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direito tributario

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Prof. Guilherme Pedrozo
Curso OAB
1 FASE XXIXa
DIREITO 
TRIBUTÁRIO
 
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Art. 3º Tributo é toda prestação pecuniária compulsória, em moeda ou cujo valor nela se possa exprimir, que não constitua sanção de ato ilícito, instituída em lei e cobrada mediante atividade administrativa plenamente vinculada. 
Art. 156. Extinguem o crédito tributário: (...) XI – a dação em pagamento em bens imóveis, na forma e condições estabelecidas em lei. (Incluído pela LCP nº 104, de 2001). 
 
 1 - TRIBUTO 
 Ao iniciarmos o estudo do direito tributário, parte material, compreende-se necessário estudar o conceito de tributo e suas repercussões frente a matéria que será objeto de análise na presente obra. Leciona o artigo 3º do CTN que tributo é: 
 Diante do referido acima exposto, compreende-se que tributo é toda prestação pecuniária compulsória, ou seja, uma vez prevista em norma criada pelo respectivo ente competente, ocorrendo o fato gerador e sem qualquer dispensa prevista na Constituição Federal (imunidades) ou em norma infraconstitucional (isenções ou convênios), terei de pagar tributo. Diante disto, o pagamento de tributo é obrigatório, compulsório. Outrossim o pagamento do referido tributo previsto em norma deverá ser realizado, via de regra, em dinheiro. Entretanto o próprio Código Tributário Nacional faculdade a possibilidade de pagamento de tributo mediante a dação em pagamento de bem imóvel, uma vez presente tal opção nas formas de extinção do crédito tributário. 
 Mas questiona-se: será sempre possível realizar a extinção do crédito tributário, ou seja, o pagamento mediante dação em pagamento de bem imóvel? A 
 
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Da Dação de Pagamento em Bem Imóvel 
Lei Específica 
Do Ente Competente 
Não Gera Direito Adquirido 
Art. 146. Cabe à lei complementar: I - dispor sobre conflitos de competência, em matéria tributária, entre a União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios; II - regular as limitações constitucionais ao poder de tributar; III - estabelecer normas gerais em matéria de legislação tributária, especialmente sobre: a) definição de tributos e de suas espécies, bem como, em relação aos impostos discriminados nesta Constituição, a dos respectivos fatos geradores, bases de cálculo e contribuintes; b) obrigação, lançamento, crédito, prescrição e decadência tributários; 
resposta é negativa. Somente poderá ser assim realizada mediante a existência de alguns requisitos e observações: 
 Entretanto, além do ponto acima exposto, pergunta-se: poderão os entes competentes criarem norma infranconstitucional que estabeleça novas formas de extinção do crédito tributário, como por exemplo, dação em pagamento de bem móvel? Mediante análise legalista e constitucionalista, compreende-se que não, visto que a Constituição Federal, no seu artigo 146, é bastante clara que as normas gerais de direito tributário somente poderão ser realizadas pela União, mediante lei complementar. 
 
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 Entretanto cabe ressaltar que o Supremo Tribunal Federal vem afirmando, mais precisando através da ADI 2.405-MC, que os entes competentes poderão criar novas formas de extinção desde que constitucionais. Igualmente, diante deste contexto fático, lecionou o mesmo tribunal superior (ADI 1.917) que não poderão os entes públicos criarem extinção do crédito tributário mediante dação em pagamento de móvel visto que estaria realizando-se fraude ao sistema licitatório, infrigindo assim o artigo 37, XXI da Constituição Federal. Ainda sobre o conceito de tributo leciona o artigo 3º do CTN que nenhum tributo poderá ter caráter sancionatório, ou seja, ser forma de punição a qualquer pessoa. Por esta razão, compreende-se que se alguém vende drogas, pratica o jogo do bicho ou realiza crime ambiental, para este jamais poderá ser criado um tributo como espécie de sanção ou punição pelo ato realizado. Sobre isto leciona com magnitude Ricardo Alexandre1: “Aqui, uma importantíssima observação. O dever de pagar tributo – conforme será detalhado em momento oportuno – surge com a ocorrência, no mundo concreto, de uma hipótese abstratamente prevista em lei (o fato gerador). Portanto, se alguém obtém disponibilidade econômica ou jurídica de rendimentos, passa a ser devedor do imposto de renda (CTN, art. 43), mesmo se esses rendimentos forem oriundos de um ato ilícito, ou até criminoso, como a 1 ALEXANDRE, Ricardo. Direito Tributário Esquematizado. 8. ed. rev., atual. e ampl. – Rio de Janeiro: Forense; São 
Paulo: MÉTODO, 2014. Página 72. 
c) adequado tratamento tributário ao ato cooperativo praticado pelas sociedades cooperativas. d) definição de tratamento diferenciado e favorecido para as microempresas e para as empresas de pequeno porte, inclusive regimes especiais ou simplificados no caso do imposto previsto no art. 155, II, das contribuições previstas no art. 195, I e §§ 12 e 13, e da contribuição a que se refere o art. 239. 
 
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Art. 118. A definição legal do fato gerador é interpretada abstraindo-se: I - da validade jurídica dos atos efetivamente praticados pelos contribuintes, responsáveis, ou terceiros, bem como da natureza do seu objeto ou dos seus efeitos; II - dos efeitos dos fatos efetivamente ocorridos. 
corrupção, o tráfico ilícito de entorpecentes etc. A justificativa para o entendimento é que, nesses casos, não se está punindo o ato com o tributo (a punição ocorrerá na esfera penal e, se for o caso, na administrativa e civil). A cobrança ocorre porque o fato gerador (obtenção de rendimentos) aconteceu e deve ser interpretado abstraindo-se da validade jurídica dos atos praticados (CTN, art. 118, I).” Mas, importante dizer que os frutos oriundos da atividade ilícita poderão ser tributados, visto que na forma do artigo 118, I do Códito Tributário Nacional vou abstrair a validade dos fatos jurídicos praticados pelo contribuinte. Logo para o direito tributário, aplicamos o princípio da pecunia non olet, ou seja, o dinheiro não tem cheiro. 
 Diante disto muito embora não seja tributado o ato de comercializar drogas ou apontar jogo do bicho, os frutos e/ou rendas auferidas com a realização de tais atos, será tributada normalmente. Por fim, vale ressaltar que nenhum tributo será pago, sem lei que o estabeleça, atendendo ao princípio máximo da legalidade estrita na forma do artigo 150, I da Constituição Federal, bem como o administrador público deverá analisar objetivamente o que contido na norma (vinculação total) para tributar o contribuinte, não podendo assim realizar nenhum ato discricionário para à cobrança do mesmo. 
 
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 Depois de compreendermos o que é tributo, resta alertar sobre quais são as espécies de tributo que os entes competentes poderão criar. Assim diante desta análise, devemos compreender que tributo é um gênero onde apresentam-se 5 (cinco) espécies tributárias: impostos, taxas, contribuições de melhoria, contribuições especiais e empréstimos compulsórios. 
 
 2 – COMPETÊNCIA TRIBUTÁRIA Mas afinal de contas, quem poderá criar o que compreendemos de tributo? Lembre-se que a Constituição Federal não criará nenhum tributo ou fará sua exigência, mas tão somente a nossa Carta Mãe entregará poderes para que os respectivos entes competentes (União, Estados, Distrito Federal e Municípios) venham a criar as espécies de tributo. Leciona sobre isto Ricardo Alexandre2: “A Constituição Federal não cria tributos, apenas atribui competência para que os entes políticos o façam. Da mesma forma que os penalistas dizem que não há crime sem lei anterior que o defina, pode-se afirmar que não há tributo sem lei anterior que o defina. Assim, apesar de a Constituição Federal atribuir à União a competência para a criação do imposto sobre grandes fortunas (art. 153, VII), a inércia legislativa faz com que esse tributo não exista no atual ordenamento jurídico. Enfim, para que sejam criados tributos, o ente tributante deveeditar lei (ou ato normativo de igual hierarquia, diga-se, Medida Provisória) instituindo-os abstratamente, ou seja, definindo seus fatos geradores, bases de cálculo, alíquotas e contribuintes.” Antes de citar quais tipos de tributos os entes poderão criar, importante dizer sobre as características da competência tributária. 2 ALEXANDRE, Ricardo. Direito Tributário Esquematizado. 8. ed. rev., atual. e ampl. – Rio de Janeiro: Forense; São 
Paulo: MÉTODO, 2014. Página 106. 
 
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Art. 7º A competência tributária é indelegável, salvo atribuição das funções de arrecadar ou fiscalizar tributos, ou de executar leis, serviços, atos ou decisões administrativas em matéria tributária, conferida por uma 
a) Indelegável: nenhum ente poderá transferir a sua competência de criar e/ou majorar tributo para outro ente competente. 
 
 Entretanto, muito embora indelegável a competência tributária, a capacidade ativa tributária poderá ser delegada para outra pessoa jurídica de direito público. Mas do que trata-se a capacidade ativa tributária? Exercer a capacidade ativa tributária não compreende-se o exercício da competência de criar e/ou majorar, mas sim o exercício administrativo de fiscalizar, executar as normas e arrecadar tributo em nome do ente competente. Leia-se os clássicos exemplos do ITR e IR Retido na Fonte. Também é importante dizer sobre a delegação da capacidade ativa tributária que somente e tão exclusivamente o ato de arrecadação poderá ser delegado para outra pessoa jurídica de direito privado na forma do artigo 7º, §3º do CTN. 
pessoa jurídica de direito público a outra, nos termos do § 3º do artigo 18 da Constituição. § 1º A atribuição compreende as garantias e os privilégios processuais que competem à pessoa jurídica de direito público que a conferir. § 2º A atribuição pode ser revogada, a qualquer tempo, por ato unilateral da pessoa jurídica de direito público que a tenha conferido. § 3º Não constitui delegação de competência o cometimento, a pessoas de direito privado, do encargo ou da função de arrecadar tributos. Art. 8º O não-exercício da competência tributária não a defere a pessoa jurídica de direito público diversa daquela a que a Constituição a tenha atribuído. 
 
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Art. 145. A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios poderão instituir os seguintes tributos (...) 
Art. 11. Constituem requisitos essenciais da responsabilidade na gestão fiscal a instituição, previsão e efetiva arrecadação de todos os tributos da competência constitucional do ente da Federação. Parágrafo único. É vedada a realização de transferências voluntárias para o ente que não observe o disposto no caput, no que se refere aos impostos. 
 b) Facultativa: o ente competente e assim compreendido na forma do texto constitucional somente criará o tributo de sua competência de assim desejar. Veja o que diz o artigo 145 da Constituição, onde refere-se claramente em poderão: 
 Mas e se o exercício da competência tributária não for realizado? Muito embora defenda-se sua facultatividade, já existe posição de tribunal superior informando que o ente competente que abre mão de receitas, terá a penalidade da vedação das transferências voluntárias na forma da lei complementar 101/2000. 
 c) Irrenunciável: nenhum ente poderá abrir mão e/ou renunciar a competência tributária para qualquer outro ente ou pessoa jurídica, seja pública ou privada. d) Inalterável: a competência tributária não poderá ser alterada mediante norma infranconstitucional, podendo sim ser alterada mediante emenda constitucional. Após analisada as características da competência tributária, temos de saber quais são os tributos que os entes (União, Estados, DF e Municípios) poderão criar conforme texto constitucional. 
 
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Art. 154. A União poderá instituir: I - mediante lei complementar, impostos não previstos no artigo anterior, desde que sejam não-cumulativos e não tenham fato gerador ou base de cálculo próprios dos discriminados nesta Constituição. Art. 195. A seguridade social será financiada por toda a sociedade, de forma direta e indireta, nos termos da lei, mediante recursos provenientes dos orçamentos da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, e das seguintes contribuições sociais: (Vide Emenda Constitucional nº 20, de 1998) 
 
 Das competências acima expostas da União, duas questões são extremamente importantes e tem recorrência em provas: será sempre e somente da União a competência para criar novos tipos de impostos (os chamados residuais) e novas contribuições sociais residuais. E tudo isto, mediante tão somente lei complementar. 
Imposto de Importação 
Imposto de Exportação 
Imposto de Renda 
Imposto Territorial Rural 
Impostos Imposto sobre Operações Financeiras 
Taxa Imposto sobre Grandes Fortunas 
Contribuição 
de Melhoria 
Imposto sobre Produtos 
Industrializados 
Imposto Extraordinário Guerra 
União 
Imposto Residual 
Contribuições Sociais 
Contribuições 
Especiais 
Empréstimo 
Compulsório 
Contribuição Previdenciária de 
Servidor 
Contribuição de Intervenção no 
Domínio Econômico 
Contribuição de Categoria 
Profissional 
 
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Imposto Predial Territorial Urbano 
Imposto Transmissão Bens Imóveis 
Imposto sobre Serviços 
Impostos 
Imposto sobre Propriedade Veicular 
Taxa 
Distrito Contribuição 
Imposto Transmissão Causa Mortis ou 
Doação 
Federal de Melhoria Imposto sobre Circulação de 
Mercadorias 
Contribuição Previdenciária de Servidor 
Contribuições 
Especiais Contribuição sobre Custeio de 
Iluminação Pública 
 
 Após análise da competência da União, vejamos a competência do Distrito Federal. 
 Vale dizer que na forma do artigo 155 e 147 da Constituição Federal que o Distrito Federal terá competência cumulativa dos Estados e dos Municípios. Já os Estados poderão criar os seguintes tributos na forma do artigo 155 da Constituição Federal: 
 Por fim, os Municípios na forma do artigo 156 da Constituição Federal poderão criar os seguintes tributos: 
Imposto sobre Propriedade Veicular 
Impostos Imposto Transmissão Causa Mortis ou Doação 
Taxa Imposto sobre Circulação de Mercadorias 
Estados 
Contribuição 
de Melhoria 
Contribuições Contribuição Previdenciária de 
Especiais Servidor 
§ 4º A lei poderá instituir outras fontes destinadas a garantir a manutenção ou expansão da seguridade social, obedecido o disposto no art. 154, I. 
 
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 Ainda, no que tange a competência para os mais variados tributos, faço-me uso da tabela retirada do livro Direito Tributário Esquematizado, do Professor Ricardo Alexandre3: 
CLASSIFICAÇÃO ESPÉCIES DEFINIÇÃO EXEMPLOS 
Quanto à 
competência 
impositiva 
Federais Criados privativamente pela União II; IE; IR; IPI; ITR; IOF; IGF Estaduais Criados privativamente pelos Estados e pelo DF ITCMD; ICMS; IPVA Municipais Criados privativamente pelos Municípios e pelo DF 
IPTU; ITBI; ISS 
Quanto ao 
exercício da 
competência 
Privativos A competência para criação é atribuída a determinado ente com caráter de exclusividade 
Impostos; empréstimos compulsórios; contribuições especiais Comuns A competência para criação é atribuída indiscriminadamente a todos os entes políticos 
Taxas e contribuições de melhoria 
 3 ALEXANDRE, Ricardo. Direito Tributário Esquematizado. 8. ed. rev., atual. e ampl. – Rio de Janeiro: Forense; São Paulo: 
MÉTODO, 2014. Página 237. 
Imposto Predial Territorial Urbano 
Impostos Imposto Transmissão Bens Imóveis 
Taxa Imposto sobre Serviços 
Municípios 
Contribuição 
de Melhoria 
Contribuição Previdenciária de Servidor 
Contribuições 
Especiais Contribuição sobre Custeio de 
Iluminação Pública 
 
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 Residuais A Constituição atribuià União competência para criar tributos não previstos ordinariamente 
Novos impostos e novas contribuições para a seguridade social 
Quanto à 
finalidade 
Fiscais Finalidade arrecadatória IR; IGF; IPVA; ICMS; ITCMD; IPTU; ITBI; ISS; IEG; empréstimos compulsórios Extrafiscais Finalidade interventiva II; IE; IPI, IOF; ITR; CIDE Parafiscais Finalidade de arrecadar para atividades específicas 
Contribuições sociais e corporativas 
Quanto à 
hipótese de 
incidência 
Vinculados Cobrança depende de atividade estatal específica relativa ao contribuinte 
Taxas e contribuições de melhoria 
Não vinculados Cobrança independe de atividade estatal específica relativa ao contribuinte 
Impostos 
Quanto ao 
destino da 
arrecadação 
De arrecadação vinculada 
Os recursos arrecadados somente podem ser utilizados em atividades determinadas 
Empréstimos compulsórios; CPMF; custas e emolumentos De arrecadação Os recursos arrecadados podem ser utilizados em Impostos 
 
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 não vinculada qualquer despesa prevista no orçamento 
Quanto à 
possibilidade de 
repercussão 
Diretos Oneram diretamente a pessoa definida como sujeito passivo (não permitem a repercussão) 
IR; ITR; IPTU 
Indiretos Oneram pessoa diferente daquela definida como sujeito passivo (permitem a repercussão) 
ICMS; ISS; IPI; IOF 
Quanto aos 
aspectos 
subjetivos e 
objetivos da 
hipótese de 
incidência 
Reais Incidem objetivamente sobre coisas, desprezando aspectos subjetivos 
IPTU; ITR; ITCMD; IPI 
Pessoais Incidem de forma subjetiva, levando em consideração aspectos pessoais do sujeito passivo 
IR 
Quanto às bases 
econômicas 
tributadas 
Sobre o comércio exterior 
Incidem sobre as operações de importação e exportação 
II e IE 
Sobre o patrimônio e a renda 
Incidem sobre a propriedade de bens móveis ou imóveis e sobre o produto do capital, do trabalho ou da combinação de ambos 
ITR; IPTU; IPVA; IGF; IR 
 
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Sobre a produçã o e a circulação 
Incidem sobre a circulação de bens ou ICMS; ISS; IPI; IOF 
 valores e sobre a produção de bens 
 
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3 – LIMITAÇÕES AO PODER DE TRIBUTAR - PRINCÍPIOS Para que o ente público, através dos seus poderes constituídos, exerça a sua competência tributária será necessário balizar suas atividades nas limitações ao exercício do poder de tributar dispostos na Constituição Federal. Assim a nossa Carta Magna acaba pode ser uma espécie de filtro para o exercício da instituição e/ou majoração de tributos, servindo tais limitações assim precipuamente para a defesa dos contribuintes de qualquer tipo de cobrança arbitrária. Lembrando que tais limitações uma vez desrespeitadas irão gerar a inconstitucionalidade do ato ou da lei realizada pelo ente público competente. Ademais vale ressaltar que tais limitações dividem-se entre princípios e imunidades. 
3.1 – PRINCÍPIO DA LEGALIDADE Reza o artigo 150, I, da Constituição Federal que: 
 Logo, conforme acima exposto, nenhum tributo poderá ser criado ou majorado sem lei que o estabeleça. Portanto, via de regra, somente o Poder Legislativo poderá criar ou majorar tributo, sempre mediante observação do devido processo legislativo. E o Poder Executivo, não poderá atuar na criação ou majoração de tributos? Obviamente que a Constituição Federal lhe reservou possibilidades, até como forma de controlar a economia e o mercado. Diante disto podemos afirmar que houve mitigação ao princípio da legalidade. 
Art. 150. Sem prejuízo de outras garantias asseguradas ao contribuinte, é vedado à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios: I - exigir ou aumentar tributo sem lei que o estabeleça; 
 
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 a) 1ª Exceção ao Princípio da Legalidade: poderá o Poder Executivo da União mediante decreto, portaria ou resolução, alterar as alíquotas dos impostos (II, IE, IOF e IPI) abaixo descritos. Veja que alterar, a nossa acepção significa, majorar ou reduzir sem qualquer espécie de processo legislativo. 
 Importante ressaltar sobre a presente exceção que a Camex é o órgão de controle do comércio exterior do nosso país e está vinculada a administração pública federal, logo por esta razão lhe é possibilitada tal alteração de alíquotas. Ademais outro fato que pode-se questionar é da justificativa do porque é mitigado aqui o princípio da legalidade: tais impostos são extrafiscais, ou seja, servem para regular o mercado econômico. Por fim cabe dizer que tal possibilidade encontra-se respaldada em nosso texto constitucional no seu artigo 153,§1º da Constituição Federal: 
 b) 2ª Exceção ao Princípio da Legalidade: poderá o Poder Executivo igualmente por meio de decreto ou convênio, reduzir ou restabelecer as alíquotas de CIDE e ICMS Combustível. Mas por favor, não esqueça: aqui não trata-se de 
Imposto 
Importação 
Resolução Camex 
Imposto 
Exportação 
Poder Executivo - 
Alterar Alíquotas Imposto sobre 
Operações 
Financeiras 
Decreto/Portaria 
Imposto sobre 
Produtos 
Industrializados 
Art. 153. Compete à União instituir impostos sobre: § 1º É facultado ao Poder Executivo, atendidas as condições e os limites estabelecidos em lei, alterar as alíquotas dos impostos enumerados nos incisos I, II, IV e V. 
 
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majoração, mas tão somente redução ou retornar o quanto era anteriormente as alíquotas. 
 Sobre isto leciona Ricardo Alexandre4: “Com o advento da Emenda Constitucional 33/2001, foram previstas duas outras exceções ao princípio da legalidade no tocante a alterações de alíquotas. Ambas se referem à tributação de combustíveis. A primeira permite ao Poder Executivo reduzir e restabelecer as alíquotas da CIDE- combustíveis (o Presidente da República tem usado o Decreto como via normativa para o exercício da competência prevista no art. 177, § 4.º, I, b, da CF/1988). A segunda permite aos Estados e ao Distrito Federal, mediante convênio (realizado no âmbito do CONFAZ, conforme será estudado em momento oportuno), definir as alíquotas do ICMS-monofásico incidente sobre combustíveis definidos em Lei Complementar (CF, art. 155, § 4.º, IV).” 
c) 3ª Exceção ao Princípio da Legalidade: poderá o Poder Executivo também por através de decreto, portaria, atualizar base de cálculo de tributo. Mas 
 4 ALEXANDRE, Ricardo. Direito Tributário Esquematizado. 8. ed. rev., atual. e ampl. – Rio de Janeiro: Forense; São 
Paulo: MÉTODO, 2014. Página 263. 
§ 4º A lei que instituir contribuição de intervenção no domínio econômico relativa às atividades de importação ou comercialização de petróleo e seus derivados, gás natural e seus derivados e álcool combustível deverá atender aos seguintes requisitos: (Incluído pela Emenda Constitucional nº 33, de 2001) I - a alíquota da contribuição poderá ser: (Incluído pela Emenda Constitucional nº 33, de 2001) b)reduzida e restabelecida por ato do Poder Executivo, não se lhe aplicando o disposto no art. 150,III, b; 
 
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aqui é importante ressaltar: trata-se de mera atualização, recomposição da base, jamais podendo representar onerosidade ao contribuinte. Assim é importante também salientar que esta atualização deverá observar os limites estabelecidos pelos indexadores oficiais, ou seja, dentro de um máximo permitido observando-se estes índices. Tudo o que for superior aos indexadores, não poderá ser realizado pelo Poder Executivo, visto que tratar-se-a de onerosidade, logo podendo ser realizado apenas por meio de lei. 
 
 d) 4ª Exceção ao Princípio da Legalidade: poderá igualmente o Poder Executivo Federal mediante Medida Provisória criar ou majorar qualquer espécie tributária. Entretanto para que assim o faça terá de atender a dois requisitos: que o tributo possa ser criado por lei ordinária e que seja convertido em lei no mesmo ano de sua edição. 
Art. 97. Somente a lei pode estabelecer: § 1º Equipara-se à majoração do tributo amodificação da sua base de cálculo, que importe em torná-lo mais oneroso. § 2º Não constitui majoração de tributo, para os fins do disposto no inciso II deste artigo, a atualização do valor monetário da respectiva base de cálculo. 
Súmula 160 STJ - É defeso, ao município, atualizar o IPTU, mediante decreto, em percentual superior ao índice oficial de correção monetária. 
Art. 62. Em caso de relevância e urgência, o Presidente da República poderá adotar medidas provisórias, com força de lei, devendo submetê-las de imediato ao Congresso Nacional. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 32, de 2001) § 2º Medida provisória que implique instituição ou majoração de impostos, exceto os previstos nos arts. 153, I, II, IV, V, e 154, II, só produzirá efeitos no exercício financeiro seguinte se houver sido convertida em lei até o último dia daquele em que foi editada. 
 
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 e) 5ª Exceção ao Princípio da Legalidade: poderá, por fim, o Poder Executivo alterar o prazo para pagamento de tributo por meio de decreto ou portaria. Compreende-se pela desnecessidade de norma visto tal matéria não está assim disposta no artigo 97 do CTN, ou seja, não sendo necessário lei para tal realização. Após vistos as exceções ao princípio da legalidade, pode-se questionar qual tipo de lei poderá instituir ou majorar tributo? Via de regra os tributos serão criados ou majorados mediante lei ordinária. Entretanto existem 4 exceções de tributos, estas pelas quais somente serão operacionalizadas (criadas ou majoradas) mediante Lei Complementar. Vale ressaltar que se apenas esta última espécie normativa citada poderá realizar, tais tributos não poderão ser criados igualmente por Medida Provisória. 
 Outro ponto importante sobre o princípio da legalidade é sobre os incentivos ou benefícios fiscais. Na forma do artigo 150, §6º da Constituição Federal tais concessões somente poderão ser realizadas mediante lei, com exceção da isenção do ICMS que deverá ser realizada por meio de convênio na forma do artigo 155, §2º, XII, g, da Constituição Federal. Por fim, vale dizer ainda que se para criar ou majorar tributos será necessário norma legal, para sua extinção ou redução igualmente será necessário lei. Aplica-se 
Somente por Lei Complementar - Criação ou Majoração 
Imposto Residual - pela União - art. 154, I, da CF 
Contribuição Social Residual - pela União - art. 195, §4º da CF 
Empréstimo Compulsório - pela União - art. 148 da CF 
Imposto sobre Grandes Fortunas - pela União - art. 153, VII, da CF 
 
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aqui portanto o paralelismo de formas, ou seja, preciso de norma de nível hierárquico igual ou superior para extinguir ou reduzir os tributos. 
 
 3.2 – PRINCÍPIO DA ISONOMIA 
 Reza o artigo 150, II, da Constituição Federal que: 
 Diante do que compreendido pelo inciso supra citado todos terão tratamento igualitário perante a norma tributária, carecendo somente de um trato desigual aqueles que se apresentam em uma situação de desigualdade. Tal princípio está intimamente ligado ao princípio da capacidade contributiva (art. 145, §1º da CF) e o da não discriminação (art. 152 da CF). 
 3.3 – PRINCÍPIO DA ANTERIORIDADE O presente princípio irá limitar a possibilidade da cobrança do tributo criado e/ou majorado. Diante disto, tal princípio irá limitar a possibilidade e atividade dos entes competentes de cobrarem os tributos por eles respectivamente realizados. Logo este princípio servirá para informar ao contribuinte quando ele deverá e poderá ser cobrado dos respectivos tributos uma vez realizados os fatos geradores dispostos na norma tributária. Mas desde já, lembre-se: como trata-se de limitação ao exercício da competência tributária, ele será observado apenas quando da criação ou majoração de tributo, visto que quando tratar-se de medida desonerativa (mais favorável) ao 
Art. 150. Sem prejuízo de outras garantias asseguradas ao contribuinte, é vedado à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios: II - instituir tratamento desigual entre contribuintes que se encontrem em situação equivalente, proibida qualquer distinção em razão de ocupação profissional ou função por eles exercida, independentemente da denominação jurídica dos rendimentos, títulos ou direitos; 
 
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contribuinte, tal norma terá aplicação imediata. Igualmente para efeitos de Exame da Ordem, vale ressaltar que tal princípio trata-se de regra de eficácia e não de vigência. O princípio da anterioridade, com razão precípua da necessidade de evitar a surpresa aos contribuintes, é entendido conforme texto constitucional pela anterioridade do exercício e a anterioridade nonagesimal. 
 Diante disto, na forma do artigo 150, III, B, da Constituição Federal, todo tributo criado ou majorado somente poderá ser exigido no primeiro dia do exercício seguinte, ou seja, uma vez publicado, por exemplo no ano de 2017, somente poderá ser exigido no primeiro dia do ano de 2018. Entretanto, considerando que até 2003 apenas a Constituição Federal contemplava o presente artigo como princípio da anterioridade, ainda restava presente muitas surpresas aos contribuintes, visto que os tributos eram criados ou majorados no dia 28 de dezembro e já eram exigidos no dia 01 de janeiro do ano seguinte, ou seja, após apenas alguns dias da publicação. E para evitar esta surpresa, houve uma alteração no texto constitucional vindo a criar o princípio da anterioridade nonagesimal. Assim na forma do artigo 150, III, C, da Constituição Federal, todo tributo criado ou majorado, somente poderá 
Art. 150. Sem prejuízo de outras garantias asseguradas ao contribuinte, é vedado à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios: III - cobrar tributos: b) no mesmo exercício financeiro em que haja sido publicada a lei que os instituiu ou aumentou; (Vide Emenda Constitucional nº 3, de 1993) c) antes de decorridos noventa dias da data em que haja sido publicada a lei que os instituiu ou aumentou, observado o disposto na alínea b; (Incluído pela Emenda Constitucional nº 42, de 19.12.2003) 
 
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ser exigido após 90 (noventa) dias da publicação, justamente para evitar as surpresas acima citadas. Assim, via de regra, todos os tributos criados ou majorados deverão aguardar as duas anterioridades (requisitos cumulativos), ou seja, somente poderão ser exigidos no exercício seguinte da sua publicação somado a 90 (noventa) dias igualmente da publicação. Entretanto, como tudo não são flores em qualquer área do direito, compreendeu por bem o constituinte reservar a alguns tributos uma possibilidade de exigência mitigada, justamente para enfrentar o mercado econômico (política econômica e social) ou a necessidade de exigência do tributo. Assim positivou o constituinte, mitigando portanto os princípios da anterioridade: 
 Logo, conforme positivado no parágrafo supra indicado, assim compreendeu o constituinte: 
 Terão exigência imediata, ou seja, mesmo que majorados ou criados poderão ser exigidos tão logo publicados: Imposto Importação, Imposto Exportação, Imposto sobre Operações Financeiras, Empréstimo Compulsório Guerra Externa ou sua Iminência, Empréstimo Compulsório Calamidade e Imposto Extraordinário Guerra. 
 Outrossim terão exigência respeitando apenas a anterioridade nonagesimal, ou seja 90 dias após a sua publicação, sendo portanto 
Art. 150 da CF - § 1º A vedação do inciso III, b, não se aplica aos tributos previstos nos arts. 148, I, 153, I, II, IV e V; e 154, II; e a vedação do inciso III, c, não se aplica aos tributos previstos nos arts. 148, I, 153, I, II, III e V; e 154, II, nem à fixação da base de cálculo dos impostos previstos nos arts. 155, III, e 156, I. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 42, de 19.12.2003) 
 
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possível a sua exigência no mesmo ano de sua publicação: Imposto sobre Produtos Industrializados, Contribuições Sociais e CIDE/ICMS Combustíveis. 
 E terão exigência respeitando apenas a anterioridade do exercício, ou seja,podendo ser majorados em 28 de dezembro, publicados em 29 e já exigidos no dia 01 de janeiro: Imposto de Renda (alíquotas, base de cálculo) e Base de Cálculo (apenas) de IPVA e IPTU. Pós análise das exceções dispostas no artigo 150, §1º da Constituição Federal cabe ainda dizer que conforme Informativo 757 do STF, revogação ou isenção de benefício fiscal, mesmo que parcial, deverá observar os dois princípios da anterioridade. Assim, se minha empresa goza de um benefício e este venha ser revogado, o fisco deverá aguardar as duas anterioridades para exigir o tributo cujo o qual minha empresa tinha benefício. Por fim, outra questão de grande valia sobre o princípio da anterioridade, é de que a modificação de prazo para pagamento, mesmo que venha antecipar a arrecadação/pagamento, não estará sujeita a anterioridade na forma da Súmula Vinculante nº 50 do STF. 
 
 3.4 – PRINCÍPIO DA IRRETROATIVIDADE Reza o artigo 150, III, A, da Constituição Federal que: 
Súmula Vinculante 50 Norma legal que altera o prazo de recolhimento de obrigação tributária não se sujeita ao princípio da anterioridade. 
Art. 150. Sem prejuízo de outras garantias asseguradas ao contribuinte, é vedado à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios: III - cobrar tributos: 
 
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 Em face do que disposto na presente alínea a norma tributária não poderá retroagir, ou seja, não poderá atingir fatos geradores que ocorreram antes de sua vigência. Sendo assim, aplico a lei vigente, alíquota e base de cálculo que estiver em vigor quando da ocorrência do fato gerador. Logo conclui-se: a norma tributária, via de regra, não poderá retroagir justamente para preservar o direito adquirido, o ato jurídico perfeito e a proporcionar para todos uma segurança jurídica. E vale dizer ainda que a Constituição Federal não trás nenhuma mitigação ou exceção. Entretanto o Código Tributário Nacional nos apresenta 3 exceções a este princípio: a) 1ª Exceção ao Princípio da Irretroatividade: a norma nova que tenha caráter interpretativo de norma antiga, que venha solucionar pontos obscuros portanto da norma antiga, desde que não cause penalidade ao contribuinte, poderá retroagir. Assim a lei nova de caráter interpretativo, poderá retroagir, desde que não cause onerosidade ao contribuinte. 
 b) 2ª Exceção ao Princípio da Irretroatividade: a norma nova que venha deixar de tratar ato como infração (extinguir multa) ou reduzir a infração (reduzir o percentual da multa), poderá retroagir para fatos geradores já ocorridos, desde que exista ato pendente de julgamento (seja judicial ou administrativo). Vale ressaltar: trata-se de retroatividade mais benéfica somente e tão exclusivamente no campo das infrações (jamais no tocante as alíquotas ou base de cálculo). 
a) em relação a fatos geradores ocorridos antes do início da vigência da lei que os houver instituído ou aumentado; 
Art. 106. A lei aplica-se a ato ou fato pretérito: I - em qualquer caso, quando seja expressamente interpretativa, excluída a aplicação de penalidade à infração dos dispositivos interpretados; 
 
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 c) 3ª Exceção ao Princípio da Irretroatividade: por fim, poderá retroagir norma nova que venha instituir ou estabelecer novos critérios de fiscalização e/ou proporcionar ao crédito tributário nova classificação. 
 
 3.5 – PRINCÍPIO DO NÃO CONFISCO Reza o artigo 150, IV, da Constituição Federal que: 
 Conforme acima exposto nenhum ente público poderá estabelecer ou exigir tributo com caráter confiscatório, ou seja, que impeça o uso adequado da propriedade ou não possibilite o livre exercício da atividade privada. Logo o contribuinte não precisará vender seus bens em face da exigência de 
II - tratando-se de ato não definitivamente julgado: a) quando deixe de defini-lo como infração; c) quando lhe comine penalidade menos severa que a prevista na lei vigente ao tempo da sua prática. 
Art. 106. A lei aplica-se a ato ou fato pretérito: 
Art. 144. O lançamento reporta-se à data da ocorrência do fato gerador da obrigação e rege-se pela lei então vigente, ainda que posteriormente modificada ou revogada. § 1º Aplica-se ao lançamento a legislação que, posteriormente à ocorrência do fato gerador da obrigação, tenha instituído novos critérios de apuração ou processos de fiscalização, ampliado os poderes de investigação das autoridades administrativas, ou outorgado ao crédito maiores garantias ou privilégios, exceto, neste último caso, para o efeito de atribuir responsabilidade tributária a terceiros. 
Art. 150. Sem prejuízo de outras garantias asseguradas ao contribuinte, é vedado à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios: IV - utilizar tributo com efeito de confisco; 
 
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tributos que o impeçam de fazer o livre exercício do direito fundamental da propriedade. Importante ainda ressaltar que o STF passou a aplicar o presente dispositivo para as multas, ou seja, nenhuma multa (penalidade) poderá ser exigida com o caráter confiscatório, como por exemplo multa moratória (por atraso no pagamento) não poderá ter percentual superior a 20% (vinte por cento). Sobre a matéria importante colacionar 3 súmulas que tem trato recorrente no Exame da Ordem, inclusive como teses para peças processuais. 
 
 
 
 3.6 – PRINCÍPIO DA LIBERDADE DE TRÁFEGO Reza o artigo 150, V, da Constituição Federal que: 
 
SÚMULA 70 STF É inadmissível a interdição de estabelecimento como meio coercitivo para cobrança de tributo. 
SÚMULA 323 STF É inadmissível a apreensão de mercadorias como meio coercitivo para pagamento de tributos. 
SÚMULA 547 STF Não é lícito à autoridade proibir que o contribuinte em débito adquira estampilhas, despache mercadorias nas alfândegas e exerça suas atividades profissionais. 
Art. 150. Sem prejuízo de outras garantias asseguradas ao contribuinte, é vedado à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios: V - estabelecer limitações ao tráfego de pessoas ou bens, por meio de tributos interestaduais ou intermunicipais, ressalvada a cobrança de pedágio pela utilização de vias conservadas pelo Poder Público; 
 
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 Nenhum tributo poderá impedir o livre exercício do direito de ir e vir, salvo a própria mitigação exposta no inciso no que tange à cobrança de pedágios. Lembrando que, salvo melhor juízo, quem cobra pedágio não cobra tributo, mas sim tarifas ou preço público em que o contribuinte pagará para permissionários e/ou concessionárias do serviço público. 
 
3.7 – PRINCÍPIO DA UNIFORMIDADE GEOGRÁFICA Reza o artigo 151, I e II, da Constituição Federal que: 
 Tal princípio tem força coercitiva diretamente para a União. Assim o presente ente federativo, em razão do texto constitucional, não poderá tratar os demais entes federativos e seus contribuintes de forma desigual. Assim, exemplificando, a incidência sobre o Imposto de Renda que será considerado no Rio Grande do Sul, igualmente deverá ser no Rio de Janeiro, não podendo haver tratamento diferenciado. A justificativa para a presente norma cogente é: respeito a isonomia e pacto federativo. Entretanto o mesmo inciso I trabalha com uma mitigação onde faculta a União conceder tratamento diferenciado na tributação de sua competência à fim de 
Art. 151. É vedado à União: I - instituir tributo que não seja uniforme em todo o território nacional ou que implique distinção ou preferência em relação a Estado, ao Distrito Federal ou a Município, em detrimento de outro, admitida a concessão de incentivos fiscais destinados a promover o equilíbrio do desenvolvimento sócio-econômico entre as diferentes regiões do País; II - tributar a renda das obrigações da dívida pública dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, bem como a remuneração e os proventos dos respectivos agentes públicos, em níveis superiores aos que fixar para suas obrigações e para seus agentes; 
 
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proporcionar desenvolvimento sócio econômico de determinada região. Aqui encontra-seo clássico exemplo da Zona Franca de Manaus. E na forma do inciso II do artigo supra indicado a União também não poderá conceder tratamento diferenciado para seus servidores, bem como as obrigações de dívidas públicas. Logo se um Magistrado Federal tem retenção de 27,5% de seu ordenado, o mesmo deverá valer para o Magistrado Estadual, não podendo portanto a União conceder tratamento diferenciado para o federal em face deste pertencer aos quadros federais. 
 
3.8 – PRINCÍPIO DA ISENÇÃO HETERÔNOMA Reza o artigo 151, III, da Constituição Federal que: 
 Na forma do presente inciso a União não poderá intrometer-se no que tange a benefícios fiscais nos tributos que não são de sua competência. Assim não caberá isenções heterônomas, ou seja, a União não poderá conceder isenção de tributos que são de competência dos demais entes. Mas entretanto, algumas mitigações compreendidas na realidade como imunidades por estarem expressas na Constituição Federal, poderemos visualizar: a) 1ª Exceção: Imunidade de ISSQN para serviços destinados ao Exterior. 
Art. 151. É vedado à União: III - instituir isenções de tributos da competência dos Estados, do Distrito Federal ou dos Municípios. 
Art. 156. Compete aos Municípios instituir impostos sobre: III - serviços de qualquer natureza, não compreendidos no art. 155, II, definidos em lei complementar. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 3, de 1993) 
 
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 b) 2ª Exceção: Imunidade de ICMS para Mercadorias e Serviços para Exterior 
 c) 3ª Exceção: segundo o STF os Tratados ou Convenções Internacionais, uma vez ratificados pelo Presidente da República, este agindo como Chefe de Estado (Pessoa Jurídica de Direito Público Internacional), poderá isentar tributos estaduais e municipais, observando o que disposto no artigo 98 do CTN. 
 
§ 3º Em relação ao imposto previsto no inciso III do caput deste artigo, cabe à lei complementar: (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 37, de 2002) II - excluir da sua incidência exportações de serviços para o exterior. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 3, de 1993) 
Art. 155. Compete aos Estados e ao Distrito Federal instituir impostos sobre: (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 3, de 1993) II - operações relativas à circulação de mercadorias e sobre prestações de serviços de transporte interestadual e intermunicipal e de comunicação, ainda que as operações e as prestações se iniciem no exterior; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 3, de 1993) § 2º O imposto previsto no inciso II atenderá ao seguinte: (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 3, de 1993) X - não incidirá: a) sobre operações que destinem mercadorias para o exterior, nem sobre serviços prestados a destinatários no exterior, assegurada a manutenção e o aproveitamento do montante do imposto cobrado nas operações e prestações anterior; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 42, de 19.12.2003) 
Art. 98. Os tratados e as convenções internacionais revogam ou modificam a legislação tributária interna, e serão observados pela que lhes sobrevenha. 
 
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4 – LIMITAÇÕES AO PODER DE TRIBUTAR - IMUNIDADES Dentro do estudo das limitações ao poder de tributar torna-se igualmente importante e assunto presente em termos do Exame da Ordem a análise das imunidades. Mas afinal de contas o que é uma imunidade? Imunidade é a dispensa constitucional de pagar tributo, ou seja, tratam-se de formas de dispensas constitucionais para que o contribuinte não realize o pagamento do crédito tributário. Ademais vale ressaltar que apresentam-se dois tipos de imunidades: as específicas e as genéricas. Antes de adentrarmos as espécies de imunidades cai ao lanço afirmar que elas são garantias constitucionais ao contribuinte, portanto, verdadeiras cláusulas pétreas onde não serão admitidas suas revogações ou extinções, bem como admitem todas as formas de interpretação. As imunidades específicas são todas aquelas dispostas no texto constitucional, que dizem respeito a determinado caso concreto e o mais importante: poderão albergar qualquer espécie tributária. Aqui, exemplificando, apresentam-se os casos no texto constitucional: não incidir ISS de serviço destinado ao exterior, não incidir contribuição social para as entidades de assistência social sem fins lucrativos, entre outros. Outrossim também apresentam-se na Carta Magna as imunidades genéricas, dispostas todas no artigo 150, VI, da Constituição Federal e apresentam dispensa constitucional apenas no que tange aos impostos. São espécies de imunidades genéricas: a) 1ª Espécie – Art. 150, VI, A, CF – Imunidade Recíproca: os entes públicos (União, Estados, Distrito Federal e Municípios) não poderão cobrar impostos entre si sobre o patrimônio, renda e serviços. Assim, exemplificando, a União não poderá cobrar IR sobre a renda auferida pelo Município, bem como o Estado não poderá cobrar IPVA dos automóveis da União. 
 
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 Sobre a presente espécie de imunidade genérica vale ressaltar que elas são extensivas as autarquias e fundações públicas na forma do artigo 150, §2º da Constituição Federal, desde que a renda, patrimônio e serviços sejam destinados e/ou utilizados para o cumprimento da finalidade essencial das referidas entidades públicas citadas. 
 Mas para que estas autarquias e fundações públicas venham gozar de imunidade elas precisarão cumprir alguns requisitos que estão disposto no artigo 150, §3º e §4º da Constituição Federal, isto é: 
 Ser mantidas ou instituídas pelo poder público; 
 Manter atividade essencialmente pública; 
 Não entrar na concorrência privada; 
 Não cobrar taxa ou tarifa. Também cabe ressaltar a posição do Supremo Tribunal Federal, muito embora a omissão da Constituição Federal, que as Empresas Públicas e Sociedades de Economia Mista também terão direito a gozar desta espécie de imunidade genérica, desde que explorem atividade essencial pública em caráter de monopólio e não visem lucro. Nesta condão fora deferida as imunidades para os Correios (Agência e não Franquia), Infraero, Casa da Moeda, entre outros. 
Art. 150. Sem prejuízo de outras garantias asseguradas ao contribuinte, é vedado à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios: VI - instituir impostos sobre: a) patrimônio, renda ou serviços, uns dos outros; 
§ 2º A vedação do inciso VI, "a", é extensiva às autarquias e às fundações instituídas e mantidas pelo Poder Público, no que se refere ao patrimônio, à renda e aos serviços, vinculados a suas finalidades essenciais ou às delas decorrentes. 
 
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 b) 2ª Espécie – Art. 150, VI, B, CF – Imunidade Templos de Qualquer 
Culto: a presente imunidade, tão criticada contemporaneamente, visa proteger a liberdade religiosa. Lembrando que a Constituição Federal não objetivou ser aquela ou outra a religião a ser imunizada, visto que vivemos em um estado laico. 
 Portanto gozarão desta imunidade toda e qualquer religião que prestigie um Deus, que tenha como objetivo levar a palavra de Deus para toda uma comunidade. Entretanto para que estas religiões venham gozar desta espécie de imunidade genérica sobre seu patrimônio, renda e serviços, deverão aplicar seu patrimônio ou renda auferida para o cumprimento da finalidade essencial. Logo, se a igreja ou templo faz um bingo para manter a “Casa do Senhor”, ou seja, a renda auferida será revertida para a finalidade essencial, não terá que pagar impostos sobre tal valor recebido. O mesmo vale para cobrança de dízimos, 
§ 3º As vedações do inciso VI, "a", e do parágrafo anterior não se aplicam ao patrimônio, à renda e aos serviços, relacionados com exploração de atividades econômicas regidas pelas normas aplicáveis a empreendimentos privados, ou em que haja contraprestação ou pagamento de preços ou tarifas pelo usuário, nem exonera o promitente comprador da obrigação de pagar imposto relativamente ao bem imóvel. § 4º As vedações expressas no inciso VI, alíneas "b" e "c", compreendem somente o patrimônio,a renda e os serviços, relacionados com as finalidades essenciais das entidades nelas mencionadas. 
Art. 150. Sem prejuízo de outras garantias asseguradas ao contribuinte, é vedado à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios: VI - instituir impostos sobre: b) templos de qualquer culto; 
 
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estacionamento para fiéis ou até mesmo cemitério em nome da instituição religiosa. Tudo isto observando o que disposto no artigo 150, §4º da Constituição Federal. Mas sobre a presente imunidade, algumas perguntas restarão em aberto e faz-se necessário a devida resposta: 
 Maçonaria goza de imunidade? Não, visto tratar-se de filosofia de vida. 
 Cemitério em nome de empresa privada goza de imunidade? Não, visto que empresa privada visa lucro. c) 3ª Espécie – Art. 150, VI, C, CF – Imunidade Subjetiva: a presente imunidade contempla algumas pessoas, ou seja, observando igualmente o artigo 150, §4º do CTN, os partidos políticos e suas fundações, sindicato dos trabalhadores, instituições de educação e de assistência social sem fins lucrativos terão direito a não pagar impostos sobre seus patrimônios, rendas e serviços, desde que observado o cumprimento da norma e a finalidade essencial. 
 Mas diferente das demais espécies de imunidades genéricas aqui a norma elenca a observação e cumprimento dos requisitos previstos em lei. Qual seria a lei, artigo e seus requisitos? São aqueles dispostos no artigo 14 do CTN. Assim para estas pessoas gozaram desta imunidade também deverão ater-se aos requisitos do artigo supra referido. 
Art. 150. Sem prejuízo de outras garantias asseguradas ao contribuinte, é vedado à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios: VI - instituir impostos sobre: c) patrimônio, renda ou serviços dos partidos políticos, inclusive suas fundações, das entidades sindicais dos trabalhadores, das instituições de educação e de assistência social, sem fins lucrativos, atendidos os requisitos da lei; 
 
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 Vale ressaltar nesta imunidade, que as entidades de assistência social sem fins lucrativos, na forma do artigo 195, §7º da Constituição Federal também terão imunidade no que tange as contribuições sociais, tratando-se aqui de clássico exemplo de imunidade específica. 
 E acaso estas pessoas vierem a locar um imóvel seu e reverter os valores locatícios para o cumprimento da finalidade essencial, gozarão desta imunidade? Sim, na forma da Súmula Vinculante 52 e Súmula 724 do STF, continuaram a gozar desta imunidade genérica. 
 
Art. 14. O disposto na alínea c do inciso IV do artigo 9º é subordinado à observância dos seguintes requisitos pelas entidades nele referidas: I – não distribuírem qualquer parcela de seu patrimônio ou de suas rendas, a qualquer título; (Redação dada pela Lcp nº 104, de 2001) II - aplicarem integralmente, no País, os seus recursos na manutenção dos seus objetivos institucionais; III - manterem escrituração de suas receitas e despesas em livros revestidos de formalidades capazes de assegurar sua exatidão. 
§ 7º São isentas de contribuição para a seguridade social as entidades beneficentes de assistência social que atendam às exigências estabelecidas em lei. 
SV 52 - Ainda quando alugado a terceiros, permanece imune ao IPTU o imóvel pertencente a qualquer das entidades referidas pelo art. 150, VI, “c”, da Constituição Federal, desde que o valor dos aluguéis seja aplicado nas atividades para as quais tais entidades foram constituídas. 
 
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d) 4ª Espécie – Art. 150, VI, D e E, CF – Imunidade Objetiva: por fim a presente imunidade diz respeito a espécie de imunidade genérica no tocante a alguns objetos. Portanto os livros, períodos, jornais e papéis destinados a sua impressão, bem como CD´S e DVD´s confeccionados por artistas ou interpretes brasileiros não pagarão impostos. 
 Mas é importante que se diga: aqui a imunidade será apenas no tocante ao objeto e não sobre eventual renda auferida com a venda do objeto ou imóvel pertencente a fábrica do jornal. E para gozarem desta imunidade quais são os requisitos necessários que sejam observados: transmitir um pensamento e ter ideia formalmente orientada independentemente do conteúdo. Portanto, inclusive as revistas com apelo sexual gozaram desta imunidade. Entretanto, e as revistas com finalidade de marketing, que desejam prioritariamente vender produtos? Estas revistas não gozarão de imunidade. Já a lista telefônica gozará desta imunidade? Sim, visto que ela tem caráter informativo. 
Art. 150. Sem prejuízo de outras garantias asseguradas ao contribuinte, é vedado à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios: VI - instituir impostos sobre: d) livros, jornais, periódicos e o papel destinado a sua impressão. e) fonogramas e videofonogramas musicais produzidos no Brasil contendo obras musicais ou literomusicais de autores brasileiros e/ou obras em geral interpretadas por artistas brasileiros bem como os suportes materiais ou arquivos digitais que os contenham, salvo na etapa de replicação industrial de mídias ópticas de leitura a laser. (Incluída pela Emenda Constitucional nº 75, de 15.10.2013) 
 
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Vale ainda ressaltar que inclusive o papel fotográfico destinado (Súmula) a impressão dos itens acima expostos gozará de imunidade, ao contrário da tinta destinada a impressão que não terá imunidade. 
Por fim, colaciona-se importante e recente julgado, que faz contemplar a presente imunidade os livros eletrônicos, decisão está realizada pelo STF e reconhecida em sede de repercussão geral. 
 
Súmula 657 – STF - A imunidade prevista no art. 150, VI, d, da Constituição Federal abrange os filmes e papéis fotográficos necessários à publicação de jornais e periódicos. 
Recurso extraordinário. Repercussão geral. Tributário. Imunidade objetiva constante do art. 150, VI, d, da CF/88. Teleologia multifacetada. Aplicabilidade. Livro eletrônico ou digital. Suportes. Interpretação evolutiva. Avanços tecnológicos, sociais e culturais. Projeção. Aparelhos leitores de livros eletrônicos (ou e-readers). 1. A teleologia da imunidade contida no art. 150, VI, d, da Constituição, aponta para a proteção de valores, princípios e ideias de elevada importância, tais como a liberdade de expressão, voltada à democratização e à difusão da cultura; a formação cultural do povo indene de manipulações; a neutralidade, de modo a não fazer distinção entre grupos economicamente fortes e fracos, entre grupos políticos etc; a liberdade de informar e de ser informado; o barateamento do custo de produção dos livros, jornais e periódicos, de modo a facilitar e estimular a divulgação de ideias, conhecimentos e informações etc. Ao se invocar a interpretação finalística, se o livro não constituir veículo de ideias, de transmissão de pensamentos, ainda que formalmente possa ser considerado como tal, será descabida a aplicação da imunidade. 2. A imunidade dos livros, jornais e periódicos e do papel destinado a sua impressão não deve ser interpretada em seus extremos, sob pena de se subtrair da salvaguarda toda a 
 
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racionalidade que inspira seu alcance prático, ou de transformar a imunidade em subjetiva, na medida em que acabaria por desonerar de todo a pessoa do contribuinte, numa imunidade a que a Constituição atribui desenganada feição objetiva. A delimitação negativa da competência tributária apenas abrange os impostos incidentes sobre materialidades próprias das operações com livros, jornais, periódicos e com o papel destinado a sua impressão. 3. A interpretação das imunidades tributárias deve se projetar no futuro e levar em conta os novos fenômenos sociais, culturais e tecnológicos. Com isso, evita-se o esvaziamento das normas imunizantes por mero lapso temporal, além de se propiciar a constante atualização do alcance de seus preceitos. 4. O art. 150, VI, d, da Constituição não se refere apenas ao método gutenberguiano de produção de livros, jornais e periódicos. O vocábulo “papel” não é, do mesmo modo,essencial ao conceito desses bens finais. O suporte das publicações é apenas o continente (corpus mechanicum) que abrange o conteúdo (corpus misticum) das obras. O corpo mecânico não é o essencial ou o condicionante para o gozo da imunidade, pois a variedade de tipos de suporte (tangível ou intangível) que um livro pode ter aponta para a direção de que ele só pode ser considerado como elemento acidental no conceito de livro. A imunidade de que trata o art. 150, VI, d, da Constituição, portanto, alcança o livro digital (e-book). 5. É dispensável para o enquadramento do livro na imunidade em questão que seu destinatário (consumidor) tenha necessariamente que passar sua visão pelo texto e decifrar os signos da escrita. Quero dizer que a imunidade alcança o denominado “audio book”, ou audiolivro (livros gravados em áudio, seja no suporte CD-Rom, seja em qualquer outro). 6. A teleologia da regra de imunidade igualmente alcança os aparelhos leitores de livros eletrônicos (ou e- readers) confeccionados exclusivamente para esse fim, ainda que, eventualmente, estejam equipados com funcionalidades acessórias ou rudimentares que auxiliam 
 
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Dica do Guigui - Quem goza de imunidade genérica somente terá dispensa de impostos e não dos demais tipos de tributos, como por exemplo taxas e contribuições de melhoria. - Quem goza de imunidade terá dispensa apenas de pagar, ou seja, da obrigação principal e não das obrigações acessórias (de fazer, como por exemplo, tirar nota fiscal). e) Por fim, segue um quadro retirado da obra do Professor Ricardo Alexandre que trabalha as demais formas de imunidades previstas no texto constitucional. 5 
Fundamento 
constitucional 
Objeto/Pessoa/Operação imunizados Tributos cuja 
incidência é 
impedida 
 5 ALEXANDRE, Ricardo. Direito Tributário Esquematizado. 8. ed. rev., atual. e ampl. – Rio de Janeiro: Forense; São 
Paulo: MÉTODO, 2014. Página 509. 
a leitura digital, tais como dicionário de sinônimos, marcadores, escolha do tipo e do tamanho da fonte etc. Esse entendimento não é aplicável aos aparelhos multifuncionais, como tablets, smartphone e laptops, os quais vão muito além de meros equipamentos utilizados para a leitura de livros digitais. 7. O CD-Rom é apenas um corpo mecânico ou suporte. Aquilo que está nele fixado (seu conteúdo textual) é o livro. Tanto o suporte (o CD- Rom) quanto o livro (conteúdo) estão abarcados pela imunidade da alínea d do inciso VI do art. 150 da Constituição Federal. 8. Recurso extraordinário a que se nega provimento. TESE DA REPERCUSSÃO GERAL: 9. Em relação ao tema nº 593 da Gestão por Temas da Repercussão Geral do portal do STF na internet, foi aprovada a seguinte tese: “A imunidade tributária constante do art. 150, VI, d, da CF/88 aplica-se ao livro 
 
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Art. 5.º, XXXIV - Obtenção de certidões, exercício do direito de petição Taxas em geral 
Art. 5.º, LXXIII - Ação popular, salvo comprovada má-fé Custas judiciais (consideradas taxas pelo STF) 
Art. 5.º, LXXVI - Registro civil de nascimento e certidão de óbito, para os reconhecidamente pobres 
Emolumentos (considerados taxas pelo STF) 
Art. 5.º, LXXVII - Habeas corpus, habeas data e, na forma da lei, atos necessários ao exercício da cidadania 
Custas judiciais e emolumentos (considerados taxas pelo STF) 
Art. 149, § 2.º, I - Receitas decorrentes de exportação Contribuições sociais e de intervenção no domínio econômico 
Art. 153, § 3.º, 
III 
- Exportação de produtos industrializados IPI 
Art. 153, § 4.º, 
II 
- Pequenas glebas rurais, definidas em lei, exploradas por proprietário que não possua outro imóvel 
ITR 
Art. 153, § 5.º 
c/c ADCT, art. 
74, § 2.º 
- Ouro definido em lei como ativo financeiro ou instrumento cambial Tributos em geral, salvo CPMF e IOF 
 
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Art. 155, § 3.º - Operações relativas a energia elétrica, serviços de telecomunicações, derivados de petróleo, combustíveis e minerais do País 
Impostos em geral, exceto II, IE e ICMS 
Art. 156, § 2.º, I - Transmissão de bens ou direitos incorporados ao patrimônio de pessoa jurídica em realização de capital; - Transmissão de bens ou direitos decorrente de fusão, incorporação, cisão ou extinção de pessoa jurídica, salvo se, nesses casos, a atividade preponderante do adquirente for a compra e venda desses bens ou direitos, locação de bens imóveis ou arrendamento mercantil 
ITBI 
Art. 184, § 5.º - Operações de transferência de imóveis desapropriados para fins de reforma agrária 
Impostos em geral 
Art. 195, II - Rendimentos de aposentadoria e pensão concedidas pelo regime geral de previdência social 
Contribuição previdenciária 
Art. 155, § 2.º, 
X 
- Exportações de mercadorias e serviços; - Operações que destinem a outros Estados petróleo, inclusive lubrificantes, combustíveis líquidos e gasosos dele derivados, e energia elétrica; - Prestações de serviço de comunicação nas modalidades de radiodifusão sonora e de sons e imagens de recepção livre e gratuita 
ICMS 
 
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Art. 195, § 7.º - Entidades beneficentes de assistência social que atendam às exigências estabelecidas em lei 
Contribuições para financiamento da seguridade social 
Art. 226, § 1.º - Celebração do casamento civil Taxas em geral 
Art. 85 do 
ADCT 
- Contas-correntes de depósito especialmente abertas e exclusivamente utilizadas para operações de: a) câmaras e prestadoras de serviços de compensação e de liquidação de que trata o parágrafo único do art. 2.º da Lei 10.214, de 27 de março de 2001; 
CPMF 
 
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 b) companhias securitizadoras de que trata a Lei 9.514, de 20 de novembro de 1997; c) sociedades anônimas que tenham por objeto exclusivo a aquisição de créditos oriundos de operações praticadas no mercado financeiro; - Contas-correntes de depósito, relativos a: a) operações de compra e venda de ações, realizadas em recintos ou sistemas de negociação de bolsas de valores e no mercado de balcão organizado; b) contratos referenciados em ações ou índices de ações, em suas diversas modalidades, negociados em bolsas de valores, de mercadorias e de futuros; - Contas de investidores estrangeiros, relativos a entradas no País e a remessas para o exterior de recursos financeiros empregados, exclusivamente, em operações e contratos referidos nas letras “a” e “b” do item anterior. 
5 – LEGISLAÇÃO TRIBUTÁRIA 
 A legislação tributária, muito embora ignorada por grande parte dos “oabzeiros fiscais” tem relevante importância para a resolução de questões do Exame da Ordem em Direito Tributário. Outrossim tal temática também enseja inúmeras dúvidas, o que tentarei dirimir através de um texto sistematizado. 
 
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 E a primeira grande questão que é recorrente é: qual tipo normativo poderá criar e/ou majorar tributo? Via de regra, será mediante lei ordinária possível a criação ou majoração. Entretanto existem 4 (quatro) espécies tributárias que somente poderão ser criadas ou majoradas mediante lei complementar: Imposto Residual (art. 154, I, CF), Contribuição Social Residual (art. 195, §4º, CF), Imposto sobre Grandes Fortunas (art. 153, VII, CF) e Empréstimos Compulsórios (art. 148, CF). Entretanto para que sejam criados estes tributos, seja por meio de lei ordinária ou complementar, o legislador terá que ater-se a uma série de requisitos e imposições legais descritos em lei complementar. Portanto, via de regra, normas gerais de direito tributário somente poderão ser realizadas mediante lei complementar na forma do artigo 146 da Constituição Federal. E onde estão estas normas gerais de direito tributário? Estão no Código Tributário Nacional visto que este foi recepcionado como lei complementar pela Constituição Federal de 1988. Importante ainda referir que tal temática tem vínculo com o princípio da legalidade. Portanto, muito embora acima cita-se a possibilidade de criação ou majoração de tributomediante lei ordinária, não poderemos esquecer que Medida Provisória também assim poderá fazer, uma vez obedecidos os requisitos do artigo 62, §2º da Constituição Federal. 
 6 – OBRIGAÇÃO TRIBUTÁRIA E CONSTITUIÇÃO DO CRÉDITO TRIBUTÁRIO Teremos a ocorrência da obrigação tributária toda vez que o contribuinte praticar um fato (fato gerador) que está descrito em uma lei (hipótese de incidência). Assim a obrigação nada mais é do que o resultado da realização do fato gerador no mundo exterior. Sobre a obrigação tributária leciona o CTN: 
 
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 No teor do referido artigo conseguimos vislumbrar a existência de dois tipos de obrigação tributária: a principal e a acessória. A obrigação principal é toda aquela obrigação do contribuinte para o pagamento do tributo ou da penalidade (multa). Já a obrigação acessória é toda aquela obrigação que não consiste em pagamento, mas sim no ato de fazer ou deixar de fazer. Portanto são exemplos de obrigações acessórias o ato de fazer um speed contábil, um balanço, tirar ou não rasurar uma nota fiscal. Lembrando ainda que a obrigação acessória tem como objetivo colaborar para a fiscalização e o pagamento do crédito tributário. Ainda sobre o referido artigo, mais precisamente na forma do parágrafo 3º, uma vez o contribuinte não realizando ou cumprindo com sua obrigação acessória, surgirá uma obrigação principal (multa). 
 
 6.1 – ELISÃO FISCAL 
 Reza o artigo 116, §º único do CTN: 
Art. 113. A obrigação tributária é principal ou acessória. § 1º A obrigação principal surge com a ocorrência do fato gerador, tem por objeto o pagamento de tributo ou penalidade pecuniária e extingue-se juntamente com o crédito dela decorrente. § 2º A obrigação acessória decorre da legislação tributária e tem por objeto as prestações, positivas ou negativas, nela previstas no interesse da arrecadação ou da fiscalização dos tributos. § 3º A obrigação acessória, pelo simples fato da sua inobservância, converte-se em obrigação principal relativamente à penalidade pecuniária. 
 
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 O presente parágrafo único faz nascer a subjetividade frente à realização de planajemanto tributário pelo contribuinte e sua validação ou não. Mas como a presente obra não tem como objetivo doutrinar ou suscitar divergências, cabe ao signatário informar que se acaso o enunciado da peça ou questão no Exame da Ordem deixe claro a existência de ato realizado com a tentativa de não pagar tributo, simular ou cometer fraude, poderá o fisco desconsiderar tal ato e cobrar os tributos devidos pela realização dos fatos geradores. 
 6.2 – SUJEITO ATIVO E PASSIVO DA RELAÇÃO TRIBUTÁRIA 
 Mas afinal de contas, quem poderá cobrar e quem irá pagar a obrigação tributária? Serão respectivamente o sujeito ativo e passivo da relação tributária. O sujeito ativo na forma do artigo 119 do CTN é toda pessoa jurídica de direito público que tem a competência constitucional para criar e/ou exigir o crédito tributário, observando a norma e à realização do fato gerador pelo contribuinte. Já o sujeito passivo será aquele responsável pelo pagamento do crédito tributário e até mesmo da multa, uma vez realizado o fato gerador ou descumprida eventual obrigação acessória. Na forma do artigo 121 do CTN o sujeito passivo poderá ser tanto o contribuinte (aquele que realiza e tem vínculo direto com o fato gerador), quanto o responsável (não realiza o fato gerador, mas a norma legal lhe 
Art. 116. Salvo disposição de lei em contrário, considera-se ocorrido o fato gerador e existentes os seus efeitos: Parágrafo único. A autoridade administrativa poderá desconsiderar atos ou negócios jurídicos praticados com a finalidade de dissimular a ocorrência do fato gerador do tributo ou a natureza dos elementos constitutivos da obrigação tributária, observados os procedimentos a serem estabelecidos em lei ordinária. (Incluído pela Lcp nº 104, de 2001) 
 
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atribui o dever de pagar tributo). 
 6.3 – DAS CONVENÇÕES PARTICULARES E DA OBRIGAÇÃO TRIBUTÁRIA Reza o artigo 123 do CTN: 
 Logo na forma do presente artigo nenhum contrato, acordo ou instrumento particular poderá ser oposto/apresentado contra a fazenda pública à fim de modificar a responsabilidade pelo pagamento do crédito tributário. Assim na realização locatícia, por exemplo, onde 99% dos contratos estabelecem a responsabilidade pelo pagamento do IPTU ao locatário, acaso este não venha satisfazer o crédito, o fisco irá exigir o IPTU do proprietário, in casu, locador. 
 6.4 – DA SOLIDARIEDADE Reza o artigo 124 do CTN que os sujeitos passivos poderão ser solidariamente obrigados, acaso exista interesse comum na situação que constitua o fato gerador da obrigação principal. Lembrando ainda que tal solidariedade não comportará benefício de ordem, ou seja, quem pagará primeiro ou não. Ademais o tema mais recorrente sobre solidariedade é o que disposto artigo 125 do CTN sobre os efeitos da soliedariedade. Cito aqui o campeão de cobrança em prova, que é o inciso II, onde leciona que eventual isenção concedida em razão de caráter pessoal não será extentida para os demais, mantendo-se o saldo devido pelos demais sujeitos passivos (logo desconta-se a cota parte do sujeito isento). 
 
 6.5 – DA CAPACIDADE TRIBUTÁRIA Na forma do artigo 126, I, do CTN a capacidade tributária não dependerá da 
Art. 123. Salvo disposições de lei em contrário, as convenções particulares, relativas à responsabilidade pelo pagamento de tributos, não podem ser opostas à Fazenda Pública, para modificar a definição legal do sujeito passivo das obrigações tributárias 
 
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capacidade civil das pessoas naturais. Logo mesmo que o sujeito passivo não tenha capacidade civil plena (por exemplo, seja menor de idade, portador de deficiência) ele terá que pagar tributo. Esta conclusão também será extendida para o falido que quebrou uma empresa e hoje realiza outra atividade capaz de gerar fato gerador, bem como para sociedades de fato ou irregulares. 
 6.6 – DA CONSTITUIÇÃO DO CRÉDITO TRIBUTÁRIO - LANÇAMENTO Não basta a ocorrência do fato gerador para que o tributo possa ser constituído e consequentemente exigido do contribuinte. Para que o mesmo possa ser cobrado faz-se necessário a que ocorra o lançamento. Logo conclui-se que a constituição do crédito tributário ocorrerá por meio do ato administrativo de lançamento. A primeira espécie de lançamento é a de ofício regulada pelo artigo 148 do CTN. Nesta hipótese de constituição do crédito o fisco identifica a ocorrência do fato gerador, faz o cálculo do valor devido, emite à guia e notifica o contribuinte. Portanto aqui teremos apenas à participação da fazenda pública, em nada participando o contribuinte. São exemplos de lançamento de ofício: IPVA, IPTU, Taxas, Contribuição de Iluminação Pública. A segunda espécie de lançamento é a por declaração regulada pelo artigo 147 do CTN. Aqui o contribuinte apenas irá informar ao fisco que realizou o fato gerando, sendo de atribuição da fazenda pública os demais itens para ensejar à cobrança do crédito tributário. Aqui o fisco irá calcular o valor do tributo e emitir a guia. São exemplos de lançamento por declaração: ITBI, ITCMD. Por fim, a terceira espécie para constituição do crédito tributário é o lançamento por homologação. Na forma do artigo 150 do CTN será o contribuinte que irá declarar a existência do fato gerador, fará o cálculo do tributo devido, bem como irá emitir a guia para pagamento. Trata-se da regra de constituição do direito tributário. São exemplos deste lançamento por homogação: IR, IPI, ICMS, ISS, entre outros. 
 
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 7 – DA SUSPENSÃO DA EXIGIBILIDADE DO CRÉDITO 
 Na forma do art. 151 do CTN teremos algumas hipóteses de suspensão do crédito tributário. Quando da ocorrência de quaisquer uma das hipóteses (incisos) situadas no rol taxativo do referido artigo, o fisco estará impedido (temporariamente) de cobrar (exigir) o crédito tributário. Mas veja, trata-se de hipótese que impede a Execução Fiscal,mas não a constituição do crédito através do lançamento, sob pena de ocorrer a decadência. Sobre isto colaciona importante esquema de Ricardo Alexandre6: 
 Outrossim igualmente a título introdutório é importante compreender que a fazenda pública/contribuinte somente poderão utilizar-se das hipóteses de suspensão que estão lecionados no CTN, bem como qualquer alteração somente poderá ser realizada mediante lei complementar na forma do artigo 146, III, B, da CF. São formas de suspensão da exigibilidade do crédito tributário na forma do artigo 151 do CTN: 
 6 ALEXANDRE, Ricardo. Direito Tributário Esquematizado. 8. ed. rev., atual. e ampl. – Rio de Janeiro: Forense; São 
Paulo: MÉTODO, 2014. Página 1005. 
Art. 151. Suspendem a exigibilidade do crédito tributário: I - moratória; II - o depósito do seu montante integral; III - as reclamações e os recursos, nos termos das leis reguladoras do processo tributário administrativo; IV - a concessão de medida liminar em mandado de segurança. 
 
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 A primeira hipótese de suspensão prevista no rol é a moratória. Este instituto trata-se da concessão, mediante lei específica do ente competente, do aumento do prazo para pagamento do crédito tributário devido. Logo acaso o contribuinte albergar-se em lei que concede moratória, terá prazo dilatado para o pagamento do tributo. A moratória é utilizada, na maioria das vezes, como medida política à fim de colaborar com os contribuintes que passam por situações extremas, como de calamidades ou estragos causados pela natureza. 
 O presente instituto poderá ser concedido de forma geral ou individual. Na 
V – a concessão de medida liminar ou de tutela antecipada, em outras espécies de ação judicial; (Incluído pela Lcp nº 104, de 2001) VI – o parcelamento. (Incluído pela Lcp nº 104, de 2001) 
Art. 152. A moratória somente pode ser concedida: I - em caráter geral: a) pela pessoa jurídica de direito público competente para instituir o tributo a que se refira; b) pela União, quanto a tributos de competência dos Estados, do Distrito Federal ou dos Municípios, quando simultaneamente concedida quanto aos tributos de competência federal e às obrigações de direito privado; II - em caráter individual, por despacho da autoridade administrativa, desde que autorizada por lei nas condições do inciso anterior. Parágrafo único. A lei concessiva de moratória pode circunscrever expressamente a sua aplicabilidade à determinada região do território da pessoa jurídica de direito público que a expedir, ou a determinada classe ou categoria de sujeitos passivos. 
 
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ocorrência da moratória em geral, a mesma irá abranger um número indeterminado de contribuintes, não dependendo de requisitos ou autorização da autoridade administrativa competente. Já a moratória em caráter individual será quando a lei específica do ente competente exige alguns requisitos para que o contribuinte faça uso da norma protelatória, bem como depende da checagem de tais itens por autoridade administrativa do ente competente, não gerando portanto direito adquirido. 
 Por fim é importante colacionar que via de regra a moratória é concedida por lei do ente competente. Entretanto mitigando tal informação, na forma do art. 152, I, B, da CF, a União poderá conceder moratória de tributos que não são de sua competência (Estados, DF e Municípios) desde que faça o mesmo com seus tributos. Sobre moratória, trago importante esquema de Ricardo Alexandre7: 
 7 ALEXANDRE, Ricardo. Direito Tributário Esquematizado. 8. ed. rev., atual. e ampl. – Rio de Janeiro: Forense; São 
Paulo: MÉTODO, 2014. Página 1037. 
Art. 155. A concessão da moratória em caráter individual não gera direito adquirido e será revogado de ofício, sempre que se apure que o beneficiado não satisfazia ou deixou de satisfazer as condições ou não cumprira ou deixou de cumprir os requisitos para a concessão do favor, cobrando-se o crédito acrescido de juros de mora (...) 
 
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 A segunda hipótese de suspensão prevista no rol é o depósito do montante integral. Este instituto trata-se será realizado, via de regra, dentro dos processos judiciais, visto que a simples interposição de recurso administrativo já suspende a exigibilidade, não sendo portanto necessário e muito menos exigível à realização de depósito para suspender quando do processo administrativo na forma da SV 21 do STF. Igualmente esta segunda hipótese de suspensão quase sempre será faculdade da parte. Ao ver do presente autor somente não será faculdade da parte quando da utilização da ação de Consignação em Pagamento, visto que conjugando-se a motivação da ação (quero pagar e não posso) com o artigo 542, I, do CPC, compreende-se que neste caso apenas o depósito será condição de ação. Apenas o depósito integral e em dinheiro irá suspender a exigibilidade do crédito, bem como ele jamais poderá ser condição para ingresso de recurso administrativo ou de ajuizamento de ação judicial (com exceção da Consignação em Pagamento). 
 
 
 
Súmula 112 do STJ - O depósito somente suspende a exigibilidade do crédito tributário se for integral e em dinheiro. 
Súmula Vinculante STF nº 21 - É inconstitucional a exigência de depósito ou arrolamento prévios de dinheiro ou bens para admissibilidade de recurso administrativo. 
Súmula Vinculante STF nº 28 - É inconstitucional a exigência de depósito prévio como requisito de admissibilidade de ação judicial na qual se pretenda discutir a exigibilidade de crédito tributário. 
 
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 A terceira hipótese de suspensão prevista no rol é a reclamação e o recurso administrativo. Tal hipótese será realizada toda vez que houver interposição de qualquer recurso administrativo de forma tempestiva pelo contribuinte. Lembrando mais uma vez aqui que não poderá ser exigido depósito recursal ou custas recursais para a realização desta forma de suspensão. A quarta hipótese de suspensão prevista no rol é a liminar e a tutela provisória. As presentes hipóteses de suspensão irão ocorrer respectivamente em sede de Mandado de Segurança (liminar) e nas demais ações do processo subjetivo (tutela provisória). Para ocorrência de quaisquer uma destas formas terá o contribuinte que solicitar, ou seja, fazer pedido expresso para a concessão, bem como o magistrado para o deferimento poderá solicitar a realização de caução para garantir indenização em caso de eventual dano a parte prejudicada. Por fim é importante lembrar que a concessão de tais medidas não impedirá a fazenda pública de efetuar o lançamento. A quinta hipótese de suspensão prevista no rol é o parcelamento. Esta última hipótese de suspensão é uma espécie de moratória, apresentando como item diverso é de que esta forma irá fracionar (parcelar) o pagamento da dívida tributária. Tal concessão de suspensão não importará obrigatoriamente no corte de juros e multas. Art. 155-A. O parcelamento será concedido na forma e condição estabelecidas em lei específica. (Incluído pela Lcp nº 104, de 2001) § 1º Salvo disposição de lei em contrário, o parcelamento do crédito tributário não exclui a incidência de juros e multas. (Incluído pela Lcp nº 104, de 2001) § 2º Aplicam-se, subsidiariamente, ao parcelamento as disposições desta Lei, relativas à moratória. (Incluído pela Lcp nº 104, de 2001) 
 
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 Por fim finalizando o presente capítulo cai ao lanço informar que ocorrendo qualquer uma das hipóteses de suspensão, suspenderá apenas a obrigação principal (de pagar), devendo o contribuinte continuar a efetuar o cumprimento das obrigações acessórias (de fazer ou não fazer). 
8 – DA EXTINÇÃO DO CRÉDITO Na forma do artigo 156 do Código Tributário Nacional apresentam-se várias formas de extinção do crédito tributário. Lembrando que tais modalidades contemplam um rol taxativo, podendo ser alterados apenas mediante lei complementar. A primeira forma

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