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O Empresário individual 1

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1
Professor: CARLOS ALBERTO DE
BRITO
Disciplina:
DIREITO EMPRESARIAL I
O EMPESÁRIO INDIVIDUAL
PARTE nº 1
A EMPRESARIALIDADE
(Código Civil. Lei 10.406/2002)
2
JOÃO PESSOA
2021
Link do Meet: https://meet.google.com/lookup/bgg4bjdyxm
Código da turma: jravn3v
UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARAIBA
Centro de Ciências Jurídicas.
Departamento de Direito Privado. 
Professor: CARLOS ALBERTO DE BRITO: 
Disciplina: DIREITO EMPRESARIAL I
PERÍODO 2020.1
PARTE 1. DIREITO DE EMPRESA
INTRODUÇÃO
A crescente participação da
unidade empresarial como coração da
sociedade contemporânea, centro da
economia moderna, célula fundamental de
todo o desenvolvimento econômico,
fundamentou o abandono do sistema
tradicional do Direito Comercial, baseado
no comerciante e no exercício da
mercancia, isto é, a teoria dos atos de
comércio. Em seu lugar, tomou assento a
Teoria da Empresa, sistema do
empresário e da atividade empresarial,
regulamentado no Livro II, artigos 966 a
1.195 do Código Civil, com vigência a partir
de janeiro de 2002, revogando a Parte
Primeira do Código Comercial de 1850.
O comercio deixou de ser o núcleo
do sistema, igualando-se os tipos de
atividades econômicas produtivas:
industrial, mercantil, de serviços, agrícola
etc. passando todos a figurarem em um
mesmo plano, qual seja, uma atividade
economicamente organizada para a
produção ou oferta de bens ou serviços aos
mercados. A atividade ganha relevância
tendo em vista ser um importante
qualificador do conceito de empresário e do
estabelecimento.
O Direito de Empresa, apesar de
estar disciplinado no Código Civil nele se
destaca pela sua materialidade, isto é, a
atuação num campo específico e o
conteúdo das relações que a ele se
submete.
A estrutura teórica do Direito de
Empresa parte de uma
unidade lógica na qual estão
inseridos os seguintes elementos: a
Empresa, o Empresário e o
Estabelecimento. Nos seus devidos termos
engloba o conceito trabalhado por Waldir
Bulgarelli (2005) como
EMPRESARIALIDADE, isto é, atividade
econômica organizada de produção e
circulação de bens e serviços para o
mercado, exercida pelo empresário, em
caráter profissional, através de um
complexo de bens. Esses termos passarão
a ser analisados a seguir.
1.1. A EMPRESA.
1.1.1. Noção econômica e jurídica de
empresa. 
O Que é EMPRESA? 
 A empresa é o
elemento responsável pela
satisfação das
necessidades coletivas, mediante o
exercício de atividade de produção,
intermediação e prestação de serviços.
Trata-se de instituição ligada ao bem-estar
do mundo moderno, responsável pela
geração de empregos, receitas tributárias,
geração de lucros e pelo progresso
tecnológico verificado desde o final do
século passado. Para Bulgarelli: constitui o
centro da economia moderna, o polo
irradiador dos bens e serviços.
 A produção e circulação de bens e
serviços para o mercado é fruto de uma
atividade especializada e profissional, por
meio de organismos econômicos voltados à
organização dos fatores de produção e que
se propõem à satisfação das necessidades
alheias: as empresas. 
A empresa, como organismo
econômico se assenta sobre uma
organização fundada em princípios
técnicos e leis econômicas. Apresenta-se
como uma combinação de elementos
pessoais e reais, colocados em função de
um resultado econômico e realizados com
o intento especulativo de uma pessoa.
Karla
Karla
Karla
Karla
Karla
Karla
Karla
3
 O especulador, empreendedor,
investidor na atividade empresarial, é o
empresário, o titular da empresa, que exerce
a atividade: em nome individual, como pessoa
natural ou jurídica caso opte por ser empresa
individual de responsabilidade limitada; ou em
nome coletivo, como sociedade empresarial,
dotada de personalidade jurídica.
Esse conceito está assentado em um
viés econômico. No dizer de Campinho
(2010:13), trata-se de uma organização
técnico-econômica, ordenando o emprego de
capital e trabalho para a exploração, com fins
lucrativos, de uma atividade produtiva. Nesse
pensar:
organização dos fatores de produção
para produzir e;
atividade como série coordenada de
atos encadeados teleologicamente,
que põe em funcionamento, que afirma
no mundo fático e reflete no plano
jurídico.
A empresa, como entidade
jurídica é uma abstração. É o exercício
de uma atividade econômica. É a
organização dos fatores de produção,
posta a funcionar pelo empresário
individual ou coletivo, no caso, uma sociedade
empresária.
Empresa e sociedade empresária
se extremam: esta é sujeito de direito,
aquela é atividade econômica organizada,
um fato jurídico. A sociedade adquire
categoria de pessoa jurídica, tornando-se
capaz para o exercício de direitos e para
suportar obrigações. A sociedade
empresária exercita a atividade produtiva
que pode, não obstante, ser exercida pelo
particular, em nome individual, para o que
se reservam as denominações de firma
individual ou empresário individual. A
empresa não tem personalidade jurídica;
quem a tem são as sociedades
empresariais. 
A empresa, como atividade
organizada, tem como
a. características: a
simplicidade de suas
fórmulas, internacionalidade das suas
regras e institutos, rapidez da sua
aplicação, elasticidade dos seus
princípios e onerosidade das suas
operações;
b. princípios: a propriedade, isto é, o
controle dos meios de produção; a sua
função social; o resguardo à boa-fé
em relação aos terceiros e a
uniformização nacional e internacional
das suas regras e
c. elementos: a organização e o risco.
No primeiro estão presentes critérios
econômicos organizacionais requeridos
para o atingimento do objetivo a ser
alcançado e, dentre eles, o lucro é fator
essencial; no segundo, reside o
enfrentamento da instabilidade
econômica que poderá frustrar o
sucesso do empreendimento. 
1.1.2. Princípio da função social no
exercício da empresa.
Há de se observar que inserido no
Novo Código Civil, o Direito de Empresa
passou a ser dirigido por princípios
pertinentes à sociedade hodierna. Se o
individualismo foi o toque característico
do fim do século XIX, de uma sociedade
predominantemente rural, agrária e
comercialista, modernamente, a
industrialização passou a ser o segmento
dinâmico da economia com consequente
concentração urbana. Inegáveis
transformações se operaram no século XX,
quer no campo social quer no campo
tecnológico. Novos valores pertinem a esse
novo momento e têm reflexo no mundo
jurídico apontando para um Direito
vinculado ao social e à ética. 
Assim é que a propriedade, em
conformidade com o inciso XXIII do artigo
5° da Constituição de 1988, deverá atender
a sua função social. Por sua vez, edifica-
se também a função social da empresa.
Seu funcionamento envolve muito mais do
que a simples busca de um retorno positivo
do capital empregado pelo empresário;
ainda que preservada a busca pelo lucro,
deve estar atenta à sua inserção no tecido
social de forma participativa e solidária.
Não mais apegada ao individualismo de
épocas pretéritas, mas solidariamente
envolvida com valores coletivos que se
explicitam na geração de emprego, na
defesa do consumidor, na preservação de
um ambiente ecologicamente equilibrado
entre outros objetivos constitucionalmente
plasmados enquanto princípios de ações
políticas. 
Sob tal entendimento a empresa,
vista como modelo de disciplina da
atividade econômica, é, para alguns,
verdadeiro serviço público, não mais sendo
possível deixar os particulares dispor à
vontade de tais instrumentos de produção,
conforme afirma Avelães Nunes (2001). 
1.2. O EMPRESÁRIO. 
1.2.1. Conceito
O Que é EMPRESÁRIO? O
conceito de empresário
desenvolvido no artigo966
do CC. parte dos seguintes
elementos:
Karla
Karla
Karla
Karla
Karla
Karla
Karla
Karla
4
pessoa natural ou jurídica; 
profissional, isto é, que exerce com
habitualidade;
atividade econômica organizada, para
a produção ou circulação de bens ou
de serviços. 
O fundamento para o conceito de
empresário está apoiado no fato de que a
empresa há de ser exercida por uma
pessoa que tem nessa atividade uma fonte
regular para adquirir riqueza; exerce-a
profissionalmente, isto é, de forma habitual
e perene. Descarta, portanto, do critério
quem, esporadicamente, executa uma
atividade econômica. 
Nesse sentido, colocou de
forma clara a materialidade do
conceito de empresário: aquela
pessoa que com
profissionalidade e de forma organizada,
isto é, através da coordenação dos fatores
de produção (terra, capital e trabalho),
exerce uma atividade econômica
objetivando o lucro.
O empresário é sujeito de direito,
podendo ser uma pessoa física na
condição de empresário individual, mas,
também, uma pessoa jurídica na condição
de sociedade empresária. Nesse sentido,
as sociedades não são empresas, mas
empresários e os seus integrantes, os
sócios, não são os empresários, mas
investidores ou empreendedores.
O antes citado art. 966, na
primeira parte do seu parágrafo
único, excluí do conceito de
empresário os que exercem
profissão de natureza intelectual, científica,
literária ou artística, ainda que, no exercício
da atividade, conte com auxiliares ou
colaboradores. 
No entanto, se o exercício
da profissão constituir elemento
da empresa, eles poderão ser
enquadrados como empresários conforme
estabelece a parte final desse parágrafo.
Essa exceção é aberta para aqueles casos
em que existam sociedades nas quais são
desenvolvidas atividades econômicas que
demandam a utilização de profissionais
sendo esses empregados delas. Trata-se
da absorção da atividade intelectual como
um dos fatores da empresa. 
1.2.2. Espécies de empresários.
A atividade empresarial poderá ser
exercida individual ou coletivamente. No
primeiro caso, trata-se do empresário
enquanto pessoa física, isto é, o indivíduo
que investe seu patrimônio em determinada
atividade econômica, organizando-a para
produzir ou circular bens e serviços. No
segundo caso, trata-se da união de duas
ou mais pessoas que decidem exercer a
empresa e partilhar, entre si, os resultados.
1.2.2.1. Quanto a repercussão patrimonial:
1.2.2.1.1. Empresário Individual Comum.
Aquele que desempenha a
atividade empresária
individualmente, em geral, tem
o patrimônio da empresa
individual da qual é titular se
confundindo com o patrimônio da pessoa
física. No exercício da empresa ele
responderá com todas as forças do seu
patrimônio pessoal que será passível de
execução pelas dívidas contraídas. 
Trata-se de atender o preceito da
unidade patrimonial expresso no art. 91 do
Código Civil que estabelece ser o complexo
de relações jurídicas, de uma pessoa, uma
universalidade de direito; portanto, em se
tratando de empresário individual, seu
patrimônio compreende tanto os bens e
direitos de uso civil como, também, aqueles
necessários para desenvolver a atividade
econômica.
1.2.2.1.1. Empresário Individual EIRELI.
A Lei 12.441,
de 11 de julho de
2011, acrescentou o
inciso VI ao art. 44 e
o art. 980-A ao Livro II da Parte
Especial, todos do Código Civil, de
modo a instituir a empresa
individual de responsabilidade limitada (EIRELI). 
A nova Lei trouxe as seguintes alterações:
1. constituição por pessoa natural ou
jurídica.
2. criação da empresa individual de
responsabilidade limitada. Assim, ao
empresário individual é permitido, através
do registro, exercer a atividade
empresarial como pessoa jurídica;
3. constituída por um único titular da
totalidade do capital social, devidamente
integralizado, que não deverá ser inferior
a 100 (cem) vezes o maior salário-mínimo
vigente no país;
4. constituída por pessoa natural, somente
poderá figurar em uma única empresa
dessa modalidade (Art. 980-A, § 2.º);
5. o nome empresarial deverá ser formado
pela inclusão da expressão “EIRELI” após
a firma ou a denominação social da
empresa individual de responsabilidade
limitada;
6. a empresa individual de responsabilidade
limitada também poderá resultar da
concentração das quotas de outra
modalidade societária num único sócio,
Karla
Karla
Karla
5
independentemente das razões que
motivaram tal concentração;
7. poderá ser atribuída à empresa individual
de responsabilidade limitada constituída
para a prestação de serviços de qualquer
natureza a remuneração decorrente da
cessão de direitos patrimoniais de autor
ou de imagem, nome, marca ou voz de
que seja detentor o titular da pessoa
jurídica, vinculada à atividade
profissional;
À EIRELI aplica-se, no que couber, as regras
previstas para as sociedades limitadas.
Limitação da Responsabilidade ao capital
social integralizado. (980-A §7º)
A alteração acima destacada flexibiliza a
unidade patrimonial contida no art. 91 do Código Civil.
Desse modo, aquele que optar pela constituição de
uma empresa individual de responsabilidade limitada e
tendo integralizado todo o capital social, passa a
usufruir de uma apartação patrimonial de tal maneira
que, sobrevindo uma quebra, só serão arrecadados
para cobrir as obrigações o seu patrimônio
empresarial.
A nova disposição legal permite, ao
empresário individual, a preservação do seu
patrimônio pessoal da mesma maneira de que gozam
as sociedades empresarias do tipo limitada: pessoas
jurídicas com patrimônio próprio e que, regra geral, se
aparta do patrimônio individual dos que dela
participam. Ressalvados os casos de fraude.
A exigência de um capital inicial
mínimo deve seguir o que foi disciplinado pelo
Enunciado 4 da I Jornada de Direito Comercial:
“Uma vez subscrito e efetivamente integralizado,
o capital da empresa individual de
responsabilidade limitada não sofrerá nenhuma
influência decorrente de ulteriores alterações no
salário mínimo”. 
Para que o empresário exerça a
sua atividade de forma regular, exige-se
que ele, antes de exercê-la, inscreva-se no
Registro Público de Empresas Mercantis
(RPEM) da respectiva sede (art. 967). Essa
inscrição deverá ser feita mediante
requerimento que contenha os requisitos: 
 Nome, nacionalidade, domicílio, estado
civil e, se casado, o regime de bens.
 A firma, com respectiva assinatura
autográfica.
 O capital.
 Objeto e a sede da empresa.
Sendo de seu interesse expandir sua
atividade para outra unidade federativa, faz-se
necessária a inscrição na Junta Comercial
dessa jurisdição com a prova da inscrição
originária (art. 969). Ademais, exige-se que a
constituição dessa filial seja averbada no RPEM
da respectiva sede (§ único art. 969).
Uma observação importante a ser feita
em relação ao registro do exercício da atividade
econômica é que ela atesta a regularidade do
empresário e não faz parte do seu conceito. Por
sua vez, o registro na Junta Comercial não deve
ser confundido com o Cadastro Nacional da
Pessoa Jurídica (CNPJ). Esse é um cadastro
onde as pessoas jurídicas e as equiparadas
(pessoas físicas que exploram em nome
individual atividades com intuito de lucro), são
obrigadas a se inscrever antes de iniciarem as
suas atividades. Para a pessoa jurídica, o CNPJ
tem a mesma função do CPF (Cadastro Pessoa
Física) para o cidadão (pessoa física), ou seja,
uma identificação perante a Receita Federal do
Brasil, que é o órgão responsável por
administrar os cadastros de Pessoa Física e
Pessoa Jurídica.
Deve-se pontuar que a inscrição no
Registro próprio não o torna empresário; trata-
se de um ato declaratório imprescindível à
prática da atividade,posto que, qualifica-o como
empresário regular. Não realizando a inscrição
isso não o destitui do atributo de empresário, é
um empresário de fato, passível de sobre ele
recair consequências negativas para a prática
da atividade tais como: impossibilidade de
solicitar a recuperação judicial (art. 48, caput da
Lei 11.101/2005); de constituir microempresa
(art. 3°, LC n. 123/2006) e de contratar com o
serviço público (art. 28 da Lei 8.666/94) e, no
campo tributário, impossibilidade de obter o
CGC/MF, não podendo emitir nota fiscal nem
duplicata o que lhe torna passível de ser
considerado como sonegador fiscal.
Do que foi antes destacado, deve-se
observar que, tratando-se do empresário de
responsabilidade limitada, o EIRELE, a inscrição
no RPEM é fator constitutivo, pois lhe qualifica
como se fora uma pessoa jurídica e, assim,
preserva-lhe o patrimônio pessoal estando o
capital social totalmente integralizado.
Desconsideração da Personalidade
Jurídica em caso de Fraude. 980-A §
7º c/c Art. 50.
A retirada do dolo e a
inclusão do novo art. 49 A
no Código Civil.
Art. 49-A. A pessoa jurídica não se confunde
com os seus sócios, associados,
instituidores ou administradores. (Incluído
pela Lei nº 13.874, de 2019) 
Parágrafo único. A autonomia patrimonial
das pessoas jurídicas é um instrumento
lícito de alocação e segregação de riscos,
estabelecido pela lei com a finalidade de
estimular empreendimentos, para a geração
de empregos, tributo, renda e inovação em
benefício de todos. (Incluído pela Lei nº
13.874, de 2019) 
Reafirma a premissa básica do nosso
sistema: a autonomia jurídico-
existencial da pessoa jurídica
em face das pessoas físicas
que a integram.
Vai mais além, estabelece em seu
parágrafo único, o próprio elemento
teleológico da autonomia patrimonial, qual
seja, o de “estimular empreendimentos,
para a geração de empregos, tributo,
renda e inovação em benefício de todos”,
dialogando, inclusive, com o princípio da
função social da empresa.Portanto, realça
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2019-2022/2019/Lei/L13874.htm#art7
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2019-2022/2019/Lei/L13874.htm#art7
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2019-2022/2019/Lei/L13874.htm#art7
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2019-2022/2019/Lei/L13874.htm#art7
Karla
Karla
6
o caráter excepcional da
desconsideração da personalidade
jurídica.
Nessa linha, a doutrina do jurista FLÁVIO
TARTUCE:
“A regra é de que a responsabilidade
dos sócios em relação às dívidas
sociais seja sempre subsidiária, ou
seja, primeiro exaure-se o patrimônio
da pessoa jurídica para depois, e desde
que o tipo societário adotado permita,
os bens particulares dos sócios ou
componentes da pessoa jurídica serem
executados”
Art. 50.  Em caso de abuso da
personalidade jurídica, caracterizado pelo
desvio de finalidade ou pela confusão
patrimonial, pode o juiz, a requerimento da
parte, ou do Ministério Público quando lhe
couber intervir no processo, desconsiderá-la
para que os efeitos de certas e
determinadas relações de obrigações sejam
estendidos aos bens particulares de
administradores ou de sócios da pessoa
jurídica beneficiados direta ou indiretamente
pelo abuso. (Redação dada pela Lei nº
13.874, de 2019) 
A lei viabiliza a desconsideração da
personalidade jurídica - com a ampliação de
responsabilidades - tão somente quanto ao sócio ou
administrador que, direta ou indiretamente, for
beneficiado pelo abuso. 
Para que o instituto da desconsideração não
seja utilizado de forma desproporcional, abusiva e
desmedida, atingindo pessoa natural que não tenha
praticado o ato tido como abusivo ou ilícito. 
Exemplo, um sócio que não tenha tido qualquer
benefício com a fraude praticada por outros
membros da pessoa jurídica, seja de forma
imediata ou mediata, não poderá ser
responsabilizado por dívidas da empresa.
Assim, neste primeiro aspecto, o texto
emergente avança, e muito.
O Código Civil no art. 50, adotou a
denominada teoria maior da
desconsideração, por exigir, além da
insuficiência patrimonial, pressuposto
lógico, a demonstração do abuso
caracterizado pelo desvio de finalidade ou
pela confusão patrimonial.
Contrapõe-se, pois, à denominada
teoria menor da desconsideração, de aplicação
mais facilitada, que exige, apenas, a
insuficiência patrimonial, consagrada no Direito
Ambiental e  no Direito do Consumidor, bem
como na Justiça do Trabalho.
Em síntese, para relações jurídicas civis ou
estritamente empresariais, a desconsideração,
regulada pelo art. 50 do Código Civil, tem a sua
aplicação mais dificultada, tendo em vista os
requisitos exigidos por lei, dispensados na
teoria menor.
Sociedade Limitada Unipessoal
Há alguns anos diversas iniciativas do governo
brasileiro vêm tentando incentivar o
empreendedorismo em nosso país. Para isso,
algumas medidas de “desburocratização” foram
tomadas para que se possa abrir uma empresa
com mais facilidade e atendendo aos mais
diversos formatos jurídicos.
A criação do regime tributário do Simples Nacional foi o
primeiro grande passo de sucesso nessa direção.
Mas os esforços não pararam, por aí. No que tange ao
formato jurídico legal de empresas e de outras denominações
de Pessoas Jurídicas, uma série de possibilidades se abriram.
Entre elas podemos destacar:
Os MEI – Microempreendedores Individuais;
Os EI – Empresários Individuais;
As ME – Microempresas;
As EIRELI – Empresas Individuais de
Responsabilidade Limitada.
Com a publicação da Medida Provisório 881/2019,
a chamada MP da Liberdade Econômica, uma nova figura de
sociedade surge no Brasil: a Sociedade Limitada Unipessoal.
O que é Sociedade
Limitada
Unipessoal e quais
suas vantagens em
relação a outras formas de
empresas e representações de
Pessoas Jurídicas de um único indivíduo?
(Art. 1.052, §1º, do Código Civil)
No Brasil, era comum a
constituição de empresas de sociedade
limitada em que um dos sócios, na
verdade, constava do contrato social
simplesmente para cumprir as
exigências legais desse tipo de empresa.
Como uma sociedade pressupõe a existência
de ao menos dois sócios e não havia ainda a figura das
empresas individuais a solução encontrada era convidar
um amigo ou parente de confiança e dar-lhe um parte
ínfima da sociedade, menos de 1%, em muitos casos.
Hoje, isso não é mais necessário. Existem possibilidades
diversas de se abrir uma empresa individual.
Assim, antes de entender as vantagens da
nova figura jurídica da Sociedade Unipessoal Limitada,
vamos repassar rapidamente as opções que já existiam
antes dela.
1. MEI.
O MEI – Microempreendedor Individual não
pode ter um faturamento superior a R$ 81 mil reais
anuais. Esse já é um fator limitador para muitos
empreendedores.
Além disso, não pode ser sócio de nenhum outro tipo de
empresa. E mais, certas atividades, principalmente
profissões regulamentadas, como advogado e médico,
não podem ser exercidas por um MEI.
Por isso, apesar de ser uma forma simples de ter uma
CNPJ sem ter um sócio, a figura do MEI não atende às
necessidades de muitos empresários.
2. EIRELI.
Uma das grandes vantagens da Empresa
Individual de Responsabilidade Limitada (EIRELI) é que o
patrimônio da pessoa física está protegido. Isto é, as
dívidas e responsabilidades da empresa estão limitadas
ao seu capital social.
https://www.qipu.com.br/dicionario/capital-social/
https://nfe.io/blog/financeiro/como-escolher-regime-tributario-empresa/
https://www.qipu.com.br/dicionario/eireli/
https://www.qipu.com.br/dicionario/me/
https://www.qipu.com.br/dicionario/ei/
https://www.qipu.com.br/dicionario/mei/
https://www.qipu.com.br/dicionario/simples-nacional/
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2019-2022/2019/Lei/L13874.htm#art7http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2019-2022/2019/Lei/L13874.htm#art7
7
No entanto, esse capital social deve ser de, pelo menos,
100 salário mínimos. Um montante que chega,
atualmente, a quase 100 mil reais. Isso pode inviabilizar a
constituição desse tipo de empresa para muita gente, não
é mesmo?
Além disso, este tipo de empresa não é recomendado
para profissionais que vão exercer atividades
regulamentadas.
3. EI. O Empresário Individual (EI), como o próprio nome
diz, é aquele que tem uma empresa de uma só pessoa.
Ao contrário da EIRELI, não é preciso ter um valor do
capital social alto.
Por outro lado, os bens pessoais do empresário podem
ser usados para quitar dívidas e obrigações da empresa.
Nesse contexto, faltava mesmo um
formato de empresa individual com baixo
investimento inicial e que permitisse proteger o
patrimônio do sócio. É por isso que surgiu a
Sociedade Limitada Unipessoal.
Quais as vantagens da Sociedade Limitada
Unipessoal? A primeira grande vantagem é o fato de
a Sociedade Limitada Unipessoal ser uma empresa
limitada, preservando-se, assim, o patrimônio de seu
único sócio. O limite de responsabilidade da empresa
é seu capital social.
Qual o capital social inicial exigido?
Na verdade, não existe um limite mínimo de capital
social para se abrir uma Sociedade Limitada
Unipessoal. Portanto, aquela dificuldade de
investimento inicial elevado da EIRELI não existe
neste caso.
Outro ponto muito importante que torna as
Sociedades Limitadas Unipessoais tão
interessantes é o fato de que as tais
atividades profissionais regulamentadas
podem ser exercidas por uma sociedade desse tipo.
Qual a Razão Social?
Segundo a norma editada, a razão
social desse tipo de sociedade deve
conter o nome próprio do sócio seguido da palavra
limitada, podendo abreviar os primeiros nomes, exceto
o último sobrenome.
CNPJ é a sigla de Cadastro Nacional da 
Pessoa Jurídica.
É um cadastro onde todas as pessoas jurídicas
e as equiparadas (pessoas físicas que exploram
em nome individual atividades com intuito de
lucro) são obrigadas a se inscrever antes de
iniciar as suas atividades.
Para a pessoa jurídica, o CNPJ tem a mesma
função do CPF (Cadastro Pessoa Física) para o
cidadão (pessoa física), ou seja, uma
identificação perante a Receita Federal do
Brasil, que é o órgão responsável por
administrar os cadastros de Pessoa Física e
Pessoa Jurídica.
O CNPJ possui diversas informações, como o
nome da entidade, endereço, data de abertura,
descrição da atividade econômica, natureza
jurídica, verificação da situação cadastral na
Receita Federal, entre outros dados que são de
interesse das administrações tributárias da
União, dos Estados, do Distrito Federal e dos
Municípios.
1.2.2.2. Quanto ao setor econômico:
1.2.2.2.1. Empresário Rural
O art. 971 do CC. teve uma especial
atenção para os que exercem a atividade rural
como principal profissão: facultou-lhes a
inscrição no Registro Público de Empresas
Mercantis. Realizando o ato ele se equiparará,
para todos os efeitos, ao empresário sujeito ao
registro. Sendo assim, o registro, para o
produtor rural, torna-se um ato de natureza
constitutiva tendo em vista que, ao realizá-lo,
equipara-o ao empresário sujeito ao registro. 
Adicionalmente, no art. 970, foi-lhes
assegurado um tratamento diferenciado e
simplificado quanto à inscrição e aos efeitos
decorrentes do ato.
1.2.2.3. A Capacidade e impedimento para o 
exercício da atividade.
1.2.2.3.1. Empresário Menor de Idade
A capacidade é um instituto jurídico
essencial para estabelecer quem poderá,
validamente, assumir direitos e obrigações no
exercício de uma atividade econômica. Trata-se
de uma proteção ao incapaz afastando-o dos
riscos inerentes à empresa. Em razão dessa
percepção disciplina o art. 972 do CC. que
podem exercer a atividade de empresário os
que estiverem em pleno gozo da capacidade
civil.
As pessoas consideradas incapazes
pelo Código Civil são:
 os absolutamente e relativamente
incapazes;
 os que, por enfermidade ou deficiência
mental, não tiverem o necessário
discernimento para a prática desses atos;
 os que, mesmo por causa transitória, não
puderem exprimir sua vontade;
 os ébrios habituais, os viciados em tóxicos,
e os que, por deficiência mental, tenham o
discernimento reduzido;
 os excepcionais, sem desenvolvimento
mental completo
 os pródigos.
A teor do art. 5º do CC. a menoridade
cessa aos 18 anos completos, quando a pessoa
fica habilitada à prática de todos os atos da vida
civil. O parágrafo único desse artigo explicita o
instituto da emancipação, isto é, um ato civil
cujo objetivo é cessar a incapacidade do menor
mediante uma declaração plena, permanente e
irrevogável de maioridade que se efetivará nas
seguintes hipóteses:
 por concessão dos país;
 pelo casamento;
 pelo exercício de emprego público efetivo;
 pela colação de grau em curso de ensino
superior
 pelo estabelecimento civil ou comercial,
desde que, em função deles, o menor com
dezesseis anos completos tenha economia
própria.
A autorização é um instituto regulado
pelo Direito da Empresa nos artigos 974 a 976
do CC. É medida excepcional que faculta ao
incapaz continuar o exercício de atividade
empresarial. Tal dispositivo reflete o princípio da
preservação da empresa e é pertinente ao
empresário individual. O incapaz a ela se
8
habilita nas seguintes hipóteses: incapacidade
superveniente e sucessão. 
Para que a autorização seja concedida,
exige-se que o exercício da empresa pelo
incapaz se faça por meio de representante ou
assistente e que seja precedida de autorização
judicial. 
Tendo em vista que o exercício de uma
atividade econômica envolve risco, o Direito
procurou estabelecer salvaguardas para
proteger o incapaz autorizado. Nesse sentido, o
§ 2º do art. 974, disciplinou que o menor
autorizado deverá levar ao Registro Público de
Empresas Mercantis o alvará concessivo da
autorização e nele relacionará os bens já por ele
possuídos, antes da interdição ou sucessão e
alheios ao acervo empresarial, os quais não
ficarão sujeitos ao resultado da empresa. Tantos
os bens obtidos posteriormente, mesmo
estranhos à atividade, e aqueles nela utilizados,
não importando antes ou depois da autorização
judicial, responderão pelas obrigações.
Há de se atentar para o fato de o
Registro Público de Empresas Mercantis só
deverá registrar contratos ou alterações
contratuais de sociedade que envolva sócio
incapaz, desde que atendidos, de forma
conjunta, os seguintes pressupostos contidos no
§ 3º do art. 974:
I. não exercer a administração da sociedade;
II. o capital social deve ser totalmente
integralizado e
III. ser assistido se for relativamente incapaz e
ser representado se for absolutamente
incapaz.
No exercício da empresa se o
representante ou assistente do incapaz estiver
impedido de ser empresário nomeará, com
aprovação do juiz, um ou mais gerentes, ficando
responsável pelos atos do gerente nomeado.
Diferentemente da emancipação, a
autorização poderá ser revogada pelo juiz, a
qualquer tempo, ouvidos os representantes do
incapaz, caso ele esteja comprometendo a
viabilidade econômica do empreendimento.
Deve-se observar que os direitos adquiridos por
terceiros em virtude do exercício da empresa
não serão prejudicados.
Para que o autorizado exerça de forma
regular a atividade, exige-se que a autorização
e, a sua eventual revogação, sejam averbadas
no Registro Público de Empresas Mercantis.
1.2.2.3.2 Impedidos a exercer a atividade.
Mesmo tendo capacidade para o
exercício de uma atividade econômica,
determinadas pessoas estão impedidas de
exercê-la. Tais impedimentos não estão ligados
ao exercícioda empresa, mas decorrem de
determinadas situações funcionais conectadas
ao direito administrativo ou penal. Nesses casos
encontram-se impedidos, entre outros:
 Magistrados e membros do MP (arts. 95, I e
128, § 5°,II,c, da CF.);
 Funcionários públicos (art. 117, X, da Lei n°
8.112/90);
 Militares da ativa, incluídos os corpos
policiais (art. 29 da Lei n° 6.880/80);
 Leiloeiros (art. 36, Dn° 21.891/32):
Despachantes aduaneiros (art. 10, I Dn°
646/92);
 Condenados por crime falimentar (art. 181,
inciso I da Lei nº. 11.101/2005);
 Deputados e Senadores (arts. 54 e 55, da
CF);
 Estrangeiros com visto provisório (art. 98 da
Lei n° 6.815/89);
Os proibidos de exercer a empresa são
plenamente capazes para a prática de atos e
negócios jurídicos, mas o ordenamento jurídico
em vigor entendeu conveniente vedar-lhes o
exercício dessa atividade profissional.
Exercendo praticam atos válidos e, por eles,
responderão pelas obrigações contraídas (art.
973). Mas por se tratarem de empresários
irregulares a lei lhes aplica determinadas
sanções: não poderão se valer da recuperação
(art. 48, caput, LF), poderão falir e, no caso,
incorrerão no crime falimentar (arts. 96, IV, e
176, LRF).
1.2.4. Direitos e Obrigações dos
Empresários.
Aos empresários regulares estarão
assegurados os direitos de:
optar pelo regime de empresário individual
de responsabilidade limitada;
propor, em juízo, a recuperação judicial;
obter a exclusividade do nome empresarial
e o privilégio da marca de produtos;
requerer a própria falência (autofalência) e
ser sócio ostensivo na sociedade em conta
de participação.
As obrigações do empresário estão
atreladas ao controle da atividade e podem ser
assim distinguidas:
Obrigações de natureza formal: 
a) Registrar-se antes de iniciar a 
atividade (art. 967);
b) Manter escrituração regular dos 
seus negócios (art. 1.179);
Sistema de 
contabilidade baseada 
na escrituração 
uniforme dos livros
c) Levantar demonstrações 
contábeis periódicas (art. 1.179).
Anualmente o balanço 
patrimonial e o de 
resultado econômico.
Outras obrigações:
a) Ter os livros necessários para
esse fim devidamente
autenticados (art. 1.181).
b) Exibir livros e papéis de
escrituração às autoridades
fazendárias (art. 1.193).
c) Conservar a escrituração,
correspondência e demais papéis
concernentes à sua atividade,
enquanto não prescrever ou
decair as ações (art. 1.194).
No exercício da atividade econômica o
empresário individual deverá estar atento ao
9
fato de que não optando pela utilização do
termo EIRELI no seu nome, ocorrerá a
conjugação do seu patrimônio pessoal com o da
sua empresa. Essa regra se estende ao
empresário casado, pelo fato de a união
conjugal usufruir os proventos hauridos na
empresa. Atento a isso o empresário deve
arquivar e averbar no Registro Público de
Empresas Mercantis os pactos e declarações
antenupciais, doações ou legados e bens
clausulados de incomunicabilidade ou
inalienabilidade a fim de poderem ser opostos a
terceiros.
Estabelece o artigo 978 do CC, que o
empresário casado pode, sem necessidade de
outorga conjugal, qualquer que seja o regime de
bens, alienar os imóveis que integrem o
patrimônio da empresa ou gravá-los de ônus
real. 
O artigo acima indica que o acervo de
bens que forma o patrimônio da empresa e, por
consequência é por ele utilizado para o
exercício da atividade, não deve ser confundido
com o seu patrimônio pessoal. Assim, nas
obrigações por ele assumidas, enquanto
empresário, pode oferecer garantias tendo por
base os bens pertencentes à empresa.
1.2.5. Identificação do empresário.
O nome do empresário é assegurado
no art. 5º, Inciso XXIX da Constituição Federal.
O Código Civil nos artigos 1.155 a 1.168 e a Lei
8.934 de 1994, referente aos Registros
Públicos, disciplinam como os empresários
deverão se identificar ao exercerem a atividade
econômica. Na verdade, é a designação pela
qual eles serão conhecidos no mundo
empresarial.
A Lei 8.934, no seu art. 33, disciplina
que a proteção ao nome empresarial decorre
automaticamente do arquivamento dos atos
constitutivos de firma individual e de sociedade
ou de suas alterações. Dessa determinação
legal alguns princípios são destacados:
a) Princípio da Regulamentação:
estabelece a proteção jurídica
adstrita ao Registro;
b) Principio da Veracidade: para
o exercício da empresa,
utilizar-se-á a firma ou a denominação como
nome empresarial (art. 1.155);
c) Princípio da Novidade: o nome empresarial
deve distinguir-se de qualquer outro já
inscrito no mesmo registro (art. 1.163);
d) Principio da Exclusividade: a inscrição
assegura o uso exclusivo do nome nos
limites do Estado (art. 1.166).
Duas são as funções do nome
empresarial: uma subjetiva, identificar a pessoa
do empresário individual ou coletivo; outra
objetiva, individualizar o empresário no mundo
empresarial.
Por usa vez, o empresário poderá
utilizar duas espécies de nome empresarial:
Firmao empresário
individual no exercício de
sua atividade opera sob
firma constituída por seu
nome, completo ou abreviado, aditando-lhe,
se quiser, designação mais precisa da sua
pessoa ou do gênero de atividade. 
Denominaçãodesigna o objeto da
empresa. A sociedade empresária, a
depender do seu tipo societário, poderá
utilizar a firma social tendo por base o nome
civil de um, alguns ou todos os seus sócios
ou a denominação. 
No caso de empresário individual,
pessoa jurídica, o §1º do art. 980-A determina
que o nome empresarial deverá ser formado
pela inclusão da expressão EIRELI, após a firma
ou a denominação social da empresa individual
de responsabilidade limitada. 
Conforme visto antes a proteção do
nome empresarial decorre, automaticamente, do
arquivamento, nas Juntas Comerciais, da
declaração de firma individual, do ato
constitutivo de sociedade ou de alterações
desses atos que impliquem mudança de nome. 
O atual Código Civil apresenta
hipóteses em que se torna obrigatória a
modificação do nome empresarial, são elas: a.
alteração da categoria do sócio (art. 1.157,
caput e parágrafo único); b. saída, retirada,
exclusão ou morte de sócio cujo nome civil
constava da firma social (art. 1.158, §1º c/c art.
1.165); c. alienação do estabelecimento por ato
entre vivos. 
O descumprimento da alteração do
nome empresarial, no caso das hipóteses a e b,
acarreta a responsabilidade solidária pelas
obrigações sociais de acordo com a sua
categoria de sócio ou como se ainda fizesse
parte do quadro societário. 
A proteção circunscreve-se à unidade
federativa de jurisdição da Junta Comercial que
procedeu ao arquivamento, podendo ser
estendida a outras unidades da federação, a
requerimento da pessoa interessada e se
registrado na forma da lei especial (art. 1.166 e
§ único).
Essa proteção decorre de o nome
empresarial consistir em um direito subjetivo
através do qual o empresário defende sua
identidade e individualidade. O nome
empresarial integra a personalidade por ser o
sinal exterior pelo qual o empresário se designa
e se individualiza, no mundo empresarial, ao
exercer sua atividade e assumir compromissos.
Dessa percepção decorrem algumas
regras limitadoras do seu uso:
 o nome não pode ser objeto
de alienação (art. 1.164CC);
 o adquirente de
estabelecimento, por ato entre
vivos, pode, se o contrato o permitir, usar o
nome do alienante, precedido do seu
próprio, com a qualificação de sucessor (§
único, art. 1.164CC);
 o nome do sócio que vier a falecer, for
excluído ou se retirar, não poderá ser
conservado na firma social (art. 1.165CC).
Caberá ao empresário prejudicado, a
qualquer tempo, ação para anular a inscrição do10
nome empresarial feita com violação da lei ou
do contrato (art. 1.167 CC).
A exclusividade do uso do
nome empresarial é perdida nas
seguintes hipóteses:
expirado o prazo da
sociedade celebrada por
tempo determinado, esta perderá a proteção
do seu nome empresarial(art. 59, L.
8.934/94);
a firma individual ou a sociedade que não
proceder a qualquer arquivamento no
período de 10 anos consecutivos deverá
comunicar à Junta Comercial que deseja
manter-se em funcionamento. Na ausência
dessa comunicação, a empresa mercantil
será considerada inativa, promovendo a
Junta Comercial o cancelamento do registro
com a perda automática da proteção ao
nome empresarial (art. 60 e § único, L.
8.934/94). No caso, trata-se de uma
presunção de inatividade;
a requerimento de qualquer interessado,
quando cessar o exercício da atividade para
a qual foi adotado; ou quando ultimar-se a
liquidação da sociedade que o inscreveu
(art. 1.168, CC);
por último, com a transformação da
organização empresarial.
1.2.6. A escrituração do empresário. 
A escrituração além de ser uma obrigação
do empresário é uma exigência que a organização
empresarial impõe. A regularidade no exercício da
atividade exige que seja feita a averbação à margem
da inscrição de quaisquer modificações ocorridas (§2º
art. 968 CC). A feitura dessa escrituração é de
responsabilidade de um profissional específico: o
contabilista (art. 1.182 CC).
Diz Requião (2012:171, v.1) que
inexiste sanção de ordem penal para o
descumprimento da obrigação de manter a
escrituração do negócio. No entanto, sendo os
livros contábeis equiparados a documentos
públicos, para fins penais, é tipificado como
crime a falsificação, no todo ou em parte, da
escrituração comercial (§ 2º, art. 297, CP).
Outras leis desestimulam a desorganização da
vida empresarial a exemplo da Lei de Falência
no seu art. 178 e do Código Tributário Nacional
no tratamento que é dado quanto à regularidade
no cumprimento dos tributos.
Considerando-se que a escrituração,
além de ser uma exigência legal e atender às
funções: gerencial, documental e fiscal, a sua
falta acarretará a irregularidade da atividade.
Nesse sentir é que o Código Civil obriga o
empresário a ter:
O Diário. Estabelece o art. 1.180 CC que
esse livro é indispensável podendo ser
substituído por fichas no caso de
escrituração mecanizada ou eletrônica.
Trata-se de um instrumento para a
escrituração de todas as operações relativas
ao exercício da empresa. Segundo o art.
1.184 CC nele são lançadas, com
individuação, clareza e caracterização do
documento respectivo, dia-a-dia, por escrita
direta ou reprodução, todas as operações
relativas ao exercício da empresa. A teor do
§ 2º do art. 1.184 CC, serão lançados no
Diário o balanço patrimonial e o de resultado
econômico, assinados por técnico em
Contabilidade.
 Balanços. Utilizados se o empresário
adotar o sistema de fichas de lançamentos,
devendo ser observadas as mesmas
formalidades extrínsecas exigidas para o
Diário.
 Balanço Patrimonial. Refere-se
a relatório contábil da empresa no
qual são expressos todos os
elementos quantitativos
necessários para se ter a
compreensão do estado da
atividade econômica exercida.
 Balanço Econômico ou de
Demonstração de Resultado
Econômico.Nele são
registradas as operações de
despesas e receitas relativas ao
exercício findo.
São exigidos em casos especiais o
Livro de Duplicatas e outros que, não obstante
inexistir uma exigência legal, são utilizados para
facilitar o gerenciamento da atividade
empresarial a exemplo do livro de Conta
Corrente. Destaca Coelho (2012:145, v.1) que o
DNRC, a partir de 2006, passou a admitir a
elaboração, processamento e armazenamento
da escrituração do empresário exclusivamente
em meio eletrônico; trata-se do livro digital que,
no entanto, exige a autenticação pela Junta
Comercial mediante a aposição do certificado
digital e selo cronológico digital na conformidade
das regras da Infraestrutura Brasileira de
Chaves Públicas ICP-Brasil (IN 102/2006).
Mediante a escrituração o empresário
documenta todo o exercício de sua atividade
devendo preservá-la e excluí-la do acesso por
parte dos seus concorrentes. A preservação do
sigilo da escrituração é um direito do empresário
e, a teor do art. 1.190, ressalvados os casos
previstos em lei, nenhuma autoridade, juiz ou
tribunal, sob qualquer pretexto, poderá fazer ou
ordenar diligências para verificar se o
empresário ou a sociedade empresária
observam, ou não, em seus livros e fichas, as
formalidades prescritas em lei. A exibição só
pode ocorrer em hipóteses declinadas em Lei:
Judicial O Juiz autorizará a
exibição integral da
escrituração para resolver
questões relativas à
sucessão, comunhão ou sociedade,
administração ou gestão de outrem e em
caso de falência (art. 1.191). A exibição
parcial poderá ser decretada de ofício ou a
requerimento da parte em ação judicial
quando necessário à solução da questão (§
1º do artigo 1.191);
11
Administrativa O empresário deverá
apresentar os livros às autoridades
fazendárias quando seus agentes estiverem
no exercício da fiscalização do pagamento
de impostos (art. 1.193).
Caso o empresário não
apresente os seus livros nas
hipóteses acima levantadas, o
art. 1.192 determina a apreensão
judicial dos livros e se terá como
presunção de verdade o alegado
pela parte contrária para se provar pelos livros;
acrescente-se que, no caso de falência, essa
será presumida como fraudulenta.
Deve-se observar que a força probante
da escrituração dos livros do empresário se
agrega à autenticação no Registro Público de
Empresas Mercantis e, portanto, ao exercício
regular da atividade. Disciplina o art. 226 do CC
que eles são provas contra as pessoas a que
pertencem e são provas a seu favor, quando,
escriturados sem vício, forem confirmados por
outros subsídios. Por conseguinte, não é
absoluto o valor probante dos livros da empresa,
comportando prova documental em contrário. (§
único, art. 1.192 CC).
1.2.7. Colaboradores do empresário.
Empresa é o exercício, pelo
empresário, de atividade organizada para a
produção ou a circulação de bens ou de
serviços. Essa atividade pode ser exercida com
ou sem a participação de colaboradores, que
integram o setor do trabalho; esses
colaboradores são denominados de prepostos. 
Para o Direito de Empresa a matéria de
interesse concerne à análise da posição jurídica
dos colaboradores no âmbito da empresa.
Nesse sentido, tem-se, por preposto: quem, em
nome de outrem (preponente), dirige ou se
ocupa de seus negócios e sob sua
responsabilidade.
Duas são as espécies de prepostos
que o Código Civil especifica como
colaboradores internos do empresário:
a) Gerente (arts. 1.172 a 1.176). É o
preposto permanente
no exercício da
empresa, na sede
desta, ou em filial.
Seus poderes são de gestão dos
negócios ordinários e de
representação (ativa e passiva) do
preponente em juízo. Há de se
perceber que esses poderes são
limitados por ato escrito no contrato de
preposição e produzem efeitos se
arquivados; ademais, deve-se atentar
para as regras abaixo especificadas
que explicitam o âmbito de suas
funções:
 Técnica: a lei não exigindo
poderes especiais, o gerente
estará autorizado a praticar todos
os atos necessários ao exercício
dos poderes que lhe forem
outorgados para a gestão dos
negócios ordinários da empresa
(art. 1.173). No caso, autorização
para praticar atos que viabilizem
sua atividade gerencial;
 Jurídicas: o gerente poderá
representar, ativa e passivamente,
em juízo, o preponente, agindo
em nome deste, apenasnas
ações que versarem sobre as
obrigações assumidas no
exercício de suas funções
(art.1.176). Esta legitimidade
processual concerne apenas a
ações que estejam relacionadas
ao exercício da função de
gerente;
 Inexistindo estipulação em
contrário, consideram-se
solidários os poderes conferidos a
dois ou mais gerentes (§ único,
art. 1.173). 
b) Contador (arts. 1.177). É o responsável
pela escrituração dos livros do
empresário. Sua existência é
obrigatória e os assentos lançados nos
livros ou fichas do preponente,
produzem, salvo se houver procedido
de má-fé, os mesmos efeitos como se
fossem por aqueles.
Em termos de responsabilidade pelos
atos cometidos no exercício da atividade, a
regra geral é que o preponente responde com o
preposto pelos atos que este pratique em seu
próprio nome, mas à conta daquele (art. 1.175).
Nesse sentido:
os preponentes são
responsáveis pelos atos
de quaisquer prepostos,
praticados nos seus
estabelecimentos e
relativos à atividade da
empresa, ainda que não autorizados por
escrito (art. 1.178);
quando tais atos forem praticados fora do
estabelecimento, somente obrigarão o
preponente nos limites dos poderes
conferidos por escrito, cujo instrumento
pode ser suprido pela certidão ou cópia
autenticada do seu teor (§ único do art.
1.178). 
No exercício de suas funções o
preposto é responsabilizado pessoalmente
perante os preponentes pelos atos culposos e,
solidariamente com o preponente, em relação a
terceiros, pelos atos dolosos (§ único, art.
1.177). Ademais, aos prepostos estão vedadas
as condutas seguintes:
 subestabelecimento , isto
é, salvo autorização
escrita, o preposto não
pode se fazer substituir
no desempenho das suas
atribuições, sob pena de
responder pelos atos e pelas obrigações
contraídas pelo substituto (art. 1.169) e;
 gestão em beneficio próprio , isto é,
quando sem autorização expressa,
negociar por conta própria ou de terceiro
12
e participar, embora indiretamente, de
operação do mesmo gênero da que lhe
foi cometida, sob pena de responder por
perdas e danos e de serem retidos pelo
preponente os lucros da operação (art.
1.170)
Os atos do preposto deverão
estar circunscritos aos limites
estabelecidos no contrato de
preposição; ultrapassá-los o faz a
sua conta e risco e, por eles estará
pessoalmente vinculado. Tratando-
se do preponente, para que as limitações
contidas na outorga de poderes possam ser
opostas a terceiros, o art. 1.174 exige que o
instrumento de procuração tenha sido arquivado
e averbado no Registro Público de Empresas
Mercantis, ou que seja provado ser conhecido
pela pessoa que tratou com o gerente. Na
circunstância antes referida, caso o preposto
ultrapasse os limites do que lhe foi atribuído, o
preponente poderá se eximir da
responsabilidade perante terceiros.
1.2.8. Transformação do empresário
individual em coletivo
A LC nº 128, de 19 de dezembro de
2008, acrescentou ao art. 968, o § 3º que
estabelece a hipótese de o empresário
individual, admitindo um sócio, poder solicitar ao
Registro Público de Empresas Mercantis a
transformação do seu registro de empresário
para registro de sociedade empresária. No caso,
observar-se-á, no que couber, o disposto nos
arts. 1.113 a 1.115 do CC. Em síntese:
O ato de transformação independente de
dissolução ou liquidação da sociedade,
obedecerá aos preceitos reguladores da
constituição e inscrição próprios do tipo em
que vai converter-se e
não modificará nem prejudicará os direitos
dos credores.
Acrescente-se a possibilidade de se
transformar em uma EIRELI ou Sociedade
Limitada Unipessoal, possível com a Lei de
Liberdade Econômica.
1.3. O ESTABELECIMENTO.
1.3.1. Conceito
O que é Estabelecimento?
É todo complexo de
bens organizado, para o
exercício da empresa, por
empresário ou por sociedade empresária. Esse
complexo é composto de bens materiais e
imateriais que constituem o instrumento utilizado
pelo empresário para exercer determinada
atividade econômica. Art. 1.142 do CC.
Trata-se de uma Universalidade de Fato,
tendo em vista ser um conjunto de bens, com
individualidade própria, ligados pela destinação
comum de constituir o instrumento da empresa.
Meio pelo qual o empresário exerce a atividade
econômica. 
O Estabelecimento é classificado como
objeto de direito, propriedade do empresário e,
portanto suscetível de negócios jurídicos como
explicita o art. 1.143 do CC: pode o
estabelecimento ser objeto unitário de direitos e
de negócios jurídicos, translativos ou
constitutivos, que sejam compatíveis com a sua
natureza.
Observe-se que o sentido de uma
totalidade destinada a uma finalidade é o que
lhe agrega um valor especial, isto é, apesar de
os bens que o compõem possuírem,
individualmente, uma valoração econômica
própria quando reunidos como estabelecimento
o valor extrapola a soma das partes. 
Reafirme-se que o estabelecimento,
apesar de fazer parte do patrimônio do
empresário, dele se aparta, tem identidade
específica e, por isso mesmo, possui um valor
próprio o que impõe uma especial proteção.
1.3.2. Alienação, usufruto ou
arrendamento do estabelecimento.
Como coisa móvel e como
universalidade de fato ou bem
incorpóreo, o estabelecimento
comercial pode ser cedido ou
vendido, empenhado e desapropriado. Para que
os interesses dos credores sejam preservados
dessa livre disponibilidade do estabelecimento
por parte do empresário, alguns requisitos são
determinados pelo Código Civil:
a) a alienação, o usufruto ou arrendamento do
estabelecimento, só produzirão efeitos
jurídicos depois da averbação à margem do
registro do empresário no Registro Público
de Empresas Mercantis e publicação na
imprensa oficial (art. 1.144);
b) tratando-se de alienação, esse ato só terá
eficácia perante terceiros nas hipóteses do
art. 1.145:
 provando a existência de bens
suficientes para pagar suas
obrigações;
 pagando todos os credores ou
 consentindo todos os credores, de
modo expresso ou tácito, em trinta
dias a partir de sua notificação.
Havendo a alienação do estabelecimento a
responsabilidade pelas dívidas contraídas nos
negócios jurídicos realizados pelo alienante está
disciplinada no art. 1.146 da seguinte forma:
Adquirente: é responsável pelos débitos
anteriores à transferência, desde que
regularmente contabilizados e o
Alienante: é solidariamente obrigado, pelo
prazo de um ano, nos seguintes termos:
 quanto aos créditos vencidos, da
publicação do contrato de
alienação;
 quanto aos vincendos, da data do
vencimento. Nesse caso, se o
empresário X, alienante do
estabelecimento, contraiu dívida
que só irá vencer após 10 (dez)
meses da publicação do contrato,
terá responsabilidade passiva
solidária com o adquirente por um
13
período de um ano, depois de
transcorridos esses dez meses
referentes ao vencimento do
débito.
Em se tratando dos créditos referentes
ao estabelecimento transferido determina o art.
1.149 que os mesmos deverão ser pagos ao
adquirente do estabelecimento. Na hipótese de
o devedor, de boa fé, já tê-los pago o alienante
ficará, por eles, desonerado.
Finalmente, quanto aos contratos
estipulados para a exploração do
estabelecimento, determina o art. 1.148 do CC,
salvo disposição em contrário, a sub-rogação do
adquirente. A regra é excepcionada quando se
tratarem de contratos de caráter
personalíssimos a exemplo de contratos de
trabalho. Nesse caso, protege-se o adquirente,
pois o caráter pessoal referido diz respeito às
qualidades do terceiro contratante que não pode
ser imposto ao adquirente.
Estatui o art. 1.147 que o
alienante, pelo prazo de cinco anos
da transferência do estabelecimento,
está proibido de exercer
concorrência ao adquirente, salvodisposição expressa em contrário. Trata-se de
uma vedação ao restabelecimento.
Esse dispositivo visa assegurar, ao
adquirente, condições para o exercício da
atividade sem a concorrência daquele que lhe
alienou o estabelecimento. A aquisição envolve
elementos constantes do estabelecimento que
constituem um mercado conquistado pelo
alienante durante o tempo em que ele exerceu a
empresa e deles abriu mão; por conseguinte,
voltar a exercer a atividade, coloca o adquirente
em uma situação de concorrência desigual
perante ele que já tem presença assegurada
num mercado devido ao tempo em que nele
atua.
1.3.3. Elementos do estabelecimento
empresarial
Como uma universalidade de fato o
estabelecimento possui elementos corpóreos e
incorpóreos. Dos primeiros constam os bens
móveis e imóveis; dos incorpóreos fazem parte:
a marca, o ponto, o título do estabelecimento, a
clientela e o aviamento. 
Os elementos incorpóreos apesar de
não terem uma materialidade
possuem um valor que, agregado ao
estabelecimento, lhe acresce
expressão monetária. Examinem-se
cada um deles.
Marca. Trata-se de um símbolo
distintivo de um produto ou indicativo de um
serviço possuidor de uma proteção
constitucional, art. 5º, Inciso XXIV, e
infraconstitucional, art. 2º, Inciso III da Lei de
Propriedade Industrial, 9.279/1996. Essa
proteção requer o registro da marca no Instituto
Nacional de Propriedade Indústria,
possibilitando ao seu possuidor direito de
propriedade. 
Título de Estabelecimento. Esse
elemento, comumente denominado de nome
fantasia, serve de referência, identificação do
local onde o empresário exerce a sua atividade.
É uma designação que se torna conhecido
perante o público. Sendo assim, a empresa
individual Valentino Moda e Design, EIRELE,
poderá fixar, no prédio onde exerce a atividade,
letreiro com o título Dedal de Ouro. 
Diferentemente do nome e da marca
que são protegidos desde que registrados, a
defesa contra usurpações poderá ser deduzida
das regras dos arts. 186 e 927, ambos do
Código Civil, que regulamentam a
responsabilidade civil por dano causado a
outrem e a obrigação de repará-lo e pelo art.
195 do Código Penal que coíbe a concorrência
desleal. Sendo assim, a empresa que adota um
nome fantasia objetivando uma referência capaz
de singularizá-la perante os consumidores, tem
direito de impedir que outro empresário, do
mesmo ramo de negócio, utilize-a via os arts.
124, V, 191, 195, V e 209 da Lei 9.279/96, que
estabelece os direitos de propriedade industrial.
.
Ponto de Negócio. É o local de
realização dos negócios. Qualificado, pois, lá ele
exerce a atividade empresarial e, o mais
importante, entra em contato com os seus
clientes. Essa qualificação lhe dá um valor que é
passível de avaliação monetária independente
de que seja um imóvel próprio ou alugado. O
ponto é essencial para o exercício da atividade. 
Sendo a atividade empresarial exercida
em um prédio próprio sobre ele exerce o direito
de propriedade; caso seja alugado, a Lei de
Locações (Lei 8.245 de 1991) lhe proporciona o
direito de inerência, isto é, o interesse,
juridicamente protegido, de permanência de sua
atividade no local onde se encontra
estabelecido. 
O direito de inerência é
concedido ao empresário porque quando ele se
estabelece num ponto alugado e permanece
naquele local por bastante tempo, ele fez um
investimento para ganhar a confiança de
consumidores, passando a adquirir assim, uma
clientela fiel. O art. 51 da Lei 8.245, oferece
garantias legais, quanto à renovação, desde
que, sejam atendidos cumulativamente os
requisitos abaixo destacados: 
Requisito formal: o contrato a renovar
tenha sido realizado por escrito e com
prazo determinado;
Requisito temporal: o prazo mínimo do
contrato a renovar ou a soma dos
prazos ininterruptos dos contratos
escritos seja de cinco anos;
Requisito material: o empresário
locatário exerça, ininterruptamente, a
atividade econômica pelo prazo mínimo
de 3 (três) anos. Esse requisito está
relacionado com o sobrevalor agregado
ao imóvel, em razão da exploração de
uma atividade econômica no local, de
sorte a transformá-lo em referência
para os consumidores. É evidente que
14
essa valoração monetária só existe
após uma certa permanência da
atividade no ponto, que foi estimada
pelo legislador em 3 anos.
A renovação compulsória do contrato
deve ser requerida por meio de ação própria,
denominada Ação Renovatória. A renovação só
será deferida para o empresário que realmente
tenha agregado valor ao ponto, transformando
em um local atrativo para a clientela. Esta ação
deve ser ajuizada nos seis meses do último ano
do contrato de aluguel e deverá ser instruída
com os documentos do art. 71 da Lei do
Inquilinato. 
O direito de inerência do locatário se
choca com o direito de propriedade do locador.
Para evitar o desrespeito do direito de
propriedade do locador, a Lei do Inquilinato
estabelece alguns casos em que o locatário,
mesmo tendo cumprido todos os requisitos
legais, não terá assegurado o direito à
renovação do contrato de aluguel. Nesses
casos, o locador poderá retomar o imóvel
locado, uma vez que o seu direito de
propriedade prevalecerá sobre o direito do
locatário de permanecer no local. Na ocorrência
de uma das hipóteses previstas nos artigos 52 e
72 da Lei 8.245/91, o locador vai poder fazer
uso da chamada exceção de retomada e o juiz
irá determinar a desocupação do imóvel.
O locador não estará obrigado a
renovar o contrato caso estejam presentes as
seguintes hipóteses de exceção de retomada:
a. não atender, a proposta do locatário, o
valor locativo real do imóvel na época
da renovação, excluída a valorização
trazida por aquele ao ponto ou lugar
(art. 72, II). ;
b. ter o locador proposta de terceiro para
a locação, em condições melhores (art.
72, II);
c. por determinação do Poder Público, o
locador tiver que realizar no imóvel
obras que importarem na sua radical
transformação; ou para fazer
modificações de tal natureza que
aumente o valor do negócio ou da
propriedade; (art. 52, I);
d. o imóvel vier a ser utilizado pelo
locador ou para transferência de
estabelecimento empresarial existente
há mais de um ano, sendo ele detentor
da maioria do capital, seu cônjuge,
ascendente ou descendente. (art. 52,
II).
Na hipótese do inciso II, o imóvel não
poderá ser destinado ao uso do mesmo ramo do
locatário, salvo se tratando de locação-genérica,
ou seja, aquela em que o aluguel também
envolvia o próprio estabelecimento empresarial,
com as instalações e pertences necessários ao
exercício da atividade (art. 52, §1º).  Caso o
locador queira se estabelecer no mesmo ramo
de atividade em que o locatário atuava, deverá
indenizá-lo pela perda do ponto.
Por fim, cumpre ressaltar que a lei
determina que, nas hipóteses de reforma
substancial, uso próprio ou transferência de
estabelecimento empresarial, o locador tem um
prazo de 03 meses (salvo caso fortuito ou força
maior), contados a partir da entrega do imóvel,
para dar a este o destino alegado ou iniciar as
obras determinadas pelo Poder Público ou que
declarou pretender realizar, sob pena de ter que
indenizar o locatário pelos prejuízos e lucros
cessantes que tiver que arcar com a mudança,
perda do lugar e desvalorização do
estabelecimento empresarial (art. 52, §3º).
O Superior Tribunal de Justiça entende
que se o locatário der destino diferente daquele
previsto na ação revisional, este será obrigado a
indenizar o locador. 
Aviamento. É a perspectiva de o
estabelecimento gerar lucros. O empresário tem
a livre disponibilidade de escolher, dentre os
seus ativos, aqueles essenciaisao exercício da
atividade. Ao fazê-lo, aloca-os de tal maneira a
deles obter o melhor desempenho e, por
conseguinte, gerar lucros. 
Clientela. Corresponde a um conjunto
de pessoas que mantém com o estabelecimento
empresarial relações contínuas para aquisição
de bens e serviços. É o mercado conquistado
pelo empresário como resultado da boa
organização do seu empreendimento.
15
Professor: CARLOS ALBERTO DE BRITO
16
Disciplina:
DIREITO EMPRESARIAL I
O EMPESÁRIO
INDIVIDUAL
PARTE nº 1
A EMPRESARIALIDADE
(Código Civil. Lei 10.406/2002)
JOÃO PESSOA
2021
Link do Meet: 
Código da turma: 
 
1.4. QUESTÕES
1. Das questões abaixo:
I – A exclusividade de uso do nome empresarial visa
preservar a individualidade do empresário com sua
inscrição nos órgãos competentes, nos limites de seu
./C:%5C%5CUsers%5C%5CWindows%5C%5CDocuments%5C%5C:%20https:%5C%5Cmeet.google.com%5C%5Clookup%5C%5Cfj7ymbw7eo
17
respectivo local de funcionamento e em todo o País,
se houver registro na forma da lei especial. 
II – A garantia de exclusividade do nome empresarial
permite que seja requerida a nulidade de registro
indevido mediante requerimento do empresário
prejudicado.
III – O adquirente de estabelecimento pode usar o
nome do alienante precedido do seu próprio, com a
qualificação de sucessor. 
IV – Cabe ao prejudicado, a qualquer tempo, a ação
para anular a inscrição do nome empresarial feita com
a violação da lei ou do contrato.
A sequência correta será:
a) F; V; V; V d) F; V; F. F
b) V; F; F; V e) F; V; F; V
c) V; V; F; V;
2. A respeito da disciplina aplicável ao 
empresário individual, assinale a opção 
correta. TJ/PB.12/06/2011.
A. O empresário individual que venha a se 
tornar civilmente incapaz poderá obter 
autorização judicial para continuação de sua 
atividade; tal autorização, entretanto, deverá 
ser averbada na junta comercial e servirá para 
atos singulares, não podendo ser genérica.
B. O servidor público pode ser empresário 
individual, desde que a atividade empresarial 
seja compatível com o cargo público que ele 
exerça.
C. Ao empresário individual é permitida a 
alienação, sem a outorga de seu cônjuge, de 
bens imóveis destinados à sua atividade 
empresarial.
D. O empresário individual assume os riscos da 
empresa até o limite do capital que houver 
destinado à atividade, não respondendo com 
seus bens pessoais por dívidas da empresa.
E. Em atenção ao princípio da continuidade da
empresa, os bens destinados pelo empresário
individual à exploração de sua atividade não
respondem por suas dívidas pessoais.
3. Armando e Arnaldo, advogados,
resolveram celebrar contrato de sociedade
para realizar, por prazo indeterminado, a
fabricação regular de peças para
automóveis. Considerando essa situação
hipotética, assinale a opção correta. OAB
2008.1 UnB/CESPE
A. O instrumento do contrato deverá ser inscrito
no Registro Civil de Pessoas Jurídicas, em razão 
de os sócios serem advogados.
B. Sendo ambos os sócios advogados, a 
sociedade será necessariamente simples.
C. A sociedade só existirá se o instrumento do 
contrato for submetido a registro.
D. O instrumento do contrato deverá ser inscrito
no Registro Público de Empresas Mercantis, por 
ser empresarial o objeto da atividade.
4. Não poderão coexistir, no mesmo Estado, dois
nomes empresariais idênticos. Tal afirmativa configura
obediência ao principio da:
a. Novidade
b. Veracidade
c. Autônoma
d. Segurança
5. O estabelecimento empresarial é
a) vinculado ao imóvel locado, daí o direito à
renovação da locação;
b) coisa móvel, universalidade de fato;
c) conjunto de bens com destinação de produzir lucro;
d) universalidade de direito.
6. Tendo e vista a Lei 12.441/11 que instituiu a
figura do EIRELE, é INCORRETO afirmar que o
empresário que optar por essa qualificação:
a)adquirirá personalidade jurídica; 
b) deverá ter um capital social superior a 100 vezes o
maior salário mínimo vigente no país;
c)não responderá com seu patrimônio pessoal pelo
que faltar para integralizar o capital social escriturado;
d) não responderá com seu patrimônio pessoal pelas
dívidas sociais adquiridas no exercício da atividade se
superiores ao capital social integralizado
7. O sigilo da escrituração é um direito do
empresário. O juiz só poderá autorizar a exibição
integral dos livros e papéis da escrituração nas
seguintes hipóteses:
a) para resolver questões relativas ao cumprimento
das formalidades legais da escrituração;
b) para verificar se os balanços patrimoniais e
econômicos estão sendo elaborados de acordo com o
estabelecido na lei;
c) para resolver questões relativas a sucessão,
comunhão ou ausência de autenticação;
d) para resolver questões relativas à sucessão,
comunhão, sociedade e gestão.
8. Juca Pato andava pelos corredores de um centro
comercial quando observou uma loja de materiais
esportivos, com um letreiro luminoso, acima da porta,
no qual se lia X Esportes. Aproximou-se da vitrine e
viu uma chuteira dourada com uma etiqueta bordada
com o nome Q chute. Ao entrar na loja, reencontrou
um antigo companheiro, que se identificou como
gerente da Z Esportes Ltda. 
No texto acima, as expressões sublinhadas
referem-se respectivamente, a
a) título de estabelecimento, marca, denominação 
social ;
b) nome empresarial, marca, titulo de 
estabelecimento;
c) titulo de estabelecimento, patente, nome 
empresarial;
d) nome empresarial, patente, estabelecimento 
comercial 
9. Sociedade que não exerce atividade tida por 
empresarial registra-se na Junta Comercial do Estado 
de São Paulo, sob a forma de sociedade limitada. 
Neste caso, 
a. a forma escolhida está correta, mas a sociedade 
deveria ser registrada no Registro Civil de Pessoas 
Jurídicas. 
b. o registro foi efetuado no local correto, mas a forma
escolhida é privativa de sociedade empresária.
c. o registro e a forma societária escolhida estão 
corretos.
d. o registro e a forma societária escolhida estão 
errados.
10. Sabendo-se que uma empresa pode adotar nome
comercial do tipo firma individual, firma social e
denominação, assinale a alternativa correta entre os
seguintes nomes comerciais:
a) Vivante Tecidos S.A. (firma social);
b) Refinaria de Petróleo do Brasil Ltda (denominação);
c) Pereira, Alves e Cia (firma individual);
d) Cia de Tecidos da Amazônia (firma social).
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