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ESTADOS UNIDOS - A GUERRA DE SECESSÃO

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ESTADOS UNIDOS - A GUERRA DE SECESSÃO 
Em 1776, os Estados Unidos tornam-se o primeiro país livre da América, servindo de exemplo para 
que as demais colônias americanas também lutassem por sua autonomia diante das metrópoles 
europeias. A trajetória histórica norte-americana ao longo do século XIX, levou os Estados Unidos à 
condição de grande potência capitalista no início do nosso século. É essa trajetória que iremos 
estudar neste momento, lembrando, contudo, que após a independência dos Estados Unidos, as 
antigas colônias - atuais estados - do sul controlavam a vida política do país. A riqueza propiciada 
pelas exportações de algodão, produzido em grandes propriedades pela mão de obra negra escrava, 
garantia à aristocracia latifundiária sulista o predomínio sobre as decisões políticas no novo país. Os 
presidentes eleitos até meados do século XIX foram todos representantes dessa categoria social, 
bem como o Congresso americano por eles era dominado.
A região norte dos Estados Unidos mantinha sua tradição industrial, abastecendo de manufaturados o 
sul escravista e outras áreas latino-americanas. A produção industrial, porém, no início do século 
passado, era modesta e sofria a poderosa concorrência da indústria inglesa.
O processo de expansão para o Oeste americano alterou profundamente esse quadro, na medida em 
que favoreceu o fortalecimento econômico dos burgueses do Norte, os quais passaram a exigir uma 
maior participação na cena política do país. A rivalidade entre norte e sul gerou, em meados do 
século XIX, uma sangrenta guerra civil nos Estados Unidos, conhecida como Guerra de Secessão. 
Os resultados do conflito ajudam a entender o rápido desenvolvimento industrial norte-americano e 
sua ascensão como potência mundial.
A CONQUISTA DO OESTE
No início do século XIX, os Estados Unidos da América, antiga colônia inglesa que conquistara a 
independência em 1776, aparecia aos olhos europeus como o local das oportunidades, sobretudo a 
região norte, dotada de importante estrutura comercial e industrial. A imigração para os Estados 
Unidos nas primeiras décadas do século passado proporcionou um aumento extraordinário da 
população (em 1776, a população norte-americana beirava os 3,5 milhões de habitantes; em 1810, 
esse número saltara para 7 milhões).
Concentrada nos centros urbanos do norte do país, essa população em crescimento tornou-se 
excessiva e, até, perigosa, gerando a necessidade de ampliação territorial. Aos poucos, caravanas de 
pioneiros passaram a deslocar-se em direção ao oeste, dizimando a população indígena, 
conquistando e povoando as terras do interior, nas quais desenvolviam a atividade agropecuária ou 
mineradora.
A justificativa utilizada para a expansão territorial era a "doutrina do destino manifesto", segundo a 
qual, Deus escolhera os norte-americanos para conquistar e dominar os territórios entre o Atlântico e 
o Pacífico, justificativa essa que, mais tarde, já no século XX, seria utilizada pelos norte-americanos 
para interferir nas questões políticas latino-americanas, apresentando-se como legítimos guardiões 
da democracia.
As formas pelas quais os norte-americanos conseguiram expandir seu território foram a compra (em 
1803, a Louisiana foi adquirida à França por 15 milhões de dólares; a Flórida, em 1819, foi comprada 
aos espanhóis por 5 milhões; e o Alasca foi comprado à Rússia, em 1867, por 7 milhões de dólares); 
a diplomacia (em 1846, após negociações intensas, a Inglaterra cedeu aos Estados Unidos a região 
do Oregon, recebendo, em troca, áreas no Canadá); e a guerra, sobretudo a de 1848 contra o 
México graças a qual os Estados Unidos receberam, como indenização, os territórios do Texas, 
Califórnia, Novo México, Utah e Nevada. Além disso, em 1898, depois da guerra contra a Espanha, 
os Estados Unidos conseguiram anexar o Havaí aos seus domínios, e estabelecer o controle político 
sobre Cuba e Porto Rico, que se tornaram protetorados norte-americanos.
A expansão territorial para o oeste inverteu o problema: se antes havia gente e não havia terras, 
agora as terras precisavam ser ocupadas e a população não era suficiente para isso. Mais uma vez, 
verifica-se um intenso fluxo migratório da Europa para os Estados Unidos, num momento em que o 
Velho Mundo enfrentava sérias dificuldades econômicas. A população passou de 9 milhões de 
habitantes, em 1820, para cerca de 30 milhões, em 1860. Para isso, contribuiu, e muito, a lei de 
terras norte-americana, conhecida como Homestead Act.
"A legislação norte-americana da mesma época propôs-se ao objetivo oposto, para promover a 
colonização interna dos Estados Unidos. Gemiam as carretas dos pioneiros que iam estendendo a 
fronteira, às custas de matanças dos índios, até as terras virgens do Oeste: a Lei Lincoln de 1862, o 
Homestead Act, assegurava a cada família a propriedade de lotes de 65 hectares. Cada beneficiário 
comprometia-se a cultivar sua parcela por um período não menor do que cinco anos. O domínio 
público colonizou-se com uma rapidez assombrosa: a população aumentava e se propagava como 
uma enorme mancha de óleo sobre o mapa. A terra acessível, fértil e quase gratuita, atraía os 
camponeses europeus como um ímã irresistível: cruzavam o oceano e também os Apalaches rumo 
às pradarias abertas. Foram os granjeiros livres, assim, os que ocuparam os novos territórios do 
centro e do oeste. Enquanto o país crescia em superfície e em população, criavam-se fontes de 
trabalho agrícola para evitar o desemprego e ao mesmo tempo gerava-se um mercado interno com 
grande poder aquisitivo, a enorme massa dos granjeiros proprietários, para sustentar o 
desenvolvimento industrial".
(GALEANO, Eduardo. As veias abertas da América Latina. 22a. ed, Rio de Janeiro, Paz e Terra, 
1986; p. 144)
Como revela o texto, a expansão para o oeste propiciou mercado interno para os artigos 
manufaturados das áreas industriais do Norte que, em contrapartida, adquiriam os gêneros 
produzidos pelos pequenos proprietários do oeste. O desenvolvimento econômico do Norte foi 
extraordinário, fortalecendo os homens de negócio da região.
Assim, as transformações econômicas ocasionadas pela conquista do oeste refletiram-se no plano 
social: o norte contava, em meados do século XIX, com uma rica e, agora, poderosa, burguesia 
industrial e comercial, além de um operariado em expansão; no centro e oeste, proliferavam 
lavradores e pecuaristas cujos interesses aproximavam-se da burguesia nortista; o sul, porém, 
mantinha seu caráter aristocrata e escravocrata, com uma economia voltada exclusivamente para a 
exportação, mas que ainda controlava a vida política do país.
Foi esse antagonismo que gerou, em última instância, a Guerra Civil norte-americana em 1860.
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