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GESTÃO DEMOCRÁTICA E PARTICIPATIVA DA ESCOLA PÚBLICA...
(Publicado em 23 de November de 2016 por IÊDA CARLA CAUS SANT'ANA).
GESTÃO DEMOCRÁTICA E PARTICIPATIVA DA ESCOLA PÚBLICA: QUEM SÃO OS ATORES
RESUMO
Este artigo aborda a participação e envolvimento de todos os indivíduos que participam e devem participar de um modelo de escola democrática e participativa, onde os atores deste contexto atuem de forma que a escola abrace a educação no sentido de desenvolver as habilidades e competências de seus alunos como um ato de amor e solidariedade construída dia-a-dia, com o objetivo de melhorar a qualidade socioeducacional da escola e consequentemente de todos os atores.
1 INTRODUÇÃO:
A realidade atual da educação pública no Brasil, não difere de décadas atrás, um ensino decadente e desarticulado, destoante da época globalizada em que vivemos, pedindo socorro por mudanças. Não se pode mais fechar os olhos para esta realidade, precisamos estender as mãos urgentemente e juntar os esforços dos atores deste cenário: governo, sociedade, família e toda a comunidade escolar. A CF de 1988, em seu Capitulo III, Seção I, Artigos 205 a 214 tratam especificamente do direito à educação. O Artigo 205 determina que: “A educação, direito de todos e dever do estado e da família, será promovida e incentivada com a colaboração da sociedade, visando ao pleno desenvolvimento da pessoa, seu preparo para o exercício da cidadania e sua qualificação para o trabalho”. Alinhado a esta determinação, a LDB nº 9.394 de 1996 em seu Artigo 1º determina: “A educação abrange os processos formativos que se desenvolvem na vida familiar, na convivência humana, no trabalho, nas instituições de ensino e pesquisa, nos movimentos sociais e organizações da sociedade civil e nas manifestações culturais”. As afirmativas que a CF e a LDB preconiza, realmente estão sendo realizadas de forma satisfatória? Ou melhor, estão sendo realizadas pelos atores deste cenário de forma concreta e participativa? Aqui nos cabe uma reflexão: Será que o estado, a família, a sociedade e a escola estão desempenhando seus papéis de protagonistas com os devidos méritos que o enredo merece, ou simplesmente estão participando como coadjuvantes que não precisam ser reconhecidos? Ao refletir tal propositura, podemos concluir que muito ainda falta para estes atores desempenharem seus papéis de forma a alcançar o mérito e o reconhecimento de suas ações e de seus trabalhos. Entendido o papel de cada um dentro do cenário socioeducacional, a escola deve ressaltar a educação para o pensar, levando o aluno a ter maior compreensão de seu cotidiano, de suas ações, da capacidade de tomar decisões e estar mais apto ao convívio social, a fim de que possa exercer sua cidadania com ética e dignidade, com o pensamento voltado para o amor, à fraternidade e a solidariedade. 2 Queremos uma escola que descubra potencialidades, que exercite talentos na direção da criatividade, da criticidade, deixando de lado à velha escola da memorização, do enciclopedismo, do conhecimento pronto e acabado. Precisamos fazer com que nossos jovens queiram aprender, e este “querer aprender” é uma das tarefas da escola, através de suas metodologias e didáticas, devendo sim, ser estimulados pela família e toda a comunidade em que esta inserido. Não há dúvidas de que a escola de hoje, pouco ou nada tem feito para tornar o ensino prazeroso, condição mais que necessária para o interesse do aluno, entretanto, não dependente exclusivamente dela, o gostar de aprender é um valor cultural que precisa ser permanentemente cultivado.
2 GESTÃO DEMOCRÁTICA E PARTICIPATIVA DA ESCOLA PÚBLICA:
O conceito de gestão escolar foi criado para superar um possível enfoque limitado do termo administração escolar. Foi constituído a partir dos movimentos de abertura política do país, que começaram a promover novos conceitos e valores, associados, sobretudo à ideia de autonomia escolar, à participação da sociedade e da comunidade, à criação de escolas comunitárias, cooperativas e associativas e ao fomento às associações de pais. Assim, no âmbito da gestão escolar, o estabelecimento de ensino passou a ser entendido como um sistema aberto, com uma cultura e identidade própria, capaz de reagir com eficácia às solicitações dos contextos locais em que se inserem. A definição de “democracia” segundo o dicionário prático da pedagogia, quer dizer que é um sistema de governo onde o ser humano, perante a lei, tem o direito de participar das tomadas de decisões por meio da igualdade, independendo da cor, raça ou crença. (2011) De acordo com Cury (2007, p.486): “Essa igualdade pretende que todos os membros da sociedade tenham iguais condições de acesso aos bens trazidos pelo conhecimento, de tal maneira que possam participar em termos de escolha ou mesmo de concorrência no que uma sociedade considera como significativo e onde tais membros possam ser bem sucedidos e reconhecidos como iguais. Mesmo que a igualdade de resultados não possa ser assegurada a priori, seria odioso e discriminatório conferir ao conhecimento uma destinação social prévia”. 3 A gestão escolar democrática não pode restringir-se apenas no seu interior, mas, envolver principalmente todos os atores, de modo que possam produzir efeitos que vão além dos muros da escola, fazendo com que toda a comunidade em que ela esta inserida participe e interaja com os acontecimentos que ela proporciona. A escola deve ser um local que esteja sempre de portas abertas, deve usar uma linguagem que os pais compreendam para assim se sentirem mais confiantes, estabelecendo um diálogo franco, claro e mútuo, para que ocorra a troca de saberes. A participação dos pais gera de forma imediata concordância e até mesmo entusiasmo, pois parece correta porque se baseia na obrigação natural, e é desejável para aumentar a participação democrática e o aproveitamento escolar, por isso é necessário à família e a escola terem culturas próximas. Neste sentido Tiba (1996, p.140), afirmou: “O ambiente escolar dever ser de uma instituição que complete o ambiente familiar do educando, os quais devem ser agradáveis e geradores de afeto. Os pais e a escola devem ter princípios muito próximos para o benefício do filho/aluno”. Uns dos caminhos que a escola deve usar para incentivar e promover a participação da família e da comunidade é na construção e efetivação do PPP (Projeto Político Pedagógico), sensibilizando-os sobre as necessidades do projeto, pois é necessário que eles entendam a proposta, para se verem como parte indispensável deste processo. A reflexão coletiva é importante e necessária, a fim de se estabelecer compromisso de todos, com um instrumento de participação efetiva e democrática. Ao construí-lo em processo democrático, busca-se instaurar uma forma de organização do trabalho pedagógico que supere os conflitos entre escola - família, pois a família vai conhecer a proposta da escola.
Mudanças começam a partir dos processos políticos na participação e decisão na escola através do colegiado e da gestão democrática. Lück (2000, p.37), afirma que “a liderança participativa é uma estratégia empregada para aperfeiçoar a qualidade educacional”. 4 A gestão democrática da educação consiste na transparência, envolvimento, autonomia e liderança de um trabalho coletivo, onde, a direção seja dinâmica, comprometida e motivadora para que possa arrebanhar todos os envolvidos no processo educacional, lembrando que conforme a LDB 9.394, Art. 64, o gestor precisa estar capacitado profissionalmente para “administração, planejamento, inspeção, supervisão e orientação educacional […]”.
Desse modo, a participação requer formas de trabalho que atenda as necessidades comuns dos atores envolvidos, sejam eles alunos, pais, funcionários da escola, corpo docente e comunidade. Com essa democratização, onde cada grupo assume um papel, assumem compromissos e responsabilidades, passando aos alunos, desde séries iniciais, conceito de democracia e noções de política, assuntos os quais eles participarão futuramente. O aluno, desde cedo,amplia sua concepção de cidadania através das práticas de democracia. De acordo com Vieira (2001), com as mudanças na gestão, no que se refere à escola, “[...], antes território quase exclusivo de professores, diretores, funcionários e alunos, passa a compartilhar seu espaço com outros atores – pais, membros da comunidade, „amigos da escola‟, [...]” (P. 23). Os sistemas de ensino devem assegurar as unidades escolares autonomia pedagógicas, administrativa e de gestão financeira, sendo estes princípios defendidos na CF de 1998 e reforçada na LDB 9.394 de 1996 em seus artigos 3º, 14° e 15°, que determinam:
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