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SOLUÇÕES ALTERNATIVAS DE CONFLITOS NO ESTADO DO TOCANTINS

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SOLUÇÕES ALTERNATIVAS DE CONFLITOS NO ESTADO DO TOCANTINS[1: Artigo apresentado como parte da avaliação da disciplina Teoria Geral do Processo (CIJ116), ministrada pelo Prof. Wagner de Oliveira Rodrigues.]
RESUMO: abordam os métodos alternativos de solução de conflitos, agrupados em autocompositivos e heterocompositivos, a fim de delinear um perfil dessas modalidades no Estado do Tocantins. Para tanto, baseiam-se em pesquisas bibliográficas e documentais, bem como em coleta de dados. Destarte, apresentam os fundamentos da negociação, da mediação, da conciliação e da arbitragem, os quais são baseados principalmente no diálogo entre as partes em litígio. Exploram suas características para explicitar as circunstâncias necessárias para o seu desempenho. Ademais, tratam das iniciativas do Estado para a propagação desses mecanismos, como a capacitação de profissionais e a realização de mutirões. Nesse sentido, percebem a importância de analisar a situação regional para conceber estratégias capazes de assegurar o acesso à justiça. Assim, depreendem a imprescindibilidade de expandir a divulgação de informações sobre a metodologia dessas vias alternativas e seus resultados, de modo a viabilizar sua procura pela população do Tocantins. 
Palavras-chave: mediação. Conciliação. Arbitragem. Acesso à justiça.
ABSTRACT: discuss alternative methods of conflict resolution, grouped in autocompositive and heterocompositive in a way to outline a profile of these modalities in the State of Tocantins. For that, are based on bibliographic and documental research, as well as data collection. Thus, present the grounds of negotiation, mediation, conciliation and arbitration, which are based mostly on dialogue between the parties to the dispute. Explore their characteristics to make explicit the necessary circumstances to their performance. In addition, talk about the State initiatives to for the propagation of theses mechanisms, such as the trainings of professional and the execution of joint efforts. In this sense, realize the importance of analyzing the regional situation in order to conceive strategies capable of ensuring access to justice. Therefore, surmise the indispensability of expandindo the dissemination of information about the methodology of these alternative routes and their results, to enable their search by the population of Tocantins.
Keywords: mediation. Conciliation. Arbitration. Access to justice. 
Data de entrega: 19/03/2019
Introdução	
Buscamos tratar da utilização de modalidades alternativas à jurisdição para a solução dos conflitos de interesses entre os sujeitos no Estado do Tocantins. Nesse sentido, embora todos prezem pelo formato dialógico, os modos de resolução das contendas podem ser agrupados em “autocomposição” e “heterocomposição” de acordo com a existência ou não de vínculos anteriores entre as partes e a metodologia empregada para o alcance de um acordo. 
À vista disso, realizamos um estudo descritivo e exploratório dos tipos autocompositivos e heterocompositivos no território tocantinense, bem como analisamos sua abrangência e eficácia, sob o panorama dos princípios das normas processuais. Em virtude do cunho acadêmico desse artigo, amparamos o texto em uma revisão de literatura acerca dos métodos, um exame das disposições normativas pertinentes e uma coleta de dados nos sítios eletrônicos das instituições da justiça formal. Assim, efetuamos uma abordagem quali-quantitiva quanto ao desempenho local acerca do tema, a fim de auxiliar nossa aquisição de conhecimento na área.
Objetivamos analisar a conjuntura regional das resoluções de litígios a partir de um perfil dessas práticas no Tocantins. Afinal, as demandas por uma maior celeridade na cessação das situações conflitivas e por meios mais acessíveis, tanto no sentido financeiro como no intelectivo, conduzem à busca por caminhos além do campo jurisdicional. Acreditamos que tais condições são essenciais para um maior investimento nessas modalidades e verificamos esse entendimento com base nos atos adotados da Unidade Federativa em pauta.
Dessa forma, discorremos sobre as vias para autocomposição e heterocomposição, explicitadas por intermédio da mediação, da negociação, da conciliação e da arbitragem, cuja concretização deve ser estimulada pelos profissionais do Direito, mesmo no decorrer do processo judicial, nos termos do artigo 3º, §3º, do Código de Processo Civil – CPC. Nessa perspectiva, abordamos as experiências tocantinenses com esses formatos e ressaltamos os normativos responsáveis pela expansão dessa esfera alternativa ao viés tradicional. 
1 Métodos alternativos de resolução de conflitos
As vias alternativas para a resolução de conflitos têm adquirido proeminência no ordenamento jurídico brasileiro, visto que se destinam à pacificação de controvérsias sem a interferência obrigatória de uma autoridade judicial. Nesse sentido, têm como propósito ampliar a participação do indivíduo nesses processos e oferecer à sociedade uma forma mais efetiva de resolver suas disputas. 
Essas opções têm sido cada vez mais incorporadas em decorrência das atuais circunstâncias do poder Judiciário, o qual tem se mostrado ineficiente no julgamento em virtude da grande quantidade de suas demandas. Esse fato implica em um prolongamento da lide no tempo e uma consequente morosidade na resolução de conflitos urgentes. Tal problemática se manifesta expressamente na taxa de congestionamento da atividade judiciária de todo o país, como o exposto no gráfico abaixo:
Figura 1 – Taxa de congestionamento, por tribunal, em 2017
*Extraído de: CONSELHO NACIONAL DE JUSTIÇA, 2018.
No tocante à prática judiciária tocantinense, percebe-se que a cada 100 processos em atividade, apenas 33 foram sanados neste ano. No concernente ao 2º grau de jurisdição, por sua vez, de 100 processos em tramitação, apenas 45 foram objeto de resoluções. A partir desses indícios, verifica-se a necessidade do aprimoramento das alternativas à resolução de conflitos pela jurisdição, como a negociação, mediação, conciliação e arbitragem, já presentes no Estado. Contudo, vale ressaltar o posicionamento do professor Kazuo Watanabe (2013, apud PINHO, 2014), ao expor que: 
Os meios alternativos de resolução de controvérsias devem ser estudados e organizados não como solução para a crise de morosidade da Justiça, como forma de reduzir a quantidade de processos acumulados nos Judiciário, e sim como um método para se dar tratamento mais adequado aos conflitos de interesses que ocorrem na sociedade. A redução dos processos será uma resultante necessária do êxito de sua adoção, mas não seu escopo primordial.
Sob esse prisma, apesar de esses métodos constituírem importantes ferramentas para lidar com as falhas judiciárias na prestação desses serviços à comunidade, tais práticas não devem ser implantadas somente como mecanismo de escape. Portanto, necessitam de organizações legais próprias, a fim de funcionar como um sistema independente e, sobretudo, com respostas eficazes. Essa perspectiva decorre da noção de que nem todo caso deve ser pacificado necessariamente por meio de decisões judiciais, porquanto essas demandam uma complexidade e formalidades específicas. Assim, abre espaço para resoluções mais consensuais e cordiais.
 	
2 Métodos autocompositivos no Tocantins
Na autocomposição, a livre manifestação da vontade dos envolvidos, com a orientação ou não de um terceiro, constitui fator determinante para o encerramento do problema. Sua principal vantagem é a celeridade, visto que as próprias partes se ajustam para tratar o litígio (SANTOS, 2004), motivo pelo qual costuma ser recomendada para os agentes os quais possuem vínculos subjetivos e/ou jurídicos anteriores. Nesse contexto, o consenso por ser alcançado por meio da renúncia pelo autor da pretensão, da submissão de uma parte às reivindicações da outra ou da transação, a qual envolve concessões e obrigações recíprocas. 
2.1 Mediação
A mediação consiste em um procedimento no qualas partes solicitam a presença de um terceiro responsável por realçar as qualidades efetivas dos litigantes ou do acordo em benefício deles, de maneira a facilitar a convenção. Nesse viés, o mediador representa o facilitador em questão e deve agir com imparcialidade, sem intervir diretamente no conflito. Essa atuação, regulamentada pela Lei nº 13.140/2015, pode suceder tanto no ambiente extrajudicial como no judicial; nesse último caso, seu resultado não é passível de recursos oriundos da insatisfação das partes. 
Com as novas proposições do CPC, o Estado do Tocantins tem tentado englobar cada vez mais a mediação como medida de solução alternativa em seu território. Nesse sentido, o Núcleo Permanente de Métodos Consensuais de Solução de Conflitos – NUPEMEC possui distintas finalidades as quais se relacionam com a manutenção dos Centros Judiciários de Solução de Conflitos e Cidadania – CEJUSC’s, a fim de promover a concretização da Política Judiciária de tratamento adequado dos conflitos de interesse. Segundo Nascimento (2017), embora essas unidades não estejam presentes de individualmente em todos os municípios tocantinenses, uma vez que são 42 centros e 139 cidades, a pequena distância entre eles e a viabilidade de atuação regional constante no artigo 2º da Resolução n. 5/2016 permitem uma maior acessibilidade dos cidadãos a essas vias alternativas. 
O trabalho de mediação na Defensoria Pública do Estado do Tocantins – DPE-TO é efetuado mediante um projeto denominado “Justiça Comunitária”. Criado em 2010, seu intuito é promover a democratização do acesso às soluções alternativas de conflitos e, então, concretizar os ideais de justiça na comunidade da região sul de Palmas. Em 2015, foi expandido com os Núcleos de Mediação e Conciliação – NUMECON’s. Assim, esse método autocompositivo figura como principal recurso da “Justiça Comunitária”, com destaque para a área da família. 
Esse programa é coordenado pela defensora Luciana Oliani Braga, a qual afirma que o objetivo da implantação desse projeto no Estado é de “contribuir para a democratização do acesso à justiça, com o fito de promover o serviço de mediação dos conflitos buscando soluções extrajudiciais onde as pessoas possam resolvem seus próprios conflitos pelo diálogo.” (2015, online). Nesse sentido, considera essa como uma prática eficiente no Estado porquanto tem possibilitado à comunidade, mesmo sem conhecimentos técnicos, intervir mais facilmente na resolução de suas contendas. 
Após a implantação em Palmas, surgiu a proposta de inserir a iniciativa nas demais porções do Estado por intermédio das “Salas de Mediação”. No plano da instituição desse novo delineamento, a coordenação promove diversos cursos para possibilitar o aprimoramento dos responsáveis por mediar os litígios. Em alguns pontos do Estado, como na comarca de Gurupi, conciliadores e mediadores são constantemente submetidos à capacitação, a fim de ensejar um aumento gradativo da quantidade de profissionais credenciados e, consequentemente, uma maior efetividade dessas ações. Ainda, algumas faculdades do Tocantins possuem cursos de pós-graduação em mediação e outras modalidades alternativas, os quais são destinados a estudantes de diversas áreas e possuem uma duração média de 15 meses.
A aplicação desse método na DPE-TO tem sido viabilizada pela atuação de estagiários, mediadores e co-mediadores, os quais são orientados pelo respectivo Defensor Público dirigente daquela unidade regional. Ante a busca pela restauração a convivência pacífica e prevenir a ocorrência de novos conflitos, essa prática deve dispor de uma equipe especializada, a qual deve incluir pedagogos, assistentes sociais e psicólogos. Essa formação multifacetada deriva da intenção de proporcionar ferramentas adequadas para os indivíduos lidarem com situações posteriores a partir do conhecimento adquirido durante a mediação.
Logo, de acordo com Téssia Gomes Carneiro (2016, online), defensora pública e coordenadora do NUMECON da Regional de Araguaína, mesmo que o indivíduo solicite à defensoria o ingresso de uma ação judicial, ele será instruído sobre este novo panorama de resolução. Para tanto, são informadas as vantagens dessa opção a qual, dentre as citadas, oferece maior resoluções em curtos espaços de tempo, bem como uma possível pacificação pós-conflito. 
Por fim, é válido mencionar o projeto de extensão concebido pelo Núcleo de Práticas Jurídicas – NPJ da Universidade de Gurupi com a finalidade de oferecer à comunidade um trabalho de autocomposição (CARVALHO FILHO; FILPO, 2018). Nesse cenário, a mediação é conduzida por estudantes, do sétimo ao décimo semestre, e supervisores, os quais são professores ou responsáveis credenciados na área. Essas atividades transcorrem em três fases: reconhecimento do cliente, com a solicitação de dados pessoais e documentos; exposição e esclarecimento da situação conflituosa pelo cidadão assistido; e encaminhamento para a mediação propriamente dita, caso o supervisor identifique a possibilidade de celebração de um acordo. 
2. 2 Outros métodos
Uma prática a qual costuma ser impulsionada na fase pré-processual é a negociação. Nesse formato, as partes buscam a pacificação de uma lide por meio da conversa direta, sem a intervenção de terceiros, de modo que muitas vezes não avança para o estágio processual do litígio. Por conseguinte, pode ser entendido como uma evolução nas relações estabelecidas no dia a dia, caracterizada pela presença da confiança e da credibilidade entre os envolvidos.
Essa modalidade configura um mecanismo mais rápido e econômico para sanar controvérsias, desde que os negociadores conheçam as técnicas necessárias para auxiliar na resolução do conflito de forma satisfatória para ambos. Por essa razão, a negociação deve ser empregada como uma das primeiras formas de solução de um conflito. 
Nessa perspectiva, o governo do Tocantins, em conjunto com o Poder Judiciário, realizou em 2016 um Mutirão de Negociação Fiscal, com o intuito de solver débitos fiscais de contribuintes com o Estado. De acordo com Silvana Parfeniuk (2016, online), magistrada titular na 2ª Vara de Feitos da Fazenda e Registros Públicos de Palmas, os acordos realizados permitiram arrecadar cerca de 66 milhões de reais, valores divididos em pagamentos à vista, parcelas de Imposto sobre a Propriedade de Veículos Automotores – IPVA e parcelas de diversos tributos. Ainda, a juíza atestou que a iniciativa é um benefício para todos, pois colabora para a diminuição da quantidade de processos, a regularização da dívida do contribuinte com o Estado e a arrecadação dos impostos em débito. 
Já em 2018, foi promovido o 1º Mutirão de Negociações Fiscais de Araguaína. A partir da cooperação entre a Prefeitura e a Central de Execuções Fiscais da Comarca de Araguaína, foi estimada a arrecadação de 30 milhões de reais em negociações. Da mesma forma que o projeto mencionado anteriormente, essa iniciativa teve por finalidade saldar as dívidas ativas em tramitação, reduzir o número de processos e reaver uma porção dos débitos fiscais entre contribuintes e Município. 
Para tal feito, foram mobilizados diversos servidores do Judiciário, como os secretários da Fazenda, procuradores gerais do Município, os defensores públicos e os cartórios de protestos. Durante o mutirão, foram negociadas dívidas como o Imposto Sobre Serviços – ISS e o Imposto Predial e Territorial Urbano – IPTU. Sob esse panorama, é possível identificar um incentivo da própria administração pública ao emprego de vias alternativas à jurisdição para a resolução de situações conflitivas. 
3 Métodos heterocompositivos no Tocantins
Na heterocomposição, a resolução do mérito do conflito é estabelecida por um terceiro indicado ou não pelas partes, o qual deve realizar a emissão de juízo de valor acerca do caso e decidir definitivamente a contenda. Essa decisão enunciada pelo julgador possui caráter impositivo e, segundo Santos (2004), substitui a vontade dos agentes envolvidos. Portanto, costuma ser indicada para os casos nosquais não há vínculos prévios entre as partes ou ocorreu o fracasso de um dos métodos autocompositivos. 
3.1 Conciliação
A prática conciliatória ocorre mediante o diálogo entre as partes de uma situação conflitiva, com a presença de um terceiro, a fim de resolver sua lide na fase pré-processual ou durante o andamento de um processo. Seu diferencial em relação à mediação, conforme disposto no artigo 165, §2º e §3º, do CPC, consiste na possibilidade de o terceiro interferir no mérito das questões e sugerir opções para encerrar o conflito objetivo, apesar de suas opiniões não serem vinculativas. Com o intuito de impulsionar esse método alternativo, o Conselho Nacional de Justiça – CNJ publicou a Resolução 125 em 2010, a qual influenciou o desenvolvimento da heterocomposição em todo o país. 
Desde então, o Tribunal de Justiça do Estado do Tocantins – TJTO tem publicado normativos e atos administrativos fundamentais para a consolidação da modalidade conciliatória na região e o alcance dos propósitos elucidados pela iniciativa do CNJ. Nesse viés, houve o estabelecimento do NUPEMEC e dos CEJUSC’s, mencionados anteriormente, os quais substituíram a Central de Conciliação – CECON da Comarca de Palmas criada pela Resolução n. 15/2008. 
Ademais, uma medida relevante para o desenvolvimento desse mecanismo consistiu na instituição do Cadastro Estadual de Conciliadores e Mediadores Judiciais do Poder Judiciário do Estado do Tocantins, pela já citada Resolução n. 5/2016. Esse recurso permite o registro dos profissionais e a comprovação de sua capacitação, a qual tem sido incentivada a partir do oferecimento de meios públicos de ensino. São exemplos os cursos ofertados em parceria com a Escola Superior da Magistratura Tocantinense – ESMAT, em observância dos termos constantes na Resolução n. 107/2018 do TJTO. Tais aulas abordam tópicos como “Acesso à Justiça, Estado Democrático de Direito e Mudança de Paradigma Judicial” e “Teoria do Conflito e a Teoria da Comunicação”.
Antes mesmo da resolução responsável por “popularizar” as práticas conciliatórias, houve a implantação do Movimento pela Conciliação pelo CNJ em 2006. Por conseguinte, foi concebida a Semana Nacional de Conciliação na qualidade de um espaço para a concretização de soluções consensuais dos litígios os quais já haviam sido encaminhados ao sistema de justiça formal do Estado. 
Ao examinar os resultados divulgados pelo órgão quanto ao desempenho dos tribunais nas semanas dedicadas à conciliação, é possível identificar uma média de 2.373 audiências e 818 acordos realizados por ano durante esses períodos no âmbito da Justiça Estadual do Tocantins (sem contabilizar o ano de 2011, em virtude da presença de relatório incorreto no site consultado). Porquanto a duração do evento costuma ser de cinco dias, pode ser percebida certa eficácia da iniciativa. 
Nessa análise, os anos referentes à publicação das resoluções mencionadas anteriormente (2008, 2012 e 2016) figuram entre os quais obtiveram melhor percentual de acordos. Todavia, constata-se uma redução da porcentagem de soluções consensuais em relação à quantidade de audiências totalizadas durante a Semana Nacional de Conciliação nos últimos anos: de 2015 para 2018, houve uma queda de 24 pontos percentuais nesse sentido. Não obstante essa informação pode ser observado um crescimento do número de processos direcionados a esse tipo de método. 
Ainda, a 14ª edição do Relatório Justiça em Números do CNJ permite verificar o índice de conciliação do Estado do Tocantins, o qual “[...] é dado pelo percentual de sentenças e decisões resolvidas por homologação de acordo em relação ao total de sentenças e decisões terminativas proferidas [...]” (CONSELHO NACIONAL DE JUSTIÇA, 2018). Sob esse panorama, o índice geral do TJTO é de 14,5% e aquele referente às conciliações durante a fase processual de conhecimento é de 22%, o 3º índice no Judiciário Nacional.
Figura 2 – Índice de conciliação por tribunal da Justiça Estadual em 2017
*Extraído de: CONSELHO NACIONAL DE JUSTIÇA, 2018.
Figura 3 – Índice de conciliação nas fases de execução e de conhecimento, no primeiro grau, por tribunal, em 2017
*Extraído de: CONSELHO NACIONAL DE JUSTIÇA, 2018.
Por fim, cabe salientar as ponderações pertinentes ao balanço mais recente das atividades do NUPEMEC, efetuado em fevereiro de 2019. Segundo a desembargadora Ângela Prudente, vice-presidente do TJTO, “Foram discutidas novas propostas no sentido de contemplar a Meta 3 no Conselho Nacional de Justiça (CNJ), que neste ano exige aumento do percentual de casos resolvidos por meio de conciliação” (2019, online). Desse modo, foram concebidas como propostas para esse ano uma ampliação das ações as quais buscam solucionar os conflitos com a conciliação, a exemplo de mutirões temáticos. 
2.2 Arbitragem
A arbitragem enquanto técnica de heterocomposição atribui a um terceiro, escolhido pelas partes, a função de deliberar acerca do melhor julgamento para determinada situação conflitiva. No Brasil, esse instituto foi legalizado pela Lei n. 9.307/96 a qual dispõe acerca do funcionamento desse método relevante no funcionamento das soluções de conflitos. Dessa forma, sua prática se dá por intermédio de árbitros adequadamente instituídos os quais conduzem soluções para as contendas relacionadas a direitos patrimoniais disponíveis. 
Essa alternativa tem sido empregada efetivamente no Brasil e é possível perceber formas peculiares de sua utilização em cada Unidade da Federação. No Tocantins, conforme a Resolução n. 30/2015, a vertente judicial dessa prática é de competência das 2ª e 3ª Varas Cíveis da Comarca de Palmas e a coleta de dados acerca desse procedimento deve ser efetuada pela Diretoria de Tecnologia da Informação do Tribunal de Justiça.
A arbitragem extrajudicial, por sua vez, tem sido exercida e representada mediante a existência de cinco Cortes ou Câmaras Arbitrais no Estado, localizadas nas cidades de Palmas, Paraíso, Gurupi e Araguaína, respectivamente. Estas correspondem a órgãos arbitrais institucionais, os quais têm como finalidade o oferecimento à sociedade de uma justiça de baixo custo, ágil e sigilosa. Por seus efetivos resultados, tem se tornado a maior estrutura de jurisdição paralela à justiça estatal. 
No que tange a estrutura de funcionamento dessas unidades, têm-se como exemplos a Primeira Corte de Conciliação e Arbitragem – 1ª CCA, localizada em Palmas, e a Quarta Corte de Conciliação e Arbitragem – 4ª CCA, localizada em Gurupi, a qual foi criada a partir do convênio entre TJTO, Associação Comercial e Industrial de Gurupi – ACIG e Ordem dos Advogados do Brasil – OAB. Ambas desempenham suas atividades de maneira bastante semelhante, salvo algumas diferenças estruturais as quais podem ser observadas em seus Regimentos Internos. 
Nesse sentido, tais órgãos visam facilitar o acesso à resolução dos conflitos, nas quais o tempo de solução média deve ser curto e o litígio será pacificado com acordos devidamente homologados ou sentenças arbitrais. Após a ciência da sentença pelas partes, o que pode ser interposto são apenas embargos de declaração, com o prazo de cinco dias, mediante a observância do Art. 30 da Lei de Arbitragem. Porém, não se discute o mérito da sentença, pois estas fazem à coisa julgada e não cabem recursos. Apenas serão aceitas justificações no sentido de sanar contradições ou omissões. Portanto, tem força de títulos executivos judiciais conforme previsão no art. 475, IV, do Código de Processo Civil de 2015.
 Ainda, é revertido de baixo custo financeiro para as partes envolvidas. Porquanto a Lei nº 9.307/96 não abrange os custos do processo arbitral, como os honorários, citações e despesas do processo, essas previsões cabem à própria instituição. A título de ilustração, cita-se a tabela de custas da 4ª CCA. 
Figura 3: Tabela de custas da 4ªCCA
Extraído de: ASSOCIAÇÃO COMERCIAL E INDUSTRIAL DE GURUPI, 2019.
No procedimento da arbitragem devem ser sempre respeitados os princípios do contraditório, da igualdade daspartes e da imparcialidade do árbitro. Seu propósito é acontecer da forma mais simplificada possível e pode ser utilizado tanto por pessoas físicas quanto jurídicas. Para ter acesso a esse método arbitral nas Cortes Arbitrais do Tocantins, faz-se necessário que as pessoas ou empresas insiram em seus contratos a Cláusula Compulsória mediante a observância dos preceitos ditados pela já tratada Lei da Arbitragem e pelo Regimento Interno da Corte escolhida. 
No que se refere à tramitação do processo, primeiramente as partes serão convocadas para uma audiência na qual deve ocorrer uma tentativa do árbitro de estabelecer um acordo entre as partes. Ante a impossibilidade dessa conciliação, as partes serão encaminhas para a fase arbitral propriamente dita e escolherão um único árbitro ou número ímpar de árbitros para decidir a controvérsia. Assim, haverá a audiência na qual não se admite qualquer intervenção de terceiros e a sentença final arbitral será publicada na Secretária da respectiva Corte de Conciliação e Arbitragem do Estado do Tocantins, em data e hora definidas previamente. 
Apesar da ampliação dos órgãos competentes pelo procedimento arbitral nos últimos anos, sua concretização ainda é inferior se comparada às demais alternativas. Conforme consta no sítio eletrônico da Quinta Corte de Conciliação e Arbitragem – 5ª CCA, localizada em Araguaína e instituída com o suporte da Associação Comercial e Industrial de Araguaína – ACIARA, da OAB/TO e do Conselho Regional de Corretores de Imóveis – CRECI, os serviços fornecidos pela unidade não tem sido tão procurados pelos empresários e pelo restante da população local.
Considerações Finais 
Nesse artigo, trabalhamos o desenvolvimento das vias alternativas para a resolução de controvérsias e sua materialização no Estado do Tocantins para tentar assimilar o cenário de acesso à justiça nessa localidade. Destacamos, então, a relevância dessa análise, na medida em que o emprego dos métodos abordados consiste em uma das principais opções para lidar com a intensificação das demandas judiciais no contexto de crescente protagonismo do Judiciário. 
Percebemos a ocorrência de uma expansão das atividades de autocomposição e heterocomposição nos últimos anos, a qual evidencia as iniciativas do Estado em pauta para concretizar as disposições previstas na Política Judiciária de tratamento adequado dos conflitos de interesse promovida pelo CNJ. Assim, é possível observar o fomento de projetos os quais devem incentivar a adesão a esses meios, como mutirões voltados para a realização de acordos entre os litigantes.
Sob esse panorama, verificamos uma maior adoção da prática conciliatória em relação aos demais métodos, sobretudo durante a fase processual. Tal percepção advém especialmente da amplitude da Semana Nacional de Conciliação, cuja execução se dá todos os anos desde 2006. Nesse sentido, faz-se necessário salientar as dificuldades em encontrar informações precisas acerca do desempenho desses mecanismos em seu estágio pré-processual. Por conseguinte, não é possível afirmar se tal situação decorre apenas de uma falha da coleta de dados pelas instituições estatais ou de uma verdadeira deficiência de sua aplicação. 
Ademais, as semelhanças entre as práticas de mediação e conciliação conduzem a uma maior difusão de suas metodologias, enquanto a arbitragem permanece distante do público. Desse modo, em virtude da insuficiência de divulgação tanto da estrutura arbitral como de seus resultados provoca uma baixa procura desse método heterocompositivo pela população tocantinense, não obstante a existência de cinco Cortes Arbitrais no Estado. 
Concluímos que o uso de soluções alternativas de conflitos no Estado de Tocantins tem sido expandido, em resposta às necessidades de celeridade na cessação das contendas e descongestionamento da arena jurisdicional. Todavia, o seu desempenho carece de maior disseminação. Portanto, constatamos a indispensabilidade de não apenas estimular o exercício da negociação, da mediação, da conciliação e da arbitragem, mas criar condições efetivas para a consolidação dessas modalidades como mecanismos para o maior acesso à justiça na região. 
Referências
BRASIL. Código de processo civil. 3. ed. Brasília – DF: Edições Câmara, 2017.
______. Lei nº 13.140, de 26 de junho de 2015. Disponível em: <http://www.
planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015-2018/2015/Lei/L13140.htm>. Acesso em: 1. Mar. 2019. 
______. Lei nº 9.307, de 23 de setembro de 1996. Disponível em: <http://www.
planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L9307.htm>. Acesso em: 1. mar. 2019. 
CONSELHO NACIONAL DE JUSTIÇA. Justiça em números 2018. Brasília: CNJ, 2018. Disponível em: <http://www.cnj.jus.br/files/conteudo/arquivo/2018/08/44b7368
ec6f888b383f6c3de40c32167.pdf>. Acesso em: 6 mar. 2019. 
______. Resolução nº 125, de 29 de novembro de 2010. Disponível em: <http://
www.cnj.jus.br/busca-atos-adm?documento=2579>. Acesso em: 5 mar. 2019.
DEFENSORIA pública amplia o acesso à justiça com a Mediação. Defensoria Pública de Tocantins, Palmas – TO. Disponível em: <https://dpto.jusbrasil.com.br/
noticias/303916733/defensoria-publica-amplia-o-acesso-a-justica-com-a-mediacao>. Acesso em: 16 mar. 2019. 
CARVALHO FILHO, Gilson Ribeiro; FILPO, Klever Paulo Leal. É possível fomentar nos futuros bacharéis em direito uma cultura de mediação? Reflexões a partir da experiência da UnirG – Tocantins. Revista Unifeso: Humanas e sociais. Teresópolis, v. 4, n. 4, p. 124-140, 2018. Disponível em: <http://www.revista.unifeso.
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Judiciário fomenta negociação de dívidas com mutirão fiscal em Araguaína. Tribunal de Justiça do Estado do Tocantins, Palmas – TO. 5 dez. 2018. Disponível em: <http://www.tjto.jus.br/index.php/noticias/6036-judiciario-fomenta-negociacao-de-dividas-com-mutirao-fiscal-em-araguaina>. Acesso em: 18 mar. 2019.
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