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Resumo – Módulo II Patologia Geral Distúrbios circulatórios • Hiperemia Aumento de sangue no interior dos vasos o Ativa: Aumento da velocidade do fluxo sanguíneo. Ocorre por vasodilatação arteriolar. Etiologias: 1. Estimulação simpática (estímulo neurogênio - rubor) a. Morfologia: região vermelho-clara, com maior volume, quente (sangue de regiões mais internas indo para as periferias), pulsátil (sangue arterial), macroscopicamente visível no vivo, capilares e arteríolas dilatadas. 2. Substâncias vasoativas (inflamação: ↑histamina) a. Patogênese: Mediadores inflamatórios aumentam o relaxamento dos leiomiócitos, que provocam a resistência pré-capilar, ocasionando em vasodilatação arteriolar, que consequentemente aumentará o fluxo sanguíneo. ▪ Consequências: Hemorragia, edema, degeneração, hipotrofia, nerose, fibrose, trombose. o Passiva: Redução da drenagem venosa por diminuição da velocidade do fluxo. Etiologias: 1. Diminuição do retorno venoso em consequência de obstrução localizada: trombose a. Patogênese: Obstáculo venoso, leva à resistência pós- capilar, ocasionando em deficiência de drenagem venosa, que diminui o fluxo sanguíneo e aumenta o acúmulo de sangue. 2. Redução do retorno venoso sistêmico ou pulmonar: insuficiência cardíaca, compressão tumoral, invasão venosa por neoplasia ▪ Consequências: Hemorragia, Edema • Hiperemia passiva crônica nos membros inferiores o Insuficiência cardíaca crônica o Incapacidade valvular das veias e da bomba venosa da perna para manter o retorno venoso o Provoca edema (tecido conjuntivo) que se acumula durante o dia enquanto o individuo permanece em pé, e é aliviado enquanto o individuo mantêm os membros elevados ou está deitado o À longo prazo surge hemorragia que pode levar à fibrose, que irá aumentar o enrijecimento. O enrijecimento, dificulta a passagem de sangue, ocasionando em uma diminuição de O2, que poderá levar à necrose e ao surgimento de uma úlcera. (A liberação de histamina provoca coceira) o O escurecimento da pele deve-se à pigmentação hemossiderótica. o A dilatação venosa e a lentidão do fluxo favorecem a formação de trombose. Fatores de risco incluem: ▪ Irreversível: genética, maior idade, mulheres (estrogênio e progesterona diminuem a resistência vascular). ▪ Reversível: Obesidade, sedentarismo, ocupação, salto alto, tabagismo (aumento da viscosidade do sangue). • Hiperemia passiva na insuficiência cardíaca o Ocorre estenose (estreitamento) da válvula mitral (átrio esquerdo), aumentando o acúmulo de sangue nas veias pulmonares, que pode causar edema pulmonar e dificultar a respiração (dispneia localizada). o Pode ocorrer também a estenose da válvula tricúspide (átrio direito), acumulando o sangue nas veias cavas (aumento da pressão venosa central). Essa estenose provocará uma hiperemia passiva sistêmica, que poderá provocar aumento de sangue no fígado (hepatomegalia) e em seguida no baço (esplenomegalia), congestão das alças intestinais, ascite, hidrotórax, hidropericárdio, membros inferiores. Válvula tricúspide normal Estenose tricúspide • Edema: Acúmulo de liquido no interstício ou em cavidades pré-formadas do organismo. Classificações: 1. Quanto à localização: a. Localizados: Hidroperitônio, Ascite, hidrotórax, hidropericárdio. b. Generalizados: Anasarca (face, pleura, pericárdio, peritônio, pés, tornozelos e pernas de não acamados e área sacral de acamados 2. Quanto à constituição: a. Exsudato: causado por mediador químico inflamatório. Há o aumento da permeabilidade capilar e resultando em exsudação (extravasamento) de fluido, proteína, células e outros constituintes séricos (alta densidade, turvos, contém fibronogênio e coagulam em tubo de ensaio). Os espaços interendoteliais aumentam de tamanho devido à vasodilatação e estase decorrente da inflamação (muitos leucócitos). Órgãos linfáticos não conseguem absorver. Consistência mais firme b. Transudato: é caracterizado pela baixa quantidade proteínas (baixa densidade). Sua causa é pelo aumento da pressão hidrostática (obstrução do fluxo venoso) ou redução da síntese de proteínas plasmáticas (resultado da pressão osmótica coloidal diminuída). As possíveis causas são insuficiência cardíaca, renal e hepática. Ele é o oposto do exsudato por não ser decorrente de um processo inflamatório (poucos leucócitos ou inexistentes). Límpidos, não contem fibrogênio e não coagulam em tubo de ensaio. o Patogênese ▪ Aumento da Pressão Hidrostática Capilar (PHC) A pressão do sangue que chega às arteríolas aferentes é denominada pressão hidrostática capilar (phc). Ela tende a deslocar líquido do capilar para o espaço de Bowmann. Com a hiperemia, o aumento de sangue nos vasos causa o aumento da pressão de filtração, resultando em acúmulo de líquido. ▪ Redução da pressão oncótica plasmática (POP) Pressão oncótica ou pressão osmótica coloidal, em áreas da saúde, é a pressão osmótica gerada pelas proteínas no plasma sanguíneo, especialmente pela albumina e pelas globulinas. Como as proteínas plasmáticas geralmente não conseguem atravessar paredes de capilares sanguíneos saudáveis, elas exercem significativa pressão osmótica sobre os íons e água que atravessam as paredes dos capilares em direção ao sangue, e dessa forma, equilibram parcialmente a quantidade de líquido que sai dos capilares por pressão hidrostática com a que retorna. Em condições onde as proteínas plasmáticas estão reduzidas (queimaduras, glomerulopatias, gastroenteropatias, hepatopatias, desnutrição severa), a queda na pressão oncótica resulta em um aumento da pressão de filtração, diminuição da volemia que desencadeará em menor retorno de líquido intersticial provocando edema (acúmulo anormal de líquido no espaço intersticial) ou ascite. ▪ Aumento da permeabilidade vascular (PV) Durante uma inflamação, por exemplo, mediadores químicos favorecem a contração do citoesqueleto endotelial, aumentando assim, os espaços interendoteliais culminando no extravasamento de líquido rico em proteínas. ▪ Alteração da drenagem linfática Insuficiência cardíaca, leva ao aumento da pressão nas veias (PVC), que diminui a drenagem linfática via canal (ducto) torácico e da periferia, culminando em acúmulo de liquido (anasarca) Exemplos: Fibrose, remoção de linfonodos, invasão neoplásica, compressão tumoral, elefantíase. Criam obstáculo local à drenagem linfática, resultando em acúmulo de líquido rico em proteínas. ▪ Alterações do interstício Com o aumento da pressão vascular e consequente extravasamento de proteínas, a pressão oncótica intersticial (POI) aumenta, resultando em acúmulos de líquidos. ▪ Retenção renal de sódio e água A insuficiência cardíaca, diminui o retorno venoso e odébito cardíaco, e aumenta a pressão venosa central. Essa PVC irá favorecer o edema, com diminuição da volemia, ativando barorreceptores, ocorrendo a liberação de adrenalina, que irá ocasionar em vasodilatação arteriolar renal, onde células justaglomerulares dos rins em resposta, liberará a renina (enzima que regula a entrada e saída de sangue no Glomérulo com aumento ou diminuição da pressão arterial) a renina quebra o Angiotensinogênio (forma inativa da angiotensina), transformando-o em Angiotensina I, que migra pela circulação. Ao passar pelos vasos pulmonares, a angiotensina I interage com uma ectoenzima presente nas células endoteliais,principalmente dos pulmões, chamada Enzima Conversora de Angiotensina (Comumente chamada ECA) ou Covertase, transformando-se em Angiotensina II. A angiotensina II vai para os rins via corrente sanguínea, onde, nos capilares dos túbulos dos néfrons, estimulará a constrição da arteríola eferente, aumentando assim a TFG (Taxa de filtração glomerular), e, consequentemente a pressão. Simultaneamente, a angiotensina II também se dirige ao córtex das glândulas suprarrenais (ou adrenais), estimulando a liberação do hormônio aldosterona, que se dirige aos rins, no túbulo contornado distal dos néfrons e estimula mais ainda a reabsorção de sódio e água, aumentando ainda mais a volemia e a pressão. Após realizar sua função, a angiotensina II é convertida em angiotensina III (inativa), e essa sofre ação de angiotensinases, sendo degradada em vários aminoácidos que serão reaproveitados pelo nosso organismo. • Hemorragia Saída de sangue nos vasos ou coração para o interstício, cavidades naturais ou para fora do organismo. Classificação: ▪ Externas ▪ Internas (a) Interstíciais: ▪ Petéquia: (pontilhado hemorrágico) Uma petéquia é um pequeno ponto vermelho no corpo (na pele ou mucosas), causado por uma pequena hemorragia de vasos sanguíneos. Em contraste com outras manchas na pele, as petéquias não somem ou clareiam quando são pressionadas. ▪ Equimose: extravasamento de fluído orgânico é um sangramento no tecido subcutâneo, com diâmetro maior que 1cm, originado da ruptura de um ou mais capilares sanguíneos. ▪ Sufusão Hemorrágica: Em que há extravasamento de sangue para os tecidos vizinhos,que se espalha sobre a pele; afluxo de sangue em determinadas partes do corpo. ▪ Hematoma: uma coleção (ou seja, acúmulo) de sangue num órgão ou tecido, geralmente bem localizado e que pode dever-se a traumatismo, alterações hematológicas ou outras causas ▪ Apoplexia Derrama (de sangue) encontrada no interior de um órgão; Padecimento dos centros nervosos que se manifesta pela perda súbita das sensações e dos movimentos. ▪ Em cavidades pré-formadas (ex: peritônios) o Patogênese da hemorragia ▪ Ruptura vascular: causada por traumatismos ▪ Erosão: Causada por necrose caseosa, HCl (estômago), neoplasias ▪ Diapedese: Passagem dos leucócitos do sangue para o tecido conjuntivo. Faz-se atravessando os vasos capilares. Este processo ocorre geralmente quando uma parte do organismo fica lesionada, pelo que o processo de inflamação é necessário. EX: hiperemia, diáteses hemorrágicas. o Cocaína, anfetaminas, ecstasy ▪ Anfetaminas É o grupo mais comum das drogas psicoestimulantes. Representado pela dextroanfetamina (ou simplesmente anfetamina), metanfetamina, fenmetazina. Mais recentemente, foram introduzidas a metilenodioxianfetamina (MDA) e metilenodioximetanfetamina (MDMA – "ecstasy"). Os derivados anfetamínicos podem agir de diversas maneiras, mas agem principalmente aumentando a liberação de neurotransmissores. As drogas semelhantes à anfetamina são classificadas como agonistas de ação indireta das sinapses noradrenérgicas, dopaminérgicas e serotoninérgicas. Estas ações resultam tanto da inibição da recaptação dos neurotransmissores como da inibição da enzima monoamino oxidase (MAO). ▪ Cocaína A cocaína ocupa ou bloqueia os "sítios transportadores de dopamina" nas células cerebrais. Os "sítios transportadores de dopamina" levam a dopamina (dopamina é uma substância sintetizada pelas células nervosas que age em certas regiões do cérebro promovendo, entre outros efeitos, a motivação) de volta para dentro de certos neurônios, após ela ter dado uma "passeada" pelo cérebro promovendo seus efeitos. Se a cocaina ocupar o mecanismo de transporte da dopamina, esta substância fica "solta" no cérebro até que a cocaína saia, e é justamente a presença anormalmente longa dela no cérebro é que causa os efeitos eufóricos associados com o uso da cocaína. ▪ Tanto a dopamina como outras substâncias aumentadas no cérebro que circula no sangue, inibe a recaptação da adrenalina, e esse transmissor irá estimular o sistema nervoso simpático, como se o organismo estivesse preparado para enfrentar uma situação de alto estresse (uma situação de “luta ou fuga”, como é conhecido). Assim, os efeitos observados no SCV serão o aumento na frequência cardíaca e vasoconstrição da maioria das artérias (exceto aquelas que irrigam os músculos). Como resultado final, a pressão sanguínea dispara. Em certo momento, a pressão exercida de dentro pra fora pelo sangue – e de fora para dentro pela túnica média de vasos– vai fazer a túnica íntima entrar em colapso e se romper. Assim, o sangue invadirá as outras camadas da parede do vaso. A própria pressão sanguínea agravará a situação, dando força o bastante para o sangue seguir rasgando as túnicas, podendo, inclusive, romper todas as camadas, levando a uma hemorragia massiva. Estas hemorragias agudas podem levar ao infarto no cérebro (zona de morte celular, causada por falta de oxigênio), bem como necrose do miocárdio, podendo levar à morte súbita. • Diáteses hemorrágicas Tendência para sangramento sem causa aparente (hemorragias espontâneas) ou hemorragia mais intensa ou prolongada após um traumatismo.Síndromes com tendência à hemorragia por deficiência na coagulação e também às septicemias o Púrpuras Descreve um quadro hemorrágico generalizado (petéquias e sufusões extensas em várias serosas e mucosas, geralmente associado às diáteses hemorrágicas). Deve-se a: 1. Alterações vasculares: Vasos e estruturas adjacentes podem estar fracos estruturalmente, devido a: a. Deficiência de vitamina C (que possui como principal função, a hidroxilação do colágeno, proteína fibrilar que dá resistência e estrutura as paredes dos vasos sanguíneas); b. Doenças genéticas de síntese do colágeno c. Deposição de imunocomplexos: Envolve antígenos solúveis que não estão unidos à superficie celular. Quando estes antígenos se unem aos anticorpos, se formam imunocomplexos de tamanhos variáveis. Os imunocomplexos maiores podem ser depurados por macrófagos, mas estas células tem dificuldade em eliminar os imunocomplexos menores. Estes imunocomplexos se depositam em pequenos vasos sanguíneo frequentemente induzindo uma resposta inflamatória, o que pode provocar lesões nos lugares de precipitação. A causa das lesões é resultado da ação das anafilotoxinas do componente clivadas C3a e C5a, as quais, respectivamente, mediam a indução da liberação dos grânulos dos mastocitos (dos quais a histamina liberada pode provocar urticária) e o recrutamento de células inflamatórias no tecido (principalmente aquelas com ação lisossomal, levando ao dano tissular através de fagocitose frustrada dos polimorfonucleares e macrófagos) 2. Alterações plaquetárias: a. Diminuição no número de plaquetas ( também chamadas trombócitos, são células sanguíneas que bloqueiam a hemorragia obstruindo os vasos sanguíneos danificados e que ajudam na coagulação do sangue). O Cloranfenicol ( um antibiótico de amplo espectro, sendo eficaz contra bactérias Gram-negativas, Gram- positivas e riquétsias - É um inibidor da síntese proteica bacteriana, por inibição da unidade ribossómica 50S) pode provocar reações adversas, como depressão da medula óssea e discrasias sanguíneas graves e fatais como a anemia aplástica (produção insuficiente de células pela medula óssea). b. Aumento da destruição das plaquetas: púrpura trombocitopênicaidiopática (PTI), é uma doença autoimune, adquirida e geralmente benigna, de causa desconhecida, que se caracteriza por trombocitopenia (baixas contagens de plaquetas). c. Defeito na função plaquetária: O tromboxano (são assim nomeados em referência à sua capacidade de formar trombos) A2 (TXA2), produzido por plaquetas ativadas, estimula a ativação de outras plaquetas, aumentando a agregação plaquetária. Medicamentos que contém ácido acetilsalicílico (ASPIRINA) agem inibindo a capacidade da COX sintetizar precursores dos troboxanos nas plaquetas. Como efeito colateral, pessoas que tomam aspirina regularmente podem sofrer hemorragias com maior frequência. d. Aumento do consumo das plaquetas: Na coagulação intravascular disseminada (CID), coágulos anormais são formados dentro dos vasos sanguíneos devido a queimaduras, traumatismos, câncer, dentre outros. Esses coágulos anormais esgotam os meios de coagulação do sangue (plaquetas), podendo levar a um sangramento intenso em outros locais (hemorragia). • Coagulopatias Termo geral para doenças em que o sangue não coagula com tanta rapidez quanto deveria ou simplesmente não coagula. o Macro: ▪ 1° dia: vermelho devido ao extravasamento de hemácias ▪ Dias seguintes: azul-violáceo devido a redução do teor de oxidênio ▪ 1ª semana: esverdeado pelo acúmulo de bilirrubina e biliverdina ▪ 10° dia: amarelado devido ao acúmulo de hemossiderina. o Micro: ▪ Hemorragia recente ▪ Hemorragia antiga São causadas por: 1. Deficiência de fatores de coagulação: a. Deficiência de vitamina K A vitamina K apresenta-se sob duas formas: Filoquinona: Esta forma ocorre em plantas e é consumida na dieta. É melhor absorvida quando é consumida juntamente com gordura (lipossolúvel). Menaquinona: Esta forma é produzida por bactérias no intestino, mas apenas pequenas quantidades dela podem ser absorvidas. A vitamina K é necessária para a síntese das proteínas que ajudam a controlar o sangramento (fatores de coagulação) e, por isso, para a coagulação normal do sangue. A principal consequência da deficiência de vitamina K é o sangramento (hemorragia) sob a pele (que causa manchas negras), nasal, de uma ferida, do estômago ou do intestino. O sangramento no estômago, às vezes, provoca vômitos com sangue. Pode observar-se a presença de sangue na urina ou nas evacuações. b. Hepatopatias Qualquer condição que danifica o fígado e impede seu bom funcionamento. As doenças hepáticas, em sua fase cirrótica, frequentemente evoluem com distúrbios da crase sanguínea. A natureza desses distúrbios é complexa e multifatorial em decorrência da interação dinâmica entre os sistemas pró-coagulante, anticoagulante e fibrinolítico. A cirrose hepática resulta em graus variados de déficit de fatores plasmáticos da coagulação (com exceção do fator VIII), disfunção e diminuição do número de plaquetas, disfunção endotelial e hiperfibrinólise. Condições associadas contribuem para agravar os distúrbios de coagulação. A insuficiência renal comumente associada à doença hepática avançada agrava a disfunção plaquetária. Infecções bacterianas levam à liberação de heparinoides endógenos, o que explica a piora de diversos parâmetros de coagulação durante episódios de infecções graves, em particular da peritonite bacteriana espontânea. Dentro dessa visão clássica, todos esses fatores se combinam para determinar um estado de hipocoagulabilidade c. CID (explicado anteriormente) d. Hemofilia (fator VIII) O fator VIII de coagulação (FVIII) é uma proteína essencial para a coagulação do sangue, também chamada fator antihemofílico (AHF). O fator VIII produz-se nas células sinusoidais do fígado e em células endoteliais não-hepáticas localizadas por todo o corpo. Esta proteína circula na corrente sanguínea na forma inativa, unida a outra molécula chamada fator de von Willebrand, até que se produza uma lesão que danifica os vasos sanguíneos. Em resposta a uma destas lesões, o fator de coagulação VIII é ativado e separa-se do fator de von Willebrand. A proteína ativa (que se costuma denominar fator VIIIa) interage com outro fator de coagulação chamado fator IX. Esta interação inicia uma cadeia de reações químicas adicionais que forma um coágulo sanguíneo. Os defeitos neste gene originam hemofilia A, um transtorno de coagulação recessivo ligado ao cromossomo X. 2. Exacerbação de fatores anti-coagulantes: a. Liberação de ativador tecidual do plasminogênio (t-PA) Ativador do plasminogênio tecidual (t-PA) é uma protease sérica secretada que converte a proenzima plasminogênio em plasmina (processo através do qual um coágulo de fibrina - produto da coagulação do sangue - é destruído). O papel clássico do tPA é no sistema de coagulação, sendo considerado um anti-agregante plaquetário . Especificamente, a tPA catalisa a conversão do plasminogênio em plasmina. • Choques Choque se refere a um estado em que não bastante sangue e oxigênio estão atingindo seus órgãos vitais. Com pressão baixa sendo seu principal sintoma. Se um estado de choque dura muito tempo, a falta de oxigênio começa a danificar seus órgãos de promoção da saúde. Mecanismo geral: Ocorre uma redução do débito cardíaco em decorrência a diminuição do retorno venoso para o coração como consequência de uma perda súbita do volume intravascular (↓volemia). Neste momento os mecanismos compensatórios na tentativa de aumentar o volume de líquidos circulantes ativam o sistema nervoso simpático e as respostas neuro-hormonais. Se a situação ainda persistir é desviado para os órgãos vitais como coração, pulmão e cérebro, o volume sanguíneo ainda existente provocando então uma redução na perfusão de certos órgãos como fígado, estômago e rins. A pele fica pálida e úmida, as extremidades frias (sensação de frio – vasoconstrição periférica). Caso não haja a reposição do volume perdido, os mecanismos compensatórios tornam-se ineficazes provocando então hipoperfusão celular e incapacidade de manter em níveis normais a oferta de oxigênio celular para o metabolismo, assim as células passam a utilizar o metabolismo anaeróbico desencadeando então acidose lática. A estimulação simpática torna-se prejudicial, pois a mesma na tentativa de aumentar a frequência cardíaca, a contratilidade e a resistência vascular sistêmica acaba aumentando a sobrecarga cardíaca tendo como consequência um maior consumo miocárdico de oxigênio e aumento no metabolismo miocárdico. Em decorrência a falta contínua de volume circulante não ocorre adequada liberação de oxigênio para o órgão vital neste caso o coração, criando então um ciclo vicioso. Com a incapacidade de fornecer oxigênio suficiente para o coração acaba forçando o metabolismo anaeróbico a satisfazer às necessidades energéticas celulares, como consequência o metabolismo anaeróbico não consegue fornecer suficientemente ATP a essas necessidades energéticas e é onde acaba sendo instalada a lesão isquêmica. Caso a situação continue pode ocorrer falência do órgão vital, o coração pois hipóxia e anóxia provocam necrose (irreversível) ou a geração de mediadores favorecerá a vasodilatação com abertura dos esfíncteres pré-capilares, formando edema (reversível). o Cardiogênico: é uma emergência médica na qual há insuficiência de irrigação sanguínea porque o coração não consegue bombear sangue com eficiência. Isso reduz o suprimento de oxigênio e nutrientes do resto do organismo e pode ser fatal se não tratado correta eimediatamente. ▪ Causas: Infarto do miocárdio, ruptura do coração(perfusão), arritmias cardíacas ▪ Consequência: Diminuição da volemia pode levar à falência cardíaca o Hipovolêmico: também chamado choque hemorrágico, é ocasionado por uma diminuição do fluxo sanguíneo proporcionando uma perfusão tecidual diminuída e lesão celular irreversível, isto pode levar a falência do sistema circulatório. ▪ Causas: Ele pode ter origem por uma desidratação (vômitos e diarreias), queimaduras e por severas perdas sanguíneas (hemorragias). Sendo necessária a instalação adequada de medidas de reposição de volume para corrigir o quadro clínico. ▪ Consequências: é a principal causa de morte de vítimas politraumatizadas (acidentes, quedas,etc). o Séptico: Infecção generalizada (septicemia) envolvendo a liberação de mediadores ▪ Causas: geralmente causado por infecção bacteriana. Qualquer tipo de bactéria pode causar choque séptico. Fungos e vírus também podem causar essa condição, embora infecções virais sejam extremamente raras. ▪ Consequências: falência de órgãos e pressão arterial perigosamente baixa. o Choque neurogênico: é um tipo de choque distributivo ou vasogênico, no qual há perda do tônus simpático que causa a hipovolemia relativa, isto é, a perda do equilíbrio entre as estimulações parassimpática e simpática. ▪ Causas: pode ocorrer por lesão da medula espinal, anestesia espinal ou alguma outra lesão do sistema nervoso, pode ser resultado de ação depressora de medicamento ou falta de glicose como, por exemplo, reação à insulina ou choque insulínico ▪ Consequência: Desequilíbrio do controle vasomotor • Trombose Trombose é a formação de um trombo no interior do coração ou de um vaso sanguíneo num indivíduo vivo. Trombo Coágulo Massa sólida estruturada Massa sólida não estruturada Interno ao coração e vasos Externo ao coração e vasos (interno = morte) Aderido Não aderido Granuloso, seco, opaco Superfície brilhante e úmida, é homogêneo, elástico o Classificações: 1. Quanto à composição/estrutura: a. Trombos brancos: constituídos basicamente de plaquetas e fibrina, estão geralmente associados às alterações endoteliais, sendo mais frequentes em artérias. ▪ Macro: Brancacentos (fibrina + plaquetas), sede em artérias. ➢ Trombos hialinos: constituídos principalmente de fibrina, estão geralmente associados a alterações na composição sanguínea, sendo mais frequentes em capilares. b. Trombos vermelhos: "de coagulação", ou ainda "de estase": ricos em hemácias, mais freqüentes em veias (Flebotrombose); ▪ Macro: Vermelhos (hemácias + fibrina + leucócitos) c. Trombos mistos: ▪ são os mais comuns. Formados por estratificações fibrinosas (brancas), alternadas com partes cruóricas (vermelhas). São alongados e apresentam 3 partes: ➢ Cabeça: trombo branco, pequeno, fixado no endotélio; ➢ Colo: porção estreita intermediária, na qual se configuram as "linhas de Zahn" resultantes da alternância de zonas brancacentas e avermelhadas; ➢ Cauda: trombo vermelho. 2. Classificação quanto ao grau de oclusão vascular a. Trombos parietais: obstruem parcialmente a luz vascular. Comuns na trombose arterial e na cardíaca. b. Trombos ocludentes ou oclusivos: obstruem totalmente a luz vascular. É relativamente comum tanto nas tromboses arteriais (ateroscleróticas) quanto nas venosas. 3. Classificação quanto à idade a. Trombo recente: constituído apenas por células do sangue e fibrina. A fibrina forma grumos e/ou filamentos róseos dispostos em várias direções entre as hemácias. (setas pretas) b. Trombo antigo: células provenientes da parede vascular invadem o trombo. São células endoteliais e células conjuntivas totipotentes, que se distribuem entre a fibrina e as hemácias e são notadas pelos seus núcleos (foto da direita - praticamente não se observa citoplasma). As hemácias nesta fase já estão em grande parte hemolizadas e seu número parece menor que no trombo recente. As células se organizam para formar capilares neoformados, que em parte confluem em outros de maior calibre. Este processo, chamado recanalização, porém, é abortivo na grande maioria dos casos, pois em geral não há reconstituição da luz original do vaso. O processo de organização dos trombos é semelhante em artérias e veias. (setas azuis – foto da esquerda) o Metabolismo das plaquetas Acomete uma série de reações que ocorre na plaqueta quando ela está desempenhando sua função na hemostasia primária, através da adesão, ativação (secreção) e agregação plaquetária 1. Adesão plaquetária A adesão plaquetária à parede do vaso danificado é a primeira etapa da hemostasia que envolve a participação da plaqueta e ocorre em torno de 1 a 3 segundos após a lesão vascular. Quando a integridade do sistema vascular é rompida, as plaquetas interagem com os componentes da matriz extracelular expostos na parede do vaso sanguíneo. A plaqueta apresenta diversos receptores de adesão, entre eles o complexo glicoprotéico Ib (GPIbα, GPIbβ, GPIX e GPV), que a liga ao fator de von Willebrand (FvW). A ligação entre o complexo glicoprotéico Ib e o FvW possibilita a adesão de outras plaquetas circulantes na superfície vascular. Assim será formada uma monocamada de células que cobrirá o tecido exposto. Esses mecanismos são considerados responsáveis pela regulação primária da adesão plaquetária. O FvW é um multímero produzido normalmente pelas células do endotélio e age produzindo uma espécie de ‘gancho’ entre a plaqueta e o colágeno subendotelial. Se o FvW não existisse, a força da corrente sanguínea não permitiria a adesão plaquetária por um período de tempo suficiente para dar a continuidade ao processo de hemostasia primária. A ligação do FvW ao complexo glicoprotéico Ib também induz a secreção de ADP, que aumenta a adesão plaquetária e contribuem para a formação posterior de um agregado plaquetário pela ligação ao fibrinogênio. A adesão plaquetária induz uma rápida transdução de sinal, desencadeando uma série de eventos (ativação plaquetária, mudanças no citoesqueleto associadas à alteração na conformação, expansão de pseudópodos, contração e secreção dos conteúdos granulares) que sustentarão a adesão e a subseqüente agregação plaquetária via receptor GpIIb/IIIa. 2. Ativação plaquetária O primeiro sinal de ativação plaquetária é sentido na sua membrana externa, onde os fatores capazes de promover esta ativação (agonistas plaquetários) se ligam aos seus receptores específicos. Os agonistas plaquetários são o ADP, a trombina, a epinefrina, o fator de ativação plaquetária (PAF), o tromboxano e o colágeno. Uma vez que um agonista se liga ao seu receptor específico (receptor de membrana plasmática), a sua proteína G ativa uma enzima geradora de sinal, a fosfolipase C. A fosfolipase C que já se encontra no citosol da plaqueta, hidrolisa o fosfolipídeo da membrana plaquetária, o fosfatidilinositol 4-difosfato (PIP-2), gerando os segundos mensageiros: o diacilglicerol (DAG) e o trifosfato de inositol (IP3). O IP3 provoca o aumento do cálcio iônico intraplaquetário (Ca2+) e o DAG ativa a proteína quinase C (PKC), que leva à fosforilação de diversos substratos, inclusive da p47- phox, que contribuem para a secreção plaquetária de substâncias contidas nos grânulos densos e mudança de forma e agregação plaquetária. O aumento de Ca2+ intraplaquetário, gera estímulo para a síntese do tromboxano A2 (TXA2) e produz a fosforilaçãoda cadeia leve da miosina. A síntese do TXA2 ocorre a partir de uma série de reações: o aumento de Ca2+ intraplaquetário estimula a fosfolipase A2 (PLA2) que hidrolisa fosfolipídeos da membrana, particularmente fosfatidilcolina e fosfatidiletanolamina, liberando assim o ácido araquidônico. Este ácido liberado é então substrato para as enzimas cicloxigenases (COX1, COX2 e peroxidase), que desencadeiam a síntese das prostaglandinas. A enzima tromboxano sintetase age sobre a prostaglandina, realizando assim a síntese do TXA2. O TXA2 age como um potente agregador de plaquetas (maior descoberto até agora) e vasoconstritor. A miosina, ao interagir com a actina, promove, por contração, a compressão dos constituintes do citosol plaquetário, inclusive dos corpos densos e grânulos alfa, e com isso leva à secreção de substâncias. A actina e a miosina também promovem a mudança de forma das plaquetas. Após a ativação, as plaquetas secretam o conteúdo dos grânulos densos (ADP, cálcio, ATP, GTP, tromboxano e serotonina). O ADP irá promover maior ativação plaquetária. Os grânulos α 7 fundem-se para a membrana plasmática e libertam o seu conteúdo após a ativação das plaquetas. Estes grânulos contêm as moléculas adesivas, fator de crescimento, fibrinogênio, FvW, fibronectina e trombospondina, que promovem a adesão e a agregação adicional. Com a secreção do conteúdo dos grânulos, irá ocorrer a mudança de forma das plaquetas, levando a forma de pseudópode que facilitará a agregação de outras plaquetas. 3. Agregação Plaquetária As plaquetas ligam-se umas as outras, levando a formação da “teia plaquetária”. A ligação de uma plaqueta à outra é o resultado da ligação do fibrinogênio à glicoproteína IIb – IIIa. O fibrinogênio se encontra solúvel no plasma e a glicoproteína IIb – IIIa está presente na membrana fosfolipídica da plaqueta. A glicoproteína IIb – IIIa apenas se liga ao fibrinogênio após a plaqueta sofrer a alteração para a forma de pseudópode, ou seja, a glicoproteína IIb-IIIa é cálcio-dependente. Essa reação de agregação plaquetária é auto-catalítica ativando outras plaquetas, levando à formação do tampão hemostático primário. o Patogenia o Tríade de Virchow A tríade de Virchow é uma teoria elaborada pelo patologista alemão Rudolf Virchow (1821-1902). A tríade é composta por três categorias de fatores que contribuem para a trombose venosa e trombose arterial: 1. Lesão ao endotélio vascular É a maior e a mais frequente influencia na indução da trombose, pois, a integridade estrutural e funcional do endotélio são essenciais para a manutenção da fluidez do sangue. A lesão do endotélio por si só é suficiente para gerar a trombose. Principais causas: aterosclerose (mais importante), traumas mecânicos e pontos de estresse hemodinâmicos (como a bifurcação da artéria carótida), ação de agentes bacterianos* (artrites e flebites), lesões imunológicas (deposição de imunocomplexos, rejeição de transplantes), erosão da parede vascular por células neoplásicas. 2. Estase venosa (Diminuição no fluxo sanguíneo) As principais são a estase (Fluxo sanguíneo lento) e o turbulência (perda do fluxo linear saudável). Na lentificação do fluxo, os elementos figurados do sangue passam a circular mais próximo do endotélio, aumentando a probabilidade de as plaquetas entrarem em contato com o colágeno subendotelial (caso haja lesão endotelial); também a estase permite o acúmulo de fatores de coagulação ativados por retardar a sua remoção. No fluxo sanguíneo laminar ou normal, a porção mais periférica da coluna sanguínea está livre de todos os elementos figurados, mas, no fluxo turbulento, as plaquetas tocam o endotélio com maior frequência, fato comum em bifurcações arteriais e sacos aneurismáticos. Causa da estase: ICC, redução da contração muscular em pacientes acamados, causas de hiperemia passiva o Turbulência: bifurcações arteriais, aneurismas, aterosclerose. 3. Alterações na constituição do sangue (hipercoagulabilidade) São modificações na composição do sangue que facilitam a trombose, na grande maioria dos casos é devido ao aumento dos níveis plasmáticos de tromboplastinas teciduais, que ativam a coagulação pela via extrínseca, sendo de grande importância na coagulação intravascular disseminada (CID) que ocorre, por exemplo, em politraumatizados graves, grandes queimados, pós-operatório de grandes cirurgias - especialmente com circulação extra-corpórea prolongada -, câncer disseminado, descolamento prematuro da placenta, feto morto retido. Outras causas da hipercoagulabilidade do sangue são: a desidratação, a anemia falciforme, os estrógenos (inseridos em contraceptivos orais, o estrôgeno está associado ao aumento de protrombina e fibrogênio) e a própria gravidez. Pode ser tratada com anticoagulantes, como warfarina, ou antiplaquetários, como a aspirina, porém eles favorecem grandes hemorragias que podem ser fatais, transtornos renais e úlceras gástricas, então devem ser tomados com cautela. o Evolução: 1. Fibrinólise A fibrinólise é o processo através do qual um coágulo de fibrina (produto da coagulação do sangue) é destruído. A fibrina é degradada pela plasmina levando à produção de fragmentos circulantes que são depois destruídas por outras proteínases ou pelos rins e fígado. A proteína inativa de origem hepática (plasminogênio), quando ativado (pelo fator XIIa) em plasmina é capaz de quebrar a fibrina em produtos da sua degradação (PDF). 2.Organização: Invasão do trombo por macrófagos, fibroblastos (ambos aparentemente oriundos de monócitos) e por brotos de neovascularização (proliferação endotelial), que culminam com a transformação do mesmo em tecido de granulação. 3.Recanalização: Ocorre quando os vasos neoformados na fase de organização anastomosam-se, permitindo o restabelecimento parcial do fluxo sangüíneo (auxiliado pela fibrose e retração do trombo). Calcificação: Comum nos trombos sépticos e nos organizados, principalmente nos venosos (formando os "flebólitos") que podem permanecer firmes na parede vascular ou desprender-se e cair na corrente circulatória. 4.Embolização: Muito freqüente. Decorrem da fragmentação ou descolamento de trombos inteiros. É favorecida pelo amolecimento puriforme, pela fragilidade na fixação do trombo, pelo retardamento na lise ou na organização, pela compressão da região, pelo esforço e aumento do fluxo sangüíneo, etc... o Consequências ▪ Hiperemia Passiva levando ao edema, às degenerações e às hipotrofias, ou ao enfarte vermelho. ▪ Edema ▪ Embolia ▪ Isquemia levando à degenerações e às hipotrofias ou ao infarto; ▪ Infarto o Embolia Presença de um corpo sólido, líquido ou gasoso na circulação sanguínea ou linfática capaz de produzir obstrução. ▪ Classificação quanto ao sentido 1. Embolia direta: é a mais freqüente. Êmbolos se deslocam no sentido do fluxo sangüíneo. Ex: êmbolos oriundos de veias ou do lado direito do coração seguem para os pulmões ("Embolia pulmonar"), onde poderão determinar Insuficiência súbita do coração (lado direito) e morte por hipóxia sistêmica. Esta é a forma mais comum e mais letal no ser humano, sendo determinada em 95% dos casos por tromboembolismo dos membros inferiores. 2. Embolia Cruzada: É quando o embolo passa da circulação arterial para a venosa, ou vice-versa, sem atravessar a rede capilar, por intermédio de comunicação interatrial ouinterventricular, ou ainda de fístulas arterio-venosas. 3. Embolia Retrógrada: Êmbolos se deslocam no sentido contrário ao do fluxo sangüíneo. Visto em algumas parasitoses, como por exemplo na migração do Schistosoma mansoni do leito portal intra-hepático até ramos de veias mesentéricas e plexo hemorroidal no ser humano ▪ Classificação quanto à composição 1. Embolia sólida São os mais freqüentes. A grande maioria provêm de trombos. Além desses, massas neoplásicas, massas bacterianas, larvas e ovos de parasitos e mesmo fragmentos de ateromas ulcerados podem alcançar a circulação e agir como êmbolos. 2. Embolia Liquida São menos freqüentes. Classicamente têm-se a Embolia amniótica e a Embolia lipídica ou gordurosa. ▪ Na primeira o líquido amniótico é injetado pelas contrações uterinas durante o parto para dentro da circulação venosa, via seios placentários rompidos, predispondo à C.I.D. devido aos altos teores de trombina nesse líquido. ▪ Lípides podem formar êmbolos nas seguintes situações: ➢ Esmagamento ósseo e/ou de tecido adiposo ("Crush Syndrome"); ➢ Esteatose hepática intensa; ➢ Queimaduras extensas da pele; ➢ Inflamações agudas e intensas da medula óssea e tecido adiposo (osteomielites e celulites); ➢ Injeção de grandes volumes de substâncias oleosas via endovenosa; Acompanhando a embolia gasosa nas descompressões súbitas, quando o N2 dissolvido nas gorduras com pressão maior, torna-se insolúvel com a descompressão rompendo os adipócitos. 3. Embolia Gasosa São mais raros. Gases podem ocorrer na circulação nas seguintes situações: ▪ Injeção de ar nas contrações uterinas durante o parto; ▪ Ativação da coagulação ▪ Veias abertas em cirurgias ▪ Trasnfusões de sangue e injeções endovenosas ▪ Ruptura aveolar ▪ Cateterização cardíaca ▪ Perfuração torácica, com aspiração de ar para instalação de pneumotórax tornando possível a aspiração de ar também para vasos rompidos na área; ▪ Nas descompressões súbitas (mergulhadores, aviadores e astronautas). Quando sob pressurização, ocorre aumento do volume de gás dissolvido no plasma. Com a descompressão súbita, o gás se torna insolúvel também rapidamente, na própria circulação (fazendo com que o sangue "borbulhe", principalmente o N2, que tem um coeficiente de solubilidade menor que os outros gases atmosféricos). Neste caso ocorre dentro do sistema circulatório o mesmo que acontece quando você abre uma garrafa de Coca-Cola o Evolução: 1. Desintegração (fibrinólise) 2. Fixação na parede vascular 3. Saponificação, hidrólise, fagocitose 4. Dissolução e eliminação pela respiração 5. Metástase e Encistamento • Isquemia Deficiência ou ausência de suprimento sanguíneo e, consequentemente, de oxigênio, em determinado tecido ou órgão. o Etiologia ▪ Obstrução da luz vascular: Bloqueio luminal por embolia, trombose e/ou asteroclerose ▪ Compressão: por tumores, hematomas e/ou edemas ▪ Aumento da viscosidade sanguínea: anemia falciforme, queimaduras, desidratação. Reduz o fluxo especialmente na microcirculação; ▪ Disfunção endotelial crônica: A disfunção endotelial tem sido definida como um desequilibrio entre fatores relaxantes e contrateis entre mediadores pró-coagulantes e anti-coagulantes ou entre subestâncias inibidoras e promotoras de crescimento. Redução da capacidade de produção de NO (óxido nitrico) e PGl2/vasoespasmos ( devido ao tabagismo, diabetes, hipertensão, hipercolesterolemia, LPS) ▪ Choque cardiogênico (↓ débito cardíaco): a obstrução de uma artéria coronária (vasos sanguíneos do músculo cardíaco miocárdio) ▪ Choque (sequestro na microcirculação): o sangue é dirigido para a circulação central mantendo órgãos essenciais à sobrevivência imediata, como coração, sistema nervoso central e pulmões. A insuficiência microcirculatória isquêmica é estabelecida pela constrição desencadeada através dos mecanismos compensatórios do choque. Inicialmente o sangue flui apenas pelas metarteríolas devido ao fechamento dos esfíncteres pré- capilares. Nesta fase há passagem de liquido intersticial para a luz capilar, tentando repor a volemia. A medida que se acentua a constrição na arteríola terminal o fluxo é desviado pelas comunicações artério-venosas para as vênulas distais. Com a persistência da constrição sistêmica os tecidos entram em acidose devido à hipóxia tecidual. Este fenômeno intensifica a produção de fatores vasotrópicos locais que relaxam os esfíncteres pré- capilares. O sangue flui então para o leito capilar que, 5 nesta fase, está bastante ampliado. Isto causa dois efeitos: 1. (1) a quantidade de sangue que mesmo em condições de normovolemia seria insuficiente para irrigar todo o leito capilar distendido é precariamente baixa e resulta em diminuição do retorno venoso, da pressão venosa central e do débito cardíaco; 2. (2) o fluxo capilar sofre estase e não supre as necessidades da célula que se torna anóxica. Esta fase é agravada pela constrição das arteríolas proximais e vênulas distais que estão sob efeito dos fatores vasotrópicos sistêmicos. Em conseqüência a pressão hidrostática sistêmica não é transmitida ao sangue estagnado e os catabólitos não retornam pela circulação venosa. A acentuada redução no fluxo periférico propicia o acúmulo de fatores vasotrópicos locais que diminuem o tono vascular periférico agravando ainda mais a hipotensão. Esta expansão do leito vascular caracteriza a fase II do choque. A acidose resultante da hipóxia celular deprime diretamente o miocárdio e diminui a resposta deste á estimulação simpática das catecolaminas. Este conjunto de eventos recrudesce a isquemia e favorece o aparecimento de lesões endoteliais, liberação de tromboplastina e a agregação de hemácias , tornando o sangue hipercoagulável iniciando a fase de coagulação intravascular disseminada que caracteriza a fase III do choque. A perda funcional da barreira epitelial do trato gastrintestinal permite a passagem de flora e toxinas para o meio circulante. Com a generalização e agravamento da hipóxia tissular as funções de órgãos 6 vitais começam a deteriorar, ocorrendo hemorragias por coagulopatia de consumo, ativação generalizada de plasminogênio com fibrinólise sistêmica , microinfartos , vasoplegia, necrose tubular aguda e finalmente falência múltipla de órgãos caracterizando a fase IV ou de choque irreversível ▪ ↑ Metabolismo: No miocárdio isquêmico ocorre uma alteração metabólica na utilização de substrato principal para a obtenção de energia, com o uso da glicose através de mecanismo anaeróbio ao invés do metabolismo aeróbico por consumo de ácidos graxos livres. o Consequências Dependentes de: ▪ Velocidade de instalação: Pode ocorrer de forma rápida, no caso de um trombo, por exemplo, ou lenta, como acontece na aterosclerose. ▪ Grau de redução do calibre da artéria afetada (total ou parcial) e a duração ▪ Vulnerabilidade tecidual: (neurônios: 4-6min; miocardiócitos: 20-40min; células renais: 60-189min) ▪ Momento funcional: Por exemplo: a redistribuição sangüínea: sono por isquemia cerebral na digestão/ hiperemia gastrointestinal) ▪ Capacidade de transportar O2: 3. anemia: uma vez que a forma alterada das hemácias atrapalha o transporte adequado de oxigênio para os tecidos. 4. Monóxido de carbono: O CO une-se à hemoglobina para formar carboxihemoglobina (HbCO), impedindo assim o sangue de transportar oxigénio. ▪ Presença de circulação dupla/colaterais: 5.circulação colateral: são pequenos vasos sanguíneos que surgem no coração, ou em outros órgãos, para tentar suprir a falta de irrigação, quando ocorre por exemplo, uma oclusão completa da artéria. 6. circulação sanguínea dupla: entende-se como a existência de dois trajetos de circulação, o circuito pulmonar (sistema pulmonar) e a circulação sistêmica (circuito corpório). Nesse tipo de circulação, o sangue passa duas vezes pelo coração. o Tipos de Isquemia ▪ Isquemia parcial: Causa hipóxia (diminuição do aporte de oxigênio ou baixa concentração de oxigênio nos tecidos) podendo levar à: 7. Degeneração 8. Hipotrofia 9. Fibrose 10. Necrose ▪ Isquemia total: Causa anóxia (ausência de oxigênio, um agravante da hipóxia) que irá levar à necrose. • Infarto Infarto ou enfarte é uma necrose que se instala após interrupção prolongada do fluxo sanguíneo (isquemia), devido a algum distúrbio da circulação arterial ou venosa. Se segue à anoxia ou hipóxia (necrose isquêmica) Classificação: A. Infarto branco Área de necrose de coagulação (isquêmica) ocasionada por hipóxia letal local, em território com circulação do tipo terminal. A causa é sempre arterial (oclusão trombo-embólica, compressiva). • Sedes: rim, baço, coração e cérebro • Circulação terminal • Morfologia: necrose de coagulação. Hiperemia e hemorragia são restritas à periferia ➢ Obstrução vascular: Podendo ser ocasionada por trombose, embolia, etc. ➢ Necrose de coagulação: branco acizentada, com área bem delimitada ➢ Halo hiperêmico-hemorrágico ➢ Evolução: absorção, fibrose • Patogênese: obstrução arterial em órgão de circulação única • Mecanismo: Lesão direta dos tecidos, com a isquemia, iniciam-se outros fenômenos que poderão ampliar a lesão após a reperfusão. A degradação dos estoques de ATP para a produção de energia durante a isquemia leva a um aumento nos níveis intracelulares de hipoxantinas. Paralelamente, durante a isquemia há a conversão da xantinadeidrogenase (XD), enzima que metaboliza a hipoxantina através da oxidação do dinucleotídeo fosfato de nicotinamida (NADP), em xantina-oxidase (XO). Essa conversão se faz de maneira irreversível, através de proteases ativadas pelo cálcio, ou de maneira reversível, através da oxidação de grupos sulfidrila. A xantina-oxidase depende do oxigênio para a metabolização da hipoxantina e, quando este é fornecido pela reperfusão, formam-se como subprodutos os radicais livres do oxigênio (RLO), oxidantes com grande capacidade de lesão tecidual. Os radicais livres do oxigênio são espécies químicas caracterizadas pela presença de um elétron não pareado na última órbita, representado graficamente por um ponto. Essa característica confere a essas substâncias uma grande capacidade de reagir com outras, tornando-as importantes agentes oxidantes ou redutores. Os radicais livres do oxigênio implicados na lesão de reperfusão são: ânion superóxido (O2), o radical hidroxila (OH.) e o peróxido de hidrogênio (H2O2). O H2O2 na verdade não se constitui em um radical, pois não apresenta elétron livre em sua órbita. Dessa forma, a maneira mais correta de se referir a essas substâncias é denominando-as espécies reativas tóxicas do oxigênio. O radical superóxido (O2 –) é formado quando o oxigênio é reduzido por um elétron. A enzima superóxido-dismutase (SOD) catalisa a conversão do O2 – em H2O2, enquanto a enzima catalase converte o peróxido de hidrogênio em água e oxigênio. Entretanto, na presença de íons ferro ou cobre, pode haver a conversão do peróxido de hidrogênio no radical hAs Espécies reativas tóxicas de oxigênio são geradas nas células em condições normais, como no transporte de elétron pela mitocôndria. Porém nessas situações a geração de Espécies reativas tóxicas de oxigênio é pequena e seus efeitos bloqueados por enzimas intracelulares como a superóxidodismutase (SOD) e pelo tripeptídeo glutationa (GSH)(36). Na lesão de reperfusão, além de uma produção aumentada de Espécies reativas tóxicas de oxigênio, há uma menor disponibilidade de Superóxido-dismutase e Tripeptídeo glutationa, devido a menor síntese durante a isquemia. As Espécies reativas tóxicas de oxigênio podem atacar qualquer componente bioquímico da célula, mas os lípides, proteínas (tanto estruturais, quanto enzimas) e ácidos nucléicos são seus principais alvos. Como apresentam grande reatividade, as Espécies reativas tóxicas de oxigênio interagem com as primeiras estruturas que encontram, em geral os fosfolípides da membrana celular ou das membranas das organelas. A reação das Espécies reativas tóxicas de oxigênio com os ácidos graxos poliinsaturados da membrana celular leva à formação de vários radicais lipídicos (peróxidos lipídicos, hidroperóxidos lipídicos, conjugados dienos, malondialdeído), em uma cadeia de reações que culminarão com a disfunção da membrana e lise celular. As dosagens dos subprodutos da peroxidação lipídica, sobretudo do malondialdeído, têm sido utilizadas como marcadores da presença da lesão da membrana celular pelas Espécies reativas tóxicas de oxigênio. Essa peroxidação lipídica também promove ativação da fosfolipase A2, que, atuando sobre fosfolípides da membrana celular, libera os ácidos graxos que serão metabolizados ou pela ciclooxigenase, gerando prostaglandinas e tromboxana, ou pela lipoxigenase, gerando os leucotrienos. Além das lesões diretas sobre as células, as Espécies reativas tóxicas de oxigênio participam, junto com outros mediadores, tais como tromboxana A2, leucotrienos, fator de ativação plaquetária, de interações entre leucócitos e o endotélio, que provocam aumento da permeabilidade capilar e lesão tecidual. Essa interação se dá a partir da adesão entre essas células, a partir de receptores e contra-receptores expressos na superfície dos leucócitos e células endoteliais, denominados genericamente de moléculas de adesão. Essa interação se processa através de uma seqüência de eventos, cada um com participação de determinadas moléculas de adesão. Em uma fase inicial há uma fraca ligação entre os leucócitos e o endotélio (“rolling”), mediada pelas selectinas mobilizadas para a superfície das células em resposta a vários mediadores (hipóxia, trombina, histamina, produtos do complemento, ERTO, citoquinas). Em uma segunda fase dá-se a adesão e ativação dos leucócitos junto ao endotélio. A última fase corresponde à passagem do neutrófilo através do endotélio. A participação dos leucócitos na lesão de reperfusão se dá pela liberação de substâncias a partir da degranulação dos mesmos. Entre as substâncias, algumas são radicais livres. Além das substâncias oxidantes os leucócitos produzem enzimas proteolíticas, incluindo elastase, colagenase e gelatinase, que participam da lesão tecidual. B. Infarto vermelho Infarto vermelho é uma área avermelhada devido à intensa hemorragia, que ocorre em órgãos frouxos como o pulmão, com intensa circulação colateral. Este tipo de infarto pode ser causado por obstrução arterial ou venosa • Sedes: pulmão, intestino, ovários, testículos • Morfologia: área vermelho-escura/ mal-delimitada, necrose de coagulação, hemorragia extensa, hemossiderose • Patogênese: 1. Arterial : Nos órgãos de circulação dupla (ex: pulmões e fígado) e nos de circulação única, mas com anastomoses arterio - arteriais (como nos intestinos), a oclusão de um ramo arterial faz com que o sangue que chega pela irrigação colateral nem sempre tenha pressão de perfusão suficiente para manter a nutrição e oxigenação. Assim, coma hipóxia, ocorre abertura de esfíncteres pré-capilares, com hiperemia e hemorragia capilar associada ao infarto. a. Obstrução arterial em órgão de circulação dupla ou com anastomoses Pulmão, intestino. Obstrução de artéria, isquemia e necrose tecidual (inclusive pequenos vasos) portanto o sangue chegará por outra artéria. Ramos anastomóticos (ramos de comunicação entre artérias) extravasam dando aspecto hemorrágico. b. Desobstrução arterial em órgão de circulação única Há lise do trombo ou êmbolo desobstrução do vaso causando inundação do sangue. 2. Venosa: A obstrução venosa (causa mais comum de infarto vermelho) vista nas torções de vísceras determina hipertensão vênulo-capilar, com edema, hemorragia e necrose. Outros órgãos comumente acometidos são: testículos, tumores pediculados, encéfalo e intestinos. O infarto vermelho é, a despeito do tipo de circulação dupla, raríssimo no fígado. Os infartos vermelhos não são tão bem delimitados quanto os brancos, em virtude da infiltração de sangue do parênquima adjacente à necrose. Em todos os casos a drenagem fica interrompida e também fluxo na microcirculação. Logo, necrose isquêmica e inundação de sangue, por isso todos os infartos por obstrução venosa são vermelhos. a. Torção/compressão de pedículo vascular Hérnias encarceradas: estreitamento da boca do saco hernário compressão do pedículo vascular. Primeiro ocorre obstrução das veias (com baixa pressão, não resistem à compressão) A pressão arterial mantém enchimento das artérias; Torção do pedículo vascular: como na torção do testículo, de tumores pediculados ou no volvo de alças intestinais b. Trombose venosa Ex: seios venosos da dura-máter, veias mesentéricas, etc...
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