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Farmacocinética Universidade do Estado de Santa Catarina Centro de Ciências Agroveterinárias Departamento de Medicina Veterinária Disciplina de Farmacologia Geral Profª Drª Amanda Leite Bastos-Pereira Lages, março de 2017 FARMACOCINÉTICA “Movimento” das drogas no organismo. 1) Absorção 2) Distribuição 3) Biotransformação 4) Excreção BIOTRANSFORMAÇÃO É a transformação química que as drogas sofrem no organismo, visando favorecer sua eliminação, pois há formação de metabólitos mais polares e menos lipossolúveis do que a molécula original. Tornar as drogas: + polares - lipossoluveis Metabólito: é o produto da reação de biotransformação de um fármaco. Os metabólitos possuem propriedades diferentes das drogas originais. Geralmente, apresentam atividade farmacológica reduzida e são compostos mais hidrofílicos, portanto, mais facilmente eliminados. Em alguns casos, podem apresentar alta atividade biológica ou propriedades tóxicas. BIOTRANSFORMAÇÃO DE DROGAS • Biotransformação de xenobióticos lipossolúvies • Ocorre em vários órgãos : Fígado, rins, intestino, pulmões, plasma (hidrolases) • Transformação química metabólitos + polares e hidrossolúveis eliminação facilitada • Sistemas enzimáticos hepáticos, plasmáticos, intestinais, pulmonares, renais • Reações de Fase I citocromo P450 • Reações de Fase II enzimas de conjugação Eliminação Pré-Sistêmica (EPS) ou Efeito de primeira passagem: é o efeito que ocorre quando há biotransformação do fármaco antes que este atinja o local de ação. Pode ocorrer na parede do intestino, no sangue mesentérico e, principalmente, no fígado. Importância clinica: Diminuição da biodisponibilidade; Correção da dose Drogas que sofrem significativo efeito de 1ª passagem: -AAS -Propranolol -Levodopa BIOTRANSFORMAÇÃO BIOTRANSFORMAÇÃO Locais: -Fígado * -Rins -Intestino - pulmões - plasma (hidrolases) Ocorre através de sistemas enzimáticos hepáticos, plasmáticos, da luz intestinal e pulmonares, por enzimas geralmente do retículo endoplasmático liso (REL). Pode ser dividida em duas fases: Reações de fase I Reações de fase II REAÇÕES DE FASE I • Metabolismo Microssomal Hepatico Hepatócito – extensa rede de retículo endoplasmático liso - rico em enzimas; Principal grupo de enzimas envolvido nas reações de Fase 1: Citocromo P450 (CYP450) contém um grupo de isoenzimas contendo ferro que ativa o oxigênio molecular em uma forma capaz de interagir com substratos orgânicos O nome P-450 corresponde ao pico do espectro em 450 nm quando este grupo de enzimas interage com o monóxido de carbono REAÇÕES DE FASE II • As reações de fase II envolvem a conjugação que, normalmente, resulta em compostos inativos, e facilmente excretáveis. REAÇÕES DE FASE II • A glicuronidação (também chamada de glicuronização) é a reação de conjugação mais comum e a mais importante, embora possa ocorrer outra conjugação nesta fase que pode ser acetilação, sulfatação ou amidação. • Como os recém-nascidos são deficientes deste sistema de conjugação, além de suas funções renais que não estão completamente desenvolvidas, deve ser evitado o uso de alguns fármacos, como por exemplo, o cloranfenicol (antibacteriano) que pode se acumular no organismo provocando depressão da respiração, colapso cardiovascular, cianose e morte. Ciclo entero-hepático FATORES QUE AFETAM A BIOTRANSFORMAÇÃO BIOTRANSFORMAÇÃO Ácido acetilsalicílico por hidrólise é metabolizado a ácido salicílico (que ainda possui atividade farmacológica) e depois é conjugado ao ácido glicurônico ou a glicina, gerando, portanto, dois metabólitos diferentes, que já não apresentam atividade e são mais hidrossolúveis, sendo facilmente excretados pelos rins. Absorção Metabolismo Excreção Fase I Fase II Droga Conjugado Metabólito com atividade Conjugado modificada Droga Metabólito inativo Conjugado da droga Droga Lipofílica Hidrofílica BIOTRANSFORMAÇÃO Droga ativa Metabolização Metabolito ativo menor atividade Droga ativa p.ex: propranolol Metabolização Metabolito inativo Droga ativa p.ex. diazepam Metabolização Metabolito ativo igual atividade nordiazepam Droga ativa p.ex: morfina Metabolização Metabolito ativo maior atividade morfina-6-glicuronídio) Droga inativa Pró-droga p.ex: enalapril Metabolização Metabólito ativo Enalaprilato FATORES QUE AFETAM A BIOTRANSFORMAÇÃO •Espécie •Diferentes vias metabólicas. •Polimorfismo enzimático •Diminuição do fluxo sangüíneo hepático •Ligação com proteínas plasmáticas • Gênero ↓ da atividade enzimática em fêmeas; ratos e camundongos: 10 a 30% menos CYP (x machos) diferença na taxa de metabolização de até 20 vezes. • Prenhez: ↑ da atividade enzimática: P.ex. CYP3A4, CYP2D6, CYP2C9 ↓ da atividade enzimática: P.ex. CYP1A2 e CYP2C19 Também modifica a DISTRIBUIÇÃO: > vol. plasma, < [70-80%]prot. plasmáticas FATORES QUE AFETAM A BIOTRANSFORMAÇÃO • Estado nutricional • Patologias (principalmente hepáticas): Insuficiência cardíaca: Idade (extremos etários); menor DC = menor circulação = entrada no fígado FATORES QUE AFETAM A BIOTRANSFORMAÇÃO INIBIÇÃO enzimática: • Principais enzimas envolvidas: Sistema microssomal hepático (CYP450) Ex. cimetidina, cetoconazol Monoaminooxidase (MAO) Ex. antidepressivos iMAO, anfetamina, efedrina Colinesterase Ex. organofosforados, carbamatos, piridostigmina Aldeído desidrogenase Ex. Dissulfiram FATORES QUE AFETAM A BIOTRANSFORMAÇÃO Inibidor Droga cujo Metabolismo é Inibido Alopurinol, cloranfenicol, isoniazida Antipirina, dicumarol, probenecida, tolbutamina Cimetidina Diazepam, varfarina, clordiazepóxido Dicumarol Fenitoína Etanol Metanol, diazepam Cetoconazol Ciclosporina, terfenadina Fenilbutazona Fenitoína, tolbutamina Nortriptilina Antipirina Anticoncepcionais orais Antipirina Lista de Drogas que Inibem o Metabolismo Indução enzimática Principais consequências: ↑velocidade de biotransformação; ↑velocidade de produção de metabólitos; ↓intensidade e/ou duração da ação de fármacos; ↓TOLERÂNCIA. • Agentes: fenobarbital, fenilbutazona, rifampicina, carbamazepina, etanol (uso crônico), organoclorados, hidrocarbonetos aromáticos policíclicos, etc. FATORES QUE AFETAM A BIOTRANSFORMAÇÃO CYP SUBSTRATOS INDUTORES 1A2 Acetaminofeno, tamoxifeno, teofilina, varfarina Fumo, alimentos, grelhados com carvão 2A6 Cumarínicos 2B6 Artemisinina, ciclofosfamida, propofol, selegilina Fenobarbital, ciclofosfamida 2C9 Fenitoína, ibuprofeno, hexabarbital, tolbutamida Barbitúricos, rifampicina 2C19 Diazepam, naproxeno, omeprazol, propranolol Barbitúricos, rifampicina 2D6 Codeína, timolol, anfetamina, dextrometorfano, antidepressivos tricíclicos 2E1 Acetaminofeno, enflurano, halotano, etanol Etanol, isoniazida 3A4 Acetaminofeno, alfentanil, cocaína, dapsona, diazepam, progesterona Barbitúricos, fenitoína, rifampicina, glicocorticóides Drogas Metabolizadas pelo P450 EXTERNOS dieta: a disponibilidade de aminoácidos provenientes da dieta viabiliza a formação de enzimas envolvidas na biotransformação. meio ambiente: contaminação e poluentes podem interferir nas reações de biotransformação. FATORES QUE AFETAM A BIOTRANSFORMAÇÃOEXCREÇÃO DE DROGAS • auxiliada pela biotransformação • rins • bile • glândulas salivares/ mamárias/ sudoríparas • pulmões • Saliva, leite, lágrimas EXCREÇÃO RENAL Os fármacos penetram nos rins através das artérias renais, sendo que estas se dividem para formar o plexo capilar glomerular 1. Filtração Renal: Passagem do líquido que chega através da artéria eferente para a cápsula de Bowman 2. Secreção Renal: Passagem do líquido de um capilar para o túbulo proximal 3. Reabsorção Renal Passagem do túbulo proximal para capilar. EXCREÇÃO RENAL Fatores que influenciam: • Fluxo sanguíneo renal • Ligação à proteínas • Tamanho da molécula • Lipossolubilidade • Grau de ionização • pH urinário EXCREÇÃO RENAL Filtração glomerular • Drogas não-ligadas às proteínas são filtradas; • Fármacos PM < 40.000 (humanos) • Moléculas > ficam retidas ↔ As proteínas não são filtradas; • Drogas muito ligadas às proteínas sofrem pequena filtração Ex: Diazepam. • Drogas solúveis ou insolúveis em lipídios EXCREÇÃO RENAL Secreção tubular • Transporte ativo – carreadores: • Mesmos carreadores de substâncias endógenas. • Anionicos: penicilina, sulfa, salicilatos • Cationicos: morfina, histamina • Competição: • penicilina X probenecida. REABSORÇÃO - TUBULO DISTAL Lipossolubilidade ↔ ionização da droga no pH urinário: pH tubular pode variar: Carnívoros: 5,5 – 7 (ácido); Herbívoros: 7,2 – 8,4 (alcalino). EXCREÇÃO RENAL Lembre-se! As drogas são melhores absorvidas em meio com pH semelhante ao seu, portanto, são mais excretadas em meio com pH diferente do seu. EXCREÇÃO RENAL Interações medicamentosas • Fármacos que aumentam o volume urinário (diuréticos). • • Fármacos que competem pelo mesmo transportador. • Fármacos que alteram o pH urinário: • alcalinizantes: bicarbonato de sódio • acidificantes: cloreto de amônio Glândulas mamárias - difusão passiva substâncias lipossolúveis; substâncias alcalinas: pH leite (6,6). cafeína, anfetamina Metais similares ao Ca2+ Pb Riscos: para o lactente (drogas ácidas) leite comercial / consumo animal EXCREÇÃO GLANDULAR Glândulas salivares - Difusão passiva - Reabsorção pelo TGI - * ruminantes EXCREÇÃO GLANDULAR Ovos Quanto > lipossolubilidade > penetração na gema EXCREÇÃO - OVOS Excreção de gases Drogas volateis Maior capacidade de expelir drogas apolares/lipossoluveis inalação alvéolo expirado Difusão simples Ex: halotano EXCREÇÃO PULMONAR Excreção biliar • As células hepáticas transferem diversas substâncias incluindo fármacos, do plasma para a bile • Substâncias hidrofílicas – intestino – glicuronídeo liberado – droga livre – reabsorvida – reservatório recirculante (circulação enterohepática). Ex: morfina • Rifampicina – excretada pela bile REABSORCAO INTESTINAL MORFINA ETINILESTRADIOL CLORANFENICOL ↑ ½ vida do farmaco Drogas administradas v.o. podem se difundir diretamente para o trato gastrointestinal e ser então eliminadas nas fezes EXCREÇÃO BILIAR Farmaco + bile intestino = eliminação FEZES Reabsorção no intestino = Retardo na eliminação REABSORCAO INTESTINAL MORFINA ETINILESTRADIOL CLORANFENICOL ↑ ½ vida do farmaco Revisão - farmacocinética Muito obrigada! amanda.pereira@udesc.br