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ELABORAÇÃO DO MAPA DE RISCO NA 
CONSTRUÇÃO CIVIL: UM ESTUDO DE 
CASO NO CANTEIRO DE OBRAS 
LOCALIZADO NA CIDADE DE 
QUIXADÁ 
 
Isabel Ferreira de Barros (FCRS ) 
bel.bebop@hotmail.com 
Luciana Ribeiro da Silva (FCRS ) 
luciana-ribeiro88@hotmail.com 
JACKSON LIMA DE OLIVEIRA (FCRS ) 
jackson_lima12@hotmail.com 
 
 
 
O setor de construção civil tem tido uma grande expansão em todo o 
país e dessa forma verifica-se a necessidade de oferecer melhores 
condições de trabalho para seus colaboradores, no intuito de 
proporcionar melhores condições de saúde e seggurança ao 
trabalhador. O presente estudo teve como objetivo elaborar o mapa de 
risco num canteiro de obras localizado no município de Quixadá. Para 
a elaboração do referido mapa foram utilizadas as normas 
regulamentadoras (NR), de forma auxiliar na identificação das 
principais medidas de prevenção de acidentes e o fornecimento de 
equipamento de proteção individual (EPIs), etc. A identificação dos 
principais riscos no local onde foi realizado o estudo, se deu por meio 
da coleta de informações provenientes de entrevistas com os 
colaboradores e pela observação do local. Verificou-se que a 
elaboração do mapa proporcionou um melhor gerenciamento dos 
riscos ambientais, antecipando-os antes que se efetivassem. Além 
disso, observou-se um maior envolvimento entre operários e 
empresários no que diz respeito à saúde e segurança do trabalhador, 
tendo em vista principalmente o cumprimento da legislação. 
 
Palavras-chave: Canteiro de obras, Normas Regulamentadoras, Mapa 
de Risco, Legislação. 
XXXVI ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCÃO 
Contribuições da Engenharia de Produção para Melhores Práticas de Gestão e Modernização do Brasil 
João Pessoa/PB, Brasil, de 03 a 06 de outubro de 2016. 
 
 
 
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1 Introdução 
De acordo com o que sugere a literatura, a Indústria da Construção pode ser considerada 
como um dos ramos de atividade mais antigos do mundo, podendo ter iniciado no período 
pré-histórico e estendendo-se até os dias de hoje. Nesse contexto, verifica-se que esse setor 
passou por um grande processo de transformação e evolução como, por exemplo, na área de 
projetos, materiais, equipamentos e de pessoal (SAMPAIO, 1998). 
Com a grande expansão da área da construção civil, obras de grande porte têm se tornado 
cada vez mais frequente, fazendo do canteiro de obras um sistema amplo e complexo. Desse 
modo, pode-se observar que o canteiro de obras vai se modificando de acordo com a execução 
da obra e com os serviços a serem realizados. Com isso, faz-se necessário que, além do 
planejamento efetivo das atividades que serão desenvolvidas, haja o controle de acordo com a 
legislação no que diz respeito à Saúde e Segurança do Trabalho (SST). 
No Brasil, as normas referentes à segurança e medicina do trabalho são regidas de acordo com 
os artigos 154 a 201 da Consolidação das Leis do Trabalho (CLT), da lei n° 6.514 de 22 de 
dezembro de 1977 (BRASIL, 2016). Nesse sentido, cabe ao Ministério do Trabalho 
estabelecer as disposições complementares a respeito das normas de segurança e medicina do 
trabalho e para tal, foram elaboradas as Normas Regulamentadoras (NRs). 
Nesse contexto, de acordo com as NRs, as construtoras são obrigadas a fornecer 
equipamentos de proteção individual (EPIs) adequados para as atividades exercidas na obra 
(NR-6/2010). É válido ressaltar que os EPIs têm como princípio geral promover a proteção 
dos funcionários aos diversos riscos que estão sujeitos, sejam eles físicos, químicos, 
biológicos entre outros. 
Além da utilização correta dos EPIs, verifica-se ainda a importância da formação da 
Comissão Interna de Prevenção de Acidentes (CIPA), pois de acordo com a NR5 essa tem 
como objetivo a prevenção de acidentes e doenças decorrentes do trabalho. A CIPA ainda tem 
como atribuição a elaboração do mapa de risco, no qual devem estar descritos os riscos 
encontrados no ambiente de trabalho de forma detalhada e de fácil compreensão. Além de 
citar os riscos, o mesmo ainda oferece medidas de prevenção de acidentes, podendo ser 
considerado um intermediário entre o colaborador e a empresa (NR-5/2011). 
 
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Portando, o presente trabalho tem como principal objetivo propor a elaboração de um mapa de 
risco através da observação de um canteiro de obras localizado na cidade de Quixadá, bem 
como o levantamento dos EPIs disponibilizados confrontando a adequação dos mesmos à 
atividade em questão, como forma retificar as principais divergências entre o que é regido 
pela legislação e o que de fato é praticado, dando suporte à gestão do sistema de saúde e 
segurança através da análise do risco de acidente em um canteiro de obras. 
 
2 Referencial teórico 
2.1 Normatização e segurança do trabalho no brasil 
De acordo com Cruz (1996), a segurança do trabalho pode ser considerada uma conquista 
relativamente recente da sociedade, uma vez que o seu desenvolvimento e evolução datam do 
período entre as duas guerras mundiais. 
No Brasil, as leis começaram a abordar a questão da segurança no trabalho somente em 
meados dos anos 40. Segundo Lima Jr. (1995), as leis trabalhistas foram de fato discutidas 
somente em 1943, a partir da publicação do capítulo V do Título da Consolidação das Leis do 
Trabalho (CLT). No entanto, a primeira grande reformulação desse assunto no país só ocorreu 
em 1967, quando se destacou a necessidade de organização das empresas com a criação do 
Serviços Especializados em Engenharia de Segurança e em Medicina do Trabalho (SESMT) 
(LIMA JR., 1995). 
Com a Consolidação das Leis do Trabalho (CLT), aprovada pelo decreto Lei nº 5.452, de 1 de 
maio de 1943, foi possível estabelecer as normas que regulam as relações individuais e 
coletivas de trabalho no Brasil, a qual atinge todos os tipos de trabalhadores (BRASIL, 2006). 
No entanto, com a crescente necessidade de reduzir o número de acidentes de trabalho, foi 
publicada a Lei n° 6.514 de 22 de dezembro de 1977, a qual estabelece princípios mínimos 
relativos à Segurança e Medicina do Trabalho (BRASIL, 2006). 
Nesse contexto, com a finalidade de atender a Lei n° 6.541, o Ministério do Trabalho e 
Emprego publicou a portaria n° 3.214 de 8 de junho de 1974, a qual aprova as Normas 
Regulamentadoras (NRs) relativas à Segurança e Medicina do Trabalho (BRASIL, 2016). As 
Normas Regulamentadoras de Segurança e Medicina do Trabalho (NRs), por sua vez, 
estabelecem condições mínimas de Saúde e Segurança no Trabalho (SST), devendo ser 
 
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aplicadas e implementadas nos ambientes de trabalho no Brasil, com a finalidade de proteger 
a vida e a saúde dos trabalhadores (ZARPELON et al, 2008). 
Desse modo, verifica-se que assim como nos demais ramos da indústria, as ações de 
Segurança e Saúde do Trabalho na construção civil devem seguir as diretrizes estabelecidas 
pela NR-18, que traz em sua revisão ocorrida no ano de 1995, avanços significativos para 
melhoria dos ambientes de trabalho (BRASIL, 2007). 
 
2.2 Canteiro de obras 
Deacordo com a NR-18/2013, o canteiro de obras pode ser definido como a área de trabalho 
fixa e/ou temporária, onde se desenvolvem operações de apoio e execução de uma obra. 
Nesse contexto, a literatura indica que seja dispensada atenção especial no que diz respeito à 
elaboração desse local de forma a possibilitar alcançar os resultados desejados de 
funcionamento (FRANCO, 1992). 
Logo, o planejamento e a organização de um canteiro são de essencial importância, uma vez 
que as atividades realizadas neste irão interferir na obra como um todo (FRANCO, 1991). No 
entanto, na prática observa-se que tal fato vem sendo negligenciado, fazendo que as ações 
sejam meramente corretivas à medida que os problemas ocorrem (VARALLA, 2003). Como 
consequência, alguns canteiros de obra, além de não trabalharem embasados no planejamento 
e controle do que será produzido, ainda deixam a desejar no fator de segurança e organização. 
Saurin (1997), apresenta em sua obra um método para diagnóstico e diretrizes para 
planejamento de canteiros de obra de edificações, a partir do diagnóstico e avaliação das 
alternativas de planejamento do layout e arranjo físico. Com isso, verifica-se que a análise do 
layout é essencial para uma boa organização, uma vez que auxilia na identificação dos 
problemas em relação ao arranjo físico, como também na locação exata das instalações, 
levando em consideração o fluxo de materiais e pessoas e para as condições 
de higiene e segurança. 
 
2.3 Acidentes de trabalho na construção civil 
Pandaggis (2003), relata que o acidente de trabalho pode ser entendido como uma ocorrência 
multicausal, uma vez que depende de vários fatores para este se materialize. Nesse sentido, o 
 
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acidente pode ser caracterizado como uma anomalia manifestada no sistema, revelando um 
não funcionamento ou um funcionamento defeituoso do seu processo de produção 
(PANDAGGIS, 2003). 
Para Iida (2005), o acidente pode ser causado por um comportamento de riscos do operador 
de um sistema e/ou pode ser explicado também pelas inequações do posto de trabalho, 
produtos mal projetados ou falhas da máquina. Nesse contexto, verifica-se que a Indústria da 
Construção Civil é um dos setores de atividade econômica que mais registra acidentes de 
trabalho e onde o risco de acidentes é maior. De acordo com as estimativas da Organização 
Internacional do Trabalho (OIT), dos aproximadamente 355 mil acidentes mortais que 
acontecem anualmente no mundo, pelo menos 60 mil ocorrem em obras de construção (LIMA 
JR., 2005). 
Além dos fatores observados, constata-se que muitas construtoras negligenciam a saúde e 
segurança do trabalhador com o objetivo de reduzir os custos da construção. E muito embora 
os custos econômicos e sociais associados aos acidentes de trabalho sejam considerados altos, 
geralmente as empresas não procuram evita-los através de abordagens sistemáticas, limitando-
se ao cumprimento da legislação (HINZEM,1991). 
Adicionalmente, a literatura aponta que o excesso de carga horária e incentivos financeiros 
também são considerados como fatores que contribuem para ocorrência dos acidentes de 
trabalho (ZARPELON, 2008). 
 
2.4 Principais riscos de trabalho na indústria da construção 
Os riscos do trabalho, também chamados riscos profissionais, podem ser definidos como 
sendo os agentes presentes nos locais de trabalho, decorrentes de precárias condições que 
afetam a saúde, a segurança e o bem-estar do trabalhador, podendo ser relacionados ao 
processo operacional (riscos operacionais) ou ao local de trabalho (riscos ambientais) 
(MESQUITA, 1999). 
Nesse contexto, ressalta-se a necessidade de utilizar os equipamentos de proteção individual 
de forma a minimizar e/ou evitar os riscos de acidente. De acordo com a legislação vigente a 
respeito de segurança e medicina no trabalho, os EPIs (são obrigatórios) e dividem-se em 
quatro grupos: proteção para a cabeça, proteção para o tronco, proteção para os braços e 
mãos, proteção para as pernas e pés, além do cinto de segurança (NR 6). 
 
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A Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT), na sua norma 18-R estabelece que o 
custo direto do acidente é o total das despesas decorrentes das obrigações para com os 
empregados expostos aos riscos inerentes ao exercício do trabalho, com as despesas com 
assistência médica e hospitalar aos acidentados e respectivas indenizações, sejam estas diárias 
ou por incapacidade permanente. 
Nesse ínterim, além do cumprimento do que preconiza a NR 18, é necessário que a 
construtora faça uso de outras NRs para complementar e aperfeiçoar a política de segurança 
do trabalho. São elas: 
 NR-4: define os serviços de engenharia de segurança e medicina do trabalho; 
 NR-5: refere-se sobre a criação da CIPA (Comissão Interna de Prevenção de 
Acidentes). Essa comissão deve ficar responsável por todo o planejamento envolvendo 
técnicas para otimizar a proteção do trabalhador na obra; 
 NR-6: fala sobre o uso de Equipamentos de Proteção Individual (EPIs) e sua 
importância no ambiente de trabalho; 
 NR-7: torna obrigatório o Programa de Controle Médico de Saúde 
Ocupacional; 
 NR-8: Edificações; 
 NR-9: busca a preservação da saúde e integridade dos operários pelo Programa 
de Prevenção de Riscos Ambientais. 
 NR-11: Transporte, movimentação, armazenagem e manuseio de materiais; 
 NR-12: Segurança em máquinas e equipamentos; 
 NR-17: Ergonomia; 
 NR-24: Condições sanitárias e de conforto no local de trabalho; 
 NR-25: Resíduos industriais; 
 NR-26: Sinalização de segurança; 
 NR-35: Trabalho em altura. 
 
2.4.1 Riscos físicos 
 
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A NR-9 considera como riscos físicos as diversas formas de energia a que possam estar 
expostos os trabalhadores, tais como: ruído, vibrações, pressões anormais, temperaturas 
extremas (calor e frio), radiações ionizantes, radiações não ionizantes, bem como o infrassom 
e ultrassom (BRASIL, 2007). 
Para Zarpelon (2008), os principais riscos físicos presentes na construção civil são: ruído, 
vibração, radiações ionizantes e radiações não ionizantes surgem nas operações em que são 
utilizados máquinas e equipamentos para o desenvolvimento das tarefas. 
2.4.2 Riscos químicos 
De acordo com NR-9, são considerados riscos químicos as substâncias, compostos ou 
produtos que possam penetrar no organismo pela via respiratória, nas formas de poeiras, 
fumos, névoas, neblinas, gases ou vapores, ou que, pela natureza da atividade possam ter 
contato ou ser absorvidos pelo organismo através da pele ou por ingestão (BRASIL, 2007). 
Os principais riscos químicos encontrados na construção civil são provenientes de 
manipulações das matérias primas utilizadas no setor produtivo, as quais são transformadas ou 
passam por processos que modificam a sua natureza. O cimento é exemplo de produto que 
pode afetar a saúde do trabalhador em seu estado natural (poeiras alcalinas) ou após sua 
preparação e aplicação (ZARPELON, 2008). 
 
2.4.3 Riscos biológicos 
Segundo a NR-9, são considerados agentes biológicos os microrganismos,tais como, 
bactérias, fungos, bacilos, parasitas, protozoários, vírus, entre outros, sendo que a 
caracterização de sua exposição é feita através de inspeção no local de trabalho (BRASIL, 
2007). 
O reconhecimento antecipado e o controle dos agentes biológicos em um canteiro de obras se 
faz necessário, uma vez que uma simples poça d’água pode proliferar o mosquito transmissor 
da dengue (e outras doenças) e acometer vários trabalhadores, com riscos que pode levá-los 
até à morte na fase hemorrágica da doença (ZARPELON, 2008). 
 
2.4.4 Agentes ergonômicos 
 
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Os agentes ergonômicos são considerados como condições que interferem no conforto do 
trabalhador, podendo causar doenças e/ou lesões. A NR 17 estabelece parâmetros para que se 
possa proporcionar o máximo conforto do trabalhador nos ambientes de trabalho (BRASIL, 
2007). 
Os riscos ergonômicos podem ser classificados como esforço físico intenso, levantamento e 
transporte manual de peso, exigência de postura inadequada, controle rígido de produtividade, 
imposição de ritmos excessivos, trabalho em turno e noturno, jornadas de trabalho 
prolongadas, monotonia e repetitividade e outras situações causadoras de stress físico e/ou 
psíquico (BRASIL, 2007). 
2.4.5 Riscos de acidentes ou mecânicos 
A literatura indica que os riscos de acidentes ou mecânicos ocorrem imediatamente após o 
contato entre o agente e o trabalhador, ou seja, qualquer fator que coloque o trabalhador em 
situação de risco e possa afetar sua integridade e seu bem-estar físico e mental. São exemplos 
de risco de acidente: as máquinas e equipamentos sem proteção, possibilidade de incêndio e 
explosão, falta de organização no ambiente, armazenamento inadequado (ZARPELON, 
2008). 
 
2.5 Mapa de risco 
Desse modo, de acordo com a NR-9, consideram-se riscos ambientais os agentes físicos, 
químicos e biológicos existentes nos ambientes de trabalho, que em função de sua natureza, 
concentração ou intensidade e tempo de exposição, são capazes de causar danos à saúde do 
trabalhador (BRASIL, 2007). A norma não menciona os riscos ergonômicos e de acidentes, 
porém a NR-5 ao tratar do Mapa de Riscos, estabelece através da Portaria n° 25 a inclusão dos 
referidos agentes (BRASIL, 2007). 
O mapa de risco pode ser definido como uma representação gráfica do reconhecimento dos 
riscos existentes nos locais de trabalho, por meio de círculos de diferentes tamanhos e cores, 
conforme ilustrado nas Figuras 1 e 2. 
 
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Figura1 - Classificação dos tipos de riscos 
 
Fonte: Adaptado de Santos, 2008 
Figura 2 - Representação gráfica do grau dos riscos 
 
Fonte: Santos, 2008 
 
A sua elaboração deve ser feita pela Comissão Interna de Prevenção de Acidentes (CIPA), 
quando houver, ou por um funcionário devidamente registrado pela empresa, sob a orientação 
do Serviço Especializado em Engenharia e Segurança e Medicina do Trabalho (SESMT) 
(SANTOS, 2008). Tem ainda como objetivo informar e conscientizar os trabalhadores sobre 
os riscos a que estão sujeitos durante a execução de suas atividades de rotina, utilizando a 
forma visual para a sua identificação. Pode ser considerado também como um instrumento 
que pode ajudar a diminuir a ocorrência de acidentes do trabalho, sendo este um fator de 
interesse para os empresários e os trabalhadores (SANTOS, 2008). 
 
 
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3 Metodologia 
A presente pesquisa trata-se de um estudo de caso, uma vez que se propõe a elaboração de um 
mapa de risco para um canteiro de obras localizado na cidade de Quixadá. 
De acordo com Gil (1987) o estudo de caso caracteriza-se por um estudo profundo e exaustivo 
de um ou de poucos objetos de forma a permitir conhecimento amplo e detalhado a respeito 
do mesmo, sendo também definida como uma pesquisa descritiva. 
Para a coleta de dados, foi realizada uma verificação prévia no canteiro de obras de forma a 
possibilitar conhecer o ambiente, identificar os riscos e observar a não utilização dos EPIs. 
Bem como entrevistamos os colaboradores da obra, para então elaborar o mapa de risco para 
o referido local. 
Na entrevista verificou-se sobre a disponibilidade dos EPIs, qual as atividades são executadas, 
as orientações recebidas sobre o grau dos riscos existentes em cada serviço e quais as 
atividades que geravam desconforto durante a execução. 
 
4 Resultados e discussão 
Após a verificação inicial do local estudado para identificação dos principais riscos, pôde-se 
observar que as atividades exercidas no canteiro de obras eram embasadas pela negligência, 
tanto no que diz respeito ao planejamento do layout, como também na insegurança que o 
mesmo proporcionava aos seus colaboradores. 
Constatou-se ainda que as instalações não possuíam qualquer delimitação das áreas, existindo 
uma forte interação entre matéria prima e homens no mesmo espaço, ocasionando dificuldade 
na mobilidade para a execução das atividades e consequentemente aumentando o tempo de 
operação, bem como o risco de acidentes. 
No canteiro de obras, verificou-se a presença de 14 funcionários. Conforme prevê a NR-5, 
todas as empresas (públicas, privadas, sociedades de economia mista, ou quaisquer outras 
instituições que admitam trabalhadores como empregados), com vinte ou mais funcionários, 
são obrigadas a ter uma CIPA (BRASIL, 2007). Verificou-se ainda que, pelo fato de não ter a 
obrigatoriedade de possuir a referida comissão, não houve qualquer atitude preventiva por 
parte da empresa em utilizar instrumentos que possibilitassem o gerenciamento dos riscos 
como, por exemplo, o mapa de risco. 
 
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Além da ausência do mapa de risco, observou-se negligência por parte dos colaboradores e do 
proprietário da construtora, uma vez que não são disponibilizados sequer os EPIs. Verificou-
se ainda que a falta de conhecimento por parte dos colaboradores sobre os riscos que estão 
sujeitos, bem como a gravidade destes, acabava por agravar ainda mais a situação. 
Com base no que preconiza a NR-9 foi possível identificar os principais riscos relacionados às 
atividades que são exercidas no canteiro de obras. Dentre os riscos identificados, verificou-se 
a predominância dos riscos ergonômicos, de acidente e químicos. O mapa de risco elaborado 
a partir das informações coletadas e implantado como princípio para a gestão do risco no 
canteiro de obra pode ser observado na Figura 1. 
 
 
 
 
 
 
Figura 3 – Mapa de risco proposto para o canteiro de obras em estudo 
 
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Fonte: Autor 
 
Com relação aos riscos ergonômicos verificou-se a predominância das condições posturais 
incorretas,que eram agravadas pelas prolongadas jornadas de trabalho e pela natureza da 
própria atividade. Constatou-se ainda que a falta de capacitação dos funcionários gerava 
maiores esforços na execução dos serviços e fazia, por exemplo, que as metas diárias de 
produção na construção não fossem alcançadas. Como consequência, principalmente a longo 
prazo, esses fatores acabam por culminar no atraso de entrega do empreendimento. 
 
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De acordo com Sousa (1997), os trabalhadores, pelo fato de estarem acostumados a conviver 
com a precariedade das condições de trabalho, desenvolvem o senso comum de que estas 
condições são normais e inerentes ao trabalho em obra. 
Também foi observado a predominância de riscos químicos que, por sua vez, estão 
relacionados com o excesso de poeira nos ambientes da obra e com o contato direto com 
produtos químicos como tintas e solventes. Nesse contexto, foi verificado que na fase de 
pintura os colaboradores trabalhavam sem os EPIs adequados para a função, etc. Além desses 
fatores, é válido ressaltar que o risco de acidente também pode causar inúmeros malefícios à 
saúde dos funcionários, principalmente em decorrência do tipo de atividade exercida e dos 
instrumentos de trabalho utilizados durante a execução da obra como. 
Verificou-se também que uns dos principais métodos que podem ser utilizados para 
minimizar e /ou evitar os acidentes ou eventos indesejáveis, diz respeito à capacitação dos 
colaboradores quanto as questões relacionadas à prevenção e preservação da saúde, a 
distribuição gratuita e treinamento a respeito da correta utilização dos EPIs. 
Por fim, análogo ao observado por Saurin et al (2005), as questões ergonômicas identificadas 
no estudo fazem referência à movimentação de andaimes suspensos mecânicos. O referido 
autor ainda relata que não há requisitos ergonômicos nas exigências da NR-18 (BRASIL, 
1995) para a movimentação dos mesmos, o que acaba por dificultar o controle dessas 
atividades. Saurin e colaboradores (2005) ainda complementam que pela própria natureza das 
atividades da construção, elas são problemáticas em termos ergonômicos e utiliza como 
exemplo as atividades de execução de pisos e forros, as quais requerem trabalhos abaixo da 
altura dos joelhos e acima do nível dos ombros, sendo consideradas ergonomicamente 
inadequadas. 
Com a análise do mapa de risco e consequentemente do layout, verificou-se a necessidade de 
fazer uma adequação neste último de forma a melhorar o fluxo de pessoas, matéria prima, 
etc., A Figura 4 apresenta a proposta para o novo layout. 
 
 
 
 
 
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Figura 4 – Modelo de layout proposto 
 
Fonte: Autor 
 
 
 
5 Conclusão 
Com a realização da pesquisa foi possível verificar a necessidade de utilizar algum método 
eficiente que auxiliasse no processo de gerenciamento dos riscos, tendo em vista 
principalmente o que preconiza a legislação. Foi proposto a elaboração de um mapa de risco 
para auxiliar na gestão dos riscos e com a análise do ambiente estudado, verificou-se que o 
layout do local, sua organização e distribuição dos materiais, equipamentos e pessoas 
exerciam influência direta na execução das atividades e na saúde do trabalhador. 
Observou-se ainda que os principais riscos que os trabalhadores estão sujeitos na obra são os 
riscos ergonômicos, químicos e de acidente, que foram identificados por meio da observação 
do local e das atividades que são executadas, bem como por meio de entrevistas com os 
colaboradores. 
Por fim, verificou-se que a elaboração do mapa de risco para o local estudado proporcionou a 
identificação dos riscos presentes na obra, bem como proporcionou realizar a adequação em 
relação ao treinamento e uso dos EPIs à luz da legislação. Adicionalmente, ressalta-se que 
além de permitir a identificação dos riscos, o mapa de risco possibilitou que os colaboradores 
compreendessem a magnitude das atividades que estão exercendo, bem como dos principais 
riscos relacionados a elas. 
 
6 Referências 
BRASIL. Decreto Lei n° 5.452, de 1 de maio de 1943. Consolidação das Leis do Trabalho. 
Comentários a Consolidação das Leis do Trabalho, São Paulo, Ed. Saraiva, 2006. 
 
BRASIL. Ministério do Trabalho e Emprego. NR 5 – Comissão Interna de Prevenção de 
Acidentes - CIPA. Redação dada pela Portaria n° 8, 23 de fevereiro de 1999. Retificação, 12 
de julho de 1999. Manuais de Legislação – Segurança e Medicina do Trabalho, Ed. Atlas, 
São Paulo, 61ª Ed, 2007. 
 
BRASIL. Palácio do Planalto da Presidência da República – Lei n° 6.154, de 22 de 
dezembro de 1977. Alteração do capítulo V do Título II da Consolidação das Leis do 
Trabalho, 2016. 
 
CRUZ, S. O ambiente do trabalho na construção civil. Monografia, UFSM, 1996. 
 
 
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