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UNIVERSIDADE PAULISTA – UNIP
INSTITUTO DE CIÊNCIAS HUMANAS – ICH
CURSO: PSICOLOGIA
TRABALHO DE OBSERVAÇÃO COM SITUAÇÃO PROBLEMA
BRASÍLIA - 2019
INTRODUÇÃO 
Na maioria dos divórcios, todos os membros da família são afetados, porém são poucos os que sabem lidar e estão preparados para enfrentar o impacto emocional que é causado por ele, em casos assim, procurar um psicólogo para orientação pode ser muito importante para aceitar e encarar melhor toda a situação.
Geralmente, as crianças apresentam diversas variações em suas características específicas e o objetivo deste trabalho será descrever o desenvolvimento humano infantil na segunda e terceira infância, abordando a análise do caso de Salim, uma criança de 8 anos cujo os pais tem dúvidas se o mesmo irá aceitar bem o divórcio e resolveram buscar orientação. A criança também está apresentando um baixo rendimento escolar que pode se agravar sem o acompanhamento necessário. Foi possível então, trazer uma forma de orientá-los sobre como amenizar as dificuldades e problemas emocionais que a criança pode apresentar no ambiente familiar, social e escolar resultantes de uma separação.
A idade entre 0-2 anos apresenta um nível mais elevado de desenvolvimento dos aspectos físicos, essa fase é que a criança dar início a interação com mundo, através de brinquedos atrativo e coloridos que chame atenção da criança durante o início da vida de uma criança, onde ela ainda não tem controle sobre suas habilidades físicas, logo após completar dois anos essas habilidades se tornam mais acessível e é criada autonomia física sobre elas. De acordo com as alterações cerebrais que ocorrem no cérebro de um bebê as diversas habilidades sensoriais e percentuais também se desenvolvem fazendo com que habilidades motoras gerais e finas apareçam, possibilitando que o bebê tem a possibilidade de se mover de um ambiente para outro, tendo a possibilidade de conhecer os objetos através do toque.
 De acordo com Jean Piaget algumas alterações ocorrem durante o desenvolvimento neurológico, podendo ocorrer no sono e vigília da criança, sendo que durante o período de seis meses o bebê se mantém mais desperto, se tornando um período mais longo do que os bebês recém-nascidos. O desenvolvimento cognitivo de uma criança se desenvolve a partir do momento que se introduz objetos em seu cotidiano. Após a criança ter conhecimento de algo novo em seu cotidiano ela passa a apresentar uma certa estranheza sobre o objeto, mas logo a criança se adapta ao objeto introduzido. Pois sua estrutura cognitiva passa de uma estrutura mental simples para estrutura mais complexa, isso acontece ao decorrer do tempo.
De acordo com o psicólogo Jean Piaget o primeiro estágio é o sensório –motor (0-2) onde o bebê se torna capaz de organizar as atividades que está sendo realizada, através das atividades motoras as crianças tentem a errar é acertar, com objetivo de descobrirem o mundo. Nessa fase os bebês compreendem situações casuais e desenvolvem comportamentos intencionais, através de situações onde o bebê se encontrasse gritando e chorando, logo a mãe acolhe seu bebê dando total atenção. A criança então passa a entender que esse comportamento da mãe pegar e dar atenção vai se repetir todas as vezes que o bebê chorar e gritar. 
No estágio pré-operatório (2-6) anos, a criança compreende a utilização de símbolos e representações mentais, nessa fase a criança aprende a desenvolver a linguagem é um certo comportamento de egocentrismo, onde a criança não consegue compreender o outro.
 No estágio operatório-concreto (6-12), Piaget destaca que nesse estágio a criança compreende a necessidade de utilizar problemas racionais e realistas, fazendo uso da concentração e memória, na escola a criança demonstra melhor seu aproveitamento através de momentos vividos na infância.
- O divórcio
De acordo com Bolsoni (2009), filhos que tem pais separados são mais suscetíveis a desenvolver diversos transtornos, como depressão, dificuldade de aprendizagem, ansiedade e agressividade, problema de ajustamento e de relacionamento interpessoal pois a criança não consegue entender perfeitamente o que está acontecendo e o turbilhão de sentimentos dentro de si. 
Além disso, os filhos enfrentam o medo de serem separados e abandonados e perder contato com uma das figuras parentais (Souza & Ramires, 2006: 199).
Quando um dos pais vai embora também pode acontecer outras mudanças na vida do filho, como dificuldades financeiras, menos acessos aos avós, desconfortos providos de disputas de guarda, pensão e visitas (Souza, 1999).
SITUAÇÃO PROBLEMA
Salomão e Romana vão à sua procura para tentar resolver um problema prático com seu filho Salim que tem atualmente 8 anos. O casal resolveu se separar e busca uma orientação sobre o filho, pois têm dúvidas se ele conseguirá aceitar esse momento.
Para poder orientá-los, você necessita saber algumas informações sobre como foi o desenvolvimento da criança até aquele momento, para conhecê-lo melhor.
Os pais contam que aos três anos Salim, sempre que possível buscava dormir na cama com eles. Para isso ele insistia muito, com suplícios e soluços. Após 3 ou 4 noites, os pais cediam, pois acabavam com pena da criança. Quando não cediam, ele dormia no próprio quarto, mas ao longo da madrugada, Salim mudava-se para a cama dos pais, entre os dois e os mesmos, muito sonolentos, nada faziam.
Aos 5 anos ele começou a frequentar a escola. Todos os dias selecionava quem ia buscá-lo: ora a mãe, ora o pai. E se caso os pais trocavam na hora de pegá-lo, ele armava uma gritaria na porta da escola e não queria ir embora para casa enquanto a pessoa desejada não chegasse. As professoras e a direção da escola achavam tudo muito estranho, pois no dia a dia das atividades ele se saia muito bem.
O casal sempre deu todos os presentes que o filho solicitava. Agora com a separação sabem que o padrão econômico de vida de ambos irá ser reduzido pela metade e com isso estão preocupados em não poder atender todas as necessidades do filho. E há uma grande probabilidade de Salomão ser transferido de cidade, sendo essa uma das principais razões da separação, pois Romana não quer abandonar os pais a quem dedica boa parte do seu tempo, mesmo estes não tendo nenhum problema.
Atualmente, Salim está no 3º ano do ensino fundamental, mas a coordenação da escola já comunicou que se ele não se dedicar mais, provavelmente será retido, já que no ano anterior foi aprovado pelo conselho de classe que considerou as dificuldades dos pais na sua educação. Vem apresentando problemas em matemática (não consegue compreender multiplicação e divisão) e em português troca letras e na escrita troca “p com q” e “b com d”. Quando vai ler algo em sala, gagueja e troca também algumas letras.
Possui alguns amigos, mas nas brincadeiras é ele quem sempre determina as regras. Quando alguma criança propõe algo diferente, ele afirma que essa não é a forma correta, que deve ser outro jogo e ele não quer.
REFLEXÃO 
Baseado nas informações trazidas sobre Salim, é possível observar que desde os três anos de idade os pais apresentavam um comportamento permissivo em relação ao filho. Na visão de Gottman e De Claire (1997), os pais que não colocam limites o não procuram orientar o comportamento dos filhos, acabam contribuindo para que estes apresentem dificuldades em se concentrar, fazer amizades e se relacionar, como é o caso de Salim que provavelmente está com problemas emocionais e de aprendizagem devido aos pais que não sabem orientá-lo. 
Muitos pais pensam que os filhos se sentem mais amados quando podem fazer o que desejam, porém, crianças precisam de limites que sejam saudáveis, razoáveis e seguros e que os pais entendam que colocar limites também transmite amor aos filhos (Hart 1992, p. 36).
Esse tipo de comportamento condescendente acaba criando uma motivação em Salim de sempre conseguir aquilo que deseja, seja por insistência como paradormir na cama dos pais ou por teimosia na hora de escolher quem o buscaria na escola. De acordo com Freud (1905), podemos afirmar que dormindo na cama dos pais, Salim ocupa um lugar subjetivo na família que não é o dele, a sexualidade infantil passa por diversas fases onde as crianças descobre o próprio corpo e o prazer que pode se obter através dele. Sendo assim, ao deitar-se com um adulto continuadamente, o filho é influenciado nessa sexualidade trazendo consequências como alterações na qualidade do sono, insegurança, sentimento de incapacidade, angustia, fobias e dependência afetiva.
Segundo Piaget (1932), os limites e regras são importantes para a criança e seu convívio social, desde cedo eles precisam compreender as normas de convivência em seu espaço social, assim já é de se esperar que a criança desobedeça de modo a conhecer os seus limites. Pois quando estes são testados e o adulto não se posiciona, os limites são ampliados. Ainda de acordo com Piaget, as crianças usam artifícios como birras e choros afim de ampliar ainda mais os limites. É nesse momento que o adulto mais deve se posicionar para que a criança entenda que não adiantará reagir dessa maneira sempre que tiver seus desejos contrariados, pois ela necessita de referências externas por não ter noções psicológicas para incorporar regras e condutas sociais sozinha.
Em seu estudo, Piaget classificou o egocentrismo em quatro estágios, Salim se encaixa no período pré-operatório onde ele não possui capacidade de levar em consideração o ponto de vista de outras pessoas, acreditando que suas vontades e motivos são compreendidos e devem ser aceitos pelo outro. Salim acredita que todos vivem em função dele e quase nunca aceita mudanças ou ser contrariado e seguindo esse raciocínio podemos supor que o processo de separação dos pais pode trazer muitas dificuldades pois Salim irá perder sua homeostase familiar podendo influenciar diretamente em seu comportamento, sua capacidade cognitiva, aumentando seu comportamento agressivo, diminuindo seus relacionamentos sociais e seu rendimento escolar.
No Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais – DSM-5 (2013), a dislexia está inserida como Perturbação da aprendizagem específica onde existem três especificadores com o objetivo de identificar as características das dificuldades de aprendizagem, défice na leitura, défice na expressão escrita e défice na matemática. Em hipótese, o baixo rendimento escolar de Salim pode estar associado a esse transtorno pois mesmo antes do divórcio ser oficializado o mesmo já estava com dificuldades na escola.
Segundo Moura (2013), como as informações chegam em uma área diferente no cérebro dos dislexos podem haver lapsos de conexões cerebrais fazendo que ocorram falhas no processo de leitura, escrita e aprendizagem.
Esses sinais podem se agravar durante o crescimento, incluindo atraso na coordenação como desenhar e escrever, dificuldade de aprendizagem em conceitos matemáticos básicos, organização de símbolos, dificuldade em soletrar, dicção e confusão entre as vogais ou substituição de consoantes além de não refletir apenas na escola mas também na família o no círculo social (Marsili, 2010, p.15).
CONCLUSÃO
A maneira que um casal enfrenta o fim do casamento requer muitos cuidados, principalmente quando se tem filhos pequenos. Segundo Bolsoni (2009) a família pode cooperar de várias formas para que os filhos não sofram com o divórcio, é muito importante manter o diálogo e orientação dentro de casa, mas também com um profissional durante o processo, para dosar todas as informações e sentimentos liberados ao garoto, pois a comunicação entre os pais e a criança pode amenizar as dificuldades da modificação da estrutura familiar.
Mcgoldrick e Carter (1995) afirmar ser preciso ter três passos para um bom acompanhamento clinico do casal que está se separando. O primeiro é refletir bastante sobre a decisão do divórcio, para que minimize qualquer dano a família, principalmente ao filho, ou seja, é necessário repensar se realmente eles querem seguir por esse caminho, se haveria outra solução para os problemas em questão, ou onde cada um poderia ceder mais um pouco afim de evitar a separação podendo assim colocar a decisão em um âmbito que fosse entendido pela criança. 
O segundo passo seria orientar os pais a não colocar o filho contra o outro cônjuge, com comentários ou ações que interferem na afetividade do garoto como dizer “Papai vai embora porque ele gosta mais do trabalho do que da gente” ou “Se a gente for com papai você nunca mais verá a vovó ou os amiguinhos da escola. ” 
Qualquer interferência nesse sentido pode ser encaixada como alienação parental conforme o art. 2º da Lei nº 12,318/2010 e podem ter penas que variam de advertência, multa, ou até perda da guarda da criança.
O terceiro passo é que o terapeuta ajude o casal a reconhecer os benefícios da situação para através deles os filhos não venham a sofrer com o divórcio. Desta forma, seria necessário que o terapeuta atenda o casal e o filho juntos para que não haja conflitos de confiança e para que eles sejam capazes de chegar a um acordo que amenize as consequências da separação na vida emocional do filho.
Salim, já apresenta um baixo rendimento escolar e que pode ser afetado ainda mais por conta do divórcio, segundo Moura (2013) há alguns sinais e sintomas que ajudam a identificar a presença da dislexia desde cedo, é essencial a criação de métodos com o intuito de superar as dificuldades e é necessário que caminhem juntos os professores, escola, pais e responsáveis. O autor também reitera que a Associação Brasileira de Dislexia aconselha a terapia que trabalha todos os sentidos ao mesmo tempo, esse tratamento é realizado por fonoaudiólogos, psicopedagogos e psicólogos especializados. E é importante também que na proposta pedagógica inclua atividades, métodos e materiais adequados para o processo de desenvolvimento cognitivo da criança como jogos e histórias, observando quais as habilidades e interesses dos alunos.
Marsili (2010, p.33) afirma que é dever da escola atender os alunos com dislexia e oferecer recuperação escolar para aqueles que apresentam rendimento abaixo. Outra forma de ajudar é motivar o aluno a não desistir no primeiro obstaculo, o professor precisa ter conhecimento sobre a dislexia, além de paciência pois ele, a maioria das vezes, não irá acompanhar o ritmo da turma, avaliá-lo com métodos alternativos como avaliações orais e trabalhos feitos em casa. Portanto, que o educador tenha consciência que o estimulo, a perseverança, a criatividades podem proporcionar o alcance de novos conhecimentos.
Entretanto, a presença de um ou mais sintomas não significa que Salim tenha dislexia, o Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais – DSM-5 (2013) afirma que, além dos sintomas presentes, deve-se levar em consideração alguns critérios como a persistência das dificuldades por pelo menos 6 meses, desempenho acadêmico abaixo da idade cronológica confirmados através de testes individuais de linguagem e aprendizagem.
Moura (2013) explica que ajudar o disléxico é trabalhoso, mas toda criança precisa de apoio e atenção, além de acompanhamento escolar, dando elogios quando for merecedor, demostrando interesse em seu cotidiano e convívio social, auxiliando na formação de sua confiança e segurança em si mesmo.
REFERENCIA BIBLIOGRÁFICA 
American Psyquiatric Association. Manual Diagnóstico e Estatístico dos Transtornos Mentais (DSM-5). Washington: APA; 2014.
BOLSONI, Turini, Alessandra. VILAS BOAS, V, Barral, Ana Carolina. A relação ex-cônjuge e entre pais e filhos após a separação conjugal. 2009. Disponível em: <http://books.scielo.org/id/krj5p/pdf/valle-9788598605999-09.pdf> Acesso em 17 de maio de 2018.
BRASIL. Congresso Nacional. Lei nº 12.318, de 26 de agosto de 2010. Dispõe sobre a alienação parental e altera o art. 236 da Lei no 8.069, de 13 de julho de 1990 (DOU de 27/08/2010). Disponívelem: <http://www.planalto.gov.br/ccivil/legislacao>. Acesso em 17 maio 2019.
FREUD, Sigmund. Um Caso de Histeria, Três Ensaios sobre Sexualidade e outros trabalhos. In: Obras psicológicas completas de Sigmund Freud. Vol. VII. Rio de Janeiro: Imago, 1905.
Gottman, J., & De Claire, J. (1997). Inteligência emocional: A arte de educar nossos filhos. Rio de Janeiro: Objetiva.
HART, L. A família moderna: uma reflexão sobre o desenvolvimento de uma relação madura e saudável entre pais e filhos. São Paulo: Saraiva, 1992.
MARSILI, Mira Allil. Dislexia no contexto da aprendizagem. Especialização em Controladoria e Finanças. Universidade Cândido Mendes. Rio de Janeiro: RJ. 2010.
MCGOLDRICK, M.; CARTER, B. As Mudanças no Ciclo de Vida Familiar. Porto Alegre: Artmed, 2a. Ed, 1995.
MOURA, Suzana Paula Pedreira Tavares de. A dislexia e os desafios pedagógicos. Especialização em Orientação Educacional e Pedagógica. Universidade Cândido Mendes. Niterói: RJ. 2013.
Piaget, J. (1932). O julgamento moral na criança. Trad. por Elzon Leonardon. São Paulo: Editora Mestre Jou. 304 p.
Souza, R. M. & Ramires, V. R. (2006) Amor, casamento, família, divórcio... e depois, segundo as crianças. São Paulo: Summus.
Souza, R. M. (1999). As crianças e suas ideias sobre o divórcio. Psicologia Revista: Revista da Faculdade de Psicologia da PUC-SP, 9, 103-120.

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