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Farmacocinética III: biotransformação e excreção Eliminação de fármacos Processos de modificação molecular e saída do organismo Inclui biotransformação (metabolismo) e excreção (depuração) Biotransformação Envolve tecidos e órgãos com função metabólica como o fígado (principal), pulmões, TGI, pele, placenta, etc. Metabolismo: redução da atividade metabólica do fármaco (em geral, não é uma regra) e torna a substância mais polar (melhora a excreção) Metabolismo hepático Principal órgão com atividade metabólica e enzimática Possui transportadores SLC [passivo] e ABC [ativo](maior captação xenobióticos) Esses transportadores permitem a captação pelo fígado de formas ligadas a proteínas plasmáticas Competição por transporte altera o metabolismo O fígado apresenta enzimas microssomais que ficam, em especial, no RE. Elas são muito importantes para o metabolismo em geral do organismo, não só de fármacos. Reações de fase 1 e 2 Metabólitos podem ser liberados na bile ou sangue. Biotransformação (Fase 1) Degradação molecular e alterações químicas Em geral, a fase 1 torna os fármacos mais reativos Pode gerar metabólitos inativos ou ativos Ex. hidrólise. Formas de reação de Fase 1: hidroxilação, dessulfatação, metilação, desalquilação, vias enzimáticas de oxido-redução. Principais enzimas de Fase 1: Citocromo P450 oxidase (CYP) [presentes no RER] e óxido-redução Metabolismo de substâncias lipossolúveis (pois conseguem atravessar membranas e chegar até o RER). Principal via enzimática de Fase 1 (+100 isoformas) CYP -> enzimas microssomais hepáticas Biotransformação (Fase 2) Reações de conjugação (acoplamento ou fase sintética) Especialmente no fígado. Agregam estruturas polares endógenas (maior hidrossolubilidade) Elimina compostos mais reativos (detox) Ex. glicuronídeo, glutationa, sulfato, acetil. Glicuronidação é a via mais comum (adição do ácido glicurônico) Facilita a eliminação urinária Ex. tiroxina, morfina, bilirrubina Conjugação com glutationa Função antioxidante em compostos mais reativos Menos danos por sobrecarga hepática Inativação do NAPQI (metabólito do paracetamol - tóxico a ponto de causar necrose hepática), o que dá maior destaque para a importância da glutationa Depleção de glutationa Toxicidade do paracetamol Dose máxima diária (2g) Eliminação pré-sistêmica Efeito de 1ª passagem Durante absorção Fígado, pulmões, intestino Menor biodisponibilidade oral Maior dose v.o. (ex. anticoncepcionais) O caso dos pró-fármacos Fármacos administrados na forma inativa que precisam sofrer metabolismo para serem ativados (maior biodisponibilidade e T1/2) Contorna (e depende da) “eliminação pré-sistêmica” Maior ativação (mais biodisponível) por v.o. Ex. Codeína (inativa) -> Morfina (ativa) Principais enzimas na biotransformação Poucas enzimas para muitos substratos Alterações enzimática e metabolismo [1] Indução enzimática (fármacos lipofílicos – conseguem atravessar a membrana, chegar até o núcleo e alterar a expressão gênica) Induzem uma maior síntese enzimática (longo prazo) e maior metabolismo (próprio ou não) -> perda de efeito Tolerância cinética: não que um fármaco não causa efeito no organismo, mas tem maior eliminação comprometendo sua função biológica. Ex. Erva-de-São João induz uma maior síntese enzimática e maior metabolismo de contraceptivos orais, facilitando que mulheres engravidem mesmo tomando anticoncepcional. [2] Inibição enzimática Inibidores ou substâncias que competem como substrato Menor metabolismo (próprio ou não) -> aumento do efeito Uso terapêutico e implicações de inibição / indução enzimáticas Tanto em indução e inibição, os pró-fármacos tem resposta contrária. [3] Polimorfismo genético e variação individual (farmacogenética) Taxas metabólicas diferentes em uma mesma população 10% população mundial resistente aos efeitos da codeína (por deficiência de uma enzima que ativa a codeína) Variação interespécies e intra-espécie (étnicas, gênero e idade). Em geral, homem metaboliza melhor do que mulher. Idosos e crianças tem um metabolismo menor que adultos. Situações que podem reduzir o metabolismo: desnutrição, tabagismo, chumbo, menor temperatura. Em resumo Nem todo fármaco precisa passar por fase 1 e 2. Vias de eliminação (excreção) Principal urinária (compostos polares), fecal (compostos apolares), pulmonar, mamária e suor. Excreção de fármacos inalterados Exige balanço entre características polares e apolares. Em geral, podem ser reabsorvidos antes da excreção Antibióticos de ação nas vias de excreção é um exemplo de uso terapêutico. Por meio de transportadores específicos ou difusão Transporte livre de compostos lipofílicos (inalterado) Secreção tubular de compostos mais hidrofílicos (conjugados) Bloqueio de transportadores altera a eliminação. Excreção Urinária Balanço de mecanismos de excreção e reabsorção renal 20% do débito cardíaco é levado diretamente ao rim (maior clearance / depuração) Varia de acordo com cardiopatias e nefropatias. Na dinâmica de produção de urina, tem-se três etapas principais: [1] Filtração glomerular Responsável por 20% da depuração de fármacos que estão no sangue Droga lipossolúvel / baixo peso molecular (vai precisar atravessar o endotélio, a membrana basal e o epitélio do glomérulo) Livre no plasma Varia com pressão sanguínea [2] Secreção tubular Responsável por 80% da depuração Transportadores ativos ou passivos (consegue inclusive eliminar formas ligadas; a proteína fica no sangue, o transportador consegue “desligar” o fármaco) Passagem de moléculas polares (glicuronídeos) Deficiente em neonatos! Competição por transportadores (ex. antibióticos esterificados com probenecida) [3] Reabsorção tubular (distal) Formas polares pouco reabsorvidas (“aprisionamento iônico”) Urina ácida (dieta proteica) ou alcalina (vegetarianos) Substância básica em pH básico => tende a aumentar a absorção Substância ácida em pH ácido => tende a aumentar a absorção Para eliminar melhor uma substância básica => acidifica a urina Para eliminar melhor uma substância ácida => alcaliniza a urina Na clínica dá para manipular o pH da urina para aumentar ou diminuir a eliminação de uma substância, através de bicarbonato e vitamina C oral, por exemplo. Depuração renal (clearance) Varia de acordo com a idade. Indica a remoção completa de soluto num volume / tempo. Maior depuração, maior eliminação, menor T1/2. ! Insuficiência renal. Outras vias de excreção Via biliar-fecal (ciclo de retenção entero-hepático) Compostos polares na bile (conjugados ácidos biliares) Prolonga efeito por reabsorção intestinal (microbiota) ! Hepatites e cálculos vesicular. Eliminação fecal. Eliminação do leite (pH = 6,8) Importância toxicológica ao lactente pH > 7: facilita eliminação de ácidos (varfarina, barbitúricos) pH < 7 (mastite):facilita eliminação de bases (morfinas, BZDs) Eliminação pulmonar Gases anestésicos (N2O, etanol) Menor frequência respiratória, menor eliminação. Eliminação sudorípara / sebácea Pouca importância em humanos Fármacos com cinética de saturação Menos mecanismos de eliminação a longo prazo Mais saturação de proteínas plasmáticas e depósitos teciduais Danos hepáticos e renais: aumentam [plasmáticas] por diminuir o metabolismo de eliminação Controle de dose / regime posológico é essencial.
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