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LUCIANA ANGÉLICA CARLOS DE OLIVEIRA AMORIM – MAT:201505338221 EXCELENTÍSSIMO SENHOR DR. JUIZ DA___ VARA DO TRABALHO DE NATAL/RN SUZANA, nacionalidade, estado civil, doméstica residente e domiciliado (endereço completo), portador do RG nº , CPF de nº , PIS de nº, CTPs nº, filha de (nome da mãe), por seu advogado infra assinalado, com endereço eletrônico (email), vem propor a presente: RECLAMAÇÃO TRABALHISTA Pelo rito sumaríssimo, em face da FAMÍLIA MORAES, residente e domiciliado em Natal/RN, pelos fatos e fundamentos abaixo expostos: I - DA GRATUIDADE JUDICIÁRIA Requer a Autora, nos termos da lei nº 1.060 de 1950 e dos artigos 98 e seguintes do CPC e 5º, LXXIV da CF/88, que lhe seja deferido os benefícios da justiça Gratuita, por não possuir condições de arcar com as custas processuais e com os honorários advocatícios sem o prejuízo do sustento próprio e da família. II – DOS FATOS E FUNDAMENTOS Trata-se de empregada doméstica, dessa forma figura na égide do art. 1º da Lei 150/15. Do Contrato de Trabalho A empregada foi admitida no dia 15.06.2015 para trabalhar como doméstica, a título de experiência, por 45 (quarenta e cinco) dias, na residência da família Moraes em Natal/RN. Cumpria a jornada de segunda a sexta-feira, das 07:00 h às 16:00 h, com 30 (trinta) minutos de intervalo. Como não foi acordado expressamente o intervalo de 30 (trinta) minutos, é obrigatória a concessão de, no mínimo, 01 (uma) hora, disciplina o art. 13, caput, da LC 150 de 2015. Com efeito, a concessão parcial do intervalo implica no pagamento do período total mínimo correspondente em forma de hora extra, com acréscimo de 50% (cinquenta por cento) sobre o valor da hora normal, segundo interpreta a Súmula 437, I, do Tribunal Superior do Trabalho (TST). Dessa forma, a empregada faz jus ao pagamento de 01 (uma) hora extra diária durante o período trabalhado e, por habitual, os reflexos sobre as férias e 13º salário. Cabe ressaltar que não houve qualquer referência em acordo escrito relativo a regime de compensação de horas, como exige o art. 2º, § 4º, da LC 150 de 2015, vez que a jornada diária ultrapassava as 08 (oito) horas diárias, em desacordo com o prescrito no caput deste mesmo artigo, ao limitar em 8 (oito) horas diárias a duração normal do trabalho doméstico. A não observância destas prescrições implica no direito de a empregada receber 30 (trinta) minutos diários a título de hora extra, com acréscimo de 50% (cinquenta por cento) superior ao valor da hora normal, em conformidade com o art. 2º, § 1º, do referido diploma. Assim, a Reclamante requer o pagamento de 30 (trinta) minutos diários de hora extra e os reflexos sobre as férias e décimo-terceiro salário. Foi dispensada em 15.09.2015, recebendo as verbas: férias proporcionais de 3/12 (três doze) avos, acrescidas do terço constitucional, e 13º salário proporcional de 3/12 (três doze) avos. Do Contrato por tempo indeterminado: A Reclamante foi contratada em 15.06.2015 para trabalhar como doméstica, a título de experiência, por 45 (quarenta e cinco) dias, findo os quais nada foi tratado, e foi dispensada em 15.09.2015. Deve-se considerar que o contrato de experiência não deve ultrapassar 90 (noventa) dias. Porém, caso este contrato seja pactuado por período menor e, havendo continuidade do serviço, o contrato passou a vigorar tacitamente por tempo indeterminado, conforme assegura o art. 5º, § 2º, da Lei Complementar (LC) 150 de 2015. Nesse contexto, a Reclamante pleiteia que seu contrato de trabalho seja reconhecido, para todos os efeitos legais, por prazo indeterminado, e que sua dispensa seja reputada sem justo motivo, devendo ser pago o aviso prévio. Dos Descontos – Alimentação e Vale Transporte O empregador descontava 25% (vinte e cinco por cento) do valor da alimentação consumida pela empregada e 10% (dez por cento) do salário a título de vale-transporte. O desconto de alimentação foi taxativamente vedado pelo legislador, por meio do art. 18, caput, da LC 150 de 2015. Além disso, o desconto de 10% (dez por cento) do salário a título de vale-transporte revela-se excessivo, pois o art. 4º, parágrafo único, da Lei 7.418 de 1985 atribui a este desconto o valor de 6% (seis por cento) do salário base do empregado. Assim, a Reclamante requer a devolução do desconto de 25% (vinte e cinco por cento) do valor da alimentação e da diferença de 4% (quatro por cento), descontada a mais do seu salário, durante todo o período trabalhado. Do Adicional Viagem A empregada viajou com a família por 4 (quatro) dias a trabalhar como babá das 08:00 h às 17:00 h, com 01 (uma) hora de intervalo intrajornada. A trabalhadora, por acompanhar o empregador prestando serviços em viagem,faz jus ao recebimento de remuneração-hora de 25% (vinte e cinco por cento), no mínimo, superior ao valor do salário-hora normal, segundo dispõe o art. 11, § 2º, da LC 150 de 2015, percentual que deve prevalecer sobre as horas trabalhadas no período de viagem a serviço. A Reclamante requer o pagamento de 25% (vinte e cinco por cento) sobre as 32 (trinta e duas) horas trabalhadas no período da viagem. Da multa do art. 477 Pelo fato de a empregada ter sido dispensada sem justo motivo, e da ausência do aviso prévio, tampouco o recebimento da indenização correspondente entre as verbas rescisórias, a Reclamante tem direito à multa do art. 477, § 8º, da CLT. É que o dispositivo do § 6º deste artigo impõe a quitação total das verbas, até o décimo dia da data da demissão, quando da ausência do aviso prévio, o que não ocorreu no caso em tela. Requer o pagamento da indenização no valor de um salário mensal, prevista no art. 477, § 8º, da CLT. III – DA NOTIFICAÇÃO DA RECLAMADA Requer a notificação da Reclamada para comparecer a audiência e apresentar defesa que tiver, sobre pena de revelia. IV – DOS PEDIDOS Ante o exposto requer: 1. Deferimento da gratuidade de justiça 2. Seja a Reclamada condenada ao pagamento das verbas resilitórias, conforme abaixo: a) que o contrato de trabalho seja reconhecido, para todos os efeitos legais, por prazo indeterminado, e que a dispensa da Reclamante seja considerada sem justo motivo R$ b) pagamento do aviso prévio de 30 (trinta) dias e os reflexos nas férias e terço constitucional, bem como no 13º salário R$ c) devolução do desconto de 25% (vinte e cinco por cento) do valor da alimentação e da diferença de 4% (quatro por cento), descontada a mais do seu salário, durante todo o período trabalhado R$ d) pagamento de 01 (uma) hora extra diária durante o período trabalhado e, por habitual, os reflexos sobre as férias e terço constitucional, assim como no 13º salário R$ e) pagamento de 30 (trinta) minutos diários de hora extra e, por habitual, os reflexos sobre as férias e terço constitucional, bem como no 13º salário R$ f) pagamento de 25% (vinte e cinco por cento) sobre as 32 (trinta e duas) horas trabalhadas no período de viagem a serviço R$ g) pagamento da indenização no valor de um salário mensal, prevista no art. 477, § 8º, da CLT R$ 3. A emissão das Guias CD/SD pela Reclamada; 4. A condenação da reclamada a pena do art. 467 CLT 5. A condenação da reclamada ao pagamento dos honorários bem como nas custas processuais. V – DAS PROVAS Protesta e requer provar o alegado por todos os meios de provas em direito admitidas. Atribui-se a causa o valor de R$ (soma dos pedidos) Nestes termos, Pede deferimento. Resende, 12 de marco de 2018 ADVOGADO OAB/RJ