente contra pessoa que não poderia ser indicada em referido ato documental, praticando, assim, ato ilícito, devendo, pois, responder pelas consequências de seus atos; e a interrupção da prescrição pelo protesto do título não se dá em relação à dívida causal que originou a emissão da cártula. 16. Recurso especial desprovido. (Resp. 1.748.779/MG, Rel. Ministra Nancy Andrighi, Terceira Turma, julgado em 19/05/2020, DJe 25/05/2020) O aval Aval é instituto típico e exclusivo dos títulos de crédito. Trata-se de declaração cambiária por força da qual o seu signatário garante o pagamento da soma cambiária. Eventual e sucessiva Art. 30 - O pagamento de uma letra pode ser no todo ou em parte garantido por aval. Esta garantia é dada por um terceiro ou mesmo por um signatário da letra. 38 Conceito de Aval “Entende-se por aval a obrigação cambiária assumida por alguém no intuito de garantir o pagamento da letra de câmbio nas mesmas condições de um outro obrigado. É uma garantia especial, que reforça o pagamento da letra, podendo ser prestada por um estranho ou mesmo por quem já se haja anteriormente obrigado no título. A pessoa que dá tal garantia tem o nome de avalista; aquela a quem ele se equipara, e por intermédio da qual é assumida a obrigação de pagar o título, denomina-se avalizado. Para assumir tal obrigação o avalista necessita ser capaz, como, aliás, deve acontecer com todos quantos se obrigam cambialmente. Mas se, dado o aval, posteriormente se descobre a incapacidade do avalista, esse fato não prejudica a letra de câmbio, em virtude do princípio da autonomia das obrigações cambiárias (Lei Uniforme, art. 7º).” (Martins, Fran. Títulos de crédito/Fran Martins. – 17. ed. rev., atual. e ampl. – Rio de Janeiro: Forense, 2016. ed. sob título “Letra de câmbio e nota promissória” ) 39 40 “O aval é uma declaração cambiária, ainda que distinta da declaração do emitente ou do sacado ou do endossante. É uma promessa, formulada por um terceiro, de adimplir a obrigação avalizada, em lugar de seu emitente, independentemente de qualquer outro elemento, tais como condições, modos etc.; tais observações, se postas na cártula, devem ser tidas como não escritas, já que não há espaço jurídico para tanto. O avalista simplesmente prometer pagar. O Direito não se interessa pelos motivos que geram a dação da garantia; mas, habitualmente, é solidariedade moral que se transforma em solidariedade financeira. É ato jurídico benéfico e, por isso, interpreta-se de forma restritiva (artigo 114 do Código Civil): uma promessa de prestação, sem contraprestação; quem dá, nada recebe; o credor que dela se beneficia nada oferece ao garantidor. Apenas multiplica a proteção a seu crédito. (Mamede, Gladston Direito empresarial brasileiro: Títulos de crédito / Gladston Mamede. – 10. ed. rev. e atual. – São Paulo: Atlas, 2018.) Forma do Aval Art. 31 - O aval é escrito na própria letra ou numa folha anexa. (alongamento) Exprime-se pelas palavras "bom para aval" ou por qualquer fórmula equivalente; e assinado pelo dador do aval. (avalista) O aval considera-se como resultante da simples assinatura do dador aposta na face anterior da letra, salvo se se trata das assinaturas do sacado (aceite) ou do sacador. (saque) O aval deve indicar a pessoa por quem se dá. (avalizado) Na falta de indicação entender-se-á ser pelo sacador. 41 42 Art. 31 – (...) O aval deve indicar a pessoa por quem se dá. (aval em preto) Na falta de indicação entender- se-á ser pelo sacador. (aval em branco) Aval em preto: indica o nome do avalizado no momento de prestar a garantia. Por aval a Maria Aval em branco: não indica o nome do avalizado no momento de prestar a garantia. Por aval Nesse caso, do aval em branco, a garantia é prestada em favor do sacador. 43 Aval sucessivo: Avalista garante outro avalista. Aval ligado a aval (aval de aval) Aval simultâneo: Avalistas garantem o mesmo devedor. Avalista não está ligado a avalista Súmula nº 189/STF: “Avais em branco e superpostos consideram-se simultâneos e não sucessivos". 44 A B C __ D __ E __ F R M N S Responsabilidade do Avalista Art. 32 - O dador de aval (avalista) é responsável da mesma maneira que a pessoa por ele afiançada. (garantida) A sua obrigação (do avalista) mantém-se, mesmo no caso de a obrigação que ele garantiu ser nula por qualquer razão que não seja um vicio de forma. Se o dador de aval (avalista) paga a letra, fica sub- rogado nos direitos emergentes da letra contra a pessoa a favor de quem foi dado o aval e contra os obrigados para com esta em virtude da letra. 45 46 APELAÇÕES CÍVEIS - SENTENÇA ÚNICA - DUPLICIDADE DE RECURSOS MANEJADOS PELA PARTE RÉ - VIOLAÇÃO AO PRINCÍPIO DA UNIRRECORRIBILIDADE - AÇÃO DE EXONERAÇÃO DE AVAL - CONTRATO BANCÁRIO - FALECIMENTO DO TOMADOR DO EMPRÉSTIMO (AVALIZADO) - EXTINÇÃO DA GARANTIA - NÃO CABIMENTO - Considerando o princípio da unirrecorribilidade recursal, não se admite a interposição sucessiva de recursos contra o mesmo provimento jurisdicional. - O falecimento do avalizado, por si só, não exonera o avalista da obrigação decorrente do aval, porque essa garantia possui natureza objetiva, unilateral e cartular, e, por esse motivo, a responsabilidade do garante equipara-se a um dos coobrigados. (TJMG - Apelação Cível 1.0473.10.000493-5/001, Relator(a): Des.(a) Evandro Lopes da Costa Teixeira, 17ª Câmara Cível, julgamento em 02/07/2020, publicação da súmula em 17/07/2020) 47 EMBARGOS À EXECUÇÃO. CERCEAMENTO DE DEFESA AFASTADO. NOTA PROMISSÓRIA. AVALISTA - EXCEÇÕES PESSOAIS DO DEVEDOR PRINCIPAL. DISCUSSÃO DA 'CAUSA DEBENDI'. IMPOSSIBILIDADE. DECISÃO MANTIDA. O aval é um instituto caracterizado pela autonomia, solidariedade e independência, razão pela qual não pode o avalista opor exceções pessoais do devedor principal, sendo-lhe vedado a discussão da 'causa debendi' do negócio jurídico subjacente, salvo o caso de defeitos formais do título e falta de requisitos para a propositura da ação cambial. Se o avalista não pode alegar em sua defesa exceções pessoais do devedor principal não há que se falar que o indeferimento do pedido de expedição de ofício à Receita Federal e ao BEMGE cerceou seu direito de defesa, já que tal prova, além de não ser necessária ao deslinde da demanda,e se fosse o caso só beneficiaria o emitente das cártulas. (TJMG - Apelação Cível 1.0672.04.137728-0/001, Relator(a): Des.(a) Sebastião Pereira de Souza, 16ª Câmara Cível, julgamento em 20/02/2008, publicação da súmula em 07/03/2008)
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