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Anatomia do abdome 2

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1 
ANATOMIA DO ABDOME 
 
Djanira Aparecida da Luz Veronez1 
Michele Patrícia Müller Mansur Vieira2 
 
 
INTRODUÇÃO 
 
O abdome é uma região corporal que contém a maior cavidade, servindo como um 
recipiente dinâmico e flexível, o qual serve de abrigo para a maioria dos órgãos do 
sistema digestório e parte dos sistemas urinário e genital (Figura 1). Seu limite 
superior é constituído pelo músculo diafragma, que se estende sobre as vísceras 
abdominais como uma cúpula; seu limite inferior é formado pelos músculos 
levantador do ânus e coccígeno, constituintes do diafragma pélvico. 
 
 
 
1 Biomédica. Doutora em Ciências Médicas área de concentração Neurociências pela Universidade Estadual de 
Campinas. Professora do departamento de anatomia da Universidade Federal do Paraná. 
 
2 Tecnóloga em Radiologia pela Universidade Tecnológica Federal do Paraná, Mestre em Saúde Pública pela 
University of Essex; Professora do Curso Técnico em Radiologia do Instituto Federal do Paraná. 
 2 
 
Figura 1 - Vista anterior das vísceras abdominais 
O abdome pode ser divido em duas porções, uma superior e outra inferior. A porção 
superior é constituída pela região abdominal propriamente dita; já a inferior é 
formada pela região pélvica. A porção superior do abdome contém a maior parte do 
sistema digestório, pois parte deste está contida na cabeça, no pescoço, na 
cavidade torácica; esta parte superior também abriga o baço e partes do sistema 
urinário. A retenção das estruturas desses sistemas nesse local se deve 
superiormente ao músculo diafragma e inferiormente aos músculos da pelve. Já a 
porção inferior abriga parte do sistema urinário (bexiga e ureteres) e o sistema 
reprodutor. (Figura 2) 
 
 
 
Figura 2 - Vista posterior das vísceras abdominais. 
 
O abdome ainda pode ser dividido, para fins de estudo, entendimento e localização 
de órgãos, em quadrantes e regiões. 
 3 
 
Os quadrantes são delimitados a partir de um plano imaginário, com disposição 
transversal, o plano transumbilical, que atravessa a cicatriz umbilical exatamente no 
nível das vértebras lombares L3 e L4, dividindo-o em superior e inferior, e pelo plano 
mediano, que divide longitudinalmente o abdome em direito e esquerdo. Assim, os 
quadrantes adquirem as seguintes denominações: quadrante superior direito (QSD), 
quadrante superior esquerdo (QSE), quadrante inferior direito (QID) e quadrante 
inferior esquerdo (QIE), conforme pode ser observado na (Figura 3) 
 
 
 
Figura 3 – Divisão do abdome em quadrantes. 
 
O QSD abrange o lobo direito do fígado, a vesícula biliar, o piloro do estômago, a 
primeira e a terceira parte do duodeno, a cabeça do pâncreas, a glândula supra-
renal direita, o rim direito (estrutura retroperitonial), a flexura hepática (ou flexura 
direita do colo), a parte superior do colo ascendente e metade direita do colo 
transverso. 
 
No QSE estão contidos o lobo esquerdo do fígado, o baço, o estômago, o jejuno e 
íleo proximal, o corpo e a cauda do pâncreas, o rim esquerdo (retroperitonial), a 
 4 
glândula supra-renal esquerda, a flexura esplênica (ou flexura cólica esquerda), a 
metade esquerda do colo transverso e a parte superior do colo ascendente. 
 
O QID engloba o ceco, o apêndice vermiforme, a maior parte do íleo, a parte inferior 
do colo ascendente, o ovário direito, a tuba uterina direita, a parte abdominal do 
ureter direito e o funículo espermático direito, podendo conter também o útero, caso 
esteja maior que o normal e a bexiga quando em plenitude ou quando o indivíduo 
apresenta extrofia de bexiga urinária (bexiga situada em local diferente de sua 
localização anatômica). 
O QIE compreende o restante das vísceras abdominais, que são o colo sigmoide, a 
parte inferior do colo descendente, o ovário esquerdo, a porção abdominal do ureter 
esquerdo, o funículo espermático esquerdo e, assim como no QID, nas mesmas 
condições, o útero e a bexiga. 
 
Além da divisão por quadrantes, o abdome também pode ser subdividido em 
regiões. Estas são nove e possuem as seguintes denominações: hipocôndrio direito 
(HD), lateral ou lombar direita (LD), inguinal direita (ID), região epigástrica (E), 
umbilical (U), púbica ou região hipogástrica (P), hipocôndrio esquerdo (HE), lateral 
ou lombar esquerda (LE) e inguinal esquerda (IE). As regiões são delimitadas a 
partir de traçados imaginários, longitudinais, por dois planos verticais ou sagitais e 
dois planos horizontais, com disposição transversal. (Figura 4) 
 5 
 
 
Figura 4 – Divisão das regiões e planos do abdome. 
 
Cada plano parassagital é comumente denominado plano medioclavicular, com 
início no ponto médio das clavículas até o local médio das linhas que unem a 
espinha ilíaca anterossuperior (EIAS) e borda superior da sínfise púbica de cada 
lado - conhecidos como pontos inguinais. Os planos transversais que, na maioria 
das vezes, são o plano subcostal e o plano intertubercular, sendo que aquele 
atravessa a margem inferior da décima cartilagem costal de cada lado, e este 
atravessa o corpo da quinta vértebra lombar (L5); e os tubérculos ilíacos, que se 
localizam 5 cm posterior a EIAS de cada lado. Estes dois planos têm a vantagem de 
cruzarem estruturas palpáveis. 
 
Alguns médicos, entretanto, consideram os planos transpilórico e interespinhal como 
planos transversos para estabelecer as nove regiões. O plano transpilórico, 
extrapolado a meio caminho entre as margens superiores do manúbrio do esterno e 
a sínfise púbica - normalmente no nível da primeira vértebra lombar (L1), 
 6 
frequentemente cruza o piloro do estômago quando o indivíduo está em decúbito 
dorsal ou ventral. 
 
Quando o indivíduo está em posição ortostática, devido à força da gravidade o piloro 
geralmente se situa em um nível mais baixo. O plano transpilórico é um ponto de 
referência útil porque também cruza muitas outras estruturas importantes, como o 
fundo da vesícula biliar, o colo do pâncreas, as origens da artéria mesentérica 
superior (AMS) e da veia porta, a raiz do mesocólon transverso, a junção 
duodenojejunal e os hilos dos rins. O plano interespinhal atravessa a EIAS, que 
pode ser palpada de cada lado. 
 
O conhecimento dos planos e das regiões abdominais, bem como de seus 
conteúdos, é fundamental para que o técnico em radiologia possa executar os 
exames com eficiência e acurácia, possibilitando, assim, a aquisição de imagens 
com qualidade diagnóstica. 
 
 
PAREDE ABDOMINAL 
 
O termo “parede abdominal” se refere a todo limite que circunda a região abdominal, 
cuja formação envolve pele ligada a tecido subcutâneo. Como não há uma 
separação definida, para fins descritivos a parede abdominal é dividida em parede 
anterolateral e parede posterior do abdome. 
 
• Parede Anterolateral do Abdome 
 
Como não há um limite definido entre a parede anterior e as paredes laterais, 
comumente o termo parede anterolateral do abdome é usado. 
 
A parede anterolateral do abdome se estende da caixa torácica até a pelve, sendo 
constituída por um composto de gordura, fixações musculares (aponeuroses), suas 
fáscias e os próprios músculos, contendo, ainda, gordura extraperitonial e peritônio 
parietal na sua face interna. 
 
 7 
 
MÚSCULOS DA PAREDE ANTEROLATERAL DO ABDOME 
 
Os músculos que compõem a parede anterolateral são os cinco demonstrados na 
Figura 5. Três desses músculos são considerados planos por possuírem a maioria 
das fibras no sentido paralelo, formando um leque - os músculos oblíquo externo e 
oblíquo interno e o músculo transverso do abdome. Os outros dois músculos, o 
músculo reto do abdome e o piramidal,são considerados verticais. 
 
 
Figura 5 – Músculos que compõem a parede anterolateral do abdome 
 
O músculo oblíquo externo do abdome é o maior e mais superficial dos três 
músculos planos. Tem como função comprimir e sustentar as vísceras abdominais, 
atuando de forma contrária ao músculo diafragma, ou seja, quando o músculo 
diafragma se contrai na inspiração ele se expande, assim como proporciona a ação 
 8 
de flexão e rotatividade do tronco. Tem início na face externa da quinta a décima 
segunda costela e se fixa na crista púbica. 
 
Com início na fáscia toracolombar, na porção anterior da crista ilíaca e metade 
lateral do ligamento inguinal, o músculo oblíquo interno possui as mesmas funções 
que o músculo oblíquo externo. Sua inserção inicial ocorre nas bordas inferiores da 
décima a décima segunda costela, e, ao final, na linha alba e linha pectínea ocorre a 
inserção por meio de um tendão em conjunto com o músculo oblíquo interno. 
 
O músculo transverso do abdome, considerado o mais interno dos músculos planos, 
situado profundamente ao músculo oblíquo interno, tem como principal função 
comprimir e sustentar os órgãos abdominais. Esse músculo sai das faces internas da 
sétima a décima segunda cartilagem costais, fáscia toracolombar, cristas ilíacas e da 
terceira parte lateral do canal inguinal para fixar-se na linha Alba, juntamente com a 
aponeurose do oblíquo interno, crista púbica e linha pectínea. 
 
O músculo reto do abdome é um músculo poligástrico que se estende por todo o 
comprimento da face ventral do abdome. É o mais importante músculo abdominal 
com disposição vertical, já que o músculo piramidal encontra-se ausente em 
aproximadamente 80% da população e não tem significância. Na sua porção 
superior, é mais largo e delgado, originando-se na sínfise e crista púbica; apresenta-
se mais estreito e espesso em sua inserção no processo xifoide e na quinta a sétima 
cartilagem costal. O músculo reto do abdome auxilia na flexão do tronco, também 
comprime as vísceras abdominais e proporciona estabilidade e controle da 
inclinação da pelve. 
 
Nas pessoas em que se faz presente, o músculo piramidal é pequeno e tem forma 
triangular, localiza-se anteriormente à parte inferior do músculo reto do abdome. 
Origina-se na face anterior do púbis e no ligamento púbico anterior, com término na 
linha alba. 
 
• Parede Posterior do Abdome 
 
 9 
A parede posterior do abdome é formada pelas vértebras lombares, músculos da 
parede posterior, fáscia toracolombar e por gordura, nervos, vasos e linfonodos. 
 
 
MÚSCULOS DA PAREDE POSTERIOR DO ABDOME 
 
Os principais pares de músculos que compõem a parede posterior do abdome são o 
músculo psoas maior, o qual segue ínfero-lateralmente; o músculo ilíaco, situado ao 
longo das faces laterais da parte inferior do músculo psoas maior e o músculo 
quadrado lombar, que se localiza adjacente aos processos transversos das 
vértebras lombares e lateralmente às partes superiores do músculo psoas maior, 
conforme demonstrado na Figura 6. 
 
 
 10 
Figura 6 – Principais músculos que compõem a parede posterior do abdome 
 
O músculo psoas maior está situado lateralmente às vértebras lombares, sendo 
longo e espesso. Juntamente com o músculo ilíaco, age inferiormente como flexor 
da coxa. Superiormente, age fletindo lateralmente a coluna vertebral. É usado ainda 
para equilibrar o tronco. Fixa-se superiormente aos processos transversos das 
vértebras lombares e as faces laterais dos corpos das vértebras de T12 a L5. 
Inferiormente, fixa-se por meio de um tendão forte no troncanter menor do fêmur. 
 
O músculo ilíaco é um músculo triangular grande situado ao longo da face lateral da 
parte inferior do músculo psoas maior. Através da articulação sacroilíaca, estende-se 
e fixa-se aos dois terços superiores da fossa ilíaca, à asa do sacro e aos ligamentos 
sacroilíacos anteriores. Juntos, o músculo psoas e o músculo ilíaco formam o 
músculo iliopsoas, o principal flexor da coxa. Ajuda a manter a postura ereta na 
articulação do quadril e a estabiliza. A flexão da articulação quadril é compartilhada 
pelo músculo psoas maior e pelo músculo ilíaco, porém, apenas o músculo psoas 
maior pode flexionar ou curvar lateralmente a coluna lombar. A sua fixação inferior 
ocorre no troncanter menor do fêmur e para o tendão do músculo psoas maior. 
 
O músculo quadrado lombar, quadrilateral, é mais largo inferiormente e forma uma 
lâmina muscular espessa na parede posterior do abdome. Atua principalmente 
fletindo lateralmente a coluna vertebral, e durante a inspiração, fixa a décima 
segunda costela. A sua fixação superior se faz na metade medial da margem inferior 
das décimas segundas costelas e nas extremidades dos processos transversos 
lombares. Inferiormente, fixa-se ao ligamento iliolombar e ao lábio interno da crista 
ilíaca. 
 
 
LIMITES DA PAREDE DO ABDOME 
 
Os limites da parede do abdome são: 
• Superior: é a cúpula do músculo diafragma, com forte concavidade inferior, de 
tal forma que uma parte dos órgãos superiores fica parcialmente oculta pela 
parede torácica. 
 11 
• Inferior: denomina-se soalho pélvico, visto que este septo fecha inferiormente 
a pelve. É constituído essencialmente pelos músculos levantadores do ânus 
(lateralmente) e pelas formações do períneo na linha mediana. Este soalho é 
móvel, pois é muscular. É atravessado não só pela porção terminal do 
intestino grosso, mas também pelos elementos do aparelho urogenital. 
• Anterior: apresenta uma parte torácica, limitada inferiormente pela margem 
condral, que é superolateral; e uma parte abdominal, que é mediolateral, 
constituída pelos músculos largos e suas aponeuroses; esta parede é 
mobilizada pela respiração e seus músculos têm ação importante no trânsito 
digestivo e na defecação. 
• Posterior: Compreende uma parte mediana, formada pela coluna vertebral, 
saliente para frente e forrada lateralmente pelos músculos iliopsoas. 
Apresenta também uma parte lateral ou região lombar, onde o rim, e seus 
envoltórios fibrosos e a gordura que o reveste separam, tanto à direita quanto 
à esquerda. E abaixo, sobre as costelas, a parede posterior do abdome está 
apoiada na face interna do osso ilíaco e do músculo iliopsoas. 
• Laterais: Interpõem-se entre as paredes anterior e posterior. Nas paredes 
laterais distinguem-se três porções: superior, com o décimo e décimo primeiro 
espaços intercostais; média, formada pelos músculos largos do abdome 
inseridos abaixo da crista ilíaca; inferior, que é osteomuscular: onde o osso 
ilíaco acha-se forrado pelo músculo ilíaco e depois pelo músculo obturador 
interno. 
 
 
PERITÔNIO 
 
O peritônio é uma membrana serosa que forra as paredes da cavidade abdominal e 
os órgãos nela contidos. O local em que ele reveste a parede abdominal é 
denominado de peritônio parietal e é refletido sobre as vísceras como peritônio 
visceral. Nos homens, ele é um saco fechado e nas mulheres, as extremidades 
laterais das tubas uterinas abrem-se na cavidade do saco peritoneal. Sua face lisa é 
coberta por uma camada de mesotélio, que é mantida úmida e lisa por uma película 
de liquido seroso. Por esta razão, as vísceras móveis deslizam livremente sobre a 
parede abdominal e umas sobre as outras. 
 12 
 
 
 
CONSTITUIÇÃO ANATÔMICA 
 
O peritônio compreende: uma lâmina parietal (peritônio parietal) que está unida às 
diversas partes da parede abdominal e pélvica; entre as paredes e a lâmina parietal 
encontra-se o tecido subperitoneal, que permite seu deslocamento, exceto em 
alguns pontos; uma lâmina visceral (peritônio visceral), muito delgada e em geral 
aderente aosórgãos intra-abdominais, recobrindo-os; a cavidade peritoneal, que se 
encontra entre as duas lâminas do peritônio parietal e visceral. Trata-se de uma 
cavidade virtual em estado normal, mas real em certas circunstâncias: derrames de 
bílis, de ar ou de liquido, etc. 
 
Os órgãos intra-abdominais, circundados pelo peritônio, são intraperitoneais apenas 
na aparência. A única exceção é o ovário, que fica contido na cavidade peritoneal 
sem ser coberto pelo peritônio visceral. 
 
Alguns órgãos abdominais situam-se junto à parede posterior do abdome e, nestes 
casos, o peritônio parietal é anterior a eles: diz-se que esses órgãos são 
retroperitoneais, como os rins e o pâncreas, por exemplo. 
 
As vísceras que ocupam a posição retroperitoneal são fixas. Muitas outras, 
entretanto, salientam-se da cavidade abdominal, destacando-se da parede. Forma-
se então uma lâmina peritoneal denominada meso ou ligamento. Outras vezes, 
estas pregas se estendem entre dois órgãos e recebem o nome de omento. 
 
 
TOPOGRAFIA DO PERITÔNIO 
 
A cavidade peritoneal é extremamente complexa, porém é possível ter uma ideia de 
sua disposição geral. Considerando que: 
• Os pedículos vasculares unem as vísceras à parede posterior; e 
anteriormente as vísceras ficam livres; 
 13 
• O cólon transverso, que se estende da direita para a esquerda, está unido à 
parede posterior do abdome pelo mesocólon transverso, que divide a 
cavidade abdominal em dois andares: um superior ou supracólico 
(supramesocólico) e outro inferior ou infracólico (inframesocólico). 
 
 
 ANATOMIA FUNCIONAL DO PERITÔNIO 
 
O peritônio é dotado de propriedades muito particulares que fazem dele um 
verdadeiro “órgão”, com funções e doenças próprias. 
 
Em seu estado normal, secreta um líquido viscoso que favorece movimentos, como 
as contrações peristálticas das vísceras ocas e o deslocamento de órgãos. Além 
disso, ele é extremamente sensível, provocando dores intensas quando 
traumatizado. 
 
Nos homens o peritônio forma a escavação retovesical. Nas mulheres, é dividido em 
uma parte anterior ou escavação vesico uterina e outra posterior, a escavação reto 
uterina. 
 
 
REGIÃO SUPRACÓLICA OU SUPRAMESOCÓLICA 
 
A região supracólica compreende o território de distribuição da artéria denominada 
tronco celíaco (estômago, fígado e baço). 
 
Constitui: O recesso supra-hepático, situado entre o fígado e o músculo diafragma; e 
o recesso sub-hepático, situado entre a face visceral do fígado, o cólon transverso, e 
a parede anterior do abdome. 
 
 
REGIÃO INFRACÓLICA OU INFRAMESOCÓLICA 
 
 14 
É subdivida em duas partes pelo mesocólon sigmoide: uma parte abdominal, que é 
quase inteiramente ocupada pelo intestino delgado; e uma parte pélvica que é 
ocupada atrás pelo reto e na frente pelo aparelho urogenital. 
Dispõem-se em forma de funil entre os diferentes órgãos: a escavação retrovesical 
no homem e retrouterina na mulher. 
 
 
BOLSA OMENTAL OU SACO PERITONEAL MENOR 
 
A bolsa omental ou saco peritoneal menor é um grande recesso latente, irregular, 
situado atrás do estômago e além de seus limites. Seu nome está relacionado com o 
conceito de que ela forma uma bolsa, facilitando os movimentos da face posterior do 
estômago. Entretanto, ela não é fechada; sua conexão com o saco peritoneal maior 
é estreitada por fatores embriológicos. 
 
 
LIGAMENTOS 
 
São semelhantes aos mesos; contudo, entre as duas lâminas que os constituem, 
não se encontra um pedículo vasculonervoso importante, mas uma armação fibrosa 
de inserção, suspensão ou amarra. Exemplo: ligamento falciforme do fígado. 
 
 
OMENTOS 
 
São formações que possuem duas folhas ou lâminas que unem duas vísceras 
vizinhas; frequentemente contêm pedículos vasculares. 
 
São eles: omento menor, que é a prega do peritônio e une a curvatura menor do 
estômago ao fígado e ao duodeno; omento maior, que é a maior das pregas 
peritoneais e vai da curvatura maior do estômago ao colo transverso, como um 
“avental” (Figura 7). 
 
 15 
 
Figura 7. Omento maior 
 
 
No omento menor ( Figura 8) distinguem-se os ligamentos hepatogástrico e o 
hepatoduodenal; e no omento maior distinguem-se os ligamentos gastrofrênico, 
gastroesplênico, gastrocólico e esplenorrenal. 
 
 16 
 
Figura 8. Omento menor 
 
 
FÁSCIA DE COALESCÊNCIA 
 
Durante o desenvolvimento, um meso pode sobrepor-se ao peritônio parietal. As 
duas lâminas assim em contato unem-se e são substituídas por uma lâmina 
conjuntiva que produz a justaposição e a aderência. E à primeira vista, o órgão 
considerado pode parecer retroperitoneal, mas a dissecação do órgão evidencia um 
ponto de deslocamento cuja liberação reconstitui a disposição primitiva e libera o 
órgão aderido. 
 
 
MESENTÉRIOS 
 
São pregas peritoneais denominadas mesentérios (Figura 9); distinguem-se: 
 17 
• O Mesentério do intestino delgado: É uma extensa prega em forma de leque 
que une as alças do jejuno e do íleo à parede posterior do abdome. 
• O Mesoapêndice: é uma prega triangular do peritônio em torno do apêndice 
vermiforme, preso ao dorso da extremidade inferior do mesentério, próximo à 
junção ileocecal. 
• O Mesocólon transverso: é uma extensa prega que une o cólon transverso à 
parede posterior do abdome. 
• O Mesocólon sigmoide: é uma prega peritoneal que prende o cólon à parede 
da pelve, com sua inserção sendo um V invertido. 
• O Mesocólon ascendente e descendente (Figura 10): o peritônio geralmente 
reveste somente a frente e os lados das partes ascendente e descendente do 
cólon, mas algumas vezes estas são virtualmente circundadas pelo peritônio 
e presas à parede posterior do abdome por um mesocólon ascendente e 
descendente. 
 
 
Figura 9. Mesentério 
 
 18 
 
 
Figura 10. Mesocólon descendente 
 
 
CONTEÚDOS ANATÔMICOS DO ABDOME 
 
PORÇÃO ABDOMINAL DO ESÔFAGO 
Emerge do pilar direito do diafragma ao nível da décima vértebra torácica e desce à 
esquerda pela frente do estômago. A parte abdominal do esôfago é retroperitoneal. 
Sua situação é profunda e oculta pelo lobo esquerdo do fígado. 
 19 
 
A margem direita do esôfago relaciona-se com o vestíbulo da bolsa omental. O 
esôfago separa-se do lobo caudado do fígado na parte mais alta do vestíbulo. A 
margem esquerda é continuada pela curvatura maior do estômago, com a qual 
forma a incisura cárdica. A face posterior do esôfago é desprovida de peritônio, pois 
este se reflete para baixo, sem ultrapassar a cárdia. 
 
No esôfago se produz o terceiro tempo da deglutição, ou tempo esofágico, que 
conduz o bolo alimentar cuja progressão é possibilitada por contrações peristálticas; 
estas se opõem ao refluxo, mesmo que o individuo esteja em decúbito dorsal com a 
cabeça para baixo. Em repouso, o forame diafragmático tem a ação de um esfíncter, 
de tal forma que o individuo não toma consciência da fermentação que ocorre no 
estômago nem o odor que dela se desprende. No momento da deglutição, o 
diafragma não impede a progressão do bolo alimentar. A expulsão pela boca do 
alimento contido no estômago constitui o vômito, cuja potência é suscitada pela 
contração dos músculos abdominais. 
 
 
ESTÔMAGO 
 
O estômago é um reservatório muscular situado entre o esôfago e o duodeno; é 
onde os alimentos se acumulam e cuja mucosa secreta um potente suco digestivo. 
O estômago tem a propriedade de selecionar o quimo e permitir sua passagem para 
o duodeno em uma proporção adequada para a digestão. Situa-se logo abaixo do 
diafragma, com sua maior porção à esquerda do plano mediano. Apresenta dois 
orifícios: um, proximal,de comunicação com o esôfago, o óstio cárdico, e outro 
distal, óstio pilórico, que se comunica com o duodeno. 
 
A forma e a orientação do estômago variam de acordo com a idade, tipo 
constitucional, tipo de alimentação, posição do individuo, e estado fisiológico do 
órgão. 
CONFIGURAÇÃO EXTERNA 
 
 20 
Descrevem-se no estômago uma porção vertical, uma porção horizontal, duas 
margens ou curvaturas, dois óstios (cárdia e piloro) e duas parede. 
 
 
CONFIGURAÇÃO INTERNA 
 
A mucosa gástrica caracteriza-se pela presença de numerosas pregas de direção 
predominantemente longitudinal que desaparecem com a distensão do órgão. 
 
 
PARTES DO ESTÔMAGO 
 
Parte Cárdica: nessa região encontra-se o óstio cárdico que é um orifício oval 
orientado para cima, para frente e para a direita. Não é demarcado por nenhum 
relevo muscular. 
 
Fundo do estômago: de convexidade superior, está situado abaixo do músculo 
diafragma, prolongando-se para baixo até o plano horizontal que passa pela margem 
inferior da região cárdia. É parte mais alta e larga do estômago. 
 
Corpo do estômago: corresponde à maior parte do órgão; tem forma cilíndrica e é 
achatado anteroposteriormente, sendo bem delimitado por suas margens laterais. 
Sua extremidade inferior fica em posição baixa, sendo continuada, à direita, pela 
porção horizontal. 
 
Antropilórico: região com aspecto triangular que precede a região pilórica. 
 
Região pilórica: situado na parte inferior da curvatura menor, é demarcado, 
externamente, por um espessamento e um estreitamento; este último corresponde 
ao esfíncter pilórico, que é um anel de músculo liso que abre e fecha o orifício e 
assim controla a abertura do estômago para o intestino. Esse orifício está voltado 
para a direita e tem ligeira orientação posterossuperior. 
CURVATURA MAIOR 
 
 21 
Estende-se da margem superior da cárdia à margem inferior do piloro. Na origem, 
forma, com a margem esquerda da parte abdominal do esôfago, um ângulo agudo 
aberto para cima: incisura cárdica; em seguida, descreve um trajeto de concavidade 
inferior em torno do fundo do estômago e se verticaliza ao longo da parte esquerda 
do corpo gástrico. Mais abaixo, sua concavidade é superior, em torno da parte 
pilórica, e finalmente sobe obliquamente para a direita na margem inferior do canal 
pilórico, sendo continuado pela margem inferior do duodeno, através do piloro. 
 
 
CURVATURA MENOR 
 
Estende-se também da cárdia ao piloro. Inicialmente vertical, ao longo do corpo 
gástrico, curva-se depois bruscamente, dirigindo-se para a direita, para cima e 
ligeiramente para trás no nível do antro e do canal pilórico, para depois continuar na 
margem superior do duodeno. Entre os segmentos vertical e oblíquo da curvatura 
menor, forma-se a incisura angular, aberta para cima e para a direita. A curvatura 
menor é mais espessa que a maior, e constitui uma verdadeira “face direita” do 
estômago, onde se encontra internamente o canal do estômago. Por ela chegam ao 
estômago os vasos e os nervos mais importantes; pode ser considerada o hilo 
gástrico. 
 
 
CONSTITUIÇÃO ANATÔMICA DA PAREDE DO ESTÔMAGO 
 
A parede gástrica compreende quatro camadas denominadas: 
1. Túnica serosa: é superficial e formada pelo peritônio. 
2. Túnica muscular: é espessa e tem três planos de fibras lisas: superficial ou 
longitudinal, se desenvolvem a partir da cárdia e são as fibras longitudinais do 
esôfago, que irradiam para o estômago e se organizam sobre a curvatura 
menor; médio ou circular, é perpendicular ao eixo maior do estômago; 
profundo, com fibras parabólicas que se expandem sobre as superfícies 
gástricas. 
 22 
3. Tela submucosa: é espessa e formada por tecido conjuntivo frouxo, contém 
numerosos vasos e nervos e permite que a túnica mucosa deslize sobre a 
muscular. 
4. Túnica mucosa: É espessa com pregas longitudinais, sua superfície é lisa, 
mole, aveludada e termina no piloro. Apresenta um revestimento epitelial com 
glândulas mucosas. 
 
 
PERITÔNIO GÁSTRICO 
 
Recobre o estômago por meio de dois folhetos (lâmina anterior e lâmina posterior) e 
reveste as paredes anterior e posterior do estômago. 
 
 
OMENTO MENOR OU HEPATOGÁSTRICO 
 
Estende-se entre a curvatura menor do estômago e o hilo hepático; está situado na 
face visceral do fígado. Nele se descrevem duas margens viscerais: uma margem 
diafragmática e uma margem livre ou direita. 
 
 
LIGAMENTO GASTROESPLÊNICO 
 
Ambas as lâminas peritoneais do estômago se fundem e se estendem da metade 
superior da curvatura maior do hilo do baço (hilo esplênico ou lienal). Este ligamento 
é continuado, acima, pelo ligamento frenogástrico. 
 
 
OMENTO MAIOR OU LIGAMENTO GASTROCÓLICO 
 
Origina-se na parte inferior da curvatura maior e na margem inferior da parte 
superior (primeira porção) do duodeno. O omento maior ou ligamento gastrocólico 
situa-se na frente do intestino delgado, entre as alças intestinais e a parede anterior 
do abdome. 
 23 
GLÂNDULAS GÁSTRICAS 
 
As glândulas gástricas localizam-se no corpo e no fundo do estômago, e contêm 
vários tipos de células secretoras: 
• Células mucosas do colo (ou mucoides): localizam-se perto das 
favéolas gástricas e secretam muco para proteção da mucosa; 
• Células zimogênicas: que secretam pepsinogênio, um precursor da 
enzima digestiva pepsina; 
• Células parietais: produzem ácido clorídrico; converte o pepsinogênio, 
que é inativo, em pepsina. 
• Células enteroendócrinas (argentafins): produzem o hormônio gastrina, 
que desempenha importante papel no controle da secreção gástrica. 
 
 
RELAÇÕES DO ESTÔMAGO 
 
Anteriormente: distinguem-se uma parte torácica e uma abdominal: 
Porção torácica: corresponde ao fundo e à metade anterior do corpo do estômago. 
Relaciona-se com a metade esquerda do músculo diafragma, ao qual se fixa pela 
face posterior do fundo, acompanhando os movimentos respiratórios desse músculo. 
 
Relaciona-se com a cavidade torácica, a qual na frente está relacionada com o 
recesso costodiafragmático e com os espaços intercostais quinto ao nono; e margem 
inferior do pulmão. Em cima, relaciona-se com o pericárdio e a face inferior do 
coração, correspondendo ao fundo gástrico. 
 
Porção abdominal: corresponde à parte inferior do corpo do estômago, à parte 
pilórica e ao piloro. Dispõe-se transversalmente e está em contato direto com a 
parede anterior do abdome, exceto no recém-nascido, em que o fígado, muito 
volumoso, cobre parte do antro e do piloro; e na posição de decúbito dorsal, quando 
o cólon transverso se coloca na frente do estômago. 
 
A face posterior do estômago apresenta partes diferentes: uma superior, desprovida 
de peritônio, e uma inferior, revestida por peritônio. 
 24 
Segmento superior: Desprovido de peritônio, e corresponde à face posterior do 
fundo gástrico, que está em relação direta com a parede posterior da cavidade 
abdominal. 
 
Segmento inferior: revestido por peritônio, corresponde aos três quartos inferiores da 
parede posterior do estômago. Por meio da bolsa omental a parede posterior do 
estômago relaciona-se, acima com a face anterior do pâncreas (corpo e cauda); e 
inferiormente, com a face superior do mesocólon transverso. 
 
 
RELAÇÕES DA CURVATURA MAIOR 
 
Seguindo da cárdia ao piloro, apresenta três segmentos distintos: fundo gástrico, 
margem esquerda do corpo do estômago e margem inferior do estômago. 
 
 Fundo gástrico: relaciona-se com a margem esquerda da parte abdominal do 
esôfago, com a cavidade torácica do lado esquerdo e com a face visceral do baço. 
 
 Margem esquerda do estômago: é vertical e situa-sena frente da face visceral do 
baço. Sua parte superior contém os vasos curtos provenientes dos vasos 
esplênicos. Mais inferiormente, é percorrida pelos vasos gastromentais esquerdos. 
 
Margem inferior do estômago: é acompanhado pelo cólon transverso, sendo unidos 
pelo ligamento gastrocólico. Contém a arcada dos vasos gastromentais direitos e 
esquerdos da curvatura maior. 
 
 
RELAÇÕES DA CURVATURA MENOR 
 
Estende-se da cárdia ao piloro. Na região anterior, a parte vertical da curvatura 
menor está, no inicio, coberta pelo lobo esquerdo do fígado, e a parte pilórica, 
seguida pela primeira porção do duodeno, relaciona-se com a porção anterior do 
abdome. 
 
 25 
Posteriormente, a curvatura menor corresponde ao forame da bolsa omental e ao 
corpo do pâncreas, situado um pouco mais abaixo. A artéria esplênica cruza a 
curvatura menor. 
 
 
RELAÇÕES DA REGIÃO CÁRDIA 
 
A região cárdia é profunda e fixa, situada na frente e à esquerda do corpo da décima 
primeira vértebra torácica. É peritonizada na frente e desprovida de peritônio atrás; 
relaciona-se: 
 
Na frente, com o tronco vagal esquerdo e com o lobo esquerdo do fígado; atrás, com 
o músculo diafragma e com o tronco vagal direito, e à direita com o hiato aórtico do 
músculo diafragma. 
 
Em cima e à direita está relacionada com vestíbulo da bolsa omental, com a região 
celíaca e com o arco da artéria gástrica esquerda; 
 À direita relaciona-se com o lobo caudado do fígado e à esquerda, com o fundo do 
estômago. 
 
 
RELAÇÕES DO PILORO 
 
Situa-se na frente do corpo da primeira vértebra lombar, à direita da linha mediana e 
é revestido por peritônio em ambas as faces. Está ligado ao fígado pelo omento 
menor e ao cólon transverso, pelo ligamento gastrocólico e por alguns vasos. 
O piloro relaciona-se, na frente, com a parede anterior do abdome; atrás com a parte 
direita da porção retrogástrica da bolsa omental que o separa do pâncreas e em 
cima, com a face inferior do fígado, onde às vezes pode estar em contato com a 
vesícula biliar. 
 
 
 
 
 26 
ANATOMIA FUNCIONAL DO ESTÔMAGO 
 
As funções do estômago são basicamente três: armazenagem do alimento, mistura 
do mesmo com as secreções gástricas e esvaziamento do alimento nele contido, 
para o intestino delgado. 
O estômago ( Figura 11) é um reservatório volumoso onde os alimentos sofrem a 
ação da saliva (com a qual penetram no órgão) e do suco gástrico, de composição 
ácida (ácido clorídrico). O suco gástrico é secretado pelas glândulas gástricas que 
entram em atividade no momento da digestão. A mucosa é protegida pela ação 
“péptica” do suco gástrico e por uma importante secreção de muco. A secreção 
gástrica obedece a mecanismos fisiológicos complexos. 
 
 
Figura 11. Estômago e duodeno abertos 
 
O reservatório gástrico é dotado de poderosa musculatura. Enquanto o fundo 
gástrico é fixo e pouco contrátil, o restante do estômago realiza movimentos 
peristálticos, fazendo o seu conteúdo progredir para o duodeno. Os movimentos 
peristálticos mantêm sincronia com a abertura ou fechamento do piloro através de 
um mecanismo reflexo. As contrações gástricas podem determinar, em alguns 
 27 
casos, o refluxo do alimento para o esôfago e produzir o vômito, que caracteriza a 
intolerância gástrica ao seu conteúdo. 
 
Os nervos do estômago têm ações motora, sensitiva e secretora. O sistema 
parassimpático é inibidor da motricidade e da secreção; e desempenha papel 
essencial na sensibilidade do órgão. 
 
 
INTESTINO DELGADO 
 
É um tubo contorcido estendendo-se do piloro até a válvula ileocecal. Mede 
aproximadamente 7 m de comprimento, diminuindo de diâmetro desde o seu início 
até a sua terminação. 
 
O intestino delgado é constituído por três segmentos: duodeno, jejuno e íleo (figura 
6.1 em anexo) 
 
DUODENO 
 
Constitui a parte inicial do intestino delgado, situado entre o estômago e o jejuno; 
estende-se do piloro à flexura duodenojejunal e mede em geral 25 cm de 
comprimento (Figura 12). 
 
 
DESCRIÇÃO ANATÔMICA DO DUODENO 
 
O duodeno tem forma de anel incompleto, disposto ao redor da cabeça do pâncreas, 
aberto para cima e para a esquerda. Distinguem-se quatro porções e uma 
terminação: a flexura duodenojejunal. 
 
Parte superior (1ª porção): situa-se no lado direito da primeira vértebra lombar, é 
obliqua para cima, para trás e para a direita; estende-se do piloro ao colo da 
vesícula biliar, onde se curva para baixo, continuando com a parte descendente (2ª 
porção). 
 28 
 
Parte descendente (2ª porção): Forma a flexura duodenal superior. É vertical e 
desce à direita da coluna lombar. Esta porção recebe os ductos biliares e 
pancreáticos. 
 
Parte horizontal (3ª porção): dirige-se da direita para a esquerda, passa pela frente 
da coluna e dos vasos pré-vertebrais, passando também por trás dos vasos 
mesentéricos superiores. 
 
Parte ascendente (4ª porção): dirige-se para cima, para a esquerda e um pouco para 
trás, até o lado esquerdo da segunda vértebra lombar. 
 
Flexura duodenojejunal: A terminação do duodeno forma com inicio do jejuno um 
ângulo agudo, chamado flexura duodenojejunal, que é sustentada por uma formação 
fibromuscular: o músculo suspensor do duodeno, que une este órgão ao diafragma. 
 
 
RELAÇÕES DO DUODENO 
 
Parte superior ou primeira porção: está relacionada acima e na frente com o lobo 
quadrado do fígado e com a vesícula biliar; posteriormente relaciona-se com o 
forame epiplóico; atrás com a artéria gastroduodenal, ducto colédoco e veia porta do 
fígado. E posteroinferiormente, relaciona-se com a cabeça e o colo do pâncreas. 
 
Parte descendente ou segunda porção: fica compreendida entre as flexuras superior 
e inferior. Desce verticalmente e é cruzada pela raiz de implantação do mesocólon 
transverso. 
 
 29 
 
Figura 12. Duodeno. 
 
Sua face anterior supramesocólica corresponde à face visceral do fígado, e a 
inframesocólica está oculta pelo cólon transverso. 
 
A margem lateral é seguida por uma depressão do peritônio e a margem medial está 
intimamente unida à cabeça do pâncreas. Os ductos colédoco e pancreático entram 
em contato, no seu lado medial, penetrando na sua parede e unindo-se para formar 
a ampola hepatopancreática. A estreita extremidade distal desta abre-se na papila 
maior do duodeno e, cerca de 2 cm proximal da papila maior, abre-se a papila menor 
do duodeno. 
 
Parte horizontal ou terceira porção: sua face anterior é revestida pelo peritônio, 
exceto no plano mediano, onde ela é cruzada pelos vãos mesentéricos superiores e 
pela raiz do mesentério. 
 
 30 
Sua face posterior é revestida pelo peritônio somente na sua extremidade esquerda 
e esta face repousa sobre o ureter direito, músculo psoas maior direito, vãos 
testiculares ou ovários direitos, a veia cava inferior e sobre a parte abdominal da 
aorta. Sua face superior está relacionada com a cabeça do pâncreas; já sua face 
inferior relaciona-se com as laças do jejuno. 
 
Parte ascendente ou quarta porção: situa-se abaixo do mesocólon transverso, cuja 
raiz se insere na margem anteroinferior do corpo do pâncreas. Atrás do peritônio, 
sua face anterior é cruzada pelas primeiras artérias jejunais. Esta parte do duodeno 
é ocultada pelo mesocólon transverso e pela primeira alça jejunal. Atrás, acompanha 
a margem esquerda da aorta, o pedículo renal esquerdo e os vasos gonadais 
esquerdos. 
 
Flexura duodenojejunal (músculo suspensor do duodeno): sua face anterior situa-se 
atrás do mesocólon transverso. Essa face é cruzada pelos ramos da artéria 
mesentérica superior. Sua face posteriorrelaciona-se com os elementos do pedículo 
renal esquerdo, com o pilar esquerdo do músculo diafragma e com o lado esquerdo 
da aorta. 
 
Sua face superior situa-se abaixo da margem inferior do pâncreas, e sua face 
esquerda corresponde ao arco vascular, constituído pelo ramo ascendente da artéria 
cólica esquerda e pela veia mesentérica inferior. 
 
 
JEJUNO E ÍLEO 
 
O jejuno e o íleo (Figura 13) constituem a porção móvel do intestino delgado, 
iniciando-se na flexura duodeno-jejunal e terminando no início do intestino grosso, 
onde se abre pelo óstio ileocecal ao nível da junção íleo-ceco-cólica. O jejuno e o 
íleo apresentam numerosas alças intestinais e está preso à parede posterior do 
abdome por uma prega peritoneal ampla, o mesentério. 
 
 31 
 
Figura 13. Jejuno e íleo. 
 
 
DESCRIÇÃO ANATÔMICA DO JEJUNO E DO ÍLEO 
 
CONFIGURAÇÃO EXTERNA 
 
Apresentam-se como um tubo de calibre progressivamente decrescente, com 25 a 
30 mm de diâmetro na origem e 15 a 20 mm no término. Seu comprimento varia de 
5,50 a 9 m, com media de 6,60 m de adulto. Visto em corte, pode-se distinguir: 
• Uma margem posterior ou mesentérica; 
• Uma margem anterior ou livre, que só aparece com o intestino vazio; 
• Duas faces cuja orientação é variável, segundo o segmento 
considerado. 
 
O jejuno e o íleo compreendem três camadas denominadas túnicas comuns ao tubo 
digestivo abdominal: túnica mucosa, túnica muscular e túnica serosa: 
 32 
- Túnica mucosa: é marcada por numerosas pregas circulares, as válvulas 
coniventes. Sua superfície tem aspecto aveludado por causa das vilosidades 
intestinais (pequenas saliências visíveis com lente, que são parte essencial da 
absorção intestinal). As glândulas intestinais abrem-se entre as vilosidades e 
secretam o suco intestinal. Existem numerosos elementos linfoides isolados 
ou agrupados em placas. A túnica mucosa está aplicada a uma tela 
submucosa bastante frouxa para permitir o seu deslizamento sobre o plano 
muscular. 
- Túnica muscular: A musculatura lisa do intestino é formada por uma camada 
circular profunda e uma camada longitudinal superficial. Esta musculatura é 
espessa, vigorosa e tônica; é responsável pela origem dos movimentos 
peristálticos do intestino. 
- Túnica serosa: É constituída pelo peritônio do mesentério, e prolonga-se 
sobre as paredes intestinais. 
 
 
DISPOSIÇÃO DAS ALÇAS DELGADAS 
 
A disposição das alças intestinais do jejuno e do íleo são aparentemente aleatórias, 
ocupando o espaço livre entre outras vísceras. 
 
Podem-se distinguir dois grupos, de cima para baixo: 
• Superior esquerdo, com alças dispostas horizontalmente; 
• Inferior direito, com alças dispostas verticalmente. 
 
PERITÔNIO E MESENTÉRIO 
 
O jejuno e o íleo são inteiramente revestidos por peritônio, exceto ao longo da 
margem onde se situam seus vasos. Ai o peritônio constitui um meso de duas 
lâminas, o mesentério, que fixa o jejuno-íleo à parede posterior do abdome. Esse 
mesentério possui uma inserção parietal, sua raiz, uma inserção intestinal e duas 
faces. 
 
 
 33 
INTESTINO GROSSO 
 
O intestino grosso (ou cólon) é a continuação do íleo; e começa na valva ileocecal; e 
abre-se para o exterior através do ânus, mede aproximadamente de 1,60 a 1,80 m 
no adulto (Figura 14). E seu calibre é maior próximo ao ceco e diminui gradualmente 
até o reto. 
 
 
 
Figura 14. Alças do intestino delgado in situ, circundadas pelo intestino grosso. 
 
Sua função é a absorção de líquidos e solutos; difere em estrutura, tamanho e 
disposição do intestino delgado. 
 
 34 
O intestino grosso está situado na cavidade peritoneal, e assume uma disposição 
denominada moldura cólica. Está dividido em vários segmentos: 
 
• O primeiro segmento é o ceco, em fundo cego, com o apêndice 
vermiforme; situado abaixo da junção ileocecal; 
• Segue-se ao ceco o cólon ascendente, fixado à parede posterior do 
abdome, e que se dirige para a face visceral do fígado e se inclina para 
a esquerda, formando a flexura cólica direita ou hepática; 
• O cólon transverso, que é bastante móvel, estende-se da flexura cólica 
direita, onde se continua em cólon ascendente, à flexura cólica 
esquerda ou esplênica, onde se flete para continuar como cólon 
descendente; 
• O cólon descendente, assim como o ascendente está fixado à parede 
posterior do abdome, iniciando-se na flexura cólica esquerda, sendo 
continuo ao cólon sigmoide; 
• O cólon sigmoide é o segmento terminal do cólon, e é a continuação do 
cólon descendente. Possui um trajeto sinuoso, dirigindo-se para o 
plano mediano da pelve, onde é continuado pelo reto; 
• Finalmente o reto, que é inicialmente dilatado e depois estreito (canal 
anal), desce pela frente do osso sacro, atravessa o soalho pélvico e 
abre-se para o exterior através do ânus. 
 
 
CONSTITUIÇÃO ANATÔMICA DO INTESTINO GROSSO 
 
O intestino grosso é constituído por três túnicas (mucosa, muscular e serosa) que se 
dispõem de dentro para fora: 
 
• Túnica mucosa: é espessa, com pregas longitudinais e transversais. 
Na união dos relevos, forma esporões que correspondem às tênias 
longitudinais e aos haustros. 
• Túnica muscular: a musculatura lisa longitudinal forma uma camada 
externa e se condensa nas tênias. 
 35 
• Túnica serosa: o peritônio que reveste os cólons é aderente aos planos 
musculares dos quais está separado pelos vasos e apêndices 
epiplóicos. Dispõe-se de maneira diferente, segundo os diversos 
segmentos do intestino grosso. 
 
 
PORÇÕES DO INTESTINO GROSSO 
 
CECO 
 
O ceco é a porção do intestino grosso que se situa na fossa ilíaca direita, abaixo do 
óstio da valva ileal. Trata-se de um fundo de saco cego, contínuo com o cólon 
ascendente, no nível da abertura ileal do lado medial e, abaixo deste, com o 
apêndice vermiforme. Seu comprimento axial médio é de aproximadamente 6 cm e 
sua largura é de aproximadamente 7,5 cm. Ele está situado superiormente à metade 
lateral do ligamento inguinal, repousando posteriormente sobre o músculo ilíaco 
direito e o músculo psoas maior, separado de ambos pela fáscia de revestimento e 
pelo peritônio. Posteriormente a ele está o recesso retrocecal, que contém o 
apêndice vermiforme. Anteriormente se acha em contato com a parede anterior do 
abdome. 
 
Geralmente ele está totalmente coberto pelo peritônio, mas algumas vezes pode 
estar incompletamente coberto. Comumente o ceco é móvel e, no ser vivo, está 
sempre mais ou menos cheio, seja de matéria fecal líquida ou de gases que, ao 
serem espremidos para cima, permitem o achatamento do órgão. O íleo abre-se na 
face posteromedial do intestino grosso, na junção do ceco e do cólon. A abertura 
ileocecal possui uma assim chamada “valva” consistindo em dois lábios que se 
projetam em direção ao lúmem do intestino grosso. Esta valva possui um óstio, que 
constitui um esfíncter, que se contrapõe aos dois lábios e opõe-se ao refluxo do 
conteúdo cecal para o íleo. 
 
 
APÊNDICE VERMIFORME 
 
 36 
O apêndice vermiforme é um tubo vermicular e flexuoso, que se origina a partir da 
parede posteromedial do ceco, tem cerca e 2 a 3 cm abaixo da valva íleal e possui 
em média 9 cm de comprimento, terminando em extremidade arredondada. Ele é 
mais comprido nas crianças e pode atrofiar-se ou diminuir após a meia-idade. Está 
unido por um curto mesoapêndice à parte inferior do mesentério do íleo. 
 
As três tênias do cólon, situadas no cólon ascendente e no ceco, convergem sobre a 
base do apêndice, fundindo-se com sua túnica muscular. 
 
Em relação ao ceco, o apêndice pode ser descendente (pendente sobre a abertura 
superior dapelve) - esta é a disposição mais frequente; pode ser ascendente, que 
por sua vez, pode ser medial (abaixo ou atrás do íleo terminal); lateral (látero-cecal); 
ou posterior (retrocecal). 
 
Internamente, observam-se dois orifícios, ileal e apendicular. O canal do apêndice é 
pequeno e se abre no ceco por meio de um orifício, o óstio do apêndice vermiforme, 
que se situa abaixo e atrás da abertura ileocecal. Uma prega mucosa não impede 
que o conteúdo cecal penetre na luz do apêndice. 
 
 
PERITÔNIO CECAL 
 
O ceco acha-se livre na cavidade peritoneal, e é completamente peritonizado. 
 
 
PERITÔNIO APENDICULAR 
 
Forma o mesoapêndice que contém os vasos apendicualres - que passam por trás 
do íleo. Este peritônio circunda completamente o apêndice vermiforme. 
 
 
ANATOMIA FUNCIONAL DO CECO E APÊNDICE VERMIFORME 
 
 37 
O ceco é um reservatório onde o bolo fecal se detém e se espessa por reabsorção 
da água; esse bolo é expulso para o cólon ascendente pelas contrações do ceco, 
enquanto a valva ileal se opõe ao seu refluxo para o íleo. A hiperpressão do ceco, tal 
como a produzida às vezes pela oclusão do intestino grosso, vence facilmente a 
resistência da valva. 
 
O apêndice vermiforme, ao que parece, secreta um líquido espesso cuja ação 
digestiva ainda se discute. Dessa forma, constituiria uma reserva de Bacterium coli 
necessária no tempo cólico da digestão. Apesar de não poder ser considerada 
formalmente um órgão rudimentar, sua extirpação não produz inconvenientes para a 
digestão. 
 
 
CÓLON ASCENDENTE E FLEXURA DIREITA DO CÓLON 
 
Constituem a parte fixa do cólon direito, situada entre o ceco e o cólon transverso. 
 
O cólon ascendente tem em torno de 15 cm de comprimento e é mais estreito que o 
ceco. Sobe em direção à face inferior do lobo direito do fígado, na qual ele forma 
uma depressão rasa; e se curva abruptamente para frente e para a esquerda, na 
flexura cólica direita do cólon; esta se localiza na parede posterior do abdome, de 
onde se afasta para ser prolongada pelo cólon transverso. Sua forma é variável e 
em geral possui: 
 
• Uma vertente posterior direita, ascendente; 
• Uma flexura ou ângulo, geralmente de concavidade inferior; 
• Uma vertente anterior esquerda. 
 
O cólon ascendente e a vertente direita da flexura cólica direita estão unidos ao 
peritônio parietal posterior e à fáscia de coalescência, que se prolonga para trás do 
cólon ascendente. Este é recoberto por peritônio que sobe da raiz do mesentério, na 
margem lateral do duodeno. A vertente esquerda da flexura direita é envolvida por 
peritônio do mesocólon transverso. 
 
 38 
 
RELAÇÕES DO CÓLON ASCENDENTE 
 
É posterior e fixo. Suas relações são: 
 
• Posteriores: Ocupa a fossa ilíaca; e logo acima da crista ilíaca, está a 
fossa lombar. Apoia-se na extremidade inferior do rim direito; 
• Anteriores: as alças delgadas e o omento maior separam o cólon 
ascendente da parede abdominal anterolateralmente; 
• Laterais: o cólon é seguido pelo sulco paracólico direito; 
• Mediais: o mesocólon ascendente apoia-se na porção medial da fossa 
lombar direita. 
 
RELAÇÕES DA FLEXURA DIREITA DO CÓLON 
 
• Posteriormente: a flexura direita do cólon é separada do rim pela fáscia 
de coalescência; 
• Acima: está situado o lobo direito do fígado; 
• Abaixo: a abertura da flexura direita é ocupada por alças delgadas; 
• Lateralmente: o sulco paracólico é coroado pela face visceral do fígado 
e pela inserção inferior do músculo diafragma; 
• Medialmente: o duodeno está em contato com a flexura direita; 
• Anteriormente: corresponde à parede anterior do abdome; à margem 
condral; às alças delgadas e à parte visceral do fígado. 
 
 
CÓLON TRANSVERSO 
 
Constitui a parte mais longa e móvel do intestino grosso, situada entre as flexuras 
cólicas direita e esquerda, unida à parede posterior do abdome pelo mesocólon 
transverso e com cerca de 50 cm de comprimento. O cólon transverso deve ser 
considerado um segmento diferente do intestino grosso devido a seu meso, à 
vascularização dependente das duas artérias e veias mesentéricas e por pertencer, 
 39 
ao mesmo tempo, ao cólon direito e esquerdo, não existindo limite nítido entre os 
dois. 
A direção do cólon transverso é muito variável. No conjunto, o cólon transverso 
descreve um arco de concavidade posterior, de tal forma que os dois extremos ou 
flexuras estão voltados para trás, enquanto a convexidade cólica está em contato 
com a parede anterior do abdome. Esse arco também tem concavidade superior na 
posição ortostártica. Há casos em que o cólon transverso tem forma de U, V ou W. 
 
O cólon transverso é reconhecido pela inserção do omento maior na sua margem 
anteroinferior. Apresenta tênias anteriores e posteriores, e haustrações. Os 
apêndices omentais são bem numerosos. 
 
A constituição anatômica e configuração interna do cólon transverso não são 
diferentes dos outros segmentos cólicos. 
A disposição do peritônio no cólon transverso é complexa, visto que este dispõe de 
mesocólon transverso, que é obliquo da direita para a esquerda e de baixo para 
cima em sentido transversal; de cima para baixo e de trás para frente, em sentido 
anteroposterior, nele se descrevem uma raiz, duas lâminas e duas faces. 
 
 
RELAÇÕES DO CÓLON TRANSVERSO 
 
Anteriores: o cólon transverso está situado atrás da parede anterior do abdome. Sua 
forma é muito variável e sua situação difere segundo a posição do corpo. A 
localização mediana ou esquerda de suas partes faz com que ele entre em contato 
com todas as partes dessa parede: epigástrico, hipocôndrios direito e esquerdo, 
região subdiafragmática esquerda, hipogástrica e até fossas ilíacas. 
 
Superiores: no andar supramesocólico pode-se distinguir uma parte direita, que 
corresponde à região sub-hepática, com a face visceral do fígado, a face anterior da 
vesícula biliar, pedículo hepático e a parte ascendente do duodeno; distingue-se 
também uma parte esquerda, onde o cólon transverso está ligado à curvatura maior 
do estômago. 
 
 40 
Inferiores: o andar inframesocólico é coberto, de cima para baixo e de trás para 
frente, pelo mesocólon transverso, pelo próprio cólon e pelo omento maior. Está 
relacionado acima com a região duodenopancreática inframesocólica, a flexura 
duodenopancreática e os vasos mesentéricos superiores; no meio, com as alças 
delgadas que preenchem a cavidade peritoneal; e abaixo, relaciona-se segundo o 
comprimento do cólon transverso e seu meso, com o cólon sigmoide, até a bexiga. 
 
 
FLEXURA ESQUERDA DO CÓLON 
 
Denomina-se também “ângulo esplênico” devido á sua relação com o baço. 
Distingue-se dos segmentos vizinhos devido aos seguintes fatores: 
• Forma ângulo agudo; 
• Sua situação é toracoabdominal esquerda; 
• Quanto a sua fixação, encontra-se suspenso; 
• Sua vascularização é relativamente rica. 
 
A flexura esquerda do cólon (ou flexura cólica esquerda) está acima e sobre um 
plano mais posterior do que a flexura direita do cólon, e encontra-se presa no nível 
do diafragma, à décima e à décima primeira costelas pelo ligamento frenicocólico 
que se situa abaixo do polo anterolateral do baço. Tem forma de ângulo agudo, com 
uma vertente “transversal” e outra descendente, praticamente paralelas. 
 
A flexura cólica esquerda é presa atrás pela fáscia de coalescência do cólon 
descendente. Portanto, atrás não existe peritônio, só na frente. 
 
 
RELAÇÕES ANATÔMICAS 
 
A flexura esquerda é mais alta que a direita: aproximadamente dois espaços 
intercostais. Também é mais lateral, visto estar situada lateralmente ao rim 
esquerdo. 
 
 41Relações anteriores: a flexura esquerda é ocultada pela margem condral e pela 
vertente anterior da cúpula diafragmática esquerda, pelo corpo do estômago e pelo 
ligamento gastroesplênico e o omento maior. 
 
Relações superiores: a flexura fecha a parte de baixo da loja esplênica e assim 
marca sua impressão sobre o polo inferior do baço, que se apoia sobre ela e o 
ligamento frenocólico. 
 
Relações direitas ou mediais: a flexura esquerda se relaciona com a parte esquerda 
do cólon transverso e, mais atrás, com o rim esquerdo e a glândula suprarrenal 
esquerda. 
 
Relações esquerdas ou laterais: se esboça o sulco paracólico esquerdo, que separa 
a flexura esquerda do músculo diafragma. 
 
Relações posteriores: são o músculo diafragma, o recesso costodiafragmático e a 
parede torácica. 
 
Relações inferiores: inferiormente, a flexura está presa à porção esquerda do 
mesocólon já coaslecido, que contém seu pedículo. 
 
 
CÓLON DESCENDENTE 
 
Corresponde ao segmento do cólon que se situa entre o cólon transverso e o cólon 
sigmoide. Estende-se da flexura cólica esquerda à abertura superior da pelve do 
lado esquerdo. 
É mais estreito que o cólon transverso, é percorrido pelas três tênias, e se observa 
nele também haustrações. Os apêndices omentais são numerosos, sobretudo na 
parte anterior. Possui em torno de 25 cm de comprimento; e sua direção 
primeiramente é retilínea e vertical, sendo obliquo embaixo e na frente. Está situado 
profundamente na fossa lombar e ilíaca esquerda, por cima da linha terminal da 
pelve. 
 
 42 
O peritônio reveste todas as faces do cólon descendente, com exceção da face 
posterior, que está unida por tecido conectivo à fáscia, situada sobre a região 
inferolateral do rim esquerdo, sobre a aponeurose do músculo transverso do 
abdome, sobre o músculo quadrado lombar e sobre os músculos ilíaco e psoas 
maior. 
 
O cólon descendente é menor em calibre, mais profundamente situado e mais 
frequentemente revestido por peritônio do que o cólon ascendente. 
 
O cólon descendente pertence ao plano parietal posterior da cavidade peritoneal e 
da fossa ilíaca esquerda. Suas relações são diferentes nos dois segmentos. 
 
Na frente: está o segmento esquerdo do cólon transverso, com o omento maior e as 
alças delgadas, que separam o cólon descendente da parede anterior do abdome. 
 
Lateralmente: o sulco paracólico, também ocupado por alças delgadas, alarga-se 
para baixo, comunicando-se na frente do cólon com a cavidade pélvica. 
 
Posterior: O tecido gorduroso da fossa lombar separa o cólon descendente do plano 
muscular posterior; e o cólon acha-se aplicado à fáscia do músculo iliopsoas. 
 
Medialmente: encontra-se a extremidade inferior do rim esquerdo. 
 
 
CÓLON SIGMOIDE 
 
O cólon sigmoide situa-se entre o cólon descendente e o reto. Seus limites vão da 
abertura superior da pelve á face anterior da terceira vértebra sacral. Entre estas 
duas extremidades, descreve uma alça móvel situada na pelve menor, que tem 
comprimento e forma variáveis e está unida à parede abdominal posterior pelo 
mesocólon sigmoide. Este segmento intestinal funciona como reservatório da 
matéria fecal até que esta seja eliminada através do reto e do ânus. 
 
 43 
A posição e a forma do cólon sigmoide variam muito, dependendo do seu 
comprimento, que no adulto varia de 20 a 50 cm, da mobilidade de seu mesocólon, 
de seu grau de distensão e da condição do reto, bexiga e útero. 
 
Em seu aspecto mais frequente, o cólon sigmoide primeiramente desce ao longo da 
parte esquerda da pelve, depois cruza a cavidade pélvica entre o reto e a bexiga nos 
homens, e entre o reto e o útero nas mulheres e pode alcançar a parede direita da 
pelve, onde finalmente se curva para trás, em direção à linha mediana, em nível com 
a terceira parte do sacro, onde ele se curva novamente, desta vez para baixo e 
termina no reto. 
 
CONFIGURAÇÃO EXTERNA 
 
O cólon sigmoide é identificado por sua situação, sua mobilidade e por mais três 
características especiais: 
 
• As tênias longitudinais se fundem em duas: uma anterior e uma 
posterior, que vão perdendo a individualidade à medida que se 
aproximam do reto, onde continuam como fibras longitudinais. 
• Os apêndices omentais são numerosos e volumosos; estão inseridos 
na margem livre. 
• Nesta porção do cólon praticamente não existem haustros. 
 
 
CONFIGURAÇÃO INTERNA 
 
A túnica mucosa frequentemente envia divertículos para o peritônio através da 
túnica muscular. Esses divertículos podem dar origem a inflamações agudas ou 
crônicas que constituem as diverticulites sigmóideas. 
 
O cólon sigmoide está intimamente circundado pelo peritônio, formando um 
mesentério, o mesocólon sigmoide, que diminui de comprimento a partir do centro 
em direção à sua extremidade, onde ele desaparece. 
 44 
O mesocólon sigmoide é livre, e suas lâminas recobrem o cólon em todas as suas 
paredes, com exceção da margem mesocólica por onde penetram os vasos. 
Expande-se entre a pelve e o cólon, apresentando duas faces, anterossuperior e 
posteroinferior. 
 
VARIAÇÕES ANATÔMICAS 
 
Referem-se ao mesmo tempo ao cólon e a seu meso que, segundo suas variações, 
pode ser: 
- Curto, com meso grande ou meso curto; 
- Longo, com meso grande ou meso curto. 
- E em muitos casos o mesocólon pode estar retraído sobre si mesmo. 
 
Relações: 
- Lateralmente: encontram-se os vasos ilíacos externos esquerdos, o nervo 
obturatório, o ovário ou ducto deferente e a parede lateral da pelve; 
- Posteriormente: encontram-se os vasos ilíacos internos esquerdos, o ureter, 
os plexos piriforme e sacral; 
- Inferiormente: encontram-se a bexiga, nos homens, ou o útero nas 
mulheres; 
- Superiormente e à direita: Está em contato com as alças terminais do íleo. 
- Anatomia Funcional do Intestino Grosso 
 
O intestino grosso, por ter estrutura muscular e revestimento interno mucoso, pode 
desempenhar as seguintes funções: 
 
• Motora, no trânsito intestinal; 
• Secretora; 
• E de absorção. 
 
No intestino grosso ocorre a retenção do material ainda líquido no ceco e intensa 
absorção de água do bolo fecal, que, a partir, do ceco é constituído apenas por 
excreções. A absorção de água predomina no cólon direito, de tal forma que este 
espessa as fezes e, frequentemente, se opõem ao esquerdo - que as expulsa. 
 45 
 
No cólon transverso ocorrem movimentos peristálticos e antiperistálticos com um 
bolo fecal cada vez mais denso. As fezes permanecem no cólon sigmoide até o 
início da evacuação. Os movimentos peristálticos do intestino grosso movimentam o 
conteúdo do colo em direção ao reto, que geralmente está vazio, e o movimento do 
material fecal, estimula receptores na sua parede que iniciam o reflexo de 
defecação, que irá movimentar as fezes para fora da porção inferior do cólon e do 
reto. 
 
No intestino grosso também há produção de muco que age protegendo o cólon 
contra os sucos intestinais irritantes. Porém, a mucosa cólica não produz nenhuma 
enzima digestiva. 
 
RETO 
 
O reto constitui a parte terminal do tubo digestivo; é continuo com o cólon sigmoide 
no nível da 3ª vértebra sacral, e é continuado pelo canal anal, que atravessa o 
conjunto de partes moles que oblitera inferiormente a pelve óssea (períneo) e se 
abre no exterior através do ânus. 
 
 
CONFIGURAÇÃO EXTERNA 
 
A superfície externa do reto é lisa, sem apêndices omentais, e escavada por pregas 
transversais. Suas faces anterior e posterior são percorridas por fibras musculares. 
O reto apresenta duas partes, a ampola retal, acima; e o canal anal, abaixo. Essas 
duaspartem diferem, sobre vários aspectos, quanto a: 
 
• Embriologia: a ampola do reto é de origem endodérmica e o canal anal 
é de origem ectoderma; 
• Forma: a ampola do reto é dilatada e o canal anal é estreito; 
• Direção: a ampola do reto tem obliquidade inferoposterior, na porção 
superior, e inferofrontal na porção inferior. O canal anal tem 
 46 
obliquidade inferoposterior e, entre a ampola do reto e o canal anal, 
está a flexura perineal. 
• Estrutura: a ampola do reto tem parede muscular lisa, intestinal, e o 
canal anal é circundado por musculatura estriada, voluntária. 
 
 
CONFIGURAÇÃO INTERNA 
 
No canal anal, há a presença de colunas anais que são saliências longitudinais; e 
válvulas anais, situadas entre as bases das colunas, abertas para cima. 
 
Na ampola do reto, as colunas anais prolongam-se de forma variável, e, além disso, 
existem ainda os relevos transversais do reto, que são as pregas transversais 
superior, inferior e média. 
 
 CONSTITUIÇÃO ANATÔMICA 
 
A parede do reto é formada por três camadas: 
• Túnica muscular, que é formada de músculo liso e espesso; 
• Tela submucosa, que é espessa e frouxa o bastante para permitir o 
deslizamento da mucosa sobre a camada muscular; 
• Túnica mucosa que, no nível da ampola retal, é espessa do tipo 
intestinal, e no nível do canal anal é mais delgada. 
 
Reveste somente uma pequena parte do reto e não se apresenta como em outras 
partes do tubo digestivo abdominal. Recobre apenas as paredes anterior e laterais 
do reto; não há peritônio atrás do reto. 
 
Na frente, o peritônio reveste os dois terços superiores do reto e se reflete em 
direção á bexiga (no homem) ou ao sistema genital (na mulher), formando a 
escavação retrovesical ou retouterina, respectivamente. 
 
 47 
A ampola do reto localiza-se na pelve; e na parte anterior da curvatura sacral do reto 
observa-se uma flexão anterior que, no interior do reto, corresponde à prega média 
do reto. 
 
O segmento que fica acima da flexura média anterior apresenta a face anterior 
recoberta por peritônio, e em suas duas faces laterais o peritônio tem obliquidade 
ínfero anterior, formando os recessos peritoneais pararretais, abaixo dos quais se 
relaciona com o espaço pelvirretal superior; a face posterior é fixada pela lâmina 
abdominopélvica e mais embaixo no nível da quinta vértebra sacral, pelo ligamento 
sacrorretal. 
 
Abaixo da flexura média anterior, o reto desce em direção anterior e forma a flexura 
sacral. 
 
Sua face inferior está relacionada com o cóccix e ao ligamento anococcigeo; sua 
face superior é extraparietal, exceto uma pequena porção que se relaciona com a 
escavação retouterina na mulher ou retovesical no homem. Sua extremidade 
anterior se situa embaixo e atrás da próstata ou da vagina, curva-se bruscamente e 
assume relações musculares e fibrosas que fazem dessa porção a região mais fixa 
do reto, onde se estrutura um esfíncter. 
 
No adulto, a ampola retal mede em torno de 14 cm e o canal anal, 4 cm. 
 
 
RELAÇÕES DO RETO 
 
Posteriormente: ao reto, no plano mediano, estão as três vértebras sacrais inferiores, 
o cóccix, os vasos sacrais medianos, ramos dos vasos retais superiores; o músculo 
piriforme, nervos sacrais inferiores, nervo coccígeo, tronco simpático, vasos sacrais 
laterais inferiores, músculo coccígeo e músculo levantador do ânus. 
 
Anteriormente nos homens, acima do local de reflexão peritoneal proveniente do 
reto, estão as partes superiores da base da bexiga e das vesículas seminais, a 
escavação retovesical, ocupada pelas alças delgadas e pelo cólon sigmoide que 
 48 
frequentemente se situa na frente do reto. Abaixo da reflexão estão as partes 
inferiores da base da bexiga e das vesículas seminais, os ductos deferentes, as 
partes terminais dos ureteres e a próstata. 
 
Anteriormente nas mulheres, acima da reflexão peritoneal estão o útero, a parte 
superior da vagina, a escavação retouterina e as alças terminais do íleo e cólon 
sigmoide, enquanto abaixo da reflexão está a parte inferior da vagina. 
 
Lateralmente: a parte superior do reto está relacionada com a fossa pararretal e 
conteúdos (cólon sigmoide ou parte inferior do íleo), enquanto abaixo da reflexão 
peritoneal estão, lateralmente, os plexos simpáticos da pelve, os músculos coccígeo 
e levantador do ânus e ramos dos vasos retais superiores. 
 
CANAL ANAL 
 
Começa onde a ampola do reto se estreita, passando para baixo e para trás em 
direção ao ânus. O canal anal mede aproximadamente 4 cm de comprimento nos 
adultos e sua parede anterior é mais curta que sua parede posterior. 
 
O revestimento do canal anal varia ao longo de seu curso. A túnica mucosa da parte 
inferior do reto é rosa-pálido e semitransparente. A metade superior do canal anal 
também e revestida pela túnica mucosa, de cor arroxeada devido ao sangue no 
plexo venoso retal interno subjacente. O epitélio é variável. Na parte superior o 
epitélio consiste em células colunares simples; na metade inferior o epitélio é do tipo 
escamoso estratificado não queratinizado, e na epiderme perineal, o epitélio é do 
tipo escamoso estratificado queratinizado. 
 
Sobre todo o seu comprimento, o canal anal está circundado por esfíncteres interno 
e externo. Estes esfíncteres mantêm o canal anal e o ânus fechado, durante a 
defecação, e relaxam o canal anal. 
 
RELAÇÕES ANATÔMICAS 
 
 49 
Posteriormente: ao canal anal acha-se o ligamento anococcígeo, separando-o da 
ponta do cóccix; 
 
Anteriormente: o canal anal está separado pelo centro tendíneo do períneo da parte 
membranácea da uretra e do bulbo do pênis ou da parte inferior da vagina; 
 
Lateralmente: estão as fossas isquioanais. 
 
ÂNUS 
 
Situa-se na frente do cóccix, na linha mediana; é interglúteo, localizando-se no 
períneo posterior. Seu revestimento mucoso é marcado por pregas, unidas à pele 
que é pigmentada, lisa e muito fina. 
 
A Musculatura anal compreende os seguintes músculos: 
- Músculo levantador do ânus: circunda completamente o canal anal com seus 
fascículos mediais ou superiores, enquanto seus fascículos laterais ou 
inferiores dispõem-se como os precedentes, formando uma ferradura dupla. O 
músculo levantador do ânus fixa-se ao púbis, ao cóccix e à pele perianal. 
- Músculo esfíncter externo do ânus: é um músculo espesso e disposto em 
forma de anel em torno do canal anal, numa altura de 2 a 3 cm. Suas fibras 
inserem-se no ligamento anococcigeo; no centro tendíneo do períneo. Este 
músculo tem estreitas relações com as fibras musculares lisas do reto e com 
as fibras do músculo levantador do ânus. O esfíncter externo pode ser 
contraído voluntariamente para fechar mais firmemente o ânus. 
- Músculo esfíncter interno do ânus: na junção anorretal, o estrato circular da 
túnica muscular é espessado formando o esfíncter interno do ânus. Esse 
esfíncter evita o gotejamento continuo de matéria fecal através do ânus. 
O ânus é constituído (interno para externo) por um esfíncter anal interno (fibras lisas 
circulares); por numerosas expansões emitidas por fibras lisas longitudinais; e um 
esfíncter anal externo. 
 
 
FÍGADO 
 50 
 
O fígado é uma glândula anexa do tubo digestivo cuja secreção exócrina (a bile) é 
drenada para o duodeno. Trata-se do órgão mais volumoso do organismo; situa-se 
abaixo do diafragma, acima do duodeno e na frente do estômago. 
Nos homens, ele geralmente pesa de 1,4 a 1,8 kg e, nas mulheres, de 1,2 a 1,4 kg, 
com uma variação de 1,0 a 2,5 kg. 
 
Sua vascularização tem características particulares: o sangue chega pela artéria 
hepática e veia porta, e sai pelas veias hepáticas,que são volumosas e afluentes da 
veia cava inferior. 
 
O fígado é uma glândula que desempenha importante papel nas atividades vitais do 
organismo. São múltiplas suas funções e ele é considerado, por esta razão, um 
órgão multifuncional; age principalmente interferindo no metabolismo dos 
carboidratos, gordura e proteínas, secreta a bile e participa de mecanismos de 
defesa, entre outras funções. Possui um tom marrom avermelhado no estado fresco 
e, embora firme e flexível, é facilmente lacerado. 
 
O fígado do adulto tem a aparência da metade superior de um corpo ovoide cujo 
eixo tem obliquidade superior esquerda. Possui, portanto, uma parte direita muito 
desenvolvida posterossuperiormente, lateralmente à coluna vertebral, que ocupa a 
concavidade diafragmática direita, enquanto sua extremidade esquerda é achatada 
sob a metade esquerda do músculo diafragma. 
 
O fígado possui duas faces, uma diafragmática em íntima relação com o diafragma, 
e outra visceral, em contato com as vísceras abdominais. Nesta face distinguem-se 
quatro lobos: esquerdo, direito, quadrado, e caudado. Na face diafragmática os 
lobos direito e esquerdo são separados por uma prega do peritônio, o ligamento 
falciforme. 
 
Entre o lobo direito e o lobo quadrado situa-se a vesícula biliar; entre o lobo direito e 
o lobo caudado há um sulco que aloja a veia cava inferior; e entre os lobos caudado 
e quadrado há uma fenda transversal, que é a porta do fígado, por onde passam os 
 51 
elementos que constituem o pedículo hepático, artéria hepática, veia porta e ducto 
hepático comum, além de nervos e vasos linfáticos. 
 
O fígado produz a bile, que alcança os dúctulos bilíferos intra-hepáticos os quais, 
após confluências sucessivas, terminam por formar os ductos hepáticos, direito e 
esquerdo, este ao nível da porta do fígado; eles se unem para formar o ducto 
hepático comum. O ducto hepático comum conflui com o ducto cístico, que drena a 
vesícula biliar, formando o ducto colédoco, que se abre no duodeno. 
No adulto o peso médio do fígado é de 1500 g. Por estar cheio de sangue tem pouca 
resistência a traumatismos, mostrando-se então bastante frágil. Seu aspecto muda 
em várias doenças, ficando túrgido e esverdeado nas estases biliares; retraído e 
fibroso na cirrose; e achocolatado nos cânceres metastático. 
 
 
FACES DO FÍGADO 
 
Face diafragmática: inclui partes dos lobos direito e esquerdo, possuindo 
orientação súpero-anterior. Esta intimamente encaixada sob o diafragma, 
separada dele pelo peritônio. Tem quatro partes (superior, anterior, direita e 
posterior) e estreita-se da direita para a esquerda. É divida em dois lobos 
direito e esquerdo pela implantação do ligamento falciforme. 
Face visceral: orienta-se para baixo, para a esquerda e para trás e está 
compreendida entre a margem inferior e margem posteroinferior. Apresenta 
sulcos dispostos em forma de H (sulco longitudinal direito, sulco longitudinal 
esquerdo, e sulco transverso) que delimitam quatro lobos. É revestida pelo 
peritônio visceral, exceto na porta do fígado, na fissura para o ligamento 
redondo e na fossa para a vesícula biliar. 
 
 
LOBOS DO FÍGADO 
 
A anatomia do fígado divide o órgão em lobos, delimitados por sulcos ou fissuras, 
elementos anatômicos facilmente identificáveis na superfície da glândula. São eles: 
 52 
Lobo direito: é o maior dos lobos e se situa à direita do sulco longitudinal 
direito. Recebe a impressão do ângulo direito do cólon e do rim direito; 
contribui para todas as faces; 
Lobo quadrado: situa-se entre a fossa da vesícula biliar e a fissura do 
ligamento redondo do fígado, na frente da porta hepática; 
Lobo caudado: é retro-hilar e está unido ao lobo direito pelo processo 
caudado; encontra-se no vestíbulo da bolsa omental; 
Lobo esquerdo: apresenta a impressão do estômago e possui um formato 
triangular, adelgaçando-se para a esquerda. 
MARGENS DO FÍGADO: 
 
Distinguem-se uma margem inferior (anterior) e uma posterior: 
Margem Inferior: separa a face diafragmática da visceral. É interrompida por 
dois acidentes, a fossa da vesícula biliar e a incisura do ligamento redondo. 
Esta margem é palpável através do epigástrico. 
Margem posterior: à direita da veia cava inferior, relaciona-se com o ligamento 
coronário; e a esquerda da veia cava inferior, o lobo caudado prolonga-se 
como margem posterior do lobo esquerdo. 
 
 
SEGMENTAÇÃO DO FÍGADO 
 
O fígado apresenta subdivisões (Figura) como: 
• O segmento medial é formado pela área súpero-medial e área ínfero medial 
do fígado; 
• O segmento lateral é constituído pela área látero-inferior e área látero -
superior do fígado; 
• O segmento posterior apresenta a área póstero-inferior e póstero-superior do 
fígado; 
• O segmento anterior é formado pela área Antero-inferior e antero-superior do 
fígado; 
• O lobo caudado dividido em porção direita, porção esquerda e processo 
caudado. 
 53 
 
 
CONSTITUIÇÃO ANATÔMICA 
 
O tecido hepático é constituído por formações diminutas que recebem o nome de 
lobos, compostos por colunas de células hepáticas ou hepatócitos, rodeadas por 
canais diminutos (canalículos), pelos quais passa a bile, secretada pelos hepatócitos 
que se arranjam no fígado em lâminas hepáticas. Estes canais se unem para formar 
os ductos hepáticos direito e esquerdo, que se juntam e formam o ducto hepático 
comum que, juntamente com o ducto procedente da vesícula biliar, forma o ducto 
colédoco, que descarrega seu conteúdo no duodeno. 
 
Os hepatócitos realizam as principais atividades metabólicas deste órgão: sintetizam 
e liberam diversas proteínas plasmáticas tais como albuminas, fatores de 
coagulação, convertem bilirrubina em biliverdina para secreção na bile, sintetizam 
sais biliares, armazenam carboidratos como glicogênio, e triglicérides como gotículas 
de lipídeos. 
 
Estas são apenas algumas das atividades realizadas pelo fígado, visto que são 
inúmeras as suas funções. Permeando toda a estrutura do fígado, estão grandes 
quantidades de vasos sanguíneos de diferentes tipos. O fígado é recoberto por 
peritônio e por sua cápsula, que é delgada e pouco resistente. 
 
 
CONEXÕES PERITONEAIS DO FÍGADO 
 
Com exceção de uma área triangular situada na sua face posterior, o fígado é quase 
que completamente coberto por peritônio, que o liga ao estômago, duodeno, 
diafragma e à parede anterior do abdome, por meio de diversas pregas. Essas 
pregas incluem o ligamento falciforme, ligamento coronário, ligamentos triangular 
direito e esquerdo, e o omento menor. Os ligamentos peritoneais propiciam muita 
mobilidade ao fígado, que graças a eles, seguem os movimentos respiratórios do 
músculo diafragma. São eles: 
 54 
Ligamento Falciforme: também chamado ligamento suspensor do fígado; liga 
a face diafragmática do fígado ao músculo diafragma e à parede anterior do 
abdome; tem duas margens, uma inferior que se insere no fígado e outra 
superior que se insere no músculo diafragma e na parede anterior do 
abdome. 
Ligamento coronário: une a parte posterior da face diafragmática ao músculo 
diafragma; trata-se de uma reflexão do peritônio a partir do diafragma para a 
face superior e posterior do lobo direito. Possui lâmina superior e inferior 
continua com o os ligamentos triangulares. 
Ligamento triangular esquerdo: sobe para trás a partir da face superior do 
lobo esquerdo até o diafragma. Este ligamento situa-se na frente da parte 
abdominal do esôfago, na extremidade superior do omento menor e em parte 
do fundo do estômago. 
Ligamento triangular direito: esse ligamento é uma prega triangular curta, em 
forma de V, que une a face lateral e posterior

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