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Apostila Empresarial I Samira Daud 2018 parte 1

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APOSTILA DIREITO EMPRESARIAL I – 2018 – PARTE 1 
PROF.ª SAMIRA DAUD 
1 
 
DIREITO EMPRESARIAL 
 
 
1. EVOLUÇÃO HISTÓRICA DO DIREITO EMPRESARIAL/COMERCIAL 
 
1.1. PRIMEIRA FASE: Corporações de ofício 
Da segunda metade do séc. XII à segunda metade do séc. XVI. 
Estas corporações eram compostas por mercadores e artesãos e o seu intuito era dar suporte a 
estas classes 
 
- Regras comerciais: Resolveram criar regras comerciais, baseadas no costume, porque as 
regras existentes à época não eram suficientes para regular as relações. Estas regras eram 
próprias, aplicadas somente àqueles que faziam parte das corporações. 
 
- Tribunais do comércio: A aplicação das regras comerciais era feita pelos Tribunais do 
comércio. Os juízes destes tribunais eram os próprios membros das corporações. 
 
- Fase subjetiva: a regra do direito empresarial só era aplicada para aquele que era membro da 
corporação, não era aplicada para todos. 
 
 
1.2. SEGUNDA FASE: Estados nacionais 
Começa no séc. XVI e vai até o séc. XVIII. 
 
- Uniformização das regras comerciais: O comércio desenvolveu-se bastante em países da 
Europa, como a Itália, a Inglaterra, a França e a Holanda. Em razão da intensidade do 
mercantilislimo da atividade comercial surgiu a necessidade de uniformizar as regras comerciais 
para que se tornasse mais viável a relação comercial entre os comerciantes destas regiões e se 
pudesse dar o mesmo tratamento aos países que estavam negociando entre si. 
 
- Estados nacionais: neste momento surgem os Estados nacionais. O próprio Estado, então, 
começa a ter a preocupação de criar regras comerciais, o que antes era feito pelas corporações. A 
jurisdição mercantil deixa de ser da atividade privada e passa a ser incorporada pelo Estado. 
 
- Juízes escolhidos pelo Estado. 
 
- Análise subjetiva. 
 
- As regras ainda eram pautadas nos costumes comerciais. 
 
 
1.3. TERCEIRA FASE: Codificação napoleônica 
Começa no séc. XIX e vai até a primeira metade do séc. XX. 
 
- Surge a Revolução Francesa: com isto muito se começou a debater sobre os ideais de 
liberdade, igualdade e fraternidade. Buscou-se, então, a abolição do corporativismo, ou seja, uma 
análise objetiva. 
 
- Criação de um Código Comercial. 
 
- Análise objetiva: não se analisava mais quem era a pessoa, um tratamento igualitário devia ser 
dispensado. A base do Direito Comercial desloca-se da figura do comerciante para a figura dos 
atos de comércio. Nas fases anteriores, estas regras só incidiam sobre os membros das 
 
APOSTILA DIREITO EMPRESARIAL I – 2018 – PARTE 1 
PROF.ª SAMIRA DAUD 
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corporações, pois somente eles eram considerados comerciantes. Com o ideal de igualdade, 
eliminou-se este corporativismo. Por meio do Código Comercial Francês adotou-se a Teoria dos 
Atos de Comércio. O comerciante passou a ser aquele que, com habitualidade, pratica atos de 
comércio. 
 
1.4. QUARTA FASE: Teoria da empresa 
Começa com o Código Civil italiano de 1942. 
 
- Análise subjetiva: a análise deixa de ser objetiva, voltando a ser subjetiva. Deve-se analisar a 
figura do empresário, e não o ato praticado. Empresário é aquele que exerce a empresa. 
 
2. Evolução Histórica no Brasil 
 
2.1 PRIMEIRO MOMENTO: Teoria dos Atos de Comércio 
O Código Comercial brasileiro é de 1850 e sofreu forte influência do Código Comercial de 
Napoleão. Adotou a teoria dos atos de comércio, que é uma teoria francesa. Estava subdividido 
em três partes: 
 
a) 1ª parte: Do comércio em geral; 
b) 2ª parte: Do comércio marítimo; 
c) 3ª parte: Das quebras. 
 
Ocorre que a 3ª parte foi revogada pelo Decreto-lei 7.661/45 que, por sua vez, foi revogado pela 
nova Lei de Falências (Lei 11.101/05). Restaram, pois, apenas a 1ª e a 2ª parte. A primeira parte 
trazia a figura do comerciante e a figura da sociedade comercial. O comerciante era a figura da 
pessoa natural, enquanto a sociedade comercial era a figura da pessoa jurídica. 
 
Era, portanto, a parte I que adotava a Teoria dos atos de comércio, tendo em vista que definia o 
comerciante e a sociedade comercial como aqueles que praticavam atos de comércio. Ou seja, só 
seriam comerciantes as pessoas que praticassem atos de comércio. 
 
 
Ocorre que o Código Comercial de 1850 não definia quais eram os atos de comércio. Tinha que 
se recorrer ao Regulamento 737/1850, que enumerava pouqíssimos atos. O problema disto é que 
atividades como a prestação de serviço e as imobiliárias não podiam ser classificadas como uma 
atividade comercial. Quem as exercia não era considerado comerciante e nem sociedade 
comercial. As regras do direito comercial, portanto, não recaiam sobre elas. Sendo assim, não 
podiam ser beneficiadas por institutos como a concordata (parcelamento). 
 
 
2.2. SEGUNDO MOMENTO: Teoria da Empresa 
Neste momento histórico, o Brasil, por ocasião do novo Código Civil (art. 966), deixa de adotar a 
teoria dos atos de comércio e passa a adotar a teoria italiana. Não se analisa mais o ato 
praticado. Art. 2045 do CC. 
 
Art. 2.045. Revogam-se a Lei no 3.071, de 1o de janeiro de 1916 - 
Código Civil e a Parte Primeira do Código Comercial, Lei no 556, de 
25 de junho de 1850. 
O Código Civil, portanto, não revogou todo o Código Comercial. Revogou apenas a 1ª parte. Por 
isto, a 2ª parte do Código Comercial de 1850 ainda está em vigor. No que tange o comércio 
marítimo, ele ainda é adotado. 
 
 
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OBS: Geralmente os editais de concurso não cobram a 2ª parte do Código Comercial. 
Quando é cobrado, a pergunta é sobre a arribada forçada. 
Arribada forçada: quando um navio sai de um porto para ir para o seu destino final ele precisa 
definir previamente a sua trajetória e os portos em que irá parar. Não pode decidir parar em 
um porto que não estava no trajeto previamente definido. Quando ele para em um porto que 
não estava no trajeto, isso é chamado de arribada forçada. De acordo com o CC de 1850, 
isso só poderá ocorrer se houver um justo motivo. Este motivo refere-se à ameaça de ataque 
de um pirata inimigo. 
 
- É neste momento que surge a figura do empresário. 
 
 
3. FONTES DO DIREITO COMERCIAL 
A) Fonte Primária: A lei é a única fonte primária do direito comercial, além da CF. O art. 2037 NCC 
determina que seja aplicado ao empresário ou sociedade empresária toda a legislação pretérita 
que não seja incompatível com o NCC. 
B) Fontes Secundárias: 
a) Usos e Costumes 
b) Doutrina e princípios gerais de direito 
c) Jurisprudência 
 d) Analogia 
e) Equidade – art. 127 CPC 
 
4. PRINCÍPIOS CONSTITUCIONAIS ATINENTES AO DIREITO EMPRESARIAL 
 
PRESSUPOSTOS CONSTITUCIONAIS DO REGIME JURÍDICO-COMERCIAL 
 função supletiva do Estado na exploração as atividades econômicas  hipóteses 
excepcionais, quando necessária à segurança nacional ou se presente um relevante interesse 
coletivo (CF, arts. 170 e 173); 
 
 regime específico pertinente às obrigações do empreendedor privado, na exploração das 
atividades econômicas; 
 
 CF/88: princípios do liberalismo ou neoliberalismo econômico, mecanismos de amparo à livre 
iniciativa e à liberdade de competição. 
 
 
PROTEÇÃO DA ORDEM ECONÔMICA E DA CONCORRÊNCIA  
 
São 2 categorias de mecanismos de coibição de práticas empresariais incompatíveis com o 
regime da livre iniciativa, a saber: 
ABUSO DO PODER ECONÔMICO (LIOE - Lei de Infrações à Ordem Econômica - Lei n° 
8.884/94): 
Para sua caracterização, se conjugam 2 dispositivos legais: o art. 20 (que estabelece os efeitos 
possíveis da prática ilícita) e o art. 21 (que elenca as hipóteses infracionais, num rol 
exemplificativo). 
 
a) práticas ou condutas ilícitas: as que visem a limitar, falsear ou prejudicar a livre 
concorrência ou iniciativa, dominar mercado relevante de bens ou serviços, ou aumentar 
arbitrariamente oslucros. Ex: fixação de preços especiais para A em detrimento de B 
(hipótese de infração: art. 21, XII da LIOE)  RESPONSABILIDADE OBJETIVA DO 
EMPRESÁRIO. 
 
 
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b) Meios de repressão  
 
 Administrativa: CADE (Conselho Administrativo de Defesa Econômica) e SDE/MJ (Secretaria 
de Direito Econômico do Ministério da Justiça). São as seguintes as sanções administrativas: 
multa, publicação pela imprensa do extrato da decisão condenatória, proibição de contratar 
com o Poder Público ou com instituições financeiras oficiais, cancelamento de benefício fiscal, 
cisão ou transferência de controle societário compulsório, dentre outros. As decisões 
condenatórias do CADE servem como títulos executivos extrajudiciais; 
 
 Penal: crimes contra a ordem econômica (Lei n° 8.137/90, arts. 4° a 6°). 
 
CONCORRÊNCIA DESLEAL  
A repressão à concorrência desleal se dá em dois níveis: 
 penal: LPI - Lei de Propriedade Industrial - Lei n° 9.279/96, art. 195: definição dos 
comportamentos elencados como prática de crime de concorrência desleal. Ex: publicar falsa 
afirmação em detrimento de concorrente, com objetivo de obter vantagem; 
 civil: se expressa em dois níveis: 
- com fundamento contratual: dever de indenização; 
- com fundamento extracontratual: possibilidade de o prejudicado haver perdas e danos por 
atos de concorrência desleal não-tipificados como crime (LPI, art. 209); 
- concorrência regular X concorrência desleal. 
 
 
4. Teoria dos Atos do Comércio 
 
Para caracterizar o comerciante havia a necessidade da existência de dois requisitos: 
a) Subjetivo: prática de determinado ato do comércio com profissionalismo; 
b) Objetivo: prática de um dos atos do comércio previstos no art. 19 do Regulamento 737 de 1850 
– revogado há mais de 100 anos). 
Ex: Compra e venda de mercadorias, indústria, bancos, seguradoras, transporte de mercadorias, 
espetáculos públicos, armação e expedição de navios, comércio marítimo, etc. 
A teoria dos atos do comércio, adotada pelo Código Comercial de 1850, influenciada pelo 
ordenamento comercial francês, conceitua o direito comercial como toda a relação jurídica 
derivada dos atos de comércio e do exercício profissional dos comerciantes. 
O regulamento nº 737 de 1850, em seu art. 19, definia quais eram os atos do comércio, a saber: 
a) A compra e venda ou troca de bem móvel ou semovente, para a sua revenda, pôr 
atacado ou a varejo, industrializado ou não ou para alugar o seu uso; 
b) As operações de câmbio, banco e corretagem; 
c) As empresas de fábrica, de comissões, de depósito, de expedição, consignação e 
transportes de mercadorias, de espetáculos públicos; 
d) Os seguros, os fretamentos os riscos; 
e) Quaisquer contratos relativos ao comércio marítimo e a armação e expedição de 
navios. 
 
 
 
 
 
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O Novo Código Civil de 2002 revogou a 1ª parte do Código Comercial de 1850, permanecendo em 
vigor a 2ª parte, que trata do direito marítimo, adotando a Teoria da Empresa, oriunda do sistema 
jurídico italiano. 
Com o advento do Novo Código Civil de 2002, unificou-se o direito civil e o comercial, regulando-
se os atos praticados na economia entre pessoas de direito privado. 
 
5. Teoria da Empresa 
É a teoria de Alberto Asquini. Por essa teoria, o fenômeno empresa possui 04 perfis: 
 
a) Perfil objetivo 
Empresa é o conjunto de bens. 
Não é adotado pelo atual direito empresarial, que considera conjunto de bens o chamado 
estabelecimento empresarial (art. 1142 do CC). 
 
Art. 1.142. Considera-se estabelecimento todo complexo de bens organizado, para exercício da 
empresa, por empresário, ou por sociedade empresária. 
 
 
b) Perfil subjetivo 
Para este perfil, a empresa é aquela que exerce a atividade, ou seja, é o sujeito. 
O direito brasileiro também não adotou este perfil, pois, quem exerce a empresa chama-se 
empresário individual ou de sociedade empresária. 
 
 
c) Perfil corporativo (institucional) 
A empresa é uma instituição formada por um conjunto de pessoas com um objetivo comum. 
Diante do art. 7º, XI da CF é garantida participação na gestão da empresa. Nesse sentido é 
instituição. Contudo, não é a expressão preferencial para o direito empresarial. 
 
Art. 7º, XI - participação nos lucros, ou resultados, desvinculada da remuneração, e, 
excepcionalmente, participação na gestão da empresa, conforme definido em lei; 
 
 
d) Perfil funcional 
Empresa é a atividade. 
É o perfil adotado pelo direito empresarial. Art. 1142 do CC. 
Considera empresário quem exerce profissionalmente atividade econômica organizada para a 
produção de bens ou de serviços. (Art. 966, CC) 
 
A empresa é a reunião dos fatores de produção, ou seja, capital, trabalho, insumos, etc no 
desempenho de uma atividade econômica, seja na área da prestação de serviços, seja na 
intermediação de mercadorias. 
 
- Elemento de empresa: será elemento de empresa quando a atividade intelectual estiver 
integrada em um objeto mais complexo, próprio da atividade empresarial (houver mais outras 
atividades de empresário). Ex. : Veterinária com pet shop. 
Será considerado elemento de empresa um serviço que não se caracteriza personalíssimo (tendo 
em vista um cliente individualizado), mas sim um serviço objetivo, direcionado a uma clientela 
indistinta. Será ainda considerado empresário quando oferecer a terceiros prestações intelectuais 
de pessoas a seu serviço. Ex.: Empresa fotográfica. 
 
 
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5. ALGUMAS EXCLUÍDAS DO CONTEXTO EMPRESARIAL 
 
“Não se considera empresário quem exerce profissão intelectual de natureza científica, artística ou 
literária, ainda com concurso de auxiliares ou colaboradores SALVO se o exercício da profissão 
constituir elemento de empresa”. (Art.966 Parágrafo Único CC) 
 
 
 
6. SOCIEDADE ENTRE ADVOGADOS 
 
Não são admitidas a registro, nem podem funcionar, as sociedades de advogados que 
apresentem forma ou características mercantis, que adotem denominação de fantasia, que 
realizem atividades estranhas à advocacia, que incluam sócio não inscrito como advogado ou 
totalmente proibido de advogar. 
a) o instrumento do contrato deverá ser inscrito no Registro Civil de Pessoas Jurídicas, em razão 
de os sócios serem advogados. 
b) sendo ambos os sócios advogados, a sociedade será necessariamente simples. 
c) sociedade só existirá se o instrumento do contrato for submetido a registro. 
d) o instrumento do contrato deverá ser inscrito no Registro Público de Empresas Mercantis, por 
ser empresarial o objeto da atividade. 
 
7. PRODUTOR RURAL 
 
Pequeno Produtor Rural pode ou não ser registrado como empresário, ao seu critério. Porém, se 
registrar será equiparado à empresário. (art. 971 cc 02) 
 
8. IMPEDIDOS DE EXERCER ATIVIDADE EMPRESARIAL 
 
 
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Fundamento de validade: CF/88, art. 5°, XIII 
Embora estejam no pleno gozo da capacidade civil, há pessoas que estão legalmente impedidas 
de exercerem atividade de empresário individual, seja em razão de funções públicas por elas 
exercidas ou de sua condição jurídica pessoal. São elas: 
 
• juízes e membros do Ministério Público não podem ser empresário individual nem 
participar de sociedade empresária, exceto como quotistas ou acionistas (CF, arts. 95, 
parágrafo único, I e 128, § 5°, II, "c", respectivamente; art. 36, I da LOMAN - LeiComplementar n° 35/79 e art. 44 da LONMP - Lei n° 8.625/93); 
 
• funcionários públicos federais (Lei n° 8.112/90, art. 117, X) proibidos de participar de 
"gerência ou administração de empresa privada, sociedade civil, ou exercer o comércio, 
exceto na qualidade de acionista, cotista ou comanditário"; 
 
• os que forem condenados pela prática de crime cuja pena vede o acesso à atividade 
empresarial. Ex: art. 35 da LRE - Lei do Registro de Empresa - Lei n° 8.934/94; 
 
• militares da ativa das Forças Armadas, das Polícias Militares e Corpo de Bombeiros 
Militares dos Estados e do Distrito Federal (CF, art. 42, § 1°). Não podem comerciar, nem 
participar da sociedade comercial, exceto como acionista ou cotista em sociedade anônima, 
ou por cotas de responsabilidade limitada. Se o fizer, poderá ser suspenso, de 6 meses a 2 
anos, ou reformado (CPM, art. 204); 
 
• o leiloeiro IN-DNRC n° 83/99, art. 3°, VI. Se falir, incorrerá em crime falimentar; 
 
• os devedores do INSS Lei n° 8.212/91, art. 95, § 2°, "d"; 
 
• deputados e senadores não podem, DESDE A POSSE, "ser proprietários, controladores ou 
diretores de empresa que goze de favor decorrente de contrato com pessoa jurídica de 
direito público, ou nela exercer função remunerada" (CF, art. 54, II, "a"). Se o fizer, poderá 
perder o mandato (CF, art. 55, I); 
 
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• o falido perde o direito de exercer qualquer atividade empresarial a partir da sentença 
declaratória da falência e até a sentença declaratória da extinção de suas obrigações, desde 
que não tenha sido condenado ou esteja, então, respondendo a processo por crime 
falimentar (NLF - Lei n° 11.101, de 09/02/2005, arts. 102 e 181); 
 
• falido condenado por crime falimentar não poderá exercer atividade empresária, enquanto 
não for reabilitado, pois constitui efeito da condenação por prática de crime falimentar a 
inabilitação para o exercício da atividade empresarial (NLF, art. 181, I). 
 
. estrangeiros sem visto permanente (art 98 e 99 da Lei nº 6815/80) 
 
. estrangeiros com visto permanente (art 98 e 99 da Lei nº 6815/80), para exercício de 
algumas atividades empresárias descritas no Estatuto do Estrangeiro. 
 
 
OBS: Tal situação se extingue, pois, com a reabilitação do falido, podendo ser concedida após o 
decurso de 5 anos contados da extinção da punibilidade, ou, antes, pela reabilitação penal do 
mesmo (NLF, art. 181, § 1°). Esta proibição circunscreve-se ao exercício da atividade de 
empresário individual. Pode integrar as sociedades empresárias, estando impedido, no entanto, 
para o exercício de cargo ou função em conselho de administração, diretoria ou gerência 
daquelas; bem como para gerir empresa por mandato ou por gestão de negócio (NLF, art. 181, II 
e III). 
 
OBS: Se o empresário proibido vier a comerciar, responderá pelas obrigações contraídas. (CCB, 
art. 973). 
 
9. PRESSUPOSTOS PARA O EXERCÍCIO DA ATIVIDADE EMPRESARIAL 
 
 
 
 
APOSTILA DIREITO EMPRESARIAL I – 2018 – PARTE 1 
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Capacidade civil para ser empresário: 
 maiores de 18 anos, no gozo de seus direitos civis; 
 maiores de 16 e menores de 18 anos, desde que emancipados e não legalmente 
impedidos. 
Poderá o incapaz, por meio de representante ou devidamente assistido, continuar a empresa 
exercida por ele enquanto capaz, por seus pais ou pelo autor de herança. Nesses casos, o 
incapaz será autorizado pelo juiz. Se, contudo, o representante ou assistente forem pessoas 
legalmente impedidas, será nomeado um gerente com a aprovação do juiz, sem prejuízo da 
responsabilidade do representante ou do assistente. Ademais, o uso da firma caberá, conforme o 
caso, ao gerente ou ao representante do incapaz, ou a este, quando puder ser autorizado. 
Destaque-se que, tanto a emancipação, quanto a autorização deverão ser averbadas no Registro 
do Comércio, ou seja, na Junta Comercial. 
Sócio Incapaz 
O Registro Público de Empresas Mercantis, a cargo das Juntas Comerciais, deverá registrar os 
contratos ou alterações contratuais de sociedade que envolva sócio incapaz, desde que (CC, Art. 
974, § 3o): 
I – o sócio incapaz não exerça cargo de administração da sociedade; 
II – o capital social esteja inteiramente integralizado; 
III – o sócio relativamente incapaz deve ser assistido e o absolutamente incapaz, representado. 
 
10. OBRIGAÇÕES DO EMPRESÁRIO 
 
Os empresários individuais e as sociedades empresárias, têm, basicamente, três obrigações 
fundamentais, para que suas atividades sejam legalmente amparadas: a) dever de arquivamento 
de seus atos constitutivos na Junta Comercial; b) dever de escrituração dos livros empresariais 
obrigatórios e; c) dever de levantar, periodicamente, o balanço patrimonial e de resultado 
econômico da empresa. 
 
 
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A) REGISTRO: 
 
Obrigatório antes de iniciar a atividade, tendo natureza jurídica declaratória da condição de 
empresário e não constitutiva. 
 
Enunciados do Conselho da Justiça Federal (CNJ): 
 
198 – Art. 967: A inscrição do empresário na Junta Comercial não é requisito para a 
sua caracterização, admitindo-se o exercício da empresa sem tal providência. O 
empresário irregular reúne os requisitos do art. 966, sujeitando-se às normas do 
Código Civil e da legislação comercial, salvo naquilo em que forem incompatíveis com 
a sua condição ou diante de expressa disposição em contrário. 
 
199 – Art. 967: A inscrição do empresário ou sociedade empresária é requisito 
delineador de sua regularidade, e não da sua caracterização. 
 
202 – Arts. 971 e 984: O registro do empresário ou sociedade rural na Junta Comercial 
é facultativo e de natureza constitutiva, sujeitando-o ao regime jurídico empresarial. É 
inaplicável esse regime ao empresário ou sociedade rural que não exercer tal opção. 
 
Art. 967 CC. É obrigatória a inscrição do empresário no Registro Público de Empresas 
Mercantis da respectiva sede, antes do início de sua atividade 
 
Art. 971 CC. O empresário rural, cuja atividade rural constitua sua principal profissão, 
pode, observadas as formalidades de que tratam o art. 968 e seus parágrafos requerer 
a inscrição no Registro Público de Empresas Mercantis da respectiva sede, caso em 
que, depois de inscrito ficará equiparado, para todos os efeitos, ao empresário sujeito 
a registro. 
 
Atos do registro de empresa 
 
São três os atos de registro de empresa: a matrícula (1), o arquivamento (2) e a autenticação (3). 
 
(1) Matrícula. Ato de inscrição dos tradutores públicos, interpretes comerciais, leiloeiros, 
trapicheiros e administradores de armazéns gerais. São profissionais que desenvolvem atividades 
paracomerciais. 
 
(2) Arquivamento. Referente a inscrição do empresário individual bem como à constituição, 
dissolução e alteração contratual das sociedades empresárias. 
 
(3) Autenticação. Referente aos instrumentos de escrituração, que são os livros comerciais e as 
fichas escriturais. É a condição de regularidade do documento 
 
 
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B) ESCRITURAÇÃO CONTÁBIL 
 
De acordo com o artigo 1.179, descrito acima, a empresa poderá usar um sistema de escrituração 
de livros, manual, mecanizado ou eletrônico. 
 
As escriturações ficaram a cargo de um profissional contabilista, legalmente habilitado para 
exercer tal feito, a não ser que na localidade da empresa não exista nenhum. Nesse caso, o 
empresário deverá contratar profissional que entenda competentemente para o desenvolvimento 
de tal tarefa. 
 
Além, de contar com o contabilista altamente habilitado para tal, ou, profissional que seja 
competente no assunto, o empresário contará com livros obrigatórios, que são de sumaimportância, subdivididos em comuns e especiais, estes são específicos para cada atividade, a 
título de exemplo, Livro de Registro de Duplicatas, Livro de Ações Nominativas das Sociedades 
Anônimas, Livros de Atas de Assembléias Gerais; aqueles independem da atividade exercida ou 
do tipo societário, haverá apenas um único exemplar, Livro Diário. Destarte, poderá contar, a seu 
critério, com livros facultativos que servem apenas para aprimorar o sistema de controle da 
atividade empresarial. 
 
c) LEVANTAMENTO DO BALANÇO PATRIMONIAL E DE RESULTADO ECONÔMICO 
 
O levantamento do balanço patrimonial e de resultado econômico, deverá ser levantado 
anualmente, quando se trata de empresário individual. Em tratando-se de sociedades anônimas, 
que distribuem dividendos a cada seis meses, o balanço deverá ser semestral. 
 
O balanço patrimonial serve para demonstrar a situação real da empresa, indicando seu ativo e 
passivo, ou seja, todos os bens, créditos e débitos. Já o de resultado acompanhará o de balanço 
patrimonial e constarão crédito e débito. 
 
Finalizando, o balanço patrimonial e de resultado econômico, são de extrema importância, para 
que seja avaliada, anualmente ou semestralmente, como a empresa está em relação a lucros, 
dividendos, bens etc. 
 
 
11. EMPRESÁRIO IRREGULAR 
 
A falta de registro na Junta Comercial não descaracteriza o empresário enquanto tal. Contudo, o 
empresário individual não-registrado (irregular) sofre as seguintes restrições: 
 
a) não é parte legítima para o pedido de falência de seu devedor (NLF, art. 97, § 1°). Somente o 
empresário regularmente inscrito na Junta pode requerer a falência de outro empresário. 
Contudo, o empresário irregular pode ter sua falência requerida e decretada e pode requerer a 
própria falência (autofalência); 
 
b) não é parte legítima para o pedido de recuperação judicial (NLF, art. 48), que só poderá ser 
feito pelo empresário que estiver com suas atividades regulares há mais de 2 anos (vide o art. 
141 da antiga LF); 
 
c) não pode ter seus livros autenticados no Registro de Empresa (CCB, art. 1.181), e, por 
consequência, se valer da eficácia probatória dos mesmos em juízo (CPC, art. 379); 
outrossim, se for decretada a sua falência, está será, necessariamente, fraudulenta, com a 
prática de crime falimentar (NLF, art. 178); 
 
 
APOSTILA DIREITO EMPRESARIAL I – 2018 – PARTE 1 
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12 
 
d) impossibilidade de participar de licitações, nas modalidades de concorrência pública e tomada 
de preço (Lei n° 8.666/93, art. 28, II e III); 
 
e) impossibilidade de inscrição em Cadastros Fiscais (CNPJ - Cadastro Nacional de Pessoas 
Jurídicas; CCM - Cadastro de Contribuintes Mobiliários etc), com as decorrentes sanções pelo 
descumprimento dessa obrigação tributária acessória; 
 
f) ausência de matrícula junto ao INSS, que, em relação aos empresários, é processada 
simultaneamente à inscrição no Registro de Empresa, o que o sujeita à pena de multa (Lei n° 
8.121/91, art. 49, I). 
 
Já a sociedade empresária irregular, além das consequências alhures expostas, sofre mais estas 
a seguir enumeradas: 
 
a) fica proibida de contratar com o Poder Público (CF, art. 195, § 3°); 
 
b) transforma-se em "sociedade em comum", ou seja, a responsabilidade pelas obrigações 
sociais passa a ser solidária e ilimitada dos sócios, respondendo diretamente aquele que, 
dentre estes, administrou a sociedade (CCB, art. 990). 
 
 
12. EMPRESÁRIO INDIVIDUAL 
 
O empresário pode ser pessoa física ou pessoa jurídica. O primeiro denomina-se empresário 
individual e a segunda sociedade empresária. 
 
Outro erro comum é pensar que os sócios da sociedade empresária são os empresários, o que 
está errado. O empresário nesse caso é a própria sociedade, a própria pessoa jurídica com 
personalidade autônoma. Os sócios da sociedade empresária serão os empreendedores ou 
investidores, dependendo da sua colaboração dada a sociedade. As regras aplicadas ao 
empresário individual não se aplicam aos sócios da sociedade empresária. 
 
O empresário individual explora atividades economicamente menos importantes, geralmente 
negócios rudimentares e marginais, muitas vezes ambulantes. Atividades economicamente de 
maiores proporções ficam reservadas as sociedades empresárias anônimas ou limitadas, 
justamente por ser o tipo societário que melhor lida com perdas (pois quanto maior a atividade, 
mais difícil é desempenhá-la e maior a chance de fracasso). 
 
Existem dois casos em que o exercício de uma atividade empresarial é vedada em relação a uma 
pessoa física. Uma trata da capacidade da pessoa (que deve estar em pleno gozo de sua 
capacidade civil) e a outra refere-se a proteção de terceiros e se manifesta em proibições ao 
exercício da empresa (presente no artigo 973 do Código Civil). 
 
Responsabilidade do empresário individual 
Atualmente, a responsabilidade do empresário individual é ilimitada. Responde com seus bens 
pessoais pelas suas dívidas empresariais. Isso ocorre em virtude do princípio da unidade 
patrimonial, ou seja, tanto a pessoa natural como a pessoa jurídica só têm um patrimônio. Não há 
uma legislação que autorize a separação de patrimônio. 
 
13. EMPRESA INDIVIDUAL DE RESPONSABILIDADE LIMITADA (EIRELI) 
 
 Título I-A acrescentado pela Lei 12441/2011. Artigo 980-A: “A empresa individual de 
responsabilidade limitada será constituída por uma única pessoa titular de da totalidade do capital 
 
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social, devidamente integralizado, que não será inferior a 100 (cem) vezes o maior salário mínimo 
vigente no país.” 
 
O artigo traz a definição da EIRELI com alguns problemas. O primeiro problema é “por uma única 
pessoa”, que não especifica o tipo de pessoa (física ou jurídica). O segundo problema é que o 
capital social da EIRELI deve ser subscrito e integralizado no momento de sua criação, 
diferentemente da sociedade limitada e anônima que o montante deve ser subscrito no momento 
da criação, mas integralizado posteriormente somente quando houver necessidade. O terceiro 
problema é o valor estabelecido pelo Estado para o capital social. Além do valor ser muito alto 
para uma única pessoa, o Estado estabelece um valor mínimo inicial, coisa que só o titular deveria 
determinar, como ocorre nos outros tipos de sociedade. 
 
Apesar da Lei n. 12441/2011 não se ter valido da melhor técnica ao alterar disposições do Código 
Civil e instituir a EIRELI, ela trouxe o instituto da sociedade limitada unipessoal (sociedade 
limitada constituída por um único sócio). Da mesma forma das sociedades, o sócio da EIRELI não 
é o empresário e sim a própria pessoa jurídica EIRELI, sujeito de direito que explora a atividade 
empresarial. 
 
EIRELI = empresário individual com responsabilidade limitada, que deve ter um patrimônio social 
não inferior a cem salários mínimos. O patrimônio social é que será responsável pelas dívidas 
empresariais, resguardando os seus bens pessoais. 
 
 
14. MICROEMPREENDEDOR INDIVIDUAL (MEI) 
 
Criada pela Lei Complementar nº 128, de 2008, a categoria de Microempreendedor Individual 
(MEI) é a que abriga, como pessoa jurídica, a pessoa que trabalha por conta própria e resolve se 
formalizar enquanto pequeno empresário. Há uma lista de profissões que podem ser enquadradas 
nesse regime, como ambulantes, cabeleireiras, borracheiros, editores de jornais e revistas, 
mecânicos e várias outras, que podem ser consultadas no Portal do Empreendedor. 
 
Para ser classificado como Microempreendedor Individual, o profissional precisar faturar no 
máximo R$ 60.000,00 por ano e não ser sócio ou titular de outra empresa. Ao se cadastrar com 
MEI, ele será enquadrado no Simples Nacional e isentado dos tributos federais, como Imposto de 
Renda, PIS, Cofins, IPI e CSLL. Será necessário, porém,pagar uma taxa mensal de R$ 37,20 
(comércio ou indústria), R$ 41,20 (prestação de serviços) ou R$ 42,20 (comércio e serviços). 
 
Os valores das taxas são destinados à Previdência Social e ao ICMS ou ISS (estes últimos, 
impostos estadual e municipal, respectivamente). Com as contribuições, o MEI passa a ter acesso 
a benefícios como auxílio maternidade, auxílio doença e aposentadoria. 
 
Outra vantagem oferecida aos MEIs é a possibilidade de se inscreverem no Cadastro Nacional de 
Pessoas Jurídicas (CNPJ), o que facilita, por exemplo, a abertura de conta bancária, empréstimos 
e a emissão de notas fiscais. 
 
É importante destacar ainda que, uma vez por ano, os microempreendedores individuais devem 
entregar a DASN-SIMEI – Declaração Anual do Simples Nacional do Micro 
 
Como se tornar MEI? 
 
Para se tornar MEI, o empreendedor pode fazer o cadastro diretamente no Portal do 
Empreendedor, gratuitamente. Pela internet mesmo, o CNPJ e um alvará provisório, com validade 
 
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de 120 dias, são gerados. Para ter o alvará definitivo, sem pendências, será necessário, no 
entanto, se dirigir à Junta Comercial para comprovar documentação. 
 
http://www.portaldoempreendedor.gov.br/ 
 
15. MICROEMPRESA E EMPRESA DE PEQUENO PORTE 
 
A LC 123/06 trata das figuras da microempresa, da empresa de pequeno porte e do pequeno 
empresário. Art. 3º da LC. 
 
Art. 3o Para os efeitos desta Lei Complementar, consideram-se 
microempresas ou empresas de pequeno porte a sociedade 
empresária, a sociedade simples e o empresário a que se refere o 
art. 966 da Lei no 10.406, de 10 de janeiro de 2002, devidamente 
registrados no Registro de Empresas Mercantis ou no Registro Civil 
de Pessoas Jurídicas, conforme o caso, desde que: 
I - no caso das microempresas, o empresário, a pessoa jurídica, ou a 
ela equiparada, aufira, em cada ano-calendário, receita bruta igual ou 
inferior a R$ 240.000,00 (duzentos e quarenta mil reais); 
II - no caso das empresas de pequeno porte, o empresário, a pessoa 
jurídica, ou a ela equiparada, aufira, em cada ano-calendário, receita 
bruta superior a R$ 240.000,00 (duzentos e quarenta mil reais) e 
igual ou inferior a R$ 2.400.000,00 (dois milhões e quatrocentos mil 
reais). 
§ 1o Considera-se receita bruta, para fins do disposto no caput deste 
artigo, o produto da venda de bens e serviços nas operações de 
conta própria, o preço dos serviços prestados e o resultado nas 
operações em conta alheia, não incluídas as vendas canceladas e os 
descontos incondicionais concedidos. 
 
O art. 3º, I e II diferencia a microempresa da empresa de pequeno porte. Quanto ao empresário 
individual, deve-se observar o art. 68 da Lei. 
 
Art. 68. Considera-se pequeno empresário, para efeito de aplicação 
do disposto nos arts. 970 e 1.179 da Lei no 10.406, de 10 de janeiro 
de 2002, o empresário individual caracterizado como microempresa 
na forma desta Lei Complementar que aufira receita bruta anual de 
até R$ 36.000,00 (trinta e seis mil reais). 
 
 
MICROEMPRESA EMPRESA DE PEQUENO 
PORTE 
MEI 
Pode ser um empresário 
individual, uma sociedade 
empresária ou uma 
sociedade simples. 
Pode ser um empresário 
individual, uma sociedade 
empresária ou uma 
sociedade simples. 
Apenas o empresário 
individual pode ser pequeno 
empresário. Além disso, este 
precisa estar enquadrado 
como mei. 
Deve auferir receita bruta 
anual igual ou inferior a 
R$360.000,00. 
Deve auferir receita bruta 
anual superior a 
R$360.000,00 e igual ou 
inferior a R$4.800.000,00. 
(ATUALIZADO EM 
JAN/2018) 
Deve auferir receita bruta de 
anual de até R$60.000,00. 
 
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15 
 
 
 
 
16. SOCIEDADE EMPRESÁRIA 
 
-Conceito de sociedade empresária 
 
Para situar a sociedade empresária, é necessário situar sua localização no quadro geral de 
pessoas jurídicas. Pessoas jurídicas são divididas em dois grandes grupos, as de Direito Público e 
as de Direito Privado. A diferença entre esses dois grupos é o regime jurídico ao qual se 
encontram submetidos. As pessoas jurídicas de Direito Público se encontram em posição 
diferenciada, enquanto as de Direito Privado estão sujeitas a um regime de igualdade, isonomia. 
Dentro de Pessoa Jurídica de Direito Privado, encontra-se as estatais (cujo capital majoritário ou 
total é proveniente do poder público) e não estatais, que compreendem fundação, associação e 
sociedade. Este último subdivide-se em sociedade simples ou empresária 
 
A sociedade empresária se diferencia da simples pelo modo de explorar o objeto (e não no intuito 
lucrativo como muitos pensam). O objeto social explorado sem empresarialidade (sem 
profissionalmente organizar os fatores de produção) confere a sociedade o caráter de simples, 
enquanto a exploração empresarial do objeto social caracteriza a sociedade como empresária. 
 
Definido essas premissas, a sociedade empresária pode ser conceituada “como a pessoa jurídica 
de direito privado não estatal, que explora empresarialmente seu objeto social ou adota a forma 
de sociedade por ações.” 
 
-Personalização da sociedade empresária 
 
A sociedade empresária tem personalidade distinta dos seus sócios que a compõem. Ela, como 
pessoa jurídica, é sujeito de direito personalizado, e poderá, por isso, praticar todo e qualquer ato 
ou negócio jurídico em relação ao qual inexista proibição expressa. 
 
-Sociedade Irregular 
 
De forma semelhante ao que ocorre com o empresário individual, a sociedade empresária deve 
ser registrada na Junta Comercial e o registro deve ocorrer antes do início de suas atividades. Se 
não registrada, terá restrições quanto ao Direito Comercial, não podendo aproveitar de todos seus 
benefícios. 
 
-Constituição das sociedades contratuais 
 
A Sociedade empresária nasce do acordo de vontades dos seus sócios, na qual, dependendo do 
tipo societário que se pretende criar, será concretizado em um estatuto ou um contrato social, que 
definirão as normas dessa sociedade. 
 
Administrador de Sociedade 
 
O administrador é o indivíduo responsável por gerir os negócios, na qual uma ou mais pessoas 
são responsáveis pela gestão ou condução dos negócios. É o indivíduo responsável pela atuação 
da empresa, sendo que seus atos são fundamentais para que ela se desenvolva e consiga 
realizar seu objeto social. 
 
 
17. Diferenças 
 
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a) Empresa: atividade exercida 
b) Empresário: pessoa física ou jurídica que exerce a atividade 
c) Administrador: sócio responsável pela gestão da sociedade 
 
 
18. NOME EMPRESARIAL 
 
 
18.1. Importância 
O nome é um direito de toda pessoa física ou jurídica – art. 16 NCC 
No direito empresarial, o nome possibilita a identificação e individualização da empresa, servindo 
tanto para os interesses dela, quanto para os interesses de terceiros que mantenham relações 
contratuais ou extracontratuais. 
Garantia Constitucional de livre concorrência – art. 17º IV CF : como o nome empresarial 
incorpora um valor econômico no uso ou na função comercial, designando bens ou serviços 
próprio do agir empresarial, o direito a sua proteção se justifica também pela necessidade da 
ordem econômica e financeira de evitar uma confusão entre atividades empresariais, próprias da 
competição e concorrência. 
 
O nome empresarial deve atender a dois princípios principais, o da novidade e o da veracidade 
(Lei 8934/94 - art. 34). 
Tendo em vista o princípio da veracidade, o nome não deve levar a uma impressão errônea da 
real atividade realizada pela sociedade, de modo a induzir a erro os terceiros que com elas 
interajam, assim como também não será permitido o uso do nome na indicação da firma oudenominação que não os dos sócios. Já quanto o princípio da novidade, o nome empresarial é 
exclusivo e deve ser distinto dos demais nomes já inscritos no mesmo registro (art. 1163 CC). 
 
18.2. Natureza Jurídica 
 
Segundo Mamede, o nome empresarial tem natureza de direito de personalidade, e como tal são 
protegidos sem limitação territorial, pois constitui um bem moral do patrimônio do empresário. 
O art 1164 do NCC: o nome empresarial não pode ser objeto de alienação. 
 
 
18.3. Espécies de Nome Empresarial 
a) Firma ou Razão Social: tem por base o nome civil do empresário ou dos sócios da sociedade. 
É a expressão fiel do princípio da veracidade. 
A firma pode ser utilizada no caso de firma individual/razão individual, quando se tratar de 
empresário individual, e firma social/razão social se sociedades simples ou empresárias. 
A firma individual é adotada pelo empresário individual que registra sua “firma” na Junta 
Comercial, e deve ser esta o seu nome próprio completo por extenso ou abreviado 
ex.: Fábio Pinto da Silva ou F. P. da Silva 
 
APOSTILA DIREITO EMPRESARIAL I – 2018 – PARTE 1 
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17 
 
F. P. da Silva - tintas. (art. 1156 CC). 
 
Por se tratar do próprio nome, no caso de nome comum, pode-se adicionar o ramo da atividade 
exercida pelo empresário 
 
A firma pode ser composta pelo nome de todos os sócios, de alguns deles ou de apenas um. 
Caso não conste o nome de todos os os sócios é necessário o uso do termo "e companhia" 
(ou & Cia). 
 
Ex. Fernanda Rios eThiago Neves & Cia, Livros; 
Thiago Neves e companhia. 
 
A existência do nome do sócio na firma indica que a responsabilidade do empresário ou dos 
sócios é ilimitada, ou seja, que o patrimônio do particular responde pelas obrigações contraídas 
perante terceiros, caso insuficiente o patrimônio da empresa ou sociedade em si. Por esta razão, 
a firma se faz obrigatória para o empresário individual, para a sociedade em comandita simples e 
para a sociedade em nome coletivo. 
 
O sistema da veracidade, conforme Waldo Fazzio Júnior, adotado no Brasil obsta à adoção de 
pseudônimo ou de denominação. Não valem, pois, os apelidos (Tico, Sinhô, Cuca etc.) e os 
hipocorísticos (Chico por Francisco, Tonico por Antonio, Zé por José, Tião por Sebastião etc.). 
É que o pseudônimo e o hipocorístico ocultam o nome, quando o propósito é precisamente o 
contrário, isto é, fazer coincidir nome civil e o nome empresarial, no interesse de terceiros. 
 
 
b) Denominação – art 1155 ncc 
Trata-se de um nome ou expressão adotado para a empresa coletiva com o intuito de designar o 
tipo de atividade realizada. A denominação, ao contrário da firma , demonstra que a 
responsabilidade dos sócios é limitada. São nomes inventados ou relacionados com seu objeto 
social, como por exemplo: 
Cia. Metalúrgica do Brasil 
Enlatados Guerra S/A; 
Trovão Geradores LTDA 
Cooperativa de Polpa de Frutas 
Castro & Alves & Cia Ltda, 
 
São chamados de "elemento fantasia". 
 
Art. 1158 § 2º diz que a denominação deve designar o objeto da sociedade 
O nome de Sócio falecido só poderá ser mantido desde que haja expressa autorização do de 
cujus ou de seus sucessores. 
A manutenção do nome do de cujus no nome empresarial passa a ter este a natureza de 
denominação e não mais de firma, devendo ser acrescentado o objeto social. 
 
Obs: Sociedades Limitadas podem escolher se usam firma ou denominação, enquanto que as 
sociedades anônimas só podem usar denominação. 
 
 
 
APOSTILA DIREITO EMPRESARIAL I – 2018 – PARTE 1 
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19. PROTEÇÃO AO NOME EMPRESARIAL 
 
A proteção do nome é concedida desde o registro da pessoa física ou jurídica no órgão de registro 
de empresa dos Estados, as Juntas Comerciais. 
A marca depende de prévio depósito e exame pelo Instituto Nacional da Propriedade Industrial 
(INPI). 
 
20. NOME E AS ESPÉCIES DE EMPRESÁRIO 
 
A sociedade onde houver sócios de responsabilidade ilimitada deverá registrar seu nome 
empresarial como firma ou razão social, na qual somente poderá figurar os nomes dos 
sócios que respondem ilimitadamente pela sociedade aditando-se a expressão “e 
companhia”, por extenso ou abreviadamente. Os sócios cujos nomes, figurarem na firma da 
sociedade, ficam solidária e ilimitadamente responsáveis pelas obrigações contraídas em nome 
da mesma. 
O novo Código Civil estabelece que a firma ou razão social, será o nome utilizado pelas 
sociedades em nome coletivo e em comandita simples e, em caráter opcional, pelas sociedades 
limitadas e em comandita por ações. 
Determina também, que a denominação social, será o nome utilizado pelas sociedades por ações 
e cooperativas e, em caráter opcional, pelas sociedades limitadas e em comandita por ações. 
 
A sociedade em nome coletivo, necessáriamente deverá adotar firma ou razão social e, se não 
individualizar todos os sócios, deverá conter o nome de pelo menos um deles, acrescido do aditivo 
“e companhia”, por extenso ou abreviado. Exemplo: Pedro Lima, Otávio Rocha e Rafael Fontes, 
são sócios, o 
nome empresarial poderá ser: Pedro Lima & Cia; Pedro Lima, Otávio Rocha &Cia; Otávio Rocha, 
Rafael Fontes & Cia; ou Lima, Rocha & Fontes. 
A sociedade em comandita simples, também adotará firma ou razão social e, deverá conter o 
nome de pelo menos um dos sócios comanditados, com oaditivo “e companhia”, por extenso ou 
abreviadamente. 
 
Exemplo: José Silva e João Nunes são sócios comanditados e Paulo Ribeiro sócio comanditário, o 
nome 
empresarial poderá ser: José Silva & Cia; João Nunes & Cia; ou Silva, Nunes &Cia. 
 
A sociedade limitada poderá adotar uma firma ou razão social ou uma denominação, 
integradas pela palavra final “limitada”, por extenso ou abreviadamente. 
Se a sociedade limitada adotar firma ou razão social, deverá conter o nome de um ou mais sócios, 
pessoa física, acrescido do aditivo “e companhia”, por extenso ou abreviado, e da palavra 
“limitada”, também por extenso ou abreviada. 
 
 
APOSTILA DIREITO EMPRESARIAL I – 2018 – PARTE 1 
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Exemplo: Juscelio Novaes, Renata Garcia e Rafaela Gomes são sócios, o nome empresarial será: 
Juscelio Novaes & Cia Ltda; ou Renata Garcia e Companhia Limitada. 
 
Caso a sociedade limitada venha optar por usar uma denominação social, o nome empresarial 
deverá designar o objeto da sociedade, sendo permitido figurar o nome de um ou mais sócios, 
seguido sempre da expressão “Limitada”, por extenso ou abreviadamente. A omissão da palavra 
“Limitada” determina a responsabilidade solidária e ilimitada dos administradores que assim 
empregarem a firma ou a denominação da sociedade. 
 
Exemplo: Empresa Cinematográfica Catarinense Limitada, ou Editora e Livraria Araujo Silveira 
Ltda. 
 
Quanto a sociedade em comandita por ações, se a mesma adotar firma ou razão social, o 
nome empresarial deverá conter o nome de um ou mais sócios diretores, com o aditivo “e 
companhia”, por extenso ou abreviado, acrescido da expressão “comandita por ações”, também 
por extenso ou abreviadamente. 
Exemplo: Lucas Carvalho, Jonas Paulino e Angelo Salgado são sócios diretores, o nome 
empresarial poderá ser: 
Lucas Carvalho, Angelo Salgado & Cia Comandita por Ações; ou Jonas Paulino & Cia Comandita 
por Ações. 
Caso a sociedade em comandita por ações venha a adotar uma denominação, o nome 
empresarial deverá designar o objeto social, aditado da expressão “comandita por ações”. 
 
Exemplo: Frigorífico Alvorada Comandita por Ações. 
 
O novo Código Civil, determina em seu artigo 1.160, que a sociedade por ações, necessáriamente 
deverá adotar uma denominação social, designando o objeto social, integrada pelas expressões 
“sociedade anônima” ou “companhia”, por extenso ou abreviadamente, podendo constar da 
denominação o nome do fundador, acionista, oupessoa que haja concorrido para o bom êxito da 
formação da empresa. 
 
Exemplo: Fábrica de Tecidos Alvorada S/A; Banco Americano S.A.; 
Cia e Vinícola Gaúcha; ou Cia e Livraria José de Alencar. 
A sociedade cooperativa, necessariamente deverá constituir o seu nome empresarial sob 
denominação social, acrescido da expressão “cooperativa”. 
Exemplo: Cooperativa Bovina do Mato Grosso do Sul. 
 
A sociedade em conta de participação, considerada em nosso novo dispositivo legal, como 
sendo uma sociedade não personificada, não pode ter firma ou denominação, pois a 
constituição da mesma independe de qualquer formalidade e pode provar-se por todos os meios 
de direito. O contrato social produz efeito somente entre os sócios, e a eventual inscrição de seu 
instrumento em qualquer registro não confere personalidade jurídica à sociedade. 
 
O novo dispositivo legal, nos artigos finais, do Capítulo II, do Título IV, determina, que o nome 
empresarial não poderá ser objeto de alienação e, que o adquirente de um estabelecimento 
comercial, por ato entre vivos, pode, se o contrato permitir, usar o nome do alienante, porém este 
deverá estar precedido do seu próprio nome, com a qualificação de sucessor. 
 
21. NOME, MARCA, TÍTULO DE ESTABELECIMENTO E DOMÍNIO 
 
GLOBEX UTILIDADES PARA O LAR S/A - nome de fantasia PONTO FRIO; 
COMPANHIA BRASILEIRA DE DISTRIBUIÇÃO -título de estabelecimento EXTRA 
 
 
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Ex: Carlos andava pelos corredores de um centro comercial quando observou uma grande loja de 
materiais esportivos, com um letreiro luminoso, acima da porta, no qual se lia X Esportes. 
Aproximou-se da vitrine e viu uma chuteira dourada com uma etiqueta bordada X Chute. Ao entrar 
na loja, reencontrou um amigo que se identificou como gerente da X Esportes Ltda. O amigo 
informou que os preços poderiam ser pesquisados no endereço www.xesportes.com.br. O que 
significa cada expressão acima? 
Resp. Título de estabelecimento, marca, denominação e nome de domínio. 
 
 
ESTABELECIMENTO EMPRESARIAL 
 
22 - CONCEITO 
A atividade (empresa) é exercida por um sujeito (o empresário), que geralmente viabiliza o 
exercício da atividade por meio de um complexo de bens, que denominaremos estabelecimento 
ou fundo de comércio (36). Assim, podemos conceituar estabelecimento como "o conjunto de 
bens que o empresário reúne para exploração de sua atividade econômica" 
 
 
23 - NATUREZA JURÍDICA 
A natureza jurídica do estabelecimento não se confunde com a natureza da empresa, pois não se 
trata da atividade empresarial, nem com a natureza do empresário, pois não se trata de ente 
personalizado. 
O estabelecimento não é pessoa, nem atividade é empresarial, é uma universalidade de fato que 
integra o patrimônio do empresário. 
 
 
24 – TRESPASSE E SEUS EFEITOS 
É o nome que se dá para o contrato de compra e venda de estabelecimento empresarial. 
Trespasse ≠ Cessão de cotas 
- No trespasse ocorrerá a transferência da titularidade do estabelecimento. 
- Na cessão de contas não haverá transferência da titularidade do estabelecimento, mas sim a 
transferência ou modificação do quadro societário. 
sede 2, situada no centro). Outra sociedade, a Forno Quente ltda. quer comprar a Kipão. Este 
contrato que será feito se chamará trespasse, o titular da Kipão passará a ser o titular da Forno 
Quente. No entanto, se a Kipão tem dois sócios e um destes sócios resolve vender a sua parte 
para o titular da Forno Quente, esta alteração será chamada de cessão de cotas, pois não haverá 
a transferência da titularidade. 
 
 
b) Formalidades do trespasse 
Art. 1144 do CC. 
 
Art. 1.144. O contrato que tenha por objeto a alienação, o usufruto 
ou arrendamento do estabelecimento, só produzirá efeitos quanto a 
terceiros depois de averbado à margem da inscrição do empresário, 
ou da sociedade empresária, no Registro Público de Empresas 
Mercantis, e de publicado na imprensa oficial. 
 
01. Averbação na junta comercial 
OBS: O contrato de trespasse não averbado não produzirá efeitos quanto a terceiros, mas 
será plenamente válido com relação às partes. 
 
02. Publicação na imprensa oficial 
 
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O credor tem que saber sobre a situação patrimonial do devedor. 
 
03. Art. 1145 do CC 
Se quem pretende vender um estabelecimento, após a venda não possuir patrimônio para 
pagar todas as suas dívidas, antes da venda terá que pagar a todos os credores ou pedir a 
autorização deles (através de notificação). Se os credores não se manifestarem em 30 dias, 
estarão concordando tacitamente com a transação. 
 
- Se a regra do art. 1145 for violada, o contrato será ineficaz. 
 
Art. 1.145. Se ao alienante não restarem bens suficientes para solver 
o seu passivo, a eficácia da alienação do estabelecimento depende 
do pagamento de todos os credores, ou do consentimento destes, de 
modo expresso ou tácito, em trinta dias a partir de sua notificação. 
 
 
- Caso os credores percebam que o devedor violou a regra e que não possui patrimônio para 
quitar suas dívidas, deverão ajuizar uma ação de falência, com base no art. 94, III, c da Lei 
11.101/05. 
 
Art. 94. Será decretada a falência do devedor que: 
III – pratica qualquer dos seguintes atos, exceto se fizer parte de 
plano de recuperação judicial: 
c) transfere estabelecimento a terceiro, credor ou não, sem o 
consentimento de todos os credores e sem ficar com bens suficientes 
para solver seu passivo; 
- Decretada a falência pelo juiz, o credor deverá que pedir a ineficácia do ato. A própria de Lei 
de Falências, em seu art. 129, VI dispõe que a transação será ineficaz. 
 
 Art. 129. São ineficazes em relação à massa falida, tenha ou não o 
contratante conhecimento do estado de crise econômico-financeira 
do devedor, seja ou não intenção deste fraudar credores: 
VI – a venda ou transferência de estabelecimento feita sem o 
consentimento expresso ou o pagamento de todos os credores, a 
esse tempo existentes, não tendo restado ao devedor bens 
suficientes para solver o seu passivo, salvo se, no prazo de 30 
(trinta) dias, não houver oposição dos credores, após serem 
devidamente notificados, judicialmente ou pelo oficial do registro de 
títulos e documentos; 
 
- O juiz também poderá declarar a ineficácia de ofício. Art. 129, parágrafo único. 
 
Art. 129, Parágrafo único. A ineficácia poderá ser declarada de 
ofício pelo juiz, alegada em defesa ou pleiteada mediante ação 
própria ou incidentalmente no curso do processo. 
 
- Nos termos do art. 136 da Lei de Falências, reconhecida a ineficácia, as partes retornarão 
ao estado anterior e a massa falida deverá restituir o valor recebido. 
 
Art. 136. Reconhecida a ineficácia ou julgada procedente a ação 
revocatória, as partes retornarão ao estado anterior, e o contratante 
de boa-fé terá direito à restituição dos bens ou valores entregues ao 
devedor. 
 
APOSTILA DIREITO EMPRESARIAL I – 2018 – PARTE 1 
PROF.ª SAMIRA DAUD 
22 
 
 
 
c) Dívidas anteriores 
O adquirente de um estabelecimento responderá pelas dívidas anteriores, mas o art. 1146 do CC 
faz uma ressalva referente às dívidas que não estejam regularmente contabilizadas. As dívidas 
que não estejam regularmente contabilizadas não serão transferidas ao adquirente. 
 
Art. 1.146. O adquirente do estabelecimento responde pelo 
pagamento dos débitos anteriores à transferência, desde que 
regularmente contabilizados, continuando o devedor primitivo 
solidariamente obrigado pelo prazo de um ano, a partir, quanto aos 
créditos vencidos, da publicação, e, quanto aos outros, da data do 
vencimento. 
 
- A regra do art. 1146 não se aplica à dívida trabalhista (art. 10 e 448 da CLT) nem à dívida 
tributária (art. 133 do CTN). Ou seja, a regra aplicar-se-áapenas às dívidas comerciais. 
 
Art. 10 - Qualquer alteração na estrutura jurídica da empresa não 
afetará os direitos adquiridos por seus empregados. 
 
Art. 133. A pessoa natural ou jurídica de direito privado que adquirir 
de outra, por qualquer título, fundo de comércio ou estabelecimento 
comercial, industrial ou profissional, e continuar a respectiva 
exploração, sob a mesma ou outra razão social ou sob firma ou 
nome individual, responde pelos tributos, relativos ao fundo ou 
estabelecimento adquirido, devidos até à data do ato: 
 
Art. 448 - A mudança na propriedade ou na estrutura jurídica da 
empresa não afetará os contratos de trabalho dos respectivos 
empregados. 
OBS: Exceção prevista no art. 141, II da Lei 11.101/05 relativa aos estabelecimentos adquiridos 
em leilões de falência, que estarão livres de quaisquer ônus. Portanto, se o estabelecimento for 
adquirido em um leilão de falência, não haverá a transferência das dívidas anteriores. 
 
Art. 141. Na alienação conjunta ou separada de ativos, inclusive da 
empresa ou de suas filiais, promovida sob qualquer das modalidades 
de que trata este artigo: 
II – o objeto da alienação estará livre de qualquer ônus e não haverá 
sucessão do arrematante nas obrigações do devedor, inclusive as de 
natureza tributária, as derivadas da legislação do trabalho e as 
decorrentes de acidentes de trabalho. 
 
- Nos termos do art. 1149 do CC, a cessão dos créditos só produzirá efeito com relação aos 
devedores quando houver a publicação na imprensa oficial. 
 
Art. 1.149. A cessão dos créditos referentes ao estabelecimento 
transferido produzirá efeito em relação aos respectivos devedores, 
desde o momento da publicação da transferência, mas o devedor 
ficará exonerado se de boa-fé pagar ao cedente. 
 
- O art. 1146 dispõe que o alienante responderá de forma solidária e pelo prazo de 01 ano. Para 
a contagem do prazo, deve-se analisar se a dívida é vencida ou vincenda. 
 
APOSTILA DIREITO EMPRESARIAL I – 2018 – PARTE 1 
PROF.ª SAMIRA DAUD 
23 
 
Se a dívida for vencida, a contagem será feita a partir do prazo da publicação. Portanto, o 
grande interessado na publicação é alienante, que se desresponsabilizará. 
Se a dívida for vincenda, a contagem será feita a partir da data do vencimento. 
 
 
25. RESPONSABILIDADE DO ALIENANTE E DO ADQUIRENTE 
Com o advento do novo diploma normativo (art. 1146), o adquirente do estabelecimento sucede o 
alienante nas obrigações regularmente contabilizadas, como ocorre no direito italiano. Todavia, há 
que se ressaltar que o alienante continua solidariamente obrigado por um ano a contar da 
publicação do trespasse no caso de obrigações vencidas, ou a contar do vencimento no caso das 
dívidas vincendas. 
De outro lado, os créditos são transferidos ao adquirente, pois são integrantes do 
estabelecimento, produzindo efeitos perante os devedores a partir da publicação do trespasse no 
órgão oficial (Art. 1149 do Novo Código Civil). 
 
26. – CONCORRÊNCIA 
Com o novo Código Civil (Art. 1147), adota-se a orientação do direito italiano, estatuindo 
legalmente a proibição de concorrência pelo prazo de 5 anos, salvo disposição expressa em 
contrário. 
Trata-se de uma proteção do aviamento, que não viola qualquer liberdade constitucional, na 
medida em que limitada no tempo tal proibição. Caso se tratasse de uma proibição por prazo 
indeterminado, não haveria dúvida da inconstitucionalidade da mesma. Todavia, com a limitação 
de 5 anos, se restringe uma liberdade para tutelar outra, sem destruir nenhuma das duas Ora, se 
ao alienar o fundo de comércio é recebido um valor maior decorrente do aviamento, que na 
maioria dos casos está ligado a condições pessoais do empresário, nada mais justo e lógico do 
que assegurar ao adquirente o gozo desse aviamento, proibindo o alienante de lhe fazer 
concorrência, lhe roubar a clientela, e conseqüentemente se enriquecer indevidamente 
 
27 - SUB-ROGAÇÃO DO ADQUIRENTE NOS CONTRATOS RELACIONADOS A EXPLORAÇÃO 
DO ESTABELECIMENTO 
O adquirente, nos termos do art. 1148 do CC, terá direito aos contratos de exploração do 
estabelecimento. Será possível a rescisão por parte do fornecedor apenas quando houver justa 
causa. Ex. de justa causa: se comprava 250 litros por mês e agora o adquirente só compra 70 
litros ou se o adquirente não pagar. 
 
Art. 1.148. Salvo disposição em contrário, a transferência importa a 
sub-rogação do adquirente nos contratos estipulados para 
exploração do estabelecimento, se não tiverem caráter pessoal, 
podendo os terceiros rescindir o contrato em noventa dias a contar 
da publicação da transferência, se ocorrer justa causa, ressalvada, 
neste caso, a responsabilidade do alienante. 
 
OBS: O contrato de locação configura uma exceção, tendo em vista que não haverá a 
subrogação automática, incidirá o art. 13 da Lei 8.245/91. Será necessária autorização por escrito 
do locador. Ver Enunciado 234 do CJF. O STJ, inclusive, já firmou seu entendimento neste 
sentido no julgamento do REsp 1.202.077/MS. 
 
Art. 13. A cessão da locação, a sublocação e o empréstimo do 
imóvel, total ou parcialmente, dependem do consentimento prévio e 
escrito do locador. 
 
Enunciado 234 – Art. 1.148: Quando do trespasse do 
estabelecimento empresarial, o contrato de locação do respectivo 
 
APOSTILA DIREITO EMPRESARIAL I – 2018 – PARTE 1 
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24 
 
ponto não se transmite automaticamente ao adquirente. Fica 
cancelado o Enunciado n. 64. 
 
 
É o potencial de lucratividade do estabelecimento. 
Quando se compra um estabelecimento não se paga apenas pelos seus bens, mas pelo seu 
potencial de lucratividade. Geralmente paga-se de 7 a 10 vezes o valor do seu faturamento. Esta 
diferença é justamente o aviamento. 
 
O aviamento não é considerado um bem de propriedade do empresário, mas apenas o valor 
econômico do conjunto de bens decorrente da sua organização, sendo portanto um sobrevalor ao 
conjunto de bens (aptidão de gerar lucros). 
 
- Oscar Barreto Filho diz que o aviamento é um atributo do estabelecimento, diz que o aviamento 
está para o estabelecimento assim como a saúde está para o corpo. 
 
- O aviamento não é elemento do estabelecimento empresarial, é apenas um atributo. 
 
- Neste aspecto, Fábio Ulhôa Coelho possui uma opinião minoritária. A doutrina majoritária diz que 
o estabelecimento é o fundo de comércio. O doutrinador, por outro lado, chama o aviamento de 
fundo de comércio (ou seja, o fundo de comércio, para ele, é o potencial de lucratividade). 
 
 
 
28. Ponto Comercial 
 
a) Conceito 
É o local no qual é explorada a atividade econômica do empresário ou sociedade empresária. 
 
Ação Renovatória 
 
b.1) Finalidade 
É a renovação compulsória do contrato de locação comercial. A ideia da ação renovatória é a 
proteção do ponto comercial. 
 
b.2) Requisitos 
Estão no art. 51 da Lei 8.245/91 e são cumulativos. 
 
Art. 51. Nas locações de imóveis destinados ao comércio, o locatário 
terá direito a renovação do contrato, por igual prazo, desde que, 
cumulativamente: 
I - o contrato a renovar tenha sido celebrado por escrito e com prazo 
determinado; 
II - o prazo mínimo do contrato a renovar ou a soma dos prazos 
ininterruptos dos contratos escritos seja de cinco anos; 
III - o locatário esteja explorando seu comércio, no mesmo ramo, 
pelo prazo mínimo e ininterrupto de três anos. 
 
 
01. Contrato escrito e com prazo determinado; 
 
 
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25 
 
02. O contrato ou a soma ininterrupta dos contratos tem que totalizar prazo contratual mínimo 
de 05 anos; 
 
03. É necessário que o locatário esteja explorando o mesmo ramo de atividade econômica 
nos últimos 03 anos. 
 
OBS: Cabe ação renovatória na sublocação. Como quem possui o ponto comercial é o 
sublocatário,este deverá ajuizar a ação. Art. 51, §1º da Lei. 
 
Art. 51, § 1º O direito assegurado neste artigo poderá ser exercido 
pelos cessionários ou sucessores da locação; no caso de sublocação 
total do imóvel, o direito a renovação somente poderá ser exercido 
pelo sublocatário. 
 
 
b.3) Prazo 
Art. 51, §5º da Lei 8.245/91. 
 
Art. 51, § 5º Do direito a renovação decai aquele que não propuser a 
ação no interregno de um ano, no máximo, até seis meses, no 
mínimo, anteriores à data da finalização do prazo do contrato em 
vigor. 
b.4) Foro competente 
 
 Imagine que o imóvel é na cidade de Ribeirão Preto, mas que no contrato o foro para dirimir as 
divergências é na cidade de Campinas. Neste caso prevalece o foro contratual, ou seja, 
Campinas. Na omissão do foro contratual é que se aplica a regra da situação do imóvel. Art. 58, II 
da Lei 8.245/91. 
Art. 58. Ressalvados os casos previstos no parágrafo único do art. 
1º, nas ações de despejo, consignação em pagamento de aluguel e 
acessório da locação, revisionais de 
II - é competente para conhecer e julgar tais ações o foro do lugar da 
situação do imóvel, salvo se outro houver sido eleito no contrato; 
 
 
b.5) Valor da causa 
Art. 58, III da Lei 8.245/91. 
 
Art. 58. III - o valor da causa corresponderá a doze meses de 
aluguel, ou, na hipótese do inciso II do art. 47, a três salários 
vigentes por ocasião do ajuizamento; 
 
 
b.6) Documentos para a ação renovatória 
 
Art. 71. Além dos demais requisitos exigidos no art. 282 do Código de 
Processo Civil, a petição inicial da ação renovatória deverá ser instruída 
com: 
I - prova do preenchimento dos requisitos dos incisos I, II e III do art. 51; 
II - prova do exato cumprimento do contrato em curso; 
III - prova da quitação dos impostos e taxas que incidiram sobre o imóvel e 
cujo pagamento lhe incumbia; 
 
APOSTILA DIREITO EMPRESARIAL I – 2018 – PARTE 1 
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26 
 
IV - indicação clara e precisa das condições oferecidas para a renovação 
da locação; 
V – indicação do fiador quando houver no contrato a renovar e, quando 
não for o mesmo, com indicação do nome ou denominação completa, 
número de sua inscrição no Ministério da Fazenda, endereço e, tratando-
se de pessoa natural, a nacionalidade, o estado civil, a profissão e o 
número da carteira de identidade, comprovando, desde logo, mesmo que 
não haja alteração do fiador, a atual idoneidade financeira (Redação dada 
pela Lei nº 12.112, de 2009) 
 
OBS: Como comprovo a idoneidade financeira do fiador? Através de certidão de protesto, 
declaração de IR, extrato de conta corrente etc. 
 
 
b.7) Sublocação e fusão 
Caso de sublocação comporta a ação renovatória? Sim, pois a ideia é proteger o ponto comercial. 
Quem possui o ponto comercial? O sublocatário, logo, este é que será o responsável pelo 
ajuizamento da ação. Art. 51, §1º da Lei 8.245/91. 
 
Art. 51, §1º O direito assegurado neste artigo poderá ser exercido 
pelos cessionários ou sucessores da locação; no caso de sublocação 
total do imóvel, o direito a renovação somente poderá ser exercido 
pelo sublocatário. 
 
“A” fez um contrato de locação, posteriormente fez uma fusão com “B” (união de duas ou mais 
sociedades que se unem dando origem a uma nova sociedade). O examinador vai querer saber: A 
nova sociedade “C” ficará no mesmo imóvel alugado de “A”, desta forma será necessária a soma 
dos contratos de “A” e “B” para a propositura da ação renovatória? 
 
Resposta: Combinando o art. 1119 do CC com o art. 51, §1º da Lei 8.245/91,concluímos que 
deverá haver a soma dos contratos. 
 
Art. 1.119. A fusão determina a extinção das sociedades que se 
unem, para formar sociedade nova, que a elas sucederá nos direitos 
e obrigações. 
 
Ex.: Calçados Brasil fez uma fusão com Calçados ABC, dando origem a Mega Calçados. Como 
se trata do mesmo ramo de atividade, somam-se os contratos e não haverá problema quanto aos 
requisitos da ação renovatória. 
 
Ex. 2: Restaurante que faz fusão com uma loja de conveniência, dando origem a uma farmácia. 
Um dos requisitos para ação renovatória é que o locatário esteja no mesmo ramo de atividade nos 
últimos três anos. Portanto, neste caso, haverá a soma dos contratos, mas não será possível a 
propositura da renovatória, tendo em vista a ausência do terceiro requisito. 
 
 
b.8 ) Exceção de retomada 
São casos excepcionais que permitem a retomada do imóvel pelo locador ainda que o locatário 
tenha ajuizado ação renovatória. Art. 52 c/c art. 72 da Lei 8.245/91. 
 
Art. 52. O locador não estará obrigado a renovar o contrato se: 
I - por determinação do Poder Público, tiver que realizar no imóvel 
obras que importarem na sua radical transformação; ou para fazer 
 
APOSTILA DIREITO EMPRESARIAL I – 2018 – PARTE 1 
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modificações de tal natureza que aumente o valor do negócio ou da 
propriedade; 
II - o imóvel vier a ser utilizado por ele próprio ou para transferência 
de fundo de comércio existente há mais de um ano, sendo detentor 
da maioria do capital o locador, seu cônjuge, ascendente ou 
descendente. 
 
Art. 72. A contestação do locador, além da defesa de direito que 
possa caber, ficará adstrita, quanto à matéria de fato, ao seguinte: 
I - não preencher o autor os requisitos estabelecidos nesta lei; 
II - não atender, a proposta do locatário, o valor locativo real do 
imóvel na época da renovação, excluída a valorização trazida por 
aquele ao ponto ou lugar; 
III - ter proposta de terceiro para a locação, em condições melhores; 
IV - não estar obrigado a renovar a locação (incisos I e II do art. 52). 
1° No caso do inciso II, o locador deverá apresentar, em 
contraproposta, as condições de locação que repute compatíveis 
com o valor locativo real e atual do imóvel. 
2° No caso do inciso III, o locador deverá juntar prova documental da 
proposta do terceiro, subscrita por este e por duas testemunhas, 
com clara indicação do ramo a ser explorado, que não poderá ser o 
mesmo do locatário. Nessa hipótese, o locatário poderá, em réplica, 
aceitar tais condições para obter a renovação pretendida. 
3° No caso do inciso I do art. 52, a contestação deverá trazer prova 
da determinação do Poder Público ou relatório pormenorizado das 
obras a serem realizadas e da estimativa de valorização que sofrerá 
o imóvel, assinado por engenheiro devidamente habilitado. 
4° Na contestação, o locador, ou sublocador, poderá pedir, ainda, a 
fixação de aluguel provisório, para vigorar a partir do primeiro mês do 
prazo do contrato a ser renovado, não excedente a oitenta por cento 
do pedido, desde que apresentados elementos hábeis para aferição 
do justo valor do aluguel. 
5° Se pedido pelo locador, ou sublocador, a sentença poderá 
estabelecer periodicidade de reajustamento do aluguel diversa 
daquela prevista no contrato renovando, bem como adotar outro 
indexador para reajustamento do aluguel. 
 
OBS: A exceção de retomada é apresentada na contestação da ação renovatória. 
 
Poderá ocorrer nas seguintes situações: 
 
01. Em caso de proposta melhor de terceiro. 
- Deve-se apresentar uma declaração do terceiro interessado que diga o valor que ele está 
disposto a pagar pelo imóvel e qual é o seu ramo de atividade. 
- Se o autor da ação cobrir a oferta do terceiro, o imóvel deverá a ele ser alugado. 
 
02. Quando o Poder Público solicitar reforma no imóvel que implique em sua radical 
transformação. 
 
03. Quando o próprio locador realizar reforma no imóvel que resulte em sua valorização. 
 
04. Proposta insuficiente. 
 
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- A ação renovatória trará como consequência um novo contrato, com um novo valor de 
aluguel. 
- Caso a proposta de valor proposto pelo locatário seja considerada insuficiente para o 
locador, caberáa retomada do imóvel. 
 
05. Para fundo de comércio (estabelecimento comercial) existente há mais de 01 ano: sendo 
detentor da maioria do capital o locador, seu cônjuge, ascendente e descendente. 
 
06. Para uso próprio. 
 
 
OBS: Destaque das hipóteses 05 e 06. Seria possível ajuizar ação renovatória contra o shopping? 
Além disso, poderia o shopping apresentar exceção de retomada? (questão das magistraturas de 
SP e do DF). A resposta de ambas as questões é afirmativa. 
 
- O shopping center é um espaço planejado sob uma administração centralizada, composto de 
lojas destinadas à exploração comercial e à prestação de serviços, sujeitas a normas contratuais 
padronizadas, para manter o equilíbrio da oferta e da funcionalidade, procurando assegurar 
convivência integrada. 
 
- Portanto, cabe ação renovatória contra o shopping center e este poderá alegar a exceção de 
retomada em sede de contestação, mas não poderá fundamentá-la nas hipóteses dos 
números 05 e 06. 
 
- Art. 52, §2º da Lei de Locações. 
 
Art. 52, §2º Nas locações de espaço em shopping centers , o locador 
não poderá recusar a renovação do contrato com fundamento no 
inciso II deste artigo. 
 
b.9) Indenização 
Ocorrerá nas seguintes hipóteses: 
 
01. Quando o terceiro interessado tem o mesmo ramo de atividade, gerará indenização para o 
locatário. 
 
02. Nos casos de insinceridade: o locador não está sendo sincero, pediu o imóvel alegando 
um dos 06 motivos acima e, depois entrega, contados 06 meses não se vislumbrou a 
hipótese. Art. 52, §3º da Lei 8.245/91. 
 
Art.52, §3º O locatário terá direito a indenização para ressarcimento 
dos prejuízos e dos lucros cessantes que tiver que arcar com 
mudança, perda do lugar e desvalorização do fundo de comércio, se 
a renovação não ocorrer em razão de proposta de terceiro, em 
melhores condições, ou se o locador, no prazo de três meses da 
entrega do imóvel, não der o destino alegado ou não iniciar as obras 
determinadas pelo Poder Público ou que declarou pretender realizar. 
 
03. O locador que pede o imóvel de volta não pode exercer o mesmo ramo de atividade que o 
locatário, exceto quando se tratar de locação gerencial (imóvel que só alberga um tipo de 
atividade, em razão da sua estrutura, como o posto de gasolina ou o cinema). Se ele exercer 
a atividade nos casos em que não pode, será um caso de indenização. 
 
 
APOSTILA DIREITO EMPRESARIAL I – 2018 – PARTE 1 
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29 
 
 
b.10) Prazo da nova locação em caso de ação procedente 
O locatário terá direito à locação por igual prazo ao do contrato a ser renovado. 
Art. 51 da Lei de Locações. 
 
Art. 51. Nas locações de imóveis destinados ao comércio, o locatário 
terá direito a renovação do contrato, por igual prazo, desde que, 
cumulativamente: 
I - o contrato a renovar tenha sido celebrado por escrito e com prazo 
determinado; 
II - o prazo mínimo do contrato a renovar ou a soma dos prazos 
ininterruptos dos contratos escritos seja de cinco anos; 
III - o locatário esteja explorando seu comércio, no mesmo ramo, 
pelo prazo mínimo e ininterrupto de três anos. 
 
- Logo, se o contrato for de 03 anos, a renovação se dará por 03 anos. 
 
- No entanto, nos termos dos Ag no EDcl no RESP 962.945/MG, o STJ possui o entendimento 
pacífico no sentido de que o tempo máximo concedido pelo juiz será de 05 anos. Portanto, não 
importa se o contrato a ser renovado é de 08 ou 15 anos, o prazo da renovação será de 05 anos. 
 
 
ATT! Nos termos do antigo art. 74, se o locador não quisesse renovar o contrato e ganhasse a 
ação renovatória, só depois de 06 meses após o trânsito em julgado da ação poderia haver a 
desocupação. Esta regra era muito prejudicial ao locador. Por isso, depois da alteração da Lei de 
locação, não sendo renovada a locação, o juiz determinará a expedição de mandado de despejo 
que conterá o prazo de 30 dias para a desocupação voluntária, se houver pedido na contestação. 
Ou seja, nos termos da nova regra, não há mais que se esperar o trânsito em julgado da ação. Se 
o juiz de 1º grau julgar a ação improcedente, na própria sentença poderá conceder o prazo de 30 
dias para a desocupação. 
 
Art. 74. Não sendo renovada a locação, o juiz fixará o prazo de até 
seis meses após o trânsito em julgado da sentença para 
desocupação, se houver pedido na contestação. 
 
Art. 74. Não sendo renovada a locação, o juiz determinará a 
expedição de mandado de despejo, que conterá o prazo de 30 
(trinta) dias para a desocupação voluntária, se houver pedido na 
contestação. 
 
APOSTILA DIREITO EMPRESARIAL I – 2018 – PARTE 1 
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Questões 
 
CASO N° 01 
Marta Medeiros ficou viúva de Oswaldo Rodrigues, com quem era casada pelo regime de 
separação total de bens. Antes de falecer, Oswaldo Rodrigues exercia uma empresa individual, 
tirando dali o sustento da família. Uma semana após o enterro do falecido, Marta recebeu uma 
proposta de compra do estabelecimento feita por outro empresário individual, um concorrente do 
negócio de seu falecido marido, alertando-lhe que, como os bens do falecido, em razão do regime 
de casamento estabelecido, será transferido diretamente a Marcos Rodrigues, filho único do casal 
e menor de idade, a família não poderia mais contar com a empresa individual. 
Indaga-se: 
a) Podem os menores de 18 anos iniciar a empresa, individualmente, como Empresários 
Individuais? Especifique os casos dos relativamente e dos absolutamente incapazes. Fundamente 
sua resposta. 
 
b) Podem os menores de 18 anos dar continuidade a uma empresa antes exercida por pessoa 
capaz, individualmente, como Empresários Individuais? Especifique os casos dos relativa e dos 
absolutamente incapazes. Fundamente sua resposta. 
 
CASO N°. 02 
Ary está interessado em se tornar Empresário Individual. Porém, Maria Helena, com quem é 
casado pelo regime de comunhão universal de bens, se opõe a essa idéia, já que está 
preocupada com os riscos do exercício da atividade econômica organizada, que, segundo 
entende, podem comprometer todo o patrimônio do casal. 
Indaga-se: 
a) Há algum impedimento para que uma pessoa casada seja Empresário Individual? Fundamente 
sua resposta. 
b) Os riscos do exercício da Empresa Individual podem comprometer todo o patrimônio do 
casal? Fundamente sua resposta. 
 
CASO nº 3 
Ronaldo, profissional intelectual, exerce a odontologia num consultório onde emprega uma 
secretária, e está registrado como autônomo. Como aumentou sua clientela, pretende contratar 
dois profissionais dentistas para trabalhar em seu consultório, como empregados. 
Indaga-se: 
a) Ronaldo continuará como autônomo ou, a partir do momento em que contratar os dois 
profissionais dentistas para trabalhar em seu consultório, como empregados, deve ser 
considerado empresário individual? Fundamente sua resposta. 
 
b) Como fica a situação de Ronaldo em relação ao registro exigido para o exercício de sua 
atividade econômica? Fundamente sua resposta. 
 
CASO N°. 04 
O fazendeiro chinês naturalizado brasileiro, Nam Sei Kem, é proprietário de grandes terras em 
área rural. Tem plantação de cana de açúcar e milho, além de criação e engorda de gado, 
contando com tecnologia de ponta e quarenta empregados, aí incluídos agrônomos, veterinários, 
zootécnicos e administradores profissionais. Comercializa seus produtos diretamente para as 
indústrias locais. 
Indaga-se: 
a) À luz da disciplina do Código Civil, como se enquadra a atividade de Nam Sei Kem? 
Fundamente a resposta. 
 b) No caso de atividade econômica rural, há tratamento legal específico para caracterização da 
condição de empresário individual? Fundamente sua resposta.

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