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Julia Muniz | 1 Características morfofuncionais do sistema respiratório • A principal função do sistema respiratório é suprir o organismo com O2 e controlar a remoção de C02, além de manter a homeostase corporal. • Equilíbrio térmico: o aumento da ventilação pulmonar leva a perda de calor e água. • Controle do pH plasmático: regulação da eliminação de ácido carbônico (sob a forma de CO2) • ‘’Filtração’’ de êmbolos ou substâncias da circulação: a circulação pulmonar filtra eventuais êmbolos trazidos pela circulação venosa o que evita a obstrução da rede vascular arterial de outros órgãos vitais, já que a rede capilar se dá em paralelo. • Modificação de substâncias vasoativas: o endotélio da circulação pulmonar possui enzimas que são capazes de realizar essa função, por exemplo, a conversão de angio I em angio II pela ECA. • Fonação e vocalização • Formado pelas vias aéreas, pulmões e caixa torácica • O sistema respiratório é formado por: (1) zona de transporte, (2) Zona de transição e (3) zona respiratória. • Formada pelas vias respiratórias superiores e árvore traqueobrônquica: Nariz → Nasofaringe → Laringe → Tranqueia Brônquios lobares (2ª ordem) → ... → Bronquíolos → Bronquíolos Terminais ( 16ª ordem) • Responsável pela condução e acondicionamento do ar (filtrar, umidificar e deixar em equilíbrio com a temperatura corporal) • Quanto maior o número da divisão menor o diâmetro do vaso originado • Da zona de condução par a zona respiratória há aumento das divisões (bifurcações), diminui o raio (resistência individual) e aumenta a área total de seção transversa (resistência total) todos esses fatores influenciam para a redução da velocidade do ar e consequentemente uma troca gasosa eficiente na região de maior bifurcação • Se inicia no nível do bronquíolo respiratório (17ª ordem) e vai até a 20º ordem (imediatamente anterior a divisão em ductos alveolares). • Possuem poucas ou nenhuma célula ciliada no revestimento. • Apresentam pequena quantidade de músculo liso. • Apresentam, espaçadamente, sacos alveolares. • Apresentam características de ambas zonas condutora e respiratória. • Tem presença de muco • Constituída por ductos, sacos alveolares e alvéolos invaginados e que aumenta muito a superfície • Vai da 20ª ordem até a 23ª ordem. • Alta eficiência nas trocas gasosas. • Partindo da traqueia, o calibre de cada subdivisão da árvore respiratória é menor que o ramo que lhe deu origem. Porém, a área total da seção transversa diminui da traqueia até a quarta geração (brônquios subsegmentares), a partir daí vai aumentando até a 23ª geração (alvéolos). Por outro lado, o comprimento de cada subdivisão se torna menor. • A unidade alveolocapilar é o principal local de trocas gasosas a nível pulmonar: UNIDADADE Julia Muniz | 2 ALVÉOLO-CAPILAR = ALVÉOLO + SEPTO ALVEOLAR + REDE CAPILAR • O septo alveolar é formado por vasos sanguíneos e fibras elásticas, colágenas e terminações nervosas. Esses septos possuem descontinuidades (poros de Kohn), os quais permitem a passagem de ar, líquido e macrófagos entre os alvéolos. • A superfície alveolar é formada por três tipos de células. • Pneumócito tipo I: o Célula pavimentosa o É a célula mais frequente recobrindo a maior parte da superfície alveolar, diminui a distância entre os alvéolos e facilita também a difusão o Não consegue se regenerar, ou seja, não tem potencial mitótico. • Pneumócito tipo II / célula alveolar: o Célula cúbicas e colunares o Armazenam em grânulos osmofílicos (corpúsculo lamelar) e secretam surfactante, que recobre a superfície alveolar reduzindo a tensão superficial dos alvéolos impedindo o colabamento. o A liberação do conteúdo dos grânulos se dá por exocitose estimulada por mecanismo β- adrenérgicos. O surfactante está em constante estado de renovação. o Possui capacidade de se regenerar e se transformar em tipo I quando ele é lesionado. • Macrófagos alveolares: o Representa pequena porcentagem de células alveolares. o Eles passam livremente da circulação para o interstício e, depois, percorrem os espaços entre as células epiteliais, além de se localizarem na superfície alveolar. o Função de fagocitar corpos estranhos, partículas poluentes e bactérias. • Os fosfolipídios são os principais componentes do surfactante • A função biológica do surfactante é atribuída aos fosfolipídios, principalmente à fosfatidilcolina • Rompe pontes de hidrogênio • Interrompe a atração polar entre as moléculas de água • Reduz a densidade de água na interface ar-água • Reduz a tensão superficial de forma proporcional à proximidade entre suas moléculas, sendo que Tensão superficial é a força causada pelas moléculas de água de interface ar-líquido que tende a minimizar a área de superfície, tornando mais difícil insuflar o pulmão. • As forças de superfície em uma esfera tendem a reduzir a área de superfície e geram pressão na esfera, pela Lei de La Place, a pressão gerada é inversamente proporcional ao raio da esfera. • As Forças de superfície na esfera menor geram maior pressão que na esfera maior, o que faria com que os alvéolos menores se esvaziassem nos maiores. O surfactante reduz a tensão superficial mais nas esferas menores o que deixa as pressões nas esferas maior e menor similares, assim as esferas ficam estabilizadas • Para uma esfera (alvéolo) a relação entre a pressão na esfera (Pe) e a tensão da parede é dada pela lei de La Place : Pe = 2T / r ; onde T é a tensão na parede • Inspiração Diluição das moléculas de surfactante → Aumento da tensão superficial → Contribui para ‘’frear’’ a expansão do alvéolo e acumular energia potencial elástica • Expiração Aumento da proximidade das moléculas de surfactante → Redução da tensão superficial → Contribui para impedir colabamento total dos alvéolos. • Degeneração de pneumocitos tipo II em adultos • Síndrome do desconforto respiratório neonatal (Doença da membrana hialina) o Síntese de surfactante vai da 24ª a 35ª semana de gestação o Recém-nascidos prematuros: Julia Muniz | 3 ▪ Colapso dos pequenos alvéolos (atelectasia) ▪ Redução da complacência pulmonar ▪ Aumento do trabalho de insuflação durante a respiração ▪ Diminuição da ventilação alveolar ▪ Diminuição da superfície para as trocas gasosas o Desbalanço entre ventilação / perfusão → HIPOXEMIA. o Tratamento: ▪ Corticoides para mãe quando se tem previsão de parte prematuro ▪ Quando o bebe nasce prematuro sem que esse tratamento prévio tenha sido feito tem que se colocar no respirador e administrar medicamentos que estimulam a produção de surfactante. • Tônus broncoconstrictor; ACh → M • É de maior importância nas vias respiratórias mais centrais, sendo praticamente inexistente na periferia. • Pode ser estimulado por irritante, infecção, microêmbolos. • Tônus broncodilatador – efeito discreto; NE → β2 • E e NE circulante levam a maiores efeitos. • As respostas simpáticas são mais difusas e generalizadas. Os nervos adrenérgicos inervam diretamente glândulas mucosas, vasos sanguíneos e gânglios nervosos das vias respiratórias. • Responsável pelo relaxamento dos músculos lisos das vias respiratórias sendo o óxido nítrico é o neurotransmissor que causa esse efeito. • Tem como mediadores,pelo menos, a neurocinina A, a substância P e o peptídio relacionado com o gene da calcitonina, que acarretam broncoconstrição. • Substâncias formadas localmente que geralmente produzem broncoconstricção: o Reações alérgicas → histamina o Inflamação → leucotrienos o Irritação por fumaça, poeira, SO2 → Substância P e CGRP • Nem todo o ar mobilizado na ventilação pulmonar participará das trocas gasosas. • Espaço morto anatômico (150 ml para uma pessoa de 70 kg) o É a parte do sistema respiratório não relacionado com as trocas. o Vias aéreas condutoras • A cada respiração, cerca de 1/3 do volume corrente fica retido nesse espaço, enquanto o restante atinge os alvéolos. • Durante a inspiração, o primeiro gás que atinge os alvéolos corresponde ao retido no espaço morto anatômico na expiração precedente, ou seja, um gás pobre em O2 e rico em CO2. • Espaço morto funcional: Alvéolos ventilados, mas não perfundidos pelo sangue capilar • Espaço morto fisiológico: É o volume total de ar nos pulmões que não participa das trocas o Espaço morto anatômico (vias condutoras) + espaço morto funcional (alvéolos não funcionais) Julia Muniz | 4 Mecânica respiratória e fisiopatologia das pneumonias obstrutivas restritivas • A renovação do ar nos alvéolos é garantida pelos ciclos inspiração-expiração que, por sua vez, dependem de processos responsáveis pela denominada mecânica ventilatória. • Gradiente transpulmonar: diferenças de pressão garante o fluxo aéreo, diferença entre a pressão atmosférica e a pressão dos alvéolos, quanto maior a diferença maior a quantidade de fluxo de ar • Aumento da cavidade torácica → aumento do volume pulmonar (expansão) → queda da pressão no interior deste sistema assim, o ambiente é sugado para dentro dos pulmões (aumento da pressão transmural) • Processo ativo, independende de gasto energético • Ligeiramente mais curta que a expiração • Redução do volume pulmonar → aumento da pressão com consequente expulsão do ar • Processo passivo, aumento da fc implica em menor tempo para esse processo acontecer • Contração de músculos faz o processo virar ativo e assim comprime as vísceras e ajuda a expelir o ar • Os músculos respiratórios apresentam fibras predominantemente vermelhas (alto potencial oxidativo), muito vascularizadas e com alta resistência à fadiga, exceto os músculos acessórios e os músculos da expiração • A contração dos músculos respiratórios depende de impulsos nervosos originados dos centros respiratórios (tronco cerebral) • Diafragma, os paraesternais e os escalenos são os músculos utilizados na respiração basal, mas existem outros músculos, denominados em conjunto músculos acessórios, participam da inspiração forçada. • Diafragma: Mais importante músculo da inspiração. Durante a respiração basal, a inspiração depende, principalmente, da contração do diafragma. o Quando o diafragma se contrai, o conteúdo abdominal é forçado para baixo e para a frente, aumentando o diâmetro do tórax. Além disso, as margens das costelas são levantadas para cima e para fora o Na respiração de repouso, o nível do diafragma se move cerca de 1 cm. Entretanto, na inspiração e na expiração forçadas, a excursão total pode ser maior que 10 cm. • Paraesternais: contração deles auxilia no levantamento do gradil costal superior. • Escalenos: A contração do músculo escaleno eleva o esterno e as duas primeiras costelas, acarretando expansão para cima e para fora do gradil costal superior. • Músculos acessórios: o Os músculos acessórios incluem o esternocleidomastóideo, trapézio e grande dorsal, peitoral maior, elevador da espinha e outros músculos do pescoço. Como citado, sua participação na inspiração é recrutada quando a atividade dos músculos primários não é capaz de suprir a demanda. Julia Muniz | 5 o Os músculos abdominais podem funcionar como músculos acessórios da inspiração durante hiperventilação, exercício e paralisia diafragmática. • Durante a respiração basal, a expiração é um processo passivo, decorrente do relaxamento dos músculos inspiratórios e das propriedades elásticas do pulmão e da parede torácica. • Os músculos expiratórios contraem-se ativamente no decorrer de exercício, níveis elevados de ventilação, obstrução moderada a grave das vias respiratórias e fadiga. • Músculos abdominais: A contração conjunta desses músculos leva a movimentação do gradil costal para baixo e para dentro, flexão do tronco e compressão do conteúdo abdominal para cima, deslocando o diafragma para o interior do tórax e diminuindo o volume pulmonar. • Músculo peitoral maior e transverso do tórax: o Músculo peitoral maior: quando contraído desloca o manúbrio e as costelas superiores para baixo, comprimindo o gradil costal superior e aumentando a pressão intratorácica. o Músculo transverso do tórax: Durante a expiração, ele puxa as costelas caudalmente, desinsuflando o gradil costal. Esse músculo em repouso é inativo, sendo ativado no decorrer de expirações forçadas, fonação e tosse. • A respiração ocorre em ciclos de 12 a 18 por minuto • A quantidade de gás mobilizada a cada ciclo respiratório é o volume corrente (aproximadamente 500 ml) • Frequência respiratória: Número de incursões respiratórias por minuto (12 a 18 irpm) • O volume de gás ventilado por minuto é a ventilação global ou volume minuto. Ventilação global(6 a 8 L/min) = volume corrente x frequência respiratória ▪ Ventilação alveolar (ventilação funcional): Volume de ar levado aos alvéolos por minuto ((volume corrente – espaço morto) X( freq. Respiratória) = 4 – 6 Litros • Vários fatores modificam a ventilação, por alterar frequência, volume corrente ou ritmo. Sendo alguns desses fatores: emoções, dor, sono, choro, fonação, tosse, necessidades metabólicas, etc. • Essas modificações são definidas por: o Eupneia: Respiração normal, sem qualquer sensação subjetiva de desconforto. o Taquipneia: Aumento da frequência respiratória. o Bradipneia: Diminuição da frequência respiratória. o Hiperpneia: Elevação do volume corrente. o Hipopneia. Redução do volume corrente (ex: doença restritiva) o Hiperventilação: Aumento da ventilação global. Mais acertadamente, aumento da ventilação alveolar além das necessidades metabólicas. o Hipoventilação: Diminuição da ventilação global. Com maior precisão, diminuição da ventilação dos alvéolos aquém das necessidades metabólicas. o Apneia: Parada dos movimentos respiratórios ao final de uma expiração basal (morte, apneia do sono) o Apneuse: Interrupção dos movimentos respiratórios ao final da inspiração. o Dispneia: Respiração laboriosa, sensação subjetiva de dificuldade respiratória. • Os volumes pulmonares são divididos em quatro volumes primários que não se sobrepõem e quatro capacidades que são formadas por dois ou mais volumes primários. • Esses volumes e capacidades pulmonares variam em função de muitos fatores (gênero, idade, superfície corporal postura, atividade física, etc.). Além disso, esses volumes acabam sendo alterados em diversas doenças. • Volume corrente (VC): Quantidade de ar inspirada ou expirada espontaneamente em cada ciclo ventilatório normal (300 a 500 ml) • Volume de reserva inspiratório (VRI): Volume máximo que pode ser inspiradoJulia Muniz | 6 voluntariamente ao final de uma inspiração regular ( ~ 2000 ml) • Volume de reserva expiratório (VRE): Volume que ainda pode ser exalado por uma expiração forçada ao final da expiração do volume corrente normal. ( ~1000 ml) • Volume residual (VR): Volume de ar que permanece no interior dos pulmões mesmo ao final da mais vigorosa das expirações. (~1200 ml) • Capacidade vital (CV): Quantidade de gás mobilizada entre uma inspiração e uma expiração máximas. A capacidade vital é a soma de três volumes primários: corrente, de reserva inspiratório e de reserva expiratório. É a maior quantidade de ar que uma pessoa pode expelir dos pulmões (~ 3500 ml) • Capacidade inspiratória: Volume máximo inspirado a partir do final de uma expiração espontânea. Corresponde à soma dos volumes corrente e de reserva inspiratório. • Capacidade residual funcional: Quantidade de gás contida nos pulmões no final de uma expiração espontânea. Corresponde à soma dos volumes de reserva expiratório e residual. • Capacidade pulmonar total (CPT): Quantidade de gás contida nos pulmões ao final de uma inspiração máxima. Equivale à adição dos quatro volumes primários. • Ele consiste, basicamente, em uma campânula contendo ar, a parede da campânula fica parcialmente submersa entre as duas paredes de um recipiente onde existe água. Assim, o gás no interior do espirógrafo fica isolado do ar do ambiente. • Como o ar exalado é rico em CO2, um recipiente contendo cal sodada é colocado no trajeto do segundo tubo, removendo o CO2 do sistema. Além disso, como o sistema é fechado, o ar tenderia a tornar-se cada vez mais pobre em O2. Esse problema é resolvido acoplando-se uma fonte externa desse gás. • Se ambiente estiver mais frio que o organismo, os gases vão se contrair dentro do aparelho e assim o volume vai ser subestimado. Já se o ambiente estiver em temperatura superior ao organismo, os gases exalados para o aparelho vão se expandir e isso vai superestimar os valores • Medida de consumo de oxigênio: o É possível determinar o consumo de 02 num espirógrafo simples. o O traçado horizontal da figura registra inspirações e expirações no repouso onde o consumo de O2 é equilibrado pela “doação externa” desse gás pelo cilindro do espirógrafo o Dessa forma, caso a fonte externa seja fechada (geralmente por dois minutos) e se meça a quantidade de gás que ficou retida nos pulmões, é possível determinar o consumo médio de O2. Devemos lembrar que o CO2 exalado pelo indivíduo é retido na cal Julia Muniz | 7 sodada, não interferindo no procedimento • Determinação do volume residual: Diluição de gases: o O gás mais usado é o Hélio o Coloca-se num espirógrafo de determinado volume (V1) uma concentração conhecida de hélio (C1). Depois disso, o paciente é conectado ao aparelho ao final de uma expiração espontânea. Quando o paciente respira a mistura ar-hélio por alguns minutos, este gás acaba se distribuindo de maneira uniforme pelos pulmões e espirógrafo, alcançando a concentração de equilíbrio C2. o Considerando que não houve perda de hélio, a quantidade desse gás permanece a mesma, assim: C1 X V1 = C2 X V2. Sendo que V2 é o volume dos pulmões na capacidade residual funcional + volume do espirógrafo (V1). Logo, V2-V1 = capacidade pulmonar. o É fácil medir o volume de reserva expiratório, tendo o valor da capacidade residual funcional. O volume residual é obtido pela subtração de CRF- VRE. Assim, pode ser calculada a capacidade pulmonar total. • É solicitado ao indivíduo que depois de inspirar até a capacidade pulmonar total (CPT), expire o mais rápido e intenso que consiga em um espirógrafo, sendo o volume expirado lido e usado para fazer um traçado volume tempo. Com esse traçado dá para obter a capacidade vital forçada (CVF) e o volume expiratório forçado no primeiro segundo (VEF 1,0) Padrões das curvas fluxo-volume em indivíduos normais, pneumopatas obstrutivos e restritivos. Nas pneumopatias obstrutivas, a expiração máxima começa e termina em volumes pulmonares anormalmente elevados, e os fluxos são muito menores que o normal. Nos pacientes com pneumopatias restritivas o volume mobilizado é menor. O fluxo aéreo está normal em relação ao volume pulmonar, já que o calibre das vias respiratórias está normal. Julia Muniz | 8 • normal: verde, obstrutivo: azul, restritivo: laranja • A pressão motriz do sistema respiratório, que em condições normais é aquela gerada pela contração muscular durante a inspiração, precisa vencer forças elásticas e resistivas para conseguir encher os pulmões • Os tecidos dos pulmões e tórax apresentam propriedades elásticas e obedecem a lei de Hooke, assim, quanto mais intensa a pressão gerada pelos músculos inspiratórios maior vai ser o volume inspirado. • Complacência do Sistema respiratório: o É o grau de expansão pulmonar para cada unidade de aumento na pressão transpulmonar; o Corresponde em média a 200 ml/cm H2O. Logo, cada vez que a pressão transpulmonar aumenta 1cm H2O aumenta seu volume em 200 ml. o - A complacência é determinada pelas forças elásticas do sistema respiratório: ▪ Forças elásticas do tecido pulmonar ▪ Tensão superficial nos alvéolos ▪ Forças elásticas da parede torácica ▪ Propriedades do espaço pleural • ELASTÂNCIA: é o inverso de complacência- aumenta em casos de doenças pulmonares restritivas • Existem dois fatores responsáveis pelo comportamento elástico do pulmão: o Componentes elásticos do tecido pulmonar (p. ex., fibras elásticas e colágenas) o Arranjo geométrico: Todas as estruturas desse órgão (vasos, bronquíolos, alvéolos etc.) encontram- se interligadas pela trama de tecido conjuntivo pulmonar, assim, quando há insuflação, todos esses componentes se distendem. Esse fenômeno é chamado de "interdependência", que contribui para manter todos os alvéolos abertos, pois, caso alguns se fechassem, seus vizinhos puxariam suas paredes e tenderiam a reabri-los. • O surfactante que recobre a superfície de trocas é muito importe para auxiliar nas propriedades elásticas dos pulmões. • ENFISEMA PULMONAR: Doença obstrutiva crônica o Inalação de agentes irritantes, Deficiência de α -1 antitripsina, asma e inflamação crônicas → inflamação → Obstrução bronquiolar e destruição do parênquima pulmonar (perda de superfície de trocas)-pulmão em barril→ Perda da força elástica, AUMENTO DA COMPLACÊNCIA, aumento do raio (ar preso), com dificuldade para expirar → Hipoventilação (menos trocas gasosas), Diminui relação ventilação/ perfusão. o Caracterizado pela manutenção da CV e diminuição do volume expirado forçado, diminuindo a fração expirada no 1 segundo Julia Muniz | 9 • FIBROSE PULMONAR: o Aumento das fibras colágenas → Diminuição da complacência, com dificuldade para inspirar o Caracterizado pela diminuição da CV e do volume expirado forçado, porém em menor proporção, podendo manter ou aumentar a fração expirada no 1 segundo. • Pressão transpulmonar (PP), e é definida como a diferença de pressão entre os espaços aéreos (pressão alveolar [PA]) e a pressão que circunda o pulmão (pressão pleural [Ppl]) • Forças elásticas da parede torácica: o Aumenta na cifoescoliose acentuada, anquilosevertebral, obesidade, distúrbios abdominais com elevação do diafragma. o Após uma expiração espontânea, o pulmão tende a colabar, enquanto o tórax tende a expandir. Essas forças opostas geram uma pressão intrapleural “negativa” • Aderência entre a caixa torácica e os pulmões: A contínua absorção de líquido pleural nos vasos linfáticos mantém um relativo vácuo no espaço entre a pleura parietal e visceral + A coesão molecular do líquido pleural impede a separação das superfícies pulmonar e torácica da pleura + O gradiente transmural (pressão atmosférica vs pressão alveolar) comprimem as membranas pleurais = espaço pleural virtual. • Pressão intrapleural ou pleural: o É a pressão dentro do espaço pleural o É levemente negativa em relação a pressão atmosférica: ▪ Início na inspiração: - 5 cm H2O (~ -3 mm Hg) em relação a pressão atm. ▪ Durante a inspiração a caixa torácica traciona a superfície pulmonar ainda mais e cria uma pressão ainda mais negativa, - 7,5 cm H2O (~ - 6mmHg) o Caso uma das superfícies pleurais (ou as duas) se rompa, pondo em comunicação o espaço pleural com// o meio ambiente, o ar será aspirado para dentro daquele pela pressão subatmosférica, e os pulmões se separarão da parede torácica, ambos seguindo suas tendências elásticas → pneumotórax • Pressão Alveolar: o É a pressão no interior dos alvéolos pulmonares que cria um gradiente para o fluxo aéreo o Durante a inspiração, a pressão alveolar cai a níveis pouco negativos (- 2 cm H2O) em relação a atmosfera. Isso é o suficiente para mover uma média de 500 ml de ar para o interior do sistema respiratório. o A pressão alveolar é gerada da seguinte maneira: com a contração muscular inspiratória, o sistema começa a aumentar de volume. Todavia, há uma resistência a ser vencida para que o gás chegue até os alvéolos. Consequentemente, a dilatação dos espaços aéreos sempre precede o aporte gasoso até o final da inspiração, rarefazendo o volume gasoso alveolar e provocando a queda de sua pressão. Durante a expiração, o processo se inverte. Julia Muniz | 10 • Quanto maior a resistência menor será o fluxo e ar e vice-versa, além de ter menor volume corrente • R= 8 . l . η / π . r4 • A resistência do sistema respiratório pode ser dividida em: o Resistencia pulmonar: ▪ Vias aéreas (muco, constrição, edema) ▪ Tecido pulmonar (fibrose, pneumoconioses, etc) o Resistência da parede torácica: ▪ Tecidos da parede torácica ▪ Deslizamento dos tecidos ▪ Mobilidade das articulações (costelas, vertebras, esterno) • Fatores que influenciam a resistência das vias aéreas: o Geometria da árvore traqueobrônquica o Volume pulmonar (gradiente de pressão transmural e interdependencia) o Complacência das vias aéreas o Densidade e viscosidade do ar (resistência aumenta com gases densos) o Musculatura lisa dos brônquios (raio) • A resistência cai com o aumento do volume pulmonar principalmente devido à tração das pequenas vias aéreas pelas estruturas expandidas vizinhas (fenômeno de interdependência alveolar) • A contração e relaxamento da musculatura lisa estreita ou alarga o raio das vias aéreas e modula intensamente a resistência ao fluxo aéreo. • Adrenalina e noradrenalina → dilatação • ACh, serotonina, prostaglandinas e leucotrienos → constrição • Crise asmática (doença obstrutiva aguda que leva ao aumento de ar nos alvéolos) o Dificuldade principalmente expiratória o Inspiração: Facilitada pela tração das estruturas (interdependência) e pelo esforço inspiratório; o Expiração: Dificultada pela compressão externa devido ao aumento da pressão decorrente do esforço expiratório e da perda da interdependência. • Asma crônica: causada por inalação de agentes alergênicos → inflamação crônica → muco espesso, edema e hiperatividade brônquica→broncoconstrição → ar preso e dificuldade expiratória (hiperventilação) • Trabalho= força x deslocamento • Trabalho pulmonar = pressão transpulmonar x volume corrente • Forças elásticas (pulmonares, tensão superficial, parede torácica) • Forças resistivas (resistência das vias aéreas e tecidos) OBS: Lembrar que em condições normais, somente a inspiração é que realiza trabalho. • Trabalho elástico: necessário para expandir o pulmão, vencendo as forças elásticas dos pulmões e da caixa torácica (trabalho ligado a complacência) • Trabalho resistivo: Necessário para vencer a resistência (viscosidade, atrito do tecido e a resistência das vias aéreas) Julia Muniz | 11 -OBSTRUTIVO: Aumento do trabalho resistivo →Asma: aumento do trabalho resistivo das vias aéreas →A curva virou uma alça mostrando que houve trabalho durante a expiração →Enfisema: aumento do trabalho resistivo tecidual →Aumento do trabalho resistivo e elástico e a curva virou uma alça mostrando que houve trabalho durante a expiração -RESTRITIVO: Aumento do trabalho elástico →FIBROSE