Buscar

FUNDAMENTOS DE ECONOMIA AMBIENTAL (59)

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 240 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 240 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 9, do total de 240 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS 
Instituto de Economia 
UNBCAMP 
A POlÍTICA AMBIENTAL NA AMAZÔNIA: 
UM ESTUDO SOBRE AS RESERVAS EXTRATIVISTAS 
Este exemplar carresponde ao or;ginal 
da tese defendida por Francisco Carlos 
da Silveira Cavalcanti em 30/11912002 e 
orientada pelo Prof. Dr. Ba.,tialln Plrilip 
Reydo/ 
f \Jl:::J>e-;j 
Francisco Carlos da Silveira Cavalcanti 
Tese de Doutoramento apresentada ao 
Instituto de Economia da UNICAMP para 
obtenção do título de Doutor em Ciências 
Econômicas - área de concentração: 
Política Econômica, sob a orientação do 
Prof. Dr. Bastiaan Philip Reydon. 
Campinas, 2002 UNICAMP 
BIBliOTECA CENTRAL 
SEÇÃO CIRCULANTE 
UNICAMP 
UNiDADE .Ui~ . .,-~-~~·;;:;;":J\ 
i'Jll CHAMADA ~"L;,.,.,,,., .•..•• 
v---·-·":;;..,,...,--~:··;::­
TOMBO 8CI ::ç:.:"ê"::J.,-::··•<·-
/ 
PROC. 2"1.,~:f:..2C.le.!.;:~:---
C 
PHEÇO ;;:t.:..,r.,l;l.~i..~~-
DATA 
N'CPO 
FICHA CATALOGRÁFICA ELABORADA PELO 
CENTRO DE DOCUMENTAÇÃO DO INSTITUTO DE ECONOMIA 
Cavalcanti, Francisco Carlos da Silveira. 
C314p A política ambiental na Amazonia: um estudo sobre as reser-
vas extrativas I Francisco Carlos da Silveira Cavalcanti. - Campi-
nas, SP : [s.n.], 2002. 
Orientador: Bastiaan Philip Reydon. 
Tese (Doutorado) -Universidade Estadual de Campinas. 
Instituto de Economia. 
1. Política ambientaL 2. Desenvolvimento sustentavel- Ama-
zonia. 3. Proteção ambientaL 4. Recursos naturais renováveis -
Amazonia. 5. Produtos florestais- Amazonia. L Reydon, 
Bastiaan. li. Universidade Estadual de Campinas. Instituto de 
Economia. IIL Título. 
i i 
iii 
RESUMO 
O objetivo desta tese é refletir, a partir de uma experiência concreta - no 
caso a reserva extrativista Chico Mendes -, qual a política ambiental mais 
adequada à conservação da floresta Amazônica ou, em termos genéricos, à 
conservação de uma floresta ..tropical de um país em desenvolvimento. 
Trabalha-se com a hipótese de que as reservas extrativistas (RESEX), 
como fruto de uma luta política e social dos movimentos locais, podem ser 
consideradas como uma alternativa à criação de reservas de cunho 
preservacionistas, definindo um novo paradigma de regulação ambiental. Não se 
pretende afirmar com isto que as RESEX devam ser consideradas como modelo 
de desenvolvimento sustentável da Amazônia, mas como uma experiência que 
pode ser replicada, visando ao desenvolvimento sustentado do meio rural 
amazônico ou outras áreas de floresta tropical úmida. Isto, principalmente, tendo 
em vista as múltiplas dimensões que a constituem, o que consolida este projeto 
como uma experiência inovadora de conservação da floresta tropical. 
Este cenário, por outro lado, reforça o debate suscitado pela importância 
crescente das Reservas Extrativistas, não só como proposta baseada nos 
princípios da sustentabilidade mas, sobretudo, pelas suas especificidades: 
proposta de preservação com a presença do homem e, como fruto de um 
movimento político dos seringueiros acreanos, em resposta à tentativa de 
expropriação da terra e ao processo de derrubada da floresta. 
Para: 
Meus Pais, Tristão e Nires; 
Meus filhos Joana e Paulo José; 
Meus irmãos Neide, Dedé, Margarida,Tantão e Márcio; 
E por fim, mas não menos importante, aos seringueiros do Acre. 
v 
VÍÍ 
AGRADECIMENTOS 
Ao longo da elaboração deste trabalho tive oportunidade de receber apoio e 
ajudas das mais diferentes formas, todas elas imprescindíveis para que o projeto 
chegasse a bom termo. Ao nomeá-los neste espaço, gostaria de expressar e 
demonstrar meu reconhecimento e gratidão a todos que de certa forma trilharam 
comigo esta trajetória: 
À Universidade Federal do Acre na pessoa do Reitor Jonas Filho agradeço o 
imprescindível apoio institucional; 
Ao Prof. Dr. Bastiaan Philip Reydon que me orientou na elaboração deste 
trabalho agradeço pela solidez de seus conhecimentos na área ambiental, o que 
resultou em sugestões e argumentos consistentes, além de sua imensa paciência 
o que tornou o nosso trabalho numa tarefa agradável e gerou um clima de 
camaradagem essencial no oficio acadêmico; 
Aos professores Adernar Romeiro, Peter May, Guy Henry e José Maria da 
Silveira, que fizeram parte da banca examinadora meus agradecimentos pelas 
críticas e sugestões; 
Ao Prof. Dr. Otaviano Canuto, inicialmente pela confiança e amizade 
demonstrada ao longo de mais de uma dezena de anos, além das sugestões 
apresentadas; 
Ao Prof. Dr. Adernar Romeiro, Prof. Dr. José Maria da Silveira e Prof. Dr. 
Pedro Ramos pelas críticas e sugestões apresentadas por ocasião da elaboração 
do trabalho; 
À prof" Dulcélia Mota Lopes pela revisão criteriosa dos originais; 
À Prof". Ora. Eugenia Leone por me possibilitar acesso ao seu curso de 
métodos quantitativos, oportunidade em que atualizei meus conhecimentos na 
área de estatística; 
O colega acreano e mestrando da área ambiental, Raimundo Cláudio Maciel, 
além da "assessoria" na área de informática, me prestou um inestimável apoio no 
trato das questões relativas aos dados da pesquisa ASPF; 
vm 
Na secretaria da pós -graduação do IE contei sempre com a boa vontade de 
Alberto e Cida, aos quais agradeço o apoio; 
Aos colegas do Departamento de Economia da Ufac que solidariamente 
apoiaram minha proposta de trabalho deixo aqui expresso o meu reconhecimento; 
Ao pessoal que trabalha no projeto ASPF, no Acre, Gisele Batista, Edjane 
Batista e Claudia Saldanha pela ajuda e outros apoios prestados ao trabalho. 
Ao casal Cassiano e Socorro Camelo, cuja amizade sempre esteve presente; 
Ao prof. Aldenor Fernandes de Souza amigo que ocupa a honrosa função de 
superintendente do INCRA, e a todos de sua equipe como José Maria Esteves, 
Schubart, Takarrachi, Cristina Benvinda, Manoel, Vicente, os meus 
agradecimentos; 
Ao Prof. Orlando Sabino, Tricolor, colega do departamento e diretor do 
Sebrae pelo apoio prestado; 
À Profa. Dra .. Silvia Ma.rtins de Souza, historiadora, pelo diálogo constante e 
proveitoso resultado de seu rigor analítico e seu crescente interesse pelas 
questões ambientais; 
No Conselho Nacional dos Seringueiros contei com a boa vontade de todos. 
O presidente Juarez Leitão dos Santos, o secretário José Maria (o bóca), Luiz 
Vasconcelos, Rebouças e as secretarias Erondina e Leda. Todos além de prestar 
informações me possibilitaram acesso a documentos valiosos; 
Meu tio e amigo Elson Martins cuja amizade e apoio estiveram sempre 
presentes desde os meus primeiros trabalhos; 
À minha prima Vársia, pelo carinho e o esforço para que eu tivesse acesso a 
documentos importantes; 
O secretário de Estado Carlos Vicente teve a bondade de gastar parte de seu 
valioso tempo para fazer uma exposição sobre a política do Governo Estadual 
para o setor extrativista, para mim e outros pesquisadores; 
O Prof. José Fernandes do Rego, secretário de Estado da Produção que 
apesar de seus afazeres, me permitiu acesso a informações valiosas; 
ix 
À mestranda Ormifran Cavalcante sou grato pelas informações, documentos 
valiosos e entrevistas que ela efetuou no âmbito de sua pesquisa e 
generosamente me possibilitou acesso; 
O pessoal do IBAMA/CNPT do Acre foi solidário e prestativo. Meus 
agradecimentos ao Josemar e sua valorosa equipe que tanto se esforçam pelo 
êxito das reservas; 
No IMAC contei com a ajuda da amiga de longas datas Célia Pedrina, do 
amigo Ramadam, e da coordenadora do ZEEIAC Janete; 
O pessoal da Caex, Capeb e Compaeb foram muito gentis e pacientes ao 
explicar o funcionamento das instituições e as relações com a produção 
extrativista das reservas; 
A Tininha, cuja companhia, solidariedade e generosidade à flor da pele, 
foram fundamentais nesta trajetória; 
Os colegas Juliano Gonçalves, Karina, Hugo Silimbani, Alex Goulart, 
Alexandre Gori, Hector Escobar e Estala, pela rica convivência e a certezaque 
existe uma juventude capaz e, sobretudo, muito determinada para cuidar dos 
assuntos ambientais; 
Á Joana e Paulo José, meus filhos, pela rica convivência e as alegrias vividas 
em conjunto; 
Meus irmãos Tantão, Mareio e Dedé constituíram uma retaguarda de apoio 
imprescindível para providenciar informações necessárias e urgentes para o 
trabalho; 
Os companheiros Odair Garcia e Maria; a amiga Silvia Possas, os baianos 
Hamilton, Luiz e Guerra; os amigos Otaviano e Rogério Gomes criaram um 
ambiente de muita camaradagem, alegria e, sobretudo, bom humor; 
Por fim, agradeço aos colegas de turma, Teódulo Vasconcelos, Alberto 
Arcangeli e Miranda, pela rica convivência e os ensinamentos que me passaram 
ao longo do curso. Esta é uma das lembranças mais bonita que trago guardado. 
xi 
"A impressão dominante que tive, e talvez correspondente a uma verdade 
positiva, é esta: o homem ali, é ainda um intruso impertinente. Chegou sem ser 
esperado nem querido - quando a natureza ainda estava arrumando o seu mais 
vasto e luxuoso salão. E encontrou uma opulenta desordem ... Os mesmos rios 
ainda não se firmaram nos leitos; parecem tatear uma situação de equilíbrio 
derivando, divagantes, em meandros instáveis, contorcidos em sacados, cujos 
istmos a revezes se rompem e se soldam numa desesperadora formação de ilhas 
e de lagos de seis meses, e até criando formas topográficas novas em que estes 
dois aspectos se confundem; ou expandindo-se em furos que se anastomosam, 
reticulados e de todo incaracterísticos, sem que se saiba se tudo aquilo é bem 
uma bacia fluvial ou um mar profusamente retalhado de estreitos". 
Euclides da Cunha, no livro À Margem da História, ed. Martins Fontes, 1999. 
xiii 
RELAÇÃO DE SIGLAS 
ASPF- Pesquisa Análise Econômica dos Sistemas Básicos de Produção Familiar 
Rural no Vale do Acre. 
BANACRE - Banco do Estado do Acre 
BASA- Banco da Amazônia S/ A 
BCA- Banco de Crédito da Amazônia 
BID- Banco lnteramericano de Desenvolvimento 
CAEX- Cooperativa Agroextrativista de Xapuri 
CAGEACRE- Companhia de Armazenamento Geral e Entrepostos do Acre 
CAPEB -Central de Associações de Pequenos Produtores Rurais de 
Epitaciolândia e Brasiléia 
CEDEPLAR - Centro de Desenvolvimento e Planejamento Regional da 
Universidade Federal de Minas Gerais 
CEPA/ACRE- Comissão Estadual de Planejamento Agrícola do Acre 
CMMAD - Comissão Mundial Sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento 
(Comissão Brundtland) 
CNPT- Centro Nacional de Desenvolvimento Sustentado das Populações 
tradicionais 
CNS - Conselho Nacional dos Seringueiros 
COLONACRE - Companhia de Desenvolvimento Agrário e Colonização do Acre 
COMPAEB - Cooperativa Mista de Produção Agropecuária e Extrativista dos 
Municípios de Epitaciolândia e Brasiléia L TDA 
CP ATU- Centro de Pesquisa Agropecuária do Trópico Úmido 
CPT- Comissão Pastoral da Terra 
EMBRAPA- Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária 
EMA TER- Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural 
FAO- Organização das Nações Unidas para a Agricultura e Alimentação 
FIBGE- Fundação Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística 
FNO - Fundo Constitucional do Norte 
FUNAI - Fundação Nacional do Índio 
FUNTAC- Fundação de Tecnologia do Acre 
xiv 
IBAMA - Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais 
Renováveis 
IMAC - Instituto do Meio Ambiente do Acre 
IMAZON - Instituto do Homem e do Meio Ambiente da Amazônia 
INCRA- Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária 
INPA- Instituto Nacional de Pesquisa da Amazônia 
INPE- Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais 
IPAM - Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia 
ITTO - Organização Internacional de Madeira Tropical 
MDL - Mecanismo de Desenvolvimento Limpo 
NASA- National Aeronautics and Space Administration 
ONG - Organização Não-Governamental 
OXFAM- Agência Católica para o Desenvolvimento 
PAD - Projeto de Assentamento Dirigido 
PAE- Projeto Agroextrativista 
PESACRE - Grupo de Pesquisa e Extensão em Sistemas Agroflorestais do Acre 
PIC- Projeto Integrado de Colonização 
XV 
PIN - Programa de Integração Nacional 
PMACI - Projeto de Proteção do Meio Ambiente e das Comunidades Indígenas 
PNRA- Plano Nacional de Reforma Agrária 
PNUD- Programa das Nações Unidas Para o Desenvolvimento 
PNUMA- Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente 
PPG-7- Programa Piloto Para Proteção das Florestas Tropicais do Brasil 
POLAMAZÕNIA- Programa de Pólos Agro-industriais e Minerais da Amazônia 
POLONOROESTE - Programa Integrado de Desenvolvimento do Noroeste do 
Brasil 
PROBOR - Programa de Incentivo à Produção de Borracha Vegetal 
PRODFAO- Programa de Desenvolvimento da Fronteira da Amazônia Ocidental 
PROTERRA- Programa de Redistribuição de Terra 
REGA - Reflorestamento Econômico Consorciado e Adensado 
RDC - Rubber Development Corporation - Companhia de Desenvolvimento da 
Borracha 
SAF - Sistema Agroflorestal 
SEBRAE- Serviço de Apoio às Micros e Pequenas Empresas 
SEPRO - Secretaria de Produção 
SPVEA- Superintendência do Plano de Valorização Econômica da Amazônia 
SUDAM - Superintendência do Desenvolvimento da Amazônia 
SUDENE- Superintendência do Desenvolvimento do Nordeste 
SUDHEVEA- Superintendência da Borracha 
SUFRAMA- Superintendência da Zona Franca de Manaus 
U C - Unidade de Conservação 
UFAC- Universidade Federal do Acre 
UINC- União Internacional para a Conservação da Natureza 
U P F - Unidade de Produção Familiar. 
ZEEIAC - Zoneamento Ecológico-Econômico do Acre 
WWF- World Wide Fund 
xvi 
LISTA DE FIGURAS 
Figura 1 - Definição Econômica de Poluição Ótima 
Figura 2- Evolução da População Rural e Urbana- Acre (1960-
1991) 
Figura 3 - Percentual de desflorestamento por regional do Acre -
1996 
Figura 4 - Percentual de área desflorestada por ano - ACRE-
1978/1998 
Figura 5 -Taxa anual média de desflorestamento -Acre -
1978/1998 
Figura 6 - Mapa de um seringal Nativo 
Figura 7- Mapa da RESEX Chico Mendes 
Figura 8 - Evolução da população da RESEX Chico Mendes -
1994/1998 
Figura 9 - Imagem da área desmatada ao redor da RESEX Chico 
Mendes - 1996 
Figura 10- Evolução da produção de Borracha- Acre-
1977/2000 
Figura 11- Composição do Custo Total de Produção entre 
Custos Fixos (CF) e Variáveis (CV) - RESEX Chico Mendes -
1996/1997 
Figura 12 - Indicadores de desempenho econômico da RESEX 
Chico Mendes - 1996/1997 
Figura 13- Renda Bruta (RB): Máxima, Mínima e Média- RESEX 
Chico Mendes -1996/1997 
Figura 14- Comparação do impacto do subsídio estadual na 
Renda Bruta e Líquida da RESEX Chico Mendes - 1996/1997 
xvii 
11 
89 
104 
104 
105 
120 
134 
135 
137 
149 
163 
164 
166 
170 
xix 
LISTA DE TABELAS 
Tabela 1 -Exportação de Borracha amazônica e preços internacionais (f) -Período: 
1821- 1947 ............................................................................................................... 66 
Tabela 2 - Estado de São Paulo e Amazônia: exportações de café e de borracha. 
1871/1920 ................................................................................................................. 67 
Tabela 3- Exportação de produtos Coletados -1881-1883 .......................................... 70 
Tabela 4- Índice de Gini- Acre/Brasil-1970-1995/96 •••.•••••••.•..•••.•••••.•••••.•.••••.••.••.•••.. 95 
Tabela 5 -Distribuição percentual do número de estabelecimentos agropecuários e da 
sua área total- Acre -1970-1995/96 ••••••••••••..•••••.•.•••.••••••.••.•.••.••••••••.••••.••••••••••••.•• 96 
Tabela 6- Destinação das Terras do Acre- 2000 ••••••••••••••••.••••••.•••.•••••••••••.••••..••.•••••••.• 98 
Tabela 7- Estrutura fundiária por estratos, n• de imóveis e área das propriedades -
Estado do Acre-1999 ••••••...•••••••••••.••••.•.•••••••••••••••••..•.••••••••.••••••..••••••••.••.•••.•.•••••••.•100 
Tabela 8 - Projetos De Assentamentos Agroextrativista: Localização, Área e 
População- Acre/2000 •••••••••••.••.•••••••••••.•••••••••.••••••••••..••••••.••••...••••••••••••.•••••..••••.•. 101 
Tabela 9 - Reservas Extrativistas do Acre: área, população e decreto de criação -1999 
.......................................................................................................................................................... 102 
Tabela 10 -Índice de desmatamento: diversas unidades- 1999 •••.•••••.•••••••.•.•.••••••.••.• 103 
Tabela 11 - Dados Gerais da RESEX Cbico Mendes -1991/1998 .•..•••••••.•.•••••..••....•••.• 136 
Tabela 12 - Estimativa da Renda por Familia Média Bruta Anual dos Seringueiros da 
Reserva Cbico Mendes - 1991 •••••••.••••••.••••••••.•••.•••.•••••••••••.••.•.•.••••••••••.•.••••.••••••.•• 139 
Tabela 13 -Evolução percentual da participação das atividades produtivas na renda 
bruta total da RESEX "Chico Mendes" -1991-1997- Acre •••••••••••••••.•••.••••••••••• 140 
Tabela 14- Quant. (%) de UPF's por produto explorado na RESEX Cbico Mendes-
1996/1997 •.••.••.••••.••.••.•••••••••.••.•.••.••••••.••••.•.••....••••••••••.•••••••.•••••..•••••••••••.•••.•.•••.••••.• 141 
Tabela 15 - Participação na Renda Bruta por produto na RESEX Chico Mendes-
1996/1997 ••••••••••.•••••••••••••••.••••••••••.•••••••••••••••.••••••••••••••.•••••.•••••••••••.•••••••••••••••••••••••• 142 
Tabela 16- Produção, Renda Média e Máxima dos Principais Produtos da RESEX 
Chico Mendes -1996/1997 .................................................................................... 143 
XX 
Tabela 17- Renda Total e por Atividade RESEX Chico Mendes -1996/1997 .••••••.••• 145 
Tabela 18 - Evolução da produção de Borracha e Castanha na RESEX Chico Mendes 
- 1995/1998 ............................................................................................................... 147 
Tabela 19 - Composição da Renda e Custo por Atividade Reserva Chico Mendes-
1996/1997 ············-·······························································-··································50 
Tabela 20- Composição dos Custos Totais, FIXOS e Variáveis na Reserva Chico 
Mendes - 1996/1997 .................................................................................................... 151 
Tabela 21 - Custo Unitário, Preço Médio e Índice de Eficiência Econômica na RESEX 
Chico Mendes - 1996/1997 ........................................................................................ 152 
Tabela 22 - Composição da Renda Bruta (RB), Margem Bruta Familiar (MBF) e 
MBFIRB por atividade na RESEX "Chico Mendes" -1996/1997 ·····-·········-····155 
Tabela 23 - Indicadores de Desempenho Econômico da Reserva Chico Mendes-
1996/1997 ................................................................................................................ 157 
Tabela 24 - Composição da Renda Bruta por Produto do Estrato 1 - Reserva Chico 
Mendes -1996/1997 ................................................................................................ 159 
Tabela 25 - Composição da Renda Bruta por Produto do Estrato 2 - Reserva Chico 
Mendes -1996/1997 ..................................................................................................... 160 
Tabela 26 -Composição da Renda Bruta por Produto do Estrato 3- Reserva Chico 
Mendes - 1996/1997 ................................................................................................. 161 
Tabela 27 - Composição da Renda Bruta por Estrato com Base na Renda Líquida -
Reserva Chico Mendes -1996/1997 •.••••• ._ ••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••• 165 
Tabela 28 - Renda Média por Estabelecimento e por Categorias Familiar- Acre-
1995/1996 ................................................................................................................... 166 
Tabela 29 - Margem Bruta Familiar, Autoconsumo e Nível de Vida em termos 
monetários da RESEX Chico Mendes -Acre- 1996/1997 ••••••••••••••••••••••••••••••.•••• 168 
Tabela 30 -Comparação dos resultados econômicos do subsídio estadual na Renda 
Bruta e Líquida da RESEX Chico Mendes - Acre-1996/1997 ········-··················171 
Tabela 31 - Comparação dos resultados econômicos do subsídio estadual na Margem 
Bruta, MBFIRB e Nível de Vida em termos monetários da RESEX Chico Mendes 
- Acre-1996/1997 .................................................................................................... 172 
Tabela 32 - Simulação de Renda Proveniente do Manejo Florestal (R$) ••••••••••••••••••• 180 
xxi 
Tabela 33 - Projeção da Renda Média Anual em R$ decorrente da Implantação de um 
SAF na RESEX Chico Mendes ............................................................................. 184 
Tabela 34- Comparação do sistema extrativista tradicional da borracha e as IAP's 
(colocação Boa Vista) .................................................................................................. l88 
Tabela 35 - Composição da Renda Brota, Produção e Preços Médios por atividade na 
RESEX Chico Mendes- 1996/1997 ••••••••••••••.•.•••.•••••••••.•••••••••••••••.••.•••••.•••••.•••••.••• 220 
Tabela 36 - Composição do custo, produção total e índice de desempenho econômico -
RESEX Chico Mendes- 1996/1997 ........................................................................ 221 
Tabela 37 Produção média. preço médio, RB média máxima e mínima - RESEX 
Chico Mendes - 1996/1997 ...................................................................................... 222 
Tabela 38- Composição da renda total, máxima. mínima. média e mediana- RESEX 
Chico Mendes - 1996/1997 .................................................................................... 223 
xxiii 
ÍNDICE 
RELAÇÃO DE SIGLAS .......................................................................................... ix 
LISTA DE FIGURAS ............................................................................................ xiii 
LISTA DE TABELAS ........................................................................................... xiv 
ÍNDICE ................................................................................................................. xvii 
INTRODUÇÃO ........................................................................................................ 1 
CAPÍTULO 1: CONTRIBUIÇÃO DA ECONOMIA À PROBLEMÁTICA 
AMAZÔNICA ........................................................................................................... 7 
1.1 Introdução ................................................................................................................. 7 
1.2 A Economia e o Meio Ambiente ............................................................................... 9 
1.3 O Conceito de Desenvolvimento Sustentável .......................................................... 25 
1.4 Políticas Ambientais e as RESEX ............................................................................ 29 
CAPÍTULO 2: AS RESEX E A QUESTÃO AMBIENTAL.. .................................... 41 
2.1 Introdução ............................................................................................................... 41 
2.2 A Luta Seringueira, a RESEX e a Questão Ambiental ............................................ .44 
2.3 A Concepção Naturalista: a Preservação sem a Presença Humana ........................... 51 
CAPÍTULO 3- EXTRATIVISMO DA BORRACHA: A HEGEMONIA DO 
BARRACÃ0 .......................................................................................................... 61 
3.1 Introdução ............................................................................................................... 61 
3 .2 Extrativismo da Borracha no Acre ........................................................................... 66 
3.3 A Propriedade da Terra........................................................................................... 73 
CAPÍTULO 4- A EXPANSÃO DA FRONTEIRA E O MOVIMENTO DE 
RESISTÊNCIA: OS FUNDAMENTOS DA RESEX ............................................... 83 
xxiv 
· 4.1 Introdução ............................................................................................................... 83 
4.2 O Processo de Resistência ....................................................................................... 89 
4.3 A Forma de Acesso e o Uso da Terra ...................................................................... 95 
CAPÍTULO 5 -FORMAÇÃO E ASPECTOS GERAIS DAS RESEX .................. 107 
5.1 Introdução: A Formação das Reservas ................................................................... ! 07 
5.2 A Produção Familiar Extrativista ........................................................................... ll4 
CAPÍTULO 6: A DINÂMICA ECONÔMICA DA RESERVA EXTRATIVISTA 
CHICO MENDES ................................................................................................ 125 
6.1 O Modelo Metodológico ....................................................................................... 125 
6.2 Dados Gerais da RESEX Chico Mendes ................................................................ l33 
6.3 Indicadores Econômicos da RESEX Chico Mendes ............................................... 138 
6.4 A Distribuição da Renda na Reserva Chico Mendes: Os Três Estratos ................... 156 
6.5 Análise do Impacto do Subsídio nos Rendimentos das Familias ............................ 168 
CAPÍTULO 7: TENDÊNCIAS E PERSPECTIVAS .............................................. 175 
7.1 Introdução ............................................................................................................. 17 5 
7.2 O Manejo Florestal ................................................................................................ l76 
7.3 Sistemas Agroflorestais ......................................................................................... 182 
7.4 Ilhas de Alta Produtividade ................................................................................... 186 
7.5 Serviços Ambientais .............................................................................................. 189 
7.6 O Protocolo de Kyoto ............................................................................................ l90 
CONCLUSÕES ................................................................................................... 195 
BIBLIOGRAFIA ................................................................................................... 201 
ANEXO 1-MAPAS ............................................................................................ 213 
XXV 
ANEXO 2: GLOSSÁRIO .................................•........•............................•....•..•..... 215 
ANEXO 3: RELAÇÃO DOS ENTREVISTADOS ...........•.•........•....•..................... 218 
ANEXO 4: UNIDADES DE CONSERVAÇÃO AMBIENTAL ..............•.•.•............ 219 
ANEXO 5: TABELAS •....•...•...................................•.•.•....•................................... 220 
1 
INTRODUÇÃO 
O crescimento das preocupações com as questões ambientais e, em 
particular, o aquecimento do planeta e perda de biodiversidade, colocaram a 
preservação 1 da floresta Amazônica como uma questão de interesse internacional, 
ampliando os debates sobre a possibilidade de compatibilização entre crescimento 
econômico e preservação ambiental. Este quadro de preocupações com a questão 
ambiental evidencia a importância crescente da Amazônia, pelas suas dimensões 
e riquezas naturais, mas, principalmente, porque os estudos e pesquisas sobre o 
meio ambiente estabeleceram um papel crucial desta na resolução/agravamento 
desses problemas. 
Pensar a preservação da floresta amazônica, tout court, implica considerar 
amplamente duas possibilidades. A primeira é a "proteção estrita", nos moldes da 
preservação norte-americana. Apesar das dificuldades de implantação de uma 
política dessa natureza, devido aos altos custos financeiros e sociais, da 
necessidade de forte participação do Estado, seja no processo regulatório, seja no 
aparato de fiscalização, os defensores desta proposta, os preservacionistas, 
assumem que a manutenção da diversidade biológica só é possível com a 
exclusão do homem. Estes argumentam que a presença das populações 
tradicionais é incompatível com o objetivo da preservação das diversidades 
biológicas. 
No outro extremo, a questão fundamental é pensar a preservação da 
floresta como parte de uma política de desenvolvimento regional, o que implica 
não só considerar a presença das populações tradicionais mas, sobretudo, pensar 
uma política ambiental que seja viável, baseada no conceito de desenvolvimento 
sustentável. Viabilização neste caso entendida amplamente como criação das 
condições de sustentabilidade, ou seja, algo que não se confunde com uma 
análise parcial de custo-benefício. Isto não significa negar a importância deste 
' Diegues (2001) chama a atenção para a distinção conceitual entre "conservação de recursos 
naturais" que significa a exploração de forma sustentável dos recursos, enquanto que 
"preservação" diz respeito à reverência à natureza, excluindo, portanto, a presença humana para 
fins exploratórios. Neste trabalho estaremos usando os termos referidos no sentido descrito acima. 
2 
instrumento de análise econômica, mas tão somente considerá-lo parte das 
condições de sustentabilidade. 
A formulação de políticas públicas no âmbito da problemática ambiental 
expressa, de certa forma, esse tour de force. Assim, as políticas de cunho 
regulatório, denominadas de Políticas de Comando e Controle (C&C) advogam 
a regulação direta sobre o uso de recursos naturais através de leis e regulamento, 
enquanto os economistas de inspiração neoclássica contestam a eficácia desses 
instrumentos e argumentam no sentido do uso de Política de Instrumentos 
Econômicos (IE)- cobrança de taxas, incentivos, créditos e a livre negociação-, 
pressupondo o mercado como o Locus ideal para a resolução dos problemas 
ambientais. Há ainda uma posição considerada como intermediária, que consiste 
no uso de regulação com instrumentos econômicos. 
Este cenário, por outro lado, reforça o debate suscitado pela importância 
crescente das Reservas Extrativistas (RESEXf, não só como proposta baseada 
nos princípios da sustentabilidade mas, sobretudo, pelas suas especificidades: 
proposta de preservação com a presença do homem e, como fruto de um 
movimento político dos seringueiros acreanos, em resposta à tentativa de 
expropriação da terra e ao processo de derrubada da floresta. 
O objetivo desta tese é refletir, a partir de uma experiência concreta - no 
caso a reserva extrativista Chico Mendes -, qual a política ambiental mais 
adequada à conservação da floresta Amazônica ou, em termos genéricos, à 
conservação de uma floresta tropical de um país em desenvolvimento. 
Trabalha-se com a hipótese de que as RESEX, como fruto de uma luta 
política e social dos movimentos locais, podem ser consideradas como uma 
alternativa à criação de reservas de cunho preservacionistas, definindo um novo 
paradigma de regulação ambiental. Não se pretende afirmar com isto que as 
RESEX devam ser consideradas como modelo de desenvolvimento sustentável da 
Amazônia, mas como uma experiência que pode ser replicada, visando ao 
desenvolvimento sustentado do meio rural amazônico ou outras áreas de floresta 
tropical úmida. Isto, principalmente, tendo em vista as múltiplas dimensões que a 
2 A partir deste momento quando aparecer a sigla RESEX, entenda-se Reservas Extrativistas. 
3 
constituem, o que consolida este projeto como uma experiência inovadora de 
conservação da florestatropical. 
Considera-se, então, o pressuposto de que as reservas representam uma 
forma específica de organização social da produção - isto entendido de uma 
forma ampla -, que comporta desde o processo de trabalho até a gestão 
comunitária da produção, conformando uma política ambiental peculiar, misto de 
uso de instrumentos econômicos e comando e controle . 
Para tratar desta questão, parte-se do princípio que as Reservas 
Extrativistas representam algo mais amplo e complexo, que não se confunde com 
o extrativismo da borracha, entendido como uma atividade econômica. Está-se a 
enfatizar, na verdade, a necessidade de estabelecer novos conceitos de forma a 
dar conta desta complexidade. Afinal, o que são as reservas? Uma forma peculiar 
de ocupação e uso da terra? Uma forma específica de organização da produção? 
Uma política ambiental? Ou uma unidade de conservação pura e simples? A 
Resex, na verdade, como uma política ambiental baseada nos princípios da 
sustentabilidade, só pode ser compreendida quando vista em seu conjunto de 
múltiplas determinações. De qualquer forma, é insuficiente, por ser genérico, 
afirmar que as RESEX representam uma proposta mais ampla envolvendo a forma 
e o uso da terra e a organização da produção em condições de sustentabilidade, 
até porque a organização da produção, tamanha a diversidade com que ocorre na 
realidade da reserva, dificulta uma afirmação ampla, tal como freqüentemente 
acontece. 
Da mesma forma, consideram-se insuficientes as abordagens reducionistas 
que tratam a reserva a partir de uma disjuntiva, tanto as que a consideram um 
modelo de desenvolvimento sustentável da Amazônia, quanto as que a tratam 
como um obstáculo ao desenvolvimento ou uma proposta economicamente 
inviável. Assim posto, estas abordagens, de certa forma, reintroduzem o trade-off 
entre crescimento e preservação no âmbito da reserva. 
Na verdade, convém admitir desde logo que as reservas não são um 
espaço produtivo homogêneo. Uma reserva são "muitas", poder-se-ia afirmar. 
Evidenciar esse conjunto de especificidades, sobretudo desvendando os 
4 
mecanismos de dinâmica econômica é fundamental para o entendimento do papel 
da reserva, principalmente no âmbito da discussão do desenvolvimento 
sustentável. 
Da mesma forma, mais especificamente, admite-se a possibilidade de que o 
controle da ocupação e a forma de uso da terra, apesar de fundamental, não são 
suficientes para garantir a conservação e uso sustentável da floresta. Para a 
compreensão desta trajetória, é necessário entender a dinâmica da economia do 
extrativismo, no núcleo do processo de produção e, principalmente, a participação 
e o papel do progresso técnico, a diversificação da produção e a gestão do 
processo produtivo, os quais, supõe-se, podem vir a constituir as bases da 
sustentabilidade da reserva extrativista. 
Trata-se, em última instância, de "inventar'' uma nova economia - o que 
chamaremos aqui de "economia da floresta"-, cuja base consiste na superação do 
trade-off entre crescimento econômico e preservação e sua transformação em 
sinergia econômica. 
A tese está estruturada em 7 capítulos. Nos dois primeiros, procurou-se 
mostrar que o entendimento das RESEX conduz à apreensão das determinações 
complexas entre a economia e o meio ambiente, pela suposição de que não é 
possível compreender suas diversas e complexas dimensões, apartadas de uma 
problemática mais ampla. Isto implica recuperar trajetórias, cujas bases teóricas 
ficaram mais evidenciadas num movimento que procura analisar teoria e objeto de 
análise num processo relaciona!. A discussão conceitual, portanto, tornou-se 
imperativa para que a compreensão das RESEX fugisse aos "lugares-comuns" e 
permitisse estabelecer nexos entre a proposta - com seu núcleo fundamental, que 
é a noção de sustentabilidade - e sua dimensão no espaço do desenvolvimento 
regional. 
Já nos capítulos 3 e 4, o movimento efetuado objetivou a construção do 
conceito de RESEX a partir da formação da economia extrativista da borracha. 
Para tanto, se procurou apreender as especificidades do processo de ocupação 
do espaço territorial acreano, em que a forma de acesso e o uso da terra são os 
elementos que fundam as bases dos atuais processos produtivos da região. É a 
5 
partir desse estudo que é possível compreender os determinantes que possibilitam 
as RESEX se estruturarem como uma ruptura às práticas sociais do seringalismo 
tradicional. Portanto, é na economia gumífera que são criadas as condições 
fundamentais para a criação das RESEX. 
Ao buscar os fundamentos da RESEX, na forma e dinâmica da estruturação 
dos processos produtivos, visando a entender esta proposta como decorrência de 
um particular processo de ocupação, o que se pretende é redimensionar este 
conceito, de forma a evitar o equívoco de considerá-la uma proposta de 
desenvolvimento sustentável, capaz de, por si só, alavancar o desenvolvimento 
regional. Com isto, recupera-se a proposta original, cujo núcleo consistia da 
articulação da dimensão conservacionista com a melhoria das condições de vida 
das populações extrativistas. 
Nos capítulos 5 e 6 tratou-se de entender a dinâmica econômica do 
extrativismo, a partir da análise de alguns indicadores, principalmente renda e 
custos de produção. Para tanto, considerou-se a RESEX Chico Mendes como um 
estudo de caso que possibilitasse apreender a estrutura econômica das RESEX 
como um todo. Para esta análise, considerou-se como básico o conceito de 
sistema de produção, pois o mesmo permite entender a organização da produção 
das diversas famílias e suas estratégias de utilização e combinação dos recursos 
e tecnologia disponíveis nos seus processos produtivos. O seu uso permite, ainda, 
perceber como se organiza o processo de trabalho para a extração de produtos e 
a formação dos rendimentos. 
As fontes de dados para a elaboração destes capítulos foram, além dos 
dados bibliográficos, a pesquisa de campo efetuada pelo Departamento de 
Economia da Universidade Federal do Acre para a elaboração de um banco de 
dados denominada de "Análise Econômica dos Sistemas Básicos de Produção 
Familiar Rural no Vale do Acre" realizada entre maio 1996 e abril de 1997 e uma 
coleta de dados efetuada em julho de 2001, através de entrevistas com 
produtores, dirigentes sindicais, membros do Conselho Nacional dos Seringueiros 
e técnicos dos diversos órgãos que atuam na área tais como EMA TER, INCRA e 
IBAMA. 
6 
A utilização da base de dados referentes aos anos de 1996/97, não implica 
prejuízo às conclusões e inferências decorrentes da análise dos dados. O 
extrativismo sofreu poucas modificações nos seus elementos estruturadores ao 
longo dos últimos cem anos. Por outro lado, a profundidade e abrangência das 
informações representam um avanço, em face da precariedade ou inexistência 
das informações, principalmente as referentes à estruturação da renda e dos 
custos das atividades produtivas do meio rural acreano. 
O capítulo 7 retoma algumas das questões fundamentais tratadas ao longo 
do trabalho e discute outras, até então não abordadas. Tem-se nele, a pretensão 
de discutir um conjunto de propostas, notadamente as que se relacionam às 
incorporações tecnológicas visando ao incremento de produtividade, apontando 
para aquilo que, no início do trabalho, denominou-se de "invenção" de uma 
"economia da floresta", ou seja, a da ampliação das possibilidades em termos de 
viabilização e consolidação das RESEX. Nesta linha, encontram-se as propostas 
das "Ilhas de Alta Produtividade", manejo florestal, e criação de mercados para 
novos produtos, que conformam um conjunto de possibilidades e perspectivas 
para as reservas e, sobretudo, para o conjunto da economia acreana. 
7 
CAPÍTULO 1: CONTRIBUIÇÃO DA ECONOMIA À 
PROBLEMÁTICA AMAZÔNICA 
1.1 Introdução 
As últimas décadas podem ser consideradascomo decisivas para a 
consolidação de um pensamento de cunho preservacionista. Em que pese à 
complexidade dos temas ambientais não há como negar a existência de um 
relativo consenso em torno de uma idéia: as políticas públicas voltadas para o 
desenvolvimento da Amazônia não podem mais ignorar o desafio ambiental, 
expresso no aproveitamento das riquezas naturais baseado nos princípios da 
sustentabilidade. 
Neste quadro, a criação das Reservas Extrativistas assume relevância 
como proposta dos seringueiros acreanos, visando à conservação ambiental do 
espaço amazônico, definindo uma forma de uso da terra e regulação fundiária, isto 
principalmente pela repercussão que alcançou, seja no âmbito nacional ou 
internacional, ensejando um amplo debate cujo núcleo central é a definição de 
uma política ambiental que seja capaz de, ao mesmo tempo, conservar a floresta, 
possibilitar a equidade social e gerar renda. 
Num primeiro momento, é necessário contextualizar as RESEX no interior 
da discussão ambiental, na perspectiva analítica das diferentes formas 
interpretativas, pois sem este movimento, não ficam claros, pela impossibilidade 
de se estabelecer os nexos teóricos, as diferentes visões interpretativas, seja da 
questão ambiental ou mesmo pontualmente de urna política de conservação tipo 
RESEX. Esta contextualização permite apreender as diversas dimensões das 
reservas e seus nexos sociais para, então, conformar o quadro contendo os 
argumentos e interesses dos diversos atores que participam do embate ambiental. 
As RESEX possuem múltiplas dimensões, sendo que uma das mais 
importantes, por caracterizar a proposta, é a dimensão política. Neste sentido, 
8 
representou uma resposta específica das populações da floresta a uma ordem 
instaurada e estabelecida que se mostrava anacrônica. Decididamente, nem o 
velho extrativismo nem a nova ordem que o governo federal tentara implantar 
como um modelo de desenvolvimento regional baseado na pecuária, 
correspondiam aos anseios e perspectivas desse agrupamento sócio-cultural. Não 
é de estranhar, portanto, o encaminhamento ocorrido como a estruturação de um 
movimento de resistência a esta ordem implantada, cujos reflexos sobre as 
populações que habitavam a floresta incidiam muito diretamente na posse da 
terra. 
Ao se recompor a trajetória das RESEX, vê-se que, num primeiro momento, 
os seringueiros tratavam de garantir direitos sobre a terra, o que não impediu a 
inclusão de outros elementos à luta política, para então conformar o quadro que se 
consolidou com a incorporação das lutas ambientais e o contato, como seria 
natural, com o movimento ambientalista internacional. 
A RESEX não foi construída apenas como urna resposta política alternativa 
a um determinado modelo de desenvolvimento regional mas, sobretudo, 
constituiu-se num movimento de resistência, em que a luta pela posse da terra era 
o elemento nuclear e unificador do movimento. Por outro lado, ao redefinir as 
relações sociais e culturais estabelecidas pela hegemonia do antigo seringalismo, 
estruturou uma dimensão social, que permite afirmar que esta proposta em geral, 
é uma reinvenção que supera os limites estreitos de uma simples atividade 
econômica, para se colocar como uma nova realidade cultural, um modo de vida, 
estabelecendo e redefinindo formas de apropriação e relação homem-natureza. 
Convém ressaltar, porém, que todas essas complexas relações que dão 
unicidade à proposta RESEX adquirem um outro sentido, mais amplo e colado às 
diversas propostas de desenvolvimento regional, quando vistas como parte da 
questão ambiental. Vê-se, então, não se tratar de uma questão pontual, nem 
tampouco simplista, mas sim de uma questão controversa dada a sua importância, 
notadamente no que se refere aos diversos e múltiplos interesses em jogo. 
9 
1.2 A Economia e o Meio Ambiente 
De uma perspectiva ampla, pode-se afirmar que existem duas grandes 
correntes na economia que abordam a questão ambiental: A primeira, denominada 
economia ambiental, tem seus fundamentos na teoria neoclássica e, portanto, 
constitui o mainstream por ocupar a posição hegemônica no pensamento 
econômico contemporâneo. Já a segunda, conhecida como economia ecológica, 
tem seus fundamentos teóricos e metodológicos baseados nas leis da 
termodinâmica. A relevância destas duas correntes reflete-se no conjunto de 
políticas públicas ambientais, sejam as definidas pelos diversos países e governos 
ou as definidas pelas diversas agências internacionais e nacionais, 
governamentais ou não. 
O que se pretende neste tópico é delinear o conjunto de aspectos 
fundamentais das duas escolas e com isto destacar os elementos estruturadores 
de ambas, de sorte que se possa perceber as diferentes apropriações do conceito 
de desenvolvimento sustentável e, portanto, da questão ambiental e, a partir daí, 
tratar da política ambiental, tentando apresentá-la de forma a contextualizar as 
Reservas Extrativistas. 
A inserção da problemática ambiental pelos neoclássicos ocorre a partir de 
alguns fundamentos cujos princípios gerais podem ser resumidos na concepção 
do mercado como um instrumento mais adequado para uma ótima alocação de 
recursos, na medida em que os agentes econômicos- firmas e consumidores-
procuram maximizar suas utilidades, tendo o preço como um indicador do grau de 
escassez relativa dos bens e serviços. O equilíbrio de todos os mercados leva a 
que se atinja o "ótimo de Pareto", situação em que os mercados, em condições 
perfeitamente competitivas, atingem o máximo de bem-estar sociaL 
Neste modelo, o meio ambiente apesar de participar do sistema econômico 
é considerado externo ao mercado. Daí que os bens e serviços ambientais, 
dependendo de sua forma de inserção ao processo produtivo, sejam considerados 
externalidades. Neste sentido, os problemas ambientais considerados 
externalidades negativas, são vistos como falha de mercado que exigem correção, 
10 
o que implica precíficar os danos garantindo que os processos ocorram no âmbito 
do mercado. 
A especificidade dos problemas ambientais, considerados a partir da 
interação da natureza com o sistema econômico, define duas abordagens distintas 
ainda no âmbito da economia ambiental dividindo-a em economia da poluição e 
economia dos recursos naturais. A primeira, neste sentido, é decorrente da 
constatação de que a economia despeja os dejetos, de forma geral, no meio 
ambiente, enquanto que o uso dos recursos naturais, ou bens ambientais define a 
abordagem da economia dos recursos naturais, também conhecida como 
economia dos inputs. Estes processos ficam mais claros se evidenciarmos como 
centrais os conceitos de exterioridade e temporalídade como propõe Amazonas 
(1994). É possível, então, entender o mecanismo lógico de inserção dos danos 
ambientais aos marcos da economia neoclássíca. Os bens ambientais, por serem 
públicos, não são passíveis de terem seus preços determinados pelas 
preferências individuais e, dessa forma, o mercado desses bens não se constitui. 
Isto é possível e lógico por se considerar o meio ambiente como externo ao 
mercado (Norgaard, 1997). As externalidades, assim, se configuram no conceito 
básico para a valoração dos bens ambientais, isto na medida em que "surgem 
quando o consumo ou a produção de um bem gera efeitos adversos (ou 
benéficos) a outros consumidores e/ou firmas e estas não são compensadas 
efetivamente no mercado via sistema de preços" (Motta, 1990, p. 113). 
A degradação ambiental, qualquer que seja a forma assumida, constituí 
caso típico de externalídade negativa, embora o caso clássico seja mesmo a 
poluição. A compensação representaria a ínternalização dos danos. O fato é que 
a insatisfação decorrente do dano ambiental é considerada como falha do 
mercado, porque o mecanismo de preço não terá sido capaz de restabelecer o 
nível de otimização. Visto assim,fica evidente que a solução para o problema é 
criar mercado, via atribuição de valor à queda de satisfação recompondo as 
premissas da maximização da utilidade e maximização dos lucros. 
Uma vez recomposto o equilíbrio, através da correção da falha de mercado, 
cessa a preocupação com o ambiente. Neste caso, por suposto, é irrelevante o 
11 
nível de poluição desde que os agentes envolvidos, através do mercado, 
expressem sua satisfação. Seguindo esta linha de raciocínio, a poluição, como 
externalidade negativa, é internalizada quando os custos marginais de controle 
são iguais ao custo marginal de degradação ambiental, caracterizando o ótimo de 
poluição como o ponto em que, mesmo existindo poluição, esta é socialmente 
aceita. 
A figura 1, permite vislumbrar melhor a base analítica exposta de correção 
das externalidades negativas. O ponto y corresponde ao ponto ótimo de poluição, 
ou seja, ao novo nível de equilíbrio, considerado onde LPML (lucro privado 
marginal liquido) é igual ao CEM (custo externo marginal) este agora acrescido do 
valor atribuído ao dano ambiental na margem. Considera-se que neste ponto 
ainda ocorre poluição, só que em níveis socialmente aceitáveis, enquanto o 
poluidor maximiza seus lucros nas novas condições. 
Figura 1 - Definição Econômica de Poluição Ótima 
Fonte: Pearce e Tumer (1991, p. 89) apud Almeida (1998) 
12 
Na abordagem da economia dos recursos naturais ou exploração das 
matérias primas - ao contrário da economia da poluição em que as externalidades 
ocupam posição mais evidente, porque imediata ao processo produtivo -, estas 
não são detectadas de imediato ou sequer dimensionadas face ao 
desconhecimento científico. Em decorrência, os custos sociais resultantes dos 
danos ambientais, são distribuídos no tempo e no espaço como legados às 
gerações futuras. 
A questão fundamental da economia dos recursos naturais, seguindo a 
ótica microeconômica, reside na especificidade dos recursos naturais: como o 
agente econômico aufere lucros a partir de sua extração e o aumento progressivo 
da escassez acarreta aumento dos preços, o agente se depara com o dilema de 
extrai-lo hoje ou em um momento futuro. Assim, a quantidade ótima a ser extraída 
ao longo do tempo, deve ser calculada a partir de dois conceitos básicos: o custo 
de oportunidade, visto como a segunda melhor opção de utilização alternativa de 
um capital e a taxa de desconto para o cálculo do valor presente do uso do capital. 
No caso dos recursos renováveis, estes dois conceitos em conjunto e 
comparativamente permitem o cálculo do "nível ótimo de extração", que 
corresponde às quantidades ótimas a serem extraídas ao longo do tempo. Quanto 
aos recursos exauríveis, o preço do produto deverá ser igual à soma do seu custo 
marginal de extração e seu custo de oportunidade. É este o processo de inserção 
e resolução do problema ambiental, no qual prevalece a lógica de mercado e o 
preço expressa a vontade coletiva e regula a alocação ótima dos fatores de 
produção. 
A respeito dessa questão há que se assinalar que isto, na verdade, 
representa um movimento mais amplo de releitura e incorporação dessas 
questões aos marcos analíticos de corte neoclássico. Um exemplo que bem ilustra 
essa forma de apropriação é a maneira como é abordado o conceito de 
desenvolvimento sustentável. 
Este conceito elaborado no âmbito das discussões ambientais, mais 
especificamente nas discussões sobre o modelo de desenvolvimento vis a vis à 
degradação ambiental, estruturou-se baseado em três preceitos normativos - na 
13 
eficiência econômica, equidade social e prudência ecológica -, que devem ser 
vistos como um todo. Contudo, sob o argumento de que o conceito como um 
conjunto de princípios que visa em última instância, o bem estar da sociedade, 
para a economia convencional repõe a idéia de otimização de Pareto, 
principalmente através das duas primeiras condições. 
A este respeito, pode-se afirmar que há um alto grau de concordância entre 
diversos autores neoclássicos ao considerar semelhantes o princípio de eficiência 
econômica - tal como formulado no conceito de desenvolvimento sustentável - e 
a idéia paretiana de que seja assegurada a manutenção do bem-estar social 
(Mueller, 1999). Posto desta forma, tem razão Beckerman3 (1993), que não vê 
sentido neste conceito, uma vez que supostamente o aparato conceitual 
neoclássico daria conta das questões propostas. 
Esta talvez configure uma posição mais extremada, na medida em que se 
nega a perceber as especificidades e as necessidades do mainstream economics 
dar conta das novas questões derivadas das restrições ambientais. Ainda no seio 
da economia convencional, uma postura menos radical tende a considerar a 
sustentabilidade como uma restrição ao crescimento econômico. Nesta 
abordagem, em que se abstrai o ambiente, o sistema econômico pode ser 
representado como um sistema linear 
P-7C-7U 
......._K 
em que P, implica a produção de bens de consumo C e bens de capital K, por seu 
lado, bens de capital implica em consumo futuro que é responsável pela criação 
de utilidades ou bem estar. 
Ao considerar a incorporação do ambiente no sistema econômico, em que 
R passa desempenhar as funções de supridor de inputs para o funcionamento do 
sistema econômico, a nova representação passa a ser a seguinte: 
R-7P-7C-7U 
3 Para este autor o conceito de desenvolvimento sustentável não apresenta nenhuma novidade 
analítica, pois o conceito neoclássico de otimização é suficiente para abordar e resolver os 
problemas econômicos e ambientais. 
14 
O novo fator R ao ser incorporado, resulta em uma restrição para se atingir 
o "ótimo de Pareto". Como bem assinala Solow (1974), a hipótese de otimização 
requer que U não seja declinante, ou seja, que ele se mantenha constante. 
A perspectiva de crescimento sustentável - o que implica em estoques de 
capital não declinantes, ou mesmo substituição suficiente entre o capital 
"ambiental" e capital "fabricado" -, fica mais claro se representado por uma outra 
função: W = W (K,E)4, em que o bem estar futuro (W) em cada período de tempo é 
função do estoque de capital fabricado (K) e capital ambiental (E). Para que ocorra 
o desenvolvimento sustentável a primeira condição, como já referido, é que o valor 
de W não possa declinar, o que implica em que os estoques de ambos capitais (K) 
e (E), não sejam declinantes ou haja substituição de capital ambiental por capital 
fabricado na mesma proporção. Esta condição pode ser representada por: -qôE !> 
.iK onde q é o preço sombra do capital ambiental - o preço que existiria se estas 
funções se realizassem de forma ótima no mercado -, e .iE e .iK expressam as 
modificações ao longo do tempo. Dessa forma, isto significa que, o valor da 
exaustão ambiental não pode exceder o valor do investimento liquido em capital 
fabricado. De qualquer forma, a equação mostra que se E declina haveria perda 
de bem estar. Para que isto não ocorra, o preço sombra q deverá crescer para 
expressar os custos sociais dos danos ambientais no mercado que por sua vez 
devem também crescer, significando que os preços refletem o grau de escassez 
relativa dos bens ambientais. 
A substituição de capital ambiental por capital fabricado se põe, assim, 
como a questão fundamental. Para alguns neoclássicos é possível um elevado 
grau de substituição entre os capitais, ocasionado pela elevação da eficiência 
decorrente do progresso tecnológico. 
Diante do exposto, resta concluir que o crescimento econômico na 
perspectiva do desenvolvimento sustentável, para o mainstream depende de um 
alto grau de substitubilidade entre os capitais ambientais e fabricados. Uma outra 
alternativa seria o incremento dos custos dos danos ambientais, devidamente 
15 
internalizados e crescentes para refletir o custo - sombra dos danos ambientais. 
Ainda assim,na lógica do mainstream isto resultaria no desenvolvimento e difusão 
de tecnologias capazes de induzir um crescimento sustentável. 
Os principais problemas da economia convencional, cujos fundamentos 
estão baseados na microeconomia, para dar conta da problemática ambiental 
ocorrem, em grande medida, devido às limitações teóricas e epistemológica, o que 
contribui para a incapacidade da mesma em oferecer respostas adequadas aos 
problemas ambientais. 
Apesar de sua hegemonia, principalmente na questão ambiental, a 
abordagem, já de início, ao considerar a economia um sistema total, define um 
espaço restrito de análise por desconsiderar a relação entre economia e meio 
ambiente em sua complexidade. Esta restrição terá implicações em toda estrutura 
teórica do mainstream e será objeto de muitas críticas, entre elas a que considera 
a economia um subsistema do meio ambiente "e depende dele tanto como fonte 
de insumos de materiais como depósito para o lançamento da produção de 
resíduos" formulada por Daly (1996, p. 6). 
Duas implicações imediatas devem ser consideradas. A primeira é que, ao 
incorporar o meio ambiente na análise econômica desta maneira, reconhece-se 
que este interage de forma positiva com a economia ao regenerar os insumos e 
absorver os resíduos dentro dos limites da capacidade de suporte da natureza. 
Nesta perspectiva, a questão é remetida à discussão quanto à escala de uso dos 
bens ambientais, ao contrário da economia convencional que ignora, por 
considerar irrelevante, os limites naturais à exploração econômica. Por outro lado, 
isso reforça a idéia que a economia convencional tem da questão ambiental como 
um problema de alocação intertemporal de recursos entre consumo e investimento 
(Romeiro, 2001 e Amazonas, 1994). 
A questão ambiental para a economia convencional pode ser resolvida da 
seguinte maneira. Para os casos de poluição ou uso dos serviços ambientais, 
como recursos hídricos e ar, que não possuem mercados por serem bens públicos 
e, portanto, não há a definição clara de propriedade, a política ambiental, refletindo 
4 Esta parte está baseada em Almeida (1998, p. 21 e seguintes). 
16 
ação coletiva, deve ser direcionada no sentido da correção das falhas de mercado. 
Para a extração de recursos naturais, cujo problema é de outra natureza, supõe-
se que o preço como índice do grau de escassez relativa sinalizaria para a 
proximidade do esgotamento destes bens, com o seu aumento. A economia 
ambiental, na verdade, supõe que a possibilidade de esgotamento dos recursos 
naturais é improvável por dois motivos. Primeiro, pelo alto grau de substitubilidade 
dos fatores de produção. Capital, trabalho e recursos naturais tenderiam a ser 
usados em magnitude adequada de forma que a escassez de um implicaria maior 
uso de outro. E, em não havendo limites nem escala para o processo de 
substituição, tampouco, a base analítica exposta de correção das externalidades 
negativas considerar-se-ia a possibilidade de irreversibilidades na exaustão 
ambiental dos bens. Em segundo lugar, há o pressuposto de que a tecnologia é 
capaz de não apenas resolver o problema de declínio da produtividade dos fatores 
como de ajustar a escala de uso dos recursos. 
A crítica de que o cálculo do valor das perdas com base na preferência dos 
consumidores é improvável, na medida em que se requer um amplo conhecimento 
da importância dos bens em questão, pode ser estendida à abordagem da 
economia dos recursos naturais, cujo problema de geração de externalidades 
negativas não ocorre de imediato, pois os custos "são dispersos no tempo e no 
espaço às gerações futuras" (Amazonas, 1994, p. 58). 
Isto traz à tona a discussão. da finitude dos recursos naturais e, 
concomitantemente, uma questão de suma importância: os danos ambientais em 
sua maioria são processos irreversíveis. Uma vez ocorrido não mais é possível 
retroceder no tempo para evita-los. O tempo, ao ser relevado pelos neoclássicos, 
acaba por fragilizar o conteúdo teórico desta escola, pelo desconhecimento 
presumível da degradação irreversível de certos recursos naturais. A perspectiva 
de escassez que, na lógica da economia ambiental, aponta para a criação de 
mercados para os bens exauríveis e, em decorrência, resultaria em um uso 
comedido do produto, mostra-se irreal pois nada garante o surgimento dos 
mercados antes que o recurso seja extinto ou esgotado, o que ressalta a 
17 
inexistência de um comportamento altruístico de solidariedade com as gerações 
futuras. 
Por outro lado, isto impacta fortemente a hipótese já referida, que é a 
perfeita substituição dos recursos (Romeiro, 2001 ). Os recursos ambientais não 
são substitutos perfeitos, como quer o mainstream. Todas estas considerações 
assinalam que as tentativas de internalização dos danos ambientais, via 
mecanismos econômicos, ressaltam a incompatibilidade entre a fundamentação 
teórica e a complexidade dos processos ambientais. 
A Economia Ecológica e outras abordagens alternativas, como as 
evolucionistas e institucionalistas, apesar de suas especificidades, guardam pelo 
menos um aspecto em comum: a insatisfação com a abordagem neoclássica dos 
problemas ambientais. 
A forma de análise dos institucionalistas é fundada no papel que as 
instituições, entendidas amplamente como organizações, sistema institucional e 
relações de poder, desempenham nos processos econômicos. Ao adotar a 
concepção filosófica holística para dimensionar os problemas em sua totalidade, 
estes ampliam sobremaneira seu campo de análise incluindo as trajetórias 
tecnológicas, os processos históricos, a organização social e a cultura. Neste 
sentido, ao tratarem a questão ambiental, dispõem de uma interpretação mais 
realista, na medida em que não reduzem a questão ao âmbito do mercado, por 
considerarem os problemas ambientais de uma complexidade que envolve 
aspectos físicos, sociais, políticos, econômicos e culturais, exigindo uma visão 
multidimensional e multidisciplinar. No contexto da complexidade, consideram 
ainda relevantes os custos de transação, as incertezas do futuro e, principalmente, 
a possibilidade de irreversibilidade das perdas dos bens ambientais na exploração 
econômica de determinados produtos ou espécies. 
A crítica mais pertinente à visão institucionalista decorre exatamente da 
amplitude com que abordam os problemas, o que impede a consolidação de um 
corpo teórico amplo capaz de estabelecer leis gerais. Como resultado os 
institucionalistas são levados a tratar cada caso como um caso específico. A base 
conceitual dos evolucionistas é a crítica à forma como os neoclássicos tratam a 
18 
-tecnologia no sistema econômico. Esta é considerada um conjunto de 
conhecimentos sobre o processo produtivo que ocorre no contexto das firmas em 
diferentes proporções, conforme a combinação de fatores. Para Schumpeter 
(1984), a dinâmica econômica decorrente do processo concorrencial determina 
como crucial a busca por lucros extraordinários, o que ocorre pela introdução de 
inovações tecnológicas que, por sua vez, serão responsáveis por desequilíbrios e 
incertezas no mercado. Por outro lado, os evolucionistas consideram as inovações 
tecnológicas o conceito chave para os problemas ambientais, na medida em que 
acreditam que o progresso técnico promove a elevação da eficiência produtiva, 
contribuindo para a superação de limites da natureza substituindo produtos que 
dependem de recursos em vias de exaustão. 
Como decorrência desses fundamentos teóricos, os evolucionistas propõem 
que a política ambiental seja exercida através de incentivos econômicos e/ou 
políticas do tipo comando e controle. Isto pressupõe a presença do Estado, que 
deve se responsabilizar por uma política de inovações tecnológicas de produtos e 
processos e, com isso, superar as restrições ambientais. 
Já a economia ecológica surge no bojo da questão ambientale sua 
importância como temática presente na agenda do debate mundial nasce nos 
anos 1970, a partir da convicção de que era viável e necessário pensar na 
compatibilidade entre desenvolvimento econômico e preservação ambiental. 
Inicialmente esta concepção se expressa através do conceito de 
Ecodesenvolvimento. Esta visão cuja base é o desenvolvimento econômico com 
preservação ambiental adquire sua forma mais acabada no conceito de 
desenvolvimento sustentável consolidado no relatório Brundtland de 1987 (Nosso 
Futuro Comum, 1991). 
A economia ecológica procura se distinguir da economia convencional 
através da percepção do problema ambiental estabelecendo importância a inter-
relações entre a economia e o ambiente. Neste sentido, constitui um campo 
transdisciplinar relacionando as diversas questões entre sistema econômico e 
ecossistemas (Costanza,1996, p. 3). 
19 
Esta particular visão de mundo, ao contrário da anterior, entende a relação 
entre o meio ambiente e a economia, como uma relação em que a economia 
constitui um subsistema do meio ambiente, interagindo e dependendo dele em 
dois sentidos: como fonte de matérias primas (insumos) ou como depósito para os 
resíduos, conforme já enfatizado (Daly, 1996). 
Esta visão da economia como um subsistema do meio ambiente constitui a 
pedra angular nas formulações da economia ecológica sobretudo por ser ponto de 
partida e base para a crítica à economia convencional que considera a economia 
um sistema fechado ou total. Outro fundamento da economia ecológica é 
resultado, em grande medida, de considerar a economia um sistema aberto em 
que são incorporados valores éticos e a solidariedade. Não é sem motivos que o 
conceito de desenvolvimento sustentável é solidamente apoiado nesses princípios 
inexistentes na economia ambiental. 
Dessa forma, o princípio da sustentabilidade - eficiência econômica com 
justiça social e prudência ecológica - impôs-se como princípio norteador de uma 
nova forma de relação do homem com a natureza e passou a estar presente em 
todos os fóruns e debates a respeito do desenvolvimento econômico. 
As raízes da economia ecológica podem ser determinadas na obra seminal 
de Georgescu-Roegen5, que incorpora no debate as leis da termodinâmica como 
relevante para edificar a base conceitual. A primeira lei da termodinâmica, que 
trata da conservação da matéria, estabelece o princípio de que o homem não 
pode criar nem destruir a matéria ou a energia, tão somente transformá-la. Já a 
segunda lei, visto de uma forma simplificada, assinala que nos processos de uso 
da energia ocorre uma transformação da energia livre, portanto disponível, em 
energia presa ou não - disponível. A partir da observação deste processo em que 
há perda de qualidade na utilização da energia, Roegen conclui ser este evento a 
mais econômica das leis físicas, haja vista tratar-se de um fenômeno de escassez. 
5 Refiro-me a "The Entropy /aw and the Economia ProcesS', obra em que Roegen elabora sua 
teoria de que os processo econômicos deveriam levar em conta os fluxos de energia, ao invés de 
se restringir ao fluxo circular de mercadorias entre firmas e consumidores. Assim, a partir da lei da 
entropia, incorpora-se as idéias de irreversibilidades e limites, considerando a economia como sub-
sistema da natureza. Isto abala os alicerces analíticos da economia convencional, notadamente a 
idéia de substituição perfeita entre fatores de produção. 
20 
Ao perceber que a economia convencional limitava seus estudos aos fluxos 
de matérias, Georgescu-Roegen argumenta que é necessário incorporar o estudo 
dos fluxos de energia, principalmente a segunda lei da termodinâmica. Para o 
autor, é contraditório que mesmo após estes dogmas mecanicistas terem perdido 
a sua supremacia na física e seu domínio na filosofia, continuem servindo como 
paradigmas para as teorias econômicas (Georgescu-Roegen, 1989, p. 61). Como 
decorrência, assinala Roegen, os livros-textos de economia continuam 
representando os processos econômicos como um movimento pendular entre a 
produção e o consumo em um sistema fechado. 
Em verdade, o funcionamento do ciclo econômico baseado nos supostos do 
mercado, como melhor alocador de recursos em concorrência perfeita, 
configurando o ótimo de bem estar social, parece confirmar a idéia de que em 
concorrência perfeita todos os agentes ganham e, com isto, a complexa relação 
entre a economia e o meio ambiente, principalmente os danos decorrentes dos 
processos produtivos, ficam negligenciados. 
Ao sugerir que a economia considere os processos econômicos como 
fluxos de matéria-energia, o que concretamente Georgescu-Roegen faz é romper 
com a idéia de que a economia é um sistema fechado e auto-sustentado. Na 
perspectiva de considerar os fluxos de energia, ou mais apropriadamente entropia, 
passa a ser relevante a interação do meio ambiente com a economia, 
notadamente os danos ambientais decorrentes do uso de recursos naturais e a 
absorção de dejetos e resíduos pela natureza. 
Propõe que os economistas considerem como relevante a segunda lei da 
termodinâmica "que especifica que a entropia (isto é, a quantidade de energia não 
disponível) de um sistema fechado acusa incrementos contínuos de forma que um 
sistema mais ordenado se transforma progressivamente em um sistema mais 
desordenado" (Georgescu-Roegen, 1989, p. 61). O relevante no processo de 
utilização de energia, conforme ressalta Roegen, é que há uma perda na 
qualidade desta ao passar de um estado de baixa entropia para alta entropia. 
A lei da entropia ampliou a possibilidade de incorporação de novas 
interpretações, por considerar que num sistema fechado ocorre incremento 
21 
contínuo de transformação de energia de um sistema ordenado para um sistema 
progressivamente mais desordenado. O uso de recursos naturais na economia, 
considerando o meio ambiente como suporte material, nada mais é do que a 
transformação de baixa entropia em alta entropia, da mesma forma que a 
capacidade de absorção do ambiente é limitada face ao despejo de alta entropia 
decorrente da atividade produtiva. Dessa forma, a economia ecológica busca a 
sustentabílidade negando que os danos ambientais possam ser reparados por 
processos de internalização, como propõe a economia ambiental, bem como 
reconhece a importância e os limites da tecnologia na resolução destes 
problemas. O fundamental, a partir dos princípios da sustentabilidade, é a 
incorporação de valores éticos, como a preocupação com as assimetrias sociais 
entre gerações e nações, na formulação das políticas ambientais. 
Note-se que a partir da contribuição de Roegen dão-se dois grandes 
passos. O primeiro, já enfatizado, é considerar a economia como parte de um 
sistema, no caso o ambiente, e o segundo é inserir a questão da finitude e 
irreversibilidades dos danos de alguns bens ambientais no debate. 
Dessa forma, o argumento neoclássico de que o capital pode ser 
substituído ad ínfinitum fica totalmente comprometido pela sua total irrealidade. 
Não é verdade que o progresso técnico permite a total substitubilidade dos bens 
de capital. A importância do progresso técnico persiste na medida em que 
contribuí para a elevação da produtividade, mas não resolve o problema da perda 
de qualidade da energia, conforme estabelece a lei da entropia. Assim o 
argumento da sustentabilidade fraca proposto por Solow (1974), em que o estoque 
de capital (KT) permanece constante ao longo do tempo, pressupondo que o KM 
(capital manufaturado) pela sua capacidade de substituir o KE (capital ambiental) 
poderia manter o capital total constante não é razoável. Por outro lado, não é 
razoável também supor como no argumento da sustentabilidade forte que o KN 
(capital natural) deve ser mantido constante, supondo existência da possibilidade 
de substituição por outra forma de capital manufaturado. 
O conceito deEcodesenvolvimento, segundo Romeiro, emerge como uma 
proposição conciliadora "onde se reconhece que o progresso técnico efetivamente 
22 
relativiza os limites ambientais, mas não os elimina e que o crescimento 
econômico é condição necessária, mas não suficiente para a eliminação da 
pobreza e disparidades sociais" (Romeiro, 1999, p. 3). Conclui que a aceitação 
dos princípios do desenvolvimento sustentável, ou seja, "a proposição de que é 
necessário e possível intervir e direcionar o processo de desenvolvimento 
econômico de modo a conciliar eficiência econômica, desejabilidade social e 
prudência ecológica passa a ter uma aceitação generalizada" (Romeiro, 1999, p. 
3). A questão das controvérsias, portanto, fica circunscrita à esfera da intervenção. 
A dificuldade decorre das diferentes interpretações e receituários de como intervir 
na realidade. 
Assim, a economia ecológica se estrutura conformando campo analítico 
próprio para pensar as relações entre o sistema econômico e suas relações com o 
meio ambiente, baseado nos conceitos biofísicos-ecológicos (bioeconomics). 
Nesta linha de raciocínio, Romeiro (2001) resume bem a questão ao afirmar que o 
problema da economia política da sustentabilidade deve ser visto "como um 
problema de distribuição intertemporal de recursos naturais finitos, o que 
pressupõe a definição de limites para seu uso (escala)" (p. 2). 
Só estes fatores, - distribuição e escala - acrescidos do papel da tecnologia, 
já são suficientes para deixar clara uma distinção na abordagem do conceito de 
desenvolvimento sustentável. O discurso sobre a questão ambiental, tal como 
emerge de Estocolmo em 1972, redefine de forma dramática o conceito de 
modernidade decorrente do padrão de acumulação capitalista. Como assinala 
Sachs (1986), definiu-se uma linha intermediária na disjuntiva entre aqueles que 
defendiam um crescimento zero, dado à perspectiva de esgotabilidade dos 
recursos naturais, e os economistas que relevam os danos ambientais, 
encarando-os como meros desajustes ou inexistência de mercado. 
A concepção de sustentabilidade, que emerge entre as duas posturas 
anteriores, na verdade anula o trade-off entre desenvolvimento e preservação 
ambiental. Mais do que isto: frente à impossibilidade de generalização dos 
padrões de desenvolvimento e de consumo dos países desenvolvidos, esta 
concepção questiona seriamente a idéia de progresso ancorado numa apropriação 
23 
predatória da natureza. Por outro lado, crítica as assimetrias sociais, quer entre 
países, quer entre segmentos sociais no mesmo espaço regional. Por fim, 
estabelece como fundamental o princípio da prudência ecológica, na perspectiva 
de resguardar o patrimônio ecológico para usufruto das gerações futuras. 
Daí a importância dos fundamentos éticos, principalmente a solidariedade, 
pois deles não só se estruturam os arcabouços teóricos mas, sobretudo, definem-
se as posturas normativas contidas no conceito de desenvolvimento sustentável e 
formulações político derivadas. 
Como decorrência desse debate, parece claro que as crises ambientais 
expressam uma crise de caráter mais geral, que representa o esgotamento de um 
modelo cívílízacional. Nesse contexto, se as crises desvelam o caráter anacrônico 
e contraditório do atual processo de desenvolvimento, torna-se necessário 
desvelar a crise ambiental, o que implica considerar as visões que 
consubstanciam os movimentos de estruturação social tão relevantes quanto às 
exterioridades das crises. Dito de outra forma, entender o caráter das crises 
requer discutir o papel da natureza, não só nos processos produtivos mas, 
sobretudo, as dimensões políticas e sociais como elementos importantes e 
estruturadores dos processos civilizatórios. 
De qualquer forma, a idéia de que estas crises, de caráter global ou local, 
expressam uma crise mais geral, que aponta para o esgotamento de um modelo 
civilízacional não só desvela e questiona os padrões atuais de consumo e 
produção, mas delimita o papel crucial que o desafio ambiental representa no 
questionamento do atual processo civilizatório (Guimarães, 1998, p. 53). 
Alguns autores, ao pensar a questão ambiental como decorrente de um 
processo histórico, posto que estruturada a partir de uma visão antropocêntrica, 
que remonta ao iluminismo, parecem estabelecer os marcos corretos da 
delimitação do problema. Com efeito, é fato já evidenciado por vários historiadores 
que o Iluminismo, no século 17, representou um repensar não só dos valores 
sociais mas também um avanço das ciências e dinamismo tecnológico. No âmbito 
geral, a representação social, como expressão dos valores de participação e 
cidadania, consolidou um contexto de ruptura do Ancien Régime para uma nova 
24 
sociedade. Na verdade, tratou-se de "inventar" uma nova estrutura de Estado em 
que foram contemplados os interesses das novas e emergentes classes sociais -
no caso a burguesia - e, mais importante ainda para os nossos propósitos, 
estabeleceu-se uma nova forma de apropriação na relação homem-natureza. 
A forma holística com que o conjunto de novos valores se consolidou, 
forneceu os elementos necessários á formulação dos princípios que dão base de 
sustentação a sociedade ocidental, tal como a conhecemos atualmente. Por outro 
lado, como elemento nuclear e subjacente a todos esses processos já referidos, a 
visão antropocêntrica daí derivada adquire na relação homem - natureza uma 
forma puramente antagônica. Paradoxalmente, a afirmação desta visão resulta em 
dois pólos distintos e opostos que negam, em conjunto, a possibilidade de uma 
sociedade baseada nos princípios da sustentabilidade, tal como referidos 
anteriormente. Posto assim, parece que as mudanças pontuais, novas posturas, e 
o crescimento da consciência ecológica, em muito contribuem para minorar os 
danos ambientais mas, todavia, não solucionam a questão de fundo. Fica evidente 
a necessidade de redefinir novos estilos de desenvolvimento, ou melhor ainda, de 
estabelecer como horizonte, na feliz expressão de Sachs, a passagem de uma 
civilização do "ter" para uma civilização do "ser" (Sachs, Apud Romeiro, 1999, p. 
14). 
A implementação de mudanças no jogo, tal como parece inevitável implica, 
por seu turno, em responder novas perguntas dentre as quais, por sua relevância, 
são as condições objetivas para essas mudanças. Para Romeiro, não só torna-se 
necessário que ocorram as ditas transformações, no sentido de se definir um novo 
estilo de vida de caráter civilizatório, bem como estas devem ocorrer 
diferentemente da transformação já referida, em que a superação das forças 
retrógradas, pela descentralização política acabou por gerar um imenso potencial 
de desenvolvimento das forças produtivas. A nova ruptura, em função da 
especificidade do desafio ambiental, não deveria ser um resultado aleatório, fruto 
de um jogo de correlações de forças políticas, mas uma ruptura cujas bases 
deveriam ser "ações conscientes em busca de soluções socialmente eficientes" 
(Romeiro, 1999, p. 7). Parece claro que o autor está a enfatizar que na trajetória 
25 
de busca de estruturação de um novo projeto de sociedade torna-se necessário, 
antes de tudo, aprofundar ainda mais a consciência ecológica, posto que será ela 
a variável fundamental na estruturação do que virá. Neste caso, talvez não seja 
adequado pensar em "mudanças no jogo", mas sim em inventar um novo jogo. 
1.3 O Conceito de Desenvolvimento Sustentável 
As três últimas décadas marcam, definitivamente, o surgimento da questão 
ambiental e sua importância como temática presente na agenda do debate 
mundial. Espraiou-se no mundo contemporâneo a preocupação com a 
preservação dos recursos naturais no sentido do manejo adequado do meio 
ambiente de sorte a permitir seu usufruto às gerações futuras. A sustentabilidade 
- crescimento econômico com justiça social e prudência

Continue navegando