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Roberta Bueno Almeida 
 DIREITO PENAL II 
 
 
1 
NUCCI, Guilherme Souza. 
Manual de Direito Penal, 
14ª edição.. 
FACULDADE DE DIREITO DE RIBEIRÃO PRETO 
FDRP-USP 
DIREITO PENAL II 
 
SUMÁRIO 
Teorias da Punição ......................................................................................................................................... 4 
Cominações da Pena ..................................................................................................................................... 6 
Princípios da Pena .......................................................................................................................................... 6 
Espécies de Pena ............................................................................................................................................... 6 
Penas Privativas de Liberdade .......................................................................................................................... 7 
Regimes progressivos de cumprimento de pena ......................................................................................... 7 
Cumprimento de Penas mais grave em primeiro lugar ............................................................................... 8 
Progressividade do regime para crimes hediondos ..................................................................................... 8 
Critérios para regressão a regime mais rigoroso ......................................................................................... 8 
Imprescindibilidade do Regime Fechado ...................................................................................................... 8 
Aplicação do Artigo 59 do Código Penal ....................................................................................................... 9 
O Regime Fechado (Art.34,CP) .......................................................................................................................... 9 
Local de cumprimento do Regime Fechado ............................................................................................... 10 
Regime Disciplinar Diferenciado ................................................................................................................. 10 
regime semi aberto (Art.35,cp) ........................................................................................................................ 11 
Regime Aberto (Art.36,CP) ............................................................................................................................... 11 
Hipóteses de Regressão do Regime aberto à regime mais rigoroso ........................................................ 12 
Direitos do Preso (Art.38,CP) ....................................................................................................................... 12 
Trabalho do Preso ........................................................................................................................................ 12 
Remição ........................................................................................................................................................ 12 
Detração ........................................................................................................................................................ 13 
Quadro Síntese ............................................................................................................................................. 13 
Penas restritivas de Direitos ............................................................................................................................ 14 
Roberta Bueno Almeida 
 DIREITO PENAL II 
 
 
2 
Espécies de Penas Restritivas de Direito ................................................................................................... 14 
Quadro Síntese ............................................................................................................................................. 15 
Pena Pecuniária .............................................................................................................................................. 16 
Critério Bifásico para a fixação de Pena de Multa ..................................................................................... 16 
Pagamento da multa .................................................................................................................................... 16 
Conversão da multa ..................................................................................................................................... 17 
PARTE I - A Pena-Base .................................................................................................................................. 17 
ELEMENTOS DE PESO 2 ........................................................................................................................... 18 
ELEMENTOS DE PESO 1 ........................................................................................................................... 18 
Componentes Pessoais ............................................................................................................................ 18 
Componentes Fáticos ............................................................................................................................... 18 
PARTE II – Agravantes e Atenuantes ........................................................................................................... 19 
AGRAVANTES ............................................................................................................................................ 19 
ATENUANTES ............................................................................................................................................. 21 
CONCURSO DE AGRAVANTES E ATENUANTES ........................................................................................ 22 
Aplicação da Pena em caráter trifásico ...................................................................................................... 22 
Quadro Síntese ............................................................................................................................................. 22 
Efeitos condenatórios Genéricos................................................................................................................. 23 
Efeitos Específicos ........................................................................................................................................ 23 
Quadro Síntese ............................................................................................................................................. 24 
Sistemas de Concursos de crimes .................................................................................................................. 24 
Sistema de acumulação material ................................................................................................................ 24 
Sistema da Exasperação da pena ............................................................................................................... 25 
Sistema de Absorção.................................................................................................................................... 25 
Sistema da acumulação jurídica ................................................................................................................. 25 
concurso de crimes: espécies ......................................................................................................................... 25 
Concurso Material de Crimes ...................................................................................................................... 25 
Concurso Formalde crimes ......................................................................................................................... 26 
Crime Continuado ......................................................................................................................................... 26 
NATUREZA JURÍDICA ................................................................................................................................. 26 
TEORIAS DO CRIME CONTINUADO ........................................................................................................... 26 
Causas Gerais e Específicas ........................................................................................................................ 27 
Comunicabilidade de causas extintivas ...................................................................................................... 28 
Previsões de Extinção da Pena .................................................................................................................... 28 
Roberta Bueno Almeida 
 DIREITO PENAL II 
 
 
3 
Prescrição da Pena ........................................................................................................................................... 29 
Prazos para a Prescrição da Pena............................................................................................................... 30 
Modalidades de Prescrição ......................................................................................................................... 31 
Termo Inicial da Prescrição .......................................................................................................................... 31 
ANTES DE TRANSITAR EM JULGADO ....................................................................................................... 31 
APÓS TRANSITAR EM JULGADO ............................................................................................................... 32 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Roberta Bueno Almeida 
 DIREITO PENAL II 
 
 
4 
TEORIA GERAL DA PENA 
Pena: é a sanção do Estado, 
valendo-se do devido 
processo legal, cuja finalidade 
é a repressão ao crime 
perpetrado e a prevenção a 
novos delitos, objetivando 
reeducar o delinquente, 
retirá-lo do convívio social 
enquanto for necessário, bem 
como reafirmar os valores 
protegidos pelo Direito Penal 
e intimidar a sociedade para 
que o crime seja evitado. 
 
Definição de pena: trata-se da sanção imposta pelo Estado para ações criminosas, cuja finalidade é a de 
retribuição ao delito perpetrado - forma natural de impedir a violência privada e de se consolidar o 
monopólio exclusivo de força pelo Estado ; a de prevenção a possibilidade de ocorrência de novos delitos; 
e a de ressocialização/reeducação , ou seja, de amparo estatal para que o prisioneiro possa retornar de 
sua pena privativa de liberdade com consciência das atitudes que deva seguir . Assim sendo, o caráter 
da aplicação de penas se desdobra em duas esferas específicas, de caráter geral e especial 
• Geral Negativo: faz com que a população 
observe, por meio da punição Estatal, 
que ações de índole criminosas não 
podem ser cometidas. 
• Geral Positivo: apresenta a sociedade a 
atuação do Estado e sua participação 
para a harmonização do todo. 
• Especial Negativo: evitar que o indivíduo 
cometa novas infrações. 
• Especial Positivo: trata-se do caráter 
ressocializante, ou seja, de reinserção do 
indivíduo na esfera de participação 
social. 
 “Ninguém pode negar que a pena é um mal que se impõe como consequência de um delito. A pena é, sem 
dúvida, um castigo. Aqui não valem eufemismos, e também a teoria preventiva deve começar a reconhecer o caráter 
de castigo da pena. Entretanto, uma coisa é o que seja a pena e outra, distinta, qual seja a sua função e o que 
legitima o seu exercício. Noutro aspecto, contrapõem-se as concepções retributiva e preventiva. Os retribucionistas 
creem que a pena serve à realização da Justiça e que se legitima suficientemente como exigência de pagar o mal 
com outro mal. Os prevencionistas estimam, noutro prisma, que o castigo da pena se impõe para evitar a 
delinquência na medida do possível e que somente está justificado o castigo quando resulta necessário para 
combater o delito. Retribuição e prevenção supõem, pois, duas formas distintas de legitimação da pena. Rechaço 
a legitimação que oferece a retribuição. Inclino-me pela prevenção” (Mir Puig, Estado, pena y delito, p. 41 – traduzi). 
 
Teorias da Punição 
1. Abolicionismo Penal : trata da descriminalização (deixar de considerar infrações penais 
determinadas condutas) e da despenalização (eliminação da pena para a prática de certas 
condutas, embora continuem a ser consideradas delituosas) como soluções para o caos do 
sistema penitenciário, hoje vivenciado na grande maioria dos países. É sabido que grande é o 
Roberta Bueno Almeida 
 DIREITO PENAL II 
 
 
5 
número de reincidência no sistema penitenciário de cárcere mundial. Assim sendo, seria 
interessante descriminalizar e despenalizar determinados tipos de conduta, para que fosse 
possível a proposta de medidas diferentes e com maior eficácia nos casos em questão. São, pois, 
condutas defendidas pelo abolicionismo 
a) abolicionismo acadêmico, ou seja, a mudança 
de conceitos e linguagem, evitando a construção 
de resposta punitiva para situações-problema; 
 b) atendimento prioritário à vítima (melhor seria 
destinar dinheiro ao ofendido do que construindo 
prisões); 
c) guerra contra a pobreza; 
d) legalização das drogas; 
e) fortalecimento da esfera pública alternativa, 
com a liberação do poder absorvente dos meios 
de comunicação de massa, restauração da 
autoestima e da confiança dos movimentos 
organizados de baixo para cima, bem como a 
restauração do sentimento de responsabilidade 
dos intelectuais. 
 
2. Direito Penal Máximo: modelo de direito penal caracterizado pela excessiva severidade, pela 
incerteza e imprevisibilidade de suas condenações e penas, voltado à garantia de que nenhum 
culpado fique impune, ainda que à custa do sacrifício de algum inocente (cf. Luigi Ferrajoli, Direito 
e razão, p. 84-85). 
 
3. Garantismo Penal: trata-se da ideologia que vigora em Estados de Direito, nos quais as penas só 
podem ser aplicadas se tiverem expressa legislação. Assim sendo, figura-se como opção de 
equilíbrio entre o abolicionismo penal e o direito penal máximo e como configuração da ideia de 
direito penal mínimo. São pressupostos que busca seguir a ideologia 
a) não há pena sem crime (nulla poena sine 
crimine); 
b) não há crime sem lei (nullum crimen sine lege); 
c) não há lei penal sem necessidade (nulla lex 
poenalis sine necessitate); 
 d) não há necessidade de lei penal sem lesão 
(nulla necessitas sine injuria); 
 e) não há lesão sem conduta (nulla injuria sine 
actione); 
f) não há conduta sem dolo e sem culpa (nulla 
actio sine culpa); 
 g) não há culpa sem o devido processo legal 
(nulla culpa sine judicio); 
 h) não há processo sem acusação (nullum 
judicium sine accusatione); 
i) não há acusação sem prova que a fundamente 
(nulla accusatio sine probatione); 
 j) não há prova sem ampla defesa (nulla probatio 
sine defensione) (Ferrajoli, Direito e razão, p. 74-
75). 
Essa resposta, geradora de intenso debate, em nosso entender, deve passar pelo equilíbrio. O 
abolicionismo é uma utopia, impossível de ser praticada nos dias de hoje, pois a sociedade não tem 
preparo para desfazer-se das normas e sanções penais, que aindarepresentam forma eficiente de 
Roberta Bueno Almeida 
 DIREITO PENAL II 
 
 
6 
controle geral. Por outro lado, o direito penal máximo é fórmula difícil de ser implementada em países 
pobres como o Brasil, pois iria lançar ao cárcere inúmeras pessoas que mendigam, por exemplo, não por 
deliberado propósito, mas por falta de opção. Ademais, investir contra os mais fracos não constitui a 
feição do Estado Democrático de Direito. Nem sempre do mendigo vem o crime. Logo, infrações leves não 
trazem como consequência necessária as graves. O melhor, segundo nos parece, concentra-se no meio-
termo, que é o direito penal mínimo. O Estado deve intervir minimamente nos conflitos sociais, mas, 
quando o fizer, deve agir com eficiência e sem gerar impunidade, o que poderá restaurar a confiança 
geral no Direito Penal. 
 
Cominações da Pena 
1. Isoladamente: quando se aplica uma pena a um indivíduo. 
2. Cumulativamente: quando mais de uma pena pode ser aplicada ao indivíduo. 
3. Alternativamente: quando há possibilidade de escolha entre duas penas diferentes na situação 
em questão. 
Princípios da Pena 
1. Personalidade ou Responsabilidade pessoal: a pena aplicada não passa da pessoa do infrator. 
2. Legalidade: só há pena se houver infração prevista no código legal. 
3. Inderrogabilidade: a pena não pode deixar de ser aplicada caso seja constatada a infração. 
4. Proporcionalidade: a punição prevista pela pena deve ser proporcional ao crime cometido. 
5. Individualização da Pena: para cada indivíduo, o Estado deve configurar uma duração e tipologia 
ideal de pena, evitando-se, assim, a pena-padrão. 
6. Humanidade: nenhuma pena que infrinja a condição humana pode ser aplicada – não há, pois, 
previsão de penas cruéis. 
 
 
 
ESPÉCIES DE PENA 
São as seguintes: penas privativas de liberdade, penas restritivas de direitos, pena pecuniária. 
• As penas privativas de liberdade são: reclusão, detenção e prisão simples. As duas 
primeiras constituem decorrência da prática de crimes e a terceira é aplicada às 
contravenções penais. 
Roberta Bueno Almeida 
 DIREITO PENAL II 
 
 
7 
• As penas restritivas de direitos são as seguintes: prestação de serviços à comunidade ou 
a entidades públicas, interdição temporária de direitos, limitação de fim de semana, 
prestação pecuniária e perda de bens e valores. 
• A pena pecuniária é a multa. 
PENAS PRIVATIVAS DE LIBERDADE 
1. Prisão Simples: trata-se da pena que não pode ser cumprida em Regime Fechado, por ser 
destinada à punição de contravenções penais, comportando, pois, apenas Regime Aberto e 
Semiaberto. Seu lugar de pagamento não pode ser o mesmo em que são punidos os crimes. 
Ademais, são diferenças entre a reclusão e a detenção 
 
CATEGORIAS RECLUSÃO DETENÇÃO 
TIPO DE REGIME Fechado, semiaberto e aberto Semiaberto ou aberto 
EFEITOS Incapacidade para o exercício 
do pátrio poder (atualmente, 
denominado, pelo Código Civil, 
poder familiar), tutela ou 
curatela, nos crimes dolosos, 
sujeitos a esse tipo de pena, 
cometidos contra filho, 
tutelado ou curatelado (art. 
92, II, CP); 
• Proibição de Fiança, a 
crimes com pena 
mínima de 2anos. 
Não acarreta tais efeitos. 
MEDIDA DE SEGURANÇA Internação Tratamento Ambulatorial 
TIPOS DE CRIMES Crimes Graves Crimes mais leves. 
Regimes progressivos de cumprimento de pena 
A individualização da pena se desdobra em três maneiras principais: individualização legislativa, 
individualização judiciária e individualização executória – parte a qual se refere ao cumprimento da pena 
e aa possíveis modalidades de sua execução. 
Nos termos do art. 112 da Lei de Execução Penal, “a pena privativa de liberdade será executada em forma 
progressiva, com a transferência para regime menos rigoroso, a ser determinada pelo juiz, quando o preso tiver 
cumprido ao menos 1/6 (um sexto) da pena no regime anterior e ostentar bom comportamento carcerário, 
comprovado pelo diretor do estabelecimento, respeitadas as normas que vedam a progressão. 
Roberta Bueno Almeida 
 DIREITO PENAL II 
 
 
8 
§ 1.º. A decisão será sempre motivada e precedida de manifestação do Ministério Público e do defensor 
. § 2.º. Idêntico procedimento será adotado na concessão de livramento condicional, indulto e comutação de penas, 
respeitados os prazos previstos nas normas vigentes. 
 
A passagem para o regime posterior ou ulterior depende do comportamento do presidiário: se 
manifestar avanço em sua conduta, tendo cumprido 1/6 de sua pena, poderá passar para regime 
posterior, desde que por avaliação se mostre detentor de tal mérito. A progressividade de regimes é 
ferramenta necessária para a reeducação, já que demonstra a possibilidade de as esperanças de 
ressocialização serem realizadas. 
Cumprimento de Penas mais grave em primeiro lugar 
Cabe destacar que as penas mais graves devem sempre ser cumpridas em primeiro lugar em caso 
de acumulação de penas. 
Progressividade do regime para crimes hediondos 
Anteriormente, crimes hediondos e crimes relativos à tortura não previam em si possibilidade de 
progressividade penal, sendo a eles destinado apenas o regime fechado. Atualmente, a jurisprudência 
entende que a progressividade penal é maneira de individualização executória da pena e, por esse motivo, 
admite a progressividade penal nesse tipo de crime. 
Critérios para regressão a regime mais rigoroso 
Há, basicamente, duas situações que desencadeiam tal tipo de mudança. São elas 
1. Adaptação ao Regime: incorre quando o sujeito sofreu duas penalidades, em processos 
diferentes, que preveem diferença de regime entre si. É o caso, por exemplo, de uma 
condenação à 6 anos em regime semiaberto em um processo e uma condenação a 4 anos 
em regime aberto para outro processo. No caso em questão, o sujeito obteria pena de 10 anos 
em regime fechado. 
art. 118, II, LEP: “sofrer condenação, por crime anterior, cuja pena, somada ao restante da pena em execução, torne 
incabível o regime (art. 111) 
 
2. Regressão por falta: incorre quando o sujeito, no cumprimento de sua pena, pratica fato 
definido como crime doloso ou falta grave. Em primeira instância, susta-se o regime que está 
sendo cumprido e há regressão para regime mais rigoroso, até que haja a absolvição – ou não- 
do indivíduo. 
Imprescindibilidade do Regime Fechado 
a. Pena cominada superior à 8 anos. 
Roberta Bueno Almeida 
 DIREITO PENAL II 
 
 
9 
b. Condenado reincidente iniciará sempre em regime fechado. 
▪ Reincidentes condenados a pena igual ou inferior à 4 anos iniciam o cumprimento 
em regime semiaberto, já que a jurisprudência considerou que o regime fechado, 
no caso de penas curtas, tende a mais degenerar o caráter do indivíduo do que a 
ressocializá-lo. 
Súmula 269 do Superior Tribunal de Justiça: “É admissível a adoção do regime prisional semiaberto aos reincidentes 
condenados a pena igual ou inferior a quatro anos se favoráveis as circunstâncias judiciais” 
 
Aplicação do Artigo 59 do Código Penal 
Art. 59 - O juiz, atendendo à culpabilidade, aos antecedentes, à conduta social, à personalidade do agente, aos 
motivos, às circunstâncias e consequências do crime, bem como ao comportamento da vítima, estabelecerá, 
conforme seja necessário e suficiente para reprovação e prevenção do crime: (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 
11.7.1984) 
 I - as penas aplicáveis dentre as cominadas;(Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) 
 II - a quantidade de pena aplicável, dentro dos limites previstos;(Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) 
 III - o regime inicial de cumprimento da pena privativa de liberdade;(Redação dada pela Lei nº 7.209, de 
11.7.1984) 
 IV- a substituição da pena privativa da liberdade aplicada, por outra espécie de pena, se cabível. 
 
Os critérios assinalados no código permitem inferir a individualização da pena, valendo-se o 
magistrado da observância de determinados elementos que circundam a prática de um crime. 
O REGIME FECHADO (ART.34,CP) 
a. Inicialmente, será o individuo condenado 
a regime fechado submetido a exame 
criminológico de cumprimento de pena. 
§ 1º - O condenado fica sujeito a trabalho no período 
diurno e a isolamento durante o repouso 
noturno. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 
11.7.1984) 
b. Em regime fechado, o indivíduo será 
obrigado a trabalhar durante o dia. 
c. Em regime fechado, o indivíduo será 
isolado durante a noite. 
§ 2º - O trabalho será em comum dentro do 
estabelecimento, na conformidade das aptidões ou 
ocupações anteriores do condenado, desde que 
compatíveis com a execução da pena.(Redação dada 
pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) 
d. O trabalho deverá ser realizado dentro do 
estabelecimento prisional, conforme as 
possibilidades de aptidões que 
apresenta o condenado. 
 § 3º - O trabalho externo é admissível, no regime 
fechado, em serviços ou obras públicas. (Redação 
dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) 
Roberta Bueno Almeida 
 DIREITO PENAL II 
 
 
10 
e. É exceção que o trabalho possa ser 
cumprido externamente, em obras 
públicas. De acordo com a Lei de 
Execução Penal, é também possível que 
o presidiário em regime fechado execute 
trabalhos em entidades privadas, desde 
que o preso concorde expressamente 
com isso. O trabalho em obras públicas 
ou em entidades privadas deve ser, 
obrigatoriamente, fundamentado na 
decisão judicial. 
 
A falta de estabelecimento penal (para o cumprimento de pena em regime semiaberto) adequado não 
autoriza a manutenção do condenado em regime prisional mais gravoso, devendo-se observar, nessa 
hipótese, os parâmetros fixados no RE 641.320/RS” 
Logo, se o réu recebeu pena mínima, porque todas as circunstâncias judiciais eram favoráveis, o fato de ter 
cometido delito considerado abstratamente grave não é motivo para colocá-lo em regime mais severo. Pode-se 
utilizar o regime inicial fechado para o crime de roubo, quando o modo de praticá-lo foi excepcional, tal como utilizar 
violência desnecessária contra a vítima já rendida, demonstrando sadismo. Entretanto, nessa hipótese, merece a 
pena ser estabelecida acima do mínimo legal. 
 
Local de cumprimento do Regime Fechado 
É a penitenciária, alojado o condenado em cela individual, contendo dormitório, aparelho sanitário 
e lavatório, com salubridade e área mínima de seis metros quadrados (arts. 87 e 88, LEP). Segundo a lei, 
não se cumpre pena em cadeia pública, destinada a recolher unicamente os presos provisórios (art. 102, 
LEP). 
Regime Disciplinar Diferenciado 
 É caracterizado por 
▪ Limite máximo de 360 dias, sem possibilidade de repetição da sanção por nova 
falta grave de mesma espécie, até o limite de um sexto da pena aplicada 
▪ Recolhimento em cela individual. 
▪ Visitas semanais de duas pessoas, sem contar crianças, por 2h. 
▪ Direito a saída da cela por 2h para banho de sol. 
É destinado àqueles que praticarem fato previsto como crime doloso, considerado como falta 
grave. É válido, pois, para condenados ou para presos provisórios, bem como aqueles que (provisórios ou 
condenados) estiverem envolvidos ou participarem – com fundadas suspeitas –, a qualquer título, de 
organizações criminosas, quadrilha ou bando [atualmente, associação criminosa] (art. 52, § 2.º, LEP). 
 
 
Roberta Bueno Almeida 
 DIREITO PENAL II 
 
 
11 
São hipóteses para a inclusão no RDD: 
a) Preso provisório ou condenado praticar fato doloso que culmine no desequilíbrio da ordem 
da cadeia pública ou penitenciária em que se encontre. 
b) Preso provisório ou condenado representa alto risco para o estabelecimento em que se 
encontra ou para a sociedade. 
c) Preso provisório ou condenado estiver envolvido com organização criminosa, quadrilha ou 
bando, bastando fundada suspeita. 
REGIME SEMI ABERTO (ART.35,CP) 
a. Cumprido em colônia agrícola ou 
industrial. 
 § 1º - O condenado fica sujeito a trabalho em 
comum durante o período diurno, em colônia agrícola, 
industrial ou estabelecimento similar. (Redação dada 
pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) 
b. Trabalho durante o dia, podendo 
frequentar o indivíduo cursos 
profissionalizantes, de instrução 
de segundo grau ou de grau 
superior. 
 § 2º - O trabalho externo é admissível, bem como a 
freqüência a cursos supletivos profissionalizantes, de 
instrução de segundo grau ou superior. (Redação 
dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) 
c. O trabalho externo em obra pública ou 
em entidade privada é admissível, desde 
que haja fundamento judicial. 
As saídas temporárias, sem fiscalização direta, 
somente poderão ser feitas para frequência a curso 
supletivo profissionalizante ou de instrução do 
segundo grau ou superior, na comarca do Juízo da 
Execução (art. 122, II, LEP). 
 
REGIME ABERTO (ART.36,CP) 
Art. 36 - O regime aberto baseia-se na autodisciplina 
e senso de responsabilidade do condenado. 
 
§ 1º - O condenado deverá, fora do estabelecimento 
e sem vigilância, trabalhar, freqüentar curso ou 
exercer outra atividade autorizada, permanecendo 
recolhido durante o período noturno e nos dias de 
folga. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 
11.7.1984) 
a. Aquele que se encontra em Regime 
Fechado, deverá pernoitar nas 
chamadas Casas de Albergado - prédio 
situado em centro urbano, sem 
obstáculos físicos para evitar fuga, com 
aposentos para os presos e local 
adequado para cursos e palestras. 
b. Deverá, ademais, desenvolver atividades 
laborativas ou cursos profissionalizantes 
durante o dia. 
c. Nas noites e em dias de folga, 
permanecerá recolhido. 
Roberta Bueno Almeida 
 DIREITO PENAL II 
 
 
12 
Hipóteses de Regressão do Regime aberto à regime mais rigoroso 
1. Prática de fato definido como crime doloso 
2. Frustação dos fins de execução 
3. Não pagamento da multa cumulativamente aplicada, podendo fazê-lo. 
4. Condenação por crime anteriormente praticado, mas que torne a soma das penas incompatível 
com o regime . 
Direitos do Preso (Art.38,CP) 
Art. 38 - O preso conserva todos os direitos não atingidos pela perda da liberdade, impondo-se a todas as 
autoridades o respeito à sua integridade física e moral. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) 
 
1. Direito à visita íntima: forma de se 
acalmar a população carcerária, evitar-se 
a violência sexual e estimular o convívio 
dos presidiários com seus cônjuges. Vale 
destacar que o Decreto Federal 
6.049/2007, estabelecendo regras para 
o funcionamento dos presídios federais, 
considerou existente o direito à visita 
íntima, delegando ao Ministério da 
Justiça a sua regulamentação. 
 
2. Direito de cumprir a pena no seu local de 
domicílio: tal direito é inexistente, já que 
a pena deve ser cumprida no local em 
que o crime foi cometido. 
3. Disposição constitucional de proteção ao 
preso: estão assegurados pelo Art. 5º, 
XLIX da Constituição. 
 
4. Direito de execução provisória da 
pena: Tem sido posição predominante, 
tanto na doutrina, quanto na jurisprudência, 
poder o condenado a pena privativa de 
liberdade executá-la provisoriamente, em 
especial quando pretende a progressão de 
regime, pleiteando a passagem do fechado 
para o semiaberto. 
Trabalho do Preso 
Art. 39 - O trabalho do preso será sempre remunerado, sendo-lhe garantidos os benefíciosda Previdência 
Social. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) 
 
A constituição federal veda a imposição de trabalhos forçados – mediante punição e executado 
de maneira gratuita- aos presos, sendo a maneira laborativa executada classificada como forma de 
reintegração social , por meio do Trabalho Obrigatório. O trabalho desenvolvido será sempre remunerado. 
Remição 
Definição: A remição da pena é um instituto pelo qual se dá como cumprida parte da pena por meio do 
trabalho ou do estudo do condenado. Assim, pelo desempenho da atividade laborativa ou do estudo, o 
Roberta Bueno Almeida 
 DIREITO PENAL II 
 
 
13 
condenado resgata parte da reprimenda que lhe foi imposta, diminuindo seu tempo de duração. " A 
contagem de tempo referida será feita à razão de: 
I - 1 (um) dia de pena a cada 12 (doze) horas de frequência escolar - atividade de ensino 
fundamental, médio, inclusive profissionalizante, ou superior, ou ainda de requalificação 
profissional - divididas, no mínimo, em 3 (três) dias; 
II - 1 (um) dia de pena a cada 3 (três) dias de trabalho. 
 
São, pois, requisitos para o reconhecimento da remição 
a. Carga de estudo de 12 horas ou trabalho por 3 dias consecutivos. 
b. Merecimento por inexistência de faltas graves 
c. Cumprimento de, no mínimo, seis horas de trabalho diário ou 8 horas de trabalho. 
d. apresentar atestado de estudo ou de execução de trabalho. 
O tempo remido deve ser computado como pena cumprida para todos os efeitos (art. 128, LEP). 
Detração 
Definição: É a contagem no tempo da pena privativa de liberdade e da medida de segurança do período 
em que ficou detido o condenado em prisão provisória, no Brasil ou no exterior, de prisão administrativa 
ou mesmo de internação em hospital de custódia e tratamento. Ex.: se o sentenciado foi preso 
provisoriamente e ficou detido por um ano até a condenação transitar em julgado, sendo apenado a seis 
anos de reclusão, cumprirá somente mais cinco. 
Quadro Síntese 
Espécies de penas privativas de liberdade: reclusão 
(delitos mais graves), detenção (delitos menos graves) 
e prisão simples (contravenções penais). Na essência, 
no entanto, são todas penas de prisão. 
Regime fechado: deve ser cumprido em 
estabelecimento prisional de segurança máxima, sem 
possibilidade de saída temporária, com trabalho 
obrigatório durante o dia e isolamento no repouso 
noturno. 
Regime semiaberto: deve ser cumprido em colônia 
penal agrícola ou industrial, estabelecimento de 
segurança média, com trabalho obrigatório durante o 
dia e alojamento coletivo durante a noite. Pode haver 
saída temporária e, eventualmente, trabalho externo 
e frequência a cursos profissionalizantes. 
Regime aberto: deve ser cumprido em casas do 
albergado ou estabelecimentos similares, sem 
qualquer obstáculo à fuga, pois caracteriza-se pela 
autodisciplina e senso de responsabilidade do 
condenado. Este, por sua vez, deve recolher-se à casa 
do albergado durante o repouso noturno e nos finais 
de semana, quando não esteja trabalhando. 
Regime de prisão albergue domiciliar: é a forma de 
cumprimento do regime aberto, idealizado para 
condenados especiais (maiores de 70 anos, mulheres 
grávidas ou com filhos pequenos, pessoas enfermas), 
com o objetivo de cumprirem a pena em seus 
domicílios. Entretanto, atualmente, pela falta de casa 
do albergado em muitas comarcas, tornou-se o 
regime aberto aplicado no caso concreto, 
Roberta Bueno Almeida 
 DIREITO PENAL II 
 
 
14 
independentemente dos requisitos estabelecidos na 
Lei de Execução Penal. 
Progressão da pena: é a concretização da 
individualização da pena, pois o condenado tem a 
oportunidade de se transferir do regime mais rigoroso 
para o menos severo, desde que cumpra um sexto da 
pena, como regra, no anterior e demonstre 
merecimento. 
Remição: é o resgate da pena pelo trabalho ou 
estudo, abatendo-se do montante da condenação os 
dias trabalhados ou de frequência escolar, na 
proporção de três dias de labor ou estudo por um dia 
de pena. 
Detração: é o desconto na pena privativa de liberdade 
e na medida de segurança do tempo de prisão 
provisória, no Brasil ou no exterior. 
PENAS RESTRITIVAS DE DIREITOS 
Conceito: são penas alternativas expressamente previstas em lei, tendo por fim evitar o encarceramento 
de determinados criminosos, autores de infrações penais consideradas mais leves, promovendo-lhes a 
recuperação através de restrições a certos direitos. É o que Nilo Batista define como um movimento 
denominado “fuga da pena”, iniciado a partir dos anos 1970, quando se verificou, com maior evidência, 
o fracasso do tradicional sistema punitivo no Brasil (Alternativas à prisão no Brasil, p. 76). 
• Natureza Jurídica: trata-se de sanções penais autônomas e substitutivas para as clássicas 
sanções penais que preveem o cárcere. Assim sendo, como já mencionado, aplicam-se à crimes 
de face mais leve. Há que se considerar, no entanto, a possibilidade de coexistência entre a pena 
privativa de liberdade e a pena restritiva de direitos. 
Espécies de Penas Restritivas de Direito 
Art. 43. As penas restritivas de direitos são: (Redação dada pela Lei nº 9.714, de 1998) 
 I - prestação pecuniária; (Incluído pela Lei nº 9.714, de 1998) 
 II - perda de bens e valores; (Incluído pela Lei nº 9.714, de 1998) 
 III - limitação de fim de semana. (Incluído pela Lei nº 7.209, de 1984) 
 IV - prestação de serviço à comunidade ou a entidades públicas; (Incluído pela Lei nº 9.714, de 25.11.1998) 
 V - interdição temporária de direitos; (Incluído pela Lei nº 9.714, de 25.11.1998) 
 VI - limitação de fim de semana. (Incluído pela Lei nº 9.714, de 25.11.1998) 
 
1. Prestação Pecuniária: consiste no pagamento em dinheiro feito à vítima e seus dependentes, ou 
a entidade pública ou privada, com destinação social, mediante importância fixada pelo juiz. 
 
2. Perda de bens e valores: transferência, em favor do Fundo Penitenciário Nacional, de bens e 
valores adquiridos licitamente pelo condenado, integrantes do seu patrimônio, tendo como teto o 
montante do prejuízo causado ou o proveito obtido pelo agente ou terceiro com a prática do crime, 
o que for maior. 
 
Roberta Bueno Almeida 
 DIREITO PENAL II 
 
 
15 
 
 
3. Limitação do fim de semana: na obrigação do condenado de permanecer, aos sábados e 
domingos, por cinco horas diárias, em Casa do Albergado ou lugar adequado, a fim de participar 
de cursos e ouvir palestras, bem como desenvolver atividades educativas. 
 
4. Prestação de serviço à comunidade ou à entidades públicas: a atribuição de tarefas gratuitas ao 
condenado junto a entidades assistenciais, hospitais, orfanatos e outros estabelecimentos 
similares, em programas comunitários ou estatais. Trata-se, em nosso entender, da melhor sanção 
penal substitutiva da pena privativa de liberdade, pois obriga o autor de crime a reparar o dano 
causado através do seu trabalho, reeducando-se, enquanto cumpre pena. 
 
5. Interdição Temporária de Direitos: finalidade impedir o exercício de determinada função ou 
atividade por um período determinado, como forma de punir o agente de crime relacionado à 
referida função ou atividade proibida, frequentar determinados lugares ou inscrever-se em 
concurso, avaliação ou exame públicos. 
 
Quadro Síntese 
Penas restritivas de direitos: são penas alternativas 
às privativas de liberdade, com a finalidade de 
evitar os males do encarceramento, desde que 
sejam preenchidos os requisitos expressamente 
previstos em lei, consistindo na restrição a 
determinados direitos como forma de punir e 
ressocializar o condenado.Prestação pecuniária: consiste no pagamento de um 
a trezentos e sessenta salários mínimos à vítima, 
seus dependentes ou entidades assistenciais. 
Eventualmente, havendo concordância do 
beneficiário, pode ser substituída por prestação 
de outra natureza. 
Perda de bens e valores: é a transferência ao Fundo 
Penitenciário Nacional de bens e valores lícitos do 
condenado, como forma de puni-lo, evitando-se o 
cárcere, tendo por limite o prejuízo gerado pelo 
crime ou o lucro auferido. 
Prestação de serviços à comunidade ou entidades 
públicas: é a atribuição de tarefas gratuitas ao 
condenado voltadas a entidades assistenciais em 
geral, como forma de reeducá-lo e gerando 
obrigação de caráter aflitivo, consistente na 
transformação da pena privativa de liberdade na 
proporção de uma hora-tarefa por dia de 
condenação. 
Interdição temporária de direitos: é a proibição de 
exercício de atividades públicas ou privadas, 
durante determinado tempo, bem como a 
suspensão da autorização para dirigir certos 
veículos, a proibição de frequentar determinados 
lugares ou a proibição de se inscrever em 
concurso, avaliação ou exame públicos. 
Limitação de fim de semana: consiste na obrigação de 
permanecer na casa do albergado, ou 
estabelecimento similar, durante cinco horas aos 
Roberta Bueno Almeida 
 DIREITO PENAL II 
 
 
16 
sábados e domingos, participando de cursos e 
palestras educativas. 
PENA PECUNIÁRIA 
Definição: É uma sanção penal consistente no pagamento de uma determinada quantia em pecúnia, 
previamente fixada em lei, destinada ao Fundo Penitenciário. 
Critério Bifásico para a fixação de Pena de Multa 
Art. 49 - A pena de multa consiste no pagamento ao fundo penitenciário da quantia fixada na sentença e calculada 
em dias-multa. Será, no mínimo, de 10 (dez) e, no máximo, de 360 (trezentos e sessenta) dias-multa. (Redação 
dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) 
 § 1º - O valor do dia-multa será fixado pelo juiz não podendo ser inferior a um trigésimo do maior salário mínimo 
mensal vigente ao tempo do fato, nem superior a 5 (cinco) vezes esse salário. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 
11.7.1984) 
 § 2º - O valor da multa será atualizado, quando da execução, pelos índices de correção monetária. (Redação 
dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) 
 
1. Em primeiro lugar, firma-se o número de 
dias-multa ( mínimo de 10 dias e máximo 
de 360 dias) 
2. Estabelece-se, em seguida, o valor do 
dia-multa (piso de 1/30 do salário 
mínimo e teto de 5 vezes ou valor do 
salário mínimo), conforme a situação 
econômica do réu. O mais relevante é 
que a sanção pecuniária tenha 
repercussão considerável no patrimônio 
do condenado. 
 
Critério para aplicação: deverá levar em consideração não somente as circunstâncias judiciais (art. 59, 
CP), como também as agravantes e atenuantes, além das causas de aumento e diminuição da pena. Tal 
medida permite ao réu conhecer exatamente os passos que levaram o magistrado a chegar a determinado 
número de dias-multa. 
Pagamento da multa 
Deve ser feito dentro de 10 dias do trânsito em julgado da sentença condenatória. Em casos 
específicos, o juiz pode autorizar seu pagamento parcelado. 
Se o condenado estiver preso, trabalhar e tiver remuneração, pode-se descontar uma quantia – 
de 1/4 a 1/10, conforme o caso – do que perceber (art. 168, I, LEP). A execução forçada, no entanto, só 
tem início quando ele estiver em liberdade, mesmo que em gozo de livramento condicional ou outro 
benefício (art. 170, LEP). 
Roberta Bueno Almeida 
 DIREITO PENAL II 
 
 
17 
Conversão da multa 
a) Possibilidade de conversão em pena de prisão, caso não seja paga Lei 9.268/96 retirou a 
coercibilidade da multa penal, impedindo sua conversão em pena de prisão por 
inadimplemento 
b) Caráter personalíssimo, sendo impossível que seja transferida para os herdeiros ou sucessores 
do apenado. 
Execução: tem-se entendido, majoritariamente, que, por ser dívida de valor, deve ser executada como 
qualquer dívida fiscal, pela Procuradoria da Fazenda, na Vara das Execuções Fiscais. 
 
APLICAÇÃO DA PENA 
 
A aplicação da pena de maneira coerente e individualizada é a técnica utilizada para que se 
estabeleça o livre convencimento motivado do juiz. Por meio da interpretação e dos limites de pena 
máxima e de pena mínima, far-se-ão os cálculos para a aplicação correta da pena a cada um daqueles 
que cometeram crimes passíveis de pena. 
 
FATORES QUE INFLUENCIAM NA APLICAÇÃO DA PENA 
Destaca-se que a ausência de tipicidade – ou seja, de previsão legal expressa dos fatos que 
constituem o crime- faz com que ele se desqualifique. Existem, porém, determinados fatores que 
contribuem para a aplicação desta ou daquela maneira. São eles 
• Circunstâncias específicas 
• Atenuantes 
• Agravantes 
PARTE I - A Pena-Base 
Definição: trata-se da primeira eleição, pelo magistrado, da pena que incidirá sobre o crime típico. Para 
isso, utiliza-se o magistrado daquilo que se prevê no artigo 59,CP. O estabelecimento da pena-base é o 
primeiro passo para que, posteriormente, faça-se a análise de (ii) atenuantes e agravantes e do (iii) 
aumento ou diminuição da pena base estabelecida. 
Art. 59 - O juiz, atendendo à culpabilidade, aos antecedentes, à conduta social, à personalidade do agente, aos 
motivos, às circunstâncias e conseqüências do crime, bem como ao comportamento da vítima, estabelecerá, 
conforme seja necessário e suficiente para reprovação e prevenção do crime: (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 
11.7.1984) 
I - as penas aplicáveis dentre as cominadas; (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) 
II - a quantidade de pena aplicável, dentro dos limites previstos; (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) 
Roberta Bueno Almeida 
 DIREITO PENAL II 
 
 
18 
III - o regime inicial de cumprimento da pena privativa de liberdade; (Incluído pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) 
IV - a substituição da pena privativa da liberdade aplicada, por outra espécie de pena, se cabível. (Incluído pela Lei 
nº 7.209, de 11.7.1984) 
ELEMENTOS DE PESO 2 
1. Personalidade do indivíduo: utilizada para a cominação de individualidade da pena. 
2. Antecedentes: verifica-se, por exemplo, se o indivíduo possui reincidência. 
3. Motivos: correspondem aos fatos que levaram o indivíduo ao cometimento do crime nas 
circunstâncias em que se encontrava. 
ELEMENTOS DE PESO 1 
Componentes Pessoais 
São os elementos que se ligam ao criminoso ou 
a vítima. 
1. Conduta Social do agente 
2. Comportamento da vítima 
Componentes Fáticos 
Elementos que se ligam ao cometimento do 
crime. 
1. Circunstâncias do delito 
2. Consequências da infração penal 
Em suma, a análise da existência dos 7 elementos citados é responsável pela atribuição de menor ou 
maior culpabilidade. 
• A partir, portanto, da análise dos elementos, a informação em relação à maior culpabilidade – 7 
elementos desfavoráveis- dar-se-á pena base máxima prevista. 
• A menor culpabilidade – 7 elementos favoráveis ou neutros – faz com que o magistrado atribua 
pena-base mínima. 
A projeção dos pesos atribuídos aos elementos do art. 59 em escala de pontuação forneceria o 
seguinte: personalidade = 2; antecedentes = 2; motivos = 2; conduta social = 1; circunstâncias do crime 
= 1; consequências do crime = 1; comportamento da vítima = 1. O total dos pontos é 10. 
Logo, ilustrando, na fixação da pena-base de um furto simples, cuja variação da pena de reclusão 
é de 1 a 4 anos, teríamos: a) 10 pontos negativos = 4 anos de pena-base; 5 pontos negativos = 2 anos e 
6 meses de pena-base;3 pontos negativos = variação de 1 ano e 6 meses a 2 anos de pena-base; nenhum 
ponto negativo = 1 ano de pena-base. 
 
• Ponto neutro: atribui-se ponto neutro às circunstâncias as quais não se possui prova suficiente a 
respeito. ( ponto neutro = +/- 0) 
• Ponto Negativo : atribui-se ponto negativo às circunstâncias que foram computadas como 
piores.(ponto negativo = - 1 ou -2) 
• Ponto positivo: atribui-se ponto positivo às circunstâncias que não constarem de maneira 
desfavorável para o réu ( ponto positivo = +1 ou +2) 
Roberta Bueno Almeida 
 DIREITO PENAL II 
 
 
19 
PARTE II – Agravantes e Atenuantes 
Em suma, agravantes são circunstâncias as quais podem aumentar o tempo de pena previsto, 
enquanto atenuantes são circunstâncias as quais podem diminuir o tempo de pena previsto. 
AGRAVANTES 
Os agravantes estão previstos no rol taxativo do artigo 51. 
 Art. 61 - São circunstâncias que sempre agravam a pena, quando não constituem ou qualificam o 
crime:(Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) 
 I - a reincidência; (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) 
 II - ter o agente cometido o crime: (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) 
 a) por motivo fútil ou torpe; 
 b) para facilitar ou assegurar a execução, a ocultação, a impunidade ou vantagem de outro crime; 
 c) à traição, de emboscada, ou mediante dissimulação, ou outro recurso que dificultou ou tornou impossível a 
defesa do ofendido; 
 d) com emprego de veneno, fogo, explosivo, tortura ou outro meio insidioso ou cruel, ou de que podia resultar 
perigo comum; 
 e) contra ascendente, descendente, irmão ou cônjuge; 
 f) com abuso de autoridade ou prevalecendo-se de relações domésticas, de coabitação ou de hospitalidade, ou 
com violência contra a mulher na forma da lei específica; (Redação dada pela Lei nº 11.340, de 2006) 
 g) com abuso de poder ou violação de dever inerente a cargo, ofício, ministério ou profissão; 
 h) contra criança, maior de 60 (sessenta) anos, enfermo ou mulher grávida; (Redação dada pela Lei nº 10.741, 
de 2003) 
 i) quando o ofendido estava sob a imediata proteção da autoridade; 
 j) em ocasião de incêndio, naufrágio, inundação ou qualquer calamidade pública, ou de desgraça particular do 
ofendido; 
 l) em estado de embriaguez preordenada. 
 
O agravante para reincidência ( art.51,I) pode ser aplicado para crimes dolosos ou culposos. Os 
demais agravantes previstos apenas poderão ser aplicados a crimes dolosos. 
1. MOTIVO FÚTIL: É o motivo de mínima importância, manifestamente desproporcional à 
gravidade do fato e à intensidade do motivo. Ex.: matar alguém porque perdeu uma partida 
de sinuca ou praticar um furto simplesmente para adquirir uma roupa elegante. O 
fundamento da maior punição da futilidade consiste no egoísmo intolerante, na 
mesquinhez com que age o autor da infração penal. 
 
2. MOTIVO TORPE: É o motivo repugnante, abjeto, vil, que demonstra sinal de depravação do 
espírito do agente. O fundamento da maior punição ao criminoso repousa na moral média, 
Roberta Bueno Almeida 
 DIREITO PENAL II 
 
 
20 
no sentimento ético social comum. Ex.: cometer um crime impulsionado pela ganância ou 
pela ambição desmedida. 
 
3. MOTIVAÇÃO TORPE ESPECÍFICA: O agente que comete um delito para facilitar (pratica o 
crime para tornar mais fácil concretizar outro) ou assegurar (pratica o delito para tornar 
garantida a concretização de outro) a execução, a ocultação (comete a infração para que 
não se descubra crime antecedente), a impunidade (pratica o delito para esconder o autor 
de delito anterior) ou a vantagem (comete o delito para preservar a vantagem obtida por 
infração precedente) de outro delito demonstra especial torpeza. 
4. TRAIÇÃO, EMBOSCADA, DISSIMULAÇÃO OU OUTRO RECURSO QUE DIFICULTA OU 
TORNA IMPOSSÍVEL A DEFESA DO OFENDIDO: Trata-se da consagração da 
deslealdade, da perfídia, da hipocrisia no cometimento de um crime. As referências feitas 
pelo legislador no art. 61, II, c, do Código Penal, são modos específicos de agir, que 
merecem maior censura no momento de aplicação da pena. 
• A traição divide-se em material (ou objetiva), que é a atitude de golpear alguém 
pelas costas, e moral (ou subjetiva), significando ocultar a intenção criminosa, 
ao enganar a vítima. Logicamente, a traição engloba a surpresa. 
• Emboscada é o ato de esperar alguém passar para atacá-lo, vulgarmente 
conhecida por tocaia ou cilada. 
• Dissimulação é o despistamento da vontade hostil; escondendo a vontade 
ilícita, o agente ganha maior proximidade da vítima. Fingindo amizade para 
atacar, leva vantagem e impede a defesa. 
 
5. VENENO, FOGO, EXPLOSIVO, TORTURA OU OUTRO MEIO INSIDIOSO OU CRUEL OU DE QUE 
POSSA RESULTAR PERIGO COMUM 
6. RELAÇÕES FAMILIARES: Aumenta-se a punição no caso de crime cometido contra 
ascendente, descendente, irmão ou cônjuge, tendo em vista a maior insensibilidade moral 
do agente, que viola o dever de apoio mútuo existente entre parentes e pessoas ligadas 
pelo matrimônio. 
 
7. ABUSO DE AUTORIDADE, RELAÇÕES DO LAR E VIOLÊNCIA CONTRA A MULHER: Nessa 
agravante pune-se com maior rigor a afronta aos princípios de apoio e assistência que 
deve haver nessas situações. O abuso de autoridade mencionado é o abuso no campo do 
direito privado, vale dizer, nas relações de autoridade que se criam entre tutor-tutelado, 
guardião-pupilo, curador-curatelado etc. 
Roberta Bueno Almeida 
 DIREITO PENAL II 
 
 
21 
• Quanto às relações domésticas, são as ligações estabelecidas entre participantes 
de uma mesma vida familiar, podendo haver laços de parentesco ou não. Ex.: um 
primo que se integre à vida da família compartilha das relações domésticas. 
• Coabitação, por sua vez, significa apenas viver sob o mesmo teto, mesmo que por 
pouco tempo. Ex.: moradores de uma pensão. 
• Finalmente, hospitalidade é a vinculação existente entre as pessoas durante a 
estada provisória na casa de alguém. Ex.: relação entre anfitrião e convidado 
durante uma festa. 
 
8. REINCIDÊNCIA: É o cometimento de uma infração penal após já ter sido o agente 
condenado definitivamente, no Brasil ou no exterior, por crime anterior (art. 63, CP). 
Admite-se, ainda, porque previsto expressamente na Lei das Contravenções Penais (art. 
7.º), o cometimento de contravenção penal após já ter sido o autor anteriormente 
condenado com trânsito em julgado por contravenção penal. Portanto, admite-se, para 
efeito de reincidência, o seguinte quadro: a) crime (antes) – crime (depois); b) crime (antes) 
– contravenção penal (depois); c) contravenção (antes) – contravenção (depois). Não se 
admite: contravenção (antes) – crime (depois), por falta de previsão legal. 
ATENUANTES 
 Trata-se de circunstâncias, previstas pelo art. 65, que diminuem o tempo de pena do acusado. 
Ademais, poderá reduzir a pena ao mínimo penal estabelecido pela pena-base do legislador. 
Art. 65 - São circunstâncias que sempre atenuam a pena: (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) 
 I - ser o agente menor de 21 (vinte e um), na data do fato, ou maior de 70 (setenta) anos, na data da 
sentença; (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) 
 II - o desconhecimento da lei; (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) 
 III - ter o agente:(Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) 
 a) cometido o crime por motivo de relevante valor social ou moral; 
 b) procurado, por sua espontânea vontade e com eficiência, logo após o crime, evitar-lhe ou minorar-lhe as 
conseqüências, ou ter, antes do julgamento, reparado o dano; 
 c) cometidoo crime sob coação a que podia resistir, ou em cumprimento de ordem de autoridade superior, ou 
sob a influência de violenta emoção, provocada por ato injusto da vítima; 
 d) confessado espontaneamente, perante a autoridade, a autoria do crime; 
 e) cometido o crime sob a influência de multidão em tumulto, se não o provocou. 
 Art. 66 - A pena poderá ser ainda atenuada em razão de circunstância relevante, anterior ou posterior ao crime, 
embora não prevista expressamente em lei. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) 
 
Roberta Bueno Almeida 
 DIREITO PENAL II 
 
 
22 
CONFISSÃO ESPONTÂNEA: trata-se do maior atenuante de pena possível. Confessar, no âmbito do 
processo penal, é admitir contra si por quem seja suspeito ou acusado de um crime, tendo pleno 
discernimento, voluntária, expressa e pessoalmente, diante da autoridade competente, em ato solene e 
público, reduzido a termo, a prática de algum fato criminoso. A confissão, para valer como meio de prova, 
precisa ser voluntária, ou seja, livremente praticada, sem qualquer coação. Entretanto, em nosso 
entendimento, para servir de atenuante, deve ser ainda espontânea, vale dizer, sinceramente desejada, 
de acordo com o íntimo do agente. 
CONCURSO DE AGRAVANTES E ATENUANTES 
Preceitua o art. 67 do Código Penal que, no concurso de agravantes e atenuantes, a pena deve 
aproximar-se do limite indicado pelas circunstâncias preponderantes, considerando-se como tais as que 
resultam dos motivos determinantes do crime, da personalidade do agente e da reincidência. 
Portanto, na segunda fase da fixação da pena, o magistrado deve fazer preponderar a agravante 
da reincidência, por exemplo, sobre a atenuante da confissão espontânea. Do mesmo modo, fará sobrepor 
a atenuante do relevante valor moral à agravante de crime praticado contra enfermo. 
Aplicação da Pena em caráter trifásico 
Consolida-se a aplicação de pena em caráter trifásico 
A. critério do art. 59 deste Código; 
B. em seguida serão consideradas as circunstâncias atenuantes e agravantes; 
C. por último, as causas de diminuição e de aumento 
Para Hungria, o juiz deve estabelecer a pena em três fases distintas: a primeira leva em 
consideração a fixação da pena-base, tomando por apoio as circunstâncias judiciais do art. 59; em 
seguida, o magistrado deve aplicar as circunstâncias legais (atenuantes e agravantes, dos arts. 61 a 66), 
para então apor as causas de diminuição e de aumento (previstas nas Partes Geral e Especial). 
 
Quadro Síntese 
Aplicação da pena: é o processo judicial discricionário, 
mas juridicamente vinculado, de fixação 
do quantum da pena, dentro dos limites mínimo e 
máximo estabelecidos pelo legislador, levando-se 
em consideração todas as circunstâncias do 
crime, promovendo-se a individualização da pena. 
Circunstâncias judiciais: são as circunstâncias 
previstas no art. 59 do Código Penal, funcionando 
como residuais, nascidas no caso concreto da 
concepção do magistrado. 
Circunstâncias legais: são as circunstâncias descritas 
na lei penal, podendo ser genéricas, previstas na 
Parte Geral e aplicáveis a todos os crimes 
(agravantes e atenuantes), como específicas, 
previstas na Parte Geral e Especial, aplicáveis 
somente a alguns delitos (causas de aumento e 
diminuição). 
Roberta Bueno Almeida 
 DIREITO PENAL II 
 
 
23 
Qualificadoras e privilégios: são circunstâncias legais 
que permitem a modificação dos valores mínimo 
e máximo da pena, em abstrato, previstos para o 
delito. 
Efeitos da Condenação 
 
Definitivos: trata-se do conjunto dos efeitos principais trazidos pelo ato da condenação, bem como dos 
efeitos reflexos/acessórios que também se desdobram. 
Efeitos condenatórios Genéricos 
A. TORNAR CERTA A FUNÇÃO DE REPARAR O DANO: o dano causado pelo delinquente à vitima poderá 
ser ressarcido mediante busca de ação cível cabível, como a ação de reparação por perdas e 
danos. Quando tal tipo de ação incorre no processo, tem por função reparar as possíveis perdas 
sofridas pelos ascendentes e descendentes, bem como do cônjuge e da vítima. 
 
B. PERDA EM FAVOR DO ESTADO DE BENS E VALORES DE ORIGEM ILÍCITA: É a hipótese do confisco, 
também automática, sem necessidade de ser declarada pelo juiz na sentença, largamente 
utilizada na Antiguidade como pena total ou parcial. Nessa época, no entanto, terminava atingindo 
inocentes, como a família do réu, que perdia bens licitamente adquiridos por força de uma 
condenação que não deveria passar da pessoa do criminoso. Era medida desumana e injusta, até 
que, hoje, não mais se admite o confisco atingindo terceiros não participantes do delito (art. 5.º, 
XLV, CF). Os instrumentos que podem ser confiscados pelo Estado são os ilícitos, vale dizer, 
aqueles cujo porte, uso, detenção, fabrico ou alienação é vedado. Ex.: armas de uso exclusivo do 
Exército ou utilizadas sem o devido porte; documentos falsos; máquinas de fabrico de dinheiro 
etc. 
 
Efeitos Específicos 
1. PERDA DE CARGO PÚBLICO, FUNÇÃO PÚBLICA OU MANDATO ELETIVO: Trata-se de efeito não 
automático, que precisa ser explicitado na sentença, respeitados os seguintes pressupostos: 
a) nos crimes praticados com abuso de poder ou violação do dever para com a Administração 
Pública, quando a pena aplicada for igual ou superior a 1 ano; 
b) nos demais casos, quando a pena for superior a 4 anos; 
 
3. INCAPACIDADE PARA O PODER FAMILIAR, TUTELA OU CURATELA: Trata-se de efeito não automático 
e permanente, que necessita ser declarado na sentença condenatória. É aplicável aos 
condenados por crimes dolosos, sujeitos à pena de reclusão, cometidos contra filho, tutelado ou 
curatelado. 
Roberta Bueno Almeida 
 DIREITO PENAL II 
 
 
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4. INCAPACIDADE PARA DIRIGIR VEÍCULOS: trata-se de efeito não automático, que precisa ser 
declarado na sentença condenatória e somente pode ser utilizado quando o veículo for usado 
como meio para a prática de crime doloso. A nova legislação de trânsito não alterou este efeito da 
condenação, pois, no caso presente, o veículo é usado como instrumento de delito doloso, nada 
tendo a ver com os crimes culposos de trânsito. 
Quadro Síntese 
Efeitos da condenação: são todos os efeitos 
provocados por uma sentença penal 
condenatória, dividindo-se em penais e 
extrapenais. 
Efeitos penais: há o principal, que é a imposição de 
pena e o seu cumprimento, bem como os 
secundários, decorrências naturais do primeiro 
(geração de reincidência e maus antecedentes; 
lançamento do nome do réu no rol dos culpados; 
revogação de benefícios como o sursis ou o 
livramento condicional etc.). 
Efeitos extrapenais: provocam consequências fora do 
âmbito do Direito Penal e dividem-se em 
genéricos, que são automáticos (formação de 
título executivo para ser cobrada reparação do 
dano na esfera cível; confisco dos produtos e 
instrumentos ilícitos do crime), e específicos, que 
devem ser expressamente declarados na 
sentença (perda do cargo, função ou emprego 
público e mandato eletivo; perda do poder 
familiar, tutela ou curatela; perda do direito de 
dirigir veículo). 
Concurso de Crimes 
 
Definição: o concurso de crimes é a prática de vários crimes por um único agente ou por um grupo de 
autores atuando em conjunto. 
• Direito brasileiro – aplicação do critério normativo: o número de resultados típicos materializados 
não é determinante para sabermos qual o número de infrações penais existentes e qual o 
montante da pena a ser aplicada, devendo haver consulta ao texto legal. Esse é o critério utilizado 
pela legislação brasileira. 
SISTEMAS DE CONCURSOS DE CRIMES 
Sistema de acumulação material 
Definição: trata-sede, no concurso de delitos, aplicar a pena cumulativa sobre todos os delitos ao agente, 
ou seja, somam-se as penas de cada delito para que se chegue ao montante. 
 
Exemplo: É o que ocorre nos casos dos tipos penais prevendo a aplicação de determinada pena, além de 
outra, advinda da violência praticada em conjunto. Vide, como exemplo, o disposto no art. 344 do Código 
Roberta Bueno Almeida 
 DIREITO PENAL II 
 
 
25 
Penal (coação no curso do processo), estipulando a pena de 1 a 4 anos de reclusão, e multa, além da 
pena correspondente à violência. 
Sistema da Exasperação da pena 
Definição: trata-se do sistema em que, havendo concurso de delitos, aplica-se a punição pelo mais grave, 
acrescida da aplicação de punição de cota-parte como representação de todos os delitos cometidos. 
 
Exemplo: arts. 70 (concurso formal) e 71 (crime continuado). 
Sistema de Absorção 
Definição: aquele no qual adota-se a pena prevista pelo delito mais grave, absorvendo-se o indivíduo pelos 
outros delitos cometidos. 
 
Exemplo: Não adotamos esse sistema expressamente, mas há casos em que a jurisprudência, levando 
em conta o critério da consunção, no conflito aparente de normas, termina por determinar que o crime 
mais grave, normalmente o crime-fim, absorve o menos grave, o denominado crime-meio. Evita-se, com 
isso, a soma de penas. 
Sistema da acumulação jurídica 
Definição: para a aplicação da pena, faz-se uma média ponderada das penas de todos os crimes 
empreendidos. 
 
Exemplo: não adotamos esse tipo de sistema no Brasil. 
CONCURSO DE CRIMES: ESPÉCIES 
Concurso Material de Crimes 
Definição: Quando o agente, mediante mais de uma ação ou omissão, pratica dois ou mais crimes, deve 
ser punido pela soma das penas privativas de liberdade em que haja incorrido, porque se adota o sistema 
da acumulação material nesse contexto. O concurso material pode ser homogêneo (prática de crimes 
idênticos) ou heterogêneo (prática de crimes não idênticos). 
 
CRITÉRIOS PARA A APLICAÇÃO DA PENA 
1. O Juiz irá dosar a pena de cada crime efetuado, de maneira individualizada. 
2. Somar-se-ão as penas, havendo previsão de pena máxima, disposta no Art.75 do CP, e 30 anos. 
a. Não cabe fiança ao réu que obtiver mais de 2 anos em seu concurso de crimes. 
b. Crimes famélicos não podem ser concursados em si. 
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 DIREITO PENAL II 
 
 
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CUMULAÇÃO DE PENA PRIVATIVA DE LIBERDADE E PENA RESTRITIVA DE DIREITOS: O art. 69, §§ 1.º e 2.º, 
do CP estabelece a viabilidade de se cumular, por ocasião da aplicação da pena, quando o juiz reconhecer 
o concurso material, uma pena privativa de liberdade, com suspensão condicional da pena ou mesmo 
regime aberto (prisão albergue domiciliar), com uma restritiva de direitos. 
Concurso Formal de crimes 
Definição: Quando o agente, mediante uma única ação ou omissão, provoca dois ou mais resultados 
típicos, deve ser punido pela pena mais grave, ou por uma delas, se idênticas, aumentada de um sexto 
até a metade, por meio do sistema da exasperação. Dá-se o concurso formal homogêneo, quando os 
crimes forem idênticos e o heterogêneo, quando os delitos forem não idênticos. 
Crime Continuado 
Definição: Quando o agente, mediante mais de uma ação ou omissão, pratica dois ou mais crimes da 
mesma espécie, em condições de tempo, lugar, maneira de execução semelhantes, cria-se uma suposição 
de que os subsequentes são uma continuação do primeiro, formando o crime continuado. 
NATUREZA JURÍDICA 
1. Ficção Jurídica: em verdade, o crime 
continuado nada mais é do que concurso 
de crimes, ao qual a jurisdição quis 
atribuir valor legal distinto. 
2. Realidade: O crime continuado existe, 
porque a ação pode compor-se de vários 
atos, sem que isso tenha qualquer 
correspondência necessária com um ou 
mais resultados. Assim, vários atos 
podem dar causa a um único resultado e 
vice-versa. 
 
TEORIAS DO CRIME CONTINUADO 
1. Subjetiva: [UNIDADE DE DESÍGNIO] o 
crime continuado existe apenas se o 
agente comprovar que agiu em todos os 
crimes que praticou objetivando um 
único propósito. 
 
2. Objetiva: o crime continuado existe se 
todos os critérios de execução, tempo e 
lugar estiverem nele previstas. Trata-se 
da teoria aplicada pelo Código Penal 
Brasileiro. 
Art. 71 - Quando o agente, mediante mais de uma 
ação ou omissão, pratica dois ou mais crimes da 
mesma espécie e, pelas condições de tempo, lugar, 
maneira de execução e outras semelhantes, devem 
os subseqüentes ser havidos como continuação do 
primeiro, aplica-se-lhe a pena de um só dos crimes, se 
idênticas, ou a mais grave, se diversas, aumentada, 
em qualquer caso, de um sexto a dois 
terços. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 
11.7.1984) 
 
3. Objetivo-Subjetiva: mescla em si a 
necessidade, para a comprovação do 
crime continuado, da ocorrência de 
Roberta Bueno Almeida 
 DIREITO PENAL II 
 
 
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unidade de desígnio e presença de todos 
os critérios objetivos. Somente deveria 
ter direito ao reconhecimento desse 
benefício legal o agente criminoso que 
demonstrasse ao juiz o seu intuito único, 
o seu propósito global, vale dizer, 
evidenciasse que, desde o princípio, ou 
pelo menos durante o iter criminis, tinha 
o propósito de cometer um crime único, 
embora por partes. 
Crimes continuados com vítimas diferentes: Atualmente, os acórdãos seguem tendência em sentido 
contrário, acolhendo o delito continuado mesmo contra vítimas diferentes e bens personalíssimos. Aliás, 
outra não poderia ser a solução, pois a Reforma Penal de 1984 acrescentou o parágrafo único no art. 71 
do Código Penal, prevendo claramente essa possibilidade. 
 
Extinção e Prescrição de Punibilidade 
 
Definição: É o desaparecimento da pretensão punitiva ou executória do Estado, em razão de específicos 
obstáculos previstos em lei. É causa extrínseca ao fato delituoso, não englobada pelo dolo do agente. 
Causas Gerais e Específicas 
Art. 107 - Extingue-se a punibilidade: (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) 
 I - pela morte do agente; 
 II - pela anistia, graça ou indulto; 
 III - pela retroatividade de lei que não mais considera o fato como criminoso; 
 IV - pela prescrição, decadência ou perempção; 
 V - pela renúncia do direito de queixa ou pelo perdão aceito, nos crimes de ação privada; 
 VI - pela retratação do agente, nos casos em que a lei a admite; 
 VII - (Revogado pela Lei nº 11.106, de 2005) 
 VIII - (Revogado pela Lei nº 11.106, de 2005) 
 IX - pelo perdão judicial, nos casos previstos em lei. 
 
1. Gerais: aquelas que se aplicam a todo e qualquer delito, sem distinção. 
2. Específicas: aquelas que se aplicam a específicos delitos. 
Geralmente, ocorrendo uma dessas causas, extingue-se a possibilidade do Estado de impor uma pena 
ao agente, embora remanesça o crime praticado. 
• Causas que excluem o delito : anistia e abolitio criminis. 
 
 
Roberta Bueno Almeida 
 DIREITO PENAL II 
 
 
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Comunicabilidade de causas extintivas 
Preveem extinção da pena, para autor e coautor, 
as causas 
▪ Perdão, para quem o 
aceitar. 
▪ Abolitio Criminis 
▪ Decadência 
▪ Perempção 
▪ Retração, no crime de 
falso testemunho. 
▪ Renúncia ao direito de 
queixa 
Não preveem extinção da pena para autor, 
somente para coautor e partícipe as causas 
▪ Morte do agente 
▪ Perdão Judicial 
▪ Graça, indulto ou anistia 
▪ Retração do requerendo 
na calúnia ou difamação 
▪ Prescrição, em casos 
previstos. 
Previsões de Extinção da Pena 
1. Morte do Agente: a Constituição Federal cuida, também,da matéria, mencionando no art. 5.º, XLV, 
1.ª parte, que a pena não deverá passar da pessoa do delinquente, embora o perdimento de bens 
possa atingir os sucessores nos casos legalmente previstos até o limite do patrimônio transferido. 
a. Esse princípio não rege as consequências civis. 
 
2. Anistia: É a declaração, pelo Poder Público, de que determinados fatos se tornam impuníveis por 
motivo de utilidade social. O instituto da anistia volta-se a fatos e não a pessoas. Pode ocorrer 
antes da condenação definitiva – anistia própria –, ou após o trânsito em julgado da condenação 
– anistia imprópria. Tem a força de extinguir a ação e a condenação, sem deixar efeitos 
secundários. Primordialmente, destina-se a crimes políticos, embora nada impeça a sua 
concessão a crimes comuns. 
 
3. Concessão de Indultos ou de Graça Individual: trata-se da concessão de perdão a uma pessoa 
específica, sendo, portanto, critério subjetivo para a extinção da pena. Destina-se a prática de 
crimes comuns. 
 
4. Indulto Coletivo: concessão de perdão à um grupo de pessoas. Pode ser total, quando abrange 
toda a pena, ou parcial, quando torna a pena mais branda. 
 
5. Abolitio Criminis: trata-se, em suma, da retroatividade penal benéfica, na qual, na ocorrência de 
nova lei, esta descriminaliza ato anterior considerado criminoso. 
 
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6. Decadência: perda do direito de ingressar com ação privada ou de representação por não ter sido 
exercido no prazo legal. Atinge o direito de punir do Estado indiretamente, uma vez que, não mais 
existindo possibilidade de se instaurar o devido processo legal, não se pode impor condenação. O 
prazo geral de decadência de pena é de 6 meses. 
 
7. Perempção: trata-se de uma sanção processual pela inércia do particular na condução da ação 
penal privada, impedindo-o de prosseguir na demanda. Perempção origina-se de perimir, que 
significa matar, destruir. É instituto aplicável apenas à ação penal privada exclusiva, e não na 
subsidiária da pública. Assim sendo, atinge o direito de se prosseguir com a ação penal. 
 
8. Renúncia e Perdão: Renúncia é a desistência da propositura da ação penal privada. Para a maioria 
da doutrina, a renúncia é aplicável à ação penal subsidiária da pública, embora isso não impeça 
o Ministério Público de denunciar. Perdão é a desistência do prosseguimento da ação penal 
privada propriamente dita – porque já houve ajuizamento da ação. Nota-se, pois, como são 
semelhantes os dois institutos. A única grande diferença entre ambos é que a renúncia ocorre 
antes do ajuizamento da ação e o perdão, depois. Tanto a renúncia como o perdão podem ser 
expressos ou tácitos. Expressos, quando ocorrem através de declaração escrita e assinada pelo 
ofendido ou por seu procurador, com poderes especiais (não obrigatoriamente advogado). Tácitos, 
quando o querelante praticar atos incompatíveis com o desejo de processar o ofensor (art. 104, 
parágrafo único, 1.ª parte, e art. 106, § 1.º, CP). Ex.: reatamento de amizade, não se incluindo 
nisso as relações de civilidade ou profissionais. 
 
9. Retratação: É o ato pelo qual o agente reconhece o erro que cometeu e o denuncia à autoridade, 
retirando o que anteriormente havia dito. Pode ocorrer: 1.º) nos crimes de calúnia e difamação 
(art. 143, CP); 2.º) nos crimes de falso testemunho e falsa perícia (art. 342, § 2.º, CP). 
 
10. Perdão Judicial: É a clemência do Estado para determinadas situações expressamente previstas 
em lei, quando não se aplica a pena prevista para determinados crimes, ao serem preenchidos 
certos requisitos objetivos e subjetivos que envolvem a infração penal. 
 
PRESCRIÇÃO DA PENA 
Definição: trata-se da perda de exercer o direito de punição por parte do Estado pelo seu não exercício em 
determinado prazo de tempo. Aplica-se, pois, por não haver mais interesse do estado e por não haver o 
infrator reincindido. 
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a) teoria do esquecimento: baseia-se no 
fato de que, após o decurso de certo 
tempo, que varia conforme a gravidade 
do delito, a lembrança do crime apaga-se 
da mente da sociedade, não mais 
existindo o temor causado pela sua 
prática, deixando, pois, de haver motivo 
para a punição; 
 
b) teoria da expiação moral: funda-se na 
ideia de que, com o decurso do tempo, o 
criminoso sofre a expectativa de ser, a 
qualquer tempo, descoberto, processado 
e punido, o que já lhe serve de aflição, 
sendo desnecessária a aplicação da 
pena; 
 
c) teoria da emenda do delinquente: tem 
por base o fato de que o decurso do 
tempo traz, por si só, mudança de 
comportamento, presumindo-se a sua 
regeneração e demonstrando a 
desnecessidade da pena; 
d) teoria da dispersão das provas: lastreia-
se na ideia de que o decurso do tempo 
provoca a perda das provas, tornando 
quase impossível realizar um julgamento 
justo muito tempo depois da 
consumação do delito. Haveria maior 
possibilidade de ocorrência de erro 
judiciário; 
 
e) teoria psicológica: funda-se na ideia de 
que, com o decurso do tempo, o 
criminoso altera o seu modo de ser e de 
pensar, tornando-se pessoa diversa 
daquela que cometeu a infração penal, 
motivando a não aplicação da pena. Em 
verdade, todas as teorias, em conjunto, 
explicam a razão de existência da 
prescrição, que não deixa de ser medida 
benéfica e positiva, diante da inércia do 
Estado em sua tarefa de investigação e 
apuração do crime. 
 
Prazos para a Prescrição da Pena 
Regula-se pelo disposto no art. 109 do Código Penal, nos seguintes patamares: 
a) em 20 anos, se o máximo da pena for superior a 12; 
b) em 16 anos, se o máximo da pena for superior a 8 e não exceder 12; 
c) em 12 anos, se o máximo da pena for superior a 4 e não exceder 8; 
d) em 8 anos, se o máximo da pena for superior a 2 e não exceder 4; 
e) em 4 anos, se o máximo da pena for igual ou superior a 1 e não exceder 2; 
f) em 3 anos, se o máximo da pena for inferior a 1 ano 
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 DIREITO PENAL II 
 
 
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Modalidades de Prescrição 
1. Prescrição da Pena em Abstrato: é a perda da pretensão punitiva do Estado, levando-se em conta 
a pena máxima em abstrato cominada para o crime. É utilizada enquanto o Estado não dispõe da 
pena concreta, aquela efetivamente aplicada pelo juiz, sem mais recurso da acusação; 
 
2. Prescrição da Pena em Concreto : é a perda da pretensão punitiva ou executória do Estado, 
levando-se em conta o montante da pena fixado na sentença, com, pelo menos, o trânsito em 
julgado para a acusação. 
 
a. Prescrição da Pretensão Punitiva : é a perda do direito de punir, levando-se em 
consideração prazos anteriores. 
i. prescrição retroativa: é a perda do direito de punir do Estado, considerando-se a 
pena concreta estabelecida pelo juiz, com trânsito em julgado para a acusação, 
bem como levando-se em conta prazo anterior à própria sentença (entre a data do 
recebimento da denúncia ou queixa e a data da sentença, como regra. Há outros 
lapsos previstos especificamente para o procedimento do júri, que veremos 
depois); 
ii. prescrição intercorrente (subsequente ou superveniente): é a perda do direito de 
punir do Estado, levando-se em consideração a pena concreta, com trânsito em 
julgado para a acusação, ou improvido seu recurso, cujo lapso para a contagem 
tem início na data da sentença e segue até o trânsito em julgado desta para a 
defesa; 
b. prescrição da pretensão executória: é a perda do direito de aplicar efetivamente a pena, 
tendo em vista a pena em concreto, com trânsito em julgado para as partes, mas com o 
lapso percorrido entrea data do trânsito em julgado da decisão condenatória para a 
acusação e o início do cumprimento da pena ou a ocorrência de reincidência. 
Termo Inicial da Prescrição 
ANTES DE TRANSITAR EM JULGADO 
Art. 111 - A prescrição, antes de transitar em julgado a sentença final, começa a correr: (Redação dada pela Lei nº 
7.209, de 11.7.1984) 
 I - do dia em que o crime se consumou; (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) 
 II - no caso de tentativa, do dia em que cessou a atividade criminosa; (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 
11.7.1984) 
 III - nos crimes permanentes, do dia em que cessou a permanência; (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 
11.7.1984) 
Roberta Bueno Almeida 
 DIREITO PENAL II 
 
 
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 IV - nos de bigamia e nos de falsificação ou alteração de assentamento do registro civil, da data em que o fato 
se tornou conhecido. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) 
 V - nos crimes contra a dignidade sexual de crianças e adolescentes, previstos neste Código ou em legislação 
especial, da data em que a vítima completar 18 (dezoito) anos, salvo se a esse tempo já houver sido proposta a 
ação penal. 
 
APÓS TRANSITAR EM JULGADO 
Art. 112 - No caso do art. 110 deste Código, a prescrição começa a correr: (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 
11.7.1984) 
 I - do dia em que transita em julgado a sentença condenatória, para a acusação, ou a que revoga a suspensão 
condicional da pena ou o livramento condicional; (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) 
 II - do dia em que se interrompe a execução, salvo quando o tempo da interrupção deva computar-se na 
pena. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)

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