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Direito Tributário _ Pdf de conteúdo 39 Exame

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1ª Fase | 39° Exame da OAB 
Direito Tributário 
 
1 
 
 
 
 
 
1ª FASE 38° EXAME 
Direito Tributário 
Prof. Guilherme Pedrozo 
Prof. Matheus De Gregori 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
1ª Fase | 39° Exame da OAB 
Direito Tributário 
 
2 
 
 
Olá! Boas-Vindas! 
 
Cada material foi preparado com muito carinho para que você 
possa absorver da melhor forma possível, conteúdos de qua-
lidade. 
Lembre-se: o seu sonho também é o nosso. 
Bons estudos! Estamos com você até a sua aprovação! 
 
Com carinho, 
Equipe Ceisc. ♥ 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
1ª Fase | 39° Exame da OAB 
Direito Tributário 
 
3 
1ª FASE OAB | 39° EXAME 
Direito Tributário 
Prof. Guilherme Pedrozo da Silva 
Prof. Matheus De Gregori 
 
 
 
Sumário 
 
1. Introdução e Conceito de Tributo ............................................................................................. 4 
2. Competência Tributária ............................................................................................................ 5 
3. Limitações ao Poder de Tributar: Princípios ............................................................................ 9 
4. Limitações ao Poder de Tributar: Imunidades ........................................................................ 17 
5. Obrigação Tributária .............................................................................................................. 21 
6. Constituição do Crédito Tributário .......................................................................................... 25 
7. Suspensão da Exigibilidade do Crédito.................................................................................. 26 
8. Extinção do Crédito Tributário ................................................................................................ 29 
9. Exclusão do Crédito Tributário ............................................................................................... 39 
10. Garantias e Privilégios do Crédito, Administração Tributária e Certidões ............................ 42 
11. Responsabilidade Tributária e Denúncia Espontânea ......................................................... 45 
12. Impostos em Espécie ........................................................................................................... 50 
13. Taxas ................................................................................................................................... 75 
14. Contribuição de Melhoria ..................................................................................................... 77 
15. Empréstimos Compulsórios ................................................................................................. 78 
16. Contribuições Especiais ....................................................................................................... 79 
17. Execução Fiscal ................................................................................................................... 82 
18. Ações Tributárias ................................................................................................................. 83 
19. Legislação Tributária ............................................................................................................ 88 
 
 
 
Olá, aluno(a). Este material de apoio foi organizado com base nas aulas do curso preparatório para 
a 1ª Fase OAB e deve ser utilizado como um roteiro para as respectivas aulas. Além disso, reco-
menda-se que o aluno assista as aulas acompanhado da legislação pertinente. 
 
Bons estudos, Equipe Ceisc. 
Atualizado em julho de 2023. 
1ª Fase | 39° Exame da OAB 
Direito Tributário 
 
4 
1. Introdução e Conceito de Tributo 
Prof. Guilherme Pedrozo 
@prof.guilhermepedrozo 
 
Ao iniciarmos o estudo do direito tributário, compreende-se necessário estudar o conceito de tributo 
e suas repercussões diante da matéria que será objeto de análise no presente curso. 
Leciona o art. 3o do Código Tributário Nacional (CTN) que tributo é: 
 
Art. 3o Tributo é toda prestação pecuniária compulsória, em moeda ou cujo valor nela se 
possa exprimir, que não constitua sanção de ato ilícito, instituída em lei e cobrada medi-
ante atividade administrativa plenamente vinculada. 
 
Diante do referido no artigo, compreende-se que tributo é toda prestação pecuniária compulsória, 
ou seja, uma vez prevista em norma criada pelo respectivo ente competente, ocorrendo o fato gerador e 
sem qualquer dispensa prevista na Constituição Federal (imunidades) ou em norma infraconstitucional 
(isenções ou convênios), o tributo terá que ser pago pelo sujeito passivo. Diante disso, o pagamento do 
tributo é obrigatório, compulsório. 
Outrossim, o pagamento do referido tributo previsto em norma deverá ser realizado, via de regra, 
em dinheiro. Entretanto, o próprio Código Tributário Nacional faculta a possibilidade de o pagamento tribu-
tário ser realizado mediante a dação em pagamento de bem imóvel, uma vez presente tal opção nas formas 
de extinção do crédito tributário. 
 
Art. 156. Extinguem o crédito tributário: 
(...) 
XI – a dação em pagamento em bens imóveis, na forma e condições estabelecidas em lei. 
(Incluído pela LC no 104/2001) 
 
Mas questiona-se: será sempre possível realizar a extinção do crédito tributário, ou seja, o paga-
mento mediante dação em pagamento de bem imóvel? A resposta é negativa. Somente poderá ser assim 
realizada mediante a existência de alguns requisitos: a) necessidade de lei específica e b) do respectivo ente 
competente. 
Ainda, além do ponto exposto, pergunta-se: poderão os entes competentes criar norma infraconsti-
tucional que estabeleça novas formas de extinção do crédito tributário, por exemplo, dação em pagamento 
de bem móvel? 
Mediante análise legalista e constitucionalista, compreende-se que não, visto que a Constituição 
Federal, no seu art. 146, é bastante clara ao afirmar que as normas gerais de direito tributário somente 
poderão ser realizadas pela União, mediante lei complementar. 
1ª Fase | 39° Exame da OAB 
Direito Tributário 
 
5 
Entretanto, não podemos descuidar que o Supremo Tribunal Federal, na ADI no 2405/RS (Min. Car-
los Britto, 6-11-2002), facultou a possibilidade de que os entes competentes possam criar novas formas de 
extinção, desde que sejam observados os preceitos constitucionais. 
Logo, para efeitos de prova, recomenda-se a adoção da última posição lecionada, qual seja: aquela 
prevista na ADI 2405/RS. 
Ainda sobre o conceito de tributo, leciona o art. 3o do CTN que nenhum tributo poderá ter caráter 
sancionatório, ou seja, ser forma de punição a qualquer pessoa. Por esta razão, compreende-se que, se 
alguém vende drogas, pratica o jogo do bicho ou realiza crime ambiental, para este jamais poderá ser criado 
um tributo como espécie de sanção ou punição pelo ato realizado. 
Mas, importante dizer que os frutos oriundos da atividade ilícita poderão ser tributados, visto que na 
forma do art. 118, I, do CTN, abstrai-se a validade dos fatos jurídicos praticados pelo contribuinte. Logo, 
para o direito tributário, aplicamos o princípio da pecunia non olet, ou seja, o dinheiro não tem cheiro. 
Igualmente, sempre é importante referir que nenhum tributo poderá ser exigido, igualmente, como 
forma de pena, punição. É proibido que os entes competentes se utilizem do tributo como forma de punição. 
Exemplifico: será possível proibir um comerciante de realizar a emissão de nota fiscal por estar devendo 
tributo? A resposta é negativa, eis que estaríamos nos utilizando do tributo como forma de pena. 
Por fim, vale ressaltar que nenhum tributo será pago sem lei que o estabeleça, atendendo ao prin-
cípio máximo da legalidade estrita, na forma do art. 150, I, da CF/1988, bem como o administrador público 
deverá analisar objetivamente o que está contido na norma (vinculação total) para tributar o contribuinte, 
nãopodendo, assim, realizar nenhum ato discricionário para a cobrança dele. 
2. Competência Tributária 
Prof. Guilherme Pedrozo 
@prof.guilhermepedrozo 
 
Mas, afinal de contas, quem poderá criar o que compreendemos por tributo? Lembre-se de que a 
Constituição Federal não criará nenhum tributo ou fará sua exigência, mas, tão somente, a nossa Carta 
Mãe entregará poderes para que os respectivos entes competentes (União, Estados, Distrito Federal e 
Municípios) venham a criar as espécies tributárias. 
Poderão ser criadas as seguintes espécies tributárias: 
 
 
 
1ª Fase | 39° Exame da OAB 
Direito Tributário 
 
6 
*Para todos verem: esquema 
 
 
 
 
Assim, observando o disposto na Constituição Federal, em seus arts. 153 e 154 (impos-
tos), 145, II (taxas), 145, III (contribuição de melhoria), 149 (contribuições especiais) e 148 (em-
préstimos compulsórios), são os seguintes tributos que a União poderá instituir: 
*Para todos verem: esquema 
 
 
 
 Das competências da União anteriormente expostas, duas questões são extremamente 
importantes e têm recorrência em provas: será sempre e somente da União a competência para 
a criação de novos tipos de impostos (os chamados residuais), bem como das novas contribui-
ções sociais residuais. E tudo isso somente mediante lei complementar. 
 Assim, na forma do art. 154, I, da CF/1988, somente a União poderá instituir, mediante lei 
complementar, impostos não previstos no art. 153 da Carta Magna, desde que respeitado o prin-
cípio da não cumulatividade e que não tenham fato gerador ou base de cálculo próprios dos 
discriminados no texto constitucional. 
 Igualmente, na forma do art. 195 da CF/1988: 
União
Impostos
Imposto de Importação
Imposto de Exportação
Imposto de Renda
Imposto Territorial Rural
Imposto sobre Operações 
Financeiras
Imposto sobre Grandes 
Fortunas
Imposto sobre Produtos 
Industrializados
Imposto Extraordinário de 
Guerra
Imposto Residual
Taxa
Contribuição 
de Melhoria
Contribuições 
Especiais
Contribuições Sociais
Contribuição Previdenciária de 
Servidor
Contribuição de Intervenção no 
Domínio Econômico
Contribuição de Categoria 
Profissional
Empréstimo 
Compulsório
Impostos Taxas
Contribuição 
de melhoria
Contribuições 
especiais
Empréstimo 
compulsório
1ª Fase | 39° Exame da OAB 
Direito Tributário 
 
7 
Art. 195. A seguridade social será financiada por toda a sociedade, de forma direta e indi-
reta, nos termos da lei, mediante recursos provenientes dos orçamentos da União, dos 
Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, e das seguintes contribuições sociais: 
(...) 
§ 4º A lei poderá instituir outras fontes destinadas a garantir a manutenção ou expansão 
da seguridade social, obedecido o disposto no art. 154, I. 
 
 Logo, caso lhe seja perguntado em sua prova se o Estado poderá criar um novo tipo de 
imposto, bem como se o Município poderá instituir nova fonte de custeio para seguridade social, 
afirme que não, visto que tal competência residual será apenas da União. 
 Por fim, e não menos importante: se tal exigência depende de lei complementar, será 
correto você afirmar igualmente que Medida Provisória não poderá criar novo tipo de imposto 
e/ou nova fonte de custeio para seguridade social, visto que, na forma do art. 62, § 1º, III, da 
CF/1988, a Medida Provisória não poderá legislar em matéria reservada à lei complementar. 
 Após análise da competência da União, vejamos a competência do Distrito Federal. As-
sim, observando o disposto na Constituição Federal, em seus arts. 155 e 147 (impostos), 145, II 
(taxas), 145, III (contribuição de melhoria), 149, § 1º e 149-A (contribuição do regime previdenci-
ário de servidor público e contribuição de iluminação pública), são os seguintes tributos que o 
Distrito Federal poderá instituir: 
*Para todos verem: esquema 
 
 
 
Vale dizer que, na forma dos arts. 147 e 155 da CF/1988, o Distrito Federal terá compe-
tência cumulativa para instituir os impostos de competência dos Estados e Municípios, visto que 
o Distrito Federal não é dividido em Municípios. 
Distrito 
Federal
Impostos
Imposto Predial Territorial Urbano
Imposto sobre Transmissão de Bens 
Imóveis
Imposto sobre Serviços
Imposto sobre Propriedade Veicular
Imposto sobre Transmissão Causa 
Mortis ou Doação
Imposto sobre Circulação de 
Mercadorias
Taxa
Contribuição 
de Melhoria
Contribuições 
Especiais
Contribuição Previdenciária de 
Servidor
Contribuição sobre Custeio de 
Iluminação Pública
1ª Fase | 39° Exame da OAB 
Direito Tributário 
 
8 
 Já os Estados, observado o disposto na CF/1988, em seus arts. 155 (impostos), 145, II 
(taxas), 145, III (contribuição de melhoria), e 149, § 1º (contribuição do regime previdenciário de 
servidor público), poderão instituir os seguintes tributos: 
*Para todos verem: esquema 
 
 
 
 Por fim, os Municípios, uma vez observado o disposto na CF/1988, em seus arts. 156 
(impostos), 145, II (taxas), 145, III (contribuição de melhoria), 149, § 1º, e 149-A (contribuição do 
regime previdenciário de servidor público e contribuição de iluminação pública), poderão instituir 
os seguintes tributos: 
*Para todos verem: esquema 
 
 
 
São características da competência tributária: 
a) Indelegável: nenhum ente poderá transferir a sua competência de criar, majorar, reduzir e/ou 
extinguir tributo para outro ente competente, na forma do art. 7o do CTN. 
Entretanto, muito embora indelegável a competência tributária, a capacidade ativa tributária poderá 
ser delegada para outra pessoa jurídica de direito público. Mas do que se trata a capacidade ativa tributária? 
Exercer a capacidade ativa tributária não compreende o exercício da competência de criar e/ou majorar, 
mas, sim, o exercício administrativo de fiscalizar, executar as normas e arrecadar tributo em nome do ente 
competente. Leia-se os clássicos exemplos do ITR e IR Retido na Fonte. 
Por fim, nunca será demais relembrar e ressaltar que, na forma do art. 7o, § 3o, do CTN, não se 
Estados
Impostos
Imposto sobre Propriedade 
Veicular
Imposto sobre Transmissão Causa 
Mortis ou Doação
Imposto sobre Circulação de 
Mercadorias
Taxa
Contribuição de 
Melhoria
Contribuições 
Especiais
Contribuição Previdenciária de 
Servidor
Municípios
Impostos
Imposto Predial Territorial Urbano
Imposto sobre Transmissão de Bens 
Imóveis
Imposto sobre ServiçosTaxa
Contribuição 
de Melhoria
Contribuições 
Especiais
Contribuição Previdenciária de Servidor
Contribuição sobre Custeio de Iluminação 
Pública
1ª Fase | 39° Exame da OAB 
Direito Tributário 
 
9 
compreende o exercício de delegação da capacidade ativa tributária quando um ente competente delega, 
por exemplo, a instituição financeira o exercício e poder de arrecadação de tributo. 
b) Facultativa: o ente competente, assim compreendido na forma do texto constitucional, somente 
criará o tributo de sua competência se assim desejar. Veja o que diz o art. 145 da CF/1988. 
De outro lado, sempre é importante ressaltar que, na forma do art. 11, par. ún., da LC no 101/2000, 
estabelece-se uma espécie de penalidade aos entes competentes que não venham a exigir os seus res-
pectivos impostos. Afirma o referido parágrafo que será “vedada a realização de transferências voluntárias 
para o ente que não observe o disposto no caput, no que se refere aos impostos”. 
c) Irrenunciável: nenhum ente poderá abrir mão e/ou renunciar a competência tributária para qual-
quer outro ente ou pessoa jurídica, seja pública ou privada. 
d) Inalterável: a competência tributária não poderá ser alterada mediante norma infraconstitucional, 
podendo, sim, ser alterada mediante emenda constitucional. 
Atenção! 
Das competências da União, duas questões são extremamente importantes e têm recorrência em 
provas: será sempre e somente da União a competência para criar novos tipos de impostos (os chamados 
residuais) e novas contribuiçõessociais residuais (para custeio da previdência, saúde e assistência de todos 
– art. 195 da CF/1988). E tudo isso somente mediante lei complementar. 
Vale ainda dizer que, na forma do art. 147 da CF/1988, o Distrito Federal terá competência cumu-
lativa para criar os impostos de competência dos Estados e dos Municípios. 
Já os Estados poderão criar os impostos descritos na forma do art. 155 da CF/1988. Por fim, os 
Municípios, na forma do art. 156 da CF/1988, poderão cobrar os seus respectivos impostos. 
 
3. Limitações ao Poder de Tributar: Princípios 
Prof. Guilherme Pedrozo 
@prof.guilhermepedrozo 
 
Para que o ente público, por meio dos seus poderes constituídos, exerça a sua competência tribu-
tária, será necessário balizar suas atividades nas limitações ao exercício do poder de tributar dispostos na 
Constituição Federal. Serão, portanto, as limitações verdadeiras ferramentas de proteção ao contribuinte. 
 
3.1. Princípio da legalidade 
Reza o art. 150, I, da CF/1988 que: 
1ª Fase | 39° Exame da OAB 
Direito Tributário 
 
10 
 
Art. 150. Sem prejuízo de outras garantias asseguradas ao contribuinte, é vedado à União, 
aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios: 
I – exigir ou aumentar tributo sem lei que o estabeleça; 
(...) 
 
Logo, conforme o exposto, nenhum tributo poderá ser criado ou majorado sem lei que o estabeleça. 
Portanto, geralmente, somente o Poder Legislativo poderá criar ou majorar tributo, sempre mediante obser-
vação do devido processo legislativo. 
Igualmente, torna-se importante referir que a redução e/ou extinção de tributo, via de regra, somente 
poderá ser realizada mediante lei, na forma do art. 97 do CTN. 
E o Poder Executivo não poderá atuar na criação ou majoração de tributos? Obviamente que a 
Constituição Federal lhe reservou possibilidades, até como forma de controlar a economia e o mercado. 
Diante disso, podemos afirmar que houve mitigação ao princípio da legalidade. 
São exceções ao princípio da legalidade: 
a) 1ª exceção ao princípio da legalidade: poderá o Poder Executivo da União, mediante decreto, 
portaria ou resolução, alterar as alíquotas dos impostos (II, IE, IOF e IPI) a seguir descritos. 
Lembre-se de que alterar alíquotas significará: majorar, reduzir, zerar e/ou restabelecer. 
Outro fato que se pode questionar é o porquê é mitigado aqui o princípio da legalidade: tais impostos 
são extrafiscais, ou seja, servem para regular o mercado econômico. Por fim, cabe dizer que tal possibili-
dade encontra-se respaldada em nosso texto constitucional, no art. 153, § 1o: 
 
Constituição Federal 
Art. 153. Compete à União instituir impostos sobre: 
(...) 
§ 1o É facultado ao Poder Executivo, atendidas as condições e os limites estabelecidos 
em lei, alterar as alíquotas dos impostos enumerados nos incisos I, II, IV e V. 
 
b) 2ª exceção ao princípio da legalidade: poderá o Poder Executivo, igualmente, por meio de 
decreto ou convênio, reduzir ou restabelecer as alíquotas de CIDE e ICMS Combustível. 
Cuidado! 
Não esqueça: aqui não se trata de majoração, mas tão somente redução ou retorno das alíquotas 
anteriores. 
c) 3ª exceção ao princípio da legalidade: poderá o Poder Executivo, também por meio de decreto 
ou portaria, atualizar base de cálculo de tributo. 
Atenção! 
Aqui é importante ressaltar: trata-se de mera atualização, recomposição da base, jamais podendo 
representar onerosidade ao contribuinte. 
Assim, é importante também salientar que esta atualização deverá observar os limites estabelecidos 
1ª Fase | 39° Exame da OAB 
Direito Tributário 
 
11 
pelos indexadores oficiais, ou seja, dentro de um máximo permitido, observando-se estes índices. Logo, se 
acaso a atualização for acima dos padrões de inflação, significará dizer que ocorreu majoração do tributo, 
e, logo, somente poderá ocorrer por meio de lei. 
 
 
CTN 
Art. 97. Somente a lei pode estabelecer: 
§ 1o Equipara-se à majoração do tributo a modificação da sua base de cálculo, que importe 
em torná-lo mais oneroso. 
§ 2o Não constitui majoração de tributo, para os fins do disposto no inciso II deste artigo, 
a atualização do valor monetário da respectiva base de cálculo. 
Súm. no 160 do STJ: É defeso, ao município, atualizar o IPTU, mediante decreto, em 
percentual superior ao índice oficial de correção monetária. 
 
 
d) 4ª exceção ao princípio da legalidade: poderá, igualmente, o Poder Executivo Federal, medi-
ante Medida Provisória, criar ou majorar qualquer espécie tributária. Entretanto, para que assim o faça, terá 
de atender a dois requisitos: que o tributo possa ser criado por lei ordinária e que seja convertido em lei no 
mesmo ano de sua edição. 
Lembre-se! 
Medida Provisória não poderá criar e/ou majorar os tributos que somente poderão ser afetos a Lei 
Complementar. 
Constituição Federal 
Art. 62. Em caso de relevância e urgência, o Presidente da República poderá adotar me-
didas provisórias, com força de lei, devendo submetê-las de imediato ao Congresso Naci-
onal. (Redação dada pela EC no 32/2001) 
(...) 
§ 2o Medida provisória que implique instituição ou majoração de impostos, exceto os pre-
vistos nos arts. 153, I, II, IV, V, e 154, II, só produzirá efeitos no exercício financeiro se-
guinte se houver sido convertida em lei até o último dia daquele em que foi editada. 
(Incluído pela EC no 32/2001) 
 
e) 5ª exceção ao princípio da legalidade: poderá, por fim, o Poder Executivo alterar o prazo para 
pagamento de tributo por meio de decreto ou portaria. Compreende-se pela desnecessidade de norma, 
visto que tal matéria não está assim disposta no art. 97 do CTN, ou seja, não sendo necessária lei para tal 
realização. 
 
3.2. Princípio da isonomia 
Reza o art. 150, II, da CF/1988 que: 
 
 
Art. 150. Sem prejuízo de outras garantias asseguradas ao contribuinte, é vedado à União, 
aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios: 
(...) 
II – instituir tratamento desigual entre contribuintes que se encontrem em situação equiva-
lente, proibida qualquer distinção em razão de ocupação profissional ou função por eles 
exercida, independentemente da denominação jurídica dos rendimentos, títulos ou direi-
tos. 
 
1ª Fase | 39° Exame da OAB 
Direito Tributário 
 
12 
Diante do que expõe o inciso supracitado, todos terão tratamento igualitário perante a norma tribu-
tária, carecendo somente de um trato desigual aqueles que se apresentam em uma situação de desigual-
dade. 
Logo, não poderão os entes estabelecer diferença tributária em razão de cargo, função e/ou salário. 
Atenção! 
Questão muito lembrada em prova é aquela já decidida reiteradamente pelo Supremo Tribunal Fe-
deral, por exemplo: servidor público, por gozar desta condição, terá direito à isenção para o pagamento de 
custas judiciais caso necessite ingressar com demanda judicial? Oficial de Justiça, que trabalha diuturna-
mente com veículo próprio para o cumprimento do seu ofício, poderá gozar de isenção de ICMS para com-
pra de veículo automotor? Tome-se como exemplo o julgamento proferido na ADI no 4.276/MT (STF, Min. 
Luiz Fux, 20-8-2014), que deixou claro que será vedado aos entes estabelecer diferença em razão de cargo 
ou ocupação profissional. 
 
3.3. Princípio da anterioridade 
Tal princípio limitará a possibilidade e atividade dos entes competentes de cobrarem os tributos por 
eles, respectivamente, realizados. Logo, este princípio servirá para informar ao contribuinte quando ele 
deverá e poderá ser cobrado dos respectivos tributos, uma vez realizados os fatos geradores dispostos na 
norma tributária. É o famoso princípio da não surpresa. 
Lembre-se! 
Como se trata de limitação ao exercício da competência tributária, ele será observado apenas 
quando da criação ou majoração de tributo, visto que quando se tratar de medida desonerativa (mais favo-
rável) ao contribuinte, tal norma terá aplicação imediata (quando da publicação). 
O princípio da anterioridade, com razão precípuada necessidade de evitar a surpresa aos contribu-
intes, é entendido, conforme o texto constitucional, pela anterioridade do exercício e a anterioridade nona-
gesimal. 
Constituição Federal 
Art. 150. Sem prejuízo de outras garantias asseguradas ao contribuinte, é vedado à União, 
aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios: 
(...) 
III – cobrar tributos: 
(...) 
b) no mesmo exercício financeiro em que haja sido publicada a lei que os instituiu ou au-
mentou; (Vide EC no 3/1993) 
c) antes de decorridos noventa dias da data em que haja sido publicada a lei que os insti-
tuiu ou aumentou, observado o disposto na alínea b; (Incluído pela EC no 42/2003) 
(...) 
Diante disto, na forma do art. 150, III, b, todo tributo criado ou majorado somente poderá ser exigido 
no primeiro dia do exercício seguinte, ou seja, uma vez publicado, por exemplo, no ano de 2017, somente 
1ª Fase | 39° Exame da OAB 
Direito Tributário 
 
13 
poderá ser exigido no primeiro dia do ano de 2018. 
E para evitar esta surpresa, houve uma alteração no texto constitucional, vindo a estabelecer igual-
mente a necessidade de observância do princípio da anterioridade nonagesimal. Assim, na forma do art. 
150, III, c, da CF/1988, todo tributo criado ou majorado, somente poderá ser exigido após 90 (noventa) dias 
da publicação, justamente para evitar as surpresas citadas. 
Assim, via de regra, todos os tributos criados ou majorados deverão aguardar as duas anteriorida-
des (requisitos cumulativos), ou seja, somente poderão ser exigidos no exercício seguinte ao de sua publi-
cação, somado a 90 (noventa) dias, igualmente contados da publicação. 
Entretanto, entendeu por bem o Constituinte reservar a alguns tributos uma possibilidade de exi-
gência mitigada, justamente para enfrentar o mercado econômico (política econômica e social) ou a neces-
sidade de exigência do tributo. Assim, positivou o constituinte, mitigando, portanto, os princípios da anteri-
oridade, o art. 150, § 1o, da CF/1988. 
Logo, conforme explanado no parágrafo anterior, assim compreendeu o constituinte: 
a) Terão exigência imediata, ou seja, mesmo que majorados ou criados poderão ser exigidos tão 
logo publicados: Imposto de Importação, Imposto de Exportação, Imposto sobre Operações Financeiras, 
Empréstimo Compulsório de Guerra Externa ou sua Iminência, Empréstimo Compulsório de Calamidade e 
Imposto Extraordinário de Guerra. 
b) Outrossim, terão exigência respeitando apenas a anterioridade nonagesimal, ou seja 90 (no-
venta) dias após a sua publicação, sendo, portanto, possível a sua exigência no mesmo ano de sua publi-
cação: Imposto sobre Produtos Industrializados, Contribuições Sociais e CIDE/ICMS Combustíveis. 
c) E terão exigência respeitando apenas a anterioridade do exercício, ou seja, podendo ser majora-
dos em 28 de dezembro, publicados em 29 de dezembro e já exigidos no dia 1o de janeiro: Imposto de 
Renda (alíquotas, base de cálculo = tudo) e Base de Cálculo (apenas) de IPVA e IPTU. 
Por fim, outra questão de grande valia sobre o princípio da anterioridade é de que a modificação de 
prazo para pagamento, mesmo que venha a antecipar a arrecadação/pagamento, não estará sujeita à an-
terioridade, na forma da Súm. Vinc. no 50 do STF. 
 
Súm. Vin. no 50 do STF: Norma legal que altera o prazo de recolhimento de obrigação 
tributária não se sujeita ao princípio da anterioridade. 
 
3.4. Princípio da irretroatividade 
Reza o art. 150, III, a, da CF/1988 que: 
 
Art. 150. Sem prejuízo de outras garantias asseguradas ao contribuinte, é vedado à União, 
aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios: 
(...) 
1ª Fase | 39° Exame da OAB 
Direito Tributário 
 
14 
III – cobrar tributos: 
a) em relação a fatos geradores ocorridos antes do início da vigência da lei que os houver 
instituído ou aumentado; 
 
Em face do disposto na presente alínea, a norma tributária não poderá retroagir, ou seja, não poderá 
atingir fatos geradores que ocorreram antes de sua vigência. Dessa forma, aplica-se a lei vigente, alíquota 
e base de cálculo que estiverem em vigor quando da ocorrência do fato gerador. Logo, conclui-se: a norma 
tributária, via de regra, não poderá retroagir justamente para preservar o direito adquirido, o ato jurídico 
perfeito e proporcionar a todos segurança jurídica. 
E vale dizer, ainda, que a Constituição Federal não traz nenhuma mitigação ou exceção. Entretanto, 
o Código Tributário Nacional apresenta-nos, pelo menos, três exceções a este princípio: 
a) 1ª exceção ao princípio da irretroatividade: a norma nova que tenha caráter interpretativo da 
norma antiga, que venha a solucionar pontos obscuros, portanto, da norma antiga, desde que não cause 
penalidade ao contribuinte, poderá retroagir. Assim, a lei nova de caráter interpretativo poderá retroagir, 
desde que não cause onerosidade ao contribuinte. 
 
CTN 
Art. 106. A lei aplica-se a ato ou fato pretérito: 
I – em qualquer caso, quando seja expressamente interpretativa, excluída a aplicação de 
penalidade à infração dos dispositivos interpretados; 
 
b) 2ª exceção ao princípio da irretroatividade: a norma nova que venha a deixar de tratar ato 
como infração (extinguir multa) ou reduzir a infração (reduzir o percentual da multa) poderá retroagir para 
fatos geradores já ocorridos, desde que exista ato pendente de julgamento (seja judicial ou administrativo). 
Vale ressaltar: trata-se de retroatividade mais benéfica somente e tão exclusivamente no campo das infra-
ções (jamais no tocante às alíquotas ou base de cálculo). 
 
Art. 106. A lei aplica-se a ato ou fato pretérito: 
(...) 
II – tratando-se de ato não definitivamente julgado: 
a) quando deixe de defini-lo como infração; 
(...) 
c) quando lhe comine penalidade menos severa que a prevista na lei vigente ao tempo da 
sua prática. 
 
c) 3ª exceção ao princípio da irretroatividade: por fim, poderá retroagir norma nova que venha a 
instituir ou estabelecer novos critérios de fiscalização e/ou proporcionar ao crédito tributário nova classifica-
ção. 
CTN 
Art. 144. O lançamento reporta-se à data da ocorrência do fato gerador da obrigação e 
rege-se pela lei então vigente, ainda que posteriormente modificada ou revogada. 
§ 1o Aplica-se ao lançamento a legislação que, posteriormente à ocorrência do fato gerador 
da obrigação, tenha instituído novos critérios de apuração ou processos de fiscalização, 
1ª Fase | 39° Exame da OAB 
Direito Tributário 
 
15 
ampliado os poderes de investigação das autoridades administrativas ou outorgado ao 
crédito maiores garantias ou privilégios, exceto, neste último caso, para o efeito de atribuir 
responsabilidade tributária a terceiros. 
 
3.5. Princípio do não confisco 
Reza o art. 150, IV, da CF/1988 que: 
 
Art. 150. Sem prejuízo de outras garantias asseguradas ao contribuinte, é vedado à União, 
aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios: 
(...) 
IV – utilizar tributo com efeito de confisco; 
 
Conforme o exposto, nenhum ente público poderá estabelecer ou exigir tributo com caráter confis-
catório, ou seja, que impeça o uso adequado da propriedade ou não possibilite o livre exercício da atividade 
privada. 
Importante, ainda, ressaltar que o STF (RE no 582.461/SP, Min. Gilmar Mendes, 18-5-2011) passou 
a aplicar o presente dispositivo para as multas, ou seja, nenhuma multa (penalidade) poderá ser exigida 
com caráter confiscatório, por exemplo, multa moratória (por atraso no pagamento) não poderá ter percen-
tual superior a 20% (vinte por cento). 
Atenção! 
Sobre a matéria, importante colacionar três súmulas que têm trato recorrente em provas: 
a) Reza a Súm. no 70 do STF que será “inadmissível a interdição de estabelecimento como meio 
coercitivo para cobrança de tributo”. Logo, nenhum ente competente, com o afã de exigir o crédito tributário 
do contribuinte, poderá interditar seu estabelecimento como forma de o coagir ao pagamento do tributo 
devido. 
b) Ainda, na forma da Súm. no 323 do STF, compreende-seque será “inadmissível a apreensão de 
mercadorias como meio coercitivo para pagamento de tributos”. Assim, não poderá o ente competente, 
como forma de coagir o contribuinte devedor de tributos, reter-lhe mercadorias. 
Mas, cuidado! Nem toda apreensão de mercadorias será ilegal. 
A Súm. no 323 trata da impossibilidade de o ente competente, como forma de coagir o contribuinte, 
aprender ou reter mercadorias de forma genérica. Agora é óbvio, se alguém cometer o crime de descaminho 
ou contrabando, poderá ocorrer a apreensão das mercadorias, objeto de ilícito penal. 
c) Por fim, na forma da Súm. no 547 do STF, não será “lícito à autoridade proibir que o contribuinte 
em débito adquira estampilhas, despache mercadorias nas alfândegas e exerça suas atividades profissio-
nais”. Assim, se algum contribuinte profissional liberal for devedor de ISSQN, em razão do desempenho de 
suas atividades, não poderá o ente municipal impedir o exercício de sua atividade. 
 
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Direito Tributário 
 
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3.6. Princípio da liberdade de tráfego 
Reza o art. 150, V, da CF/1988 que: 
 
Art. 150. Sem prejuízo de outras garantias asseguradas ao contribuinte, é vedado à União, 
aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios: 
(...) 
V – estabelecer limitações ao tráfego de pessoas ou bens, por meio de tributos interesta-
duais ou intermunicipais, ressalvada a cobrança de pedágio pela utilização de vias con-
servadas pelo Poder Público; 
 
Nenhum tributo poderá impedir o livre exercício do direito de ir e vir, salvo a própria mitigação ex-
posta no inciso mencionado no que tange à cobrança de pedágios. 
Lembre-se! 
Salvo melhor juízo, quem cobra pedágio não cobra tributo, mas, sim, tarifas ou preço público, em 
que o contribuinte pagará para permissionários e/ou concessionárias do serviço público. 
3.7. Princípio da uniformidade geográfica 
Reza o art. 151, I e II, da CF/1988 que: 
 
Art. 151. É vedado à União: 
I – instituir tributo que não seja uniforme em todo o território nacional ou que implique 
distinção ou preferência em relação a Estado, ao Distrito Federal ou a Município, em de-
trimento de outro, admitida a concessão de incentivos fiscais destinados a promover o 
equilíbrio do desenvolvimento sócio-econômico entre as diferentes regiões do País; 
II – tributar a renda das obrigações da dívida pública dos Estados, do Distrito Federal e 
dos Municípios, bem como a remuneração e os proventos dos respectivos agentes públi-
cos, em níveis superiores aos que fixar para suas obrigações e para seus agentes; 
 
 
Tal princípio tem força coercitiva diretamente para a União. Assim, o presente ente federativo, em 
razão do texto constitucional, não poderá tratar os demais entes federativos e seus contribuintes de forma 
desigual. Ex.: a incidência sobre o Imposto de Renda que será considerado no Rio Grande do Sul, igual-
mente deverá ser no Rio de Janeiro, não podendo haver tratamento diferenciado. A justificativa para a 
presente norma cogente é: respeito à isonomia e ao pacto federativo. 
Entretanto, o mesmo inciso I trabalha com uma mitigação em que faculta à União conceder trata-
mento diferenciado na tributação de sua competência, a fim de proporcionar desenvolvimento socioeconô-
mico de determinada região. Aqui se encontra o clássico exemplo da Zona Franca de Manaus. 
Na forma do inciso II do artigo supraindicado, a União também não poderá conceder tratamento 
diferenciado para seus servidores, bem como as obrigações de dívidas públicas. Logo, se um Magistrado 
Federal tem retenção de 27,5% de seu ordenado, o mesmo valer para o Magistrado Estadual, não podendo, 
portanto, a União conceder tratamento diferenciado para o federal em face de este pertencer aos quadros 
federais. 
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3.8. Princípio da isenção heterônoma 
Reza o art. 151, III, da CF/1988 que: 
 
Art. 151. É vedado à União: 
(...) 
III – instituir isenções de tributos da competência dos Estados, do Distrito Federal ou dos 
Municípios. 
 
Na forma do presente inciso, a União não poderá se intrometer no que tange a benefícios fiscais 
nos tributos que não são de sua competência. Assim, não caberá isenções heterônomas, ou seja, a União 
não poderá conceder isenção de tributos que são de competência dos demais entes. 
Segundo o STF (RE no 229.096/RS, Min. Carmen Lúcia, 16-8-2007), os Tratados ou Convenções 
Internacionais, uma vez ratificados pelo Presidente da República, este agindo como Chefe de Estado (Pes-
soa Jurídica de Direito Público Internacional), poderão isentar tributos estaduais e municipais, observando 
o disposto no art. 98 do CTN. Assim, na forma do referido artigo, os tratados e as convenções internacionais 
revogam ou modificam a legislação tributária interna, e serão observados pela que lhes sobrevenha. 
CTN 
Art. 98. Os tratados e as convenções internacionais revogam ou modificam a legislação 
tributária interna, e serão observados pela que lhes sobrevenha. 
 
 
4. Limitações ao Poder de Tributar: Imunidades 
Prof. Guilherme Pedrozo 
@prof.guilhermepedrozo 
 
Imunidade é a dispensa constitucional de pagar tributo, ou seja, trata-se de formas de dispensas 
constitucionais para que o contribuinte não realize o pagamento do crédito tributário. Ademais, vale ressaltar 
que se apresentam dois tipos de imunidades: as específicas e as genéricas. 
As imunidades específicas são todas aquelas dispostas no texto constitucional, que dizem respeito 
a determinado caso concreto. E o mais importante: poderão albergar qualquer espécie tributária. Aqui, 
exemplificando, apresentam-se os casos no texto constitucional: não incidir ISS de serviço destinado ao 
exterior, não incidir contribuição social para as entidades de assistência social sem fins lucrativos, entre 
outros. 
Outrossim, também se apresentam na Carta Magna as imunidades genéricas, dispostas todas no 
art. 150, VI, e apresentam dispensa constitucional apenas no que tange aos impostos. São espécies de 
imunidades genéricas: 
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Direito Tributário 
 
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a) 1ª espécie (art. 150, VI, a, da CF/1988) – Imunidade recíproca: os entes públicos (União, Esta-
dos, Distrito Federal e Municípios) não poderão cobrar impostos entre si sobre o patrimônio, renda e servi-
ços. Assim, exemplificando, a União não poderá cobrar IR sobre a renda auferida pelo Município, bem como 
o Estado não poderá cobrar IPVA dos automóveis da União. 
Sobre a presente espécie de imunidade genérica vale ressaltar que ela é extensiva às autarquias e 
fundações públicas, na forma do art. 150, § 2o, da CF/1988, desde que renda, patrimônio e serviços sejam 
destinados e/ou utilizados para o cumprimento da finalidade essencial das referidas entidades públicas 
citadas. 
Mas para que estas autarquias e fundações públicas gozem de imunidade, elas precisam cumprir 
alguns requisitos que estão dispostos no art. 150, §§ 3o e 4o, da CF/1988: 
• Ser mantidas ou instituídas pelo poder público; 
• Manter atividade essencialmente pública; 
• Não entrar na concorrência privada. 
 
Também cabe ressaltar a posição do Supremo Tribunal Federal em relação à omissão da Consti-
tuição Federal, de que as Empresas Públicas e Sociedades de Economia Mista também terão direito a 
gozar desta espécie de imunidade genérica, desde que explorem atividade essencial pública em caráter de 
monopólio e não visem lucro. Neste condão, foram deferidas as imunidades para os Correios (Agência e 
não Franquia), Infraero, Casa da Moeda, entre outros. 
b) 2ª espécie (art. 150, VI, b, da CF/1988) – Imunidade a templos de qualquer culto: a presente 
imunidade, tão criticada contemporaneamente, visa proteger a liberdade religiosa. Lembrando que a Cons-
tituição Federal não objetivou ser aquela ou outra a religião a ser imunizada, em razão de vivermos em um 
estado laico. 
Portanto, gozarão desta imunidade toda e qualquer religião que prestigie um Deus, que tenhacomo 
objetivo levar a palavra de Deus para toda uma comunidade. Entretanto, para que estas religiões gozem 
desta espécie de imunidade genérica sobre seu patrimônio, renda e serviços, deverão aplicar seu patrimô-
nio ou renda auferida para o cumprimento da finalidade essencial. 
Logo, se a igreja ou templo faz um bingo para manter a “Casa do Senhor”, ou seja, a renda auferida 
será revertida para a finalidade essencial, não terá que pagar impostos sobre tal valor recebido. O mesmo 
vale para cobrança de dízimos, estacionamento para fiéis ou até mesmo cemitério em nome da instituição 
religiosa. Tudo isso observando o disposto no art. 150, § 4o, da CF/1988. 
Atenção! 
É sempre importante referir algumas dúvidas que os alunos apresentam sobre esta imunidade. 
1ª Fase | 39° Exame da OAB 
Direito Tributário 
 
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Inicialmente, questionam os alunos se a propriedade privada locada por algum templo gozará de imuni-
dade? Muita atenção, pois houve alteração recente em nossa Constituição Federal: a resposta é positiva, 
eis que, conforme o art. 156, § 1o-A, mesmo o imóvel não sendo de propriedade do templo, resolveu o 
Constituinte Derivado estender a imunidade para estes casos. 
De outro lado, se, porventura, o veículo for de propriedade do padre/pastor, haverá imunidade no 
tocante ao IPVA? A resposta é negativa, visto que, para gozar da imunidade, o patrimônio (via de regra) 
precisa ser de propriedade do templo. 
Por fim, no que tange às dúvidas, poderá ser questionado em prova: e as taxas para recolhimento 
de lixo no templo deverão ser pagas por este último? Responda positivamente, visto que a imunidade ge-
nérica abrange apenas os impostos. 
Mas sobre esta imunidade, algumas perguntas restarão em aberto, fazendo-se necessária a devida 
resposta: 
1) Maçonaria goza de imunidade? Não, visto tratar-se de filosofia de vida. 
2) Cemitério em nome de empresa privada goza de imunidade? Não, visto ser empresa privada que 
visa ao lucro. 
c) 3ª espécie (art. 150, VI, c, da CF/1988) – Imunidade subjetiva: tal imunidade contempla algumas 
pessoas, ou seja, observando igualmente o art. 150, VI, c, e o art. 150, § 4o, da Carta Magna, os partidos 
políticos e suas fundações, sindicato dos trabalhadores, instituições de educação e de assistência social 
sem fins lucrativos terão direito a não pagar impostos sobre seus patrimônios, rendas e serviços, desde que 
observado o cumprimento da lei e revertido patrimônio, renda e serviços para o cumprimento da finalidade 
essencial. 
Na forma do art. 150, VI, c, da CF/1988, será vedado aos entes instituir impostos sobre patrimônio, 
renda ou serviços dos partidos políticos, inclusive suas fundações, das entidades sindicais dos trabalhado-
res, das instituições de educação e de assistência social, sem fins lucrativos, atendidos os requisitos da lei. 
Mas, e se a prova lhe perguntar sobre os sindicatos patronais? Responda negativamente, visto que 
esta imunidade abrangerá apenas os sindicatos dos trabalhadores. 
Contudo, diferentemente das demais espécies de imunidades genéricas, a Carta Mãe elenca a ne-
cessidade do cumprimento dos requisitos previstos em lei. Quais seriam a lei, o artigo e seus requisitos? 
São aqueles dispostos no art. 14 do CTN. Assim, para essas pessoas gozarem desta imunidade, também 
deverão se ater aos requisitos deste artigo. 
Questões envolvendo estes requisitos são bastante comuns, por exemplo: entidade imune precisa 
cumprir as obrigações acessórias? A resposta é positiva. A imunidade dispensará tão somente o cumpri-
mento do dever de pagar tributo. 
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Vale ressaltar igualmente que, nesta imunidade, as entidades de assistência social sem fins lucra-
tivos, na forma do art. 195, § 7o, da CF/1988, também terão imunidade no que tange às contribuições soci-
ais, tratando-se aqui de clássico exemplo de imunidade específica. 
Afirma o art. 195, § 7o, da CF/1988 que são isentas de contribuição para a seguridade social as 
entidades beneficentes de assistência social que atendam às exigências estabelecidas em lei, ou seja, 
aqueles requisitos do art. 14 do CTN. 
Muitos costumam questionar a expressão “isenção” disposta no art. 195, § 7o, da CF/1988. Segundo 
posição firmada na doutrina e em diversos julgados, trata-se de erro disposto na Constituição, visto que, se 
ocorrer dispensa do dever de pagar e estando previsto na Carta Mãe, deverá ser considerada imunidade. 
Outro fato também de suma importância no que tange ao art. 195, § 7o, da CF/1988 é a imunidade 
das entidades de assistência social sem fins lucrativos, que diz respeito apenas às entidades e não aos 
seus colaboradores. Logo, quem apenas deixará de satisfazer, por exemplo, o INSS será a entidade e não 
seus funcionários. 
Por fim, no que tange a esta imunidade subjetiva, poderá surgir uma questão: caso as pessoas 
imunes venham a locar um imóvel de sua propriedade a empresa privada e utilizem os valores locatícios 
para o cumprimento da finalidade essencial, poderão elas gozar desta imunidade? Sim, na forma da Súm. 
Vinc. no 52 e da Súm. no 724 do STF, continuarão a gozar desta imunidade genérica. 
d) 4ª espécie (art. 150, VI, d e e, da CF/1988) – Imunidade objetiva: a imunidade diz respeito à 
espécie de imunidade genérica no tocante a determinados objetos. Portanto, os livros, periódicos, jornais e 
papéis destinados à sua impressão, bem como CDs e DVDs confeccionados por artistas ou intérpretes 
brasileiros não pagarão impostos. 
Afirma o art. 150, VI, d, da CF/1988 que será vedado aos entes instituir impostos sobre livros, jor-
nais, periódicos e o papel destinado à sua impressão. 
Mas é importante que se diga: a imunidade aqui será apenas no tocante ao objeto e não sobre 
eventual renda auferida com a venda do objeto ou imóvel. Assim, vamos imaginar uma empresa que tenha 
por objetivo a confecção e a venda de jornal. A imunidade será tão somente do jornal, e não do imóvel da 
empresa ou das receitas auferidas pela empresa. 
E para gozarem desta imunidade, quais são os requisitos necessários que devem ser observados 
pelas empresas que exploram este comércio? Os livros, periódicos e jornais deverão transmitir pensamento 
e ter uma ideia formalmente orientada, independentemente do conteúdo. Portanto, inclusive as revistas com 
apelo sexual gozarão desta imunidade. 
E as revistas com finalidade de marketing, que desejam prioritariamente vender produtos? Estas 
revistas não gozarão de imunidade. 
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A lista telefônica gozará desta imunidade? Sim, visto que ela tem caráter informativo. 
Vale ressaltar, ainda, que inclusive o papel fotográfico destinado à impressão dos itens expostos 
gozará de imunidade, ao contrário da tinta destinada à impressão, que não terá imunidade. 
Na forma da Súm. no 657 do STF, “a imunidade prevista no art. 150, VI, d, da CF/1988 abrange os 
filmes e papéis fotográficos necessários à publicação de jornais e periódicos”. 
Por fim, em recente julgado do Supremo Tribunal Federal (RE no 330.817, Min. Dias Toffoli, 8-3-
2017), a imunidade tributária constante do art. 150, VI, d, da CF/1988 aplica-se ao livro eletrônico (e-book), 
inclusive aos suportes exclusivamente utilizados para fixá-lo. Tal julgamento tornou-se Súmula Vinculante, 
de no 57. 
Já no que tange ao art. 150, VI, e, da CF/1988, igualmente gozarão de imunidade, sendo vedado 
aos entes instituir impostos sobre os fonogramas (CDs) e videofonogramas (DVDs) musicais produzidos no 
Brasil contendo obras musicais ou literomusicais de autores brasileiros e/ou obras em geral interpretadas 
por artistas brasileiros, bem como os suportes materiais ou arquivos digitais que os contenham, salvo na 
etapa de replicação industrial de mídias ópticas de leitura a laser. 
Sempre importante ressaltar que esta imunidade abrangerá a produção e não o comércio de CDs e 
DVDs. 
5. Obrigação TributáriaProf. Guilherme Pedrozo 
@prof.guilhermepedrozo 
 
Teremos a ocorrência da obrigação tributária toda vez que o contribuinte praticar um fato (fato ge-
rador) que está descrito em uma lei (hipótese de incidência). Assim, a obrigação nada mais é do que o 
resultado da realização do fato gerador no mundo exterior. Sobre a obrigação tributária leciona o CTN: 
 
Art. 113. A obrigação tributária é principal ou acessória. 
§ 1o A obrigação principal surge com a ocorrência do fato gerador, tem por objeto o paga-
mento de tributo ou penalidade pecuniária e extingue-se juntamente com o crédito dela 
decorrente. 
§ 2o A obrigação acessória decorre da legislação tributária e tem por objeto as prestações, 
positivas ou negativas, nela previstas no interesse da arrecadação ou da fiscalização dos 
tributos. 
§ 3o A obrigação acessória, pelo simples fato da sua inobservância, converte-se em obri-
gação principal relativamente à penalidade pecuniária. 
 
 
No teor do referido artigo, conseguimos vislumbrar a existência de dois tipos de obrigação tributária: 
a principal e a acessória. 
1ª Fase | 39° Exame da OAB 
Direito Tributário 
 
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A obrigação principal é toda aquela obrigação do contribuinte para o pagamento do tributo ou da 
penalidade (multa). Já a obrigação acessória é toda aquela obrigação que não consiste em pagamento, 
mas, sim, no ato de fazer ou deixar de fazer. Portanto, são exemplos de obrigações acessórias o ato de 
fazer um speed contábil, um balanço, tirar ou não rasurar uma nota fiscal. Lembrando, ainda, que a obriga-
ção acessória tem como objetivo colaborar para a fiscalização e o pagamento do crédito tributário. 
Ainda, sobre o referido artigo, mais precisamente na forma do § 3o, uma vez o contribuinte não 
realizando ou cumprindo com sua obrigação acessória, surgirá uma obrigação principal (multa). 
5.1. Elisão fiscal 
Reza o art. 116, par. ún., do CTN: 
 
Art. 116. Salvo disposição de lei em contrário, considera-se ocorrido o fato gerador e exis-
tentes os seus efeitos: 
(...) 
Parágrafo único. A autoridade administrativa poderá desconsiderar atos ou negócios jurí-
dicos praticados com a finalidade de dissimular a ocorrência do fato gerador do tributo ou 
a natureza dos elementos constitutivos da obrigação tributária, observados os procedi-
mentos a serem estabelecidos em lei ordinária. (Incluído pela LC no 104/2001) 
 
O presente parágrafo único faz nascer a subjetividade diante da realização de planejamento tribu-
tário pelo contribuinte e sua validação ou não. Mas como a presente obra não tem como objetivo doutrinar 
ou suscitar divergências, cabe ao signatário informar que, caso o enunciado da peça ou questão no Exame 
da Ordem deixe clara a existência de ato realizado com a tentativa de não pagar tributo, simular ou cometer 
fraude, poderá o fisco desconsiderar tal ato e cobrar os tributos devidos pela realização dos fatos geradores. 
Logo, o referido artigo traz a possibilidade de o ente competente desconsiderar os atos realizados 
pelo contribuinte, uma vez detectado que foram realizados com a tentativa de burlar o fisco para não pagar 
tributo, a fim de que ele venha a contribuir. 
Imagine, por exemplo, determinada situação: “A” quer vender uma casa por 10 milhões. “B” quer 
comprar a casa por 10 milhões e tem esse dinheiro. Uma vez realizada a transação, “B” teria que pagar 
ITBI sobre a compra e venda. O que eles decidem fazer para não pagar tributo? Simulam a abertura de 
uma empresa, vindo “A” a integralizar o imóvel e “B” integralizando o dinheiro. “Casualmente”, após um mês 
de empresa, eles decidem encerrar as atividades, vindo a pessoa de “A” retirar o dinheiro da empresa e 
“B”, o imóvel. Por óbvio, é facilmente apurável que houve fraude. Logo, o Município onde está localizado o 
imóvel poderá desconsiderar a abertura da empresa e cobrar ITBI de “B”. 
5.2. Sujeito ativo e passivo da relação tributária 
Mas, afinal de contas, quem poderá cobrar e quem pagará a obrigação tributária? Serão, respecti-
vamente, o sujeito ativo e o sujeito passivo da relação tributária. 
1ª Fase | 39° Exame da OAB 
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O sujeito ativo, na forma do art. 119 do CTN, é toda pessoa jurídica de direito público que tem a 
competência constitucional para criar e/ou exigir o crédito tributário, observando a norma e a realização do 
fato gerador pelo contribuinte. 
Já o sujeito passivo será aquele responsável pelo pagamento do crédito tributário e até mesmo da 
multa, uma vez realizado o fato gerador ou descumprida eventual obrigação acessória. Na forma do art. 
121 do CTN, o sujeito passivo poderá ser tanto o contribuinte (aquele que realiza e tem vínculo direto com 
o fato gerador) quanto o responsável (não realiza o fato gerador, mas a norma legal lhe atribui o dever de 
pagar tributo). 
Aqui é importante fixar que deverá pagar tributo tanto quem realiza diretamente o fato descrito na 
norma quanto aquele que, por lei, considerando o vínculo com o fato, mesmo não realizando diretamente o 
fato gerador, tenha por obrigação pagar o crédito tributário. 
 
5.3. Das convenções particulares e da obrigação tributária 
Na forma do art. 123 do CTN, nenhum contrato, acordo ou instrumento particular poderá ser 
oposto/apresentado contra a Fazenda Pública a fim de modificar a responsabilidade pelo pagamento do 
crédito tributário. Assim, na realização locatícia, por exemplo, em que 99% dos contratos estabelecem a 
responsabilidade pelo pagamento do IPTU ao locatário, caso este não venha a satisfazer o crédito, o fisco 
exigirá o IPTU do proprietário, in casu, o locador, visto que o contrato particular não poderá alterar a sujeição 
passiva tributária. 
E caso o locatário não venha de fato a pagar, poderá o contrato ser apresentado pelo proprietário 
no órgão municipal com a intenção de ser excutida a responsabilidade deste? Não, visto que o contrato 
particular igualmente não poderá ser oposto contra o fisco, ou seja, não terá validade diante do ente com-
petente. 
5.4. Da solidariedade 
Reza o art. 124 do CTN que os sujeitos passivos poderão ser solidariamente obrigados, caso exista 
interesse comum na situação que constitua o fato gerador da obrigação principal. Lembrando, ainda, que 
tal solidariedade não comportará benefício de ordem, ou seja, quem pagará primeiro ou não. 
Mas você talvez possa se perguntar: mesmo Marcelo e Nidal não utilizando o bem imóvel, terão de 
pagar o IPTU? A resposta é positiva, visto que o fato gerador é a propriedade, pouco importando quem se 
utiliza do imóvel. 
Ademais, o tema mais recorrente sobre solidariedade em provas é o que está disposto no art. 125 
do CTN, sobre os efeitos da solidariedade. Na forma do art. 125, I, do CTN, “o pagamento efetuado por um 
dos obrigados aproveita aos demais”. Portanto, aproveitando-se do exemplo nominado, se Guilherme 
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Direito Tributário 
 
24 
realiza o pagamento integral do IPTU devido, Nidal e Marcelo automaticamente nada precisarão pagar, até 
por que ocorreu a extinção do crédito tributário. 
Igualmente, na forma do art. 125, II, do CTN, “a isenção ou remissão de crédito exonera todos os 
obrigados, salvo se outorgada pessoalmente a um deles, subsistindo, nesse caso, a solidariedade quanto 
aos demais pelo saldo”. Logo, a isenção (dispensa de pagamento) ou remissão (perdão do pagamento) 
realizada de forma geral aproveita-se a todos os solidariamente obrigados. Agora, caso exista a concessão 
de eventual isenção/remissão em razão de caráter pessoal, não será estendida para os demais, mantendo-
se o saldo devido pelos demais sujeitos passivos (logo, para efeitos de cálculo, desconta-se a cota-parte 
do sujeito isento). 
Por fim, e não menos importante, na forma do art. 125, III, do CTN, “a interrupção da prescrição, em 
favor ou contra um dos obrigados, favorece ou prejudica aos demais”. 
5.5. Da capacidade passiva tributária 
Na forma do art. 126 do CTN, a capacidade tributárianão dependerá da capacidade civil das pes-
soas naturais. Logo, mesmo que o sujeito passivo não tenha capacidade civil plena (p. ex., seja menor de 
idade, portador de deficiência), ele terá que pagar tributo. Essa conclusão também será estendida para o 
falido que quebrou uma empresa e hoje realiza outra atividade capaz de gerar fato gerador, bem como para 
sociedades de fato ou irregulares. 
Assim, na forma do art. 126 do CTN, “a capacidade tributária passiva independe” (caput): 
a) “da capacidade civil das pessoas naturais” (inc. I). Assim, sendo menor de idade, interditado, uma 
vez realizando o fato gerador, terá de pagar tributo. 
b) “de achar-se a pessoa natural sujeita a medidas que importem privação ou limitação do exercício 
de atividades civis, comerciais ou profissionais, ou da administração direta de seus bens ou negócios” (inc. 
II). Assim, mesmo estando o contribuinte preso, por exemplo, uma vez realizado o fato gerador, terá de 
pagar tributo. 
c) “de estar a pessoa jurídica regularmente constituída, bastando que configure uma unidade eco-
nômica ou profissional” (inc. III). Logo, mesmo não estando, por exemplo, a empresa regularmente inscrita 
na Junta Comercial, terá de pagar tributo. 
5.6. Do domicílio tributário 
Na forma do art. 127 do CTN, caberá ao contribuinte a determinação de seu domicílio fiscal tributá-
rio, ou seja, caberá ao contribuinte a escolha de onde receberá intimações, fiscalizações e cobranças da 
autoridade fazendária. 
Caso o contribuinte não realize tal opção e sendo ele pessoa física, o domicílio tributário será no 
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Direito Tributário 
 
25 
local de sua residência e, se não houver informação da residência atual, poderá ser o local onde exerce 
habitualmente suas atividades. 
Já se o contribuinte for pessoa jurídica de direito privado e não houver escolhido o seu domicílio 
tributário, terá como domicílio fiscal o local onde está estabelecida a sua empresa, e/ou será no local do 
estabelecimento onde tenha dado origem o fato gerador. 
Por fim, cabe salientar que, se o contribuinte optou por endereço tributário que dificulte ou impossi-
bilite o recolhimento/fiscalização de tributo, poderá a autoridade fazendária desconsiderar a opção realizada 
pelo contribuinte. 
6. Constituição do Crédito Tributário 
Prof. Matheus De Gregori 
@prof.matheusdegre 
 
A obrigação tributária principal (de pagar) nasce com o fato gerador. Contudo, esse vínculo obriga-
cional ainda é um mero dever: incerto, ilíquido e, portanto, inexigível pelo fisco. Sendo assim, é necessário 
um procedimento administrativo que “transforme” essa obrigação tributária em crédito tributário. Então, é 
preciso dar certeza e liquidez para que a obrigação de pagar se torne crédito, passando assim a ser exigível. 
O que é “exigibilidade”? É a possiblidade de cobrança administrativa pelo fisco. 
E como é constituído o crédito? Através do Lançamento Tributário. 
O CTN, no art. 142, define lançamento como procedimento administrativo “tendente a verificar a 
ocorrência do fato gerador da obrigação correspondente, determinar a matéria tributável, calcular o mon-
tante do tributo devido, identificar o sujeito passivo e, sendo caso, propor a aplicação da penalidade cabível”. 
Note que se trata de atividade administrativa (não é legislativa nem jurisdicional), privativa da auto-
ridade competente de cada ente (auditor fiscal, por exemplo). 
Nessa atividade de lançamento: 
(1) determina-se a matéria tributável (certeza); 
(2) calcula-se o montante do tributo devido (liquidez); 
(3) identifica-se o sujeito passivo (quem deve); 
(4) se for o caso, propõe-se multa; 
Formaliza-se, assim, o crédito tributário. 
Portanto: é o lançamento que constitui o crédito tributário. 
• Fato Gerador = nasce Obrigação Tributária (incerta, ilíquida e inexigível). 
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Direito Tributário 
 
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• Obrigação Tributária + Lançamento Tributário = Crédito Tributário (certo, líquido e exigível). 
 
 *Para todos verem: esquema 
 
 
Quanto ao aspecto temporal: se houver um intervalo de tempo entre o fato gerador e o lançamento, 
qual legislação devemos aplicar? Ora, a legislação que vigia quando nasceu a obrigação. 
Portanto, eis a regra: aplica-se ao lançamento a legislação do momento do fato gerador. Con-
forme art. 144 do CTN, “o lançamento reporta-se à data da ocorrência do fato gerador da obrigação e rege-
se pela lei então vigente, ainda que posteriormente modificada ou revogada”. Além disso, quando o 
valor tributário esteja expresso em moeda estrangeira, no lançamento far-se-á sua conversão em moeda 
nacional ao “câmbio do dia da ocorrência do fato gerador da obrigação”, conforme art. 143 do CTN. 
Porém, há exceções, previstas no §1º do art. 144 do CTN. Aplica-se, no lançamento, a lei posterior 
ao fato gerador, quando essa lei tenha: 
1. instituído novos critérios de apuração ou processos de fiscalização, 
2. ampliado os poderes de investigação das autoridades administrativas, ou 
3. outorgado ao crédito maiores garantias ou privilégios, exceto, para atribuir responsabilidade tri-
butária a terceiros. 
Sendo assim, retroage, para alcançar um fato gerador anterior a sua vigência, a lei que se encaixe nas 
situações acima. 
 
6.1. Modalidades de Lançamento 
O referido procedimento administrativo de lançamento pode ocorrer de três formas, com diferentes 
graus de participação do sujeito passivo (contribuinte ou responsável). São chamadas de modalidades de 
lançamento. 
1) O Lançamento de Ofício, também chamado de “lançamento direto”, é aquele feito sem partici-
pação alguma do contribuinte. Ou seja, o ente tributante identifica a ocorrência do fato gerador, faz o cálculo 
do valor devido, emite a guia e notifica o contribuinte para que seja realizado o pagamento. Só resta ao 
contribuinte fazer o pagamento ou impugnar o lançamento, no prazo previsto. Exemplos de tributos com 
lançamento de ofício: IPVA, IPTU, Taxas e Contribuição de Iluminação Pública. As multas, é claro, sempre 
são lançadas de ofício. 
A notificação do lançamento é o ato que cientifica o contribuinte da existência do crédito, dando-lhe 
HIPÓTESE 
DE 
INCIDÊNCIA
FATO 
GERADOR
OBRIGAÇÃO 
TRIBUTÁRIA 
PRINCIPAL 
LANÇAMENTO 
TRIBUTÁRIO 
CRÉDITO 
TRIBUTÁRIO 
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Direito Tributário 
 
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o prazo para pagar (ou impugnar o lançamento). Essa notificação pode ocorrer de diversos meios, conforme 
já fixou o STJ: 
Súmula 397 STJ: O contribuinte do IPTU é notificado do lançamento pelo envio do carnê ao seu 
endereço. 
STJ - Resp 1.320.825 - RJ (2012/0083876-8): O IPVA é lançado de ofício no início de cada exercício 
(art. 142 do CTN) e constituído definitivamente com a cientificação do contribuinte para o recolhi-
mento da exação, a qual pode ser realizada por qualquer meio idôneo, como o envio de carnê 
ou a publicação de calendário de pagamento, com instruções para a sua efetivação. 
 
O art. 149 do CTN enumera as hipóteses em que o lançamento poderá ser efetuado e revisto de 
ofício. 
2) O Lançamento por Declaração, ou “misto”, é aquele “efetuado com base na declaração do 
sujeito passivo ou de terceiro, quando um ou outro, na forma da legislação tributária, presta à autoridade 
administrativa informações sobre matéria de fato, indispensáveis à sua efetivação”, conforme art. 147 do 
CTN. 
É cabível em situações em que o fisco precisa ser informado, pelo sujeito passivo, a respeito do fato 
gerador. Após a declaração, o fisco calculará o valor do tributo e emitirá a guia. São exemplos de lança-
mento por declaração: ITBI e ITCMD. 
Admite-se a retificação das informações por iniciativa do próprio declarante. Porém, quando vise a 
reduzir ou a excluir tributo, só será admissível retificar mediante prova do erro, e antes de notificada a 
conclusão do lançamento. 
3) O Lançamento por Homologação, ou “autolançamento”, é aquele em que o sujeitopassivo faz 
tudo: calcula, paga, declara, e autoridade fiscal apenas fiscaliza, homologando o lançamento. Conforme art. 
150 do CTN, esse autolançamento ocorre “quanto aos tributos cuja legislação atribua ao sujeito passivo o 
dever de antecipar o pagamento sem prévio exame da autoridade administrativa, opera-se pelo ato em que 
a referida autoridade, tomando conhecimento da atividade assim exercida pelo obrigado, expressamente a 
homologa”. 
Haverá, contudo, uma homologação tácita caso, após efetuado o pagamento, o fisco quedar inerte 
após 05 (cinco) anos. Saiba que, na maioria dos casos, é isso que ocorre: o contribuinte declara e paga o 
tributo, de acordo com a legislação aplicável, e o fisco nada faz, estando “homologado” o lançamento após 
o prazo decadencial de 05 (cinco) anos. Enquanto não escoado tal prazo, poderá o fisco autuar o contribu-
inte, caso verifique pagamento “a menor”, acrescido de multa moratória. 
E se o contribuinte, antes da iniciativa do fisco, verificar que está em atraso, e pagar o tributo faltante, 
terá o benefício de não dever multa moratória? Não, pois conforme a Súmula 360 do STJ, o benefício da 
denúncia espontânea não se aplica aos tributos sujeitos a lançamento por homologação regularmente de-
clarados, mas pagos a destempo (com atraso). 
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Direito Tributário 
 
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A maioria dos tributos, atualmente, tem como regra essa modalidade de lançamento, a exemplo de: 
IR, IPI, ITR, ICMS, ISS, PIS/COFINS e contribuições previdenciárias. 
Sendo assim, eis as três modalidades, no sentido de maior participação do sujeito passivo: 
 *Para todos verem: esquema 
 
Importante saber que, caso o sujeito passivo não realize os atos a seu encargo, nas hipóteses de 
lançamento por declaração ou por homologação, será cabível o lançamento de ofício suplementar. Ou seja: 
o lançamento de ofício caberá, subsidiariamente, mesmo quando não for a regra. 
Exemplo: GuiGui declarou e pagou R$ 10 mil de imposto de renda, mas deveria ter pagado R$ 15 
mil. O fisco, ao fiscalizá-lo, verifica o pagamento a menor, e lança (constitui) o crédito dos R$ 5 mil faltantes. 
Esses R$ 5 mil, que deveriam ter sido lançados por homologação, foram lançados de ofício pela autoridade, 
haja vista o erro/omissão do sujeito passivo. 
6.2. Revisão do Lançamento 
Questiona-se: é possível alterar lançamento já realizado, mesmo após intimado (notificado) o sujeito 
passivo para pagamento? Sim, conforme previsto no art. 145 do CTN, em virtude de: 
1) impugnação do sujeito passivo; 
2) recurso de ofício ou iniciativa de ofício da autoridade administrativa. 
Sendo assim, o lançamento não é imutável, podendo ser alterado por iniciativa do contribuinte ou 
do fisco. Porém, muita atenção ao parágrafo único o art. 149: a revisão do lançamento só pode ser 
iniciada enquanto não extinto o direito da Fazenda Pública. Será ilegal, portanto, uma revisão do lan-
çamento que iniciou após ocorrida a decadência ou prescrição do crédito respectivo. 
É importante, ainda, conhecer a possibilidade do Arbitramento, prevista no art. 148 do CTN. Ca-
berá arbitramento, pela autoridade fiscal, dos valores que compõem a base de cálculo “sempre que sejam 
omissos ou não mereçam fé as declarações ou os esclarecimentos prestados, ou os documentos expedidos 
pelo sujeito passivo ou pelo terceiro legalmente obrigado”. Exemplo: certa empresa fraudou documentos, 
não sendo possível saber sua verdadeira receita em determinado exercício. O fisco procederá ao arbitra-
mento do lucro, para ter a base de cálculo sobre a qual incidirá o tributo. 
Atenção: o arbitramento não é modalidade de lançamento, mas apenas um procedimento possível 
(uma técnica), como meio para o lançamento, nos casos acima mencionados, sempre dentro de parâmetros 
Lançamento
 de Ofício
Lançamento por 
Declaração
Lançamento por 
Homologação
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Direito Tributário 
 
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legais e com contraditório do interessado. 
Por fim, é preciso abordar uma situação excepcional, em que o crédito será constituído sem o 
lançamento formal. Isso se dá nas situações em que o sujeito passivo é obrigado a declarar e pagar 
antecipadamente o tributo (lançamento por homologação), mas acaba apenas declarando, sem recolher os 
valores declarados ao fisco. 
Veja que, mesmo que não haja pagamento, apenas a declaração do débito pelo sujeito passivo já 
constitui o tributo, dispensando o lançamento formal pela autoridade: 
Súmula 436 do STJ: A entrega de declaração pelo contribuinte reconhecendo débito fiscal constitui 
o crédito tributário, dispensada qualquer outra providência por parte do fisco. 
 
Podemos dizer, assim, que nesse caso o crédito estará constituído sem lançamento algum. Trata-
se de situação extremamente importante e muito explorada em provas. 
7. Suspensão da Exigibilidade do Crédito 
Após constituído o crédito tributário, este estará dotado de exigibilidade. Ou seja, pode ser cobrado 
pelo fisco, através de notificação e prazo para pagamento. Contudo, algumas situações suspendem a refe-
rida exigibilidade do crédito, impedindo, temporariamente, a cobrança administrativa ou judicial deste cré-
dito. O crédito continua vivo, mas não poderá ser cobrado enquanto vigente alguma das causas de suspen-
são de sua exigibilidade. 
Por força do art. 146, III, b, da CF/1988, as hipóteses de suspensão da exigibilidade devem ser 
tratadas por lei complementar. Essas hipóteses estão listadas no CTN, no art. 151. São cinco causas, muito 
cobradas no Exame de Ordem: 
 *Para todos verem: esquema 
 
 
São situações que impedem a execução fiscal, mas não o lançamento. Ou seja, caso uma dessas 
causas ocorra antes mesmo de o crédito estar constituído (uma liminar preventiva, por exemplo), ainda 
SUSPENSÃO 
DA 
EXIGIBILIDADE 
DO CT
MORATÓRIA
DEPÓSITO 
INTEGRAL
RECURSO 
ADM.
LIMINAR ou 
TUTELA 
ANTECIPADA
PARCELAMENTO
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Direito Tributário 
 
30 
assim será possível ao fisco realizar o lançamento do crédito, que desde logo estará com exigibilidade 
suspensa. Isso porque há prazo para o fisco realizar o lançamento (decadência), que segue correndo en-
quanto a exigibilidade está suspensa. A prescrição, por outro lado, não transcorre durante o período de 
suspensão da exigibilidade do CT, uma vez que o fisco está impedido de propor a execução fiscal. 
Vejamos brevemente as hipóteses acima listadas: 
1) Moratória: trata-se de dilação do prazo para pagamento do tributo. Ou seja, aumenta-se o prazo 
para pagar um tributo já constituído. Durante esse prazo, a exigibilidade está suspensa. Pode ser concedida 
em caráter geral (para número indeterminado de contribuintes, sem exigência de autorização individual), ou 
em caráter individual (exige requisitos, que serão conferidos pela autoridade competente, que confirmará 
por despacho o direito ao benefício fiscal do contribuinte, individualmente). Costuma ser utilizada como 
medida política, para incentivo de determinado setor ou para amenizar crises econômicas ou calamidades. 
Exige lei em sentido estrito, do ente competente, para sua concessão. 
Atenção, porém, para a possibilidade de uma moratória “heterônoma” conforme Art. 152, I, “b”, do 
CTN: a União pode, por lei, conceder moratória de tributos estaduais e municipais, desde que faça o mesmo 
com seus tributos e com as obrigações de direito privado. 
2) Depósito do montante integral: trata-se de uma garantia prestada ao credor, pelo devedor. 
Atenção: depositar, aqui, não significa “pagar”. Significa garantir ao credor (fazenda pública) de que o valor 
exigido está “reservado”, caso o contribuinte perca a discussão. É uma faculdade (opção) do contribuinte, 
caso deseje a suspensão da exigibilidade enquanto discute judicialmente o crédito. Apesar de poder ser 
feito também na via administrativa, não há necessidade, uma vez que o recurso administrativo, por si só, 
suspende a exigibilidadedo crédito. Além disso, o STF entende indevida a exigência de depósito como 
requisito para utilização da impugnação e recursos administrativos: 
 
Súmula Vinculante 21: É inconstitucional a exigência de depósito ou arrolamento prévios 
de dinheiro ou bens para admissibilidade de recurso administrativo. 
 
O depósito precisa ser integral (de todo o valor exigido) e em dinheiro, e também não pode ser 
obrigatório como condição de acesso ao processo judicial (salvo na ação de consignação em pagamento, 
como será visto em capítulo próprio).: 
Súmula 112 do STJ: O depósito somente suspende a exigibilidade do crédito tributário se 
for integral e em dinheiro. 
 
Súmula Vinculante 28: É inconstitucional a exigência de depósito prévio como requisito 
de admissibilidade de ação judicial na qual se pretenda discutir a exigibilidade de crédito 
tributário. 
 
3) Reclamações e Recursos administrativos: em cada ente federado poderá haver nomes distin-
tos para esse instrumento, tais como impugnação, recurso, defesa, etc. Trata-se de decorrência do direito 
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Direito Tributário 
 
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fundamental ao devido processo administrativo, bem como dos direitos de petição, do contraditório e da 
ampla defesa. Desenvolve-se como um específico tipo de processo administrativo, referenciado como Pro-
cesso Administrativo Fiscal (PAF) ou Processo Administrativo Tributário (PAT). 
É regulado por leis próprias, de cada ente federado. Na esfera federal, inicia-se com a “impugna-
ção”, conforme art. 14 do Decreto 70.235/72: “a impugnação da exigência instaura a fase litigiosa do pro-
cedimento”. 
O seu mero manejo suspende a exigibilidade do crédito, impedindo a inscrição em dívida ativa e o 
ajuizamento da execução fiscal, até que finde seu curso, através de decisão final irrecorrível . 
 Segundo o STJ, a reclamação ou recurso administrativo, mesmo intempestivo, “suspende a exigi-
bilidade do crédito tributário e, por consequência o curso do prazo prescricional, enquanto perdurar o con-
tencioso administrativo, nos termos do art. 151, III, do CTN" (STJ, RCD no AREsp 623.936/RO, DJe de 
19/02/2015). 
Por essa mesma razão, o STJ firmou entendimento de que não há prescrição intercorrente no PAF: 
“entre a impugnação do lançamento e a data da intimação da decisão final do processo administrativo fiscal 
ocorre a suspensão da exigibilidade do crédito tributário, o que impede o curso do prazo prescricional” (STJ, 
AgRg no AgRg no AREsp 210.314, j. 28.04.2015). 
Como visto, é inconstitucional a exigência de depósito prévio de dinheiro ou bens para viabilizar a 
defesa administrativa, sendo assim um grande instrumento que não exige dispêndio financeiro, mesmo 
porque não há custas e ônus sucumbencial nesse âmbito. Ademais, não é necessária (embora recomen-
dada) a constituição de advogado pelo contribuinte, que pode fazer sua defesa diretamente junto ao órgão 
fiscal. 
Por fim, questiona-se: é obrigatório que se utilize desse meio (via administrativa) para apenas depois 
ingressar no judiciário? Não! Isso porque a Constituição não exige que o contribuinte requeira administrati-
vamente, primeiro, como condição de acesso ao Poder Judiciário. Trata-se do princípio da inafastabilidade 
do controle jurisdicional, consagrado no Art. 5º, XXXV, da CF/88. 
Contudo, cabe um alerta: não é possível a utilização simultânea dos processos administrativo e 
judicial para discutir um mesmo crédito tributário. Com efeito, o emprego de medida judicial pelo contribu-
inte, questionando determinado débito tributário, importa em renúncia ao poder de recorrer na esfera admi-
nistrativa contra a mesma hipótese (e em desistência do recurso porventura já apresentado), conforme o 
Art. 38, parágrafo único, da Lei nº 6.830/1980. No mesmo sentido: 
 
Súmula CARF nº 1: Importa renúncia às instâncias administrativas a propositura pelo su-
jeito passivo de ação judicial por qualquer modalidade processual, antes ou depois do 
lançamento de ofício, com o mesmo objeto do processo administrativo, sendo cabível ape-
nas a apreciação, pelo órgão de julgamento administrativo, de matéria distinta da 
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Direito Tributário 
 
32 
constante do processo judicial. 
 
4) Liminar ou Tutela Antecipada: diversamente da via administrativa, na esfera judicial, o mero 
acionamento não suspende a exigibilidade do crédito tributário. Será necessário o depósito integral (con-
forme acima) ou uma concessão de tutela provisória pelo Juízo, com o fim de suspender a exigibilidade do 
crédito enquanto se discute o processo. 
Deve ser expressamente requerido pelo contribuinte, através de advogado. Sendo em sede de Man-
dado de Segurança, possuirá sempre o nome de “liminar”, independentemente de ser conced ida antes ou 
após oitiva da parte adversa, haja vista nomenclatura específica da Lei do Mandado de Segurança (Lei 
12.016/09). Nos demais procedimentos, será fundamentado, conforme o caso, na urgência ou evidência, 
de acordo com a disciplina do CPC/15, no art. 294 e seguintes. 
É possível a concessão da liminar antes mesmo do lançamento, de forma preventiva? Sim. Isso 
pode ocorrer em ação declaratória ou mandado de segurança preventivo, por exemplo. Nessa hipótese, o 
fisco não estará impedido de realizar o lançamento, mas o crédito será constituído desde já com a exigibi-
lidade suspensa, enquanto perdurar a tutela concedida. 
 5) Parcelamento: trata-se de hipótese em que se fraciona o crédito em parcelas, adiando o prazo 
final para pagamento do tributo. Conforme art. 155-A, depende de lei específica de cada ente para regular 
a forma e condições para sua concessão, que será efetuada em cada caso através de requerimento do 
contribuinte ou de ofício. Salvo disposição de lei em contrário, o parcelamento do crédito tributário não 
exclui a incidência de juros e multas. 
Por se tratar de confissão extrajudicial do débito, é causa de interrupção da prescrição, em favor do 
fisco: 
Súmula 653 STJ. O pedido de parcelamento fiscal, ainda que indeferido, interrompe o 
prazo prescricional, pois caracteriza confissão extrajudicial do débito. 
 
Mas cuidado: se o parcelamento ocorrer após a ocorrência da decadência ou prescrição, a confissão 
do contribuinte não será suficiente para fazer renascer o crédito já extinto. 
Importante: as hipóteses de suspensão da exigibilidade do crédito não dispensam o cumpri-
mento das obrigações assessórias dependentes da obrigação principal cujo crédito seja suspenso. 
Exemplo: GuiGui está com benefício de parcelamento fiscal de crédito de Imposto de Renda, mas perma-
nece obrigado, nesse período, a realizar declarações e outras obrigações acessórias relativas aos créditos 
parcelados desse tributo. 
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8. Extinção do Crédito Tributário 
A extinção do crédito tributário representa o fim da relação obrigacional entre o fisco e o contribuinte. 
São várias as situações que representam essa extinção, e estão listadas no art. 156 do CTN. Assim como 
na suspensão, as causas de extinção do crédito tributário só podem ser modificadas por lei complementar, 
por força do art. 146, III, b, da CF/88. Nesse sentido, a Súmula Vinculante nº 8, que declarou como incons-
titucionais leis ordinárias que tratavam de prescrição e decadência, visto que apenas lei complementar pode 
tratar de normas gerais de direito tributário. 
 Contudo, é importante saber que já decidiu o STF (ADI 2405/02) pela possibilidade de previsão 
de outras formas de extinção do crédito pelos entes federados, desde que não afrontem a CF/88. Pelo 
entendimento do Supremo, portanto, o art. 156 do CTN não é um rol taxativo. A exemplo, temos que a 
dação em pagamento de bens móveis pode ser prevista como forma de extinção, embora não prevista no 
CTN: 
Não há reserva de Lei Complementar Federal para tratar de novas hipóteses de suspensão e extin-
ção de créditos tributários. Possibilidade de o Estado-Membro

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