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MICROBIOLOGIA AMBIENTAL E SANITÁRIA (60)

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Aspectos da microbiologia de reservatórios do semiárido nordestino 
(Brasil): qualidade de água e concepções espontâneas de professores de 
escolas públicas. 
 
 
 
 
 
 
 
CIRLEIDE MARQUES DANTAS 
 
 
 
 
 
2010 
Natal – RN 
Brasil 
UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE 
PRÓ-REITORIA DE PÓS-GRADUAÇÃO 
PROGRAMA REGIONAL DE PÓS-GRADUAÇÃO EM 
DESENVOLVIMENTO E MEIO AMBIENTE/PRODEMA 
 
Cirleide Marques Dantas 
 
 
 
Aspectos da Microbiologia de reservatórios do semiárido nordestino 
(Brasil): qualidade de água e concepções espontâneas de professores de 
escolas públicas. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Orientador: Profª. Drª. Magnólia Fernandes Florêncio de Araujo 
 
 
 
 
 
2010 
Natal – RN 
Brasil 
Dissertação apresentada ao Programa Regional 
de Pós-Graduação em Desenvolvimentos e Meio 
Ambiente, da Universidade Federal do Rio 
Grande do norte (PRODEMA/UFRN), como 
parte dos requisitos necessários para a obtenção 
do título de Mestre. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Catalogação da Publicação na Fonte. UFRN / Biblioteca 
Setorial do Centro de Biociências 
 
 
Dantas, Cirleide Marques. 
 Aspectos da microbiologia de reservatórios do semiárido 
nordestino (Brasil): qualidade de água e concepções espontâneas de 
professores de escolas públicas. / – Natal, RN, 2010. 
 
 54 f.: il. 
 
 Orientadora: Profa. Dra. Magnólia Fernandes Florêncio de Araújo. 
 
 
 Dissertação (Mestrado) – Universidade Federal do Rio Grande do 
Norte. Centro de Biociências. Programa Regional de Pós-Graduação 
em Desenvolvimento e Meio Ambiente/PRODEMA. 
 
1. Semiárido – Dissertação. 2. Enterobactérias – Dissertação. 3. 
Educação ambiental – Dissertação. I. Araújo, Magnólia Fernandes 
Florêncio de. II. Universidade Federal do Rio Grande do Norte. III. 
Título. 
 
RN/UF/BSE-CB 
CDU 502/504 
 
 
 
 
AGRADECIMENTOS 
 
Agradeço primeiramente a Deus por dar provas todos os dias que mesmo o que parece 
impossível para nós pode ser realizado. 
 
Agradeço ao meu esposo e meus familiares pelo apoio e compreensão. 
 
Agradeço a CAPES (REUNI) pelo apoio financeiro. 
 
A minha orientadora Profª. Magnólia por sua amizade, orientação e paciência durante 
todo esse mestrado. 
 
Aos amigos do laboratório LAMAq/LEA, em especial Andréia, Aline, Fabiana, Karina, 
Luisa, Luiz Sodré, Maísa, Mariana, Viviane e Welligton pela ajuda nos procedimentos 
laboratoriais. 
 
Ao técnico de Laborat6rio Edson Santana pelo grande apoio, ajuda e alegria em todas as 
etapas da pesquisa. 
 
A ex-técnica de Laboratório Olivia Maria pelo apoio em alguns momentos nos 
procedimentos laboratoriais. 
 
Aos professores e alunos do departamento de Microbiologia e Parasitologia/UFRN. 
 
A coordenação e aos professores do PRODEMA, pelos ensinamentos. 
 
Aos professores da cidade de Caicó e Parelhas por terem disponibilizado seu tempo para 
responderem ao questionário. 
 
Enfim a todos aqueles que não citei mas que de uma forma ou de outra me ajudaram 
nesta importante etapa da minha vida. 
 
Muito Obrigada! 
 
SUMÁRIO 
INTRODUÇÃO GERAL 01 
FIGURA 1 02 
FICURA 2 03 
REFERÊNCIAS 06 
 
CAPÍTULO 1 08 
RESUMO 09 
ABSTRACT 10 
INTRODUÇÃO 11 
MATERIAL E MÉTODOS 14 
RESULTADOS 17 
DISCUSSÃO 19 
CONCLUSÃO 21 
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 22 
FIGURA 1 14 
FICURA 2 17 
FICURA 3 17 
TABELA 1 18 
TABELA 2 19 
TABELA 3 19 
ANEXO 1 25 
ANEXO 2 26 
 
CAPÍTULO 2 30 
RESUMO 31 
ABSTRACT 32 
INTRODUÇÃO 33 
PERCURSO METODOLÓGICO 34 
RESULTADOS E DISCUSSÃO 35 
CONCLUSÃO E PERSPECTIVAS 42 
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 43 
FIGURA 1 34 
FIGURA 2 36 
FIGURA 3 37 
FIGURA 4 38 
FIGURA 5 40 
FIGURA 6 40 
FIGURA 7 41 
ANEXO 1 46 
ANEXO 2 50 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 1 
INTRODUÇÃO GERAL 
 
O Problema do abastecimento de água em regiões semiáridas 
 
O semiárido brasileiro abrange parte dos estados do Piauí, Ceará, Rio 
Grande do Norte, Paraíba, Pernambuco, Alagoas, Sergipe, Bahia, Norte de 
Minas Gerais e parte da região norte do Espírito Santo. Apresenta 
irregularidade de chuvas, e a pluviosidade varia entre 400 e 800 mm 
anualmente. Por sofrer com longos períodos de estiagem, os mananciais de 
água da região semiárida são essencialmente utilizados para múltiplas 
finalidades, muitas vezes incompatíveis entre si. Com isso, a captação e o 
armazenamento de água para consumo humano, seja pelo aproveitamento de 
águas superficiais ou subterrâneas ou, mais recentemente, pela coleta de água 
de chuva em telhados com seu armazenamento em reservatórios denominados 
cisternas, representam as principais formas de abastecimento hídrico em 
muitas comunidades rurais, sendo esta última bastante difundida como uma 
técnica promissora para viabilizar de forma sustentável a convivência de muitas 
famílias que vivem em condições de clima semi-árido. 
O Rio Grande do Norte apresenta grande parte do seu território inserida 
nessa região semiárida. O semiárido norterriograndense, na área conhecida 
como Seridó, apresenta aspectos físico-climáticos bastante específicos: o clima 
é muito quente, com uma média pluviométrica de 550 mm/ano, caracterizado 
por um regimento de escassez e desigual distribuição de chuvas, mas com 
uma insolação média de 3.000 horas de luz solar por ano aliada às 
temperaturas médias sempre superiores a 22°C. A vegetação predominante é 
baixa, seus solos são em grande parte pedregosos, caracterizados por escassa 
profundidade e bastante sensíveis à erosão. 
 A Bacia Hidrográfica Piranhas-Assu (Figura 1), localizada nessa região, 
apresenta grande importância na economia do estado do Rio Grande do Norte 
por que suas águas são utilizadas na agricultura e na piscicultura. A bacia 
ocupa uma superfície de 17.498,5 km2, que corresponde a cerca de 30% do 
território estadual e contribui com 79% do total de água acumulado no estado 
do Rio Grande do Norte (SEMARH, 2008). Rios importantes como o Rio 
Piranhas-Assu e Seridó dentre outros, fazem parte desta importante bacia 
 2 
hidrográfica pública com capacidade de acumulação de 2.988.369.372 m3 que, 
só no estado do Rio Grande do Norte, possui cerca de dezessete reservatórios. 
 
 
Figura 1 – Mapa da Bacia do Rio Piranhas-Assu. Fonte: AESA – PB. 
 
O principal rio da bacia é o rio Piranhas-Assu, de domínio federal, uma 
vez que nasce no município de Bonito de Santa Fé, no Estado da Paraíba, e 
segue seu curso natural pelo Estado do Rio Grande do Norte, desaguando no 
Oceano Atlântico, na Costa Potiguar. 
 3 
O reservatório Boqueirão tem capacidade máxima para armazenar 85 
milhões de m3 de água e encontra-se no semiárido potiguar (6°41’38”S e 
36°37’47”W), sendo um dos principais reservatórios da bacia de drenagem do 
rio Piranhas-Assu no estado do Rio Grande do Norte. O reservatório Itans está 
situado a 4 km da cidade de Caicó sob as coordenadas 06˚29’31”S e 
37˚03’24”W e possui capacidade máxima de acumulação de 81.750.000,00 m³ 
de água. (Figura 2). 
 
Figura 2: Localização dos reservatórios Boqueirão de Parelhas e Itans de 
Caicó (RN). 
 
Qualidade de água e doenças de veiculação hídrica 
A contaminação dos mananciais pode ocorrer em função dos despejos 
de efluentes domésticos, industriais e agropecuários sem tratamento, os quais 
chegam aos rios, lagoas e reservatórios. Isto ocorre devido à oferta de água 
naturalmente reduzida nessa região, onde a maior parte dos rios são 
temporários Corpos d’água utilizados para captação de água visando o 
abastecimento doméstico são também usados para descarte e diluição de
dejetos humanos e animais. Com isso, a possível presença de microrganismos 
patogênicos e substancias tóxicas nesses resíduos podem trazer 
conseqüências danosas para o homem e o meio ambiente. 
O uso diversificado e complexo dos recursos hídricos tem grande 
impacto na economia regional e nacional, uma vez que os impactos 
 4 
quantitativos e qualitativos gerados demandam custos para recuperação e 
tratamento de água e dos ecossistemas aquáticos (TUNDISI, 2003). O balanço 
entre oferta e demanda dos recursos hídricos em região semiárida reforça a 
necessidade de aumentar a oferta de água e melhorar sua distribuição, gestão 
e conservação. Para Godoi et. al (2010), o gerenciamento integrado contempla 
as propostas dos administradores, as informações produzidas nos centros de 
pesquisa e as percepções e necessidades das comunidades do entorno da 
unidade de gerenciamento da bacia hidrográfica, utilizando como recurso 
adicional o monitoramento participativo dessas comunidades. Sendo assim, o 
monitoramento participativo da qualidade da água, aqui entendido como um 
processo sistemático e contínuo de verificação do progresso das alterações 
causadas pela implementação de uma atividade ao longo de certo período 
aparece como uma importante ferramenta educativa na prevenção e redução 
da incidência de doenças de veiculação hídrica, bem como na identificação de 
medidas mitigadoras para os problemas diagnosticados causadores da 
degradação ambiental das águas. 
A preservação da qualidade de água é uma necessidade universal, que 
exige atenção por partes das autoridades sanitárias e consumidores em geral, 
particularmente no que se refere à água dos mananciais como represas, poços, 
minas e nascentes, entre outros, destinados ao consumo humano, visto que 
sua contaminação por excretas de origem humana e animal pode torna-lás um 
veiculo de agentes de doenças infecciosas e parasitarias (AMARAL et. al., 
2003). A saúde humana é diretamente prejudicada por esses processos, sendo 
ainda muito elevado o índice de mortes no país por doenças de origem hídrica, 
devido à falta de água de boa qualidade. Dentre as doenças de veiculação 
hídricas mais comuns e perigosas ao homem destacam-se a cólera, a 
leptospirose, a shigelose, a hepatite, a esquistossomose, a amebíase e a 
giardíase. 
Os bioindicadores são organismos cuja presença, quantidade e 
distribuição indicam dimensões de impactos ambientais e permitem a avaliação 
integrada dos efeitos ecológicos causados por múltiplas fontes de poluição em 
ecossistemas hídricos. Muitos micro-organismos são utilizados para indicar se 
um ambiente aquático está ou não contaminado por dejetos humanos. A 
questão ambiental deve ser considerada como um modo de ver o mundo onde 
 5 
se evidenciem as inter-relações e a interdependência dos diversos elementos 
na constituição e preservação da vida. Acredita-se que o desenvolvimento de 
um trabalho de educação sanitária e ambiental para a população do meio rural, 
a adoção de políticas públicas visando à preservação das fontes de água e o 
tratamento das águas já comprometidas, aliados às técnicas de tratamento de 
dejetos, são as ferramentas necessárias para diminuir ao máximo o risco de 
ocorrências de enfermidades de veiculação hídrica (AMARAL et. al. (2003). 
Nesse contexto, a análise para verificação da presença de 
microrganismos causadores de doenças de veiculação hídrica nos 
reservatórios da região semiárida torna-se fundamental, como uma forma de 
contribuir com dados para a avaliação da qualidade sanitária dessa água, e 
podendo, posteriormente, servir de base para o desenvolvimento de atividades 
de educação sanitária e ambiental junto às populações de interesse. 
 
Educação Ambiental e concepções espontâneas 
Existe uma relação direta entre a qualidade de vida de uma população e 
a qualidade do ambiente em que ela vive e, especialmente, da água que ela 
consome. Muitas doenças se estabelecem em uma população, em índices 
elevados, quando as condições de vida são baixas, e a degradação ambiental 
elevada. Para Libânio et. al. (2005), a contaminação das águas naturais 
representa um dos principais riscos à saúde pública, sendo amplamente 
conhecida a estreita relação entre a qualidade de água e inúmeras 
enfermidades que acometem as populações, especialmente aquelas não 
atendidas por serviços de saneamento. A situação financeira, as condições de 
saúde, alimentação e condições sanitárias, além da educação contribuem de 
maneira decisiva para que certas doenças ocorram com maior freqüência onde 
esses fatores não são favoráveis. Somem-se a isso as alterações ambientais 
ocasionadas pela ação antrópica e teremos ai a uma situação ideal para o risco 
à saúde. 
O nordeste do Brasil sofre com a questão da água de maneira mais 
contundente, por tratar-se de uma região com grandes períodos de seca. Os 
açudes e os trechos perenes dos rios têm um papel fundamental nesta região, 
pois a água armazenada ajuda a superar esses momentos de escassez, 
amenizando o problema. Para Bacci & Pataca (2008), os estudos podem partir 
 6 
do conhecimento das bacias hidrográficas como eixo norteador e resgatar a 
historia ambiental local, a fim de desenvolver nos estudantes uma visão 
integrada dos diferentes fatores – naturais e antrópicos – que condicionam as 
transformações ambientais. 
Assim, um aspecto importante a ser trabalhado nas áreas onde se 
situam os açudes é não apenas estudo da qualidade das suas águas, mas 
também promover a divulgação dos resultados encontrados e incentivar a 
preservação da Bacia Hidrográfica por meio do desenvolvimento de programas 
de educação ambiental nas localidades a ela relacionadas. A educação 
ambiental é extremamente importante para formar cidadãos mais conscientes 
das interações estabelecidas no ecossistema natural e da sua forma de agir no 
sentido de privilegiar ao longo da sua existência a sustentação da vida 
(Teixeira, 2010). Sendo assim, consideramos fundamental que as comunidades 
conheçam a qualidade da água do ambiente estudado e seus impactos, bem 
como tenham a oportunidade de discutir informações sobre a importância da 
água para a qualidade de vida da população. 
Diante do exposto, este trabalho teve como objetivo avaliar a ocorrência 
de micro-organismos potencialmente patogênicos no açude Boqueirão de 
Parelhas e, avaliar o conhecimento dos professores de Caicó (onde está 
localizado o açude Itans), e Parelhas sobre a preservação dos ambientes 
aquáticos. 
 
 
Referências Bibliográficas 
AESA. Agência Executiva de Gestão das Águas do Estado da Paraíba. 
Disponível em: http://www.aesa.pb.gov.br. Acesso em 01 de julho de 2009. 
 
AMARAL, L. A., et al. Água de consumo humano como fator de risco à saúde e 
propriedades rurais. Revista Saúde Pública (on line). 2003, vol. 37, n.4, 
pp510-514. ISSN 0034-8910. 
 
BACCI, D.L.C & PATACA, E. M. Educação para a água. Estudos avançados 
[online]. 2008, vol.22, n.63, pp. 211-226. ISSN 0103-4014. Acesso em 10 de 
maio de 2010. http://www.scielo.br/pdf/ea/v22n63/v22n63a14.pdf 
 7 
 
LIBANIO, P. A. C.; CHERNICHARO, C. A. de L. and NASCIMENTO, N. O. A 
dimensão da qualidade de água: avaliação da relação entre indicadores 
sociais, de disponibilidade hídrica, de saneamento e de saúde pública. Eng. 
Sanit. Ambient. [online]. 2005, vol.10, n.3, pp. 219-228. ISSN 1413-4152. 
Acesso em 20/11/2008: http://www.scielo.br/pdf/esa/v10n3/a06v10n3.pdf 
 
GODOI, E. L.; POLAKIEWICZ, L.; PIRES M. A. F.; ORTIZ, N. Oficina sobre 
qualidade de água: uma proposta de Educação Ambiental em uma bacia 
hidrográfica na região metropolitana de São Paulo, Brasil. Educação 
Ambiental em Ação, número 30, ano VIII, Dez/2009-Fevereiro/2010. Acesso 
em 10/03/2010: http://www.revistaea.org/artigo.php?idartigo=768&class=21. 
 
SEMARH. Secretaria Municipal de Recursos hídricos.
Acesso em 01 de 
julho de 2009. 
http://www.semarh.rn.gov.br/consulta/cResFichaTecnica.asp?IdResevatório=34 
 
TEIXEIRA, R. F. Promovendo a educação ambiental para o desenvolvimento 
rural sustentável: uma análise sobre o projeto desenvolvido pela comunidade 
Morada da Paz em Triunfo/RS no ano de 2003. Educação Ambiental em 
Ação, número 31, ano VIII, Março-Maio/2010. Acesso em 10/03/2010: 
http://www.revistaea.org/artigo.php?idartigo=824&class=02. 
 
TUNDISI, J. G. Ciclo hidrológico e gerenciamento integrado. Ciênc. Cult (on 
line). 2003+.,0v.55, n.4, pp31-33. ISSN 0009-6725. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 8 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
CAPÍTULO 1 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 9 
CARACTERIZAÇÃO MORFOTINTORIAL E BIOQUÍMICA DE BACTÉRIAS 
POTENCIALMENTE PATOGÊNICAS EM UM RESERVATÓRIO SITUADO NA 
REGIÃO SEMIÁRIDA DO NORDESTE BRASILEIRO. 
 
Cirleide Marques Dantas 
 Magnólia Fernandes Florêncio de Araújo 
Luiz Sodré Neto 
Viviane da Silva Félix 
 
 
RESUMO 
 
Este estudo foi desenvolvido no reservatório Boqueirão de Parelhas, situado em região 
semiárida do Rio Grande do Norte, e teve como objetivo geral quantificar e caracterizar 
diferentes grupos de microrganismos potencialmente patogênicos, com ênfase na 
família Enterobacteriaceae. Para identificação bacteriana as amostras foram coletadas 
em períodos seco e chuvoso às margens do reservatório e semeadas no mesmo dia em 
meios de crescimento líquido e sólido por 18-24h. Foram obtidos 40 isolados 
bacterianos. As colônias isoladas foram submetidas à técnica de coloração de Gram, 
seguida dos testes de fermentação de lactose em meio Agar Mac Conckey e da técnica 
da citocromo-oxidase (fita oxidase). O isolado com características de Enterobactérias 
foram submetidos ao Painel de Enterobactérias (Probac do Brasil). O resultado dos 
testes demonstrou predominância de isolados com características de enterobactérias 
(37,5 %) e 5 espécies foram 100% identificadas pelo painel são elas: Cedecea espécie 5, 
Klebsiella planticola, Morganella morganii ss morganii, Serratia plymuthica e 
Enterobacter sakasakii. A densidade das bactérias heterotróficas variou de 1,23 a 3,17 x 
107 org.mL-1, corroborando com as elevadas densidades apresentadas em outros estudos 
feitos na região. Com base nos resultados obtidos, aponta-se para a necessidade de um 
trabalho intensivo de monitoramento da qualidade da água uma programação de ações 
em educação ambiental e educação em saúde para o esclarecimento dos problemas 
relacionados à água que a população utiliza, com vistas a obter um uso adequado desse 
bem e a melhor qualidade de vida da população. 
 
 10 
Palavras-chave: Enterobactérias, reservatórios, semiárido. 
 
 
ABSTRACT 
 
This study was developed in the reservoir Boqueirao Parelhas, located in semiarid 
region of Rio Grande do Norte, and had as main objective to quantify and characterize 
different groups of potentially pathogenic microorganisms, with an emphasis on family 
Enterobacteriaceae. To identify bacteria samples were collected from the reservoir 
during the dry and rainy seasons and grow in liquid and solid media during 18-24h. The 
isolated colonies were subjected to Gram staining technique, followed by testing 
fermentation of lactose in Agar Mac Conckey and technique of cytochrome oxidase 
(oxidase tape). The strain characteristics of Enterobacteria were submitted to the Panel 
of Enterobacteria (Probac Brazil). Test results showed the predominance of isolates with 
characteristics of enterobacteria (37.5%) and 5 species were 100% identified by the 
panel of enterobacteria: Cedecea species5, Klebsiella planticola, Morganella morganii 
ss morganii, Serratia plymuthica and Enterobacter sakasakii. The density of 
heterotrophic bacteria ranged from 1.23 to 3.17 x 107 org.mL-1, which corroborates the 
high densities shown in other studies conducted in the same region. Based on the 
results, we point to the need for a labor-intensive monitoring of water quality and a 
schedule of actions on environmental education and health education to clarify the 
problems related to water of public use, in order to obtain proper use of the asset and the 
best quality of life for people. 
 
 
Keywords: Enterobacteria, reservoirs, semiarid. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 11 
CARACTERIZAÇÃO MORFOTINTORIAL E BIOQUÍMICA DE BACTÉRIAS 
POTENCIALMENTE PATOGÊNICAS EM UM RESERVATÓRIO SITUADO NA 
REGIÃO SEMIÁRIDA DO NORDESTE BRASILEIRO. 
 
Cirleide Marques Dantas1; 
Magnólia Fernandes Florêncio de Araújo2 
Luiz Sodré Neto3 
Viviane da Silva Félix4 
 
1 INTRODUÇÃO 
 
A distribuição irregular das chuvas na região semiárida brasileira leva a 
uma escassez de água durante os períodos de seca. Nessa região, os 
reservatórios servem como as principais fontes de abastecimento e, muitas 
vezes, esses corpos de água recebem dejetos humanos, despejos de efluentes 
domésticos, industriais e agropecuários sem tratamento. As preocupações 
quanto aos níveis de qualidade, contaminação e manutenção dos recursos 
hídricos assumem grande importância, à medida que a água é destinada à 
utilização humana ou para fins produtivos (MATTOS; SILVA, 2002). Devido ao 
manejo inadequado, essas águas podem vir a ter sua qualidade comprometida 
pela contaminação por resíduos fecais de origem humana ou de outros 
animais, levando a uma consequente contaminação por organismos 
patogênicos, principalmente aqueles relacionados a distúrbios gastrointestinais 
de veiculação hídrica como a cólera, a leptospirose, a shigelose, a hepatite, a 
esquistossomose, a amebíase e a giardíase. 
Nesse contexto, a família Enterobacteriaceae compreende um grupo de 
bactérias que podem causar infecções do aparelho gastrointestinal e de outros 
órgãos do corpo. O grupo inclui os gêneros Salmonella, Shigella, Escherichia, 
 
1
 Mestre pelo Programa de Pós-Graduação em Desenvolvimento e Meio Ambiente, Centro de 
Biociências, Universidade Federal do Rio Grande do Norte. 
2
 Docente do Programa de Pós-Graduação em Desenvolvimento e Meio Ambiente, Centro de 
Biociências Universidade Federal do Rio Grande do Norte. 
3
 Doutorando do Programa de Pós-Graduação em Ecologia e Recursos naturais da UFSCar; 
Mestre em Desenvolvimento e Meio Ambiente pelo PRODEMA da UFRN, Docente da 
Universidade Federal de Campina Grande. 
4
 Mestranda do Programa de Pós-Graduação em Desenvolvimento e Meio Ambiente, Centro de 
Biociências, Universidade Federal do Rio Grande do Norte – UFRN. 
 12 
Klebsiella, Enterobacter, Serratia, Proteus, Morganella, Providencia e Yersinia. 
Muitos desses microrganismos são habitantes normais do aparelho 
gastrointestinal humano e de outros animais de sangue quente. Apesar disso, 
certas variedades da Escherichia coli (E. coli) podem provocar diarreia 
sanguinolenta e aquosa, também conhecida como diarreia do viajante. Nas 
crianças, a diarreia provocada pela E. coli do tipo enterohemorrágica pode 
desencadear a síndrome hemolítico-urêmica, uma doença que destrói os 
glóbulos vermelhos e causa insuficiência renal. Ela também causa, 
frequentemente, infecções das vias urinárias e pode infectar a corrente 
sanguínea, a vesícula biliar, os pulmões e a pele. 
Já as infecções por Klebsiella, Enterobacter e Serratia costumam ser 
contraídas no hospital, principalmente por doentes com uma capacidade 
reduzida para combater as infecções. O gênero Proteus, por sua vez, 
compreende um grupo de bactérias que normalmente se encontra na terra, na 
água e nas fezes. Podem também causar infecções profundas, em particular, 
dentro da cavidade abdominal, nas vias urinárias e na bexiga. Microrganismos 
do gênero Pseudomonas são comuns habitantes
do solo e de ecossistemas de 
água doce. Atualmente, esse gênero consiste de dois clusters intragenéricos: 
Pseudomonas aeruginosa e Pseudomonas fluorescens (MOORE et al, 1996). 
Justamente por serem bactérias entéricas, a contaminação dos 
mananciais em função de despejos de efluentes domésticos, industriais e 
agropecuários sem tratamento, os quais chegam aos rios, lagoas e 
reservatórios, favorece a presença desses microrganismos nesses ambientes. 
A possível presença de patógenos e de substâncias tóxicas nesses 
resíduos pode trazer consequências danosas para o homem e para o meio 
ambiente. Logo, a proteção e a conservação das fontes de água são 
imprescindíveis, especialmente aquelas que são usadas para o consumo 
humano. Mais da metade dos países em desenvolvimento enfrenta problemas 
de saúde decorrentes do uso de águas contaminadas por microrganismos 
enteropatogênicos de veiculação hídrica. 
Nesse sentido, amplia-se a percepção de que a água é um recurso finito 
e de que seu uso deve ser racionalizado, uma vez que os custos de tratamento 
para abastecimento e de recuperação de lagos, rios e represas são também 
muito altos (BASSO; CARVALHO, 2007) e, portanto, os estudos sobre a 
 13 
qualidade das águas na região Nordeste do Brasil, e a busca de 
enteropatógenos nesses ambientes são importantes para as tomadas de 
decisões de cunho ambiental, já que essas águas são de usos múltiplos e 
irrestritos (MORAIS et al, 2001). Segundo Pompeo et al (2004), a 
implementação de medidas mitigadoras é fundamental para a redução dos 
riscos à saúde humana e ambiental. Deve-se promover o permanente 
desenvolvimento do capital humano e trabalhar ativamente com a sociedade 
organizada, reconhecendo nela o seu interlocutor necessário para o 
enfrentamento da “crise da água” em benefício dos interesses gerais 
(REBOUÇAS, 1997). 
A análise para verificação da presença de microrganismos causadores 
de doenças de veiculação hídrica nos reservatórios da região semiárida torna-
se fundamental, como uma forma de contribuir com dados para a avaliação da 
qualidade dessa água, podendo, inclusive, servir de base para o 
desenvolvimento de atividades de educação ambiental e educação em saúde 
junto às populações de interesse. 
Devido às dificuldades de isolamento dos microrganismos patogênicos 
de origem fecal em águas superficiais, o nível de contaminação por fezes ou 
esgotos é tradicionalmente avaliado por meio de bactérias indicadoras 
(MORAIS et al, 2001). Como as bactérias não possuem diferenças 
morfológicas suficientes para a distinção entre os grupos, são realizados 
procedimentos convencionais que testam reações metabólicas e características 
fenotípicas que possibilitam o agrupamento e a identificação destes 
(KONEMAN et al, 2001; TORTORA; FUNKE; CASE, 2000) 
Neste trabalho, objetivou-se quantificar e caracterizar diferentes grupos 
de microrganismos potencialmente patogênicos, especialmente os da família 
Enterobacteriaceae no reservatório Boqueirão de Parelhas, na região semiárida 
do Rio Grande do Norte. A escassez desse tipo de pesquisa na região 
abordada reforça a importância do trabalho para subsidiar o conhecimento, 
visando o gerenciamento adequado dos recursos hídricos. 
 
 
 
 
 14 
2 MATERIAL E MÉTODOS: ÁREA DE ESTUDO 
 
 O reservatório Boqueirão tem capacidade máxima para armazenar 85 
milhões de m3 de água e encontra-se no semiárido potiguar (6°41’38”S e 
36°37’47”W), sendo um dos principais reservatórios da bacia de drenagem do 
rio Piranhas-Assu no estado do Rio Grande do Norte (Figura 1). 
 
 
 
Figura 1 – Localização do reservatório Boqueirão de Parelhas, inserido na Bacia 
hidrográfica do rio Piranhas-Assu, no estado do Rio Grande do Norte. 
 
Nessa área, a pluviosidade anual gira em torno de 550mm, geralmente 
concentrada entre os meses de Janeiro e Junho, e a média de temperatura 
ambiente ultrapassa os 22°C. 
 
 
2.1 AMOSTRAGEM 
 
As amostras para identificação bacteriana foram coletadas no período de 
outubro de 2008 a agosto de 2009, às margens do reservatório, na 
subsuperfície da água, a uma profundidade de 20cm, em frascos âmbar de 
100mL, estéreis, armazenados e transportados sob refrigeração. Esse ponto de 
 15 
coleta encontra-se próximo a uma região bastante utilizada pelas pessoas para 
atividades de lazer. 
Para a quantificação de bactérias heterotróficas, as coletas foram 
realizadas mensalmente, de maio a outubro de 2008, em dois pontos extremos 
do reservatório representados por P1 (próximo ao rio afluente) e P3 (próximo à 
barragem). As amostras foram integradas de superfície, meio e fundo de cada 
ponto, com profundidade previamente medida, utilizando-se uma garrafa de 
Van Dorn com capacidade para 5L de água. Subamostras foram colocadas em 
frascos âmbar de 50ml, fixadas com formaldeído tamponado (concentração 
final de 2%; pH 7,4) e transportadas sob refrigeração ao laboratório de 
Microbiologia Aquática (LAMAq – UFRN), onde permaneceram em geladeira a 
4 ºC até a análise. 
 
2.2 DETERMINAÇÃO DA DENSIDADE DO BACTERIOPLÂNCTON 
 
Para a determinação da densidade do bacterioplâncton, foram utilizadas 
subamostras de 5 mL coradas com laranja de acridina (AO) 0,01% (Hobbie et 
al., 1977) e filtradas em membrana preta de policarbonato (Millipore, GTBP), 
com 0,2 µm de poro, usando um filtro suporte (Poretics) de 0,45 µm de poro 
para uma distribuição uniforme das células bacterianas. As membranas foram 
montadas entre lâmina e lamínula, cobertas com óleo de imersão não 
fluorescente e contadas em um microscópio de epifluorescência (Olympus 
BX41) com aumento de 1250x (espelho dicróico DM500, filtro de excitação 
BP460-490 e filtro barreira BA520IF). Para estimar as densidades, pelo menos 
300 células bacterianas foram contadas, por filtro, em 15 campos 
microscópicos. 
 
 
2.3 ISOLAMENTO DE BACTÉRIAS 
 
No laboratório, inoculou-se 1 ml de amostra homogeneizada em tubos 
contendo caldo nutriente, e incubou-se em estufa bacteriológica por 18-24 
horas, a 37ºC. Todos os tubos que apresentaram turvação do meio líquido 
nesse intervalo de tempo tiveram os seus conteúdos transferidos para os meios 
 16 
sólidos em placa: ágar nutriente, ágar MacConkey, ágar Salmonella-
Shigella(SS), ágar EMB (Eosina Azul de Metileno) e ágar TCBS (thiosulphate 
citrate bile salt sucrose), e foram incubados a 37ºC por 24-48 horas. Foram 
selecionadas colônias nos meios sólidos citados para reisolamento, através da 
técnica de esgotamento em placas contendo ágar nutriente. 
As colônias reisoladas foram semeadas novamente em ágar nutriente 
para realização da coloração de Gram e do teste da citocromo oxidase, e no 
ágar MacConkey para verificar o crescimento e a fermentação de lactose. Em 
seguida, tais colônias foram armazenadas em tubos contendo ágar nutriente 
inclinado sob temperatura ambiente. A caracterização macroscópica das 
colônias foi feita com base nos seus aspectos morfológicos (forma, elevação, 
margem, densidade, superfície) e na coloração. 
 
 
2.4 IDENTIFICAÇÃO DE ESPÉCIES POR MEIO DO PAINEL PARA 
ENTEROBACTÉRIAS (PROBAC) 
 
O Painel para Enterobactérias Probac é um sistema para identificação 
de enterobactérias, que foi desenvolvido visando facilitar a identificação 
bacteriana de uma das maiores famílias isolada na microbiologia clínica e 
industrial. Com amplo número de provas permite determinar com maior 
segurança as espécies e subespécies dos isolados, informação que em sendo 
cada vez mais requerida, principalmente na microbiologia clínica. 
O painel é constituído por 24 provas: Indol; Voges Proskauer; citrato de 
Simmons; produção de H2S; hidrólise da uréia; triptofano desaminase; 
descarboxilação de lisina, arginina, ornitina e controle (base Moeller); malonato; 
utilização de glicose em meio base O/F; utilização dos açúcares: lactose,
sacarose, manitol, adonitol, mioinositol, sorbitol, rafinose, ramnose, maltose, 
melobiose; ONPG (ß-D-galactosidase); hidrólise da esculina e a prova adicional 
de oxidase, totalizando 26 provas. A identificação ocorre através das alterações 
de pH, hidrólise dos substratos e produção de produtos metabólicos. O painel 
consiste nos substratos desidratados das provas, distribuídos em microplaca, 
como demonstrado na Figura 2. 
 
 17 
 
Figura 2 – Painel para enterobactérias utilizado neste trabalho (da Probac do Brasil) 
 
3 RESULTADOS 
3.1 DENSIDADE 
 
 A densidade das bactérias heterotróficas variou de 1,23 a 3,17 x 107 
org.mL-1 (Figura 3), corroborando com as elevadas densidades apresentadas 
em outros estudos feitos na região Nordeste. 
 
 
 
Figura 3 – Variação da densidade do bacterioplâncton (org.mL-1) durante as 5 coletas 
realizadas em 2 pontos do reservatório no ano de 2008 
 
 
 
 
0,00E+00 
1,00E+07 
2,00E+07 
3,00E+07 
4,00E+07 
Maio Junho Agosto Setembro Outubro 
Meses de Coletas 
org.ml
-1 
P1 P3
 18 
3.2 CARACTERIZAÇÃO 
 
 Foram obtidos 40 isolados bacterianos em meios sólidos. As colônias 
isoladas foram submetidas à técnica de coloração de Gram, seguida dos testes 
de fermentação de lactose em meio ágar MacConkey e da técnica da 
citocromo-oxidase (fita oxidase). Determinaram-se seis grupos de acordo com 
características morfotintoriais das colônias, indicados na Tabela 1. 
 O resultado dos testes demonstrou predominância de isolados (37,5 %) 
com características de enterobactérias, ou seja, bactérias Gram-negativas, com 
crescimento em ágar MacConckey, fermentadoras ou não de lactose e 
oxidase-negativas. 
 
Tabela 1 – Distribuição das colônias bacterianas isoladas de acordo com 
características morfotintoriais e bioquímicas 
Características 
Morfotintoriais 
Numero de Isolados % de Isolados 
G – / MC + / NF / O + 14 35,0 
G – / MC + / NF / O – 12 30,0* 
G – / MC + / F / O – 3 7,5* 
G – / MC – / O + 4 10,0 
G – / MC – / O – 4 10,0 
G + / MC – / O – 3 7,5 
 
* Características típicas de enterobactérias. G – = Gram negativo; G + = Gram positivo; MC – = 
sem crescimento em ágar Mac Conckey; MC + = com crescimento em ágar Mac Conckey; NF 
= não-fermentadora de lactose; F = fermentadora de lactose; O – = oxidase negativa; O + = 
oxidase positiva. 
 
No que se refere às características morfológicas macroscópicas, as 
colônias foram divididas em 6 grupos, distribuídos na Tabela 2. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 19 
Tabela 2 – Caracterização morfológica macroscópica das colônias isoladas e 
representação dos 6 grupos encontrados 
 
CARACTERÍSTICAS DAS COLÔNIAS GRUPOS 
Forma Elevação Margem Densidade Superfície Cor 
1 Irregular Plana Crenada Translúcida Opaca Marrom 
2 Puntiforme Pulvinada Ondulada Opaca Opaca Branca 
3 Puntiforme Elevada Inteira Opaca Opaca Marrom 
4 Puntiforme Convexa Inteira Opaca Opaca Branca 
5 Irregular Plana Crespa Opaca Opaca Branca 
6 Puntiforme Elevada Inteira Opaca Opaca Amarela 
 
As espécies identificadas com 100% de certeza pelo painel de provas 
bioquímicas estão apresentadas na tabela 03, a seguir. 
 
Tabela 3 – Caracterização específica de acordo com o painel de enterobactérias 
(PROBAC) 
ISOLADO ESPÉCIE IDENTIFICADA 
B1, B2 
B29 -27B 
Cedecea espécie 5 
B34- B32 Klebsiella planticola 
B15-14B 
B19-17B 
Morganella morganii ss morganii 
B39-37B Serratia plymuthica 
36 Enterobacter sakasakii 
 
 
4 DISCUSSÃO 
 
 
 A presença de bactérias entéricas em águas superficiais tem sido motivo 
de preocupação, já que estas águas são muito utilizadas também para 
recreação e abastecimento público. Especialmente no semiárido brasileiro, a 
água é acumulada em reservatórios construídos especialmente para esse fim e 
 20 
geralmente permanece sem renovação durante os períodos de seca. No 
período chuvoso, muitas vezes são carreados dejetos e resíduos de atividades 
humanas, além do material resultante da lixiviação de solos contaminados, 
favorecendo o crescimento microbiano e a disseminação de agentes 
etiológicos de doenças de veiculação hídrica. 
 No reservatório estudado, os valores encontrados para a densidade do 
bacterioplâncton, na ordem de 107 organismos por mL de amostra, embora 
sejam considerados elevados, aparecem também nos trabalhos de Bouvy; 
BARROS-FRANCA; CARMOUZE (1998), Araújo e Costa (2007) Sodré-Neto e 
Araújo (2008), realizados em reservatórios do semiárido brasileiro. 
Normalmente, nesses ambientes, os estudos mostram que a densidade de 
organismos varia em função dos períodos de seca e de chuva, influenciada 
pelo aporte de material alóctone proveniente do solo próximo das margens ou 
de atividades humanas e pelas temperaturas elevadas. As características das 
bacias hidrográficas na região, determinando ambientes aquáticos tipicamente 
eutrofizados, como descritas pelos autores supracitados, também parecem 
favorecer o crescimento bacteriano nesses ambientes. 
No presente estudo, dentre as bactérias isoladas, a maioria está 
agrupada como enterobactéria. Resultados semelhantes foram encontrados 
por Borges e Bertolin (2002), no estado do Tocantins, onde esses autores 
atribuíram a presença desse grupo bacteriano nas amostras ao carreamento 
ocasionado pelo solo contaminado. 
As espécies de Cedecea não têm o seu papel etiológico bem 
determinado até o momento (KONEMAN et al, 2008), sendo considerado um 
gênero oportunista, frequentemente isolado do trato respiratório humano. 
Klebsiella planticola é uma espécie ambiental, embora já existam casos 
reportados na literatura de que pode causar septicemias em recém-nascidos 
(Westbrook, et. al., 2000). Infecções por Enterobacter sakazakii em recém-
nascidos causam bacteremia, enterocolite e meningite infantil (GURTLER et al, 
2005; IVERSEN; FORSYTHE, 2003; JOSHUA et al, 2005). 
Por outro lado, a Morganella morganii é um bacilo gram-negativo 
comumente encontrado no ambiente e no trato intestinal humano, além de 
outros mamíferos e répteis, como um componente da microbiota normal. A 
despeito de sua grande distribuição, esta espécie é frequentemente associada 
 21 
a infecções do trato urinário, septcemia, pneumonia, infecções do sistema 
nervoso central entre outras (MILLER & EMMONS, 2012; MOYAERT et al, 
2008). 
O genero Serratia inclui, dentre outras espécies, S. plymuthicaI, um 
bacilo saprófito fermentador, não móvel e gram-negative que produz um 
pigmento vermelho, relacionado como causador oportunista de doenças no 
homem (Domingo et. al, 1994; Carrero et. al, 1995) e em outros animais. É 
normalmente encontrado no solo, em água doce e em peixes, tendo sido 
isolado de vários outros tipos de alimentos (LOPEZ SABATER et al, 1996, 
LYHS et al, 1998). 
 
 
5 CONCLUSÃO 
 
Foram encontrados elevados índices de bactérias heterotróficas, típicos 
de ambientes eutrofizados. Um grande percentual de isolados (37,5%) revelou 
características morfológicas e bioquímicas de enterobactérias. Cinco isolados 
foram identificados como sendo as espécies Cedeceae espécie 5, Klebsiella 
planticola, Morganella morganii ss morganii, Serratia plymuthica e Enterobacter 
sakasakii. Com base nos resultados obtidos, aponta-se para a necessidade de 
um trabalho intensivo de vigilância da qualidade da água utilizada na região 
estudada e a programação de ações em educação ambiental e educação em 
saúde para o esclarecimento dos problemas relacionados à água que a 
população utiliza, com vistas a obter um uso adequado desse bem. É 
fundamental, também, identificar as fontes poluidoras e controlá-las como 
forma de contribuir para a melhoria da vida da comunidade que utiliza 
diretamente esses recursos. 
 
 
 
 
 
 
 22 
REFERÊNCIAS 
 
 
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reservatórios do semi-árido brasileiro. Oecologia Brasiliensis, Rio de Janeiro, 
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BORGES, K. P.; BERTOLIN, A. O. Avaliação microbiológica da qualidade da 
água do córrego São João, Porto Nacional – TO, Brasil. Holos environment, v. 
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JOSHUA, B. G.; JEFFREY, L. K.; LARRY, R. B. Enterobacter sakazakii: A 
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KONEMAN, E. W. et al. Diagnóstico Microbiológico. 5. ed. Rio de Janeiro: 
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 23 
 
LYHS, U. et al. The spoilage flora of vacuum-packaged, sodium nitrite or 
potassium nitrate treated, cold-smoked rainbow trout stored at 4ºC or 8ºC. Int J 
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MATTOS, M. L. T; SILVA, M. D. Controle da Qualidade das Águas de 
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Determination and Comparison of the 16S rRNA Gene Sequences of Species 
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MILLER, James R.; EMMONS, Wesley W. Morganella Infections. 2012. 
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Acesso em: 3 Fev. 2012. 
 
 
MORAIS, M. R.; CEBALLOS, B. S. O.; CATAO, R. R. M.; FEIJO, V. S. G. & 
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fecais num rio poluído com esgotos domésticos (Campina Grande, 
Paraiba,Brasil). 21º Congresso Brasileiro de Engenharia Ambiental, 2001. 
http://www.bvsde.paho.org/bvsaidis/brasil21/vii-015.pdf 
 
 
MOYAERT, H.; PASMANS, F.; VERCAUTEREN, G.; GEURDEN, T.; 
DECOSTERE, A.; HAESEBROUCK, F. Morganella morganii subsp. morganii-
associated pneumonia in a Belgian Blue calf. 2008. Disponivel em 
vdt.ugent.be/code/showupload.php?id=352. 
 
POMPEO, M. L. M. et al. Qualidade da água em região alterada pela 
mineração de carvão na microbacia do rio Fiorita (Siderópolis, Estado de Santa 
Catarina). Acta Scientiarum. Biological Sciences., Maringá, v. 26, n. 2, p. 
125-136, 2004. 
 
 
REBOUÇAS, A. C. Água na Região Nordeste: desperdício e escassez. 
Estudos Avançados, USP, v. 11, n. 29, p. 127–154, 1997. 
 
 
SODRÉ-NETO, L.; ARAÚJO, M. F. F. Spatial and temporal fluctuations in 
bacterioplankton and correlated abiotic variables in eutrophic environments of 
the Brazilian semi-arid region. Acta Limnologica Brasiliensia, São Carlos, v. 
20, n. 4, p. 325-331, 2008. 
 24 
 
 
TORTORA, G. J.; FUNKE, B. R.; CASE, C. R. Microbiologia. 6. ed. Porto 
Alegre: Artmed, 2000. 827p. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 25 
Anexo 1 
1. Editores responsáveis: Maria de Fátima Freire de Melo Ximenes e Raquel 
Franco de Souza 
2. Normas de publicação 
2.3 Estrutura do documento 
2.3.1 Tipos de documentos aceitos 
Os artigos podem ser submetidos em um dos seguintes formatos: DOC (Word 
2003-), DOCX (Word 2007). 
 
2.3.2 Conteúdo 
A organização do trabalho deve respeitar a seqüência abaixo 
• Título; 
• Nomes dos autores alinhado à direita 
• Informações sobre os autores no rodapé da primeira página: título 
acadêmico; nome; referência profissional; ; 
• Texto completo; 
• Referências bibliográficas. 
 
2.4 Formatação 
2.4.1 Texto 
O padrão de formatação inclui: 
• estilos de letras (efeito, tamanho etc); 
• estilos de parágrafos (alinhamento, espaçamento entre linhas, recuo, 
espaço antes e depois etc) 
Para o corpo principal do texto, utilizar font Arial, tamanho 12. 
Para o corpo principal do texto, utilizar recuo especial de 1,25cm na primeira 
linha e espaçamento de parágrafo 1,5cm. 
 
2.4.2 Figuras 
2.4.2.1 Figuras devem ser geradas, salvas como imagem, e depois inseridas 
no documento principal. Imagens devem ser geradas no tamanho que 
proporcione a clareza desejada quando visualizadas em escala (zoom) 100%, 
porém, larguras devem ser no máximo 960 pixels. 
 
2.4.3 Referências bibliográficas 
Recomenda-se adoção das normas ABNT. 
 
 
 
 
 
 
 
 26 
Anexo 2 
PAINEL PARA ENTEROBACTÉRIAS PROBAC 
O Painel para Enterobactérias Probac é um sistema para identificação 
de enterobactérias que foi desenvolvido visando facilitar a identificação 
bacteriana de uma das maiores famílias isoladas na microbiologia clínica e 
industrial. Com amplo número de provas permite determinar com maior 
segurança as espécies e subespécies dos isolados, informação que em sendo 
cada vez mais requerida, principalmente na microbiologia clínica. O painel é 
constituído por 24 provas: Indol; Voges Proskauer; citrato de Simmons; 
produção de H2S; hidrólise da uréia; triptofano desaminase; descarboxilação 
de lisina, arginina, ornitina e controle (base Moeller); malonato; hidrólise da 
esculina; utilização dos açúcares: glicose, lactose, sacarose, manitol, adonitol, 
mioinositol, sorbitol, rafinose, ramnose, maltose, melobiose; ONPG e a prova 
adicional de oxidase totalizando 25 provas. A identificação ocorre através das 
alterações de pH, hidrólise dos substratos e produção de produtos metabólicos. 
O KIT consiste dos substratos desidratados das provas distribuídos em 
microplaca. 
APRESENTAÇÃO DO PAINEL ENTEROBACTÉRIAS: 
 
 27 
PROCEDIMENTO 
Os testes devem ser realizados a partir de colônias isoladas e puras com 18 a 
24 horas de crescimento, preferencialmente a partir de meios não seletivos. 
- Abrir o envelope e retirar o painel. 
- Guardar o envelope para incubação do painel. 
- Turvar 3 a 4 mL da Solução Inoculante Probac do Brasil ® na escala 0,5 
McFarland. 
- Distribuir 0,1 mL (100 µl) desta turvação, bem homogeneizada, em cada 
pocinho da microplaca, com auxílio de uma pipeta estéril. Para uso de pipeta 
multicanal a Probac do Brasil comercializa separadamente uma canaleta que 
auxilia na inoculação. 
- Pingar uma gota de óleo mineral estéril nas provas sublinhadas: H2S (A4), 
Uréia (A5), Controle de descarboxilação (A7), lisina (A8), arginina (A9), ornitina 
(A10), glicose (A12). 
- Realizar a prova de oxidase do isolado: Retire uma fita e feche imediatamente 
o frasco. Com uma alça de platina ou bastão de vidro ou madeira, faça um 
esfregaço da bactéria a ser identificada
na fita. Não utilize nenhum tipo de alça 
ou bastão que contenha vestígios de ferro, pois este irá catalisar a reação de 
oxidação do reagente, resultando em reação falso-positiva. Na mesma fita, faça 
controle positivo com Pseudomonas aeruginosa e controle negativo com 
Escherichia coli. Anotar o resultado no painel. 
- Colocar o painel na embalagem e incubar 35ºC± 2ºC por 18-24 horas. 
 
LEITURA E INTERPRETAÇÃO: 
1. Fundamentos das Reações: 
- Indol: As enterobactérias que possuem a enzima triptofanase, em meios 
contendo triptofano produzem indol. O indol é um dos produtos de degradação 
imediata da desaminação do triptofano, e pode ser detectado pela reação com 
o Reativo de Kovacs, resultando em um composto colorido. 
- Voges Proskauer: A glicose pode ser metabolizada pelos microrganismos, 
através de diferentes vias metabólicas. De acordo com a via utilizada, se 
formarão produtos finais ácidos (ácido láctico, ácido acético, ácido fórmico), ou 
produtos finais neutros (acetil metil carbinol). Esta diferença no metabolismo 
bacteriano pode ser reconhecida pela adição hidróxido de potássio e alfa naftol 
em um meio com indicador para evidenciar a presença de produtos finais 
neutros. 
- Citrato de Simmons: verifica a utilização do citrato como única fonte de 
carbono. 
- H2S: detecta a capacidade de certo microrganismos liberarem 
enzimaticamente enxofre a partir de enxofre inorgânico como compostos de 
sulfeto de hidrogênio (H2S). 
- Uréia: verifica a presença da enzima urease que hidrolisará a uréia. 
- Triptofano desaminase: teste usado para diferenciação entre bacilos Gram 
negativos urease positivos baseado na capacidade dos microrganismos 
produzirem ácido indolpirúvico. A desaminação do triptofano a ácido 
indolpirúvico é detectada pela adição de cloreto férrico. 
 28 
- Lisina, Arginina, Ornitina: são testes que demonstram a capacidade de um 
organismo descarboxilar um aminoácido em amina resultando em alcalinidade 
do meio. A base usada é à Base de Moeller. 
- Malonato: Utilização de malonato como única fonte de carbono. 
- Glicose O/F: determina o metabolismo fermentativo ou oxidativo de um 
organismo ou seu não uso. 
- Fermentação dos açucares: a fermentação de um açúcar resulta na formação 
de ácidos que diminuem o pH do meio causando 
alteração de cor. 
- ONPG: usada na diferenciação dos membros da enterobacteriaceae baseada 
na atividade da ß-D-galactosidase, que é uma das 
enzimas que determina a capacidade da bactéria fermentar lactose. 
- Hidrólise da esculina: demonstra a capacidade do microrganismo hidrolisar a 
esculina resultando em coloração enegrecida do meio. 
- Oxidase: teste diferencial muito importante na identificação de bactérias Gram 
negativas. As bactérias que produzem a enzima oxidase apresentam um 
sistema de transporte de elétrons, denominado sistema citocromo oxidase. 
Neste sistema, os aceptores eletrônicos naturais podem ser substituídos por 
substratos artificiais, que, na presença de oxigênio atmosférico, são oxidados 
pela citocromo oxidase, formando um composto colorido. 
2. Revelação das provas: 
- Oxidase: A leitura é feita em poucos segundos: 
 - Oxidase (+): O esfregaço bacteriano na fita apresenta coloração rosa, que 
após alguns minutos pode mudar para preta. 
 - Oxidase (–): O esfregaço bacteriano não apresenta alteração de cor. 
Algumas provas bioquímicas necessitam de reagentes, que devem ser 
adicionados após a incubação, para que o resultado possa ser visualizado: 
- Indol (A1): Pingar 03 gotas de Reativo de Kovacs. 
- Voges Proskauer (A2): Pingar 01 gota de Hidróxido de Potássio + 01 gota de 
Alfa-naftol 5% (seguir a ordem descrita dos regentes). Aguardar 15 minutos 
antes da leitura. 
- Triptofano desaminase (A6): Pingar 01 gota de Cloreto Férrico 10%. 
 
 29 
Resultados: Após a leitura das provas, os resultados devem ser preenchidos no 
banco de dados que acompanha o produto na primeira compra e é instalado 
pela Probac ou um de seus distribuidores. O sistema indicará qual o nome e 
espécie do microrganismo isolado e sua probabilidade. 
 Uso do Banco de Dados: 
Abrir o Programa Painel para Enterobactéria. 
1. Selecionar: Resultados. 
2. Informar o resultado da prova de Oxidase (+ ou -). 
3. Colocar os resultados: + em caso de reações positivas e – caso de reações 
negativas em cada um dos substratos. 
4. Selecionar: Gravar: o resultado aparece na tela em poucos segundos. 
5. Os resultados podem ser impressos 
6. O programa permite a visualização de relatórios dos resultados obtidos. 
Em caso de não aparecer nenhum nome de bactéria na tela: 
Checar os resultados lidos e marcados no computador. 
A) Checar a pureza da cepa. 
B) Checar se é um bacilo Gram negativo fermentador de glicose. 
C) As Aeromonas sp e as Plesionomas sp aparecem no diagnóstico diferencial 
dos bacilos Gram negativos fermentadores de 
glicose, oxidase positivos. 
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS: 
1.Murray, P.R. et al. – Manual of Clinical Microbiology, 9th ed., ASM Press, 
Washington, DC, 2007. 
2. Washington, W.J.; Allen, S.D. et al- Koneman´s Color Atlas and Textbook of 
Diag gnostic Microbiology, 6th Edition. Lippincott 
man´s Color Atlas and Textbook of Diagnostic Microbiology, 6th Edition. 
Lippincott Willians and Wilkins, Philadelphia, 2006. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 30 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Capitulo 2 
 
 
 
 
 
 
 
 31 
Concepções prévias de professores do ensino básico de uma região semiárida 
sobre qualidade de água 
 
Magnólia Fernandes Florêncio de Araújo1; Cirleide Marques Dantas2; Aline de Souza 
Amorim3; Mariana Leite da Silveira4 e Maria Luisa Quinino de Medeiros5 
 
1 
 Doutora em Ecologia, professora titular do Departamento de Microbiologia e Parasitologia da Universidade Federal do Rio 
Grande do Norte. Lagoa Nova/ Natal/RN, CEP. 59072-970, telefone: (84) 32153437, e-mail: mag@cb.ufrn.br. 
2Mestre em desenvolvimento e Meio ambiente pela Universidade Federal do Rio Grande do Norte, e-mail: 
cirleidemarques@gmail.com. 
3Mestre e Doutoranda em desenvolvimento e Meio ambiente pela Universidade Federal do Rio Grande do Norte, e-mail: 
alineamor@gmail.com. 
4 Mestranda do Programa de Pós-Graduação em Ensino de Ciências Naturais e Matemática, e-mail: malesil@hotmail.com 
5
 Mestranda do Programa de Pós-Graduação em desenvolvimento e Meio ambiente pela Universidade Federal do Rio Grande 
do Norte, e-mail: luisarn_77@hotmail.com. 
 
 
RESUMO 
Este estudo foi realizado com professores de escolas públicas dos municípios de 
Caicó e Parelhas (Estado do Rio Grande do Norte), e teve como objetivo analisar a 
concepção desses profissionais sobre os temas: qualidade de água, poluição das 
águas e esgotos, doenças de veiculação hídrica, importância do ambiente aquático e 
pesquisa e sensibilização ambiental. Como instrumentos para essa análise foram 
aplicados questionários nos meses de novembro e dezembro/2009. O estudo 
mostrou que os professores reconhecem a existência de problemas relacionados à 
qualidade da água dos seus municípios e que há a necessidade de implementação 
de atividades de educação ambiental e de educação em saúde para uma maior 
sensibilização desses profissionais de ensino e, consequentemente, de seus alunos, 
para as questões que envolvem o tema qualidade da água. 
 
Palavras chaves: Questionário, Educação ambiental, Educação em saúde. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 32 
ABSTRACT 
This study was conducted with teachers from public schools in the cities of Caicó and 
Parelhas (State of Rio Grande do Norte), and aimed to analyze the conception of 
these professionals about the topics: water quality, water pollution and sewage borne 
diseases water, importance of aquatic and environmental
research and awareness. 
As instruments for this analysis questionnaires in the months of November and 
December 2009 were applied. The study showed that teachers recognize the 
existence of problems related to water quality in their cities and that there is a need 
to implement environmental education and health education to raise awareness of 
these professionals teaching and, consequently, their students to the issues 
surrounding the topic of water quality. 
 
Keywords: Questionnaire, Environmental Education, Health Education. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 33 
1 - INTRODUÇÃO 
 
A água é um recurso de infinita importância e de múltiplas utilidades para a 
população. Suas características são ainda mais relevantes em regiões que sofrem 
com a sua má distribuição e com problemas de escassez, como é o caso do 
semiárido brasileiro, que depende da construção de reservatórios para que toda a 
comunidade tenha acesso a esse bem natural. 
 No contexto de modificações sociais e econômicas que o semiárido vem 
passando a Educação Ambiental (EA) no contexto escolar torna-se uma ferramenta 
de grande utilidade pelo papel que a escola tem de sistematizar e socializar o 
conhecimento, bem como de possibilitar a formação de cidadãos suficientemente 
informados, conscientes e atuantes, para que as questões ambientais possam ser 
não apenas discutidas, mas para que se busquem soluções para elas (LUCATTO & 
TALAMONI, 2007). 
 A Educação Ambiental, assim como as questões ambientais de ordem global, 
começaram a ganhar destaque a partir das décadas de 60 e 70 quando, com o 
desenfreado avanço tecnológico, o homem começou a exceder os limites de uso dos 
recursos naturais, preocupando cientistas e as organizações ambientalistas (SILVA 
et al. 2009) 
 Para Sorrentino et al. (2005), a EA nasce como um processo educativo que 
conduz a um saber ambiental materializado nos valores éticos e nas regras políticas 
de convívio social e de mercado, que implica a questão distributiva entre benefícios 
e prejuízos da apropriação e do uso da natureza. Ou seja, a Educação Ambiental 
age como um transformador da sociedade, uma vez que ela passa a ser mais 
solidária com as questões ambientais. 
 Oliveira et al. (2008) afirmam que a EA alicerçada na educação em valores 
humanos proporciona o resgate do sagrado, da unidade e da vivência da 
espiritualidade humana, levando a pessoa a se conhecer, a ter consciência dos 
processos mais diretos do seu próprio desenvolvimento. Incorpora ao processo 
educacional a natureza física, psíquica, emocional, afetiva, energética e vibracional 
do ser humano, entendido na complexidade de suas várias dimensões. Desta forma, 
consideramos que o processo educacional abre espaço para o resgate das emoções 
e para a convivência humana. 
 Devido ao caráter modificador da Educação Ambiental, ela se destaca por 
apresentar como objetivos o desenvolvimento de uma compreensão integrada do 
meio ambiente em suas múltiplas e complexas relações, envolvendo aspectos 
ecológicos, legais, políticos, sociais, econômicos, científicos, culturais e éticos; o 
estímulo e o fortalecimento de uma consciência crítica sobre a problemática 
ambiental e social; o incentivo à participação individual e coletiva na preservação do 
equilíbrio do meio ambiente, entendendo-se a defesa da qualidade ambiental como 
um valor inseparável do exercício da cidadania (BERGMANN & PEDROZA, 2008). 
 Aliada à EA com todos os seus conceitos e paradigmas associa-se a 
educação em saúde, ambas com o objetivo de promover melhor qualidade de vida 
para a sociedade. A ausência da integração entre os educadores e membros da 
comunidade, a falta de abordagens multidisciplinares, o ceticismo dos profissionais 
em trabalhar de forma participativa com a comunidade e a falta de qualificação 
desses profissionais são entraves para a promoção da saúde (DINIZ et al., 2010). 
 Do mesmo modo que a Educação Ambiental vem sendo incorporada aos 
currículos escolares, ainda, para Diniz et al. (2010) a educação em saúde também 
 34 
deve ser assim incluída, devendo ser tratada ano a ano, com níveis crescentes de 
informação e integração a outros conteúdos. 
Diante da importância que tem uma educação que preza pela qualidade de 
vida e pelo papel transformador que tem a Educação Ambiental e a educação em 
saúde, o objetivo deste trabalho foi analisar a concepção que os professores do 
ensino público dos municípios de Parelhas e Caicó (RN) têm sobre qualidade de 
água e avaliar a impressão deles sobre a importância da educação ambiental nos 
currículos escolares. 
 
 
2 - PERCURSO METODOLÓGICO 
2.1 - Locais onde foram desenvolvidos os trabalhos 
 Os municípios de Parelhas e Caicó (figura 1) estão inseridos na microrregião 
Seridó Oriental do Rio Grande do Norte. 
 
Figura 1 – Mapa do Rio Grande do Norte com destaque dos municípios de Parelhas 
(azul) e Caicó (vermelho), RN). Fonte: IBGE 
 
No município de Parelhas situa-se importante reservatório, denominado 
Boqueirão de Parelhas, que está situado a 2,5Km da cidade e é utilizado como fonte 
de abastecimento de água para o município (CAERN, 2010; SEMARH, 2010). No 
município Caicó há o reservatório Itans, que está situado a 4 km da cidade. Esse 
reservatório faz parte da Bacia Hidrográfica Piranhas-Assu que é de grande 
importância econômica para o estado do Rio Grande do Norte, ocupando uma 
superfície de 17.498,5 km2, que corresponde a cerca de 30% do território estadual e 
contribuindo com 79% do total de água acumulado no estado do Rio Grande do 
Norte (SEMARH) 
O instrumento utilizado para a investigação das concepções espontâneas de 
professores consistiu em um questionário cuja temática geral aborda a relevância da 
qualidade de água, e temas afins, e suas implicações na sociedade. As questões 
foram elaboradas com base nos trabalhos desenvolvidos por Almeida e Kurtz dos 
Santos (1999), Sodré-Neto & Araújo (2008) e Petrovich & Araújo (2009). 
Foram distribuídos 71 questionários em profissionais de ensino de escolas 
das redes estadual e municipal das cidades de Parelhas e de Caicó (RN), 
compreendendo professores de artes, biologia, ciências, ensino religioso, física, 
geografia, história, língua estrangeira, multisseriada, polivalentes, química e do 
 35 
apoio pedagógico das escolas. O questionário possuía 37 questões fechadas 
(objetivas, com respostas gerais, tais como “sim, não e não sei”) e três questões 
abertas. 
O questionário foi aplicado nas próprias escolas onde os professores 
trabalham durante os meses de novembro e de dezembro de 2009. 
Apesar de limitar a expressão das opiniões dos participantes, as questões 
fechadas facilitam a aplicação dos questionários e a posterior análise dos 
resultados. Já as questões abertas demoram mais tempo para serem interpretadas, 
porém permitem ao pesquisador explorar, com maior riqueza de detalhes, assuntos 
relacionados ao tema em questão, pois esse tipo de questionário oferece respostas 
mais representativas e fiéis da opinião do questionado e permite recolher variadas 
informações (BONI & QUARESMA, 2005). 
 Os principais temas do questionário se relacionam diretamente com a 
qualidade da água, abordando, de modo geral, sua importância para a sociedade, 
além de outros temas correlatos, os quais foram categorizados nos seguintes eixos 
temáticos: 
1. Qualidade da água; 
2. Poluição das águas e esgotos (formas de tratamento, quem produz, se sabem 
o destino do esgoto); 
3. Doenças de veiculação hídrica; 
4. Importância (econômica e ambiental) do ambiente aquático; 
5. Pesquisa e sensibilização ambiental. 
 
Estabelecidas estas categorias temáticas, foram destacados alguns pontos de 
maior ênfase, os quais passaremos a apresentar
e discutir. 
 
 
3 - RESULTADOS E DISCUSSÃO 
3.1 - Perfil dos profissionais da educação participantes da pesquisa 
 Dos 71 questionários distribuídos, obtivemos 45 respondidos por professores 
cuja idade variou de 27 a 60 anos. Destes professores, 34 são do sexo feminino e 
apenas 11 são do sexo masculino. Em relação à formação acadêmica, a maioria dos 
participantes possui nível superior completo, dois não responderam a esta pergunta 
e apenas um não concluiu o Ensino Superior, mas se encontrava cursando o sexto 
período de Pedagogia. Do total de respondentes, 30 são professores do Ensino 
Fundamental, e apenas 7 atuam no Ensino Médio. Os demais entrevistados atuam 
na área de apoio pedagógico das escolas. 
 
3.2 - Análise dos questionários: questões fechadas 
3.2.1 - Eixo temático 1: Qualidade da água 
A primeira questão desse eixo temático perguntava ao professor o que uma 
água de boa qualidade não poderia conter, informando a possibilidade de marcar 
mais de uma das seguintes alternativas: cheiro, cor, esgoto, bichos, gosto e outros 
(solicitando que informasse o que seria). 
Por questões didáticas, as respostas desta questão foram organizadas em 
grupos, de acordo com as respostas dadas, sendo eles: grupo 1 - todas as 
alternativas; grupo 2 - cor, gosto, cheiro e outras opções; grupo 3 – Outras 
combinações; e o grupo 4 – não marcou nenhuma das opções sugeridas (figura 2). 
O grupo mais apontado foi o 2, em que os respondentes marcaram a resposta 
que é apontada pela maioria dos livros didáticos, abordando como as características 
 36 
organolépticas da água: não tem cheiro, gosto e nem cor. Nesse sentido, 
consideramos que uma abordagem mais relacionada ao cotidiano dos alunos 
permitiria a capacidade de discussão mais adequada à realidade. Se em resposta a 
essa questão, os professores reproduzem as idéias dos livros de maneira literal, 
provavelmente não poderão discutir da maneira mais adequada com seus alunos a 
situação real, nesse caso, de um corpo d`água. 
 
Grupos de respostas referente a pergunta 1
24
11
29
2
33
Grupo 1
Grupo 2
Grupo 3
Grupo 4
Grupo 5
 
Figura 2 – Características que uma água de boa qualidade não deve apresentar, de 
acordo com os professores participantes. 
 
Uma observação interessante nesta questão é que 36% dos questionados 
consideram que uma água de boa qualidade não tem bichos, ou seja, é uma água 
que não tem animais aquáticos, o que não necessariamente é verdade. Se 
considerarmos que essa água é de um rio ou outro ambiente aquático, mesmo com 
a presença de animais ela pode e deve ser de boa qualidade. 
A questão 2 teve como objetivo questionar aos respondentes se uma água de 
aparência limpa tem sempre boa qualidade. Apenas cinco professores afirmaram 
que sim, o que caracteriza que a maioria dos professores (aproximadamente 90%) 
demonstra saber que mesmo uma água incolor pode estar contaminada. Essa 
compreensão é fundamental para subsidiar o estudo dos microrganismos, seres que 
exercem vários papéis no ambiente aquático. 
A terceira questão analisada neste eixo temático buscava saber se, na 
opinião dos professores, quando a água do açude está com cheiro desagradável é 
sinal de que ela está contaminada. Responderam afirmativamente a esta questão 
76% dos professores, os outros 24% responderam que não ou que não sabiam. 
Por fim, a quarta questão investigou se, para os professores, uma água de 
boa qualidade não tem organismos que causam doenças. Dos participantes, 78% 
responderam que sim e o restante respondeu negativamente. 
 
3.2.2 - Eixo temático 2: Poluição das águas e esgotos 
Este eixo temático corresponde às questões de números 05 a 08 e trata da 
poluição das águas por esgotos e de quem é responsável por sua produção. A 
primeira questão desse eixo temático (figura 3) perguntava aos professores quais 
eram os principais agentes de poluição/contaminação das águas. As alternativas de 
resposta eram: lixo industrial, lixo residencial, despejo de esgotos, lixo hospitalar, 
produtos químicos e outros, podendo ser marcada mais de uma resposta. Um pouco 
mais da metade dos professores (56%) indicou que todas as formas de poluição 
poderiam afetar os ambientes, demonstrando ter conhecimento a respeito das fontes 
de origem de cada tipo de poluição que contamina as águas. Isso significa que 44% 
deles, aproximadamente, não conseguiu relacionar essas formas de poluição à 
água. Tal fato é compartilhado por Vargas (2002) quando, em uma pesquisa 
 37 
semelhante, constatou que mais de 65% dos entrevistados consideraram não 
possuir informações suficientes em relação aos problemas de poluição dos rios em 
sua própria cidade. As respostas obtidas neste trabalho levam a crer que 
aproximadamente a metade dos sujeitos envolvidos também demonstrou não 
possuir o conhecimento de que o excesso de cargas de poluição doméstica, pluvial 
e industrial contamina os mananciais, especialmente nas regiões urbanas (TUCCI; 
HESPANHOL; NETTO, 2000). 
 
 
Questão 05 - Os principais responsáveis pela 
poluição/contaminação da água são.
0
20
40
60
80
100
Lixo industrial Lixo
residencial
despejo de
esgotos
Lixo hospitalar Produtos
químicos
Outros
 
 
Figura 3- Percentual de respostas sobre os principais responsáveis pela 
poluição/contaminação da água. 
 
Alguns professores complementaram suas respostas, quando optavam pela 
alternativa “outros”, ao dizer que agrotóxicos e o lazer também são responsáveis 
pela contaminação dos açudes Um exemplo disso, é o fato de um dos professores 
ter marcado “outros” e ter justificado afirmando que os seres humanos são as 
maiores fontes de poluição, uma vez que eles são os responsáveis por todas as 
alternativas disponíveis como respostas. 
A questão seis teve como objetivo saber dos professores se a contaminação 
por esgotos leva a uma diminuição na qualidade da água, ao que todos 
responderam “sim”. Constata-se aqui a existência de uma preocupação em relação 
às conseqüências da poluição para a qualidade da água. Esse fato é considerado de 
grande importância, já que a preservação ambiental e o controle da poluição difusa 
dos recursos hídricos são grandes desafios atuais no Brasil (TUCCI; HESPANHOL; 
NETTO, 2000). 
A sétima questão, para a qual também era possível marcar mais de uma 
opção, investigava o conhecimento em relação aos locais de produção dos esgotos. 
Dentre as alternativas, as escolas foram indicadas por 62%, as indústrias por 82 % e 
os hospitais por 87% dos professores. Destes, 84% indicou que as residências 
produzem esgotos, um fato surpreendente, pois 16%, não relacionaram suas casas 
como sendo produtoras de esgotos. O esperado era que 100% deles dissessem que 
todos os locais citados produzem esgotos, pois se relacionam com processos que 
geram resíduos. 
Ainda neste eixo temático a questão de número 8 investigou se os 
professores admitiam que eles próprios fossem produtores de esgoto. Responderam 
afirmativamente 80% deles, 16% disse que não e 4% deles afirmaram não saber 
responder a essa indagação. Esse resultado mostra que um percentual preocupante 
dentre os respondentes não tem conhecimento de que somos todos produtores de 
 38 
esgotos, e isso pode ter uma implicação no modo como tratam esse tema com seus 
alunos. 
 
3.2.3 - Eixo temático 3: Doenças de veiculação hídrica 
 Este eixo temático abrangeu as questões de números 15 a 18 e tratava sobre 
as doenças transmitidas pela água. A questão 15 teve por objetivo saber dos 
professores se a contaminação de açudes, rios e mares pode causar doenças. Os 
profissionais de ensino demonstram saber que sim, pois todos eles responderam de 
forma afirmativa essa pergunta. 
 As questões 16 e 17 perguntavam, respectivamente, se ao tomar banho em 
águas contaminadas eles poderiam adquirir
alguma doença e se ao ingerir essa 
água eles também poderiam adquirir alguma doença e, em caso de resposta 
afirmativa, que doenças seriam essas. A resposta afirmativa foi unânime para as 
duas perguntas e as patogenias mais citadas foram “amebíase”, “cólera”, 
“dermatites”, “diarréia aguda”, “esquistossomose”, “febre tifóide”, “giardíase”, 
“hepatite infecciosa”, “leptospirose” e “micose”. O percentual de respondentes que 
deram exemplo a estas questões foi de 49%. 
 Contudo, na questão 18 (figura 4), que procurou levantar se os professores 
conhecem as doenças que podem ser transmitidas pela água contaminada e quais 
são elas, 22% dos professores disseram não conhecer doenças que podem ser 
transmitidas por uma água contaminada. Comparando este resultado com aqueles 
das questões 16 e 17 pode-se perceber que os professores sabem que uma água 
contaminada traz doenças para a população, mas que muitos deles não consegue 
identificar exatamente que tipos de doenças essa água contaminada pode causar. 
 
QUESTÃO 18 - Conheço as doenças que 
podem ser transmitidas pela água 
contaminada?
Sim
78%
Não
22%
 
 
Figura 4 - Gráfico demonstrativo do percentual de respostas da questão 18. 
 
Os resultados das questões que tratam sobre as doenças de veiculação 
hídrica nos mostram a necessidade de se fazerem programas de educação 
ambiental e em saúde, utilizando o tema água e saúde para que se esclareçam 
melhor quais doenças podem ser adquiridas pela água contaminada e como 
preveni-las, especialmente em se tratando de uma região em que há escassez de 
água de boa qualidade, como é o caso da região semi-árida do Rio Grande do 
Norte. 
 
 39 
3.2.4 - Eixo temático 4: Importância (econômica e ambiental) do ambiente 
aquático 
Esse eixo temático é composto pelas questões 26, 31 e 33. Na questão 26 
(figura 5), os participantes são indagados se conseguem imaginar a sua cidade sem 
o açude, 58% respondem que não, reafirmando a importância que estes 
reservatórios têm para a população. De acordo com Vargas (2002), não existe 
independência absoluta entre as atitudes das pessoas e o ambiente, seja ele natural 
ou construído. O autor também enfatiza que a satisfação, ou não, do homem em 
relação ao meio ambiente é afetada por juízos de valor, por expectativas e 
aspirações geradas dentro de um contexto cultural. A partir dessa observação, é 
possível concluir que o açude, por sua importância cultural e econômica, influencia a 
percepção que as pessoas apresentam ao seu respeito. 
 A questão 31 perguntava de quem é o dever de evitar que os recursos 
hídricos sejam contaminados: da “população”, do “governo da cidade” ou de “todos”. 
Em relação a essa pergunta, 2% dos professores disseram que a responsabilidade é 
da população, 9% afirmaram ser do Governo do Estado e 89% reconheceram que é 
um dever de todos garantir a qualidade de água de sua região. 
Narvai (2000) propõe que se um bem ou serviço qualquer implicar risco ou 
representar algum fator de proteção para a saúde pública, além do controle do 
produtor sobre o processo, distribuição e consumo, deverá ocorrer, também, um 
controle por parte das instituições do Estado. Com isso o resultado obtido corrobora 
com a afirmação do autor, em que não é somente o responsável pela ação 
prejudicial a um determinado ambiente que deve se preocupar em preservar os 
recursos ali existentes, mas sim que esse deve ser um esforço conjunto entre 
população e governo. Ainda assim, considera-se um percentual elevado o de 
pessoas que não vêem a ação do estado como sendo de fundamental importância 
para preservação dos recursos hídricos. 
A questão 33 procurou saber se os professores reconhecem qual a 
importância do açude para as suas respectivas cidades. Apesar de ser uma questão 
fechada ela dava a possibilidade de se marcar mais de uma opção. Conforme pode 
ser observado na figura 5, todos os professores marcaram a opção para consumo 
porque a água do açude serve para abastecer as cidades, principalmente no caso 
de Parelhas. Contudo, 84% marcaram também as opções lazer e turismo e pesca, 
demonstrando o quanto essas atividades são frequentes nesses ambientes. Apenas 
11% marcaram outros citando a agricultura, a irrigação e fins domésticos como 
formas de uso da água do açude. Em especial para a cidade de Parelhas, isso pode 
ter ocorrido porque os açudes próximos ao município são pouco utilizados para 
agricultura por serem rodeados por formações rochosas, diferentemente de outros 
reservatórios da região que permitem a prática da agricultura. 
 40 
Questão 33 - A água do açude da minha cidade é 
utilizada para:
0
20
40
60
80
100
Consumo
humano
Lazer e turismo Pesca Despejo de
esgotos
Outros
 
Figura 5 – Percentual de respostas sobre a água do açude da minha cidade é 
utilizada para. 
 
Enumerar todas as utilidades econômicas e sociais que competem pela 
apropriação ou utilização dos recursos hídricos é uma tarefa muito difícil, porém, 
ainda assim, é possível estabelecer algumas categorias de utilização da água 
(VARGAS, 1999), como é o caso da irrigação, pesca e lazer, produção industrial e 
geração de energia, por exemplo. Esse foi um dos objetivos desse eixo temático, em 
que se buscou descobrir qual a visão que os professores têm a respeito do açude 
localizado em sua região (Boqueirão de Parelhas, no município de Parelhas; e Itans, 
localizado no município de Caicó). 
 
3.2.5 - Eixo temático 5: Pesquisa e sensibilização ambiental 
 Este eixo temático, representado pelas questões 34 a 36, teve por objetivo 
investigar se os professores trabalham na perspectiva da Educação Ambiental em 
suas aulas. A questão de número 34 questionava se as escolas em que os 
professores trabalham realizam atividades de Educação Ambiental, e todos 
responderam que sim. Destes, 78% afirmaram que participam de pelo menos 1 
dessas atividades, 9% que a escola desenvolve mas ele não participa, e 13% 
marcou que a escola não realiza atividades de Educação Ambiental. 
A questão 35 perguntava se eles conhecem as leis que existem sobre o uso e 
a qualidade de água e obteve como respostas afirmativas 47%, contra 53% que 
afirmaram não conhecer essa legislação (figura 6). 
 
Questão 35: conheço as leis que existem sobre uso e 
qualidade de água
47%
53%
Sim
Não
 
Figura 6 - Gráfico demonstrativo do percentual de respostas da questão 35. 
 
 Finalizando este eixo temático, a questão 36 procurou saber se, na opinião 
dos professores, a consciência ambiental diminui os problemas da água. Mais uma 
 41 
vez a resposta afirmativa foi unânime, o que nos mostra que os professores têm 
consciência de que as atividades de educação ambiental, usando o tema qualidade 
de água, são fundamentais para preservação e uso consciente desse bem tão 
precioso para a população mundial. 
 Vargas (2002) afirma que a noção de co-responsabilização dos usuários da 
água é um processo que passa pela informação, educação e pela mobilização dos 
usuários. Essa percepção é compartilhada pelos professores, os quais assumiram 
que a sensibilização dos problemas ambientais auxilia na preservação dos recursos 
hídricos. Assim, a educação e a mobilização, particularmente dos usuários 
domésticos de água, devem ser acompanhadas de um conhecimento profundo de 
suas atitudes e práticas em relação a esse recurso. 
 Tucci, Hespanhol e Netto (2000) apontam a necessidade da existência de 
uma capacidade gerencial, assim como programas de apoio para que a população 
busque melhorias e condições para o desenvolvimento sustentável. Tal fato deve 
partir do desenvolvimento de atividades de Educação Ambiental que busquem 
formas de preservação do meio ambiente. O reconhecimento dessa necessidade se 
revela quando aproximadamente 80% dos professores disseram participar de 
atividades de EA em suas escolas.

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