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UNIVERSIDADE FERDERAL DO CARIRI – CAMPUS JUAZEIRO DO NORTE CURSO DE BACHARELADO EM ENGENHARIA CIVIL HIDRÁULICA APLICADA ORIENTADOR: PROF. DR. PAULO ROBERTO LACERDA TAVARES MATEUS FLORENCIO SOUSA RELATÓRIO DE AULA PRÁTICA: RESSALTO HIDRÁULICO NO ESCOAMENTO PERMANENTE UNIFORME EM CANAIS RETANGULARES DE BAIXA DECLIVIDADE Juazeiro do Norte - CE 2019 Sumário 1. INTRODUÇÃO ............................................................................................ 4 1.2 Objetivo Geral ....................................................................................... 4 1.3 Objetivos Específicos ............................................................................ 4 2. MATERIAIS E MÉTODOS ........................................................................... 5 3. RESULTADOS E DISCUSSÕES .............................................................. 11 4. CONSIDERAÇÕES FINAIS ...................................................................... 14 5. REFERÊNCIAS ......................................................................................... 14 Lista de Figuras Figura 1: Canal Retangular ............................................................................... 5 Figura 2: Válvula de Declividade ........................................................................ 5 Figura 3: Bloco de Parede Espessa ................................................................... 6 Figura 4: Comporta ............................................................................................ 6 Figura 5: Ressalto Hidráulico ............................................................................. 6 Figura 6: Ponta Linimétrica................................................................................. 7 Figura 7: Tubo de Pitot - Pressões ..................................................................... 8 Figura 8: Tubo de Pitot - Regime ....................................................................... 8 Figura 9: Paquímetro Digital ............................................................................... 8 4 1. INTRODUÇÃO Um regime de escoamento diz respeito a como os fluidos se comportam diante de diversas variáveis. “Quanto a variação no tempo os escoamentos se classificam em permanentes e transitórios. No regime permanente não há variação das características de escoamento com o tempo” (BAPTISTA; LARA, 2010, p.45). “Escoamento uniforme é aquele no qual o vetor velocidade, em módulo, direção e sentido, é idêntico em todos os pontos” (PORTO, 2006, p.4). De forma mais prática, o escoamento é considerado uniforme quando todas as seções transversais do conduto forem iguais e a velocidade média em todas as seções, em um determinado instante, for a mesma. “O ressalto hidráulico ou salto hidráulico é o fenômeno que ocorre na transição de um escoamento torrencial ou supercrítico para um escoamento fluvial ou subcrítico. O escoamento é caracterizado por uma elevação brusca no nível d’água, sobre uma distância curta, acompanhada de uma instabilidade na superfície com ondulações e entrada de ar do ambiente por uma consequente perda de energia em forma de grande turbulência. O ressalto ocupa uma posição fixa em um leito uniforme, desde que o regime seja permanente, e pode ser considerado como uma onda estacionária.” (PORTO,2006, p.335). O ressalto é utilizado principalmente para dissipar energia cinética oriunda de quedas d’água no paramento de um vertedor, evitando o surgimento de um processo erosivo no leito do canal. O ressalto também pode ser usado em estações de tratamento de água, ele é empregado afim de propiciar uma melhor mistura de substâncias químicas utilizadas no processo de purificação da água. 1.2 Objetivo Geral Analisar os aspectos, práticos e teóricos, do escoamento em um canal retangular com pequena declividade no qual ocorre a presença do ressalto hidráulico. 1.3 Objetivos Específicos Calcular o número de Froude no regime fluvial pelo Método da Bomba e pelo Método do Tubo de Pitot; 5 Calcular os valores respectivos a altura no regime torrencial e velocidade através do Método de Pitot e do Método da Bomba; Avaliar as discrepâncias entre os valores da altura d’água no regime de escoamento torrencial; Calcular a eficiência do ressalto hidráulico; Calcular a perda de carga do ressalto hidráulico; 2. MATERIAIS E MÉTODOS Para a realização da prática foram utilizados alguns materiais disponibilizados no laboratório. Inicialmente foi-se apresentado o canal retangular (Figura 1) devidamente inclinado através da válvula de declividade (Figura 2). Figura 1: Canal Retangular Posteriormente, o bloco de parede espessa (Figura 3) foi inserido no canal, afim de provocar a mudança no regime de escoamento fluvial para o regime de escoamento torrencial, acarretando na redução da altura d’água e no aumento da velocidade do escoamento. Figura 2: Válvula de Declividade 6 Figura 3: Bloco de parede espessa Logo após, foi inserida uma comporta (figura 4) provocando a mudança do regime de escoamento torrencial para o regime fluvial, acarretando no fenômeno do ressalto hidráulico (figura 5). Figura 4: Comporta Figura 5: Ressalto Hidráulico 7 Após provocar este fenômeno, para análise e efeito de cálculos subsequentes, utilizando-se a ponta linimétrica (Figura 6) foram aferidas medidas quanto a altura d’água anterior e posterior ao ressalto. Para a determinação da altura foram realizadas duas medições. Figura 6: Ponta Linimétrica Finalizada a aferição das medidas referentes à altura d’água durante o ressalto hidráulico, foram realizadas medidas quanto a pressão estática e a pressão dinâmica por intermédio do Tubo de Pitot (Figura 7 e Figura 8) apenas no regime torrencial. O Tubo de Pitot é um instrumento de medição de velocidade muito utilizado para medir a velocidade de fluidos em modelos físicos em laboratórios de hidráulica. Através desse material, é possível obter o valor da velocidade através da equação (1). (𝟏) V2 = 2g ( PDinâmica − PEstática γ ) V = Velocidade PDinâmica = Pressão Dinâmica g = Gravidade PEstática = Pressão Estática 𝛾 = Peso específico do fluido Dadas as aferições foram anotados os seguintes valores: 8 Figura 7: Tubo de Pitot - Pressões Logo após, foram feitas quatro medições da base do canal com auxílio do paquímetro digital (Figura 9), adotando-se o valor médio entre as quatro medidas. É importante destacar que a base do canal tem 64 cm, porém para efeito de prática laboratorial, neste relatório foi utilizada a base média entre as quatro aferições. Figura 9: Paquímetro Digital Figura 8: Tubo de Pitot – Regime Torrencial 9 Concluída a parte prática da análise do ressalto hidráulico, torna-se imprescindível a realização dos cálculos teóricos para devida comparação com os valores aferidos durante o ensaio, sendo possível avaliar determinados desvios resultando em erros calculados. Para o procedimento teórico foram consultadas as seguintes equações: (2) 𝐲𝟏 𝐲𝟐 = 𝟏 𝟐 [(√𝟏 + 𝟖𝐅²𝐫𝟏) − 𝟏] Dado que: (3) 𝐅𝐫𝟏 = 𝐕 √𝐠 𝐲𝟏 y1 = Altura d’água a Montante (Regime Fluvial) y2 = Altura d’água a Jusante (Regime Torrencial) 𝑭𝒓𝟏= Número de Froude a Montante (Regime Fluvial) Para classificar o tipo de ressalto, tem-se como base o número de Froude, verificando-se os seguintes intervalos: 1<Fr1<1,7: ressalto hidráulico ondulado. Neste caso não se tem o ressalto propriamente dito, mas sim a formação de ondas que se propagam para jusante. 1,7<Fr1<2,5: ressalto hidráulico fraco. Pouca energia é dissipada. 2,5<Fr1<4,5: ressalto oscilante. Para este intervalo de Fr1, o ressalto apresenta uma superfície livre com ondulações e ocorre a formação de ondas que podem se propagar para jusante sobre longas distâncias. Este fenômeno pode causar erosões em alguns tipos de canais; 4,5<Fr1<9,0: ressalto estável. Este tipo de ressalto é empregado como dissipador de energia em bacias de dissipação. 10 Fr1>9,0: ressalto forte. Este tipo de ressalto não é empregado como dissipador de energia porque há o risco de ocorrência de erosões significativas em função da elevada turbulência. Para a equação (2), foram substituídos os valores de y1 e 𝐅𝐫𝟏calculado pela equação (3), afim de determinar o valor de y2 e compará-lo com o valor medido durante o ensaio no regime torrencial. É importante destacar que, por intermédio do Tubo de Pitot foi-se possível determinar o valor da velocidade e posteriormente o valor da vazão, a qual a própria bomba a fornece. Tal vazão tem valor de 4.800 l/h. Porém, este não é o valor referente a vazão real, dado que o corpo técnico do laboratório fornece uma fórmula que possibilita a conversão e obtenção de um valor preciso para a vazão, expressa pela equação (4): (4) 𝐐𝐂𝐨𝐫𝐫𝐢𝐠𝐢𝐝𝐚 = 𝟎, 𝟎𝟎𝟎𝟎𝟑 + 𝟏, 𝟎𝟑𝟖𝟏𝐐 (m³/s) Outro importante aspecto a ser relatado é o cálculo da eficiência do ressalto, dada pela equação abaixo: (5) 𝜼 = 𝚫𝑬 𝑬𝟏 Tal que, ∆𝐄 = 𝐄𝟐 − 𝐄𝟏 𝑬𝟐 = 𝒚𝟐 + 𝑽𝟐 𝟐 𝟐𝒈 e 𝑬𝟏 = 𝒚𝟏 + 𝑽𝟏 𝟐 𝟐𝒈 Torna-se imprescindível determinar a perda de carga durante o ressalto, podendo ser determinada de acordo com a equação (6): (6) 𝚫𝑬 = (𝒚𝟐−𝒚𝟏)³ 𝟒𝒚𝟏𝒚𝟐 Pode-se determinar a altura do ressalto dado pela equação (7): (7) h = y2 – y1 11 Por fim, é necessário calcular o valor do erro dado pela equação (7) e discutir as divergências entre os valores de y2 medido e calculado pelo Método da Bomba e pelo Método do Tubo de Pitot. (8) Erro = ( 𝐲𝟐−𝐲𝟐𝐦𝐞𝐝𝐢𝐝𝐨 𝐲𝟐𝐦𝐞𝐝𝐢𝐝𝐨 ) ∗ 𝟏𝟎𝟎 3. RESULTADOS E DISCUSSÕES Para a determinação da altura d’água anterior e posterior ao ressalto foram feitas duas leituras, dadas pelos valores abaixo: y1 = 19,3 mm (Regime Torrencial) y2 = 62,5 mm (Regime Fluvial) Logo após, foram feitas as leituras quanto a base do canal, realizadas quatro aferições e utilizada a média entre os valores: b1 = 63,83 mm b2 = 63,75 mm b3 = 64,36 mm b4 = 60,56 mm bMédia = 63,13 mm Seguindo o procedimento, determinou-se os seguintes valores para as pressões estática e dinâmica, estabelecidas pelos valores abaixo: 𝑃𝐸𝑠𝑡á𝑡𝑖𝑐𝑎 = 125 𝑚𝑚 𝑃𝐷𝑖𝑛â𝑚𝑖𝑐𝑎 = 215 𝑚𝑚 De acordo com o Método do Tubo de Pitot dado pela equação (1), pode-se determinar o valor da velocidade exposto abaixo: V1 = 1,33 m/s² Pelo Método da Bomba dado pela equação (4), também é possível determinar o valor da velocidade. É válido ressaltar que é necessária a conversão de unidades de medida, de (l/h) para (m³/s). QCorrigida = 𝟏, 𝟒𝟏 ∗ 𝟏𝟎−𝟑 𝐦𝟑/𝐬 12 Para determinar a velocidade, ainda é preciso determinar o valor da área da seção transversal do canal retangular, expressa pela equação abaixo. A = bmédia * y1 A = 0,06313 * 0,0193 A = 𝟏, 𝟐𝟐 ∗ 𝟏𝟎−𝟑 𝐦² Logo, pela equação da continuidade, tem-se. QCorrigida = A * V V1 = 1,16 m/s Para continuar a análise do ensaio através da relação entre a teoria e a prática, é necessário calcular o número de Froude a partir dos dados de y1 e V1, pelo Método da Bomba e pelo Método do Tubo de Pitot, assim tem-se os valores de: Método do Tubo de Pitot 𝐅𝐫𝟏 = 𝟑, 𝟎𝟔 Método da Bomba 𝐅𝐫𝟏 = 𝟐, 𝟔𝟕 Calculado o número de Froude pelos dois métodos, a partir destes dois valores é possível determinar a altura no regime de escoamento fluvial (y2) através da equação (2), posteriormente realizar um comparativo com o valor aferido durante a prática do ensaio e estabelecer os possíveis erros e discrepâncias entre ambos os dados. Logo, a seguir temos y2 para as duas condições: y2 dado o número de Froude calculado a partir do Método do Tubo de Pitot: y2 = 0,07443 m = 74,43 mm y2 dado o número de Froude calculado a partir do Método da Bomba: y2 = 0,06386 m = 63,86 mm Analisando os valores de y2 medidos pelo Método da Bomba e pelo Método do Tubo de Pitot, torna-se importante a comparação destas alturas com a 13 altura medida durante o ensaio, e, posteriormente, determinar quais os valores percentuais quanto ao erro dado pela equação (8): Método da Bomba: Erro = ( 𝟔𝟑,𝟖𝟔−𝟔𝟐,𝟓𝟎 𝟔𝟐,𝟓𝟎 ) = 2,13% Método do Tubo de Pitot: Erro = ( 𝟕𝟒,𝟒𝟑−𝟔𝟐,𝟓𝟎 𝟔𝟑,𝟖𝟔 ) = 19,07% Ademais, é necessária a classificação do ressalto seguindo os critérios citados na metodologia deste relatório e baseados no número de Froude a partir dos dois métodos: Por ambos os métodos (Tubo de Pitot e Bomba) o ressalto analisado é classificado como um ressalto oscilante. Apresenta uma superfície livre com ondulações e ocorre a formação de ondas que podem se propagar para jusante sobre longas distâncias. Por fim, pode-se determinar a altura do ressalto dado pela equação (7), novamente levando em consideração os dois métodos. Dado y2 calculado a partir do Método da Bomba: h = 44,58 mm Dado y2 calculado a partir do Método do Tubo de Pitot: h = 55,13 mm Dado y2 medido durante a prática do ensaio: h = 43,20 mm Para se determinar a perda de carga dada pela equação (6) e a eficiência expressa pela equação (5) durante o ressalto, segue-se o seguinte procedimento: Através do y2 calculado pelo Método do Tubo de Pitot: 14 ∆𝐄 = 0,0292 m 𝐄𝟏 = 𝟎, 𝟎𝟏𝟗𝟓 m 𝜼 = 0,2668 = 26,68% Através do y2 calculado pelo Método da Bomba: ∆𝐄 = 0,0179 m 𝐄𝟏 = 𝟎, 𝟎𝟖𝟕𝟗 m 𝜼 = 0,2036 = 20,36% 4. CONSIDERAÇÕES FINAIS Nota-se que, para os dois métodos de cálculos utilizados, a altura no regime torrencial apresenta discrepâncias em relação ao valor medido, principalmente quando equiparada ao valor obtido por intermédio do Método do Tubo de Pitot. Logo, essa diferença entre os valores da altura ocasionam a propagação de outras discrepâncias referentes aos demais parâmetros como o número de Froude e a eficiência do ressalto. Observa-se que, o Método da Bomba torna-se mais preciso por permitir a utilização de equipamentos que auxiliam em aferições mais próximas do valor real, como o paquímetro digital. Porém, para o Tubo de Pitot, é mais propício o surgimento de erros, ocasionados por fatores como menisco durante a leitura das pressões, gerando alterações no valor da velocidade e das alturas. Portanto, verifica-se que existe uma variação de 19,07% entre a altura medida e altura calculada no regime torrencial pelo Método do Tubo de Pitot e uma variação de 2,13% quanto ao Método da Bomba. Por fim, constata-se que o ressalto produzido experimentalmente possui eficiência baixa, atrelada a pouca capacidade de realizar a mistura de substâncias durante o escoamento, como foi apresentado durante a prática através da inserção de um corante ao canal retangular. 5. REFERÊNCIAS PORTO, R. M.; Hidráulica Básica, São Carlos: EESC-USP, 2006 BAPTISTA, M. et al. Fundamentos de Engenharia Hidráulica, Belo Horizonte, Editora UFMG, 2010 15
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